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1 
 
Disciplina: Direito Administrativo Constitucional 
Autores: M.e Luis Alberto Hungaro 
Revisão de Conteúdos: Murillo Hochuli Castex 
Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
 Luis Alberto Hungaro 
 
 
 
 
 
Direito Administrativo Constitucional 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
HUNGARO, Luis Alberto. 
Direito Administrativo Constitucional / Luis Alberto Hungaro. – Curitiba, 
2018. 
55 p. 
Revisão de Conteúdos: Murillo Hochuli Castex. 
Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki. 
Material didático da disciplina de Direito Administrativo Constitucional – 
Faculdade São Braz (FSB), 2018. 
ISBN: 978-85-5475-252-1 
 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
 
Esta disciplina propõe-se a abordar os seguintes conteúdos: os 
fundamentos da República Federativa do Brasil, incluindo direitos e deveres 
individuais aplicados às instituições militares federais e estaduais e a seus 
integrantes; o direito de nacionalidade e direitos políticos aplicados aos 
integrantes das instituições militares; as competências constitucionais e a 
legislação das instituições militares federais e estaduais; a disciplina 
constitucional da Administração Pública e das instituições militares federais e 
estaduais; a intervenção federal e estadual, contemplando a defesa do Estado e 
das instituições democráticas e funções essenciais à Justiça; as Inovações 
constitucionais acerca da competência da Justiça Militar dos Estados e seu 
reflexo para o exercício do poder disciplinar e da polícia judiciária militar; a 
Justiça Militar da União e Estadual e os novos rumos em face às propostas de 
alteração de sua competência; a internacionalização do Direito Penal Militar, 
bem como a tríplice responsabilidade dos militares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 – Fundamentos da República Federativa do Brasil e direitos e 
deveres individuais em intersecção com as Instituições Militares e seus 
representantes 
 
Apresentação da aula 1 
 
Nesta aula serão estudados temas referentes ao Direito Constitucional e 
a sua influência no ordenamento jurídico militar. Dessa forma, serão 
contemplados os fundamentos da República Federativa do Brasil e as razões de 
sua classificação como Estado Social Democrático de Direito. Em seguida, serão 
vistos alguns dos direitos decorrentes dessa forma de governo. Por fim, serão 
relacionados os temas estudados com as Instituições militares, seus 
representantes e integrantes, especialmente no que concerne ao direito de 
nacionalidade e os direitos políticos. 
Nesse sentido, a presente aula é importante para quem quer compreender 
como o regime constitucional é fundado na concepção de Estado Social 
Democrático de Direito e como isso afeta a seara militar, mostrando-se como 
base para o desenvolvimento do presente curso. 
 
1. Fundamentos da República Federativa do Brasil 
 
A República Federativa do Brasil tem suas bases previstas no art. 1º da 
Constituição Federal. O dispositivo citado prevê como fundamento da República 
a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Dessa forma, mostra-se 
fundamental discutir cada um desses atributos. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
 
7 
 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_1_.asp 
 
Esses fundamentos são decorrentes da concepção de Estado Social 
Democrático de Direito. No caso do Brasil, o próprio preâmbulo da Constituição 
Federal prevê a adoção dessa concepção. 
 
Estado Social Democrático de Direito 
Fonte: https://i2.wp.com/mundodapolitica.com/wp-content/uploads/2018/02/Estado-
Democra%CC%81tico-de-Direito.jpg?fit=1200%2C628&ssl=1 
 
Sucintamente, faz-se breve histórico da evolução do Estado, tendo como 
ponto de partida o Estado absolutista, que visa meramente atender às vontades 
de seu soberano. Tal panorama é irrompido com a Revolução Francesa, em 
1789, em que se cria uma nova tendência na atuação estatal, rompendo com as 
práticas absolutistas. A partir desse momento, o Estado se preocupava em limitar 
os seus próprios poderes em respeito aos direitos dos administrados, em uma 
espécie de prestação negativa. Nesse momento, surge o Estado Democrático. 
Posteriormente, além dessa conduta negativa de não interferir na esfera 
dos seus administrados, o Estado passa a garantir os direitos sociais básicos e 
https://i2.wp.com/mundodapolitica.com/wp-content/uploads/2018/02/Estado-Democra%CC%81tico-de-Direito.jpg?fit=1200%2C628&ssl=1
https://i2.wp.com/mundodapolitica.com/wp-content/uploads/2018/02/Estado-Democra%CC%81tico-de-Direito.jpg?fit=1200%2C628&ssl=1
 
8 
 
a regular a economia por meio de uma prestação positiva, chamado de Estado 
Social, tendo como expoentes a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição 
de Weimar, em 1919. 
O ideal de Estado Social Democrático foi concebido no período da 
Revolução Industrial, que trouxe diversos problemas de ordem social à 
população, principalmente pela exploração da mão de obra do trabalhador. A 
partir desse momento, o administrado passa a ter uma série de direitos 
garantidos que visam o bem-estar social e condições dignas de vida, passando 
a ser considerado cidadão. Adiante, os fundamentos da República serão 
expostos em vista dessa concepção de Estado. 
 
1.1 A soberania 
Importante 
A soberania remete ao poder do Estado, tanto em âmbito 
interno, perante os seus cidadãos e organizações da iniciativa 
privada, de modo que o Estado em si é a figura maior, bem 
como em âmbito externo em face aos demais Estados, impondo 
a sua independência e autonomia. 
 
Francisco Rezek aponta que a soberania é um dos traços de 
reconhecimento de um Estado, apontando que se identifica tal traço “quando seu 
governo — ao contrário do que sucede com o de tais circunscrições — não se 
subordina a qualquer autoridade que lhe seja superior, não reconhece, em últimaanálise, nenhum poder maior de que dependam a definição e o exercício de suas 
competências, e só se põe de acordo com seus homólogos na construção da 
ordem internacional (...)” (REZEK, 2011). 
Dessa forma, o Estado é a maior figura dentro do território Nacional e se 
mostra autônomo e independente em face aos outros países. Tal traço é inerente 
à figura do Estado e, no caso do Brasil, não seria diferente. 
 
 
 
 
 
9 
 
1.2 A cidadania 
 
O vocábulo cidadania provém do latim civitas, que significa cidade. Esse 
conceito está ligado intrinsecamente às pólis gregas e romanas e diz respeito à 
participação política (REZENDE FILHO, 2001). Em sua concepção antiga, a 
cidadania se referia às pessoas que faziam parte da cidade e possuíam direitos 
e deveres por habitar nela. A cidadania é um dos pilares do Estado Brasileiro. 
Sobre esse tema, Dalmo de Abreu Dallari ensina que: 
 
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a 
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu 
povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida 
social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade 
dentro do grupo social” (DALLARI, Dalmo de Abreu. 1998). 
 
Portanto, a cidadania se mostra como base do Estado Brasileiro e, por 
isso, é fundamental a participação da população na fiscalização e participação 
da atuação estatal. Sobre os direitos que o cidadão possui, tem-se a chamada 
dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado, em relação 
intrínseca com a cidadania. 
 
1.3 A dignidade da pessoa humana 
 
A dignidade da pessoa humana refere-se a um princípio-base do Estado 
Brasileiro, que imputa o dever de garantir ao cidadão a satisfação de seus 
direitos e necessidades mais básicas, ou seja, a proteção ao mínimo 
existencial. Assim, ainda que a atuação estatal vise alcançar a supremacia do 
interesse público, se aquela infringir a dignidade da pessoa humana de um 
cidadão, a ação do Estado deverá ser preterida (BARROSO, 2010). 
Nesse sentido, Luiz Roberto Barroso aponta que: “Em síntese sumária, a 
dignidade da pessoa humana está no núcleo essencial dos direitos 
fundamentais, e dela se extrai a tutela do mínimo existencial e da personalidade 
humana, tanto na sua dimensão física como moral” (BARROSO, 2010). 
 
 
 
 
10 
 
Vocabula rio 
Conforme Luis Roberto Barroso, o mínimo existencial é a 
locução que remete ao conjunto de bens e utilidades básicas 
para a subsistência física e indispensável ao desfrute dos 
direitos em geral (BARROSO, 2010). 
 
Como o princípio da dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos 
da República Federativa do Brasil, trata-se de um dever fundamental do Estado 
efetivar o respeito a esse princípio, garantindo o mínimo existencial ao cidadão 
brasileiro e àqueles presentes em seu território. 
 
1.4 Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa remetem basicamente 
ao trabalhador e ao empregador/empresário. Esses fundamentos da República 
são imprescindíveis, uma vez que o trabalho e a livre iniciativa do empreendedor 
são os motores da economia e, consequentemente, do desenvolvimento material 
da sociedade. 
O Direito do Trabalho se mostra uma ferramenta importante para 
garantir os valores sociais do trabalho e a proteção ao 
trabalhador. 
 
Ao mesmo tempo, a livre iniciativa também deve ser protegida, porém 
balizada pela lei, para que esses fundamentos tenham um equilíbrio entre si. 
Sobre a dignidade do trabalhador, Thereza Gosdal nos ensina que: “no 
âmbito das relações de trabalho a dignidade assume a característica de 
instrumento contra as violações de direitos fundamentais dos trabalhadores, que 
os desconsideram como sujeitos de direitos” (GOSDAL, 2007). Nesse sentido, 
se pauta o fundamento da república ora discutido: proteção ao trabalhador e de 
sua dignidade em face à dinâmica do mercado. Essa preocupação surge como 
traço do Estado Moderno no período da Revolução Industrial, período em que 
não havia qualquer proteção ao trabalhador. 
 
11 
 
Em relação à livre iniciativa, Celso Ribeiro Bastos ensina que essa se 
“consagra tão-somente a liberdade de lançar-se à atividade econômica sem 
encontrar peias ou restrições do Estado. Este princípio conduz necessariamente 
à livre escolha do trabalho, que, por sua vez, constitui uma das expressões 
fundamentais da liberdade humana” (BASTOS, 2000). 
Vale citar que a livre iniciativa encontra restrições para a proteção do 
mercado, seus agentes e do próprio trabalhador, alcançando assim a noção de 
dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho, temas já 
analisados. 
 
1.5 O pluralismo político 
 
Uma das bases da República Democrática Brasileira diz respeito à 
pluralidade política, ou ainda, de partidos políticos, o que permite um número 
ilimitado de partidos políticos no cenário nacional, desde que atendidos os 
requisitos previstos na lei constitucional e eleitoral. 
Assim, visa-se contemplar diferentes ideologias e proteger a faculdade de 
participação da sociedade no âmbito político por intermédio das mais diversas 
legendas. Esse é um traço característico dos Estados Democráticos e evidencia 
o propósito de gerar a descentralização do controle de poder por parte de uma 
ideologia única. 
Tal fundamento se trata de um meio da proteção ao direito de expressão. 
Vale citar ainda a importância dos partidos políticos, conforme aponta Dieter 
Grimm (MENDES, 2013): “são importantes instituições na formação da vontade 
política. A ação política realiza-se de maneira formal e organizada pela atuação 
dos partidos políticos. Eles exercem a função de mediação entre o povo e o 
Estado no processo de formação da vontade política, especialmente no que 
concerne ao processo eleitoral”. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a 
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da 
pessoa humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou 
de subordinação a estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e 
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e 
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e 
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições 
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e 
fidelidade partidária. 
 § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, 
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à 
televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos 
votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um 
mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou 
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um 
terço das unidades da Federação. 
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. 
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é 
assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os 
tenha atingido, não sendo essa filiaçãoconsiderada para fins de distribuição dos recursos do 
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_17_.asp 
 
Evidentemente, o pluralismo político se mostra como base da democracia 
ao permitir a coexistência das mais diversas ideologias e ainda permitir que a 
pessoa humana exerça sua cidadania. 
 
1.6 Os direitos e deveres individuais do cidadão 
 
Conforme já analisado, com a evolução do Estado, o cidadão adquiriu 
uma série de direitos e deveres que devem ser garantidos pela atuação estatal, 
seja em vista de não ferir os direitos fundamentais, mas também por intermédio 
 
13 
 
da prestação de serviços públicos essenciais ao bem-estar da população. Isso é 
garantido pela dignidade da pessoa humana, conforme já visto. 
No âmbito da Constituição Federal, os direitos e deveres individuais estão 
dispostos no decorrer de seu bojo, porém sua grande maioria se concentra no 
art. 5º e os seus incisos. O Estado Brasileiro tem como dever proteger tudo isso, 
conforme expresso no preâmbulo da Constituição. 
Luís Roberto Barroso ensina que 
 
No tocante à Democracia, é possível considerá-la em uma dimensão 
predominantemente formal, que inclui a ideia de governo da maioria e 
de respeito aos direitos individuais, frequentemente referidos como 
liberdades públicas – como as liberdades de expressão, de associação 
e de locomoção –, realizáveis mediante abstenção ou cumprimento dos 
deveres negativos pelo Estado (BARROSO, 2010) 
 
 
Por se tratar da base Estado Social Democrático de Direito, as Instituições 
Militares e seus representantes deverão respeitar os direitos e deveres previstos 
na Constituição Federal, devendo, inclusive, atuar com vistas a efetivar esses 
direitos, defendendo a Pátria e garantindo os poderes constitucionais, sob 
autoridade do Presidente da República. 
 
1.6.1 Os direitos de nacionalidade 
 
A declaração Internacional de Direitos Humanos prevê em seu artigo 15 
que todo ser humano tem direito à nacionalidade, não podendo ser privado de 
ter tal direito, tampouco de mudar a sua nacionalidade. Esse direito possui 
notoriamente o status de direito fundamental e no Brasil não é diferente. 
A nacionalidade nada mais é do que “um vínculo político entre o Estado 
soberano e o indivíduo, que faz deste um membro da comunidade constitutiva 
da dimensão pessoal do Estado” (REZEK, 2011). Vale realizar algumas 
observações sobre a nacionalidade: O titular da nacionalidade se trata somente 
da pessoa humana e o Estado soberano é o único legitimado para outorgar a 
nacionalidade (REZEK, 2011). 
A Constituição prevê alguns critérios para se adquirir a nacionalidade 
brasileira: (a) nascer no território brasileiro (critério ius solis); (b) ser descendente 
de pai ou mãe brasileiro, independentemente do local de nascimento, (critério 
 
14 
 
ius sanguinis). Já as especificidades de aplicação desses critérios estão 
dispostas no art. 12 da Constituição Federal. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 
 [...] Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam 
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa 
do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira; 
Disponível 
em: http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_04.06.1998/art_12_.asp 
 
1.6.2 Direitos políticos 
 
Os direitos políticos são aqueles inerentes à participação popular no 
Estado Democrático, mediante a condição de cidadão. Por intermédio desses 
direitos, participa-se do processo político, seja pelo voto, ou outra manifestação. 
No Brasil, particularmente, tem-se o voto nas eleições, em referendos e 
plebiscitos. 
A Constituição Federal prevê nos arts. 14, 15 e 16 a especificação desses 
direitos. Vale citar a lição de Gilmar Ferreira Mendes acerca da temática: “Os 
direitos políticos formam a base do regime democrático. A expressão ampla 
refere-se ao direito de participação no processo político como um todo, ao direito 
ao sufrágio universal e ao voto periódico, livre, direto, secreto e igual, à 
autonomia de organização do sistema partidário, à igualdade de oportunidade 
dos partidos” (MENDES, 2013, p. 681). 
Ante a isso, fica evidente que os direitos políticos se mostram como base 
da Democracia e, assim, corroboram com o pluralismo político, fundamento da 
República Federativa Brasileira. Por fim, vale citar o que está previsto no art. 1º 
 
15 
 
da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Essa 
é mais uma ratificação que o legislador incluiu no texto constitucional com o 
intuito de reforçar o regime Democrático e a pluralidade política. 
 
1.7 Os militares e os direitos políticos 
 
Os militares estão sujeitos a um regime diferenciado em relação aos seus 
direitos e, no caso dos direitos políticos, não seria diferente, por exemplo: a 
Constituição prevê a impossibilidade de se filiar a partidos políticos. Nessa via, 
é importante analisar como os militares e as suas instituições comunicam os 
direitos e deveres fundamentais, em específico, os direitos políticos. 
Partindo da restrição à filiação a partidos políticos, e, consequentemente, 
de serem eleitos enquanto constarem como servidores ativos do exército, os 
militares chamados ao serviço militar têm a sua cidadania passiva restringida, 
não possuindo o direito de serem votados (SILVA, 2000, p.391). 
 
Os Militares e os Direitos Políticos 
Fonte: https://pixabay.com/pt/os-militares-partida-servi%C3%A7o-569899/ 
 
Assim, aqueles chamados a cumprir o serviço militar não possuem 
capacidade eleitoral ativa e são absolutamente inelegíveis – os chamados 
conscritos nos termos do art. 3º, 5, do Dec. 57.654/66. Os militares de carreira 
não se incluem na vedação ora discutida, posto que a sua adesão ao exército se 
trata de exercício de sua vontade (CASSEB, 2015, p.135). 
 
16 
 
A Lei 6.880/80 prevê que os militares não poderão utilizar seus uniformes 
em manifestação e nem usar as designações hierárquicas para fins políticos. A 
Constituição Federal prevê a possibilidade do militar alistável se eleger, porém 
deverá se afastar da atividade militar ou será passado para a inatividade, a 
depender do caso (cf. art. 14, §8º da Constituição Federal), (SALGADO, E.D. 
2013. p.354). 
Tais medidas visam proteger a Democracia e as atribuições do voto 
(CASSEB, 2015. p.135). Sobre essa possibilidade, cita-se o teor do art. 14, §9º. 
 
 
CONSITUIÇÃO FEDERAL 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, 
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua 
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de 
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das 
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou 
emprego na administração direta ou indireta. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_atual/art_14_.asp 
 
A partir do dispositivo supracitado, fica evidente que é legítima a restrição 
à elegibilidade dos militares, uma vez que visam proteger a democracia 
(CASSEB, 2015, p.139). Nesse sentido, há a intenção de se fundar um partido 
militar brasileiro, porém isso ainda não foiconcretizado. Consoante Eneida 
Desiree, tal medida pode ser interessante para verificar o alcance das restrições 
aos direitos políticos dos militares, bem como por a prova a extensão da 
Democracia do Brasil (SALGADO, 2013, p.358). 
 
1.8 Os militares e o direito de nacionalidade 
 
A nacionalidade representa um critério fundamental para aqueles que 
deverão seguir a carreira no exército. Isso porque a Constituição Federal prevê 
 
17 
 
em seu art. 12, §3º que apenas os brasileiros natos poderão obter o cargo de 
oficial das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). 
Isso significa que nos casos em que o oficial das Forças Armadas perder 
sua nacionalidade, ele consequentemente perderá seu cargo. O art. 12, §4º da 
Constituição prevê que o brasileiro nato perderá sua nacionalidade a partir do 
momento em que adquirir outra nacionalidade, salvo os casos em que comportar 
exceção (alíneas a e b do artigo em comento). 
A princípio, o militar que perder a nacionalidade deverá ser desligado dos 
quadros da Instituição, enquanto que o oficial deverá perder o posto e a patente, 
por ser considerado indigno para o oficialato nos termos do art. 120, IV do 
Estatuto dos militares (SOARES, 2012). 
Segundo o site do Itamaraty, a perda da nacionalidade se dará mediante 
processo administrativo, com direito ao contraditório e exercício da ampla 
defesa. O Órgão ainda afirma que esse processo não é automático, mas que 
pode ser instaurado pelas autoridades. Existe a possibilidade de reaquisição da 
nacionalidade, desde que a causa de perda se cesse, nos termos do art. 76 da 
Lei 13.445/2017. Nesse caso, o ex-militar não é reintegrado automaticamente às 
Forças Armadas e precisará prestar novo concurso público, caso deseje se 
tornar militar novamente (SOARES, 2012). 
 
Conclusão da aula 1 
 
Conforme exposto durante a primeira aula, evidencia-se que o Brasil se 
configura como um Estado Social Democrático de Direito em que o cidadão 
possui uma gama de direitos e deveres garantidos pelo modelo de Estado. 
Nesse sentido, verifica-se que a consecução dessa prerrogativa do cidadão é o 
objetivo do Estado Brasileiro. Esses direitos e deveres deverão ser respeitados 
por todos e no caso das Forças Armadas não seria diferente. 
Ao longo da aula foi realizado a comparação entre os direitos políticos e 
o direito de nacionalidade em relação aos militares. A partir dessa análise, 
verificou-se que os direitos políticos dos integrantes das Forças Armadas são 
limitados em vista de proteger a Democracia, enquanto que a perda da 
Nacionalidade pode imputar na perda do cargo militar. 
 
18 
 
Nesse sentido, procurou-se inserir a questão militar no debate: a 
influência das forças armadas nesses direitos e deveres e a relação dos militares 
com os direitos políticos e de nacionalidade, em vista de se verificar se há 
particularidades no exercício dessas garantias por parte do agente militar. 
Atividade de Aprendizagem 
A Constituição Federal prevê em seu corpo uma gama de 
direitos e deveres aos cidadãos. Dessa forma, explique qual o 
fundamento para a garantia desses direitos e, à luz dos artigos 
142 e 144 da Constituição Federal, explique qual o papel das 
Forças Armadas em relação a essa prerrogativa dos cidadãos. 
 
 
 
Aula 2 – Competências constitucionais, legislação e a disciplina 
constitucional da administração pública das instituições militares 
 
Apresentação da aula 2 
 
A presente aula tem como intuito o estudo de temas referentes ao Direito 
Constitucional e Administrativo, com destaque à intersecção entre essas 
matérias e as Instituições Militares de cunho federal e estadual. Dessa forma, 
será analisada a competência das Instituições Militares atribuídas pela 
Constituição Federal, fazendo uma breve análise da legislação militar. 
A seguir, será o momento de analisar a disciplina constitucional da 
Administração Pública e como a Constituição modulou a atuação dos agentes 
públicos, mediante os princípios constitucionais, realizando-se um cotejo com as 
instituições militares, enquanto parte do Estado, tendo o dever de atender o 
interesse público e a probidade administrativa. 
Em vista de compreender o universo das Instituições Militares, é 
fundamental verificar o tratamento dado a elas pela Constituição Federal pela 
legislação infraconstitucional, bem como se dá o funcionamento do ordenamento 
jurídico administrativo, para então constatar as especificidades da administração 
militar. 
 
19 
 
2.1 As competências constitucionais das instituições militares federais e 
estaduais 
 
A Constituição Federal prevê em seu bojo a competência das Forças 
Armadas no nível da Federação e das instituições militares em nível estadual. 
Os artigos referentes a essas competências são as estruturas do ordenamento 
militar, de modo que o tratamento mais específico fica por conta das leis 
infraconstitucionais, como será visto adiante. 
 
2.2 A competência constitucional das Forças Armadas em nível Federal 
 
A competência constitucional das Forças Armadas está prevista no 
art. 142 da Constituição Federal. Em análise ao dispositivo, nota-se que as 
Forças Armadas são compostas por: Exército, Aeronáutica e a Marinha. O artigo 
também aponta a finalidade: a defesa da Pátria brasileira, a garantia dos poderes 
constitucionais, e, por iniciativa desses, a lei e a ordem, quando necessário. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 
Art. 142 As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na 
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da 
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da 
ordem. [...] 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_142_.asp 
 
A autoridade máxima das Forças Armadas é o Presidente da República, 
de modo que ele é responsável pela nomeação dos oficiais, dando-lhes a 
patente, com as devidas prerrogativas (cf. art. 142, I, da CFRB). O artigo em 
comento ainda prevê a impossibilidade do uso do Habeas Corpus em caso de 
prisão militar, a necessidade da promulgação de leis infraconstitucionais 
especiais para a tutela das Forças Armadas, entre outros direitos e vedações 
dos militares. 
 
20 
 
Outros pontos relevantes se tratam da vedação dos militares em 
participarem de Partidos Políticos, a sindicalização e a greve, bem como da 
possibilidade de perda de seu posto e da patente, no caso de indignidade ou 
incompatibilidade mediante decisão de Tribunal. Posteriormente, será analisada 
a competência referente à esfera estadual. 
 
2.3 A competência constitucional das Forças Armadas em nível estadual 
 
A Constituição Federal tutela, a partir do artigo 144, a questão da 
segurança pública. O legislador optou por conferir a competência das Forças 
Armadas em nível estadual neste capítulo. A polícia estadual é composta pela 
Polícia Militar do Brasil e o Corpo de Bombeiros Militar e são tidos como forças 
auxiliares e reservas do Exército, subordinadas aos Governadores dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Territórios, nos termos do parágrafo 6º do art. 144. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Art.144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através 
dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. (...) 
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos 
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de 
atividades de defesa civil. 
§ 6º As polícias militarese corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do 
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Territórios. 
 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_144_.asp 
 
A Constituição ainda tratou de especificar a função da Polícia Militar como 
o dever de polícia ostensiva e preventivo, bem como pela preservação da ordem 
 
21 
 
pública, enquanto que o Corpo de Bombeiros, além das atribuições definidas em 
lei, deve executar as atividades de defesa civil. De um modo geral, o dever do 
Corpo de bombeiros trata-se de combate a incêndios, captura de animais 
silvestres, desempenho de primeiros socorros em casos de acidentes de trânsito 
e desastres naturais, além de outras práticas que visam o bem-estar da 
população. 
Como se tratam de entidades de nível estadual, cada Estado terá sua 
legislação referente ao trabalho dessas corporações. O legislador optou por 
prever a necessidade de criação de leis para tutelar a organização e o 
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de modo a 
alcançar suas especificidades e garantir a eficiência das atividades em cada 
Estado. 
Acerca da estrutura, a polícia a militar possui a composição militar pautada 
em hierarquia e com o dever de disciplina, com as devidas patentes e 
graduações, porém não há o posto de oficial general (ROSA, 2007). O corpo de 
bombeiros, por sua vez, tem estrutura variada, mudando de acordo com o Estado 
em comento: em alguns casos, os bombeiros estão vinculados à polícia militar, 
em outros, configura-se como estrutura autônoma com suas próprias 
especificidades. 
 
2.4 A legislação das instituições militares federais e estaduais 
 
Como já visto, a Constituição Federal instituiu a Competência das 
Instituições Militares em nível federal e estadual. Além disso, previu a 
necessidade de o legislador criar leis a fim de tutelar essas instituições, seja em 
nível federal ou estadual. Assim, mostra-se essencial analisar sucintamente 
quais são os principais diplomas referentes a essas instituições. 
Em âmbito federal, além do previsto na Constituição Federal, tem-se o 
Código Penal Militar, o Código de Processo Penal Militar, o Estatuto dos militares 
e outros diversos diplomas. Há o caráter especial do Direito Penal Militar em 
relação ao Direito Penal tradicional, posto o órgão especial que o aplica: As 
Justiças Militares e o Superior Tribunal Militar. Julio Mirabete ensina que a 
distinção entre o Direito Penal e o Direito Penal Militar só pode ser identificada 
 
22 
 
ao analisar o órgão encarregado de aplicar cada um desses direitos (MIRABETE, 
2003). 
Há muitas divergências na doutrina acerca dessa especialidade, porém, 
entende-se que ela provém do objeto da tutela jurídica do Direito Penal Militar: a 
regularidade das instituições militares, compreendendo os crimes previstos no 
Código Penal Militar (NEVES, 2012). Consequentemente, existe também o 
Código de Processo Penal Militar, que prevê um procedimento diferenciado para 
se aplicar o seu regime penal especial. 
No mesmo sentido, aponta Gilmar Ferreira Mendes: “a competência da 
Justiça Militar limita-se aos crimes militares definidos em lei (art. 124 da CRFB) 
(...). Por essa razão, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal fixou o 
entendimento segundo o qual a Justiça especializada deve julgar os delitos 
militares e não os crimes praticados por militares” (MENDES, 2013). 
O Estatuto dos Militares (Lei 6.880/1980), por sua vez, regulamenta as 
obrigações, direitos, deveres e prerrogativas dos integrantes das Forças 
Armadas. Esse Estatuto foi promulgado em 1980 pelo então presidente João 
Figueiredo. É nessa lei, por exemplo, que se prevê que os membros das Forças 
Armadas formam uma categoria especial de servidores da Pátria. 
 
 
Lei 6.880 de 1980 
 
Art. 1º O presente Estatuto regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas 
dos membros das Forças Armadas. 
Art. 2º As Forças Armadas, essenciais à execução da política de segurança nacional, são 
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, e destinam-se a defender a Pátria 
e a garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem. São instituições nacionais, permanentes 
e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema 
do Presidente da República e dentro dos limites da lei. 
Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam 
uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. [...] 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880compilada.htm 
 
No que concerne às Instituições Militares Estaduais, conforme já citado, 
cada Estado fica responsável por legislar acerca da estruturação e regras de sua 
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Notoriamente, as leis criadas em nível 
 
23 
 
estadual deverão estar em consonância com as normas constitucionais e 
federais, no que for aplicável, ante a hierarquia das normas jurídicas. 
Assim, cada Estado cria seu conjunto de leis em vista de alcançar as suas 
especificidades sociopolíticas. Via de regra, há um estatuto da Polícia Militar e 
um Estatuto do Corpo Bombeiros prevendo a organização geral, a hierarquia, os 
direitos, obrigações e outras informações inerentes à categoria. Por exemplo, no 
caso do Estado do Paraná, o Estatuto da Polícia Militar prevê os pontos 
supracitados e ainda atribui autonomia ao Corpo de Bombeiros. 
Curiosidade 
Observa-se que, em alguns Estados, o Corpo de Bombeiros 
é uma subdivisão da Polícia Militar, por opção do legislador. 
 
 
 
 
 
Lei 1.943 de 1954 - Paraná 
 
Art. 28. O Corpo de Bombeiros, como unidade militar integrante da Corporação, tem uma 
organização especial e atribuições de carater técnico, cumprindo-lhe defender a propriedade 
publica e particular contra o fogo e outras calamidades. 
Art. 29. Administrativamente, a unidade é autônoma para aplicar os meios que lhes foram 
atribuídos pelos órgãos competentes do poder público. 
Disponível 
em: http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAto=14555 
 
Superada a questão das competências atribuídas pela Constituição 
Federal às Instituições Militares Federais e Estaduais, bem como a breve análise 
da legislação infraconstitucional aplicável a essas instituições, evidencia-se que 
o Ordenamento Jurídico Militar possui diversas especificidades, inclusive tendo 
autonomia de julgamento de suas infrações. No que concerne a legislação 
referente à sua atividade, há alguns pontos que são exclusivos e outros que se 
aproximam do regime geral da Administração Pública, conforme será visto 
adiante. 
 
24 
 
2.5 A disciplina constitucional da administração pública 
 
A Constituição Federal Prevê em seu art. 37 diversos princípios que 
estruturam a Função Administrativa do Estado, que, por sua vez, é efetivada 
mediante a Atividade de Estado. Consoante Celso Antônio Bandeira de Mello, a 
função administrativa “é a atividade exercida no cumprimento do dever de 
alcançar o interesse público, mediante o uso dos poderes instrumentalmente 
necessários conferidos pela ordem jurídica” (MELLO, 2012). 
Importante 
O Estado tem como princípio basilar, em sua atuação, a 
Supremacia do Interesse Público sobre o privado. Assim, fala-
se em regime jurídico-administrativo: um conjunto de normas 
sistematizadas e voltadas para uma finalidade jurídica que é a 
efetivação do Interesse Público. 
 
Citam-se, em especial, os princípios estruturantes: o Princípio da 
supremacia do Interesse público sobre o interesse privado e o Princípio da 
Indisponibilidade do Interesse Público. 
Vocabula rio 
Consoante Celso Antônio Bandeira de Mello, o interesse 
público seria o resultado do conjunto dos interesses que os 
indivíduos pessoalmente têm quando consideradosem sua 
qualidade de membros da sociedade. IN: MELLO, Celso 
Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 29. ed. 
São Paulo: Malheiros, 2012. 
 
O Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado 
vincula a autoridade pública em toda a sua atuação, de modo que deve se ater 
às leis de direito público, como poder-dever, que visam proteger o Interesse 
Público sobre o interesse individual, sem qualquer desvio de finalidade e, assim, 
os cidadãos se sentem protegidos em relação aos seus direitos (DI PIETRO, 
2012). 
 
25 
 
Intrinsecamente ligado ao supracitado princípio, tem-se o princípio da 
indisponibilidade do interesse público pelo privado, que prevê que o interesse 
público, da coletividade, não é passível de ser apropriado e que não estão à 
disposição do administrador, tampouco pode ser flexibilizado. Sobre esse 
princípio, é válido citar a concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello: “Sendo 
os interesses públicos qualificados como próprios da coletividade, não se 
encontram à livre disposição de quem quer que seja por inapropriáveis” (MELLO, 
2012). 
O titular desses interesses públicos é o Estado, que protege e os exercita 
por meio da função administrativa, mediante conjunto de órgãos (chamados de 
administração direta), veículos da vontade estatal consagrada em lei. 
Além desses princípios estruturantes ainda temos os princípios 
decorrentes do caput do art. 37 da Constituição, quais sejam o Princípio da 
Legalidade, Princípio da Impessoalidade, da Moralidade Pública, o Princípio da 
Publicidade e o Princípio da Eficiência previstos na Constituição Federal. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...] 
Disponível 
em: http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_04.06.1998/art_37_.asp 
 
Dessa forma, é necessário analisar brevemente os princípios da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. 
 
2.5.1 Princípios do direito administrativo 
 
 O princípio da legalidade se trata de importante premissa para o 
Estado de Direito, visto que remete à necessidade da 
Administração Pública, em todos os seus níveis, se submeter à lei 
e atuar pautada nela. Esse princípio “é em suma: a consagração 
da ideia de que a Administração Pública só pode ser exercida na 
 
26 
 
conformidade da lei e que, de conseguinte, a atividade 
administrativa é atividade sublegal, infralegal, consistente na 
expedição de comandos complementares à lei” (MELLO, 2012, p. 
103); 
 O Princípio da impessoalidade prevê que o Administrador 
Público jamais deverá atuar em favor de razões individuais, seja 
em seu favor, ou de modo a beneficiar ou prejudicar terceiros. “A 
ideia da impessoalidade vincula-se às experiências de vida dos 
administradores, as quais não devem afetar o seu proceder, 
obrigatoriamente informado pelo interesse público” (BACELLAR 
FILHO, 2005, p.45); 
 O Princípio da moralidade evidencia que o agente público deve 
atender a moral em suas condutas. Sobre esse princípio, Celso 
Antônio Bandeira de Mello ensina que: “de acordo com ele, a 
Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de 
princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio Direito, 
configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação, 
porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, na 
conformidade do art. 37 da Constituição” (MELLO, 2012, p. 122); 
 Já o princípio da publicidade prevê que a administração pública 
deverá divulgar os seus atos praticados, permitindo ao cidadão o 
livre acesso das informações e acompanhamento dos atos da 
administração, exceto os dados sigilosos. De acordo com Marçal 
Justen Filho, o princípio impõe que todos os atos do procedimento 
sejam previamente levados ao conhecimento público, que a prática 
de tais atos se faça na presença de qualquer interessado e que o 
conteúdo do procedimento possa ser conhecido por qualquer um” 
(JUSTEN FILHO, 2013, p.353); 
 Por fim, o Princípio da eficiência trata do dever da Administração 
Pública em agir com eficiência ao exercer a função administrativa. 
Marçal Justen Filho ensina que a eficiência se trata da 
consideração da atividade administrativa sob o prisma econômico 
e político, em que os recursos escassos devem ser utilizados para 
 
27 
 
alcançarem o melhor resultado econômico, de forma quantitativa e 
qualitativa (JUSTEN FILHO, 2013, p.501). 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Em seu livro Curso de Direito Administrativo, 
Marçal Justen Filho apresenta o direito 
administrativo como um instrumento de 
promoção da dignidade humana e de 
realização dos direitos fundamentais; de 
maneira didática e contemplando a 
jurisprudência atualizada dos tribunais. 
 
2.6 A aplicabilidade das diretrizes administrativas às Instituições Militares 
 
Neste momento pretende-se realizar uma análise para verificar se a 
Disciplina Constitucional da Administração Pública é aplicável às Instituições ora 
estudadas. Os art. 142 e 144 disciplinam, respectivamente, a organização básica 
das Forças Armadas a nível federal e estadual. 
Os agentes públicos que atuam nas Forças Armadas são considerados 
uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares, 
conforme prevê o art. 3º do estatuto dos militares. Esses agentes possuem 
vínculo estatutário sujeito ao próprio regime jurídico, mediante remuneração de 
responsabilidade do Governo, logo, são servidores públicos especiais. 
A Constituição ainda prevê no art. 42 que os membros das instituições 
militares estaduais são militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios. O 
parágrafo primeiro desse artigo ainda prevê que esses agentes estão sujeitos a 
legislação própria. Nessa via, é evidente que há regime diferenciado em relação 
ao servidor civil. O art. 142, VIII da Constituição Federal prevê poucas 
possibilidades em que se aplicam ao Militares as previsões comuns do artigo 37, 
elas se encontram previstas nos incisos XI, XIII, XIV e XV. Vale lembrar que as 
diretrizes do regime jurídico-administrativo são válidas para todos os agentes 
públicos, incluindo as Forças Armadas, de modo que o militar poderá ser 
responsabilizado na esfera cível, penal e administrativa, caso sua atuação cause 
danos a terceiros. 
 
28 
 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da 
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo 
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, 
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra 
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo 
Tribunal Federal, aplicando-se como limite(...) 
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o 
efeito de remuneração de pessoal do serviço público; 
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem 
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; 
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são 
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, 
II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
 
Disponível 
em: http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_37_.aspConclusão da aula 2 
 
Ante ao exposto, conclui-se que as Instituições Militares tiveram um 
tratamento constitucional especial, que lhe dão autonomia e tratamento diverso 
do que os servidores públicos tradicionais recebem. Além disso, essa autonomia 
também é traço marcante das instituições militares mesmo em âmbito estadual. 
Isso porque o legislador optou por permitir que cada Estado criasse seu conjunto 
de leis para tutelar a polícia militar e o corpo de bombeiros. 
Conclui-se também que há uma legislação diferente com o intuito de 
atender ao Regime das Forças Armadas, incluindo normas penais e 
procedimentais específicas para atender a essa diferenciação. Por fim, em um 
cotejo entre o regime jurídico administrativo e as normas constitucionais 
exclusivas referentes aos militares, ficou claro que o militar não pode ser 
considerado um agente público tradicional, mas sim um servidor público 
 
29 
 
especial. Apesar disso, o militar está sujeito às diretrizes do Regime Jurídico 
Administrativo, bem como à responsabilização por seus atos. 
Ao longo desta aula, assim, a competência constitucional atribuída às 
Forças armadas em nível federal e estadual, de modo que se demonstrou 
importante realizar uma breve análise da legislação infraconstitucional referente 
a essas instituições. Nesse ponto, foi verificada a autonomia de administração e 
de legislação em nível estatal. 
Posteriormente, foi verificada a fundamentação do Regime Jurídico de 
Direito Administrativo e, então, comparou-se esse regime às diretrizes do 
Regime Administrativo Militar, de forma que pôde-se evidenciar a diferença entre 
o funcionário público tradicional e os militares. 
Atividade de Aprendizagem 
Disserte sobre as competências constitucionais das Forças 
Armadas em nível federal e estadual, apontando as 
especificidades dessas instituições em relação ao Regime 
Jurídico Administrativo. 
 
 
 
Aula 3 – Modalidades de intervenção, defesa do Estado, das instituições 
democráticas e das funções essenciais à Justiça 
 
Apresentação da aula 
 
 Nesta aula serão analisadas as modalidades de intervenção do Estado 
em âmbito federal e estadual, o cabimento de cada uma dessas e a finalidade 
do procedimento. Adiante, serão estudadas as formas da defesa do Estado e 
suas instituições democráticas, a partir do sistema constitucional das crises. Por 
fim, serão verificadas quais são as funções essenciais à Justiça. 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, foram criados 
instrumentos de intervenção no Estado com o intuito de proteger as bases do 
Estado Social Democrático de Direito em casos em que a Democracia reste 
ameaçada pela conjuntura sociopolítica e religiosa do país. Por isso, para se 
 
30 
 
entender o papel das Forças Armadas, é fundamental analisar esses 
instrumentos. 
3.1 A organização político-administrativa do Brasil 
 
Antes de se analisar a questão da intervenção, mostra-se fundamental 
verificar a estrutura político-administrativa do país. Conforme prevê a 
Constituição Federal em seu artigo 18, a estrutura político-administrativa do 
Brasil é dividida em União, Estados, Distrito Federal e os Municípios, cada um 
desses entes possui sua autonomia, decentralizando, assim, a Administração do 
país. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
TÍTULO III 
Da Organização do Estado 
CAPÍTULO I 
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição. 
 
§ 1º Brasília é a Capital Federal. 
 
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou 
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
 
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se 
anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação 
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por 
lei complementar. 
 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei 
estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de 
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após 
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_18_.asp 
 
Os Estados assumem a forma federal em razão das diferenças 
geográficas e culturais de sua comunidade, isso permite atender as 
 
31 
 
especificidades de cada ente federativo. Além disso, há segurança democrática 
imbuída na repartição horizontal e vertical das funções, descentralizando o 
controle do poder (MENDES, 2013). 
Vale ressaltar que a forma federativa do Estado é uma cláusula pétrea, de 
modo que os Estados não possuem o direito de secessão e devem seguir 
algumas diretrizes previstas na Constituição Federal em sua administração e no 
processo legislativo. 
Importante 
Quando há acontecimentos excepcionais na unidade federativa, 
que possam atentar contra o pacto federativo, a ordem e outros 
valores da Democracia, é cabível a intervenção política nesse 
ente, conforme será analisado adiante. 
 
3.2 A intervenção nos entes federativos 
 
A intervenção está disciplinada no art. 34, 35 e 36 da Constituição Federal. 
A União, como ente maior, decorrente da junção de todos os Estados é 
competente para exercer a intervenção federal. Em relação à intervenção nos 
entes federativos, a regra é de que tal procedimento não deve ser realizado, de 
modo que só poderá ocorrer a intervenção nas hipóteses previstas 
taxativamente no art. 34 da Constituição Federal. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
CAPÍTULO VI 
DA INTERVENÇÃO 
 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I – manter a integridade nacional; 
II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
 
32 
 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo 
motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos 
prazos estabelecidos em lei; 
VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_34_.asp 
 
Assim, a intervenção só poderá ocorrer nas hipóteses previstas no artigo 
supracitado. São sujeitos passivos da intervenção federal os Estados-membros, 
o Distrito Federal e os Municípios integrantes de territórios federais. Vale lembrar 
que atualmente não existem territórios federais no Brasil. Da leitura dos artigos 
34 e 35 fica evidente que a União não poderá intervir nos Municípios 
componentes dos Estados-membros, hipótese que será vista adiante. 
Saiba Mais 
Gilmar Ferreira Mendes aponta que “embora, hoje, não haja 
nenhum Território, a Constituição Federal abre ensejo a que 
eles sejam criados, por lei complementar federal (art. 18, 
§2º). Esses Territórios são descentralizações administrativas 
da União, carecendo de autonomia. 
In: MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de direito 
constitucional. 8. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva: IDP, 
2013. p.800. 
 
3.3 O procedimento de intervenção federal 
 
A competência para decretar a intervençãofederal é exclusiva do 
Presidente da República (art. 84, X, CFRB). Há casos em que o Presidente pode 
decretar a intervenção sem provocação, como nos incisos I, II, III e V da CFRB 
(intervenção espontânea). Em outros casos, o Presidente poderá ser requerido 
(Inciso IV) nos casos em que os Poderes da unidade se sentirem sob coação 
 
33 
 
indevida. Nesse caso, os respectivos chefes deverão provocar o presidente 
(intervenção provocada), (MENDES, 2013). 
Nos casos citados, a intervenção não é obrigatória para o Presidente, visto 
que a escolha é uma faculdade dele. De qualquer forma, a decisão deverá ser 
submetida ao controle político do Congresso Nacional no prazo de 24 horas para 
ser aprovada ou rejeitada. Nos casos de intervenção espontânea, o presidente 
deverá ouvir o Conselho da República, porém não se vincula a tal parecer 
(MENDES, 2013). 
Nos termos do art. 36, § 1º da CFRB, a intervenção sempre deverá ser 
realizada mediante esse controle político do Congresso Nacional. No caso de o 
Congresso não estar funcionando, deverá ocorrer a convocação extraordinária 
daquele no prazo de vinte e quatro horas. O artigo citado prevê as condições da 
decretação da intervenção, entre elas a de que se cessados os motivos da 
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos poderão retomá-los e 
desempenhar sua atividade normalmente. 
Há duas hipóteses em que o controle político é dispensado: quando há 
intervenção para prover a execução de lei federal (art. 43, VI CFRB), ou ordem 
judicial, ou quando há afronta aos princípios previstos no art. 34, VII CFRB 
(intervenção requisitada). Nesses casos, o art. 36, §3º prevê que se o decreto 
que suspende a execução de ato impugnado for suficiente para restaurar a 
normalidade, dispensa-se o controle político. 
 
3.4 A intervenção “estadual” 
 
Conforme visto, a intervenção federal permite que se intervenha nos 
Estados-membros, no Distrito Federal e nos Municípios componentes dos 
Territórios, porém, o que ocorre nos casos em que for necessário intervir sobre 
os Municípios componentes dos Estados-membros do Brasil? 
A Constituição Federal prevê a possibilidade de o próprio Estado intervir 
em seu Município, também em caráter excepcional, desde que presente um dos 
requisitos previstos no artigo 35 da Constituição Federal. Nota-se que as 
hipóteses são as mesmas para a intervenção federal nos Municípios dos 
Territórios. 
 
 
34 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
CAPÍTULO VI 
DA INTERVENÇÃO 
 
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados 
em Território Federal, exceto quando: 
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida 
fundada; 
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; 
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de 
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou 
de decisão judicial. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_35_.asp 
 
Assim, no caso da intervenção estadual, quem tem a legitimidade para 
decretá-la é o Governador do Estado. Tal decreto deverá ser específico 
conforme a determinação da intervenção federal (amplitude, prazo, condições 
etc.) e, havendo um interventor, as autoridades afetadas serão afastadas até que 
a normalidade seja restaurada. No caso da intervenção estadual, o controle 
político é realizado pela Assembleia Legislativa nas mesmas 24 horas e, caso a 
Assembleia não esteja funcionando, essa deverá ser convocada 
extraordinariamente. Há ainda as mesmas hipóteses de dispensa do controle, 
qual seja quando o decreto se ater a suspender a execução do ato impugnado, 
e se tal medida for suficiente para restaurar a normalidade. 
Nota-se que a intervenção estadual se trata de modalidade semelhante à 
intervenção federal, com o diferencial relativo somente à autoridade competente 
para decretá-la e para realizar o controle político. Por fim, vale diferenciar a 
intervenção federal da intervenção militar. 
 
3.5 A intervenção federal vs intervenção militar 
 
A intervenção federal não se confunde com a intervenção militar. Isso 
porque a primeira prevê o procedimento para instauração, em que o Presidente 
 
35 
 
da República é a figura ativa, devendo se ater a uma das hipóteses previstas na 
Constituição para realizar a intervenção. Além disso, o ato será submetido ao 
controle político do Congresso Nacional, podendo ser rejeitado. 
A intervenção militar é o instrumento para efetivar a intervenção federal e 
se trata do uso do poder das Forças Armadas em situações especialíssimas e 
só ocorre com a autorização do Presidente, ouvidos os Conselhos da República 
e da Defesa Nacional. No caso do Brasil, a Constituição Federal prevê o uso das 
Forças Armadas somente no caso da própria intervenção federal, no estado de 
defesa e no estado de sítio. Se a intervenção militar é comandada pelas próprias 
Forças Armadas e sem autorização, trata-se de golpe militar. 
Saiba Mais 
A intervenção militar de 1964 é considerada um golpe militar 
porque a sua instauração não encontrava legitimidade da 
Constituição de 1946. O uso da força militar foi baseado em 
interesses políticos, não havendo qualquer requisição pelo 
presidente João Goulart ou, ainda, pelo Congresso Nacional. 
 
Assim, mostra-se prática importante analisar a defesa do Estado e das 
Instituições democráticas, destacando o papel das Forças Armadas nessa 
prática de proteção, levando em consideração a necessidade da intervenção 
militar nos casos específicos. 
 
3.6 A defesa do Estado, Instituições democráticas e funções essenciais à 
Justiça 
 
A Constituição Federal prevê em seu corpo disposições referentes à 
proteção do Estado e das Instituições Democráticas, de modo que há 
ferramentas excepcionais para efetivar a defesa em momentos de crise. O 
Estado de Defesa e o Estado de Sítio são os instrumentos aptos para alcançar 
esse fim de proteção, conforme será visto adiante. 
Esses instrumentos são decorrentes do chamado “sistema constitucional 
das crises”, que consiste em um conjunto de normas constitucionais que, 
embasadas pelo princípio da necessidade e da temporariedade, são aplicáveis 
 
36 
 
aos momentos de crise, de modo a manter ou restaurar a normalidade 
constitucional, mediante a imposição de restrições consentidas às liberdades do 
povo (MORAES, 2003). 
Assim, é preciso que haja a verdadeira necessidade da aplicação do 
Estado de defesa ou de sítio mediante eventos que justifiquem a adoção da 
medida nos termos da legislação constitucional, bem como que a aplicabilidade 
dessas medidas seja de caráter temporário (SILVA, 2005). Uma vez verificado o 
sistema constitucional de crises, passa-se a analisar os seus instrumentos. 
 
3.6.1 O Estado de defesa 
 
O Estado de Defesa está previsto no art. 136 da Constituição Federal e é 
aplicado para preservar ou restabelecer a ordem pública e ou a paz social, 
ameaçadas por grave instabilidade institucional, ou ainda em casos de 
calamidades advindas de catástrofes naturais. A competência para decretar o 
Estado de defesa é exclusiva do Presidente da República. 
Essa medida terá a duração máxima de 30 dias e poderá ser prorrogada 
uma vez, por igual período, se houver justificativa. Seu procedimento está 
previsto no art. 136, caput, parágrafos 4º, 5º e 6º. O controle desse decreto é 
realizado pelo Congresso Nacional, que designará uma comissão exclusiva para 
fiscalizar as medidas do Estado de defesa. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
CAPÍTULO I 
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO 
Seção I 
DO ESTADO DE DEFESA 
 
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da Repúblicae o Conselho de 
Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em 
locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e 
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na 
natureza. 
 
37 
 
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, 
especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas 
coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: 
I - restrições aos direitos de: 
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; 
b) sigilo de correspondência; 
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; 
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade 
pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. 
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser 
prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua 
decretação. 
[...] 
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 
vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, 
que decidirá por maioria absoluta. 
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no 
prazo de cinco dias. 
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu 
recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. 
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. 
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%201302 
 
Em outra via, o estado de sítio comportará poucas diferenças em relação 
ao Estado de defesa, apesar de ter sua situação de decretação diferente, 
conforme será analisado agora. 
 
3.6.2 O Estado de sítio 
 
O Estado de Sítio é aplicável nos casos em que houver comoção grave 
de repercussão nacional ou pela ocorrência de fatos que tornaram ineficiente a 
medida de decretação do estado de defesa, sendo também aplicável nos casos 
de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
A competência para decretar o Estado de sítio é exclusiva do Presidente da 
República. 
Tal medida pode perdurar por 30 dias nas hipóteses previstas no art. 137, 
I ou pelo tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira, nos 
termos do art. 137, II. O procedimento do Estado de sítio está previsto nos artigos 
137 e 138 e também é fiscalizado pela Comissão a ser criada pelo Congresso 
 
38 
 
Nacional para acompanhar e fiscalizar as medidas do Estado de sítio (art. 140 
CFRB). 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Seção II 
DO ESTADO DE SÍTIO 
 
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio 
nos casos de: 
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia 
de medida tomada durante o estado de defesa; 
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado 
de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o 
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. 
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua 
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o 
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas 
abrangidas. 
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta 
dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado 
por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. 
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o 
Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso 
Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. 
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas 
coercitivas. 
[...] 
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão 
composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas 
referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. 
Disponível 
em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_137_.asp 
 
Verificada como se dá a proteção do Estado e das Instituições 
democráticas, é chegada a hora de se discutir acerca das funções essenciais à 
Justiça. 
 
 
 
 
39 
 
3.7 Funções essenciais à Justiça 
 
A Constituição Federal tutela as chamadas funções essenciais à Justiça. 
Elas são imprescindíveis para que se efetivem as garantias processuais, o 
acesso à justiça e, consequentemente, a garantia dos direitos fundamentais. 
Assim, essas instituições coíbem as mais diversas violações aos direitos e 
deveres dos cidadãos. São as instituições: O Ministério Público, a advocacia 
pública, a advocacia e a defensoria pública. 
 
3.8 O Ministério Público 
 
O Ministério Público tem como papel a proteção dos interesses mais 
importantes da convivência social e política, tanto no âmbito judiciário como 
administrativo. O art. 127 da Constituição Federal prevê que é “instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa 
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis”. 
O Ministério Público tem como missão atuar na defesa, em âmbito cível, 
dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Além disso, promover a ação 
penal pública. Ademais, é possível que o legislador infraconstitucional preveja 
outras competências (MENDES, 2013). 
Trata-se de instituição autônoma que atua em âmbito federal e estadual e 
sua estruturação está prevista no art. 128 da Constituição Federal. O ingresso 
no Ministério Público, via de regra, se dá mediante concurso público. São 
garantidos aos membros concursados do Ministério Público a vitaliciedade, 
inamovibilidade do cargo, bem como impossibilidade de redução salarial. 
 
3.9 Advocacia Pública 
 
Prevista no art. 131 e 132 da Constituição Federal, a advocacia pública é 
responsável por desenvolver a defesa jurídica das pessoas políticas no âmbito 
judicial e extrajudicial. Seus protagonistas são os Procuradores e os Advogados 
da União. Além disso, é incumbida de prestar assessoria jurídica e consultorias 
ao Poder Executivo. O ingresso na advocacia-pública se dá mediante concurso 
 
40 
 
público, havendo ao funcionário público as mesmas garantias e prerrogativas 
daqueles que atuam no Ministério Público. 
 
3.10 Defensoria Pública 
 
A Constituição prevê a assistência jurídica integral e gratuita aos 
hipossuficientes no rol de direitos fundamentais previstos no art. 5º, LXXIV. 
Dessa forma, é necessário que haja uma Instituição encarregada dessa proteção 
gratuita à população carente. 
Nessa via, os artigos 134 e 135 instituíram a Defensoria Pública para 
efetivar a assistência gratuita, e, dessa forma, a instituição se mostra essencial 
à função jurisdicional do Estado (MENDES, 2013). Assim, a Defensoria Pública 
auxilia a população nos processos judiciais e oferece orientação nos casos 
extrajudiciais também. 
O Defensor Público ingressa na carreira mediante a aprovação em 
concurso público, tendo como prerrogativa a inamovibilidade de domicílio, 
porém, não poderá advogar fora das atribuições previstas para a sua profissão. 
 
3.11 Advocacia 
 
Por fim, tem-se a advocacia, prevista no art. 133 da Constituição Federal. 
Tal profissão é regulamentada pelo órgão de classe, a Ordem dos Advogadosdo Brasil – OAB. Para ser advogado, deve o profissional ser graduado em direito, 
ser brasileiro, portador de título de eleitor, ter quitado o serviço militar e ser 
aprovado no exame de admissão da OAB. 
O advogado se trata de peça indispensável para o funcionamento da 
justiça. O profissional tem imunidades para o exercício de sua profissão, no que 
concerne a inviolabilidade de seus atos e manifestações, respeitada a lei, 
conforme prevê o art. 133 da Constituição Federal. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Ante ao exposto, evidencia-se que o legislador constituinte se preocupou 
em prever elementos que permitam a proteção ao Estado Social Democrático de 
 
41 
 
Direito, bem como às suas instituições. Assim, há possibilidade do Presidente da 
República se utilizar da intervenção federal para manter ou restaurar a ordem no 
âmbito da União, dos Estados ou ainda Municípios integrantes de territórios. Na 
mesma via, o Governador do Estado-membro poderá intervir nos seus 
Municípios. 
Notoriamente, tal prerrogativa só é efetivada mediante alguns requisitos, 
havendo controle político pelo Poder Legislativo. Não obstante à intervenção, a 
questão da intervenção militar e o sistema constitucional de crise embasam dois 
instrumentos de proteção do Estado e das instituições democráticas, quais 
sejam o Estado de defesa e o Estado de sítio, que deverão ser utilizados em 
casos excepcionais em vista de garantir a ordem, restringindo temporariamente 
os direitos do povo. 
Por fim, conclui-se que há diversas instituições que se mostram 
fundamentais para a realização da justiça, coibindo as mais diversas violações 
aos direitos e deveres dos cidadãos, além de garantirem os direitos processuais 
mais básicos ao brasileiro, seja como seu procurador, ou como protetor do 
interesse público. 
Ao longo desta aula pôde-se expor os principais aspectos do Estado de 
Defesa e do Estado de Sítio como formas de se efetivar tal proteção, desde que 
alcançados os requisitos básicos, como a necessidade e a temporariedade. Por 
fim, foram evidenciadas as funções essenciais para a Justiça, pontuando suas 
atribuições, o ingresso na carreira e as prerrogativas de cada cargo. 
Atividade de Aprendizagem 
Tendo em vista a intervenção federal como um meio de 
proteção do Estado, que visa manter ou restaurar a ordem e a 
paz pública, diferencie essa modalidade de intervenção da 
intervenção militar, explicando ainda se essa última se trata de 
prática legal nos termos da Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Aula 4 – A competência e estrutura da Justiça Militar 
 
Apresentação da aula 
 
Nesta última aula do curso será verificado o funcionamento da Justiça 
militar, sua competência e a sua estrutura, perpassando pelo âmbito estadual e 
federal. Então será verificada a alteração da competência da Justiça estadual 
militar mediante a emenda nº 45 e seus reflexos no âmbito da competência e 
punibilidade dos integrantes das Forças Armadas. 
Adiante, estuda-se como a lei 13.491/2017 alterou a competência da 
Justiça Penal Militar na esfera federal e ainda aumentou o rol dos chamados 
crimes militares e quais as consequências da instituição da nova lei. Por fim, será 
analisada a internacionalização do Direito Penal Militar e a tríplice 
responsabilidade dos militares (no âmbito cível, penal e administrativo). 
A Justiça Militar sofreu alterações em sua competência no decorrer de sua 
formação, especialmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988. 
Assim, mostra-se importante analisar quais foram as principais mudanças e 
como elas afetaram o ordenamento jurídico militar. Uma vez compreendida essa 
questão, procura-se entender a internacionalização da Justiça Militar e os seus 
ditames, bem como a responsabilização do integrante das Forças Armadas no 
exercício de sua atividade. 
 
4.1 A Justiça Militar 
 
A Justiça Militar é um ramo autônomo desde o período da Ditadura e, 
antes da atual Constituição Federal, tinha como competência o julgamento de 
crimes contra a segurança nacional ou contra instituições militares. A Justiça 
Militar foi mantida e tem sua estruturação prevista na Constituição Federal em 
seus artigos 122, 123 e 124. Essa estrutura é constituída pelo Superior Tribunal 
Militar e por Tribunais e Juízes militares. Porém, antes de se analisar a estrutura 
da Justiça Militar, é necessário verificar a competência da Justiça Militar. 
 
 
 
 
43 
 
4.2 Competência da Justiça Militar 
 
Quanto à competência da Justiça Militar, de um modo geral, trata-se do 
julgamento dos crimes militares definidos em lei (art. 124, CFRB). Atualmente, 
alguns desses crimes estão previstos no Código Penal Militar e outros crimes 
são contemplados pelo Código Penal, conforme será visto adiante. 
Vale lembrar que “a competência da Justiça Militar limita-se aos crimes 
militares definidos em lei (art. 124 da CRFB) (...). Por essa razão, a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento segundo o 
qual a Justiça especializada deve julgar os delitos militares e não os crimes 
praticados por militares” (MENDES, 2013). 
Saiba Mais 
A respeito do crime militar, existem vários critérios para 
defini-lo: o ratione materiae, que se trata da infração que é 
matéria própria da vida militar; ratione personae, o sujeito 
ativo ou de sujeito passivo dos fatos possui a condição de 
militar; ratione temporis, crimes praticados em tempo de 
guerra ou período afetado pelas instituições militares; 
ratione loci, tendo em conta o local da atividade militar. 
In: NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, 
Marcello. Manual de direito penal militar. 2. ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2012. p.115. E-book. 
 
O Código Penal Militar delimita os crimes militares em tempo de paz e os 
crimes militares em tempos de guerra em seus artigos 9º e 10º. O art. 9º foi 
alterado pela Lei 13.491/2017 adicionando-se as hipóteses previstas na 
legislação penal, essas alterações serão discutidas adiante. 
 
 
 CÓDIGO PENAL MILITAR – Dec. Lei 1.001/1969 
 
Crimes militares em tempo de paz 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, 
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
 
44 
 
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: 
[...] 
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, 
de 2017) 
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República 
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que 
não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de 
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição 
Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
 
Crimes militares em tempo de guerra 
 
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra; 
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se

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