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Analista Tributário Direito Tributário – Parte 1 Prof. Diego Degrazia www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Tributário Professor Diego Degrazia www.acasadoconcurseiro.com.br Edital DIREITO TRIBUTÁRIO: 1. Tributo: conceito e classificação. 2. Limitações constitucionais do po- der de tributar. 3. Impostos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 4. Legislação Tributária: disposições gerais, vigência, aplicação, interpretação e in- tegração. 5. Obrigação tributária principal e acessória. 6. Fato gerador da obrigação tributária. 7. Sujeição ativa e passiva. 8. Capacidade tributária. Domicílio tributário. 10. Crédito tributário: conceito e constituição. 11. Lançamento: conceito e modalidades de lançamento. 12. Hipóteses de alteração do lançamento. 13. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 14. Extinção do crédito tributário e suas modalidades. 15. Exclusão do crédito tributário e suas modalida- des. 16. Administração tributaria: fiscalização; dívida ativa; certidão negativa. BANCA: ESAF CARGO: Analista Tributário 7 Módulo 1 www.acasadoconcurseiro.com.br TRIBUTO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO. SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO Diego Degrazia Poder de Tributar Soberania Soberania Poder de Tributar Competência Tributária Poder absoluto dentro de um território; Poder de fato de exigir uma contraprestação. Poder de tributar, juridicamente delimitado. 8 www.acasadoconcurseiro.com.br “Ao poder tributário juridicamente delimitado e, sendo o caso, dividido dá-se o nome de competência tributária.”* * Hugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributário D D Diego Degrazia Poder de Tributar Soberania Cons1tuição Federal de 1988 Competência Tributária “Competência tributária é a prerrogativa atribuída pela Constituição às entidades da Federação para instituírem seus respectivos tributos.”* * Francisco Leite. Direito Tributário. Teoria e Prática. Revista dos Tribunais. Competência para instituir Tributos é diferente de Competência para LEGISLAR sobre tributos. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; ... Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I – importação de produtos estrangeiros; A Constituição Federal institui tributos? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! A Constituição Federal NÃO institui tributos! CF delimita a competência para a instituição dos tributos. Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 9www.acasadoconcurseiro.com.br Estudo da Cons+tuição é necessário pois é ela que traz a autorização para a ins+tuição de tributos. Cons+tuição NÃO INSTITUI TRIBUTO. Sistema de Kelsen Mas afinal de contas o que vem a ser esse tal de Tributo? Conceito de Tributo Cons+tuição Leis Infralegais Art. 146, III,a CTN art. 3º Infralegais Diego Degrazia Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Tributo é GÊNERO. Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I – impostos; II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Os tributos são aqueles delimitados no ar2go 145 da Cons2tuição Federal. CTN Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Teoria Tripar)da Imposto; Taxa; Contribuição de Melhoria. D D Diego Degrazia Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I – impostos; Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. 10 www.acasadoconcurseiro.com.br Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: I -‐ impostos; FG Concreto Abstrato Hipótese de incidência Fato da vida D D Diego Degrazia Fato do Contribuinte Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: I -‐ impostos; Tributo Não vinculado-‐ A?vidade Específica Vinculado – a?vidade específica D D Diego Degrazia I – impostos; § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: II -‐ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela u<lização, efe<va ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Taxas Exercício do Poder de Polícia: Taxa de Polícia U%lização, efe%va ou potencial de serviços públicos: Taxa de Serviço D D Diego Degrazia Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: II -‐ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela u<lização, efe<va ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Tributo Não vinculado -‐ A<vidade Específica Vinculado – A<vidade Específica D D Diego Degrazia Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 11www.acasadoconcurseiro.com.br Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: II -‐ taxas,em razão do exercício do poder de polícia ou pela u<lização, efe<va ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Taxas Exercício do Poder de Polícia: Taxa de Polícia U%lização, efe%va ou potencial de serviços públicos: Taxa de Serviço D D Diego Degrazia Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Sistema Cons%tucional Tributário Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ins%tuir os seguintes tributos: II -‐ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela u<lização, efe<va ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Taxas Exercício do Poder de Polícia: Taxa de Polícia U<lização, efe<va ou potencial de serviços públicos: Taxa de Serviço D D Diego Degrazia Sistema Cons%tucional Tributário Taxas de Serviço Serviços públicos; Específicos; Divisíveis; Prestados; Ou colocados à disposição. Sei QUE estou pagando por determinado serviço Sem QUEM está pagando por determinado serviço. D D Diego Degrazia Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I – utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II – específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; 12 www.acasadoconcurseiro.com.br III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Súmula Vinculante 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal Art. 145. (...) § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Art. 77... Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das emprêsas. Súmula Vinculante nº 29 “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.” Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Sistema Cons%tucional Tributário Valorizar Despesa da Obra Valor acrescido Limite Valor total da obra 100 mil. Valor valorizado no meu imóvel 1000. São 200 imóveis a%ngidos na mesma região com a valorização igual. Limite 500 reais. D Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 13www.acasadoconcurseiro.com.br Valor total da obra 100 mil. Valor valorizado no meu imóvel 1000. São 200 imóveis atingidos na mesma região com a valorização igual. Limite 500 reais. Natureza Jurídica do Tributo CTN Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação. Natureza Jurídica do Tributo CTN Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respec@va obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-‐la: I -‐ a denominação e demais caracterís@cas formais adotadas pela lei; II -‐ a des@nação legal do produto da sua arrecadação. Natureza Jurídica do Tributo Como definir a natureza jurídica? O FG é a7vidade específica relacionada ao contribuinte? Imposto Não Sim A a7vidade é exercício de poder de polícia? Sim Taxa A a7vidade é prestação ou disponibilização de serviço público Sim Não A a7vidade é obra de que decorre valorização imobiliária? Sim Contribuição de Melhoria 14 www.acasadoconcurseiro.com.br Constituição Federal de 1988: Sistema Constitucional Tributário Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Anterioridade Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Sistema Cons%tucional Tributário Art. 149. Compete exclusivamente à União ins%tuir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respec2vas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, rela%vamente às contribuições a que alude o disposi%vo. LC ins%tui normas gerais. Legalidade e Anterioridade Contribuições sociais e anterioridade mi%gada D DSistema Cons%tucional Tributário Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá ins%tuir emprés1mos compulsórios: I -‐ para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II -‐ no caso de inves1mento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de emprés%mo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua ins%tuição. Anterioridade D D Diego Degrazia Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 15www.acasadoconcurseiro.com.br Sistema Cons%tucional Tributário Contribuições Especiais Contribuições Sociais – Art. 149 De Seguridade Social Art. 195, I a IV Outras Contribuições Sociais 195, §4° Contribuições Sociais Gerais Art. 240 Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico – Art. 149 Contribuições Corpora%vas – Art. 149 COSIP – Art. 149-‐A D D Diego Degrazia Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Os tributos são aqueles delimitados na Cons3tuição Federal. Art. 145: Imposto, Taxa e CM. Art. 148: emprés3mos compulsórios. Art. 149: Contribuições especiais. Teoria Pentapar,da Imposto; Taxa; Contribuição de Melhoria; Contribuições Especiais; Emprés3mos Compulsórios. D D Diego Degrazia 17www.acasadoconcurseiro.com.br Questões ESAF 1. (Analista Técnico da Previdência Social – MPOG – 2012) Quanto ao conceito de tributo pode-se afirmar, exceto: a) a cobrança do tributo é atividade ple- namente vinculada, não deixando mar- gem à discricionariedade do agente pú- blico. b) tributo é prestação pecuniária em moe- da ou cujo valor nela se possa exprimir. c) o tributo é prestação que não pode se constituir em sanção de ato ilícito. d) o tributo só pode ser criado por lei, mas existem exceções como os impostos de importação e o imposto sobre produtos industrializados, que podem ser criados por decreto. e) o dever de pagar o tributo é imposto pela lei, independentemente da vonta- de das partes envolvidas. 2. (Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro – 2010) O conceito de tributo, nos termos do Có- digo Tributário Nacional, traz as seguintes conclusões, exceto: a) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear suas ações no interesse da sociedade. b) não constituindo sanção por ato ilícito, pouco importa para a legislação do im- posto sobre a circulação de mercadorias e serviços, por exemplo, a origem lícita ou ilícita de determinadas mercadorias, desde que reste configurada a hipótese de incidência do referido tributo, qual seja, a circulação dessas mercadorias, para que possa ele ser exigido. c) nem toda prestação pecuniária previs- ta em lei constitui tributo, mas somen- te aquelas que reúnam o conjunto dos requisitos previstos na definição de tri- buto, consoante o Código Tributário Na- cional. d) o Estado exige os tributos compulsoria- mente das pessoas, portanto, a obriga- ção de pagar tributos não decorre da vontade do contribuinte, sendo esta, aliás, irrelevante nessa matéria. e) embora sendo uma obrigação de direi- to público, absolutamente indisponível por parte da administração, admite-se, desde que haja a respectiva previsão le- gal, a delegação dessa obrigação a ou- tras pessoas jurídicas, como empresas públicas e sociedades de economia mis- ta. 3. (Planejamento e Orçamento – 2015) Sobre o conceito de tributo, suas classificações e suas espécies, é correto afirmar que a) tributo é, legal e constitucionalmente, toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, ainda que constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa ple- namente vinculada. b) a natureza jurídica específica do tributo é, legal e constitucionalmente, deter- minada pelo fato gerador da respecti- va obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la tanto denominação e de- mais características formais adotadas pela lei quanto a destinação legal do produto da sua arrecadação. 18 www.acasadoconcurseiro.com.br c) as espécies tributárias são, legal e cons- titucionalmente, imposto, taxa, contri- buição de melhoria, contribuição social, contribuição de intervenção no domínio econômico, contribuição de interesse de categoria econômica ou profissional e contribuição de iluminação pública. d) a espécie tributária “taxa” pode ter como fato gerador, legal e constitucio- nalmente, o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou po- tencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição, desde que, em qualquer caso, a respectiva base de cál- culo não seja idêntica àquelas que cor- respondam a qualquer espécie de im- posto. e) denomina-se como tributo indireto aquele que comporte, por sua nature- za, transferência do respectivo encargo financeiro da tributação desde o deno- minado contribuinte de fato para sobre o denominado contribuinte de direito. Gabarito: 1. D 2. E 3. D Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 19www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Tributário. Soberania Poder de Tributar. Cons2tuição Competência Tributária. Direito Tributário. Soberania Poder de Tributar. Cons2tuição Competência Tributária. Imunidades e Princípios IMUNIDADES Imunidade Não há FG; Não há Incidência; Não há competência. D D Diego Degrazia 20 www.acasadoconcurseiro.com.br CF/88 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) III – propriedade de veículos automotores. Universo dos Veículos Lei nº 8.115/85 Art. 1º Fica instituído o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), nos termos desta Lei Art. 2º O imposto, devido anualmente ao Estado, tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor. Campo de Incidência Campo de Não Incidência Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 21www.acasadoconcurseiro.com.br Universo Campo de Incidência Campo de não incidência Hipótese de Incidência: Propriedade de Veículos Automotores Fato Gerador Obrigação Tributária Lançamento Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 22 www.acasadoconcurseiro.com.br Universo Campo de Incidência Campo de não incidência Carro da União Imunidade x isenção x não incidência Não incidência Imunidade x isenção x não incidência Não incidência Incidência Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. DiegoDegrazia 23www.acasadoconcurseiro.com.br Imunidade x isenção x não incidência Não incidência Incidência Isenção Imunidade x isenção x não incidência Não incidência Incidência Isenção Imunidade São elas, nas palavras de Francisco Leite Duarte: “assim, quanto ao seu destinatário, as imunidades podem ser objetivas, subjetivas ou mistas; quanto ao fato de decorrerem ou não de princípios (origem), se classificam em imunidades ontológicas e imunidades políticas; quanto à dependência de norma para lhe dar completude, são condicionadas ou incondicionadas. Quanto ao alcance são classificadas em imunidades gerais e específicas.” Duarte, Francisco Leite. Direito Tributário: teoria e prática – 2. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. Página 272. Imunidades quanto ao destinatário. É objetiva a imunidade que se aplica a determinados bens, rendas ou serviços. Na imunidade objetiva não importa quem é o sujeito. Nesse tipo de imunidade, a competência do ente tributante é afastada em face do objeto a ser tributado. 24 www.acasadoconcurseiro.com.br É o caso da imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão (art. 150, VI, d) por exemplo: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: ... d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. De outra banda, na imunidade subjetiva ou pessoal a tributação é afastada em razão do sujeito que realiza o ato. É o caso, por exemplo, da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a) onde os entes públicos estão com seus patrimônios, rendas e serviços imunes à instituição de impostos. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Já as imunidades mistas combinam características das duas anteriores, sendo determinante para sua implementação não só a característica do sujeito como também o fato, bem ou situação previstos na norma imunizante. Tome-se como exemplo a imunidade do ITR sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º). Temos um critério objetivo, a pequena gleba rural mas também um critério subjetivo, qual seja, a exploração pelo proprietário. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: ... II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 25www.acasadoconcurseiro.com.br Imunidades quanto à origem Ontológicas ou políticas Se necessariamente decorrentes de princípios constitucionais, as imunidades são classificadas como ontológicas. Por serem corolários desses princípios constitucionais, as imunidades ontológicas não decorrem necessariamente de dispositivos expressos, podendo estar, inclusive, implícitas no corpo constitucional. Tome-se como exemplo a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a) onde pelo próprio conceito de Federação, ou seja, pela necessária realização do princípio federativo há o impedimento da instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços dos entes políticos. Se, por outro lado, as imunidades são instituídas para proteger determinado princípio, serão consideradas imunidades políticas, razão pela qual a doutrina considera as imunidades dos templos de qualquer culto, das entidades sindicais de trabalhadores, entre outras, nesta categoria. Nesse aspecto decorrem de normas necessariamente expressas no texto constitucional. Note que a diferença reside especificamente na decorrência necessária ou não de um princípio. Imunidades quanto à dependência de norma para lhe dar completude. Condicionadas ou incondicionadas As imunidades são classificadas nesse ponto, segundo a doutrina tradicional, como condicionadas pois necessitam de lei integrativa infraconstitucional para fruição de alguns de seus aspectos ou incondicionadas quando autoaplicáveis, sem qualquer necessidade de lei para sua total implementação. Assim, normas incondicionadas seriam de eficácia plena e de aplicabilidade imediata, enquanto as normas condicionadas seriam de eficácia limitada, de acordo com a posição do STF em julgado antigo no qual analisou a fruição do benefício no que tange ao imposto de renda: EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE SUPERIOR A SESSENTA E CINCO ANOS. ART. 153, § 2º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 7.713/88. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou entendimento no sentido de que o art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda “não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho”, não é auto-aplicável, estando a depender de lei 26 www.acasadoconcurseiro.com.br que fixará os termos e os limites dessa não-incidência. E, até que advenha a lei regulamentando o exercício desse direito, continuam válidos os limites e restrições fixados na Lei nº 7.713/88 com suas posteriores alterações. Recurso extraordinário conhecido, mas improvido. (RE 200485, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 09/12/1997, DJ 20 – 03 – 1998 PP – 00011 EMENT VOL – 01903 – 06 PP – 01087) Temos como exemplo de normas imunizatórias condicionadas a referente à vedação da instituição de impostos sobre as instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos, expressa no art. 150, VI, c da Constituição Federal, o qual impõe para a concessão do benefício que sejam atendidos os requisitos da lei. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: ... c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Imunidades quanto ao seu alcance. Imunidades podem ser, quanto ao alcance ou amplitude, caracterizadas como genéricas ou gerais e específicas ou tópicas. As denominadas genéricas – que se aplicam não só a todos os impostos sobre o patrimônio, renda e serviço como também a todos os entes políticos – se concentram, de acordo com a melhor doutrina, no art. 150, VI da Constituição Federal, e seus parágrafos § 2º, § 3º e § 4º. As imunidades específicas, por sua vez, como a própria classificação informa, relacionam-se apenas a um ente político e a um tributo. Estão dispersas pelo corpo constitucional e podem aparecer em face de uma contribuição especial (art. 195,§ 7º) ou até de uma taxa (art. 5º, XXXIV, a), por exemplo. Imunidade Tributária Recíproca Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 27www.acasadoconcurseiro.com.br Tal imunidade, como se vê, além de genérica é eminentemente subjetiva, ontológica, incondicionada e relacionada aos Entes Políticos da Federação.Direito Tributário Art. 150.Sem prejuízo de outras garan7as asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI -‐ ins7tuir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Imunidade Recíproca Na dicção do STF “a referência a patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, contida na alínea em comento, tem o alcance de afastar a cobrança de todo e qualquer imposto”. IMPOSTO – IMUNIDADE RECIPROCA – Imposto sobre Operações Financeiras. A norma da alinea “a” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal obstaculiza a incidencia reciproca de impostos, considerada a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Descabe introduzir no preceito, a merce de interpretação, exceção não contemplada, distinguindo os ganhos resultantes de operações financeiras. (AI 175133 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 05/03/1996, DJ 26 – 04 – 1996 PP – 13128 EMENT VOL – 01825 – 05 PP – 01021) ADI 939 2. – o princípio da imunidade tributaria reciproca (que veda a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que é garantia da Federação (art. 60, par. 4., inciso I,e art. 150, VI, “a”, da C.F.); Não obstante tudo, não se pode confundir aqui a incidência relativa ao contribuinte de fato com aquela atrelada ao contribuinte de direito. A imunidade protege os entes políticos no que diz com impostos diretos e quando este é contribuinte de direito de impostos indiretos: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRI- BUTÁRIO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ICMS. IMUNIDADE INVOCADA PELO MUNICÍPIO. IMPOSSIBILIDADE. 2. A jurisprudência do Supremo firmou-se no sentido de que a imunidade de que trata o artigo 150, VI, a, da CB/88, somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município. 3. Esta Corte firmou entendimento no 28 www.acasadoconcurseiro.com.br sentido de que o município não é contribuinte de direito do ICMS, descabendo confundi-lo com a figura do contribuinte de fato e a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 671412 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 01/04/2008, DJe – 074 DIVULG 24 – 04 – 2008 PUBLIC 25 – 04 – 2008 EMENT VOL – 02316 – 11 PP – 02262 RF v. 104, n. 399, 2008, p. 292 – 294) Situação peculiar ocorre, porém, quando da importação realizada pelo ente político. Em tal caso, confunde-se a situação de contribuinte de direito com a de contribuinte de fato, atraindo, para a Suprema Corte, a proteção da imunidade. EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIO- NAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. ICMS. IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE RECÍ- PROCA. APLICABILIDADE A MUNICÍPIO NA HIPÓTESE DE O ENTE FEDE- RADO OCUPAR POSIÇÃO PRÓPRIA DE CONTRIBUINTE (IMPORTADOR). RISCO À LIVRE-INICIATIVA E À CONCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE PROVA. A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição aplica- se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o “contribuinte de direito” e o “contribuinte de fato”). Compete ao ente tributante provar que as operações de importação desoneradas estão influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à concorrência. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (AI 518405 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 06/04/2010, DJe – 076 DIVULG 29 – 04 – 2010 PUBLIC 30 – 04 – 2010 EMENT VOL – 02399 – 08 PP – 01694) Mas não só os entes políticos gozam da referida proteção. O próprio texto constitucional, protege, além daqueles, entidades da administração pública indireta, por força da redação de seu art. 150, § 2º. § 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Limitações ao poder de Tributar § 2º -‐ A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações ins=tuídas e man=das pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Administração Pública Direta -‐ Órgãos Administração Pública Indireta -‐ En=dades + Autarquias; Fundações; Empresas Públicas; Sociedades de Economia mista. D D Diego Degrazia Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 29www.acasadoconcurseiro.com.br Releva destacar que a literalidade do texto constitucional não abrange outras entidades da administração indireta como as empresas públicas e as sociedades de economia mista que geralmente estão relacionadas com a exploração de atividades econômicas. Essa visão decorre da redação do art. 150, § 3º que impõe que as disposições sobre a imunidade tributária recíproca não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... § 3º As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. Desse modo, é curial ter em mente algumas decisões do STF que, a despeito da literal redação constitucional, estendeu as benesses da imunidade tributária recíproca a outras entidades da administração pública indireta, em especial às empresas públicas. EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. – As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. – R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido. (RE 407099, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 22/06/2004, DJ 06 – 08 – 2004 PP – 00062 EMENT VOL – 02158 – 08 PP – 01543 RJADCOAS v. 61, 2005, p. 55 – 60 LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 286 – 297) Tal decisão, mesmo que decorrente de uma interpretação extensiva, utilizou como parâmetro um ponto principal: a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e exclusivo do Estado a merecer a imunidade. Partindo desse leading case, a Corte Maior adotou a mesma posição no que diz com a Casa da Moeda do Brasil e com a INFRAERO, de acordo com os julgados relacionados: EMENTA: Casa da Moeda do Brasil (CMB) – empresa governamental delegatária de serviços públicos – emissão de papel moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas telefônicas e impressão deselos postais – regime constitucional de monopólio (CF, art. 21, VII) – outorga de delegação à CMB, mediante lei, que não descaracteriza a estatalidade do serviço público, notadamente quando constitucionalmente monopolizado pela pessoa política (a União Federal, no caso) que é dele titular – a delegação da execução de serviço público, mediante outorga legal, não implica alteração do regime jurídico de direito público, inclusive 30 www.acasadoconcurseiro.com.br o de direito tributário, que incide sobre referida atividade – consequente extensão, a essa empresa pública, em matéria de impostos, da proteção constitucional fundada na garantia da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, “a”) – o alto significado político-jurídico dessa prerrogativa constitucional, que traduz uma das projeções concretizadoras do princípio da federação – imunidade tributária da Casa da Moeda do Brasil, em face do ISS, quanto às atividades executadas no desempenho do encargo que, a ela outorgado mediante delegação, foi deferido, constitucionalmente, à União Federal – doutrina (REGINA HELENA COSTA, “inter alios”) – precedentes – recurso de agravo improvido. (RE 610517 AGR, relator(a): min. Celso de mello, segunda turma, julgado em 03/06/2014, acórdão eletrônico dje – 120 divulg 20 – 06 – 2014 public 23 – 06 – 2014) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA – INFRAERO. EMPRESA PÚBLICA. IMUNIDADE RECÍPROCA. ARTIGO 150, VI, “A”, DA CB/88. 1. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – INFRAERO, empresa pública prestadora de serviço público, está abrangida pela imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, “a”, da Constituição. 2. Não incide ISS sobre a atividade desempenhada pela INFRAERO na execução de serviços de infra-estrutura aeroportuária, atividade que lhe foi atribuída pela União [artigo 21, XII, “c”, da CB/88]. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 524615 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 09/09/2008, DJe – 187 DIVULG 02 – 10 – 2008 PUBLIC 03 – 10 – 2008 EMENT VOL – 02335 – 07 PP – 01451 RTJ VOL – 00207 – 02 PP – 00826) Evoluindo nesse quesito, a Corte se deparou em 2013 com questão relacionada ao exercício de atividade pelos Correios em concorrência com a iniciativa privada, anteriormente não apreciada. Relembre-se que o motivo principal para a imunidade tributária recíproca abarcar a empresa pública era justamente a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e exclusivo do Estado, ou seja, o serviço postal. Ao avaliar os argumentos trazidos, a Corte entendeu que as atividades em concorrência com a iniciativa privada proporcionavam uma espécie de “subsídio cruzado” a financiar as atividades exclusivamente públicas de serviço postal e imunizou de forma integral as atividades da empresa pública: Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido. Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 31www.acasadoconcurseiro.com.br (RE 601392, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 28/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 105 DIVULG 04 – 06 – 2013 PUBLIC 05 – 06 – 2013) Não bastasse a avaliação extensiva dada aos correios, seguindo na mesma linha de raciocínio, o STF tem estendido o beneplácito da imunidade tributária recíproca também a algumas sociedades de economia mista, em especial àquelas que se revelam como “instrumentalidades estatais”, ou seja, instrumentos de atuação do estado em área exclusiva de serviços públicos; sem fins lucrativos e com a composição do capital social majoritariamente público. Em 2011 reconheceu a condição à CODESP e traçou ali os paradigmas necessários ao deferimento do benefício a casos similares: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA CONTROLADA POR ENTE FEDERADO. CONDIÇÕES PARA APLICABILIDADE DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. COMPANHIA DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (CODESP). INSTRUMENTALIDADE ESTATAL. ARTS. 21, XII, f, 22, X, e 150, VI, a DA CONSTITUIÇÃO. DECRETO FEDERAL 85.309/1980. 1. IMUNIDADE RECÍPROCA. CARACTERIZAÇÃO. Segundo teste proposto pelo ministro-relator, a aplicabilidade da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a da Constituição) deve passar por três estágios, sem prejuízo do atendimento de outras normas constitucionais e legais: 1.1. A imunidade tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia política. Em conseqüência, é incorreto ler a cláusula de imunização de modo a reduzi-la a mero instrumento destinado a dar ao ente federado condições de contratar em circunstâncias mais vantajosas, independentemente do contexto. 1.2. Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política. 1.3. A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita. Em princípio, o sucesso ou a desventura empresarial devem pautar-se por virtudes e vícios próprios do mercado e da administração, sem que a intervenção do Estado seja favor preponderante. 2. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. CONTROLE ACIONÁRIO MAJORITÁRIO DA UNIÃO. AUSÊNCIA DE INTUITO LUCRATIVO. FALTA DE RISCO AO EQUILÍBRIO CONCORRENCIAL E À LIVRE-INICIATIVA. Segundo se depreende dos autos, a Codesp é instrumentalidade estatal, pois: 2.1. Em uma série de precedentes, esta Corte reconheceu que a exploração dos portos marítimos, fluviais e lacustres caracteriza-se como serviço público. 2.2. O controle acionário da Codesp pertence em sua quase totalidade à União (99,97%). Falta da indicação de que a atividade da pessoa jurídica satisfaça primordialmente interesse de acúmulo patrimonial público ou privado. 2.3. Não há indicação de risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de livre-iniciativa, eis que ausente comprovação de que a Codesp concorra com outras entidades no campo de sua atuação. 3. Ressalva do ministro-relator, no sentido de que “cabe à autoridade fiscal indicar com precisão se a destinação concreta dada ao imóvel atende ao interesse público primário ou à geração de receita de interesse particular ou privado”. Recurso conhecido parcialmente e ao qual se dá parcial provimento. (RE 253472, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 25/08/2010, DJe – 020 DIVULG 31 – 01 – 2011 PUBLIC 01 – 02 – 2011 EMENT VOL – 02454 – 04 PP – 00803 RTJ VOL – 00219 – 01 PP – 00558) 32 www.acasadoconcurseiro.com.br Assim, podemos destacar do respectivo julgado as seguintes premissas para a aplicação da imunidade também às sociedades de economia mista, quando caracterizadas como instrumentalidades estatais: 1.1. A imunidade tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia política. 1.2. Atividadesde exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política. 1.3. A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTO. APLICABILIDADE. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que a sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida pela imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (RE 631309 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 27/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 081 DIVULG 25 – 04 – 2012 PUBLIC 26 – 04 – 2012) EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua prestação pelo Estado mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com repercussão geral. (RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 192 DIVULG 05 – 10 – 2011 PUBLIC 06 – 10 – 2011 EMENT VOL – 02602 – 01 PP – 00078) EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (ART. 150, VI, A DA CONSTITUIÇÃO). IMÓVEL UTILIZADO PARA SEDIAR CONDUTOS DE TRANSPORTE DE PETRÓLEO, COMBUSTÍVEIS OU DERIVADOS. OPERAÇÃO PELA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRÁS. MONOPÓLIO DA UNIÃO. INAPLICABILIDADE DA SALVAGUARDA CONSTITUCIONAL. 1. Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou tributável propriedade imóvel utilizada pela Petrobrás para a instalação e operação de condutos de transporte de seus produtos. Alegada imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa – agravante desempenha atividade sujeita a monopólio. 2. É irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 33www.acasadoconcurseiro.com.br sujeita a monopólio estatal. O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (i) da caracterização econômica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre- iniciativa e (iii) de riscos ao pacto federativo pela pressão política ou econômica. 3. A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobrás, pois: 3.1. Trata-se de sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial dissociado de interesse público primário; 3.2. A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados; 3.3. A tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pacto federativo. Agravo regimental conhecido, mas ao qual se nega provimento. (RE 285716 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe – 055 DIVULG 25 – 03 – 2010 PUBLIC 26 – 03 – 2010 EMENT VOL – 02395 – 04 PP – 00892) Para finalizar o ponto, ainda convém ressaltar que importante decisão do STF quanto à imunidade recíproca, a qual versa sobre sua aplicação à OAB: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. SECCIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF. ABRANGÊNCIA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. PLENA VINCULAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie recíproca (art. 150, VI, a da Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção e controle disciplinar dos advogados). 2. A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 259976 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 23/03/2010, DJe – 076 DIVULG 29 – 04 – 2010 PUBLIC 30 – 04 – 2010 EMENT VOL – 02399 – 07 PP – 01409 De toda forma, não confunda a imunidade conferida a OAB como autarquia de regime especial, com base no art. 150, VI, a, à sua Caixa de Assistência dos Advogados. Por não se revelar instrumentalidade estatal, mas sim de entidade destinada a prover benefícios pecuniários e assistenciais a seus associados a Caixa, ne visão do STF, não goza de imunidade. EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, A DA CONSTITUIÇÃO. CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS. INAPLICABILIDADE. 1. A Caixa de Assistência dos Advogados, instituída nos termos dos arts. 45, IV e 62 da Lei 8.906/1994, não desempenha as atividades inerentes à Ordem dos Advogados do Brasil (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social Também não lhe compete privativamente promover a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil). Trata-se de entidade destinada a prover benefícios pecuniários e assistenciais a seus associados. 2. Por não se revelar 34 www.acasadoconcurseiro.com.br instrumentalidade estatal, a Caixa de Assistência dos Advogados não é protegida pela imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a da Constituição). 3. A circunstância de a Caixa de Assistência integrar a estrutura maior da OAB não implica na extensão da imunidade, dada a dissociação entre as atividades inerentes à atuação da OAB e as atividades providas em benefício individual dos associados. Recurso extraordinário conhecido e ao qual se dá provimento. (RE 233843, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/12/2009, DJe – 237 DIVULG 17 – 12 – 2009 PUBLIC 18 – 12 – 2009 EMENT VOL – 02387 – 06 PP – 01011 RT v. 99, n. 893, 2010, p. 162 – 164 LEXSTF v. 32, n. 373, 2010, p. 161 – 165) Arrendamento e cessão de uso de bem público. Repercussão Geral – Temas 385 e 437 Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer ptulo. TRIBUTÁRIO. IPTU. NULIDADE DO ACÓRDÃO. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CONSTITUCIONAL DO MUNICÍPIO. MATÉRIAS DE CUNHO CONSTITUCIONAL QUE REFOGE AO ÂMBITO DE APRECIAÇÃO DESTA CORTE. CONTRIBUINTE. POSSUIDORPOR RELAÇÃO DE DIREITO PESSOAL. ART. 34 DO CTN. 1. A apontada nulidade do aresto recorrido, por ausência de fundamentação e cerceamento de defesa, refoge ao âmbito de apreciação desta Corte. O mesmo se pode dizer no concernente às alegações acerca da competência tributária constitucional do Município. O recurso especial limita-se ao exame de normas infraconstitucionais. 2. Ausência de prequestionamento do disposto no verbete sumular 239/STF. Incidência das Súmulas 282 e 356/ STF 3. O IPTU é imposto que tem como contribuinte o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor por direito real, que exerce a posse com animus domini. 4. O cessionário do direito de uso é possuidor por relação de direito pessoal e, como tal, não é contribuinte do IPTU do imóvel que ocupa. 5. Inaplicabilidade da Súmula 239 do STF. 6. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (REsp 696.888/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/03/2005, DJ 16/05/2005, p. 325) IMUNIDADE – SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA ARRENDATÁRIA DE BEM DA UNIÃO – IPTU. Não se beneficia da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, inciso VI, alínea “a”, da Constituição Federal a sociedade de economia mista ocupante de bem público. (RE 594015, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 188 DIVULG 24 – 08 – 2017 PUBLIC 25 – 08 – 2017) Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 35www.acasadoconcurseiro.com.br Tese A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituição não se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o imposto Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica de direito privado, sendo esta a devedora. (RE 601720, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 200 DIVULG 04 – 09 – 2017 PUBLIC 05 – 09 – 2017) Tese Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo. Imunidade dos templos de qualquer culto (imunidade religiosa) Mesmo sendo laico, o estado brasileiro assegura, como direito fundamental inserto art. 5º, VI, o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de cultos e suas liturgias. Assim, por opção política, o disposto no art. 150, VI, b, veda à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: ... b) templos de qualquer culto; Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política, incondicionada e relacionada aos templos de qualquer culto. De acordo com o magistério de Francisco Leite Duarte, “a tributação do patrimônio, da renda e dos serviços relacionados às entidades religiosas se constituiria numa política fiscal incompatível com o direito e garantia individual que é a liberdade do exercício de cultos religiosos, razão porque a imunidade estabelecida para os templos de qualquer culto, estabelecida no art. 150, VI, b, não se resume somente aos prédios destinados ao culto e liturgias (templo), mas também a todos os impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e serviços relacionados 36 www.acasadoconcurseiro.com.br com as finalidades essenciais daquelas entidades, sendo, igualmente uma imunidade subjetiva.” Duarte, Francisco Leite. Direito Tributário: teoria e prática – 2. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. Como dito acima, da redação do art. 150, § 4º da Constituição Federal, retira-se que a imunidade compreende apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais dos templos de qualquer culto. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Entretanto, isso não impede a imunidade das rendas obtidas de imóveis alugados, desde que direcionadas ao financiamento de suas atividades essenciais. EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, “b” e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido (RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 14 – 05 – 2004 PP – 00033 EMENT VOL – 02151 – 02 PP – 00246) Também nessa alínea do inciso VI do artigo 150, o STF acabou adotando uma posição extensiva, ao entender que a imunidade ali prevista abrangeria os cemitérios que se organizam como extensões das entidades religiosas, desde que se dediquem exclusivamente às atividades funerárias ou religiosas e não tenham fim lucrativo. Por óbvio, se tais entidades objetivarem finalidade lucrativa, afastada estará a benesse. EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, “B”, CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, “b”. 3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recurso extraordinário provido. Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 37www.acasadoconcurseiro.com.br (RE 578562, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2008, DJe – 172 DIVULG 11 – 09 – 2008 PUBLIC 12 – 09 – 2008 EMENT VOL – 02332 – 05 PP – 01070 RTJ VOL – 00206 – 02 PP – 00906 LEXSTF v. 30, n. 358, 2008, p. 334 – 340) Há, ainda, caso onde o STF entendeu que se a entidade não professa qualquer religião os simples encontros para tratar de assuntos específicos, como é o caso da maçonaria, não atrai a proteção da imunidade. Ementa: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO – PROBATÓRIO. SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO TERMO “TEMPLOS DE QUALQUER CULTO”. MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DESPROVIDO. I – O reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal exige o cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei. II – Assim, para se chegar-se à conclusão se o recorrenteatende aos requisitos da lei para fazer jus à imunidade prevista neste dispositivo, necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incide, na espécie, o teor da Súmula 279 do STF. Precedentes. III – A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV – Recurso extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida. (RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 245 DIVULG 13 – 12 – 2012 PUBLIC 14 – 12 – 2012) Imunidade dos partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, entidades de educação e assistência sem fins lucrativos Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: ... c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política, condicionada e relacionada aos partidos políticos, suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos. De acordo com o disposto no art. 150, § 4º, compreende apenas o patrimônio, a renda e os serviços quando relacionados com as atividades essenciais das entidades. 38 www.acasadoconcurseiro.com.br Na visão da jurisprudência, tal disposição não afeta a imunidade das entidades desde que, como mencionado, os recursos obtidos pelas entidades sejam destinados a suas finalidades essenciais. É o caso do aluguel de imóvel a particular, inclusive cristalizado em súmula vinculante em 2015, e aquele obtido com a exploração de serviço de estacionamento em imóvel de ente abrangido pela imunidade. SÚMULA VINCULANTE 52 Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque. Precedente da Corte: RE 116.188 – 4. Recurso conhecido e provido. (RE 144900, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 22/04/1997, DJ 26 – 09 – 1997 PP – 47494 EMENT VOL – 01884 – 02PP – 00412) Não bastasse isso, o STF possui entendimento no qual exonera a incidência inclusive de impostos indiretos, se a entidade imune é o contribuinte de direito do tributo. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 – EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, “c” da Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos. (RE 186175 ED – EDv, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 23/08/2006, DJ 17 – 11 – 2006 PP – 00048 EMENT VOL – 02256 – 04 PP – 00642 RT v. 96, n. 857, 2007, p. 185 – 187 LEXSTF v. 29, n. 337, 2007, p. 227 – 232 RDDT n. 137, 2007, p. 166 – 168) Imunidade Condicionada Em que pese toda a excepcionalidade das situações anteriormente estudadas, o principal ponto de controvérsia do dispositivo está na necessidade de regulamentação, por lei, de requisitos para sua obtenção. É que, por ser imunidade condicionada, requer para sua fruição plena integração infraconstitucional por meio de lei. Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 39www.acasadoconcurseiro.com.br Como se sabe, a visão do Supremo, no que diz com a reserva de lei complementar, passa necessariamente pela previsão no texto constitucional de tal espécie normativa, caso que, como se observa, não ocorre na parte final do dispositivo ora estudado. Menciona-se no art. 150, VI, c os requisitos da lei. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI – instituir impostos sobre: ... c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Por outro lado, quando a Constituição fala em regulamentação de imunidades – como espécie de limitação ao poder de tributar – exige, expressamente, a norma complementar, ao talante do disposto em seu art. 146, II: Art. 146. Cabe à lei complementar: ... II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Tendo isso por base, muito se discutiu se as entidades beneficentes deveriam observar requisitos de lei ordinária ou complementar para fins de obtenção da imunidade. IMUNIDADE – DISCIPLINA – LEI COMPLEMENTAR. Ante a Constituição Federal, que a todos indistintamente submete, a regência de imunidade faz-se mediante lei complementar. (RE 566622, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 186 DIVULG 22 – 08 – 2017 PUBLIC 23 – 08 – 2017) Tema 32 – Reserva de lei complementar para instituir requisitos à concessão de imunidade tributária às entidades beneficentes de assistência social. Tese Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. Superada a questão, resta saber qual é a lei complementar aplicável ao tema da materialidade. 40 www.acasadoconcurseiro.com.br Com efeito, na inexistência de norma complementar específica, adotaram-se as regulações do Código Tributário Nacional, que, como se sabe, recepcionado foi pela ordem de 1998 com estatura de lei complementar. “Importa, ademais, reafirmar que a imunidade tributária deferida às entidades de assistência social sem fins lucrativos somente compreende o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as suas finalidade essenciais (CF, artigo 150, VI, “c”). Mesmo assim, o reconhecimento desse direito está condicionado à observância dos preceitos contidos no incisos I a III do artigo 14 do Código Tributário Nacional. Resulta desse modo que o favor constitucional não é absoluto e o seu deferimento, mesmo em face dos objetivos institucionais da entidade, previstos em seus atos constitutivos (CTN, artigo 14, § 2º), poderá ser suspenso quando não cumpridas as disposições legais (CTN, artigo 14, § 1º).” (excerto do voto condutor do Min. Mauricio Correa, por ocasião do julgamento, pelo Plenário do STF, do RE 202.700 – DF, em 08/11/2001) Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer capítulo; II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. Por derradeiro, convém enfrentar ainda a situação das entidades fechadas de previdênciacomplementar. Com efeito, a imunidade conferida às instituições de assistência social, sem fins lucrativos, não alcança todas as entidades privadas de previdência social. Para que o ponto fique claro, é curial entender a distinção entre Seguridade Social e Previdência Social. A Seguridade Social é termo mais amplo que abarca não só a previdência social, mas também a assistência social e a saúde. Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Com se vê, o artigo 150, VI, c da Constituição apenas menciona, para fins de imunidade, as entidades de assistência social. Note que são conceitos distintos. Até por isso, o STF entende que, regra geral, as entidades de previdência social não estão abrangidas pela imunidade ali explicitada, mantendo posição delimitada anteriormente à promulgação da Constituição de 1988: – Entidade de previdência privada. Sendo mantida por expressiva contribuição dos empregados, ao lado da satisfeita pelos patrocinadores, não lhe assiste o direito ao reconhecimento da imunidade tributária, prevista no art. 19, III, “c”, da Constituição de 1967, visto não se Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 41www.acasadoconcurseiro.com.br caracterizar, então, como instituição de assistência social. Recurso extraordinário de que, por maioria, não se conhece. (RE 136332, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, julgado em 24/11/1992, DJ 25 – 06 – 1993 PP – 12641 EMENT VOL – 01709 – 03 PP – 00493 RTJ VOL – 00150 – 02 PP – 00597) Reavaliando a disciplina com base na Lei Maior vigente, o Supremo manteve o entendimento anterior mas com uma exceção: igualou as entidades fechadas de previdência complementar privada às entidades de assistência social quando cobertos alguns requisitos que as equiparariam, qual sejam, 1) finalidade não lucrativa; 2) sem qualquer contribuição do empregado. Note o seguinte julgado a seguir: IMUNIDADE – ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual guardo reservas, o fato de mostrar-se onerosa a participação dos beneficiários do plano de previdência privada afasta a imunidade prevista na alínea “c” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal. Incide o dispositivo constitucional, quando os beneficiários não contribuem e a mantenedora arca com todos os ônus. Consenso unânime do Plenário, sem o voto do ministro Nelson Jobim, sobre a impossibilidade, no caso, da incidência de impostos, ante a configuração da assistência social (RE 259756, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 28/11/2001, DJ 29 – 08 – 2003 PP – 00021 EMENT VOL – 02121 – 17 PP – 03493) Imunidade dos livros jornais e periódicos (imunidade cultural) Imunidade estabelecida no art. 150, VI, d, define que é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente objetiva, política, incondicionada e relacionada aos livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. A base valorativa de tal imunidade política é a proteção da livre manifestação do pensamento e da expressão da atividade intelectual, artística e científica; da livre comunicação e do acesso à informação, todos direitos fundamentais elencados no art. 5º da Constituição Federal. Por estar classificada como imunidade objetiva, não se cobra o imposto em face de operações realizadas com seus objetos, como em uma saída de livros por exemplo. Aí não irá incidir o ICMS. Ademais, como está o objeto abrangido pela imunidade, não pode o intérprete restringir a sua aplicação em face de qualquer valoração de seu conteúdo. 42 www.acasadoconcurseiro.com.br Limitações ao poder de Tributar Ademais, como está o objeto abrangido pela imunidade, não pode o intérprete restringir a sua aplicação em face de qualquer valoração de seu conteúdo. ICMS IPI II D D Diego Degrazia RE 221.239/SP CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, “D” DA CF/88. “ÁLBUM DE FIGURINHAS”. ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade tributária sobre livros, jor- nais, periódicos e o papel destinado à sua im- pressão tem por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de expressão intelectu- al, artística, científica e de comunicação, bem como facilitar o acesso da população à cultu- ra, à informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divul- gadas ou à qualidade cultural de uma publica- ção. 3. Não cabe ao aplicador da norma constitu- cional em tela afastar este beneficio fiscal ins- tituído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil. 4. Re- curso extraordinário conhecido e provido. Receita Federal (Analista Tributário) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia 43www.acasadoconcurseiro.com.br IMUNIDADE – LISTAS TELEFÔNICAS – ANÚNCIO E PUBLICIDADE. O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta o benefício constitucional da imuni- dade. A inserção visa a permitir a divulga- ção das informações necessárias ao servi- ço público a custo zero para os assinantes, consubstanciando acessório que segue a sorte do principal. Precedentes: Recurso Extraordinário nº 101.441/ RS, Pleno, Relator Ministro Sydney Sanches, RTJ nº 126, página 216 à 257, Recurso Extraordinário nº 118.228/SP, Primeira Turma, Relator Ministro Moreira Alves, RTJ nº 131, página 1.328 à 1.335, e Recurso Extraordinário nº 134.071 – 1/SP, Primeira Turma, Relator Ministro Ilmar Gal- vão, Diário da Justiça de 30 de outubro de 1992. RE 183403 / SP – SÃO PAULO IMUNIDADE – IMPOSTOS – LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DESTINADO À IMPRESSÃO – APOSTILAS. O preceito da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Carta da República alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado. RE 213094 / ES – ESPÍRITO SANTO EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUÍDOS COM JORNAIS E PERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo publicitário que, em face de sua natureza pro- pagandística, de exclusiva índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura e à educa- ção, razão pela qual não está abrangido pela imunida- de de impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual, ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço prestado e ao lucro líquido obtido. Recurso não conhe- cido. 44 www.acasadoconcurseiro.com.br Decorre também da redação constitucional a imunidade ao papel destinado a impressão dos livros, jornais e periódicos. Neste quesito, o STF não tem vazado julgamentos tão extensivos. Aqui a regra é a limitação da benesse apenas ao papel e aos materiais a ele relacionados, como os filmes e papéis fotográficos necessários à impressão de jornais e periódicos. O ponto de partida dessa interpretação é a expressa menção apenas ao papel no dispositivo constitucional. De qualquer forma, ainda assim, o STF vem entendendo que há certa abrangência no que diz com os insumos assimiláveis ao papel, com exceção da “tinta para jornal” Note a redação da súmula 657: Súmula 657 A IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 150, VI, “D”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ABRANGE OS FILMES E PAPÉIS FOTOGRÁFICOS NECESSÁRIOS À PUBLICAÇÃO DE JORNAIS E PERIÓDICOS. Para finalizar o tema, convém ainda mencionar que em decisão
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