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Manual Gerdau de pisos industriais

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Manual Gerdau de 
Pisos 
Industriais 
, „ • • 
; /Jtí.vs ̂ ti iiCÜtl.-
Públio Penna Firme Rodrigues 
Silvia Maria Botacini 
Wagner Edson Gasparetto 
P Ú H L I O P E N N A F I R M E R O D R I G U E S 
Graduado pela Escola dt Engenharia 
Maui, com mcslradn pela Escola 
Poltldcnlcn da Univorsi<!-i<k* <l*í Silo Paulo 
• USPeeuriín de especialização no Brasil 
c exterior, alua desde 1979 na Área de 
projetos c especificações de pisos e 
pavimento* de controlo, curo trHil>allios 
lúcnícot publicados 11.1 íirea do concreto, 
cimento, pre-fa br içados, pisos t1 pavi-
mcnios de concrclo, É membro .atuante 
do IBRACON c ACI. 
SILVIA MARIA BOTACINi 
Graduada prla Faculdade de Engenha-
ria de Barrctos, com cípeclal isaçao cm 
Engenharia Ambienl.il pela Faculdade dc 
Saúde Pública - USP, alua desde 19113 na 
área efe coordenação de projelos de en-
genha ri a rms campos <li> melo arnbtanlc, 
drenagem e loneiimcnlo, tendo nos últi-
mos cinco anos dedicados ms trabalhos 
de gcronciamcnlo de projetos de pisos e 
pavimento» na I.PE Engenharia. 
Graduado pola Escola <lv I; ngenh .1 ri.i da 
Universidade Macken/ie, com especia-
lização Arca dc marketing alua des-
de "19(15 nu desenvolvimento do merca* 
do de pisos v pavimenlos d? con creio, 
com trabalhos tícoicos publicados sobre 
pisoj e pavimento* de concrclo, Acumu-
la atividades como Diretor da ABE CE -
Associação ürasileira dc Engenharia c 
Consultoria Estrutural e AN AP RE - Asso-
ciação Nacional do Pisos o Revesti rnen-
Ioí de Alio Desempenho 
Manual Gerdau de 
Industriais 
ina Firme Rodrigues 
a Botacini 
Ison Gasparetto 
Manual Gerdau de Pisos Industriais 
O Copyright Editora Pini Lida. 
Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Hda, 
Dados Internacionais de Catnloji^tção na Publicado (Çlf1) 
(Câmara Brasileira do livro, SP, Brasil) 
Rodrigues, Públio Penna firme 
Manual Gerdau (te pisos industriais / Públio 
Penna Firme Rodrigues, Silvia Maria Botacinl, 
Wagner Edson Gasparetto, — Süo Raulo ; Pini, 2006. 
Bibliografia. 
ISBN S5-7266-165-4 
1. Concreto 2. Construção de concreto 
3. Drenagem M. P&vimentos de concreto S. Pisos 
de concreto 0, Solos l. Botacini, Silvia Maria. 
II. Gasparelto, Wagner Edson. III. Título. 
03-8007 CDD-690.16 
índices para calílogo sistemático: 
I. Pisos industriais de corvcrelo : 
Construção civil : Tecnologia &90, Ift 
CoordpnaçAo manuais lííenlcos: losiani Sou;sa 
Projtiio gr.lflro; M.iy.ir.i I. Pereira 
Opa: Serçle Colotio o Mayar.i I.. Pcroira 
Kwiüàii! Mf>l1ilLrl lil OrSl.l 
I dlloríi Pini l.ldii. 
Rua Anhala, 964 • CEP 01130-900 - Mo Paulo, SP - Brasil 
l ísfic: I I 2 173-2300 - 1'ax:: 2\7$-232? 
liileriM: www.pioiweb.com ll-iu.iil: mamiiii&Wpiill.rtHTI.Iir 
1* edição 
24 llrajjcm: 1.000 exemplares, dezeoil>rc^2006 .„, 
:iJ lirajjrm: 1,000 oxompl,ires, sHtmliru/iOOfl «m™® 
I : IHTCIHA A F I I . U D A 
http://www.pioiweb.com
agradecimentos 
O s autores agradecem a todos amigos e clientes que de maneira direta ou indireta deram sua 
importante contribuição para viabi l ização deste trabalho. Nossos agradecimentos também 
aos colaboradores da LPE Engenharia c Cônsultoria, em especial , a Rosana Pini pela 
contribuição na montagem e organização cio texto e ao Eng° Antonio Carlos Corsi Laperutta 
Filho pela contribuição na revisão do Capítulo 10. 
M . I I U M I O C K I . U I (FV Pisos Intluslrkils 
prefácio 
A Introdução de novas tecnologias na indústria da construção civil nacional nos ullímos 1 5 anos reserva capítulos especiais em determinados segmentos. Poucos avançaram tanto e com 
tamanha velocidade quanto o mercado de pisos industriais. Por conta 
do maior intercâmbio tecnológico com outros países, da capacitação 
crescente dos escritórios de projeto e cio empenho dos fornecedores 
nacionais de componentes e serviços, o meio técnico nacional 
conseguiu atender, com rapidez o a qualidade, as novas exigências 
dos contratantes. Assim, o boom industrial, vivido principalmente 
após a estabilização econômica na década de 1990, não encontrou 
barreira técnica na área dc pisos, o resultado de lat avanço é um 
mercado estimado hoje em 27 milhões de nV anuais. A PINI tem 
acompanhado atentamente essa evolução, em especial a partir da 
publicação(íeartigos e reportagens nas revistasTéchneeConstrução 
Mercado. Sente-se honrada por ter recebido dos autores - Públio 
Penna Firme Rodrigues, Silvia Maria Botacini e Wagner Edson 
Gasparetto - e cio Grupo Gerdau a missão de editar esle Manual 
Gerdau dc Pisos Industriais, Classificação dos pisos, mecânica dos 
solos aplicada, dimensionamento estrutural, drenagem, propriedades 
do concreto, materiais para juntas, endurecedores superficiais, 
acessórios para pos ic ionamento das armaduras, barras de 
transferência, técnicas de execução, prevenção e tratamento de 
patologias constam entre os temas abordados pelo livro, Em tempos 
desafiadores para a construção civil, nos quais impera a corrida 
(nem sempre saudáve l ) pela redução de cuslos, temos a 
oportunidade de lançar uma publicação tecnicamente responsável, 
redigida pelos diretores da l.PE Engenharia e avalizada pelo Grupo 
Gerdau , cong lomerado industr ial brasi le i ro de a tuação 
multinacional e fortemente comprometido com o desenvolvimento 
da área de pisos industriais de concreto, Se considerarmos a atual 
lacuna na literatura técnica sobre o tema, constatamos que o livro 
já nasce como referência para profissionais da área de projeto e 
construção, além de estudantes e contratantes de obras. À PINI 
caberá, portanto, o desafio ao qual se propõe desde 1948; trabalhar 
pela difusão da boa informação técnica ao maior número possível 
de profissionais da indústria da construção civil. Um objetivo 
facilitado pela qualidade de publicações como este Manual Gerdau 
de Pisos Industriais. 
Eric Coiiâ 
Diretor de Kcdação 
PINI 
M.mo.il tiiiidiiu (Ff Pisos InilusLrkiis r, 
índice 
1 Introdução . . . , 9 
2 Classificação dos Pisos —••<> - >• 
2.1 Dc acordo com a escola - 11 
2.2 De acordo com o reforço estruturai •». - - 11 
2.3 De acordo com o tipo da fundação * 13 
3 Solos e suas Características •• * * 15 
3.1 Introdução 15 
3.2 Solo 15 
3.3 Ensaios de caracterização do solo 16 
4 Aspectos de Drenagem . 21 
4.1 Introdução 21 
4.2 Fase de execução 21 
4.3 Pós execução 21 
5 Ti pos e Ap I icações da s S u b-ba ses 23 
5.1 Introdução, 23 
5.2 Funções da sub-base 23 
5.3 Tipos de sub-bases ,,,.„,,,„ .... . . . 26 
6 Tecnologia do Concreto „ 33 
6.1 Introdução 33 
6.2 Resistência mecânica do concreto 34 
6.3 Resistência ao desgaste » „,...... 35 
6.4 Retração do concreto - - - 37 
6.5 Recomendações para escolha do concreto 41 
7 Materiais Básicos 43 
7.1 Cimento 43 
7.2 Agregados - 44 
7.3 Fibra sintética 48 
7.4 Selantes e materiais de preenchimento de juntas 50 
7.5 Barra de transferência . - 52 
7.6 Distanciadores 53 
7.7 Tela soldada ••••• - • 55 
7.8 Líquido endurecedor de superfície—... 57 
7.9 Agregado mineral - - 57 
M . M H M I G E I D F T U CN> I* ÍSOÜ Imluslri.ils 7 
índice 
8 Dimensionamento e Detalhamento 59 
0.1 Introdução 59 
a.2 Tipos de carregamento .. » • 62 
8.3 Esforços atuantes - 66 
8.4 Pavimento industrial com armadura distribuída - 68 
8.5 Pavimento estruturalmente armado 73 
9 )untas 79 
9.1 Introdução 79 
9.2 Função das juntas 79 
9.3 Tipos de juntas .»•• 80 
9.4 Mecanismos de transferência de carga 82 
9.5 Dimensionamento das barras de transferência 83 
9.6 Sei artes para juntas 86 
10 Execução..... . 89 
10.1 Introdução. ...» 89 
10.2 Execução da fundação do piso 89 
10.3 Condições ambientais na concrelagem - 90 
10.4 Fôrmas » 90 
10.5 Posicionamento da armadura 91 
10.6 Seqüência da concretagem .. 91 
10.7 Lançamento do concreto 91 
10.8 Adensamento » 92 
10.9 Acabamento superficial 92 
10.10 Cura do concreto 93 
10.11 Corte das juntas ...» 95 
11 Controle da Qualidade dos Pavimentes Industriais 97 
11.1 Introdução . » 97 
11.2 Controle do subleito e sub-base 99 
11.3 Concretagem da placa de concreto 99 
11.4 Juntas 100 
11.5 Tolerânciassuperficiais 100 
12 Referências Bibliográficas 103 
n Manual (iiTtlau dc Pisos Industriais 
Introdução 1 
Os pisos e pavimentos de concreto têm experimentado no Brasil, principalmente na década passada, 
importante evolução tecnológica nos processos de dimensionamento o execução das obras, que foi 
impulsionada pelas novas exigências do mercado do construção civil, pelas necessidades das empresas 
de sistema logístico e armazenagem, incluindo armazenagem frigorífica da, de distribuição e produção, 
empreendimentos industriais ou comerciais, além tias pavimentações urbanas e rodoviárias. 
Neste cenário, uma mudança conceituai das especificações técnicas, minimamente exigidas para o 
desenvolvimento responsável de uma obra de pavimentação de concreto, tem evoluído e, para isso, 
uma maior formalização técnica desta documentação tem ocorrido em nosso meio, através da elabora-
ção de projetos específicos que contemplem todas as necessidades executivas da obra, atendendo às 
exigências operacionais, seja do ponto de vista das tensões oriundas do carregamento, seja do ponto de 
vista do desgaste dos pavimentos decorrente dos ataques mecânicos ou químicos. 
O trabalho tem como objetivo atendera uma lacuna existente hoje no mercado editorial e ã necessida-
de imperativa da valorização e evolução da arte de projetar e construir os pavimentos de concreto, cuj;i 
disciplina vem sendo [ratada de forma secundária entre as relacionadas com as estruturas de concreto. 
Esta publicação abrange especificamente o mercado de pisos industriais e comerciais brasileiro, que 
hoje pode ser estimado em torno do 26 milhões de metros quadrados anuais, valor expressivo e imjjor-
tante para o mercado da construção civil. 
Este Manual tem como püblico-alvo os profissionais das áreas de projeto, construção e estudantes, e, 
dentro das diversas opções cie dimensionamento existentes, trata especificamente dos pisos reforçados 
com telas soldadas. 
No capítulo 2 é feita uma explanação da classificação dos pisos com relação a sua condição de apoio, 
escola de dimensionamento e tipos de reforços possíveis. O capítulo 3 procura fazer uma breve explicação 
do solo como elemento de fundação dos pisos e, por ser matéria muito específica da disciplina de 
Mecânica dos Solos, buscamos destacar alguns pontos importantes que elevem ser considerados, mas 
sem esquecer que, devido à complexidade do comportamento do solo, cada caso exige uma aborda-
gem específica. 
O capítulo 4, bastante breve, foi colocado para ilustrar que o tema drenagem não pode ser simplesmente 
desconsiderado em todos os projetos, f>ois há casos onde deve ser abordado de forma cuidadosa. Muitas 
vezes a própria Sub-base, matéria do capítulo 5, indiretamente leva-a cm consideração, notadamente nas 
gra nu lares; esle capítulo abrange também as funções primárias da sub-base e seus diversos tipos. 
O capítulo 6 ê totalmente dedicado ao concreto, por ser um material de elevada importância para o 
sucesso cios pisos industriais. Trata das principais propriedades de sua aplicação, que freqüentemente são 
negligenciadas, trazendo posteriormente uma série cie patologias. 
Já o capítulo 7 apresenta outros diferentes materiais que estão à disposição dos projetistas e executores, 
como os materiais para juntas, endureefidores superficiais, acessórios diversos para posicionamento 
das armaduras, etc. 
Aiinii.il ticnliiu (tf Pisos Imluslriiiis 
O capítulo 8 irata c!o dimensionamento estrutural, dedicando-se aos modelos ninis recentes queestào 
sendo empregados mundialmente, separando os carregamentos em cargas distribuídas, pontuais e móveis, 
O capítulo 9 é uma extensão cio anterior, abordando o tema de juntas e aspectos importantes como o 
dimensionamento de barras de transferência. 
O capítulo 10 é dedicado à execução do piso, mostrando técnicas executivas, enquanto o capítulo 11 
é voltado aos aspectos de tom role da qualidade. 
Por fim, no capítulo 12, é apresentada extensa bibliografia dedicada ao tema principal deste manual; os 
pisos industriais. 
10 Manual litTil.w (!(-• Pisais Industriais 
Classificação dos Pisos 2 
A história da pavimentação industriai no Brasil é bastante recente, com pouco mais de 20 anos, sendo 
que, antes disso, havia pouca preocupação com critérios de projeto (Rodrigues, 2003). 
No início, costumava-se dimensionar os pavimentos industriais -geralmente de concreto simples - com 
base nos critérios da PCA. A grande popularidade desse método deve-se à ênfase que a AliCP (Carvalho 
e Pitta, 1 '>69) deu a ele, que se popularizou com os trabalhos divulgados em simpósios e cursos promo-
vidos por aquela entidade, 
A partir de 1995 começam a surgir novas tendências de dimensionamento, agora vindas da Europa, 
com o ressurgimento dos trabalhos de Lòsberg (l.õsberg, 1961), e Mcyerhoí (Meyerhof, 1962), em 
contraponto aos preceitos dos americanos Wcstergard (Westergard, 1927) Pickel, Ray (Picket e Ray, 
1950) e Packard (Packard, 1976), este com contribuições mais afeitas ao pavimento industrial. 
2.1 De acordo com a escola 
O fator que difere as duas escolas - a européia e a norte-americana - reside fundamentalmente no fato 
de a primeira focar pavimentos reforçados, empregando telas soldadas, fibras cie alto módulo ou protensão, 
enquanto a americana trabalha essencialmente com concreto simples. 
A diferença entre as estruturas dos dois pavimentos é acentuada: enquanto os critérios americanos 
produzem estruturas de elevada rigidez e placas de pequenas dimensões, os procedimentos europeus 
conduzem a pavimentos esbeltos c placas de grandes dimensões. 
Nota-se que nos últimos dez anos o Brasil vem trilhando o caminho inequívoco da escola européia, e o 
grande avanço das técnicas de dimensionamento dos pavimentos estruturalmente armados contribuí-
ram para selar essa tendência. O emprego deste tipo de abordagem leva a pisos economicamente mais 
atraentes, tanto sob o ponto de custo inicial como de manutenção, mas, em contrapartida, exigem 
execução mais esmerada. 
Como prova incontestável deste fenômeno é que a quase totalidade dos pisos industriais emprega al-
gum tipo de reforço, que tem como objetivo a construção de placas de dimensões superiores ao concre-
to simples. O grande precursor dessa metodologia no Brasil foí o IBTS - Instituto Brasileiro de Telas 
Soldadas advogando o emprego de menores espessuras em pisos reforçados cont telas de aço, mas 
curiosamente empregando uma metodologia de cálculo elo exército americano. 
2.2 De acordo com o reforço estrutural 
Ao contrário da década passada, no Brasil encontramos hoje uma larga gama de opções para os pavimentos 
industriais e, o alto grau de especialização qun os profissionais das áreas de projeto e execução atingiram, f.i/ 
do Brasil um dos países líderes no dimensionamento cie pavimentos, tirando todo potencial disponível dos 
diversos materiais de reforço e produzindo notáveis exemplos de pisos do tipo joiniless (que emprega placas 
de grandes dimensões, geralmente superiores a 250 mz) com estruturas delgadas e funcionais. 
A1HM1ii.iI ticidiiu (ti' Pisos Imluslriiiis 11 
Pisos com armadura distribuída 
£ com certeza o mais popular dos pavimentos industriais, sendo constituído por unia estrutura em que 
a armadura - geralmente uma leia soldada - é posicionada no terço superior da placa de concreto, 
conforme mostra a figura 2.1. 
Figura 2,1:ftiv)manlo com «umadura distribuída 
Secundariamente, essa armadura tem também uma resposta estrutural, como demonstram ensaios de 
verdadeira grandeza efetuados com placas de concreto simples e com armadura distribuída, mas que 
serão objeto de análise futura. 
Pavimento estruturalmente armado 
Embora o Brasil tenha uma longa tradição no emprego do concreto armado, a conceiluação formal do 
pavimento estruturalmente armado no nosso país tem menos de 10 anos, enquanto, por exemplo, na 
Europa, é empregado há mais de 50 anos. 
Este tipo de pavimento distingue-se daquele com armadura distribuída, por possuir uma armadurapositiva (posicionada na parte inferior da placa de concreto) destinada a absorver os esforços gerados 
pelos carregamentos (figura 2.2). 
Figura 3,2! l\H'imeino estrutura Immle amnaclo 
São pavimentos empregados em áreas de carregamentos elevados e têm oferecido grandes possibilida-
des no campo do jointless. 
Reforço com fibras 
Na primeira metade da década fie 1990, o brasil passou a contar com as fibras de aço produzidas a 
partir de fios trefilados de alta resistência, que são adequadas à execução dos pavimentos industriais 
(figura 23). 
12 Manual ( H H I . U I dc.1 ÍSsos Industriais 
Figura 2,3; 1'iso reforçado com fibra 
Com essas fibras vieram também critérios do dimensionamento que permitiram extrair deste material 
toda a sua potencialidade estruturai. Podemos até dizer que a chegada das fibras de aço promoveu uma 
verdadeira revolução na engenharia de pavimentação industrial., pois abriu para nós toda a metodologia 
dc dimensionamento empregada na Europa, o que possibilitou o aperfeiçoamento das técnicas de pro-
jeto de outros tipos de pavimento, notadameme o armado. 
I loje temos também outros tipos de fibras de alto módulo disponíveis, como a fibra de vidro., e também 
devem chegar em futuro próximo outras fibras plásticas de alto módulo. 
Piso pretendido 
O pavimento protendido (figura 2.4), que é utilizado na área aeroportuária, tem como um dos mais 
notáveis exemplos a pista do aeroporto Tom jobim (antigo Galeão) no Rio de Janeiro, construído há 
cerca de 30 anos, 
Recentemente esse tipo de pavimento ganhou impulso com a chegada da cordoalha engraxada e tem 
como grande atrativo a possibilidade de execução de pisos praticamente sem juntas. 
Fî uríi 2,4; Piso protendido 
2.3 De acordo com o tipo da fundação 
Os pisos podem ser classificados, de acordo com a fundação, em: 
Fundação direta 
Corresponde à maioria dos pisos industriais, e são aqueles que se apoiam diretamente sobre o terreno 
(subi ei to), podendo ou não haver o emprego de sub-basos, embora estas sejam sempre recomendadas. 
Manual íloidau <fv Pisos Imluslrkiis. 13 
Nesta solução está implícito que a laxa admissível tio terreno de fundação é compatível com as cargas 
previstas no piso. Para cargas pontuais e móveis, a estrutura do piso é capaz de transmitir ao solo uma 
tensão geralmente inferior a 50 kl'a (0,5 kgf/cm2}, mas para cargas uniformemente distribuídas, a capa-
cidade de redistribuição dos esforços é pequena. 
Fundação profunda 
Sào os pisos executados sobre terrenos sem capacidade de suporte compatível com as cargas solicitamos 
ou quando da presença de horizonte contendo solos adensáveís ou em processo de adensamento. 
Neste caso, a solução passa a ser de uma estrutura de concreto armado com características de piso. Dentre 
as soluções disponíveis, há as lajes apoiadas em vigas, armadas em duas direções e em uma direção, ou as 
lajes planas - sem vigas - comumente designadas lajes cogumelo; esias se têm demonstrado bastante 
competitivas ante os outros sistemas, 
Como os carregamentos esperados cm pisos industriais são bastante elevados diante dos observados em 
construções comerciais e residenciais, ê comum a ocorrência de lajes com espessuras elevadas e modu-
lação de estacas bem estreita (cerca cie 3 a A m). Estes pisos não serão objeto deste manual. 
14 Manual (itTil.w (!(-' Pisuís 1iuki>tfi,iis 
Solos e suas Características 3 
3.1 Introdução 
Na engenharia de pavimentação industrial, o estudo do solo acaba sendo um aspecto muito importan-
te, principalmente quando trabalhamos com estruturas delgadas como as da escola européia, onde o 
sübleito acaba sendo bem solicitado; conceitos da engenharia de pavimentação e de fundações preci-
sam ser analisados em conjunto. 
Por exemplo, a existência de solos moles a uma cena profundidade não ê tolerada para fundações 
diretas, é desprezível para pavimentos rodoviários e pode ou não, dependendo da magnitude dos car-
regamentos e propriedades dessa camada, ser aceita para pavimentos industriais. 
Da mesma forma que um projelo convencional de fundações, o pavimento industrial irá também trans-
mitir esforços ao solo, com a diferença de que á, na grande maioria das vezes, em fundação direta, e 
denominamos ao terreno de fundação preparado para receber o piso de subi ei to 
í interessante notar que, no presente caso, existe uma ligeira diferença quando comparamos com as 
fundações diretas, pois inexistem as cargas móveis e, da mesma forma, difere dos pavimentos rodoviá-
rios ou urbanos, onde não há praticamente a ocorrência de cargas estáticas. 
No dimensionamento dos pavimentos industriais, necessitamos, da mesma forma que nas rodovias, ter 
o conhecimento da camada superficial do solo, obtido através de seus índices físicos e da capacidade 
(ic suporte, bem como do conhecimento das camadas mais profundas, obtidas na sua forma mais ele-
mentar pelas sondagens. 
Como os solos são muito diferentes entre si, respondendo de maneira variável às solicitações aplicadas, 
torna-se necessário o estudo sistemático de suas propriedades e, principalmente, da observação tio seu 
comportamento. Portanto, para cada região em particular podemos ter características de solos mais 
marcantes ou importantes do que em outras, fazendo com que essa disciplina seja bastante complexa, 
A primeira consideração que deve ser feita quando do projeto de um pavimento industrial, refere-se ao 
nível de informações geotécnicas disponíveis. Eslas, por sua ve;c, devem ser de tal magnitude que propi-
ciem ao projetista o nível de segurança necessário à elaboração de um projeto que atinja uma relação 
ótima entre custo e durabilidade. 
3.2 Solo 
Os solos sào constituídos por um conjunto de partículas que retém ar e água nos espaços intermediári-
os; essas partículas são livres para movimentar-se entre si, exceto em alguns casos em que uma pequena 
cimentação pode ocorrer entre elas, mas mesmo assim ficam muito abaixo dos valores encontrados nos 
cristais de rocha ou minerais (Pinto, 1998), 
M.imi.il tici< l.ui t li! Cisas Intluslríjis ir; 
Essa característica faz com que o estudo do solo não possa ser feito com base nos conceitos da teoria dos 
sólidos, base para o desenvolvimento da teoria cias estruturas, o que dificulta muito a criação de mode-
los teóricos que predigam o seu comportamento, 
É fácil compreender que as propriedades mecânicas do soio estarão intimamente ligadas não apenas às 
características das partículas sólidas - suas dimensões e constituição minera lógica -, mas também às 
quantidades relativas de a r e água presentes, 
Dimensão das partículas do $ob 
A primeira diferenciação que podemos fazer entre os solos é o tamanho de suas partículas ou a sua 
granulometria, isto é, a distribuição de tamanhos que as partículas apresentam, O espectro observado 
na natureza é extremamente amplo, havendo grãos de pedregulhos da ordem de 150 mm cie diâmetro 
até partículas argilosas da ordem de 10"mm, ou seja, cerca de 150 milhões de vezes menores, 
Há solos em que a sua granulometria é visível a olho nu, conio é o caso dos pedregulhos e areias, 
enquanto outros possuem partículas tão finas que, quando adicionamos água, se tornam uma pasta 
(co I oi de); geralmente temos o convívio de partículas cie diversos tamanhos, cuja classificação pode ser 
dada como (Vargas, 1987): 
Escala ABNT 
- pcdrcgtilho: até 5 mm 
- areia grossa: de 5 mm a 2 mm 
- areia média: de 2 min a 0,4 mm 
- areia fina: de 0,4 mm a 0,05 mm 
- siile: de 0,05 mm a 0,005 mm 
- argila: abaixo de 0,005 mm 
A granulometria é uma ótima forma de caracterizar os solos grossos, como pedregulhos e areias, pois, 
nestes casos, materiais com curvas granuiométricas parecidas apresentam comportamentos também 
similares, Rara solos íinos isso pode não ser verdade, pois mesmo quando a granulometria é idêntica às 
propriedades exibidas podem ser completamente diferentes. 
3.3 Ensaios dc caracterização do solo 
A classificação adequada do solo irá ajudar a prever o seu comportamento. Uma classificaçãobastante 
empregada é a da ASTM - American Socieiy of Testing Materials, apresentada na tabela 3.1, que mostra os 
principais grupos e algumas propriedades importantes para fins de pavimentação industrial (Farny, 2001). 
O comportamento físico de um solo depende, além do seu estado medido pelos índices físicos, também 
das suas propriedades intrínsecas, e tal conhecimento é obtido por meio de ensaios laboratoriais com 
amostras trabalhadas1 e são conhecidos por Ensaios de Caracterização do Solo. 
Tais ensaios dividem-se em granulométricos - peneiramento e sedimentação - e em índices de consis-
tência - também conhecidos como I imites de Atterberg -, que permitem classificar os solos em diversos 
grupos, de acordo com suas características físicas. 
1 IJciKimln.i-síí amoslr.i Irah.illiad.i a<|uHd í|m- r dt'Storn»,ida c seca rm laboratório, prrdrndo suas carartíTÍsliras ítí* volume dc 
vazios, ;;r,Hi de compaclaçila ou nutras raraclcrístir.is da solo in jífu, 
16 Manual lifrd.w dtí Pisos Industriais 
C » | ) K Principais 
Sim 1)0 Io 
dc 
Grupo 
Nomes Típicos 
Capacidade 
de Carga 
Estimada 
íkPaí 
Coeficiente de 
Recalque 
Estimado 
(MPa) 
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Pedregullio bem 
graduado ou misturas (te 
pedregulho, com pouco 
ou nenhum finos 
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Pedregullio mal 
graduado, ou mistura dc 
pedregulho com areia, 
com pouco ou nenhum 
finos 
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Pedregulho si 1 toso, 
misturas de 
si Ite-arc ia-pod resu 1 ho 
25 50 a 80 
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PtKl regu 1 ho argi loso, 
misturas de 
aruila-areLi-pedre^ulli» 
20 50 a 00 
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areia com pedrçgulho, 
pouco ou sem finos 
35 50 a 110 
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Areia mal graduada, ou 
areia com pedregulho, 
com pouco ou sem finos 
30 50 a 80 
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SM Areia si 1 tosa, misturas de síl te-areia 20 50 a 80 
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< s a. -3 i s E O C < UiZ SC Are ia argilOM, misturas de argila-areia 20 50 a 80 
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muito fina, areia siltosa 
ou argilosa 
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Argila inorgânica com 
baixa a média 
plasticidade, argila com 
pedregulhos, argila 
arenosa, atilas magras 
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Sitie orgânico, argila 
orgânica slllosa de baixa 
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CH Argila inorgânica, de alta plasticidade 10 25 aso 
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O H Argila orgânica de média e alia plasticidade • 12 a 20 
Solos altamente orgânicas PT Turfa e outros solos a lia monte orgânicos 12 a 30 
Tabela 1.11 Classificação dot Mim de acordo com a ASTM 
Os, Limites de Alterberg classificam o solo com relação a sua consistência, válidos, portanto, para solos 
plásticos e baseiam-se no fato de que os solos argilosos apresentam aspectos bem distintos em função de 
sua umidade, podendo variar de lama a pé, em função deste parâmetro. A figura 3.1 (Pinto, 2002) 
apresenta de modo simplificado as mudanças da consistência do solo: 
Casagrande (Vargas, 1967) observou que os valores de LL (limite de liquidez) e do tP (índice de 
plasticidade = LL - LI1) variam conjuntamente, isto é, um solo é tanto mais plástico quanto maior for o 
Manii,il Geidau de Pisos Industriais 17 
IU 
1 
Estado Estado 
Líquido LL - Limite de liquidez 
IP • índice do Plasticidade •o Ptàstlco 
I 
D Quebfadiço LP = Limite de Plasticidade 
figura 3.1; Umiies de Attcrliefj» 
seu limite de liquidez. Verificou-se ainda que, dispondo-seem uin gráfico os valores tio LL v IP determi-
nados para uni mesmo depósito de argila, o resultado é um gráfico linear, denominado gráfico do 
j>lasticidade (figura 3.2), 
Com base nesse gráfico, observa-se quí? a linha A aparece como unia fronteira empírica entre as argilas 
inorgânicas, que se siluam acima dessa linha, v os solos plásticos, que contêm colóiifos orgânicos. 
Situam-se também abaixo da linha A os siltes e siltes argilosos, exceto quando o LL ó Inferior a 30, casos 
em que os siltes inorgânicos podem situar-se pouco acima da linha A. 
O índice de plasticidade também pode fornecer qualitativamente o comportamento do solo relativo à 
sua expansão quando submerso, como podemos ver na tabela 3 2 (PCA, 2002), 
Grau de Expansão Expansibil idade (%> índice <lc Plasticidade 
(aproximado) 
Não-Expansivo Menor (|ue 2 0«i 10 
Moderadamente 
Expansivo 
2 a 4 10 a 20 
Altamente Expansivo maior que 4 maior nue 20 
Talida 3.2: Expando \-etm plasticidade 
Medindo a resistência do solo 
Para fins de pavimentação de concreto, o principal parâmetro do solo empregado diretamente no 
dimensionamento é o coeficiente de recalque k, podendo ser determinado diretamente no subleito ou 
no sistema subleito & sub-base. Define-se coeficiente de recalque ou módulo de reação k pela equação: 
í; , eni MPa/m 
onde: 
P ê a pressão unitária aplicada sobre uma placa rígida em MPa e 
R é o recalque ou a deflexão correspondente, em metros. 
Na determinação do módulo de reação, observa-se que (Souza eThomás, 1976); 
i » Manual tieixl.m de Pisos Industriais 
i 
4U T5 % 
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o, 4) TJ 
s 
Limite de liquidez (LL%) 
Figura 3,3: Gráfico de plasticidade 
a) em uma prova fie carga, para grandes variações cie pressão, o diagrama cie pressão & deformação 
não ê linear, e o valor de k depende da deformação ou recalque que se tomou como referência; 
b) a medida do rocficieiUe de rct alque é sensível ao diâmetro da placa empregada, e as variações 
só deixam de ter significação para ensaios efetuados com placas de diâmetro igual ou superior a 
76 cm; e 
c) o valor do coeficiente de recalque depende da umidade do solo. 
Rira uma boa correlação com a teoriade Weskvgard (Yoder e W i te za k, 1975), quegoverna o dimensionamento 
dos pavimentos rígidos, o coeficiente de recalque deve ser determinado com placas de no mínimo 76 cm de 
diâmetro, tomando-se como referencia o recalque de 0,127 cm. Dessa forma, tem-se: 
onde; 
r. Pi.»J2Ti 
1 ~0,127 em kgf/ctn'/cm 
P l 0 ) i r i é a pressão aplicada em uma placa de 76 cm de diâmetro, necessária para produzir um recalque de 
0,127 cm. 
O valor de k varia entre limites amplos, dependendo do solo, da sua densidade e umidade. Solos muito 
plásticos podem apresentar um valor da ordem de 1,4 kgf/cm2/cm (14 MPa/m), enquanto pedregulhos e 
solos arenosos bem graduados atingem valores da ordem de 14,0 kgí/cmVcm (140 MPa/rn) ou mais. 
COMPARAÇÃO E 
SOLOS DE IGUAL L k L ,, 
Diminui; tenacidade e resistência do solo seco 
Aumenta: permeabilidade e variação de volume 
Argilas arenosas 
Siltes inorgânicos de baixa pfasückfade | 
Areias muito íinas-siUosas 
Areias argitosas 
Areias argilosas ^Argila s inorgânicas 
. de mediana 
plasticidade 
Siltes orgânicos e inorgânicos 
o siites-argllgs 
-Argilas orgânicas 
Siltes orgânicos 
o siltes-ofgilíis 
altamente elásticos 
Aumenta: tenacidade e reslstôntía do solo seco 
Diminui: permeabilidade e variação de volume 
J V L H H L I I Geid.iu de Cisas Industrial» í<l 
O mesmo ensaio pode ser empregado para determinar o coeficiente de recalque no topo do sistema 
subteito & sub-bãíe, 
índice de Suporto Califórnia 
Como alternativa ao coeficiente de recalque, pode-se empregar o índice de Suporte Califórnia, indica-
do comumente pelas letras CBR (Califórnia Õeadng Ratio), Este ensaio mede comparativamente a resis-
tência ao cisalhamento de um solo, avaliado pela penetração de um cilindro-pacirão na amostra, usan-
do como padrão uma brita graduada de boa qualidade, 
Assim, os resultados serão sempre comparativos ao referencial; uni solo com CBR de 10% apresenta 
resistência dez vezes menor do que a brita graduada, O CBR pode ser associado ao coeficiente de 
recalque k por meio da correlação apresentada na figura 3.3, A resistência do solo do subieíto, medida 
por meio do CBR, influenciará diretamente na espessura final da placa; esse parâmetro 6 largamente 
empregado para o dimensionamento de pavimentos flexíveis. 
Figura 3,3: CarMiçào k ít CUK 
21) Manual (nnl.ui di> Pisos linliJf.lri.iis 
Aspectos de Drenagem 4 
4.1 Introdução 
As questões de drenagem dos pisos industriais são freqüentemente negligenciadas o podem constituir-se 
em um problema estrutural em algumas situações específicas, principalmente quando a sub-base ficar 
saturada em função da entrada de água. 
Sob o ponto de visia técnico, o pavimento deve ficar afastado pelo menos 1,5 metros do lençol freático 
(Medina, 1997}, embora possa haver situações onde ele fique mais próximo, como no caso dos pisos de 
garagem que naturalmente se aproximam do nível da água ou até ficam abaixo dele, ocorrendo então a 
necessidade da incorporação de drenagem sub-superficial, Em pavimentos industriais isso raramente acontece. 
Este capítulo é, na realidade, voltado principalmente a alertar o projetista com relação aos cuidados 
que devem ser tomados e buscar as soluções cabíveis em cada caso. A entrada de água no sistema 
subleito/sub-base pode se dar em duas fases distintas. 
4 .2 Fase de e x e c u ç ã o 
Primeiramente, a saturação pode se dar durante a fase de execução, em função da ocorrência de 
chuvas antes da execução do piso, quando não há cobertura e proteção lateral. Neste caso, é 
recomendável que sejam previstos drenos provisórios durante a fase da execução, para permitir o 
escoamento da água. 
Se isso não for feito, fica muito difícil a saída da água após a execução do piso, que acaba impermeabi-
lizando a sub-base, e a água, não tendo como sair, traz como conseqüência a saturação do subleito, 
ocorrendo a possibilidade de bombeamento e contaminação da sub-base, Além disso, haverá uma forte 
redução no coeficiente de recalque. Outra conseqüência é que a secagem do concreto ficará muito 
lenta, causando problemas no caso do emprego de revestimentos sensíveis à umidade. 
Neste caso, devemos prever a utilização de drenos provisórios que permitam a captação da água; 
multas vezes, a infiltração Iimita-se h sub-base que, no caso da granular, funciona como um reservató-
rio, enquanto geralmente o subleito apresenta características de impermeabilidade. A retirada dessa 
água pode ser bastante simples pela abertura de pequenos poços auxiliares e a utilização de bombas 
submersas ou, quando o terreno permitir, criando alguns sumidouros no subleito, 
4.3 Pós-execução 
No segundo modo da ocorrência de água na sub-base, a penetração da água pode acontecer de-
pois do pavimento executado, quer pela infiltração nas juntas cio pavimento, quer pela existência 
de áreas permeáveis circundantes e, neste caso, podemos ter o problema presente mesmo em pavi-
mentos cobertos, 
J V L H H L I I G H K I . I U (TF Cisas Imluslri.iis 21 
A abordagem do problema pode ser feita de duas formas; impedindo que a água penetre sob o piso ou 
permitindo que a água escoe rapidamente. A opção a ser adotada, depende basicamente das caracterís-
ticas do piso, do subi ei to, do microclima e da sua implantação. Em algumas situações é necessário 
adotar os dois sistemas. 
Evitar que a água simplesmente penetre na sub-base torna-se sempre uma situação de risco, pois essa 
ação acaba sendo transferida para a manutenção do piso ao longo da sua vida útil e a entrada da água 
passa a ocorrer pelas juntas. Como a selagem das juntas, ponto vulnerável para a entrada de água, já é 
uma operação rotineira no pavimento, é recomendável que em áreas de precipitação elevada sejam 
criados drenos horizontais sob o pavimento interligados aos sistemas de drenagem superficial. No caso 
tias vias de circulação, como esta sempre existe, a providência de ligar os drenos nas galerias pluviais 
torna-se uma medida econômica e eficiente, 
Quando se trata de áreas cobertas, devemos primordialmente combater a entrada da água, que j>odo 
ocorrer de infiltrações de jardim ou quando existem terrenos circundantes mais elevados do que o piso 
existente, Neste caso, é conveniente adotar drenos do tipo trincheira, fazendo sempre uma avaliação do 
fluxo de água no terreno. 
Em solos porosos (argilas porosas), o escoamento das águas é muito rápido, mas a sua característica de 
eolapsibilidade não permite que haja uma saturação do terreno, sob pena de recalques expressivos, 
devendo esses locais ser objeto cie estudo detalhado de drenagem, 
22 Maiiu.il C ,1 nl.ui di.1 1'ímds Industriais 
Tipos e Aplicações das Sub-bases 5 
5.1 introdução 
I- comum a ocorrência do ceria confusão com relação ã nomenclatura das camadas do pavimento 
rígido, pois geralmente é associada ã do pavimento flexível, cujas camadas estruturais são: revestimento 
(capa asfáltica), base e sub-base. Para o pavimento rígido, considera-se que a placa de concreto assume 
simultaneamente a função de base a revestimento e, portanto, abaixo dela, vem a sub-base; embora no 
íürasil sigamos esta nomenclatura, alguns autores costumam empregar os termos base e sub-base indis-
tintamente para pavimentos de concreto (Yoder e Wítczak, 1975). 
As sub-bases são elementos estruturais intermediários entre as placas de concreto e o subi ei to, formado 
pelo terreno natural ou por solo trocado, devidamente compactado, e são de importância primordial 
ao desempenho do piso, 
A importância da sub-base I fácil de compreender quando se imagina o sistema estrutural de uma placa de 
concreto (E ( .26000 MPa), apoiada sobre um solo de boa qualidade (E,,« 60 MPa): a relação entre os 
módulos acaba sendo muito elevada, J ÍOÍS o módulo de deformação da placa acaba sendo 430 vezes mais 
alta do que o do solo. Se entre os dois materiais for colocada uma camada de, por exemplo, brita graduada 
(ES|I e= 200 MPa), a relação E^E^ passa a ser aproximadamente de 130 e entre CS|/CS, próxima a 3. 
Obviamente que a rigidez das diversas camadas não é função apenas do módulo de elasticidade delas, 
mas também da espessura1, mas parece razoável que, quando introduzimos uma camada dc rigidez 
intermediária entre a placa e o solo, o sistema passa a ser mais harmônico, controlando principalmente 
as deformações.No passado, muitas rodovias de concreto apresentaram sérios problemas peta ausência de sub-base, 
sendo mais perceptível o formado pelo bombeamento, que é a perda de material fino da camada de 
suporte, expelido junto com água peta junta. O mesmo fenômeno ocorre em pisos. 
Excetuando-se os casos muito particulares em que ocorra a concomitância entre baixas solicitações de 
cargas, subleito homogêneo, com boa capacidade de suporte, com ausência de material fino plástico e 
clima seco, é fundamental a presença da sub-base para se obter um produto final de ótima qualidade, 
Para tanto, são definidos neste capítulo os principais requisitos e tipos de sub-bases, 
5.2 Funções da sub-base 
As sub-bases possuem quatro funções fundamentais [Pitta, 13Í17); 
Eliminar a possibilidade da ocorrência do bombeamento de solos finos plásticos. 
O processo do bombeamento, ou pumping, é a expulsão dos finos plásticos de um solo através das 
1 A rlgkleü de tirtiii c<im<Hlii v,<r.i,i coro d cubo tU turi es|)essiirii. 
M.mual Oeidíiu (Fe Pisos Imluslri.iis 
juntas, bordas ou trincas de um pavimento, diminuindo drasticamente a capacidade de suporte do 
subleito, uma vez que o fenômeno provoca profundas alterações no esqueleto sólido do solo; a falta de 
suporte adequado induz a maiores deformações tia placa, levando a níveis críticos as tensões de iraçào 
na flexão do piso, redundando na sua ruptura. O bombeamento está ligado a; 
- existência de finos plásticos no subleito; 
- saturação do subleito; 
- juntas ou trincas no pavimento; 
- cargas intensas móveis. 
A fim de prevenir o bombeamento, não são necessárias grandes espessuras de sub-base, i lá registros de 
pavimentos de concreto com sub-base de apenas 50 mm de espessura, apoiados em subi ei tos extrema-
mente favoráveis à ocorrência do bombeamento, em que, mesmo após dez anos de trabalho sob con-
dições severas de tráfego, o fenômeno não se manifestou. 
O Brasil õ rico em exemplos negativos de como a ausência da sub-base pode reduzir drasticamente a 
vida útil de um pavimento rígido a, muito embora na grande maioria dos casos os pavimentos industri-
ais encontrem-se em áreas cobertas, ainda assim é recomendável o seu emprego, pois durante a fase 
executiva há presença massiva de água, advinda, por exemplo, da cura do concreto ou mesmo das 
próprias operações de eoncreiagcm, Outro dado importante ê que a existência do camada granular 
impõe restrição à umidade ascendente, que é crítica quando o piso for revestido, 
h) Evitar variações excessivas do material do subleito, 
Os materiais de subleito, quando formados por solos expansivos, podem, em presença de água ou em 
sua ausência, sofrer fenômenos de expansão ou retração, que podem vir a induzir a uniformidade do 
suporte do piso, provocando deformações de tal ordem que, se não houver colapso, o rolamento ficará 
bastante prejudicado ante as deformações. 
Nu caso em que o subleito é submetido ao processo de escarif cação e compactação, é fundamental a 
adoção de um rígido sistema de controle de umidade, que deve ser igual ou ligeiramente superior à 
ótima, resultando em uma camada cuja espessura final compactada seja de pelo menos 30 cm, 
A tabela 3.2 (ver capítulo 3} apresenta a correlação entre o IP - índice dc Plasticidade, porcentagem de 
inchamento e grau de expansibilidade. 
cf Uniformizar o comportamento mecânico da fundação ao longo do piso. 
A presença da sub-base introduz dois novos aspectos ao comportamento mecânico do conjunto 
pavimento&fundação: primeiro, uniformizando o comportamento da fundação e, segundo, aumentan-
do a resistência. Ao contrário do que se poderia imaginar, a uniformidade é o aspecto mais importante, 
sendo a melhoria da resistência apenas uma vantagem acessória, Tal fato origina-se a partir do seguinte 
princípio: a função do conjunto pavimento e terreno de fundação (Rodrigues e Cassara, 1998) é absor-
ver as tensões de cisalhamento oriundas do tráfego de veículos ou de carregamentos estáticos. 
A capacidade de absorção desses esforços e a conseqüente transmissão à cantada inferior é função 
direta do módulo de elasticidade de cada material; o pavimento de concreto apresenta módulo cie 
elasticidade elevadíssimo em comparação aos materiais normalmente empregados como sub-base e ao 
subleito, absorvendo a maior parle das tensões. Por exemplo, uma carga dc 54,5 kN aplicada em uma 
24 Miinu.il (. H T Í I . H I (it; I'ÍM)'- Induslri.ifo 
placa circular de 730 cm*, sobre uma placa de concreto de 20 cm de espessura, transmite cerca de 
0,022 MPa à fundação {carga no interior da placa), para 0,75 MPa de carga atuante, ou seja, a placa de 
concreto absorveu em torno de 97% das tensões (Chikls, Colley e Kapernick, 1957), 
Todavia, como no Brasil trabalha-se com pisos delgados, é importante observar que o comportamento 
do sistema subieilo&sub-base deve ocorrer no regime elástico, sob pena de danos à placa, 
d) Incremento na transferência de carga nas juntas, 
Esse efeito é devido à redução nas deformações da placa, pois apesar de a redução das tensões pela 
presença da sub-base nem sempre ser significativa2, a deflexio será sempre menor, pois varia inversa-
mente com o coeficiente de recalque k, 
Embora o pavimento rígido seja capaz de excelente performance mesmo sobre solos de baixa capacida-
de de suporte, como os mais plásticos compreendidos entre as denominações A-5 até A-7, no caso dos 
pavimentos industriais deve ser feita uma ressalva relativa aos carregamentos permanentes - como as 
estanterias em áreas de depósito -, que podem levar a deformações, gerando fissuras nas áreas 
descarregadas, normalmente os corredores, causadas pelo momento negativo que ocorre na mudança 
de inflexão da linha elástica da laje, 
Esse tipo de fissura tem causado aborrecimentos e indignações, pois eias acabam ocorrendo nas áreas 
menos solicitadas - visto que o carregamento pontual de esianterias supera, com raras exceções, as 
ações dinâmicas das empilhadeiras, Nestes casos, é recomendável a execução de um reforço do subleito, 
em espessura variável, executado com solo importado - o que muitas vezes pode ser uma excelente 
alternativa - ou o emprego de solo-brita, 
O solo-brita, como o nome sugere, corresponde a uma mistura de solo com brita em proporções tais 
que permitam ganho expressivo da capacidade de suporte e muitas vezes são empregados inclusive 
como base de pavimentos flexíveis, devendo seguir necessariamente uma curva granel o métrica 
prsestabelecida (Yoder e Witczak, 1975), como as propostas pela AASIITO. 
Em geral, a capacidade de suporte dessas misturas irá variar em função do teor de finos®, pois quando 
ele e muito baixo, ocorrem muitos vazios na mistura, cuja estabilidade depende exclusivamente do 
contato entre partículas; à medida que o teor de finos aumenta, tanto a massa específica seca quanto o 
CBR aumentam, até que, em determinado ponto, as partículas maiores perdem o contato entre si, 
passando a flutuar nas partículas finas, levando a um decréscimo tanto da massa específica seca como 
do CBR. f: interessante notar que os máximos das duas propriedades citadas não são coincidentes no 
teor de finos da mistura, sendo que o do CBR 6 obtido com teor ligeiramente mais baixo. 
Para o efeito desejado do apenas reduzir a plastk idade do solo do subloilo, normalmente não são 
respeitadas curvas granulométricas com muita rigidez, pois adições de brita - normalmente se emprega 
a bica corrida'' - sempre elevará a capacidade de suporte do subleito, sendo freqüentemente emprega-
dos teores que variam entre 30% e 50%. C) solo-brita pode ser empregado também com sucesso para o 
controle de solos sities expansivos. 
I',irii liase* cimentadas, qnr apresentam elevado coçflcienie de recalque, redução das leiisSe* na placa poilrin ser significativas, 
1 Ni» presente caso, considera-se como material fino aquele que passa pela peneira 0,07!i mm (íitXl), 
1 A bic.t cfíffktj ('> um material resultante da hrilagrm, sem que haja preocupações de classificação grantilomílrica.M.me.il Oerdaii de Pisos Industriais 25 
No presente caso, recomenda-se a utilização cie solo-brita como base apertas em casos especiais, quan-
do for possível o conlrole da umidade durante a fase de execução da obra. 
5,3 Tipos de sub-bases 
As sub-bases para pavimentos rígidos podem ser divididas em dois gru[>os (Pi tia, 1998): sub-bases granuladas 
e sub-bases estabilizadas. As gra nu lares podem ser do tipo de granulometria aberta ou fechada, sendo esta 
última a mais usual em pisos industriais; quanto às estabilizadas, as mais comuns são o solo melhorado com 
cimento, brita graduada tratada com cimento (BGTC) e concreto compactado com rolo (CCR). 
No passado, as sub-bases de solo cimento foram bastante utilizadas, mas hoje se dá preferência ao solo 
melhorado com cimento, ou, quando necessária maior capacidade de suporte, à BGTC ou CCR. Outros 
tipos, como o solo-cal e as betuminosas, encontram uso pouco expressivo no nosso país. 
5.3.1 Sub-bases gr anulares 
As sub-bases granulares são geralmente compostas por materiais pétreos, havendo também a possibili-
dade do emprego de materiais diversos compostos a partir de uma granulometria padrão (Rodrigues e 
Cassam, 1998), Nos grandes centros, o emprego rle material britado é mais comum e a granulometria 
deverá ser de acordo com a tabela 5.1 (DNER, 1997): 
Pereira (mm) % Pjssonriíi 
A B C D E F 
50 100 100 
25 75 a 90 100 100 100 100 
9,5 30 a £>5 40 a 75 50.185 60 a 100 
4,8 2S,i55 30 a Ú0 a 05 50a 65 55 a 100 70 a 100 
2 1 5 .1 40 20 íl45 25 a50 40a 70 40 a 100 55 a 100 
0,42.1 6 a 20 15 a 30 15 a30 25 a 45 20 a 50 30 a 70 
0,075 2 íi 8 3 a 13 5 a 15 10.125 6 a 20 Oa 25 
Tal>cl.i5,1: CraiiLtlomçUia da Siril,igr,u!u,u).i 
- a fração que passa na peneira n" 40 deverá apresentar limite de liquidez inferior ou 
igual a 25% e índice de plasticidade inferior ou igual a 6%; quando esses limites forem 
ultrapassados, o equivalente de areia deverá ser maior que 30%; 
- a porcentagem do material que passa na peneira nü 200 não deve ultrapassar 2/3 da 
porcentagem que passa na peneira nMO. 
A faixa tipo A é denominada de graduação aberta e permite o rápido escoamento cias águas que 
permearam o revestimento, enquanto a li, de graduação densa, é menos permeável e tem bom desem-
penho em áreas cobertas ou quando o voiume de tráfego é baixo. 
A espessura da sub-base a ser adotada é função direta do terreno tle fundação e do carregamento do 
piso, No caso apenas do controle do bombeamento, a espessura pode ser da ordem de 75 mm. Para 
pavimentos industriais, é recomendado no mínimo 100 mm, podendo ir até 200 mm, 
A tabela 5.2 apresenta o incremento de k em função da presença de sub-base granular (Rodrigues e 
Pitla, 1997). 
26 Manual Herdai! de fiüos Industriais» 
Valor do suporte do sutil cito Coeficiente de recalque no topo do sistema (MPa/m), para espessura de sub-base Igual a (em) 
CBR 
n % ) 
k 
(MPa/m) 1» 1.5 20 3(1 
2 16 19 22 27 33 
3 24 27 31 37 45 
4 30 34 38 44 54 
5 34 3a 42 49 59 
6 30 42 40 53 65 
7 41 45 50 56 69 
8 44 40 53 60 72 
47 52 50 63 76 
10 49 54 58 65 79 
11 51 50 00 67 01 
12 53 50 62 69 04 
13 54 59 63 70 05 
14 50 01 05 72 07 
15 57 02 60 73 06 
16 59 04 68 75 91 
17 00 05 09 70 92 
10 01 06 70 77 93 
10 02 07 71 78 94 
20 03 00 72 79 9« 
Taliela r>,2; Sub-bases granukits- incremento do coeficiente de recalque k 
5.3.2 Sub-bases 1 ratadas com cimento 
As sub-bases tratadas com cimento incorporam um ganho de qualidade ao pavimento como um lodo, 
pois quando comparadas às sub-bases de material granular, diminuem significativamente as tensões 
transmitidas ao subleito e, por conseqüência, as deformações do terreno de fundação. 
A eficiência da sub-base pode ser, a priori, avaliada pelo módulo de elasticidade ou resiliente dos 
materiais que as formam, Na tabela ,r>,3 (Rodrigues e Pitta, 1997) é apresentada a faixa de variação usual 
para os diversos materiais empregados. 
JVI.IIHM I Oeidau <[<• Cisus LM.lus.lri.iis 27 
Solos tratados com cimento - SMC 
O solo melhorado com cimento nada mais é do que um solo-cimento com baixo teor de ligante, 
variando entre 3 % e 6% em volume, ü SMC é executado com solos arenosos e o largo emprego desse 
material, por exemplo, com os solos finos arenosos, vem atestando a sua qualidade e facilidade de 
execução. 
Tipo dc Material Perda dc Suporte (PS) 
Concreto compactado com rolo 
n = 7,QÜ0 MPa o 14,000 MPa 0 a 1 
Hríla graduada tratada com cimento 
ü - 3.SÜ0MP.1 a 7,000 M P j 0 a 1 
Gases iratadas com asfalto 
1; - 2.SOO MPa a 2,100 MPa 0 a 1 
Misturas estabilizadas com asfalto 
H = 280 MPa a 2,100 MPa i a 3 
Solo-cal 
R = 140 MPa a 300 MPa 1 a 3 
Híises ^ran ti lares 
E - 100 MPa a 300 MPa i a 3 
Material fino ou subleito 
ü = 20 MPa a 280 MR i 2 a 3 
Tahçla .1,3; Módulos resll lentes cie mnleriais para sub-base de pavimentes rígidos 
O solo tratado com cimento também pode ser empregado para o controle de materiais expansivos, visto 
que o cimento promove sensível redução no índice de plasticidade, dependendo do teor empregado -
que para essas situações pode chegar até próximo a 8% {Yoder e Witczak, 107:">>. Cntretanto, o emprego 
do cimento, com esta finalidade, acaba freqüentemente esbarrando em questões econômicas e também 
operacionais, visto que solos com essas características tornam difícil a adequada homogeneização com 
o cimento sem equipamento específico. 
Em principio, qualquer solo inorgânico pode ser estabilizado com cimento, embora seja conveniente 
que o solo a ser tratado atenda a algumas características especificas (Rodrigues e Cassaro, 1998). 
G teor de cimento necessário para estabilizar um solo é função de suas características físico-químícas e, 
na prática, pode ser mais rápida a execução de ensaios com teores de cimento variados, medindo-se 
uma propriedade mecânica da mistura, como, por exemplo, o CBR. A tabela 5.4 {Rodrigues e Pilta, 
1997) apresenta o incremento cie k em função da presença de sub-base do tipo SMC. 
Brila graduada traiada com cimento 
Trata-se de uma sub-base intermediária entre o solo-cimento e o concreto compactado com rolo (ÍJalbo, 
1993). A brita graduada tratada com cimento {8CTQ tem bom desempenho e aceitação como sub-base 
de pavimentos rfgidos, como os pisos industriais, e é particularmente interessante no caso dos pavimen-
tos reforçados, que assumem baixa espessura de placa, 
Este fato deve-se a que bases estabilizadas que apresentam elevado módulo de elasticidade, como o 
concreto compactado com rolo ou a BGTC, acabam trabalhando em conjunto com a placa de concreto 
em um sistema de placas duplas não-aderidas, onde a capacidade de absorção de esforços está ligada à 
matriz de rigidez de cada placa (I luang, 1993), 
2IJ Manual Cicrd.w de Pisos Industriais 
Valcir de suporte cio subleito Coeíicicnle de recalque no lopo do sistema (MPa/m), para espessura de sub-base igual a (cm) 
CBR 
(1%) 
K 
<MPa/m> 10 15 20 
2 16 36 S4 69 
3 24 50 72 91 
4 30 60 84 107 
S 34 66 92 117 
6 30 73 99 126 
7 41 77 105 133 
a 44 &2 110 MO 
9 47 115 146 
10 49 119 151 
i i 51 92 122 155 
12 53 9S 125 159 
13 54 96 127 162 
14 56 99 130 166 
13 57 101 132 166 
16 58 103 135 172 
17 60 105 137 174 
IS 61 106 139 176 
19 62 108 140 I7G 
20 63 109 141 190 
Tabela M t \ Jgb-basc de SMC - Sncrçmwiio çfe coeficiente de teeal<|ue k 
Sob o ponto ile vista estrutural, a BCTC ê considerada um caso particular do solo-cimento e o seu 
incremento estrutural é avaliado, por falta de dados mais apropriados, com as curvas de SMC (Pltta, 
1996), como pode ser visto na tabela 5.4, que acaba sendo um valor multo conservador; na realidade, 
em função dos módulos resilientes apresentados pela mistura curada e compactada, os valores seriam 
intermediários entre o SMC e o CCR, 
As espessuras usuais situam-se entre 10 e 20 cm e a resistência à compressão simples aos 7 dias tem que 
ser superior a 3,5 MPa. Deve-se atentar para o limite superior (ia resistência, que, se for muito elevado, 
indicará que o mõduiode elasticidade irá ser alto e, neste caso, a base absorverá uma parcela significa-
tiva dos esforços, A faixa granulométrica pode ser (Balbo, 1993); 
M.mu.il Oeidau (Fe Pisus Industriais 
Peneira % Passante 
as 100 
70 a 100 
9,5 50 a 75 
4,8 35 a 55 
0,425 ííaas 
0,075 Oa 10 
Talitla 5.5: Faixa ̂ miiutomítrica reeomendíivcl 
A ABNT (ABNT, 1990) indica ainda as seguintes (imitações para a mistura; 
* Desgaste por abrasào Los Angeles inferior a 40%; 
* Durabilidade da pedra: perdas inferiores a 30% e 20% no sulfato de magnésio e sulfato de 
sód Io, respecti va mente; 
* índice de forma inferior a 2; 
* Equivalente em areia maior que 35%; 
* Espessura mínima da camada de 100 mm e máxima de 150 mm; 
* Resistência ã compressão simples superior a 3,5 MRa e inferior a 0,0 MPa, 
Concreto compactado com rolo 
O concreto compactado com rolo - CCR - é lalvez o mais recente material para a confecção de sub-
bases, e seu surgimento decorre do sucesso que o material vem apresentando na confecção de barra-
gens, com sistema executivo similar às barragens de terra, 
Pode ser definido como unt concreto de consistência seca, que no estado fresco permite? ser misturado, 
transportado, lançado e adensado com equipamentos usualmente empregados em serviços de 
terraplanagem (Andriolo, 1989). 
A diferença básica entre a BCTC - anteriormente definida - e o CCR está no consumo de cimento mais 
elevado deste e na náo-necessidade da observância do uma granulometria tão rigorosa; e, adicional-
mente, pesquisas têm demonstrado que a energia de compactação é muito menos relevante do que o 
teor de cimento, que acaba governando as sua propriedades mecânicas {Trichês, 1994), 
Muitas vezes confundido com o concreto pobre, o CCR pode ter consumos variados, sondo capaz de 
atingir resistências elevadas para diversas aplicações, podendo ser até empregado como camada de 
rolamento, como um pavimento rígido, 
Na função de sub-base, admitindo-se que a faixa de variação do modulo de elasticidade (módulo de 
deformação elástica) esteja situado entre 7 GPa c> 14 GPa, levaria a consumos aproximados entre 80 e 
120 kg/m-1, Nesta faixa de consumo (Trichês, 1994), a massa específica seca máxima estaria ao redor de 
2.250 kg/m1 e a resistência à compressão, entre 4 MPa e 10 MPa. 
O CCR apresenta a facilidade de ser fornecido pelas concreteiras em caminhões do tipo be tone ira, 
facilitando muito o seu emprego, devendo-se apenas atentar para que misturas secas podem se desagre-
gar durante a descarga; a tabela 5.6 apresenta o incremento do coeficiente de recalque k (Rodrigues e 
Pi tia, 1997). 
30 Manual ( H H I . U I ÍSsos Industriais 
Valor ric suporte do mbkilo Coeficiente de recalque no topo rio sistema íMPa/ml, para espessura de sub-base igual a (cm) 
CBR 
(1%) 
K 
(MPa/m> 10 12,5 15 
2 16 65 77 98 
3 24 87 101 126 
4 30 101 118 145 
S 34 11, 120 158 
6 38 120 138 169 
7 41 127 145 177 
6 44 133 152 186 
9 47 140 159 194 
to 49 144 164 198 
11 51 148 168 204 
12 53 152 173 209 
13 54 154 175 211 
14 56 150 179 216 
15 57 160 182 219 
16 59 164 186 224 
17 60 166 186 226 
ia 61 168 190 229 
t9 62 170 192 231 
20 63 172 194 233 
Tabela 5,6; Sub-h.ise de COS incremento <k> coeficiente d® recalque k 
Manual Oeidau <fe fisoK Intluslriiils 31 
Tecnologia do Concreto 6 
6.1 Introdução 
Ao buscar elaborar unia especificação que atenda à necessidade de concretos para pavimentos industri-
ais, é necessário que se entenda como o concreto é tratado no Brasil e quebrar uma série de paradigmas 
existentes sobre o assunto, que acabam sendo fomentados por falta adequada de informações ou até 
muitas vezes em função de ações comerciais. 
A nossa atividade tem trazido a oportunidade de vi venci ar inúmeros casos em que há sérias patologias 
em pavimentos industriais, ou pisos como são comumente designados, notadamente naqueles em que 
não há projeto ou diretrizes especificas e o concreto do pavimento é tratado conto um concreto dc 
estrutura, cuja ênfase de suas propriedades se concentra exclusivamente na resistência. 
Obviamente, para as estruturas, essa também não é a única propriedade importante, mas para pisos 
|n>d{'irnis dizer que essa característica sítua-se em importância a patamares similares à retração hidráu-
lica e resistência ao desgaste. 
Na realidade, sendo até um pouco mais incisivos, diríamos que a retração hidráulica lidera com mais 
do 95% o ranking das patologias encontradas nos pavimentos, e dentre estas é assustador o número de 
problemas que temos encontrado naquelas que se referem à retração inicial do concreto, a qual ocorre 
nas primeiras horas de concretagem. 
O motivo disso é que essa propriedade, além de não ser controlada, acaba sendo influenciada por 
alguns paradigmas que contribuem fortemente para o seu incremento, Dentre eles poderíamos citar em 
primeiro lugar aquele que diz que, quanto maior for a resistência mecânica do concreto, melhor será a 
qualidade do pavimento. 
Outro paradigma bastante crítico e comum de observamos é aquele relativo à especificação, além da 
resistência mecânica, de uma relação água/cimento mínima, f; lógico que cm algumas situações críticas 
pode alé ser importante controlar a permeabilidade do concreto, mas, por exemplo, para um centro de 
distribuição, não faz sentido a dupla especificação. Longe de ser uma especificação benéfica, a adoção 
de baixas relações água/cimento leva a um aumento da retração hidráulica pelo excesso de pasta de 
cimento na mistura, tornando o concreto susceptível à retração autógena (í lolt, 2000), 
í fechando a lista dos grandes paradigmas, temos o consumo mínimo de cimento, sendo adotados 
valores elevados, acima de 350 kg/m', como justificativa para implementara resistência ao desgaste do 
concreto, muito embora não haja trabalhos científicos demonstrando a direta correlação entre os dois 
fatores, Na realidade, como veremos mais adiante, a resistência mecânica, principalmente à tração, é 
que governa essa propriedade e, como é de conhecimento geral, esta é influenciada pela relação a/c e 
não pelo consumo de cimento, 
Mas, afinal, qual é o concreto ideal para pisos? É aquele que apresente as resistências - abrasSo, com-
pressão e tração na flexào- exigidas em projeto, possua alta capacidade de deformação e alongamento 
M.IIHI.II ticrdiiu (tf Pisos ImlusLri.iis 
na ruptura, permitindo que ele se deforme e dissipe as tensões geradas pela retração e deformações 
térmicas a que o pavimento estará sujeito ao longo da sua utilização. 
No mundo real, este concreto ideal não existe, talvez algum concreto de cimento modificado com 
polímero possa chegar próximo, mas a tendência é que, com o emprego de cimentos cada vez mais 
finos, o concreto real se afaste do ideal- Nossa busca é evitar que isso ocorra, 
6.2 Resistência mecânica do concreto 
Ü concreto empregado fiara pavimentos deve ter a resistência necessária, que é a especificada em 
projeto, Embora esta declaração seja óbvia, na realidade o que queremos enfatizar é que o emprego de 
concretos com resistências muito mais elevadas não trazem benefícios estruturais ao pavimento. 
Por exemplo, um incremento do 70% traria um aumento na capacidade estrutural do piso em apenas 
12% (Ringoe Anderson, 1992), e mesmo essa vantagem com certeza estaria sendo ofuscada pela proba-
bilidade do aumento de patologias, 
Para que possamos entender esse efeito, é necessário compreender os esforços envolvidos em uma 
placa de concreto apoiada em um meio elástico e que tem certa liberdade de movimentação, durante 
as primeiras semanas da execução, O concreto retraindo, irá promover o encurtamento da placa o este 
tende a ser impedido pelas forças de atrito que se desenvolvem com a sub-base, 
Neste processo, quanto menor for o módulo de elasticidade do concreto, mais essas deformações elás-
ticas poderão compensar o atrito e, mais importante, maior será a íluência ã tração1, permitindo o 
alívio das tensões geradas. Outro fenômeno associado com a retração é o empenamentodo concreto, 
que será tratado mais adiante, que tende a ser mais elevado e danoso quando o módulo de elasticidade 
do concreto é maior. 
Embora esses fatores sejam relativamente simples de ser compreendidos, surgiu no Brasil a idéia disseminada 
que o CAD-concreto de alto desempenho que é um concreto de resistências elevadas, embora não seja apenas 
essa a sua grande característica, poderia ser empregado em pavimentos com grandes vantagens, e o que se 
observou foram experiências desastrosas pelas elevadíssimas retrações experimentadas por esses concretos. 
Mais que nas estruturas, a resistência mecânica do concreto deve ser otimizada para permitir a sua 
obtenção com valores mais adequados de materiais cimentidos e, para isso, a análise dos agregados 
também é muito importante. 
A resistência do concreto está intimamente relacionada à resistência da pasta de cimento, do agregado 
e da interface pasta-agregado, sendo esta bastante crítica no caso de esforços á tração na flexão. 
O primeiro fator a ser analisado é a relação água/cimento, a/c, ([Lie representa seguramente o principal 
parâmetro da resistência do concreto. Trabalhos experimentais indicam que a relação a/c explica, em 
média, 95% das variações da resistência à compressão; quando se trata do modulo de ruptura - resistên-
cia à tração na flexão tem-se observado que a Lei de Abrams, quando considerada isoladamente, é 
insuficiente para explicar as parcelas mais expressivas dessa resistência {Bucher e Rodrigues, 1983), 
de vendo-se lançar mão de outros fatores, principalmente da aderência pasta-a grega do, que é fruto não 
só da resistência da pasta, mas também da textura e forma do agregado graúdo. 
1 I ItiôricLi (í ,i deforma-lo COT1 o teniiMi qoe u concreto ajiresenla, devida a uin,i carga atuando [íefmüntJnlemiJfittV 
34 Manual Cleid.ni de 1'ÍMÍS Industriais 
Os agrega cios afetam notadamente a resistência à tração na flexão, devido principalmente à natureza 
minera lógica, forma geométrica e textura das partículas, Ensaios comparativos com seixo rolado, que 
possui superfície lisa, e calcário britado indicaram que nesie a resistência à tração na flexão pode ser até 
25% maior para a mesma relação a/c (Kaplan, 1963), O mesmo estudo indica que, quanto maior foro 
volume do agregado graudo com relação ao total, menor será o módulo de ruptura, devido ao aumento 
da dimensão média do agregado total. 
Quanto à forma, agregados com partículas que se afastam da forma esférica conferem ao concreto 
maior módulo de ruptura, pelo simples fato cie apresentarem maior área de contato com a argamassa e 
um melhor engaste, Esse afastamento deve ocorrer dentro de certos limites, sendo que a forma ideal 6 a 
cúbica. Concretos com agregados disformes (forma de disco) ou aciculares (forma de agulha) apresen-
tam baixa resistência à flexão, além de facilitarem a formação de bolsòes, por dificultarem a saída da 
água exsudada, diminuindo a aderência matriz-agregado (Bucher e Rodrigues, 1983), 
6.3 Resistência ao desgaste 
Embora a resistência ao desgaste devesse estar também enquadrada no item precedente, pois não deixa 
de fazer parte das propriedades resistentes do concreto, preferimos tratá-la Isoladamente em função da 
sua importância no tema, 
Podemos definir como resistência ao desgaste ou à abrasão a capacidade de o concreto resistir a esfor-
ços abrasivos, de c.tráler superfk ial, ,i que ele estará submetido ao loií^o cie sua vicia útil. Sr nos concre-
tos estruturais essa propriedade não é pratic amente exigida, nos pavimentos ela acaba assumindo muita 
importância, visto que estes sempre estarão sujeitos a algum tipo de ação abrasiva. 
Estas solicitações podem ser de diversas magnitudes, desde as mais brandas, como o tráfego de veículos 
leves, até solicitações mais severas, como o tráfego intenso de pedestres, empilhadeiras industriais de 
rodas rígidas, veículos com rodas metálicas, arrastes dc cargas ou peças metálicas, que podem ser ainda 
mais incrementadas dependendo da quantidade de partículas abrasivas depositadas sobre o piso. 
í interessante observar que, nos dois últimos anos, temos observado, com mais intensidade na região Sudeste 
do Brasil, o aumento expressivo dc problemas de desgaste excessivo, principalmente em áreas que no passa-
do eram imunes a esse tipo de ocorrência, como as garagens de edifícios residenciais e comerciais, 
Um dos motivos que poderiam explicar essas ocorrências é o baixo crescimento da resistência dos 
concretos após os 1V> dias de idade: no passado, um concreto comprado com resistência de 1 5 MPa 
podia facilmente atingir patamares bastante elevados, com idades mais avançadas, devido a caracterís-
ticas de finura que o cimento apresentava; eesse falo acabava por compensar uma especificação inicial 
mal-feita para o concreto. Atualmente há pouco acréscimo na resistência em idades mais avançadas. 
Outro fator importante são os agregados hoje disponíveis, muitos deles com excesso de finos que, por 
possuírem massa específica mais baixa, acabam aflorando na superfície durante o processo deexsudação 
e tornando-a menos resistente, O mesmo pode ser dito com relação às adições do cimento. 
No estudo dessa propriedade importante, normalmente esbarramos em uma dificuldade operacional, 
que ê a falta de métodos de ensaio que permitam a avaliação precisa tanto do concreto como dos 
produtos de endurecimento freqüentemente empregados nos pavimentos industriais, O método de en-
saio hoje disponível no Brasil (ABNT, 1992) foi concebido para argamassas de alta resistência, que eram 
polidas, deixando os agregados aparentes, conferindo a elas valores abrasivos elevados. 
M . I I I I M I (íeidiiu <tv Plíos liukjstri.ils 
Hoje, com o emprego de pisos monolíticos onde é feita apenas uma aspersão superficial de agregados de alta 
resistência (sistema clry-shâke), ou é aplicado sobre o concreto líquidos endurecedones, o aluai método cia 
ABNT costuma destruirá camada superficial endurecida, não permitindo uma boa avaliação desses produtos; 
além disso, há enorme dispersão entre os resultados dos poucos {quatro) laboratórios que disponibilizam esse 
ensaio. Portanto, há necessidade urgente de adoção de outro método de ensaio que permita a avaliação mais 
precisa da resistência à abrasão, pois é muito difícil executar uma especificação apenas com base qualitativa, 
Entre os diversos fatores que podem influenciara resistência ao desgaste, o principal é a resistência do concreto, 
como podemos visualizar na figura G.1 (LIU, 1994), que mostra a perda |>or abrasão em ensaios disponíveis na 
ASTM, na qual observamos que, independentemente do tipo de ensaio, quanto menor a relação água/cimento, 
ou seja, maior a resistência, menor será a perda de massa do concreto. O mesmo autor (LIU, 1994) também 
apresenta resultados de ensaios com quatro agregados diferentes, na figura 6,2; comparando os ensaios de 
calcárioe quartzlto, observamos que este agregado ê mais duro e a resistência do concreto tem menos influência. 
Relação águíVcirrerUo 
F I G U R A & . I Í Ciei to da resistência mecânica sobre o deígaslc 
21 26 35 42 43 56 63 70 (MPfl) 
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Manual (ierdnu de Pisos Industriais 
Embora a resistência cio concreto determine a capacidade de o piso ser resistente? ao desgaste, existem 
outros fatores que podem influenciá-la; dentre eles, a exsudação pode ser um dos mais importantes, 
pois é capaz de alterar bastante a resistência superficial do concreto. 
Vale a pena ressaltar que, quando empregamos apenas a resistência do concreto como ferramenta de 
controle da retração do concreto, podemos ter a necessidade da utilização dc1 valores muilo elevados em 
toda a espessura da placa, enquanto apenas a superfície tio pavimento estará sujeita aos esforços abrasivos, 
Para evitar o emprego de em concreto muito resistente em toda a espessura da placa, é bastante comum 
aaplicação do revestimento de alta resistência ao desgaste, incorporado à superfície pelos sistemas do 
aspersão do misturas secas de cimento {dry-shnke), agregados (minerais ou metálicos) o aditivos, em 
taxas variando entre 4 kg/m* e 9 kg/m2, durante a fase de acabamento, ou mesmo pela incorporação de 
argamassas especiais - sistema úmido-sobre-úmido que conferem elevada resistência ao desgaste. 
O uso dos dry-shakes tem-se popularizado bastante no nosso meio, existindo linhas de produtos com 
apelo estético, fornecidos em ampla gama de cores. Normalmente esses produtos permitem a obtenção 
de valores adequados, mas estão sujeitos também à exsudaçlo do concreto, pois variações nos teores de 
água na superfície podem alterar substancialmente a resistência superficial, 
Dentro da linha da resistência mecânica, podemos inferir que os métodos executivos que afetam essa 
propriedade acabam também contribuindo para a durabilidade do piso, Por exemplo, acabamentos 
executados com equipamentos mecânicos apresentam resistência ao desgaste muito superior àqueles 
acabados manualmente (LIU, 1994); da mesma forma que contribuem, essas técnicas podem piorar o 
desempenho, caso se empreguem procedimentos inadequados, como lançar água sobre a superfície 
durante a fase de acabamento ou deficiências nos processos de cura. 
6.4 Retração do concreto 
A retração tio concreto vem sendo um dos temas mais importantes para a evolução dos pisos industriais 
e, por este motivo, deve ser o mais estudado e pesquisado por aqueles interessados no assunto, quer 
sejam tecnologistas do concreto, projetistas de pavimentos, executores e fornecedores de insumos. 
Sc a retração do concreto não for levada em consideração, teremos o insucesso do projeto em função 
das inúmeras fissuras presentes; e quando adequadamente considerada, representa parcela significativa 
nas taxas de reforço. A título de exemplo, em um pavimento continuamente armado, emprega-se taxa 
do armadura entre 0,4% o 0,0%, e ainda é possível observarmos fissuras, Para controlá-las integralmen-
te, o pavimento deveria ter taxa de armadura - relação entre a área de aço e da seção da placa - da 
ordem de 1 % (WRI, 1996); apenas para comparar, em um piso industrial com placas modestas, digamos 
até 12 m, essa taxa de armadura é inferior a 0,1%. 
Infelizmente a realidade que enfrentamos hoje é muito diferente: pouco se tem pesquisado sobre o 
assunto e muito menos importância tem-se dado a ele. Freqüentemente temos testemunhado depoi-
mentos de profissionais do setor que acabam simplesmente culpando as condições executivas ao invés 
de buscar as causas verdadeiras do problema, Acredita-se que isso venha ocorrendo principalmente 
porque temos novas formas de patologias que ainda não sabemos explicar adequadamente, principal-
mente aquelas relativas às primeiras idades do concreto (< 24 horas) em um estágio em que a adoção tie 
reforços como telas ou fibras de aço ainda não apresentam uma aderência efetiva com a matriz a ponto 
de restringirem a abertura das microfissuras. 
M . I I I I M I ( Í M L I U - I (FE Pisus liuhjstri.ILÜ 
Alé a década de 1990, analisar as patologias referentes à retração hidráulica era tarefa relativamente 
simples, pois as fissuras tinham comportamento perfeitamente previsível, funcionando como juntas -
eram inclusive paralelas a estas -, denotando ou atraso no cone das juntas, ou reforço inadequado para 
o comprimento da placa, ou posicionamento inadequado das armaduras. Com o aprimoramento cias 
técnicas de dimensionamento e executivas, podemos considerar que houve drástica redução nesse tipo 
de patologia, mas surgiram outros tipos de fissuras, que só podem ser explicadas pela retração nas 
primeiras idades (Holt, 2000], ou melhor, nas primeiras horas, 
Essas fissuras não devem ser confundidas com as fissuras de retração plástica, que ocorrem no estado 
plástico cio concreto, quando temos a Incidência dc? ventos na superfície e que possuem características 
peculiares, ocorrendo em grupos de fissuras paralelas entre si e ortogonais ao vento predominante. As 
fissuras a que nos referimos ocorrem quando o concreto já não está mais plástico e podem ser causadas 
tanto por retração hidráulica ou autógena - aquela que acontece sem que haja troca de umidade com 
o meio ambiente, 
Essas fissuras apresentam comportamento na formação completamente aleatório, criando um padrão 
de fissuras difícil de imaginar como se iniciou, fi muitas vezes essas fissuras estão muito próximas a 
juntas serradas, evidenciando que ocorreram antes do corte e que eventuais reforços empregados para 
combatê-las ainda não estavam atuantes. 
Robert Yuerberg (Yuerberg, 1907} há mais de quinze anos alertou sobre a influência das alterações nas 
características cios materiais, condições ambientais que estariam levando grada ti vãmente ao aumento 
da retração hidráulica do concreto; também alertou com muita propriedade que o emprego de 
especificações excessivas, resistências muito elevadas e concretos cie abatimentos exagerados acabam 
contribuindo para esse problema. 
Embora abordagem similar já tenha sido feita em artigos de Congressos anteriores (Rodrigues, 1997, e 
Rodrigues e Montardo, 2001), iremos novamente abordar fatores que afetam a retração do concreto, 
mas considerando tanto a retração hidráulica clássica como a que ocorre nas primeiras horas. 
Temperatura 
Nós brasileiros, talvez pelo fato de estarmos acostumados com o nosso clima, consideramos geralmente 
perfeitamente normal uma concretagem com temperatura ambiente de 30"C. Freqüentemente quando 
se pergunta aos técnicos das concreteiras quais os procedimentos que serão empregados para enfrentar 
a concretagem sob temperaturas elevadas, a resposta-padrão é: empregaremos aditivo retardador de 
pega(!), como se isso fosso o suficiente para controlar os malefícios da temperatura, que irão redundar 
na perda de água do concreto. 
Obviamente que essa posição não é compartilhada por todos os produtores de concreto, mas a maioria 
acredita que retardar a pega cio concreto é a solução, enquanto a verdade é bem diferente. Condições 
climáticas adversas -• vento, umidade relativa do ar, temperatura ambiente e do concreto - afetam 
drasticamente a retração do concreto e esse efeito pode ser medido pela taxa cie água evaporada, 
conforme mostrado na figura 6,3 (Holt, 2000], 
Mais didática ainda pode ser a figura 6,4 (Holt, 2000), que apresenta o comportamento do concreto 
para três condições cie evaporação bastante distintas, f! interessante observar que após as primeiras 24 
horas, a curva de retração 6 bastante similar para as diferentes condições de evaporação. 
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Horas Dias 
Figura 6,4 
As condições que devemos seguir paro concretagens em climas quentes são perfeitamente definidas 
(AG, 1999)/ mas algumas providências simples podem ser tomadas sem custos adicionais e que benefi-
ciam muito o concreto, como: não empregar cimento quente, manter os agregados na usina sempre 
úmidos, permitindo o seu resfriamento, durante o transporte não empregar rotações muito elevadas no 
caminhão-be tone ira, efetuar as concretagens cm horários mais frescos do dia e manter o concreto 
protegido da incidência de ventos. 
Agregados 
Os agregados podem interferir na retração hidráulica do concreto por duas vias diferentes. A primeira 
pela sua qualidade, pois agregados sujos ou com excesso de materiais pulverulentos ou com caracterís-
ticas desfavoráveis podem aumentara retração entre 25% e 7!>% [Ylterberg, 1987). Um fato verdadeiro 
nos grandes centros consumidores é a escassez de agregados de boa qualidade, havendo a dissemina-
ção do emprego de agregados com excesso de material pulverulento e, como a resistência do concreto 
pode ser mantida mesmo com o emprego deles, acabam passando desapercebidos.

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