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Formação Econômica do Brasil Barbara de Oliveira Marmit TIA 41834380 Resenha crítica do Capítulo 15, da obra de Celso Furtado, “Formação Econômica do Brasil” “Capítulo 15: Regressão Econômica e expansão da área de subsistência.” O capítulo a ser interpretado e comentado faz parte da obra de Celso Furtado, intitulada “Formação Econômica do Brasil”, que data sua primeira edição em 1959. A obra retrata o desenvolvimento econômico do Brasil desde a época que fora colônia de Portugal até o século XX e procura entender, através do desenrolar da história: decisões, tratados e estruturas iniciais, os motivos pelos quais o Brasil ainda não conseguiu, de fato, alcançar um posto de país desenvolvido, apesar de toda sua potencialidade. O autor da obra, até o dado capítulo, percorre a história a partir do momento de expansão comercial na Europa, que acabou por trazer portugueses e espanhóis às terras americanas, que acabaram por as explorar por pressão dos outros países Europeus, que afirmavam que as terras não poderiam ser de propriedade de nenhum até as ocupassem permanentemente. Sendo assim, através de diversos acontecimentos em paralelos envolvendo Espanha, França e Inglaterra, Portugal optou por explorar a parte agrícola do território e instalou a primeira indústria açucareira na América. Nesse ponto, quando as terras brasileiras são descobertas e operadas, é onde começa a análise de Celso Furtado. O capítulo 15 descreve desilusão relacionada a decadência das regiões mineiras; carrega, nas poucas páginas, o pessimismo, sofrimento e isolamento quase que inspirado na época do mal-do-século da literatura – ultrarromantismo, que por coincidência, nascia na mesma época, na Alemanha, com Goethe. O texto descreve a desintegração das grandes empresas e das dificuldades que a população passou até que a economia se atrofiasse ao ponto de operar apenas para subsistência. Mesmo com a progressiva diminuição do capital que provinha da mineração, as pessoas, nessa época, ainda tinham esperanças que as coisas melhorariam e continuavam esgotando sua pouca riqueza em vez de investi-la em alguma outra atividade de potencial. Assim, se dava a regressão dos investimentos e a população fez o que pôde para continuar existindo, tendo para si apenas a agricultura para alimentar-se, tendo até os grandes empresários se reduzindo a faiscadores. Diante desse cenário, Celso Furtado faz-se comparação com o que ocorreu na Austrália após o colapso da produção do ouro que teve sua população crescida em muito – da mesma forma que o Brasil, durante a introdução e boa operação da economia mineira –, mas que optou por adotar medidas protecionistas e distribuir sua economia em outras atividades, especializando-se em atividades agrícolas e laníferas e conseguiu se esquivar de um declínio a partir da industrialização precoce que resolveu seu problema estrutural. Apesar de curto, o capítulo expõe uma grande crítica quando cita a decadência relacionada às dificuldades e limitações que a colônia portuguesa teve por não ter desenvolvido e se aplicado em outras potenciais atividades – como fez a Austrália. Nos capítulos anteriores, o autor faz menção da preocupação política de Portugal com as atividades que ocorriam na colônia: a colônia não poderia produzir nada que viesse a ser uma concorrência para a metrópole. Posteriormente, ele relembra o acordo de Methuen entre Portugal e Inglaterra, onde Portugal acabava por importar quase todos os artigos manufaturados da Inglaterra e assim, acabou por não especializar essa atividade no país. Portugal ao não se especializar sua manufatura, acaba por não conseguir levar quase nenhuma técnica para o Brasil. O território português na América acabou por sofrer impacto de um tratado que não agregava valor nem mesmo à metrópole. A partir dessas limitações, fica claro o quanto essa relação colônia-metrópole, tratados com outros países e economia voltada para exportação acabaram por tornar tardia o desenvolvimento do Brasil como país. Mesmo com a grande transferência populacional esperançosa de Portugal para o Brasil para investir na economia mineira, ainda não olhavam para outras atividades a fim de ter um plano B que suprisse qualquer declínio da atividade principal. Na economia inicial, açucareira, obteve-se, por consequência, a atividade pecuária, que conseguiu seguir o rumo até que essa chegasse num nível estagnado e regredisse novamente. Portugal já deveria ter sabido, neste momento, que seria a hora de livrar o território luso-brasileiro de qualquer corrente. Além dos pontos negativos que tornam o Brasil o que é hoje, é interessante pensar também o como alguns pontos da história chegaram até os dias atuais, como por exemplo o fato de a feira de mulas se concentrar em São Paulo, no século que até hoje é relacionado e considerado como o centro de negociações do país. Até o capítulo 15, temos as informações citadas e dentro da obra talvez seja a primeira crítica exposta que retrata algumas das consequências econômicas que penduram, talvez, até hoje, e teve início antes mesmo do território se tornar efetivamente Brasil. A partir do desenrolar da história, alguns dos principais motivos do retardo do desenvolvimento do Brasil como país, seria primeiro o fato de Portugal ter estendido – por muito mais tempo do que deveria – a ideia de que o Brasil seria apenas um local de exploração; o segundo eu atribuiria aos diversos tratados não benéficos que Portugal acordou com outros países europeus, além de prejudicar a própria metrópole, como por exemplo, a importação de produtos manufaturados, que acabou por suprir a necessidade sendo não relevante ou importante (na época,) para Portugal, especializar sua manufatura local; e, por fim, a ganância de Portugal ao limitar o Brasil diante de suas muitas possibilidades, optando por manter seu lucro em vez de direcionar seu capital para aperfeiçoamento da operação e melhoria nas condições dos trabalhadores e escravos.
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