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Morfologia Portuguesa Aula 4: Morfemas II

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Morfologia Portuguesa
Aula 4: Morfemas II
Apresentação
Na aula passada, fomos apresentados à noção de morfema. Nesta aula trataremos, do conceito de alomorfe e de
morfe. Vamos veri�car a estrutura da língua portuguesa e identi�car as partes que compõem uma palavra,
fundamentais para a formação de enunciados, além de de�nir as unidades que constituem a estrutura das palavras
da língua portuguesa.
Objetivos
Retomar o conceito de morfema;
Distinguir morfema e alomorfe;
Distinguir morfema e morfema zero.
Morfema e alomorfe
"Se quisermos usar os termos de modo bem preciso,
deveremos compreender que o morfema é uma entidade
abstrata que não se confunde com uma única e mesma
forma. Na prática, um morfema pode apresentar variações
formais. Assim, se observarmos as palavras vida e vital
parece evidente que em ambas existe um mesmo morfema
que se realiza como [vid] e [vit]. A realização de um morfema
se denomina de morfe e quando há mais de uma, já
podemos adiantar que constituem alomorfes."
- Monteiro (2002, p. 14), em Morfologia Portuguesa.
Alomor�a
1
A palavra alomorfe vem do grego (állos = outro + morphé =
forma) e indica a realização de um morfema por dois ou
mais morfes diferentes. Quer dizer, é a concretização em
morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos
valores signi�cativos.
2
A alomor�a constitui, portanto, uma diferença de
signi�cantes, não de signi�cado: o morfe é outro, o
morfema é o mesmo.
3
Se você não se lembra do conceito de signo linguístico de
Saussure, relembre e veja sua composição em signi�cante
e signi�cado.
Exemplo
No verbo levas, o morfema –s caracteriza a 2ª pessoa do singular, que também pode ser caracterizado por –ste em
levaste ou –es em levares.
O segmento / - s / marca plural, e / -es / tem a mesma função: casas x mares.
Quando ocorre a alomor�a, a forma de mais alta frequência deve ser considerada a forma-base; a outra é uma variante,
javascript:void(0);
seu alomorfe.
Assim, no imperfeito do indicativo, primeira conjugação, a forma-base é –va-; a variante é –ve- (cantáveis). No futuro do
pretérito, -rie- (cantaríeis) é alomorfe de –ria-.
No futuro do pretérito, -rie- (cantaríeis) é alomorfe de –ria-.
1° conjunto imperfeito do indicativo:
Nas demais conjugações, a desinência muda e temos: corria, corrias / a / é um alomorfe.
Partia, partias.
Desinência / va /
Cantava, cantavas.
Va é a norma
Exemplos de almor�a
» Alomor�a na raiz. Os morfemas lexicais. / ordem /, / orden-/ /ordin-/ têm amesma signi�cação em ordem, ordenar e ordinário.
» Alomor�a no pre�xo. O pre�xo / in / passa a / i / em inapto / ilegal.
» Alomor�a no su�xo. No par bananal / cafezal o su�xo / al / passa a / zal / eno par relator / falador o su�xo / or /passa a / dor /.
» Alomor�a na vogal temática. Em pão / pães, a vogal temática /o /transforma-se em/ e /.
»
Alomor�a na desinência de gênero. No par, avô ≠ avó, os traços distintivos / ô
/ e / ó / podem ser considerados alomorfes das desinências Ø (masculino) e /
a / (feminino).
» Alomor�a na desinência modo-temporal. Em cantáramos / cantáreis, adesinência modo-temporal / ra / passa a/ re /.
1º
Não condicionada: Implica variações livres que independem de causas fonéticas.
Exemplo: alternâncias vocálicas em faz, fez, �z.
2º
Condicionada: Aglutinação de fonemas nas partes �nais e iniciais de constituintes, acarretando mudança fonética. É
uma mudança morfofonêmica = opera entre fonemas e altera o plano mór�co da língua.
Exemplo: redução de / in- / a / i- / diante de consoante nasal: incapaz, imutável
A alomor�a pode ou não ser fonologicamente condicionada:
Morfema zero (ø)
O morfema zero ou morfe zero caracteriza-se pela ausência de
segmento fônico que representaria determinada noção. Essa
oposição entre presença e ausência é importante – ambos são
realidades morfêmicas, cada um deles só existe graças à
existência do outro. A categoria gramatical de número só existe
porque um par opositivo a instaura: singular e plural. Temos,
nesse caso, o que se chama de ausência signi�cativa.
Exemplo
O contraste singular/plural: bar – bares (o morfema –s), em que a ausência do plural, morfema –s, designaria o singular,
por inexistência de morfema marcador.
Clique nos botões para ver as informações.
A �exão de gênero em português acontece pelo acréscimo do morfema �exional [a] à forma masculina: o feminino
é a forma marcada pela presença do morfema / a /. Sua ausência é signi�cativa como característica de masculino
– morfema zero para o masculino em português.
Exemplos: marca de gênero: mestre / mestra; leitor / leitora; professor / professora; marquês/ marquesa;
menino/menina.
Marca de gênero 
Exemplos:
1. Mar – mares. A ausência da marca de plural / -es / no morfema lexical mar indica singular.
2. Ourives, lápis, pires. O / -s / não é marca de plural: o plural dessas palavras é marcado sintaticamente.
Em muitas formas verbais encontramos o morfema zero em oposição a outros morfemas.
Exemplo: (tu) estud + a + va + s
(ele) estud + a + va + ø
(ele) estud + a + ø + ø
Marca de número 
Segundo Mattoso Câmara (1970), a constituição da forma verbal portuguesa é T ( R + VT) + D (DMT + DNP), ou
seja, o tema é formado pela raiz e pela vogal temática e a esse tema podem ser acrescidas as desinências
(desinência modo-temporal e desinência número-pessoal).
Nem todas as formas verbais possuem VT.
A DMT é Ø para o indicativo no presente, para o pretérito perfeito (até a 2ª pessoa do plural e –ra para a 3ª pessoa
do plural.
A DNP é Ø:
1ª pessoa do singular do presente do indicativo (exceto quando aparece –o);
3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo.
Tabela
Morfe zero (Ø) para a conjugação verbal 
Cant – Ø - o Cante – Ø – i canta- ra – m
javascript:void(0);
 Fonte: Agence Olloweb on Unsplash
a) Por que em uma palavra como ‘lápis’, que tem a mesma forma para singular e plural, não se deve considerar a
existência de morfema zero na desinência de número?
O morfema s existe tanto no singular quanto no plural:
O lápis ø / Os lápis
O plural desse tipo de palavra não é morfológico, é sintático: será o determinante (artigo, pronome demonstrativo etc.)
quem marcará o número.
 Fonte: Santi Vedrí on Unsplash
b) Por que substantivos comum de dois gêneros como estudante e dentista não têm morfema zero para desinência de
gênero?
O feminino em português é marcado pelo morfema [a]. Nesses substantivos, tem-se a mesma forma para os dois
gêneros. O gênero desses substantivos não é morfológico, é sintático: sabe-se o gênero pelos morfemas categóricos
dos termos a que eles se referem: meu dentista/ bela estudante.
Assim, em bela estudante, o feminino é marcado por dois traços: um mór�co e outro sintático. O traço mór�co é a
desinência a e o traço sintático é a presença do determinante esta.
A �exão de gênero
Ao �nal de nossa discussão sobre morfema zero, tivemos um breve
comentário acerca desse morfema e a �exão de gênero. Vamos, agora,
discutir um pouco mais a �exão de gênero em Português.
Exemplo
Embora alguns autores falem sobre ‘sexo real ou convencional’ ou ainda sobre ‘sexo real ou �ctício’, Monteiro (2002, p.
86) a�rma que “O gênero é uma categoria gramatical; o sexo é um conceito biológico.” Esse é o melhor tratamento a ser
dado a essa questão já que temos inúmeros substantivos que designam seres assexuados como mesa, roupa, teto,
chão.
Leitura
Recomendamos a leitura do texto Sexa, de Luiz Fernando Veríssimo.
Vimos que o acréscimo do morfema [a] marca a �exão de gênero. A regra para a composição do feminino estabelece
que, morfologicamente, temos o processo de �exão se adicionamos a desinência [a], retirando-se a vogal temática, se
ela estiver presente no masculino.
Exemplos:
Professor + a = professora
Mestre + a= mestrea = mestra
Casos de alomor�a na raiz
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Monteiro (2002, p. 83) comenta que em exemplos como rei/rainha, abade/abadessa, entre outros,
temos, além da desinência [a], o acréscimo de um su�xo derivacional para formar o feminino.
Segundo o autor, sincronicamentenão se percebe, por exemplo, [inh] como um su�xo e, assim,
[rainh] e [abadess] seriam alomorfes de [re] e [abad].
O autor acrescenta:
“Por diversas vezes, já comprovamos que mesmo professores e alunos de Letras não têm
consciência da presença do su�xo. Por incrível que pareça, até em galinha, poucos destacam o
elemento [inha]. E, quando o fazem, percebem que o conteúdo semântico se tornou vazio.”(p.84)
Algumas classi�cações de gênero
Clique nos botões para ver as informações.
No entanto, nem todas as palavras são marcadas �exionalmente. Koch e Silva (1989) em Linguística aplicada ao
português: morfologia, a�rmam que:
“Em razão da ausência de distinção entre processo �exional e processo lexical, é comum ler-se em gramáticas do
português que mulher é feminino de homem, que cabra é o feminino de bode. Trata-se de casos de heteronímia
dos radicais, isto é, de vocábulos lexicalmente distintos, que, tradicionalmente, têm sido utilizados para indicar a
categoria de gênero.”
Gênero heteronímico 
Além da heteronímia, há outras formas de se expressar o gênero sem o uso do mecanismo �exional. A Gramática
Normativa nos apresenta substantivos masculinos e femininos e estabelece que os substantivos também podem
ser:
Sobrecomuns – nomes de um só gênero gramatical que se aplicam indistintamente a homens e mulheres.
Exemplos: o cônjuge, a ferrugem, a criatura, a criança, o indivíduo, a pessoa, o ser, a testemunha, a vítima, entre
outros.
Eles se enquadram na subcategoria do feminino ou do masculino, uma vez que os determinantes que os
acompanham terão que apresentar um ou outro gênero. ‘O cônjuge’, independentemente do sexo do referente, será
sempre do gênero masculino; ‘a criança’ será sempre do gênero feminino.
Sobrecomuns 
substantivos que têm uma só forma para os dois sexos e necessita de um determinante para distinguir se o
referente é masculino e feminino. Nesse caso, a marcação de gênero é sintática e não morfológica, porque a
categoria de gênero será expressa pelo determinante.
A marcação de gênero pode ser redundante, já que pode se encontrar tanto pela presença do morfema �exional
quanto pela presença do determinantes.
Exemplo: o menino, a menina. Temos a presença do artigo (o/a) e do morfema zero e da desinência de gênero.
Também pode determinar o gênero somente através de determinantes, ou seja, sintaticamente, como fazemos no
par o dentista / a dentista.
Dentista – o [a] �nal dos substantivos comuns de dois gêneros não deve ser considerado desinência de feminino,
já que no masculino ele também está presente.
Trata-se de um [a] temático que elimina a desinência [a] pelo fenômeno da crase. Assim: dentista +a = dentistaa ->
dentista.
Exemplos: o estudante / a estudante; o mártir/ a mártir
O substantivo comum de dois gêneros e a questão do referente
Exemplo: os meninos foram as principais vítimas do acidente.
O gênero feminino de vítimas é indicado pelo determinante as. A ideia de sexo está no lexema meninos.
Testemunha: é sempre gênero feminino, quer se trate de homem ou de mulher. Só se sabe pelo referente.
Exemplo: a testemunha chegou atrasada. Ela usava um lindo vestido preto.
Comum de dois gêneros 
Representam nomes de animais a que são agregadas as formas macho/fêmea para distinção de sexo.
Cabe aqui uma crítica. Nesses substantivos, o gênero �ca privativamente masculino ou feminino.
Koch e Silva (1989, p. 42) a�rmam que “Não cabe também falar em uma distinção de gênero expressa pelas
palavra macho e fêmea , não só porque o acréscimo não é obrigatório (podemos falar em cobra e tigre sem
acrescentar os aposto), mas também porque o gênero não muda com a indicação precisa de sexo (continua-se a
ter cobra macho no feminino, como assinala o artigo a e o tigre fêmea no masculino, conforme indica o artigo o.”
Exemplos: Jacaré macho/ cobra fêmea.
Epicenos 
I
Nomes de gênero único: Não podem ser mor�camente considerados masculinos ou femininos porque lhes falta o
traço desinencial contrastivo. A inexistência de oposição na estrutura mór�ca é compensada por oposições na
estrutura sintática.
Exemplos: abelha ferrugem cônjuge onça pulga mesa indivíduo pessoa soprano personagem ferrugem: a abelha, a
onça, a pulga, o cônjuge. Soprano no dicionário é comum de dois gêneros: o soprano / a soprano.
‘Vítima”: O homem foi atropelado por outro homem. Sabe-se que a vítima encontra-se hospitalizada, mas passa bem.”
(Gênero feminino / sexo masculino).
II
Nomes de dois gêneros sem �exão:
Exemplos: aprendiz, colega, personagem, solista: o aprendiz/ a aprendiz; o colega / a colega; o solista / a solista; o
personagem / a personagem (AURÉLIO, 1986, 1316).
III
Nomes de dois gêneros com �exão redundante:
Exemplos: chefe, saco, chinelo, aluno, mestre, pavão, professor: o chefe / a chefa; o aluno / a aluna; o mestre / a
mestra; o pavão/ a pavoa; o chinelo / a chinela. (‘Chinela’ veio primeiro: ‘cianela’, italiano)
Divisão proposta em Monteiro (2002, p. 85) :
Signi�cados de nomes no feminino
Embaixadora e
embaixatriz:
Embaixadora = representante
diplomática;
Embaixatriz = esposa do
embaixador.
Trabalhadora e
trabalhadeira:
Trabalhadora = aquela que
trabalha como empregada de
alguém;
Trabalhadeira = mulher que
gosta de trabalhar, cuidadosa.
Imperadora e
imperatriz:
Imperadora = esposa do
imperador;
Imperatriz = aquela que
governa
Nomes que mudam de signi�cado quando se muda o gênero
A cabeça (parte do corpo) x o cabeça (líder) A rádio (a estação ) x o rádio (aparelho)
A capital (cidade) x o capital (dinheiro)
Referências
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Publifolha Houaiss, SP, 2008.
BASILIO, Margarida. Teoria lexical. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.CAMARA Jr. J.M. Estrutura da Língua Portuguesa.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1982.
CARONE, Flávia. de Barros. Morfossintaxe. 9. ed. São Paulo: Ática, 2000.KEHDI, Valter. Formação de palavras em
português. 4.ed. São Paulo: Ática, 2007.
RIBEIRO, M.P. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa: uma comunicação interativa., RJ: Metáfora, 2005.ROSA, Maria
Carlota. Introdução à morfologia. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
VILELA, Mario; KOCH, Ingedore Villaça. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.
Próxima aula
Processos de formação de palavras.
Distinção entre os processos de �exão e derivação, as relações verbais e nominais.
Retomaremos questões como número, gênero etc.
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