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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA HISTÓRIA DA BIOLOGIA ESPÍRITO SANTO HISTÓRIA DA CIÊNCIA http://www.ibamendes.com/2010/11/historia-da-ciencia-e-seus-paradigmas.html A utilização da história da ciência como meio para a compreensão do conhecimento científico com seus êxitos, peculiaridades, métodos, limitações, influências e acordos tem sido consenso entre os especialistas da área. Ao abordar a natureza da história e da historiografia da ciência, D’AMBRÓSIO (2004, p.166) define: “Em termos gerais e simplificados, História é o conjunto dos conhecimentos humanos ocorridos no passado, e a Historiografia é o conjunto dos registros, interpretações e análises desses conhecimentos”. A História da ciência, no ensino de ciências, tem se fixado em fatos. Desconsiderando a historiografia da ciência, a prática pedagógica pouco tem abordado componentes político- ideológicos em relação aos conhecimentos científicos produzidos pela civilização, promovendo descontinuidade na compreensão da evolução do conhecimento humano. A História da Ciência, como história da espécie humana em busca de sobrevivência e de transcendência nos diversos ambientes por ela ocupada deve descrever o conhecimento científico produzido na história da humanidade, em outros tempos e civilizações, auxiliando na compreensão da evolução da ciência (D’AMBRÓSIO, 2004). A relação dialética entre História e Historiografia da ciência deveria ser a tônica no ensino, interrelacionando os fatos, teorias e conhecimentos científicos da análise crítico-interpretativa da história da ciência. Os episódios históricos e a interpretação historiográfica podem contribuir com a construção de conhecimento contextualizado, dando significado aos saberes, evitando a fragmentação que visa somente a abordagem do “produto”, em detrimento do “processo” de construção da ciência, em especial a Biologia. Conforme destaca BACHELARD (1996, p.34): “A ciência moderna, em seu ensino singular, afasta-se de toda referência à erudição. E dá pouco espaço à das ideias científicas”. http://guiadoestudante.abril.com.br/fotos/7-maiores-brigas-historia-ciencia-692837.shtml Independentemente do nível de ensino, BASTOS (1998) destaca alguns problemas comuns no ensino de História da Ciência, dentre eles: erros grosseiros, falta de contextualização do processo de produção científica, crença de que o conhecimento científico progride em função de descobertas fabulosas de cientistas “geniais”, valorização de acontecimentos do presente em detrimento de conhecimentos e debates produzidos no passado (descontinuidade) e a percepção do conhecimento científico como verdade imutável. Aprender sobre a ciência que dá certo não pressupõe a negação de seus erros ou enganos, afinal, a ciência enquanto atividade humana está sujeita a falhas. Não se pode pedir que cientistas abrissem mão de sua humanidade em nome de um modelo de ciência que é guiado por uma postura arrogante e injustificada, prometendo certezas absolutas que não há como garantir ou oferecer. A ciência deve ser guiada pelo desejo de descobrir com a rigorosidade que lhe é própria, porém, sem adotar uma postura cientificista que ridiculariza tudo que não está de acordo com o método científico. http://conceito.de/metodo-cientifico A análise crítica em relação a aspectos ideológicos e éticos envolvidos na elaboração de concepções científicas faz com que se passe a duvidar, questionar, levantar hipóteses, sem pensar na ciência como algo estanque, estático e acabado, mas valorizando sua complexidade e dinamismo. A imagem do trabalho do cientista, a competição, as formalidades, o decoro científico e a excentricidade, mal entendidos, experiências não ortodoxas, pré-disposição para a aceitação de resultados de experimentos, coberturas da mídia, financiamentos e outros, dificilmente são abordados de modo claro, simples e coerente nas instituições de ensino. O estudo da história da ciência contribui para desmistificar o cientista e a ciência, caracterizando-a não como fruto de “inspirações” ou privilégio de “gênios”, mas como atividade produtiva e sistematizada direcionada a compreensão do homem e do universo. Conflitos e refutações geralmente não são abordados e, quando o são, surgem na dicotomia entre a “verdade”, tida como absoluta, e o “erro”, concebido como falha inaceitável e não como busca do acerto. http://www.garotasgeeks.com/finalmente-voce-pode-comprar-a-colecao-lego-de-cientistas-mulheres/ O ensino de história da ciência, para KRASILCHIK (2004) propicia o desenvolvimento de significados de ordem: a) Metodológica, provocando atitude de contínua indagação; b) Social, analisando as implicações sociais da ciência; c) Informativa, adquirindo e utilizando informações; d) Construtivista, construindo ou substituindo conceitos por conceitos contemporâneos; e) Psicológica, incentivando o interesse pela pesquisa; f) Política, formando cidadãos conscientes, Estes significados de ordem, propostos por KRASILCHIK (2004), devem fazer parte de uma trajetória (re)construtiva da ciência e sua história no processo de ensino-aprendizagem, dando-lhe sentido e transformando-a em instrumento social, político e ideológico de democratização da ciência. Biografias detalhadas e extensas devem ser evitadas, a fim de não comprometer o processo de ensino, distanciando ainda mais o aluno da ciência. O cuidado com o livro didático é indispensável, pois nem sempre desenvolvem os conhecimentos científicos de forma adequada, adotando uma abordagem superficial, simplista e até mesmo errônea para conceitos e teorias, comprometendo assim a aprendizagem e a construção de uma visão realista da ciência. Os cursos de formação de professores não têm priorizado o ensino da História da Biologia. Não basta afirmar a necessidade de adotar uma perspectiva histórica no ensino de Biologia sem que os instrumentos para que esta proposta seja levada a cabo de maneira satisfatória sejam desenvolvidos. Pretendeu-se que a História da Biologia seja apresentada numa perspectiva distinta daquela que vem prevalecendo nos livros didáticos, é necessário repensar os cursos de formação inicial e continuada de professores. Tal necessidade também implica um esforço concentrado na produção de materiais curriculares que possam fornecer aos professores indicadores a respeito de como trabalhar esta abordagem em suas aulas. (CARNEIRO E GASTAL, 2005, p. 38). O ensino de História da Biologia fará com que os conceitos e teorias próprias desta área do conhecimento se legitimem através da validade epistemológica, pois o ensino poderá desgastar uma teoria científica através de uma abordagem inadequada do conhecimento científico. Ao inter-relacionar ideias e metodologias da ciência e sua trajetória histórico-social em diferentes contextos, estes conhecimentos ganham um novo valor. HISTÓRIA DA BIOLOGIA http://www.abfhib.org/Boletim/Boletim-HFB-02-n1-Mar-2008.htm A Humanidade sempre estudou os seres vivos. Nos seus primórdios, o ser humano aprendeu a utilizar as plantas e os animais em seu proveito. Aprendeu a evitar plantas venenosas e como tratar os animais, além de adotar técnicas de caça. Partindo também dos conhecimentos acerca da utilidade e da época de frutificação de variados vegetais, desenvolveu a agricultura, aprendendo a garantir de maneira mais constante e previsível, o sustento das comunidades. Os conhecimentos na área da biologia, embora empíricos e como exercício prático do dia a dia, existem já desde a época da pré-história. Prova disso são as representações de seres vivos em pinturas rupestres. Antiguidade O estudo da vida emergiu em várias civilizações e culturas ao longodo tempo histórico. Na Mesopotâmia, sabia-se já que o pólen podia ser utilizado para fertilizar plantas. Elementos do mundo vivo eram já utilizados como objetos de comércio em 1800 a.C., durante o período de Hamurabi, especialmente as flores. Os povos orientais já tinham conhecimento do fenômeno de polinização em palmeiras e do fenômeno de dimorfismo sexual em variadas espécies vegetais. http://www.abfhib.org/index_arquivos/Encontro_2009.html Na Índia, textos descrevem variados aspectos da vida das aves. Egípcios e babilônicos tinham já um conhecimento apreciável de anatomia e fisiologia de várias formas de vida. Na Mesopotâmia, animais eram mantidos naquilo que hoje podemos considerar como sendo os primeiros jardins zoológicos. No Egito, eram usados baixos relevos e papiros para fazer a representação anatômica do corpo humano e de outros animais. A prática do embasamento utilizado pelo povo egípcio requeria já um amplo conhecimento das propriedades de plantas e óleos de origem vegetal. No entanto, nestas épocas, a superstição ainda vinha muitas vezes associada ao conhecimento objetivo. Na Babilônia e Assíria, órgãos de animais eram usados para prever o futuro, e no Egito, uma grande dose de misticismo envolvia a prática médica. Durante o período greco-romano, os estudiosos começam a dar mais ênfase e utilização a métodos racionalistas. Aristóteles tornou-se, na Antiguidade clássica, num dos mais influentes e importantes naturalistas. Atingiu tal estatuto, fruto do seu aturado trabalho de observação da natureza, sobretudo no que diz respeito ao comportamento e características dos animais e plantas. Desenvolveu trabalho relacionado com a categorização dos seres vivos, tendo sido o primeiro a formular um sistema de classificação, baseado na distinção entre animais com sangue e animais sem sangue. Constatou a existência de órgãos homólogos e análogos em vários grupos de seres vivos. O seu trabalho foi de tal modo importante que a sua influência e ideias perduraram durante séculos. http://www.grupocorreiodosul.com.br/jornal/arqueologos-acreditam-ter-encontrado-tumulo-de-aristoteles/ O sucessor de Aristóteles, Teofrasto, foi o autor de inúmeros trabalhos sobre botânica (Historia Plantarum) que sobreviveram como sendo os mais importantes contributivos para esta área até à Idade Média. Na Roma Antiga, Plínio, o Velho é conhecido pelos seus conhecimentos em botânica e natureza em geral. Mais tarde, Galeno tornou-se um pioneiro nas áreas da medicina e anatomia. Idade Média A Idade Média é considerada por muitos como a idade das trevas no que também diz respeito ao avanço do conhecimento científico. No entanto, no que diz a respeito às ciências biológicas, alguns avanços verificaram-se neste período. Muitos estudiosos de medicina começam a orientar o seu trabalho também para as áreas da zoologia e botânica. http://meioambiente.culturamix.com/gestao-ambiental/o-que-e-botanica É precisamente no mundo árabe que as ciências naturais mais se desenvolveram. Muita da literatura da Grécia Antiga, incluído as obras de Aristóteles, foi traduzida para árabe. De particular relevo encontra-se o trabalho de al- Jahiz (776-869): Kitab al Hayawan (Livro dos animais). Nesta obra, o autor discorre sobre variados assuntos, entre os quais há que frisar os que dizem respeito à organização social de insetos (especialmente formigas), à psicologia e comunicação animal. Parte da obra sobreviveu até aos nossos dias, encontrando atualmente numa biblioteca em Milão. Durante o século XIII, Alberto Magno escreveu De Vegetabilis et Plantis (por volta de 1260) e De animalibus. Este autor deu especial relevância à reprodução e sexualidade das plantas e animais. Na primeira obra, há a destacar a diferenciação entre plantas monodicotilodôneas e dicotiledôneas e entre plantas vasculares e não vasculares. Alberto Magno foi beber dos conhecimentos de Aristóteles. Deles retirou o seu melhor, não se curvando sobre eles, mas adotando uma atitude crítica. http://www.aprenda.bio.br/portal/?p=7483 Chega a afirmar que o objetivo da ciência natural não é simplesmente aceitar as afirmações de outros, mas investigar as causas que operam na natureza. Chega a dedicar um capítulo inteiro, numa de suas obras, ao que ele chamou de erros de Aristóteles. Tal como Roger Bacon, seu contemporâneo, Alberto Magno estudou intensivamente a natureza, utilizando de modo intensivo o método experimental. Em De vegetabilis relata que: A experimentação é o único meio seguro em tais investigações. Em termos do estudo da botânica, os seus trabalhos são comparáveis, em importância aos de Teofrasto. Deram-se também avanços significativos em ótica, que no futuro proporcionou o desenvolvimento de um aparelho que iria revolucionar a maneira como os estudiosos viam e interpretavam o mundo vivo: o microscópio. http://www.prof2000.pt/users/biologia/historia.htm Talvez o principal legado da Idade Média para o avanço do conhecimento científico na área das ciências biológicas terá sido o estabelecimento de inúmeras universidades que funcionaram como gérmen do pensamento e método científico contemporâneo. Na Europa foram fundadas as primeiras universidades por volta de 1200 (Paris, Bologna e Oxford). Muitos documentos gregos e árabes começaram a ser traduzidos, dando ímpeto a um avanço em várias áreas do conhecimento, incluindo a Biologia e a Medicina. Século XVII e Século XVIII Capa da obra de Lineu: Systema Naturae em 1628, William Harvey mostra que o sangue circula pelo corpo todo e que é bombeado pelo coração. Com a descoberta do microscópio por Antony van Leeuwenhoek, por volta de 1650, abre-se um pequeno grande mundo que até então havia escapado do olhar atento dos cientistas e curiosos. O trabalho na área da história natural das plantas foi impulsionado por Giovanni Bodeo da Stapel, em 1644, de forma quase enciclopédica. http://www.vanguardia.com/mundo/ciencia/337882-por-que-los-museos-de-historia-natural-estan-equivocados Em 1658, Jan Swammerdam tornou-se o primeiro a observar eritrócitos, enquanto que Leeuwenhoek, por volta de 1680, observou pela primeira vez espermatozoides e bactérias. Durante estes dois séculos, grande ênfase foi dada à classificação, nomeação e sistematização dos seres vivos. O expoente máximo desta atividade foi Lineu. Em 1735 publicou o seu sistema taxonômico, baseado nas semelhanças morfológicas entre seres vivos e na utilização de uma nomenclatura binominal (nomes científicos) em latim. A descoberta e a descrição de novas espécies se tornaram nessa época, uma ocupação generalizada no meio científico. Friedrich Wohler demonstrou em 1828, que moléculas orgânicas como a ureia, poderiam ser sintetizadas por meios artificiais, abalando assim a corrente do vitalismo. Em 1833, foi sintetizada artificialmente a primeira enzima (diástase): uma nova ciência, a bioquímica, começa a dar os primeiros passos. http://gcess.blogspot.com.br/2013/05/bioquimica.html Por volta de 1850, a teoria miasmática da doença foi ultrapassada pela nova teoria germinal da doença. O método antisséptico tornou-se prática usual na atividade médica. Por volta de 1880, Robert Koch introduziu métodos para fazer crescer culturas puras de micro-organismos, utilizando placas de Petri e nutrientes específicos. A disciplina da bacteriologia começava assim a tomar forma. Introduziu também aquilo a que se viria a chamar de postulados de Koch, permitindo através da sua utilização, a determinação concreta de que um microorganismo provoca uma doença específica. A geração espontânea, crença que afirmava a possibilidade de poder aparecer vida a partir de matéria não viva, foi finalmente desacreditada por via de experiências levadas a cabo por Louis Pasteur. Século XIX Schleiden e Schwannpropõem a sua teoria celular em 1839. Esta teoria tinha como princípios básicos o fato da célula ser a unidade básica de constituição dos organismos e o de que todas as células serem provenientes de células pré-existentes. O naturalista britânico Charles Darwin, no seu livro A Origem das Espécies (1859) descreve a seleção natural como mecanismo primário da evolução. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na Biologia. http://www.popsci.com/science/article/2013-04/what-if-darwin-had-never-existed Em 1866, a genética dá os seus primeiros passos graças ao trabalho de um monge austríaco, Gregor Mendel. Nesse ano, formulou as suas leis da hereditariedade. No entanto, o seu trabalho permaneceu na obscuridade durante 35 anos. Em 1869, Friedrich Miescher descobre aquilo a que ele chamou de nucleína (tratava-se de um preparado rude de DNA). O citologista Walther Flemming, em 1882, tornou-se o primeiro a demonstrar que os estágios diferenciados da mitose não eram frutos de artefatos de coloração das lâminas para observação microscópica. Assim, estabeleceu-se que a mitose ocorre nas células vivas e, além disso, que o número cromossômico duplicava mesmo antes da célula se dividir em duas. Em 1887, August Weismann propôs que o número cromossômico teria que ser reduzido para metade, no caso das células sexuais (gametas). Tal proposição tornou-se fato quando se descobriu o processo da meiose. https://www.youtube.com/watch?v=kGCDvAq7G_k Século XX Mesmo no início do século XX, em 1902, o cromossomo foi identificado como a estrutura que alberga os genes. Desta forma, o papel central dos cromossomos na hereditariedade e nos processos de desenvolvimento foi estabelecido. O fenômeno de linkage genético e a recombinação de genes em cromossomos durante a divisão celular foram explorados, em particular por Thomas Hunt Morgan, através de organismo modelo: a drosophila melanogaster. Ainda no início do século, deu-se a unificação da ideia de evolução por seleção natural com os processos da genética mendeliana, produzindo a chamada síntese moderna. Estas ideias e processos continuaram a ser investigados e aprofundados através de uma nova disciplina, a genética populacional. Mais tarde, na segunda metade do século, a sociobiologia e a psicologia evolutiva foram também beber dessas ideias. http://www.lacooltura.com/2015/03/sessualita-lamore-ai-tempi-della-sociobiologia/ Oswald Avery, em 1943, mostrou que era o DNA e não as proteínas, que compunham material genético dos cromossomos. Em 1953, James Watson e Francis Crick mostraram que a estrutura do DNA era em forma de dupla hélice. Em paralelo, propuseram o possível papel da estrutura assim apresentada no processo de replicação. A natureza do código genético foi experimentalmente descortinada a partir do trabalho de Nirenberg, Khorana e de outros, no final da década de 50. Esta última descoberta aliada à descoberta da primeira enzima de restrição em 1968 e da técnica de PCR em 1983, proporcionou o impulso da ciência a que hoje damos o nome de biologia molecular. O estudo dos organismos, da sua reprodução e da função dos seus órgãos, passou a ser efetuado a nível molecular. O reducionismo na análise dos processos biológicos tornava- se cada vez mais triunfante e promissor. Até mesmo os processos de classificação científica dos organismos, especialmente a cladística, passaram a utilizar dados moleculares como as sequências de DNA e RNA como caracteres a ter em conta. http://alunosonline.uol.com.br/biologia/acidos-nucleicos.html Nos meados da década de 80, como consequência do trabalho pioneiro de Woese (sequenciação RNA ribossomal do tipo 16S), a própria árvore da vida tomou nova forma. De uma classificação em dois domínios, passou-se a uma classificação em três domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya. Enquanto que o processo de clonagem em plantas era já conhecido há milênios, foi só em 1951 que o primeiro animal foi clonado pelo processo de transferência nuclear. A ovelha Dolly tornou-se depois, em 1997, no primeiro clone de mamífero adulto, através do processo de transferência de um núcleo de célula somática para o citoplasma de um ovócito anucleado. Poucos anos mais tarde, outros mamíferos foram clonados pelo mesmo método: cães, gatos e cavalos. http://istoe.com.br/161917_CLONAGEM+DA+OVELHA+DOLLY/ Em 1965, foi demonstrado que células normais em cultura dividiam-se apenas um número limitado de vezes (o limite de Hayflick), envelhecendo e morrendo depois. Por volta da mesma altura, descobriu-se que as células-tronco eram uma exceção a esta regra e começou- se o seu estudo exaustivo. O estudo das células-tronco totipotentes começou a ser crucial para se entender a biologia do desenvolvimento, levando também a esperança de aparecimento de novas aplicações médicas de importância relevante. A partir de 1983, com a descoberta dos genes, muitos dos processos de morfogênese dos organismos, do ovo até ao adulto, começaram a ser descobertos, começando pela mosca- da-fruta, passando por outros insetos e animais. CONCEITO DE BIOLOGIA http://br.freepik.com/vetores-gratis/elementos-de-biologia-no-quadro-negro_766829.htm A palavra biologia é formada por dois vocábulos gregos: bios (“vida”) e logos (“estudo”). Trata-se de uma das ciências naturais cujo objecto de estudo é a origem, a evolução e as propriedades dos seres vivos. A biologia estuda as características e os comportamentos tanto dos organismos individuais como das espécies no seu conjunto, assim como a reprodução dos seres vivos e as interacções entre eles e o meio. Esta ciência analisa a estrutura e a dinâmica funcional comum a todos os seres vivos, com o objectivo de estabelecer as leis gerais que regem a vida orgânica. É importante ter em conta que a biologia abarca diversos campos de estudos que, muitas das vezes, são considerados disciplinas independentes. Por exemplo, a biologia molecular, a bioquímica e a genética molecular tratam do estudo à escala atómica e molecular. Por sua vez, a biologia celular realiza os seus estudos do ponto de vista celular. http://www.clickescolar.com.br/biologia-celular.htm A fisiologia, a anatomia e a histologia, por sua vez, estudam a escala pluricelular, ao passo que a biologia do desenvolvimento analisa o desenvolvimento de um organismo individual. A genética investiga o funcionamento da herança dos pais em relação à sua descendência. Já, a etologia investiga sobre o comportamento dos grupos. As populações inteiras são observadas pela genética das populações e a genética sistemática reflete sobre t. A ecologia e a biologia evolutiva têm a seu cargo as populações interdependentes e os respectivos habitats. Por último, mencionaremos a astrobiologia, a qual estuda a possibilidade de haver vida fora da Terra. BIBLIOGRAFIA BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Tradução: Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BASTOS, F. História da ciência e pesquisa em ensino de ciências: Breves considerações. In: NARDI, Roberto. (Org.) Questões atuais no ensino de ciências. Educação para a Ciência. 5 ed. São Paulo: Escrituras, 1998. BLANCO, H. D. Alfred Hussel Wallace. Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades. Universidad Autónoma de Puebla. Elementos, n. 23, v. 3, 1995, p. 37-44. Disponível em: http://www.elementos.buap.mx/num23/pdf/37.pdf. Acesso em: 18 ago. 2009. CARNEIRO, M. H. S.; GASTAL, M. L. História e Filosofia das Ciências no Ensino de Biologia. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 33-39, 2005. D’AMBROSIO, U. Tendências Historiográficas na História da Ciência. In: ALFONSO- GOLDFARB, A.M.; BELTRAN, M.H.R. (orgs.)Escrevendo a História da ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: EDUC/Livraria Editora da Física/Fapesp, 2004. DARWIN, C. Origem das Espécies. Tradução: AMADO, E. Belo Horizonte: Itatiaial, 2002. DARWIN, C.; WALLACE, A. R. The Darwin-Wallace Paper (Complete). 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Acesso em: 30 set. 2009. MOREIRA, I. C. Darwin, Wallace e o Brasil: A teoria da seleção natural de Darwin e Wallace faz 150 anos! E o que isto tem a ver com o Brasil? Jornal da Ciência, Ano XXII, n. 625, p. 6, Jul/2008. Disponível em: http://www.ano-darwin-2009.org/Darwin-Wallace-Brasil-1.htm Acesso em: 07 maio 2009. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem Significativa: A teoria de Davis Ausubel. 2 ed. São Paulo: Centauro, 2001. RAGAZZO, M. T. (org.). Peixes do Rio Negro. 1ed. São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial do Estado, 2002. RENESTO, E. Darwin e Wallace. A teoria da evolução e sua relação com a ecologia. Disponível em: http://www.nupelia.uem.br/Servico/Wallace.pdf. Acesso em: 14 maio 2009. VILLELA, O. F. Alfred Hussel Wallace 1833-1913. Ciências: Revista de Difusión. Número especial de evolución 1. México: Faculdade de Ciências, UNAM, 1988. Disponível em: http://www.ejournal.unam.mx/cns/espno02/CNSE0202.pdf . Acesso em: 18 ago. 2009. WALLACE, A. R. Viagens pelos rios Amazonas e Negro. Tradução: AMADO, E. Coleção Reconquista do Brasil. v. 50. Belo Horizonte: Itatiaial; São Paulo: USP, 1979. ARTIGO PARA REFLEXÃO Autores: Maria Helena da Silva Carneiro e Maria Luiza Gastal Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v11n1/03.pdf Acesso: 2 de junho de 2016 HISTÓRIA E FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS NO ENSINO DE BIOLOGIA History and Philosophy of Science in Biology Teaching Maria Helena da Silva Carneiro Maria Luiza Gastal Resumo: Neste trabalho, buscamos evidenciar a concepção de História da Biologia que é veiculada nos livros didáticos. Para tanto, analisamos três coleções de livros de Biologia destinados ao Ensino Médio, e alguns livros universitários usados em cursos de formação de professores. Ao analisar este material curricular foi possível observar que a história apresentada é desvinculada do contexto cultural de cada período histórico, o que pode levar o aluno a construir uma falsa representação da ciência e do fazer científico. Unitermos: ensino de Biologia, História e Filosofia das Ciências, livro didático. Abstract: In this work, we search forto evidences the conception of the History of Biology being is propagated in textbooks. We analyze three Biology book collections designed estined forto middle schooledium education, and some university books used in teacher education courses. When analyzing this curricular material it was possible to observe that the history of biology presented is disengaged from entailedofthe cultural context of each historical period, and this what can lead the student to construct a false representation of science and of scientific meaning making. Keywords: Biology teaching, History and Philosophy of Sciences, textbook. Introdução A inclusão da perspectiva histórica no ensino de ciências é constantemente defendida por muitos pesquisadores da área de ensino de ciências (Matthews, 19953; Gagné, 1994; Pretto, 1985). O projeto 20061, 1985, já recomendava a inserção/inclusão de elementos de História e de Filosofia das Ciências nos currículos do Ensino Fundamental e Médio. Carvalho e Vannucchi,1996, ao discutir as inovações e tendências do ensino de Física destaca que, “no V RELAEF – Reunião Latino Americana sobre Educação em Física – o grupo de trabalho sobre História e Filosofia das Ciências mostrou a importância destes estudos para a formação de professores, tendo em vista proporcionar: uma maior compreensão da natureza do conhecimento científico; um melhor entendimento dos conceitos e teorias da física; uma compreensão dos obstáculos e possíveis dificuldades dos alunos; e uma concepção das ciências como empresa coletiva e histórica e o entendimento das relações com a tecnologia, a cultura e a sociedade.” Acredita-se que a História e a Filosofia das Ciências podem apresentar algumas respostas à crise mundial da educação científica: Podem humanizar as ciências e aproximá-las dos interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da comunidade; podem tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas, permitindo, desse modo, o desenvolvimento do pensamento crítico; podem contribuir para um entendimento mais integral de matéria científica, isto é, podem contribuir para a superação do “mar de falta de significação” que se diz ter inundado as salas de aula de ciências, onde fórmulas e equações são recitadas sem que muitos cheguem a saber o que significam; podem melhorar a formação de professores auxiliando o desenvolvimento de uma epistemologia da ciência mais rica e mais autêntica, ou seja, de uma maior compreensão da estrutura das ciências bem como do espaço que ocupam no sistema intelectual das coisas. (Matthews, 1995) 1 Faculdade de Educação (UnB). E-mail mhsilcar@unb.br 2 Instituto de Ciências Biológicas (UnB). E-mail: gastal@unb.br 3 Este trabalho foi originalmente publicado, em inglês, em 1992, na revista Science & Education, 1(1): 11-47 Nessa mesma direção, os parâmetros curriculares brasileiros, tanto do Ensino Fundamental como do Ensino Médio incorporaram esta recomendação/orientação: A dimensão histórica pode ser introduzida nas séries iniciais na forma de história dos ambientes e invenções. Também é possível o professor versar sobre a história das idéias científicas, que passa a ser abordada mais profundamente nas séries finais do Ensino Fundamental (p. 32) . Já nos PCN do Ensino Médio, os autores destacam que “Elementos da história e da filosofia da Biologia tornam possível aos alunos a compreensão de que há uma ampla rede de relações entre a produção científica e o contexto social, econômico e político (p. 32) ”. Este aparente consenso entre os pesquisadores de didática das ciências quanto à incorporação de componentes da História e Filosofia das Ciências nos currículos escolares e em cursos de formação de professores vem encontrando eco nos livros didáticos de Biologia desde os anos 60, quando essa área do conhecimento se constituiu enquanto disciplina escolar desvinculando-se da História Natural. Há uma preocupação em apresentar aspectos históricos na introdução de conceitos científicos. Entretanto, ainda falta uma análise crítica do tipo de história veiculada nesses livros e de como a concepção de História e Filosofia das Ciências deve ser trabalhada nos diferentes níveis de escolaridade. Assim, o que se deveria questionar é a concepção de história veiculada nesses materiais e não a sua ausência. Um dos poucos trabalhos já realizados neste sentidoressalta a predominância de um modelo de História da Ciência onde, paradoxalmente, a ciência aparece como um processo a- histórico. A apresentação da ciência é absolutamente a-histórica. Sem referência a seu processo de criação e muito menos ao contexto em que foi criada. E, o que é pior, na tentativa de suprir esta lacuna passa uma visão da História da Ciência como se fosse, como já dizíamos, um armazém, um depósito onde se guardam as vidas dos cientistas, seus feitos e suas obras. (Pretto, 1985; p. 77) Embora muito criticado nos últimos anos por dar muita ênfase ao chamado método científico, o livro Biological Sciences Curriculum Study – BSCS (1983) – foi um dos materiais curriculares produzidos nos anos 60 que já apresentava preocupação com a contextualização histórica. O manual do professor deste projeto destaca que: A apresentação destes aspectos pode ser útil por contribuir para dar ao aluno uma visão mais realista e inteligível da ciência. Poderá ajudar a modificar as idéias extraordinariamente irreais, fantásticas e antagônicas que, segundo vários estudos demonstram, muitas pessoas fazem da ciência e dos cientistas. Por isso, sempre que possível, a narrativa do inquérito, os exercícios e outros materiais descrevem a investigação em termos de pessoas, lugares e incidentes que nela estão envolvidos (p. 27). Como se pode observar, já se acreditava que a inserção desses componentes pudesse modificar as idéias extraordinariamente irreais ( grifo nosso) que se fazia (e que se faz ainda hoje ) da ciência e do fazer científico. Quanto aos livros universitários, aqueles usados nos cursos de formação de professores de Biologia, muitos deles apresentam uma contextualização histórica dos temas abordados. A título de exemplo citamos o livro “Ecologia” de E. O. Odum, ainda hoje usado em cursos de licenciatura: O termo “ecossistema” foi proposto primeiramente em 1935 pelo ecologista britânico A. G. Tansley, mas, naturalmente, o conceito é bem mais antigo. Mesmo na mais remota história escrita, encontram-se alusões à idéia da unidade dos organismos com o ambiente (e, também, da unidade dos seres humanos com a natureza). Enunciados formais da idéia começaram a aparecer somente no fim do séc. XIX e – fato curioso – paralelamente nas publicações sobre ecologia americanas, européias e russas. Assim, em 1877, Karl Mobius escreveu (em alemão) sobre a comunidade de organismos num recife de ostras como uma “biocenose”, e, em 1887, o americano S. A. Forbes escreveu seu ensaio clássico sobre o lago como um microcosmos. O pioneiro russo V. V. Dokuchaev (1846-1903) e seu discípulo principal, G. F. Morozov (que se especializava em ecologia florestal), enfatizaram o conceito de “biocenose”, vocábulo posteriormente expandido por ecologistas russos para “geobiocenose”(...). (Odum, 1983; p. 9) Neste artigo, pretendemos indicar algumas concepções de História da Ciência presentes em Livros Didáticos de Biologia (LDB), desde os anos 60, e discutir algumas implicações deste modelo de história no ensino. A história veiculada nos livros didáticos e suas implicações pedagógicas Apesar dessa crítica, a concepção de História da Biologia veiculada pelos livros didáticos do Ensino Médio e Universitário caracteriza-se por reforçar uma imagem de ciência e de sua história que já se vem tentando combater nas três últimas décadas. Citaremos a seguir algumas características de tal concepção que aparecem nos LDB. Histórias anedóticas – Os episódios históricos, geralmente centrados na biografia de um cientista, evidentemente podem ter seu lugar no processo educativo, mas desde que caracterizados como tal (como biografia), e inseridos num contexto mais amplo de análise histórica. Caso contrário, esta forma de apresentar os aspectos históricos pode reforçar ou induzir os alunos à construção de uma imagem na qual a produção do conhecimento científico se limita a eventos fortuitos, dependentes da genialidade de cientistas isolados. Primeiro exemplo: Mendel foi criado num distrito agrícola que hoje faz parte da Tcheco-Eslováquia. Muito cedo foi atraído pela vida monástica e ordenou-se com vinte e cinco anos de idade. Mais tarde estudou Matemática e História Natural na Universidade de Viena e lecionou no colégio da cidade de Brünn durante alguns anos. Foi nessa época que organizou um pequeno canteiro no convento, onde realizou as famosas experiências com ervilhas de cheiro, que deram origem a um novo ramo da ciência, a Genética. (BSCS, Versão Azul, Vol. 2, p. 72) Segundo exemplo: Figura 1. Imagem utilizada no livro de Amabis e Martho (1997, p. 11) para ilustrar o trabalho de Mendel. Linearidade – A sucessão de episódios históricos apresentados nos LDB é uma genealogia, das origens até os dias atuais, que conduz a uma idéia de linearidade. É como se o conhecimento científico atual fosse sempre o resultado linear de conhecimentos preexistentes. Além disso, privilegia certos eventos da História da Ciência, em detrimento de outros de menor apelo. Implícita na ideia de linearidade está, também, a de que todo o desenvolvimento do conhecimento científico desembocou no único conjunto “correto” de explicações para os fenômenos do mundo, o que hoje é compartilhado pela comunidade científica. Isso produz no aluno o efeito de pensar neste conhecimento como pronto, acabado e definitivo. No capítulo 14 da parte dois do livro “Versão Azul do BSCS” , ao apresentarem os conhecimentos sobre desenvolvimento dos seres vivos, logo no início do capítulo, os autores apresentam alguns dados históricos: A hipótese de que tanto o óvulo como o espermatozoide contribuem para a formação de um novo indivíduo só foi demonstrada em 1827 (...) ( p. 33), mais adiante, um longo texto, de pelo menos três páginas, apresenta as diferentes concepções de desenvolvimento – pré-formação e epigênese –, explicando o significado de cada uma delas, ainda que sem discutir suas variações – ovismo e animalculismo –, ou apresentar os argumentos que levaram os cientistas das diferentes épocas a defenderem as suas hipóteses: A primeira ideia chamou-se pré-formação. De acordo com ela, o novo organismo, animal ou planta, estaria completamente formado na célula reprodutiva. O desenvolvimento seria apenas um aumento de tamanho, até que o novo animal saísse do ovo ou nascesse e a nova planta saísse da semente. Pensava-se que o desenvolvimento seria automático, se a célula estivesse em ambiente favorável (...) Ainda no século XVIII, os cientistas acreditavam que os organismos estivessem pré-formados nas células reprodutivas e se preocupavam em descobrir se estariam no óvulo ou no espermatozóide (...) ( p. 36). Os autores apresentam ainda, em ordem cronológica, algumas ideias a respeito dos trabalhos desenvolvidos por William Harvey, C. F. Wolff, Karl von Baer e Louis Agassiz. Esse mesmo modelo de apresentação das idéias científicas se repete em praticamente toda a coleção. Amabis & Martho (1997), antes de apresentar os conceitos que envolvem o processo fotossintético, fazem um apanhado cronológico das descobertas realizadas por cada cientista, até os dias atuais. Descobertas de Priestley: A descoberta da fotossíntese é relativamente recente. Este processo foi mencionado pela primeira vez em 1772, em um artigo escrito pelo químico inglês Joseph Priestley (1733-1804). (...) Descoberta de Ingen-Housz: Um outro passo importante na elucidação do processo de “recuperação” do ar pelas plantas foi dado em 1779, quando o médico holandês Jean Ingen-Housz (1730-1799) descobriu que, para realizar a recuperação do ar, as plantas precisavam ser iluminadas. Descoberta de Saussure: Em 1804, o cientista suíço Nicolas Teódore de Saussure (1767-1845) mostrou que a água era um dos reagentes no processo de fotossíntese, juntamente com o gás carbônico (p. 260-1).Em livros universitários de Biologia mais modernos, como é o caso de Biologia Evolutiva, D. J. Futuyma (1995) essa preocupação também aparece. O livro dedica um capítulo inteiro – o primeiro, intitulado “A Origem e Impacto do Pensamento Evolutivo” – a um apanhado histórico das idéias evolutivas, enumerando diversos filósofos e cientistas que contribuíram para a construção do conceito tal como o conhecemos hoje: O papel das ciências naturais (...) foi o de catalogar os elos da Grande Escala dos Seres e descobrir sua ordenação, de tal modo que a sapiência de Deus pudesse ser revelada e reconhecida. A “Teologia Natural”, tal como reconhecida por John Ray em “The Wisdom of God Manifested in the Works of Creation” (1961) considerava as adaptações dos organismos como evidência da benevolência do Criador. A obra de Lineu (...), profundamente influente sobre a classificação, foi igualmente concebida “ad majorem Dei gloriam”, “para a maior glória de Deus”. (...) Esses pontos de vista tradicionais cederam lugar ante o desenvolvimento da ciência empírica. Conceitos consagrados, tais como a posição central da Terra no universo, foram desafiados. Newton, Descartes e outros desenvolveram teorias estritamente mecanicistas dos fenômenos físicos. Ao final do século XVII, o conceito de um mundo mutável foi aplicado à astronomia por Kant e Laplace (...). Os geólogos reconheceram que as rochas sedimentares tinham sido depositadas em épocas diferentes e começaram a perceber que a Terra poderia ser muito mais velha. Buffon, o grande naturalista francês, sugeriu em 1779 que ela poderia ter até 168.000 anos. (...) Por volta de 1788 (...) James Hutton desenvolveu o princípio do UNIFORMITARISMO, o qual sustentava que os mesmos processos são responsáveis por eventos passados e atuais (p. 4-5). Consensualidade – Mostram-se apenas as concordâncias, os consensos na construção do conhecimento científico. Quando os pontos de vista conflitantes são apresentados, em geral, é para reforçar a ideia de que trata-se de um conflito entre visões “corretas” e “equivocadas”. No capítulo 18 do BSCS, ao discutir a biologia do desenvolvimento, os aspectos históricos do tema são assim apresentados: Há duas formas gerais em que o desenvolvimento embriológico tem sido interpretado historicamente. Primeira, o ovo poderia conter uma miniatura diminuta do adulto. Em condições adequadas, essa miniatura se desenvolveria, simplesmente tornando-se maior. Como essa idéia envolve a presença de um indivíduo já formado no interior do ovo, é denominada teoria da pré-formação. Segunda, o novo organismo poderia desenvolver-se a partir de uma massa amorfa de substância viva. Desenvolver-se-ia pela diferenciação desse material amorfo nas várias partes do corpo. Esse tipo de desenvolvimento é chamado epigênese. Qual das explicações é a correta? O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), freqüentemente referido como “o pai da embriologia”, acompanhava com fascinação o desenvolvimento dos ovos embrionados de galinha. Baseado em suas observações, decidiu-se a favor da epigênese, e o assunto ficou nisso durante quase dois mil anos (p. 457). Amabis e Martho (1997), ao apresentar o histórico da teoria celular, destaca os consensos, como podemos ver a seguir: A idéia de Virchow a respeito da origem das células foi apoiada, em 1878, pelo biólogo Walther Flemming (1843-1905), que descreveu detalhadamente o processo de reprodução celular (p. 47). Ausência do contexto histórico mais amplo – Passa a ideia de que a ciência é hermética, que não sofre influência dos aspectos socioculturais de sua época. Em todos os exemplos mencionados não se encontram referências ao contexto histórico-social em que trabalhavam os cientistas, à influência das ideias vigentes à época em outros campos do conhecimento nem às influências e implicações políticas das ideias que estavam sendo geradas pela ciência. A necessidade de uma nova abordagem da história das ciências nos LDB Apesar do reconhecimento quase consensual sobre a necessidade da abordagem histórica dos conteúdos da Biologia, falta ainda um maior número de estudos que possibilitem uma avaliação sobre se e como essa perspectiva histórica tem sido efetivamente trabalhada em sala de aula, e em que contextos. Um dos aspectos identificados ao examinarmos os livros didáticos foi o fato de que há uma tendência dos livros do Ensino Médio em acompanhar o modelo de História da Biologia apresentado nos livros universitários. Uma vez que os livros universitários são utilizados na formação de professores de Ensino Médio, há um duplo reforço sobre o professor de uma imagem de História da Biologia como a acima revelada. De um lado, os livros usados em sua formação privilegiam esta visão da História da Biologia. De outro, os livros didáticos utilizados pelo professor em sua prática docente apresentam exemplos que seguem o mesmo modelo dos livros universitários. Não basta afirmar a necessidade de adotar uma perspectiva histórica no ensino de Biologia sem que os instrumentos para que esta proposta seja levada a cabo de maneira satisfatória sejam desenvolvidos. Se pretendemos que a História da Biologia seja apresentada numa perspectiva distinta daquela que vem prevalecendo nos livros didáticos, é necessário repensar os cursos de formação inicial e continuada de professores. Tal necessidade também implica um esforço concentrado na produção de materiais curriculares que possam fornecer aos professores indicadores a respeito de como trabalhar esta abordagem em suas aulas. Entendemos que trabalhar com esta abordagem histórica no ensino de Biologia não significa demonstrar uma filiação contínua na construção do conhecimento, pois as teorias atuais não são necessariamente decorrentes das anteriores. Acreditamos que uma abordagem histórica deveria centrar-se nas rupturas epistemológicas. Como nos afirma Casonato, 1992, apesar da epistemologia e da concepção de história contemporânea já terem demonstrado que a produção do conhecimento científico não é linear, os livros didáticos e os livros universitários conservam até hoje este tipo de abordagem Histórica. Para este autor, ao eliminarmos da história os problemas que levaram os pesquisadores da época, os obstáculos encontrados, as falsas pistas seguidas e as controvérsias que existiram, os manuais seguimos o programa positivista de educação científica. Livros didáticos analisados: AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das Células: origem da vida, histologia e embriologia. São Paulo: Moderna, 1997. BIOLOGICAL SCIENCES CURRICULUM STUDY. Biología: parte II. São Paulo: Edart, 1971. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1983. SCHWAB, J. J.; KLINCKMANN, E. Manual do professor de biologia. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1970. Referências AUDIER, F.; FILLON, P. Enseigner histoire de sciences et des techniques. Paris: INRP, 1991. CARVALHO, A. M. P.; VANNUCCHI, A. O currículo de física: inovações e tendências nos anos noventa. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 1, p. 3-19, 1996. CASONATO, M. O. Les obstacles dans la recherche et dans lenseignement a la connaissance du support moleculaire de l’Information genetique: proposition d’une nouvelle métode d’enseignement des science de la Vie. 1992. 2 v. Tese (Doutorado) – Universite Paris VII, Paris, 1992. EICHMAN, P. Using history to teach biology. The American Biology Teacher, Reston, v. 58 , n. 4, p. 200-203, 1996. GAGNÉ, B. Autour de l’idée d’histoire dês sciences: représentations discursives d’apprenti(e)s enseignant(e)s de sciences. Didaskalia, Lisboa, n. 3, p. 61-67, 1994. MATTEWS, M. R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v. 12, n. 3, p. 164-214, 1995. BRASIL. Ministérioda Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEMT, 1999. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. PRETTO, N. D. L. A Ciência nos livros didáticos. Campinas: Editora da Unicamp, 1985. SOLBES, J.; TRVER, M. J. La utilización de la historia de las ciencias en la enseñaza de la física y la química. Enseñanza de las Ciencias, Barcelona, v. 14, n. 1, p. 103-112, 1996. LEITURA COMPLEMENTAR Autores: Luciana Maria Lunardi Campos Bortoloto, T. M., Felício, A. K. C. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf Acesso: 2 de junho de 2016 A PRODUÇÀO DE JOGOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: UMA PROPOSTA PARA FAVORECER A APRENDIZAGEM Luciana Maria Lunardi Campos1 Bortoloto, T. M.,2 Felício, A. K. C. Resumo: Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a construção do conhecimento ao aluno. Assim, a proposta desenvolvida teve por objetivos elaborar, 1 Orientadora – (Departamento de Educação – Instituto de Biociências da Unesp – Campus de Botucatu.) 2 Bolsistas confeccionar, avaliar e divulgar jogos didáticos que auxiliem na compreensão e aprendizagem do conteúdo de Genética e de Evolução dos Vertebrados. Os jogos foram elaborados com base na literatura referente aos Jogos Didáticos e aos conteúdos específicos. Um protótipo de cada jogo foi confeccionado e avaliado por alunos e professores de escolas públicas das cidades de Botucatu e São Manuel. Os resultados indicaram que alunos e professoras gostaram do jogo, que a maioria dos alunos aprendeu sobre o tema abordado, e que os jogos elaborados auxiliam os professores no processo de ensino, bem como favorecem a apropriação desses conhecimentos pelo aluno. Após pequenas alterações, a versão final do jogo foi elaborada e divulgada aos professores de Ciências e Biologia de escolas públicas de Botucatu e de São Manoel. Palavras–chave: jogos, ensino, aprendizagem, ciências biológicas. 1. BREVE HISTÓRICO E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Reconhecendo as dificuldades para se ministrar conteúdos de Biologia no ensino fundamental e médio, optamos por pensar em uma forma de contribuir para os processos de ensino e aprendizagem nestes níveis de ensino. Surgiu, assim, a ideia de elaborarmos jogos didáticos, que facilitassem a compreensão do conteúdo de forma motivante e divertida. Acreditamos, assim como Kishimoto (1996), que o professor deve rever a utilização de propostas pedagógicas passando a adotar em sua prática aquelas que atuem nos componentes internos da aprendizagem, já que estes não podem ser ignorados quando o objetivo é a apropriação de conhecimentos por parte do aluno. Neste sentido, consideramos como uma alternativa viável e interessante a utilização dos jogos didáticos, pois este material pode preencher muitas lacunas deixadas pelo processo de transmissão-recepção de conhecimentos, favorecendo a construção pelos alunos de seus próprios conhecimentos num trabalho em grupo, a socialização de conhecimentos prévios e sua utilização para a construção de conhecimentos novos e mais elaborados. O jogo pedagógico ou didático é aquele fabricado com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se do material pedagógico, por conter o aspecto lúdico (Cunha, 1988), e utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo uma alternativa para se melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (Gomes et al, 2001). Nesta perspectiva, o jogo não é o fim, mas o eixo que conduz a um conteúdo didático específico, resultando em um empréstimo da ação lúdica para a aquisição de informações (Kishimoto,1996). No entanto, o jogo nem sempre foi visto como didático, pois como a ideia de jogo encontra-se associada ao prazer, ele era tido como pouco importante para a formação da criança. Sendo assim, a utilização do jogo como meio educativo demorou a ser aceita no ambiente educacional (Gomes et al, 2001). E ainda hoje, ele é pouco utilizado nas escolas, e seus benefícios são desconhecidos por muitos professores. Segundo Miranda (2001), mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desfio e mobilização da curiosidade) e criatividade. Assim, consideramos que a apropriação e a aprendizagem significativa de conhecimentos são facilitadas quando tomam a forma aparente de atividade lúdica, pois os alunos ficam entusiasmados quando recebem a proposta de aprender de uma forma mais interativa e divertida, resultando em um aprendizado significativo. Neste sentido, o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, desenvolve níveis diferentes de experiência pessoal e social, ajuda a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade, e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. Ele pode ser utilizado como promotor de aprendizagem das práticas escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao conhecimento científico, levando-os a ter uma vivência, mesmo que virtual, de solução de problemas que são muitas vezes muito próximas da realidade que o homem enfrenta ou enfrentou. Esta compreensão é válida quando refletimos sobre os processos de ensino e aprendizagem de Ciências e Biologia, nos níveis fundamental e médio. Estes processos envolvem conteúdos abstratos e, muitas vezes, de difícil compreensão e, ainda hoje, sofrem influências da abordagem tradicional do processo educativo, na qual prevalecem a transmissão-recepção de informações, a dissociação entre conteúdo e realidade e a memorização do mesmo. O conteúdo “Evolução dos Vertebrados”, embora desperte interesse nos alunos, não tem sido transmitido/apropriado de forma correta, sendo comum a ideia de que a evolução é uma escada na qual os mamíferos são os seres “mais evoluídos”, e o homem estaria no topo dessa escada. Outro conteúdo relacionado à Genética está cada vez mais inserido no cotidiano social, seja nas revistas, jornais, noticiários e até mesmo em novelas e programas populares; mesmo assim, o assunto é visto com frequência na sala de aula de uma forma teórica e tradicional. A maioria dos professores de Biologia transforma a aula em uma sequência de possíveis combinações entre as letras que correspondem aos genes, sem que os alunos compreendam o que é um gene, e como ele se comporta de geração para geração. Depois disso, a aula se transforma em sucessivos cálculos de frações e porcentagens para determinar as chances de um indivíduo possuir ou não um caráter hereditário. Em face desse contexto, propostas necessitam ser elaboradas e desenvolvidas para que este quadro possa ser alterado, considerando-se as propostas atuais para o ensino de Ciências e Biologia. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1996), a capacidade dos alunos de pesquisar, de buscar informações, abalizá-las e selecioná-las, além dacapacidade de aprender, criar, formular, ao invés de um simples exercício de memorização, o aluno deve ser capaz de formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais. Com relação ao ensino de Biologia, ele deve, ainda, colocar em prática, conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidas na escola, aceitando-se que, muitas vezes, o aluno sabe muito sobre um determinado conceito biológico e possui argumentos perceptivos sobre as situações, adquiridos com suas experiências, mas pode faltar a ele uma rede conceitual que lhe ofereça unidade a todos os fragmentos de informações que possui. À medida que progride nos estudos ele passa dos argumentos perceptivos aos conceituais, realizando raciocínios e analogias concretas, por meio de sua interação com o mundo e as pessoas com que tem contato. Reconhecendo-se que o processo de compreensão dos conceitos é gradual e sempre exige esforços dos alunos e, para que a compreensão seja melhorada cada vez que entra um novo contato com o conceito, entendemos, para o aluno aprender um determinado conceito, ele deve relacioná-lo aos conhecimentos prévios que possui. Essa relação é complexa, mas, de um modo geral, podemos considerar que quando ela acontece, ocorre uma aprendizagem significativa, ou seja, o aluno conseguiu assimilar o material novo aos seus conhecimentos prévios por causa do desequilíbrio e do conflito provocados pela nova informação a que entrou em contato; o que pode levar a mudanças conceituais dos conhecimentos prévios. O professor deve auxiliar na tarefa de formulação e de reformulação de conceitos ativando o conhecimento prévio dos alunos com uma introdução da matéria que articule esses conhecimentos à nova informação que está sendo apresentada (Pozo, 1998), e utilizando recursos didáticos para facilitar a compreensão do conteúdo pelo aluno. Neste sentido, o jogo didático constitui-se em um importante recurso para o professor ao desenvolver a habilidade de resolução de problemas, favorecer a apropriação de conceitos e atender às características da adolescência. Diante o exposto, desenvolvemos uma proposta que visava elaborar, confeccionar, avaliar e divulgar dois jogos didáticos que auxiliassem nos processos de ensino e aprendizagem em Ciências e Biologia, abordando conteúdos de Evolução de Vertebrados e Genética (construção de heredogramas sobre os temas: cor de olho, sistema sanguíneo ABO e daltonismo), ministrados para alunos de ensino fundamental e médio. 2. DESENVOLVIMENTO ELABORAÇÃO DOS JOGOS Os jogos foram elaborados com base na literatura existente sobre jogos didáticos e conteúdos específicos: Evolução de Vertebrados e Genética. Para a elaboração dos jogos foram necessários total domínio do conteúdo e auxílio de um professor-orientador, experiente no assunto. Primeiramente, foram confeccionados protótipos dos jogos e, posteriormente, as versões finais. O jogo envolvendo o conteúdo sobre Evolução de Vertebrados foi intitulado “EVOLUÇÃO: A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA”, e confeccionado em papel cartão, papel color set e papel sulfite, utilizando-se, ainda, lápis aquarelável e papel contact. Os dados e pinos foram comprados prontos em lojas especializadas. Ele é composto por 1 tabuleiro, 5 pinos,1 livro de regras, fichas de 5 ,10, 20, 30 e 40 pontos, 5 cartas, sendo uma de cada grupo de vertebrados,5 livros, sendo um para cada grupo de vertebrados e 4 dados, sendo 1 de 4 faces, 1 de 10 faces, 1 de 12 faces e 1 de 20 faces, como ilustrado abaixo. Figura 1- Foto do Tabuleiro Figura 2 - Foto fichas de pontos, cartas de grupos de vertebrados e livros de grupo de vertebrados. REGRAS DO JOGO O tabuleiro foi desenhado com base no cladograma da evolução dos vertebrados, presente no livro “A Vida dos Vertebrados” (Pough et al, 1999), para que ao visualizar o tabuleiro os alunos tenham uma visão geral de toda a evolução até a época atual. Nesse “cladograma” os jogadores têm que se movimentar ao longo de tempo geológico, passando por todas as evoluções e vivenciando o que aconteceu com cada grupo de vertebrados. Para isso, foi necessário situar cada evolução ao seu período geológico e colocá-las de forma didática no jogo. Entre as evoluções, os jogadores teriam que passar por situações reais características da época, como reprodução, alimentação, interação com outros animais, extinção, etc. Assim, o jogo representa, em um tabuleiro, os caminhos evolutivos dos cinco grupos de vertebrados que conhecemos hoje. Todos os jogadores começam o jogo na era geológica denominada Era Paleozóica, cerca de 438 milhões de anos, no período Siluriano, sendo peixes primitivos, sem mandíbulas, que foram os primeiros vertebrados a surgir na Terra. Cada jogador ou equipe representará um grupo de vertebrados e terá como objetivo chegar à época atual com o maior número de pontos, passando por evoluções, reproduções, extinções e interações com outros animais. Ele pretende retratar, de forma simplificada, as principais mudanças evolutivas que deram origem aos vertebrados que conhecemos hoje, reconhecendo–se que a evolução é um processo lento e gradual, que demora milhões de anos para acontecer, e que durante este processo várias espécies extinguiram-se, não sendo viável representar todas no jogo. Recomenda-se que este jogo seja utilizado, preferencialmente, por cinco pessoas ou cinco equipes, com idade superior a 12 anos. Cada jogador ou equipe representará um grupo de vertebrados e, para isso, deve sortear uma das cinco cartas correspondentes. Feito isso, cada jogador pega o livro correspondente ao seu grupo e deve seguir seu caminho, lendo o que acontece em cada casa que ele parar, obedecendo às regras. Cada jogador começa com 50 pontos e deve disputar a ordem de jogada com o dado de 20 faces. Os jogadores movem-se de acordo com os números tirados, no ápice superior, do dado de movimentação (azul). Em cada casa que cair, eles devem ler para todos o que está acontecendo. As casas vermelhas correspondem aos passos evolutivos, e todos os jogadores são obrigados a parar, ler em voz alta o que está acontecendo, para que todos saibam. As casas laranjas são casas de interação, onde o jogador precisa cair para poder interagir. Ao cair em qualquer casa laranja, o jogador tem a oportunidade de predar ou defender-se de um adversário, que escolherá de acordo com seu grau de evolução e de seus adversários, por isso existe um intervalo de casas que pode ocorrer nessa interação. As casas pretas são casas de extinção, cada grupo de vertebrados tem duas casas dessas em seu caminho. Se o jogador cair em alguma delas torna-se um animal extinto, que por algum motivo não teve sucesso. O jogador que chegar em 1º ganha 300 pontos, em 2º ganha 250 pontos, em 3º ganha 200 pontos, em 4° ganha 150 pontos e em 5º ganha 100 pontos. Essa pontuação vale tanto para a ordem de chegada à época atual, quanto para a ordem de extinções, se houver. O jogo abordando o conteúdo de Genética foi intitulado “HEREDOGRAMA SEM MISTÉRIO”, e é formado por: - quatro tabuleiros de cores diferentes, representando cada grupo, com um heredograma impresso, representando uma família; - três conjuntos de peças que representam o genótipo dos indivíduos que devem ser encaixados no heredograma: cor de olho (conjunto amarelo), sistema sanguíneo (conjunto vermelho), Daltonismo (conjunto azul); - quatro cartões que representam cada caso, ou seja, uma família e questões sobre o respectivo heredograma; - um dado e o livro do professor que contém todos os casos que encontramos nos cartões, junto com as possíveis soluções, respostas das questões e aspectos que devem ser destacados pelo professor com a sala na forma de comentários e discussões com os alunos, conforme ilustrado pela foto abaixo. Figura 3: Foto do Jogode Genética Os participantes deverão elaborar um heredograma sobre um dos temas: Cor de olhos, sistema sanguíneo ABO ou daltonismo, de acordo com as instruções do respectivo cartão de caso, que deve ser escolhido pelo professor. Para isso, a sala deve ser dividida em quatro grupos iguais e cada um deles deve receber um tabuleiro, as peças com o genótipo dos indivíduos devem ser divididas em números iguais para cada grupo. Os grupos jogam o dado, o grupo que tirar maior número no dado é o primeiro a jogar, e em seguida os outros grupos em sentido horário. O professor deve ler o caso com os alunos. O primeiro grupo joga o dado e desvira o número de peças de acordo com o número tirado em sua face superior, as peças desviradas devem ser encaixadas no tabuleiro preenchendo os locais que representam os indivíduos no heredograma. Se o grupo considerar que uma ou mais peças não encaixam no heredograma, ele a deixa desvirada, se outro grupo em sua vez de jogar quiser utilizar uma ou mais peças desviradas ele tem o direito de encaixá-las em seu tabuleiro, e depois disso jogar o dado e desvirar o número de peças como descrito anteriormente. E assim por diante, os grupos vão jogando o dado, desvirando e utilizando as peças conforme sua vez de jogar. A parte inferior do tabuleiro, que representa os filhos do casal em questão, não tem o esboço dos indivíduos, pois pode variar de caso a caso; em alguns, esta parte ficará sem se completar totalmente, e será preenchida de acordo com o número de filhos do casal, seguindo a idade, do mais velho (à esquerda) até o mais jovem (à direita). Quando um dos grupos terminar de preencher o tabuleiro e responder às respectivas questões propostas, deve solicitar ao professor para que corrija o heredograma, se o tabuleiro estiver completado de forma correta, o grupo ganha 120 pontos, os demais grupos ganharão 10 pontos para cada acerto e perderão 10 para cada erro, indivíduos não completados não ganham nem perdem pontos. Se o grupo que completou primeiro o heredograma, não o completar corretamente, perderá 10 pontos para cada erro, o professor não deve apontar os erros, e todos os quatro grupos continuam jogando até que um deles termine de completar o heredograma corretamente. Depois desta fase, o professor deverá corrigir as questões do respectivo caso. Os pontos serão recebidos pelos grupos de acordo com a porcentagem de acerto de cada questão, especificada no livro de respostas. O professor deve utilizar o livro de respostas para se orientar durante a prática. Vence o jogo o grupo que obtiver maior número de pontos. 3. AVALIAÇÃO DOS JOGOS A primeira versão dos jogos foi avaliada com alunos e professores de seis escolas públicas estaduais das cidades de Botucatu e São Manuel, realizada por meio da utilização do jogo por professores e alunos, e pela aplicação de questionário aos mesmos. Os questionários foram elaborados pelas bolsistas e tiveram o objetivo de verificar se o jogo precisava de alterações; se alunos e professoras gostaram do mesmo, e se os objetivos do jogo foram atingidos, possibilitando que a versão final fosse confeccionada. O jogo sobre Evolução foi avaliado em três escolas públicas de Botucatu, com alunos de 8ª série do Ensino Fundamental e 2ª série do Ensino Médio. Partciiparam da avaliação do jogo 14 alunos; 10 de 8ª série e quatro de 2ª série do Ensino Médio. Dos alunos da 8ª, oito tinham 14 anos de idade e dois tinham 15 anos; oito do sexo feminino e dois do sexo masculino. Já no Ensino Médio, dois alunos estavam com 16 anos, um com 18 e outro com 20 anos; dois do sexo masculino e dois do sexo feminino. Os alunos foram retirados da sala e levados para um local reservado, onde o jogo foi apresentado, com a leitura de suas regras. A opção por um número restrito de participantes se deu para que fosse possível avaliar melhor o comportamento dos alunos enquanto jogavam, o que seria mais difícil se jogassem em equipes. Os alunos demoraram cerca de 50 minutos para terminar o jogo, e, depois disso, responderam ao questionário composto por cinco questões abertas, bem objetivas, com uma linguagem de fácil compreensão, com termos utilizados pelos alunos, para favorecer suas respostas. Somente uma professora pôde acompanhar o desenvolvimento do jogo, e sua avaliação foi restrita a: “muito legal”. Participaram da avaliação do protótipo do jogo de Genética, alunos de três salas (A, B e C) do segundo ano do Ensino Médio, de três escolas públicas da cidade de São Manuel, um total de 91 participantes, três professoras e 88 alunos. Dos 88 alunos, 43 eram do sexo masculino e 45 do sexo feminino; 44 tinham 16 anos, 29 tinham 17, nove tinham 18 anos, dois tinham 19 e quatro dos alunos tinham 20 ou mais de 20 anos. O questionário elaborado continha 14 questões, as três primeiras tinham por objetivo caracterizar os alunos, coletando dados sobre idade, sexo e série. Seis questões com alternativas sim ou não, e pediam justificativas. Três perguntas fechadas, com alternativas para escolha, as duas últimas eram abertas. A avaliação do jogo (aplicação do jogo e do questionário) utilizou aproximadamente uma hora e quarenta minutos, ou seja, duas aulas, sendo possível jogar quatro casos em cada escola. As salas eram bem heterogêneas. A sala A continha 30 alunos, e durante a aplicação do jogo e do questionário pudemos perceber que a maioria dos alunos não apresentou dificuldades sobre o assunto, poucos tinham uma certa deficiência na elaboração de alguns conceitos como, por exemplo, a diferença entre homozigotos e heterozigotos. A sala B continha 35 alunos e alguns apresentavam maior dificuldade que na escola A, mas continuavam sendo a minoria da sala. A sala C, formada por 23 alunos, foi a única das turmas do período noturno e a maioria dos alunos teve grandes dificuldades no início do jogo, porém com o decorrer do mesmo, elas foram superadas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo os dados obtidos sobre o jogo de Evolução, 11 dos 14 participantes assinalaram a alternativa “muito legal” e apresentaram justificativas diferentes, que foram reunidas em três grandes dimensões: 1) Características do material e da atividade lúdica, com sete citações, como: divertido, animado, descontraído, ganhar etc. 2) Respostas gerais, com quatro citações, como interessante e educativo e 3) Aprendizagem, com seis citações. Os outros três participantes acharam o jogo “legal” e suas justificativas foram reunidas como gerais, com três citações: “muito criativo”; “interessante”; “interativo”. Ao serem perguntados se o jogo foi demorado ou cansativo, dois alunos da 8ª e um do ensino médio acharam o jogo demorado, sendo que um deles justificou: “demorado, porém bem elaborado”. Os demais não acharam o jogo demorado, e ninguém achou o jogo cansativo, apresentando justificativas como: “distrai e esquece do tempo”; “é legal”; “perdeu rápido”; “é divertido”. Sobre as regras do jogo, dois alunos da 8ª acharam as regras um pouco complicadas, e todos os demais disseram que não são complicadas, havendo uma justificativa: “foi fácil de entender”. Pelas respostas, verificamos que somente três alunos da 8ª série, responderam que o jogo não havia ensinado algo que eles não sabiam, e dois justificaram dizendo que “não deu tempo”, indicando que “se extinguiram rápido”, e que “perdeu”. Uma pessoa não respondeu claramente, e as dez pessoas restantes responderam que o jogo havia ensinado algo, apresentando diferentes justificativas. Dois participantes disseram que aprenderam sobre evolução de forma geral e os demais apresentaram justificativas mais específicas que foram organizadas em cinco dimensões, em virtude do conteúdo indicado: 1) Anfíbios: uma respondeu que aprendeu o que é um anfíbio; 2) Aves: uma pessoa disse que aprendeu como as avesevoluíram; 3) Peixes: uma pessoa disse que aprendeu que os peixes primitivos não tinham mandíbulas e outra disse que aprendeu sobre os peixes com pulmões; 4) Extinção: uma pessoa disse que aprendeu que os animais podem se extinguir e nunca ser descobertos pelo homem; 5) Reprodução: uma pessoa disse que aprendeu sobre reprodução. Em outra questão, somente dois participantes da 8ª responderam que havia algo no jogo que não gostaram e que poderia ser diferente sim. Um deles sugeriu que não houvesse extinção para não eliminar ninguém, e o outro disse que não gostou de ter saído. Um aluno da 8ª não respondeu claramente e os demais responderam que gostaram do jogo, justificando que: “é legal assim mesmo”, “adorei, deve continuar assim”, “tá legal, muito legal, achei 10”. As respostas sobre o jogo de Genética revelaram que alunos e professoras avaliaram o jogo como positivo. As justificativas apresentadas pelos alunos foram diversificadas e agrupadas em 12 dimensões, indicando-nos que os alunos perceberam a importância do jogo em propiciar o desempenho, a aprendizagem, levando em consideração o estímulo que ele causou na sala de aula. Outros alunos (36) apresentaram respostas pouco específicas do tipo: “achei legal”, “foi bom”, “gostei”, etc e 15 alunos não justificaram sua resposta. Nenhum aluno ou professor disse não ter gostado do jogo. Uma das professoras achou o jogo bem dinâmico, outra disse que desta forma, os alunos respondem ao que aprenderam brincando, e a terceira afirmou que assim os alunos aprendem o conteúdo de uma maneira divertida e prazerosa. Em relação às regras do jogo, apenas um aluno não respondeu a essa questão. Dos que responderam, apenas três alunos, da escola A, afirmaram que as regras não estavam claras e a justificativa apontada por eles foi falta de fiscalização. A professora da escola considerou que no início havia sido difícil de entender as regras. Como a escola A foi a primeira em que o jogo foi testado, e diante destas considerações, algumas regras foram acrescentadas. Com isto, o jogo foi testado nas outras duas escolas. 84 alunos disseram que as regras estavam claras, 56 não justificaram, 22 apresentaram respostas pouco específicas do tipo “está claro”, “foi bom” etc., e três alunos disseram que as regras melhoram o andamento do jogo, outros dois responderam que as regras foram justas. As professoras também consideraram que as regras estavam claras. O questionário verificou, também, se os casos estavam adequados ao nível de conteúdos abordados na disciplina de Biologia em salas de aula. Todos os alunos responderam, e a maioria (48) considerou os casos de nível médio, enquanto outros (29) consideraram fáceis e muito fáceis (08). Apenas um aluno achou os casos muito difíceis, e outro os achou difíceis. A professora da escola A achou os casos fáceis, já as professoras das escolas B e C, classificaram os casos de nível médio. Isso nos leva a acreditar que o jogo está de acordo com os conteúdos abordados na disciplina durante o curso de Biologia dos alunos, e apresenta casos com nível de dificuldade variado, uns casos são mais fáceis; outros mais difíceis. A linguagem utilizada no jogo foi avaliada como de fácil compreensão e objetiva pela maior parte dos alunos e pelas professoras, o que indica que está clara e adequada à compreensão do conteúdo. Apenas três alunos a consideraram difícil, e sete a consideraram com muitos termos técnicos. Em relação ao o tabuleiro, a maioria dos alunos o classificou como “bom”, “muito bom” ou “ótimo”, assim como as professoras das escolas. Mesmo com esses dados, ele sofreu algumas modificações, tornando-se mais resistente. Verificamos, ainda, se o jogo era demorado ou cansativo. A resposta foi negativa para 84 alunos, dizendo que “foi divertido jogar”, “não vi o tempo passar”, “o jogo estimulou” os alunos e que “foi um pouco demorado, mas não chegou a ser cansativo”. Esta última resposta foi dada também pela professora da escola A, enquanto para as outras, o jogo se apresentou de forma dinâmica, atingindo assim os objetivos proposto. Três alunos responderam que o jogo foi cansativo, pois “a professora passou muitos casos” e “foi difícil aprender, genética é difícil”. Investigamos, também, o que professoras e alunos acham da prática de realizar trabalhos em grupo. Com exceção de um aluno, os demais disseram ter gostado de trabalhar em grupo, justificado pela importância de um auxiliar o outro, a possibilidade de discutir, chegar a conclusões com rapidez, complementar suas experiências e saberes com os dos outros alunos e divertir-se, o que aumenta os laços entre eles e pode facilitar a apropriação do conhecimento. As três professoras também percebem a importância do trabalho em grupo, pois possibilita maior segurança entre os alunos e estreita os laços entre os mesmos, a troca de conhecimentos entre eles; essa integração constitui-se em estímulo para a sala. Ainda em relação ao trabalho em grupo, perguntamos aos alunos se eles gostaram da competição que ocorreu entre os grupos. Todos os alunos e professoras responderam que sim, sendo que 39 não justificaram sua resposta. As professoras disseram ter gostado da competição entre os grupos, mas não justificaram, só a professora da escola C disse acreditar no estímulo que a competição provoca nos alunos. Por meio da resposta à outra questão, verificamos que alunos e professoras acreditam que o jogo auxilia na aprendizagem dos alunos sobre a construção de um heredograma, favorecendo a sua compreensão e a do comportamento dos genes nas gerações futuras e passadas de suas famílias. Os alunos (36) consideraram, ainda, que o jogo havia ensinado para eles algo que não sabiam sobre a matéria, justificando que o jogo ensinou a construir um heredograma, ensinou genética, a trabalhar em grupo, a diferença entre homo e heterozigotos e ainda esclareceu suas dúvidas sobre a matéria; dois disseram que o jogo ensinou sobre genética; um disse que o jogo ensina, mas que ele não prestou muita atenção, e o último que o jogo ensinou que “A_ pode ser AA ou Aa”. 42 alunos disseram que o jogo não ensinou sobre a matéria, respondendo que aprenderam antes, durante a aula, tiraram suas dúvidas, relembraram a matéria e que já tinham os conhecimentos básicos. A professora A acredita que este jogo auxiliaria na aprendizagem como uma forma de revisão da matéria já aprendida, já as outras duas professoras acreditam que o jogo auxilia na apropriação da aprendizagem dos alunos, sem outros esclarecimentos. A professora da escola B acredita que o jogo ensinou aos alunos coisas que eles não haviam aprendido muito bem. Para as outras duas professoras, o jogo foi uma forma de revisar a matéria já vista anteriormente, o que pode ser um reflexo do momento que o jogo foi utilizado nas salas, certo tempo depois que os alunos já haviam visto a matéria. Durante a aplicação do jogo, constatamos que muitos alunos tiveram dificuldade nos primeiros casos, pois não entendiam direito o heredograma e que após certo tempo, ficava mais fácil, e eles começaram a perceber as situações de forma diferente e minuciosa, entendendo como as características se comportavam durante as gerações e isso se apresentou em alguns dos questionários. Os alunos e as professoras apresentaram sugestões referentes às regras para o aperfeiçoamento do jogo: (08), tabuleiro (09), tempo (07), e a outros aspectos (perguntas, dados) (12). A professora A acredita que seria interessante que cada grupo tivesse um dado, mas eu acredito que com apenas um dado, o jogo funciona bem. Outra sugestão apresentada por ela foi a de utilizar nos avós dos cruzamentos indivíduos com genótipo definido, para não dificultar e não confundir os alunos, como os casos apresentam níveis de dificuldades diferentes, alguns apresentam genótipos definidos e outros
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