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ACUMULOS INTRACELULARES (POR REBECA ZILLI)


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ACÚMULOS INTRACELULARES 
 AUTORIA DE 
 
Rebeca Zilli 
Quando um metabolismo celular é de alguma forma alterado ou impedido, o resultado pode ser o acúmulo 
de moléculas dentro do citoplasma celular. Essas moléculas podem ser: 
► próprias da célula (que deveriam ter sido externalizadas e não foram); 
► englobadas ou fagocitadas pela célula; 
► substâncias endógenas ou exógenas (podendo fazer parte ou não do organismo); 
 
Esse processo de acúmulo dentro da célula pode ocorrer por diversas razões, como: 
► dificuldade de externalizar a molécula; 
► deficiência na produção de determinadas enzimas de degradação da molécula; 
► produção além do normal da molécula; 
 
ACÚMULO DE LIPÍDIO NA CÉLULA: é conhecido como ESTEATOSE, e representa uma degeneração 
celular gordurosa, podendo ocorrer por: 
● Ação de toxinas (principalmente álcool); 
● Obesidade (grande aumento do aporte de gorduras); 
● Diabetes mellitus (altera metabolismo de gorduras); 
● Anóxia (ausência de O2); 
● Desnutrição; 
 
Esse processo pode ocorrer em diferentes órgãos e tecidos, como coração e musculatura esquelética, mas 
a mais clássica é a esteatose hepática: o fígado capta o lipídio (Ácido Graxo/AG), metaboliza e dá a ele 
diferentes caminhos: 
→ Sob ação do O2, o AG é quebrado em corpos cetônicos e CO2; 
→ Sob ação do acetato, o AG é quebrado em fosfolipídios (que compõe a Membrana Plasmática); 
→ Pode ser transformado em ésteres de colesterol e também em Triglicerídeos/TG (que se ligam às 
apolipoproteínas e formam as lipoproteínas); 
 
Alteração do metabolismo de AG em qualquer um desses processos vai promover o acúmulo de lipídeos 
dentro da célula, por exemplo: 
► ESTEATOSE ALCOÓLICA: o paciente etilista crônico, por conta do álcool, tem alteradas as funções da 
mitocôndria; assim, ela não produz energia suficiente para todos os processos metabólicos acima, 
promovendo o acúmulo do AG. 
► DOENÇA RENAL: nesse caso, há perda protéica, havendo pouca Apolipoproteína para se ligar aos TG, 
promovendo seu acúmulo no hepatócito. 
► ANÓXIA: falta de oxigênio afeta a oxidação, impedindo a quebra de AG e promovendo seu acúmulo. 
► OBESIDADE: chega muita AG ao hepatócito, que não dá conta de metabolizar tudo; hepatócito cheio de 
lipídios compromete a função do fígado, podendo até mesmo levar à óbito o pacitente. 
 
Na microscopia, há presença de grandes vacúolos de gordura na célula 
(entretanto essa gordura não é corada, mostrando-se como espaços em 
branco); 
Na macroscopia, há aumento do volume e peso do fígado, além de 
aspecto amarelado (é diferente da cirrose, na qual o fígado atrofia); 
 
► COLESTEROLOSE: é quando o acúmulo ocorre na muscosa da vesícula biliar, geralmente em 
indivíduos obesos; Macrófagos fagocitam esse lipídio, sendo a gordura observada em seu interior. 
► ARTEROSCLEROSE (placa de ateroma): quando o lipídio se acumula na parede de vasos, promovendo 
a fagocitose por macrófagos e pelas próprias células musculares lisas do vaso. 
OBS.: o mesmo ocorre em outras estruturas (mucosa, pele, músculo), onde o macrófago fagocita o lipídio, 
e seu acúmulo se dá dentro do citoplasma do macrófago. 
 
 
ACÚMULO DE PROTEÍNA NA CÉLULA: quando há proteína dentro de células, observa-se a presença de 
gotículas eosinofílicas intraplasmáticas (“pontinhos rosa”), chamadas de Corpúsculo de Russel. 
Alteração do metabolismo de PTN vai promover o acúmulo dessa molécula dentro da célula, por exemplo: 
► DOENÇAS RENAIS C/ PROTEINÚRIA: ocorre a reabsorção excessiva de proteínas pelos túbulos 
contorcidos proximais do rim, acumulando PTN dentro dessas células. Como há eliminação de proteínas 
na urina, há essa tentativa de reabsorver mais que o normal, culminando em acúmulo. 
► PRODUÇÃO EXCESSIVA: célula que já produz naturalmente determinada proteína começa a produzir 
em excesso; isso ocorre com os plasmócitos, por exemplo, que produzem muita imunoglobulina (anticorpo), 
levando ao acúmulo em seu citoplasma. 
► DOENÇA DE ALZHEIMER: proteínas que formam a estrutura celular (no caso, do neurônio), se quebram 
e ficam acumuladas no citoplasma da célula. 
 
 
ACÚMULO DE GLICOGÊNIO NA CÉLULA: nesse caso, a microscopia 
mostra vacúolos de glicogênio (que se diferenciam dos vacúolos de 
gordura pois são corados; mesmo que levemente). Alteração do 
metabolismo de glicogênio vai promover o acúmulo dessa molécula dentro 
da célula, por exemplo: 
► DIABETES MELLITUS: há dificuldade de transformar glicose em 
glicogênio, afetando o fígado, miocárdio e células B do pâncreas (produtoras 
de insulina). 
 
 
ACÚMULO DE PIGMENTOS NA CÉLULA: podem ser produzidos dentro do organismo (endógenos), ou 
internalizados do meio externo (exógenos). O principal pigmento encontrado é o carbono (exógeno), 
presente na poluição ambiental, na toxina do cigarro, e em minas de carvão. 
► ANTRACOSE (EXÓGENO): inalação desse carbono em excesso promove o alojamento do pigmento no 
pulmão, recrutando macrófagos que fagocitam a substância e passam a ter em seu citoplasma o pigmento 
escuro. O pigmento pode gerar fibrose do parênquima pulmonar, e pode também alcançar os linfonodos que 
drenam o pulmão. 
 
 
Pigmento apresenta-se acastanhado ou enegrecido, e é 
acumulado no citoplasma dos macrófagos. 
 
 
► TATUAGEM (EXÓGENO): o pigmento da tatuagem é injetado com agulha firme na derme, e permanece 
lá; pode ocorrer do macrófago identificar como corpo estranho e vá fagocitar (podendo ser visto o pigmento 
em seu citoplasma). Não necessariamente esse é um processo de rejeição da tinta da tatuagem. 
► MELANINA (ENDÓGENO): se essa substância que dá coloração à pele está em maior quantidade que 
o usual, é possível identificar um pigmento acastanhado dentro das células; se cair na derme, é fagocitada 
pelo macrófago (e agora observa-se o pigmento no citoplasma do macrófago). 
 
 
ACÚMULO DE LIPOFUSCINA NA CÉLULA: é resultado da degração de 
lipídio da MP; quando a célula morre, ou há ruptura de MP, essa molécula 
fica presa dentro do citoplasma da célula, ou é capturada pelo macrófago, 
ficando no seu citoplasma. 
Na imagem ao lado, a lipofuscina está acumulada no miocárdio, 
apresentando-se em grânulos castanhos. 
 
ACÚMULO DE HEMOSSIDERINA NA CÉLULA: corresponde há um acúmulo da molécula de ferro no 
organismo, visto que a hemossiderina é constituinte da hemácia e detém moléculas de ferro. Quando há 
quebra de hemoglobina, é liberada e se deposita nos tecidos. Ocorre em casos de: 
► HEMORRAGIAS: no extravasamento de sangue as hemácias 
 podem se romper. 
► HEMOCIDEROSES: aporte excessivo de ferro no organismo. 
► ANEMIA HEMOLÍTICA: hemólise libera hemossiderina. 
► AUMENTO DA INGESTÃO DE FERRO 
► EXCESSIVAS TRANSFUSÕES 
Também se apresenta em grânulos castanhos. 
 
OBS.: quando coloração de HE (padrão) nos deixa em dúvida na hora de identificar moléculas, faz-se uso 
da técnica de histoquímica (coloração especial), visto que existem corantes específicos para ferro, melanina, 
hemossiderina, etc, que vão auxiliar na diferenciação. Por exemplo, se quero diferenciar hemossiderina de 
melanina, utilizo o corante Azul da Prússia. Se o pigmento castanho cora-se em azul, comprova-se a 
presença da hemossiderina. 
 
CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA: é o acúmulo de cálcio nos tecidos ou órgãos de um modo geral. Existem 
2 tipos de calcificação patológica, fora a calcificação do osso, que é um processo fisiológico: 
● Calcificação Distrófica: é o deposito de cálcio em tecidos que estão sofrendo necrose (estão morrendo). 
Nesse caso o paciente tem níveis normais de cálcio, ocorrendo apenas passagem de cálcio já existente para 
a área em necrose (não há alteração do metabolismo do cálcio). 
Exemplos: Placa de Ateroma (consistência dura por conta da calcificação); 
Válvula Cardíaca Envelhecida (sobretudo no idoso, dificultando a abertura 
e fechamento, num processo deesteatose). 
Macroscopia: área esbranquiçada com grânulos amarelados; 
Microscopia: estruturas arredondadas arroxeadas (basofílicas), chamados 
de Corpos Psamomatosos. 
 
● Calcificação Metastática: é o depósito de cálcio em órgãos/ tecidos/ mucosas que não depende de morte 
célula. Nesse caso, o paciente apresenta HIPERCALCEMIA (há distúrbio no metabolismo de cálcio). 
Exemplos: Aumento do Paratormônio (alta retirada de cálcio dos ossos→ ocorre em 
Hiperparatireoidismo e Tumores produtores de PTH); Destruição óssea (cálcio é liberado na 
circulação→ ocorre em Metástase Óssea, Mieloma Múltiplo e Leucemias); Intoxicação Vitamina D 
(ingesta medicamentosa excessiva, aumenta absorção de cálcio no organismo). 
 
OBS.: esse processo é, em geral, assintomático e seu nome não está relacionado à Metástase da Neoplasia.