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Interpretação dos textos: Evolução do padrão de mercado e O mercado auto regulável e as mercadorias fictícias: trabalho, terra e dinheiro

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA RURAL
INTERPRETAÇÃO DOS TEXTOS 5 E 6:
Evolução do padrão de mercado (texto 5)
O mercado auto regulável e as mercadorias fictícias: trabalho, terra e dinheiro (texto 6)
MOSSORÓ-RN
NOVEMBRO-2018
EVOLUÇÃO DO PADRÃO DE MERCADO (Texto 5)
No texto Polanyi diz que a permuta, a barganha e a troca constituem um princípio de comportamento econômico que depende do padrão de mercado para ser efetivo, assim como a reciprocidade é auxiliada por um padrão simétrico de organização, a redistribuição é facilitada pela centralização e a domesticidade baseada na autarquia. Sendo o mercado, um local de encontro para ocorrer a permuta ou a compra e venda e sem ele não haverá a permuta e consequentemente, não poderá produzir preços. 
O princípio da permuta não está em paridade com os três outros princípios, estando mais associado ao padrão de mercado do que à simetria, centralidade e a autarquia, pois o padrão de mercado é mais específico. A simetria não cria instituições isoladas, apenas padroniza as já existentes; a centralidade cria instituições distintas, porém a instituição não necessariamente terá uma função especifica única, como por exemplo um chefe de uma aldeia pode assumir várias funções diferentes. Por último, a autarquia econômica é um “traço acessório” de um grupo que já existia previamente.
Entretanto, quando o padrão de mercado está associado a outro motivo, barganha ou permuta, é capaz de criar o mercado, este sendo importante para o sistema econômico, pois ele o controla, dirigindo a sociedade como se fosse um acessório do mercado, em que em vez de a economia estar embutidas nas relações sociais, as relações sociais é que estão embutidas no sistema econômico. A economia de mercado só funciona numa sociedade mercado, pois a sociedade tem que ser modelada para que o sistema funcione de acordo com as suas próprias leis. 
De acordo com o autor, o fato dos mercados isolados terem sido transformados numa economia de mercado foi essencial e também a transformação de mercados reguláveis em um mercado auto regulável. No século XIX, acreditavam que era a difusão dos mercados que levava ao grande crescimento da época. Mas não entenderam, que esse crescimento não se deu por meio desse excesso, e sim por meio de estimulantes artificiais a sociedade, para fazer frente a máquina. 
No século XIX eles acreditavam que o mercado transformava uma sociedade, o que depois veio a se tornar um mito, constatando que a presença ou não de um mercado numa economia não faz diferença na organização interna desta economia. Isso ocorre porque os mercados funcionam fora da economia. 
O ensino ortodoxo, que partiu a propensão do indivíduo a permuta e a necessidade de mercados locais, viu a necessidade do comércio de longa distância, a localização geográfica das mercadorias e da divisão de trabalho, oferecendo a alguns indivíduos a oportunidade de utilizar sua propensão para a barganha. 
Nesta doutrina, o comércio surge na época em que havia a caça, no ponto em que os indivíduos buscam fora dos limites dos distritos bens que não possuem em sua região. Esta procura é um processo unilateral e irá se tornar bilateral quando os poderes locais começarem a fazer certa chantagem em troca de seus bens ou também através de acordos de reciprocidade. Vê-se então que o comércio exterior sempre existiu, mas os mercados não necessariamente. Este comércio exterior esteve mais ligado a aventura, exploração, caça, pirataria, guerra, sempre baseado no princípio da reciprocidade e não da permuta.
A transição para a permuta pacífica ocorre na direção da troca e na da paz. A primeira é quando, em expedições tribais, os indivíduos têm que cumprir condições estabelecidas pelos poderes locais, o que pode dar origem à permuta; a segunda direção seria o “comercio silencioso” quando a pessoa evita o risco de combate, introduzindo na transação um elemento de paz, aceitação e confiança. Mercados externos são diferentes dos mercados locais e dos mercados internos tanto em tamanho, quantos suas instituições de função e origem. O mercado externo ocorre pela falta de algum produto naquela região. O comércio local irá ocorrer se compensar transportar essas mercadorias, por isso entendem os dois tipos de comércio como complementares. Sendo que o comércio externo não é sempre competitivo, diferente do comércio interno ou nacional que é competitivo, pois além das trocas complementares, ele inclui um maior número trocas nas quais mercadorias similares, de diversas fontes são oferecidas.
A partir do comercio externo, os mercados se desenvolveram em todos os lugares onde os transportadores paravam, como também os portos se desenvolveram nos lugares de transbordo. 
Mesmo nas cidades onde foram fundadas com os mercados externos, os mercados locais permaneciam separados, não apenas pela função, mas também na organização. Embora seja muito obscuro o início do mercado local, desde o início foi destinada a proteger a organização econômica vigente na sociedade de interferências por parte das práticas de mercado. O nascimento das cidades e civilização urbana foi resultado dos comércios. 
O autor relata que antes da revolução comercial o comércio não era nacional na Europa ocidental e sim municipal, sendo uma corporação de oligarcas comerciais sediados em várias cidades. Esse comércio poderia ser tido como comércio de vizinhança, o que se restringia a distritos o realizando localmente, ou como comércio de longa distância sendo que nenhum era permitido se infiltrar no campo indiscriminadamente e os dois comércios separados. Apesar dessa separação soar estranha ela faz parte da história social da vida urbana europeia.
Porém nenhum desses comércios foi o responsável por originar o comércio interno atual o que nos leva a acreditar que o responsável pela criação seria o estado, ou como o autor se refere, o deus ex Machina da intervenção estatal.
As cidades eram organizações de burgueses onde somente eles possuíam direitos e controlavam o comércio local com regulamentações que também impediam a elevação dos preços, porém os seus poderes não iam além das suas cidades, e, portanto, não atingia o comércio de longa distância que era dominado pelo mercado estrangeiro com a metodologia de comércio atacadista capitalista, dessa forma fugindo das regulamentações locais. 
No mercado local a produção era regulada de acordo com as necessidades dos produtos, sendo restrita a produção a um nível remunerativo. Já nas exportações o interesse do produto não controlava o limite da produção, sendo a mesma controlada pelas corporações de artesãos.
Os burgueses, na tentativa de criar obstáculos à formação do mercado nacional intencionado pelos atacadistas capitalistas, dificultaram a inclusão do campo no compasso do comércio e a abertura de um comércio indiscriminado entre as cidades e o campo, o que acabou por forçar o estado a se projetar como instrumento de nacionalização do mercado e criador do comércio interno. O estado forçou o sistema mercantil às cidades e às municipalidades protecionistas. O mercantilismo acabou com particularismo do comércio local e intermunicipal abrindo portas para o comércio nacional, esse que ignorava cada vez mais a distinção entre cidade e campo.
Esse sistema gerou várias mudanças, como a criação do estado centralizado, com uma nova política estatal mercantilista, economicamente a unificação se deu devido ao capital em forma de dinheiro acumulado adequado para o desenvolvimento do comércio, e a ampliação do sistema municipal tradicional ao território. Mais amplo do estado. Para que não se tivesse um monopólio foi realizada a total regulamentação da vida econômica em escala nacional.
No final o autor ressalta que não se esperava um desenvolvimento tão singular quanto o alcançado, e que a libertação que o mercantilismo deu ao comércio foi a do comércio do particularismo, mas também ampliou o escopoda regulamentação e que no sistema econômico os mercados eram aspectos acessórios de uma estrutura institucional controlada e regulada pela autoridade social.
O MERCADO AUTO REGULÁVEL E AS MERCADORIAS FICTÍCIAS: TRABALHO, TERRA E DINHEIRO. (TEXTO 6)
O texto gira na ideia de nos mostrar as diferenças no âmbito econômico e o que ele causou na sociedade e Estado no século XVIII. Em tempos mais anteriores o mercado era apenas um acessório na vida das pessoas, sendo que o sistema social que comandava, e até no sistema mercantil, por exemplo, a tendência era de não expansão do sistema. 
Com o tempo o mercado e as regulamentações passaram a crescer juntas, mesmo que a ideia do mercado regulável ainda não estivesse sido proposta, quando surgiu afetou as tendências da época que sofreram muitas mudanças no seu desenvolvimento. A ideia de um mercado auto regulável trazia à tona uma forma muito diferente das impostas durante todos os séculos antepassados, onde muitos sistemas diferentes eram regidos.
Nos sistemas anteriores o que os movia eram a sociedade e o Estado, já na forma proposta (semelhante a atual no mundo) o que controla tudo é o preço e a produção, o sistema é regulado apenas pelo mercado, sem outras intervenções. E nesse caso, a sociedade tem como objetivo atingir o máximo de ganho monetário, não só para subsistência, como os anteriores. 
Além da mudança na economia a política passou a ser representativa bem contrária ao poder que em muitos casos era centralizado em apenas uma pessoa ou um grupo de pessoas de maiores poderes aquisitivos nos sistemas anteriores. A sociedade também sofreu transformações estruturais. 
O autor cita no texto que o dinheiro, trabalho e terra são mercadorias fictícias, que não são feitos para ser mercadoria, mas eles são essências para que haja uma economia de mercado. Isso é sustentado pela ideia de que, Trabalho é apenas um outro nome para atividade humana que acompanha a própria vida que, por sua vez, não produzida para venda, mas por razões inteiramente diversas, e essa atividade não pode ser destacada do resto da vida, não pode ser armazenada ou mobilizada, ou seja: se encher alguém de muito trabalho esse indivíduo chegará ao seu limite e não mais conseguirá realizar alguma coisa.  A terra é apenas outro nome para natureza, que não é produzida pelo homem, então: se fosse usada como mercadoria, ela chegaria a um limite e não mais conseguiria produzir alguma coisa. E o dinheiro é apenas um símbolo do poder de compra, ele não é produzido mas adquire vida através do mecanismo dos bancos e das finanças estatais, ou seja, uma hora tem em excesso e em algumas outras é escasso.

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