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TOMADA DE DECISÕES DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS

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ÁREA TEMÁTICA: PRODUÇÃO MAIS LIMPA 
TOMADA DE DECISÕES DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS 
VERTICAIS NA ÓTICA DO CONCEITO DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA 
 
Ana Cláudia Lemos Ramão1 (ana.ramao@gmail.com), Marilise Garbin1 
(mgarbin@edu.unisinos.br), Carlos Alberto Mendes Moraes1(cmoraes@unisinos.br), Andrea Parisi 
Kern1 (apkern@unisinos.br) 
 
1 PPG Engenharia Civil - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS 
 
RESUMO 
O artigo apresenta uma análise de três trabalhos a cerca dos impactos ambientas causados em 
virtude das tomadas de decisão de projetos desenvolvidos em dissertações de mestrado, cujos 
objetivos foram baseados em estudos de projetos arquitetônicos de edificações residenciais. Ao 
aprofundar as questões envolvendo a geração de resíduos que abrange a elaboração do projeto 
e os resíduos gerados não etapa de produção estes trabalhos buscaram reduzir o consumo de 
material para construções do mesmo segmento no país. Os trabalhos tiveram como objetivo 
principal minimizar, quantificar e estabelecer indicadores, metas e melhorias, a fim de estimar e 
avaliar a geração de resíduos e a relação com as decisões de projeto. Através da dissertação que 
estuda um modelo estatístico para identificar qualitativamente as características do projeto que 
geraram resíduo nesta etapa, como por exemplo: índice econômico de compacidade; também foi 
analisado outro trabalho que propôs o índice econômico de compacidade (relação entre área e 
perímetro da edificação) na relação de consumo de material e na geração de CO2 e energia 
incorporada, resultante dos materiais de construção empregados e por fim o estudo de caso que 
simulou a partir da compacidade do projeto a relação com os três sistemas construtivos distintos, 
avaliando custos, energia incorporada (EI) e emissão de CO2, com o objetivo de avaliar a melhor 
alternativa de projeto a ser adotado. Estas três pesquisas indiretamente empregaram o conceito 
de produção mais limpa, pois propuseram alternativas de projeto que visaram minimizar a 
geração de resíduos da construção civil. Os resultados e comparações contribuíram para o 
seguimento em pesquisas que visam buscar indicadores, índices e/ou um conjunto de parâmetros 
capaz de identificar e orientar a tomada de decisão durante a etapa de projeto em especial na 
necessidade de aplicar a prevenção da poluição nas obras. 
Palavras-chave: Decisões de projeto; Geração de resíduos; Produção mais Limpa; redução na 
fonte. 
 
DECISION MAKING OF CIVIL CONSTRUCTION PROJECT IN THE 
OPTICAL CONCEPT OF CLEANER PRODUCTION 
 
ABSTRACT 
The article presents an analysis of three master's dissertations, whose objectives are based on 
studies of architectural design of residential buildings, deepening the questions based on the 
generation of waste that covers the elaboration of the project and the residues generated not stage 
of production in order To reduce the consumption of material for constructions of the same 
segment in the country. The main objective of the work is to minimize, quantify and establish 
indicators, targets and improvements, in order to estimate and evaluate the generation of waste 
and the relation with the design decisions. Through the dissertation that studies a statistical model 
to identify qualitatively the characteristics of the project that generate residual in this step, as for 
example: economic index of compactness; Another study that proposes the economic index of 
compactness (relation between area and perimeter of the building) in the relation of material 
consumption and in the generation of CO2 and incorporated energy, resulting from the 
construction materials used, and finally the case study that Simulates from the compactness of the 
mailto:sheila.castro@dana.com
mailto:cmoraes@unisinos.br
 
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project the relation with the three different constructive systems, evaluating costs, embedded 
energy (EI) and CO2 emission, with the objective of evaluating the best project alternative to be 
adopted. These three surveys indirectly employ the concept of cleaner production, which proposes 
design alternatives that aim to minimize the generation of construction waste. The results and 
comparisons contribute to the follow-up in research that seeks to find indicators, indexes and / or a 
set of parameters capable of identifying and guiding decision making during the project stage. 
Keywords: Decisions on design; Waste generation; Cleaner production; Reduction at source. 
 
1. INTRODUÇÃO 
A importância nas decisões de projeto norteia o sucesso ou insucesso do empreendimento, visto 
ser a base para o planejamento da obra contemplando as etapas de aquisição de materiais, 
contratação de mão de obra, o controle de execução dos serviços e entrega do produto final. 
Soluções de projeto otimizam tempo, custo e recursos necessários para sua elaboração 
(KERN,2005). Nesse contexto, a eficiência na produção passou a ser fator preponderante para o 
sucesso dos empreendimentos em construção, devendo buscar-se, ao mesmo tempo, redução de 
custo e melhoria da qualidade. (ASSUMPÇÃO, 2003). 
De acordo com Carvalho e Sposto (2012), o projeto é um dos elementos fundamentais do 
processo de produção no setor da construção. É nesta fase que o produto é concebido e os 
materiais e as técnicas construtivas são especificados. Logo, a falta de projetos detalhados, com 
especificações incompletas de materiais e procedimentos, ocasiona tomada de decisões que 
podem gerar, na etapa de produção, mais custos e desperdício de materiais. (KERN, 2005). Dias 
(2013) investigou a influência do projeto em sistemas construtivos analisando o índice de geração 
dos resíduos da construção civil através de modelo estatístico. Dentre as variáveis encontradas 
em sua pesquisa, as maiores influências na geração de resíduos estão relacionadas ao tipo/total 
de pavimentos; reaproveitamento de resíduos no canteiro; índice de compacidade; sistema 
produtivo e área do pavimento tipo. Estas variáveis estão relacionadas diretamente a elaboração 
do projeto, portanto concluiu-se que a geração de resíduos na fase de produção da obra tem uma 
forte relação com o projeto da edificação (tipologia, coordenação modular), sistema construtivo 
(racionalização), gerenciamento (planejamento, controle, gestão), organização de canteiro e 
capacitação da mão de obra. 
De acordo com Lima (2005), a implantação metodológica de elaboração de projeto e gestão que 
considere as possibilidades tecnológicas e suas interfaces, buscando utilizar experiências reais 
das obras, visa reduzir custos e auxiliam na definição das soluções tecnológicas e especificações. 
Carvalho e Sposto (2012) desenvolveram uma metodologia, baseada na avaliação sustentável de 
projetos por meio de elementos fundamentais do processo de produção no setor da construção, 
que consiste em apresentar em um único índice resultados referente aos aspectos ambientais, 
socioculturais e econômicos, possibilitando a identificação de possíveis melhorias nos projetos 
assim permitindo novos indicadores. 
Segundo com Schneck (2013), o elevado número de habitações construídas são causas de 
impactos ambientais devido ao consumo de material empregado e/ou descarte dos resíduos 
oriundos das atividades. Logo, no setor das construções residenciais verticais há a tendência de 
edificações cujo tipo arquitetônico utilizado (tipo H) é mais oneroso do que outras formas 
geométricas de edificações, como por exemplo, quadrada ou retangular. O tipo arquitetônico H, 
além de reduzir a metragem quadrada das unidades habitacionais, geram inúmeros recortes 
devido sua forma. A facilidade e eficiência na execução deve ser um aspecto relevante no que diz 
respeito à otimização no uso dos recursos naturais e financeiros. Logo, o aumento do índice 
econômico de compacidade (IeC) permite reduzir o consumo de material e consequentemente 
diminuir o custo na produção do edifício. Devem
ser considerados os elementos construtivos, 
energia incorporada, emissão de CO2 na fabricação dos mesmos. Portanto, o aumento do índice 
econômico de Compacidade (IeC) diminui o custo de produção do edifício devido à redução de 
materiais entre outros. Devendo ser considerados os elementos construtivos e suas relações 
referentes à forma do edifício, custo, energia incorporada, emissão de CO2. 
 
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Souza e Deanna (2007) apontam a relação direta com a compacidade citada como a falta de 
modulação, obrigando a quebra de peças e gerando resíduos e custos. Mascaró (2010) também 
aponta que uma relação que pode ser estabelecida é a compacidade do projeto e a geração de 
resíduos, visando um maior ou menor consumo de materiais. Postay (2015) aponta que ações 
voltadas à economia e otimização da construção na fase de projeto até a execução são 
importantes. O projeto tem papel fundamental na racionalização da construção, pois detalha os 
materiais a serem empregados e as decisões que influenciam diretamente no consumo destes e 
nos impactos associados. Avaliando o consumo de material e a compacidade, os resultados 
obtidos mostraram que projetos mais compactos, isto é, com maior índice econômico de 
compacidade, necessitam de quantidade menor de material empregado, consequentemente 
minimizando a geração de energia incorporada ao produto e as emissões de CO2, Osmani (2011) 
descreve em seus estudos e pesquisas, acerca da geração de resíduos, que investimentos 
destinados à preservação de geração de resíduos de construção é um ponto importante da cadeia 
de gestão, nas etapas de projeto, aquisição e encargos. A etapa de projeto é a que mais 
influência os demais processos, Mália (2010) conclui que embora os resíduos só apareçam, 
fisicamente, no inicio da construção, eles já começam a ocorrer nas decisões tomadas na fase de 
concepção e projeto. 
Neste contexto, estudos em Produção mais Limpa (P+L) realizados pelo Centro Nacional de 
Tecnologias Limpas (CNTL, 2003), propõem um programa com o intuito de minimizar a geração 
de resíduos no setor industrial, inclusive na construção civil, através da sua implementação, 
salientando que a prevenção da poluição é elemento chave da metodologia. Conforme o CNTL, a 
P+L consiste na aplicação contínua de uma estratégia ambiental de prevenção da poluição na 
empresa, focando em produtos e processos, visando otimizar o uso de matérias primas, de modo 
a não gerar ou a minimizar a geração dos resíduos, reduzindo os riscos ambientais para os seres 
vivos e trazendo benefícios econômicos para a empresa. Segundo Matossinho (2009), a P+L tem 
foco na redução da poluição através de medidas de prevenção na fonte e na adoção de projeto a 
que contemplem todo o processo produtivo, desde o surgimento do produto até o seu descarte. 
De acordo com o Manual de Implementação de Programas de Produção mais Limpa (CNTL, 
2003), a P+L deve ser aplicada após a realização das analises das causas de geração de 
resíduos, sendo caracterizada por ações que privilegiem o Nível 1, que possam apresentar 
medidas que evitem a geração de resíduos na fonte, seguidas do Nível 2 e Nível 3, conforme 
apresentado na Figura 1. A metodologia apresentada no fluxograma da Figura 1 descreve o 
caminho que auxilia na identificação das oportunidades de melhoria dos processos, que no caso 
deste estudo, consiste em analisar por meio do projeto arquitetônico, ou seja, das decisões de 
projetos adotadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1. Fluxograma de analise de oportunidades P+L 
 
 
 
Fonte: Adaptado de CNTL (2003) 
 
2. OBJETIVO 
Este artigo tem como objetivo analisar os critérios estabelecidos em pesquisas desenvolvidas que 
visam reduzir o consumo de materiais, minimizando a utilização dos recursos naturais, e a 
geração dos resíduos nas edificações (residências verticais) a fim de identificar a influência das 
tomadas de decisões de projeto, identificando os impactos gerados e avaliando ações de 
melhorias na ótica dos conceitos da Produção mais Limpa. 
 
3. METODOLOGIA 
Para realização deste trabalho foram avaliados três pesquisas, Schneck (2013), Dias (2013) e 
Postay (2015), enumeradas 1, 2 e 3 respectivamente, que contemplaram 27 edificações 
residenciais verticais e buscam através do projeto arquitetônico identificar a relação da 
compacidade do projeto no consumo de materiais e geração de resíduos reduzindo assim os 
impactos ambientais devido ao consumo e desperdício de material em virtude da tomada de 
decisão de projeto. As análises foram baseadas nos métodos de cada pesquisa e resultados 
obtidos, buscando a relação com a implantação do programa de Produção mais Limpa. No 
Quadro 1 são apresentadas as pesquisas avaliadas no presente estudo e os objetivos propostos 
pelos autores. 
 
Quadro 1: Autores avaliados no estudo 
Autor (ano) Objetivo geral 
Schneck (2013) 
Investigar a influência do tipo arquitetônico em impactos ambientais, no 
custo e em quesitos de habitabilidade em empreendimentos habitacionais 
de interesse social (EHIS). 
Dias (2013) 
Propor um modelo para estimar a geração de resíduos durante o 
processo de produção de obras residências verticais a partir de 
características do projeto arquitetônico e sistemas produtivos. 
Postay (2015) 
Investigar a correlação entre compacidade, energia incorporada e 
emissão de CO2 em projetos de habitações de interesse social. 
Fonte: Elaborado pelos autores (2018) 
 
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Avaliação 1: Buscar as oportunidades de P+L na metodologia aplicada por Schneck (2013) que 
simula diferentes tipos arquitetônicos, resultando no índice de compacidade. Na Tabela 1 são 
apresentadas as diferentes formas da edificação (geometria) resultando no índice econômico de 
compacidade (IeC). Na Tabela 2, a influência da IeC na quantidade (consumo) de material 
empregado no sistema de vedação (paredes) e na Tabela 3 tem-se o comparativo de custos 
referente ao material empregado para diferentes IeC. Na relação com a P+L em nível 1 a redução 
na fonte corresponde a melhoria do projeto antes dão planejamento ou execução da obra, 
podendo assim planejar os insumos evitando assim consumo elevado de material. Salientando 
que a mudança na tipologia do projeto não alterou a área nas unidades habitacionais. 
 
Tabela 1 – Projeto, tipo arquitetônico e IeC calculado 
 
PROJETO TIPO ARQUITETÔNICO IeC 
Projeto -base 
Planta em forma H, 
circulação centralizada e 
fechada. 49,4% 
Projeto- proposto A 
Planta em forma de barra, 
circulação lateral aberta 
protegida. 72,1% 
Projeto- proposto B 
Planta em forma de barra, 
circulação mista (lateral e 
centralizada). 62,8% 
Fonte: Adaptado de SCHNECK (2013) 
Tabela 2 – Área das alvenarias 
 
Projeto 
Paredes 
 Externas (m²) 
Paredes 
Internas (m²) 
Área 
Construída (m²) 
Relação paredes/ 
superfície 
Projeto-base 967 759 1020 1,69 
Projeto- proposto A 625 752 1020 1,35 
Projeto- proposto B 825 671 1020 1,46 
Fonte: Adaptado de SCHNECK (2013) 
 
Tabela 3 – Estimativa de custos dos projetos 
 
Estimativa de custos dos projetos (em R$) 
 
Projeto-base Projeto-proposto A Projeto-proposto B 
R$ % R$ % R$ % 
Índice Econômico de 
Compacidade (Iec) 49,40% 72,10% 62,80% 
Total (R$) 900.871,21 838.707,44 855.078,22 
Custo unid. Habitacional 
(R$) 45.043,56 41.935,37 42.753,91 
Fonte: Adaptado de SCHNECK (2013) 
 
Com base nas tabelas apresentadas é possível identificar que a geração de emissão de CO2 e 
energia incorporada para elementos construtivos de vedação confirma o pressuposto de que o 
aumento do IeC reduziu os impactos ambientais através dos quesitos analisados, em função do 
menor consumo de materiais aplicados a obra e obteve-se uma redução de 7% da EI e de 8% de 
 
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emissão de CO2 entre o projeto-base e o projeto-proposto.
Nas Figuras 1 e 2 são apresentados 
gráficos resultantes do estudo de Schneck (2013), onde Gráfico A mostra a relação IeC com 
percentual de energia incorporada referente ao consumo de material empregado na construção e 
o Gráfico 2, a relação do IeC e emissão de CO2 emitido para fabricação dos materiais. Quanto 
maior o índice econômico de compacidade, isto é um projeto compacto, resulta em menos 
emissão e energia para fabricação dos materiais. 
 
 
 
Avaliação 2: No segundo trabalho avaliado, Dias (2013) analisou a tipologia das edificações 
residência verticais mais empregadas no Brasil (forma H), isto é, maior índice de compacidade e a 
relação do consumo de material empregado. Os critérios adotados estabelecem a relação de 
custo e demonstram resultados importantes para tomada de decisão de projeto, sendo avaliados 
sistemas construtivos, consequentemente custos economicamente e ambientalmente mais 
viáveis. 
Dias (2013) compara através das referências bibliográficas de Pinto (1999), Mália et al. (2011) e 
Saéz et al. (2012), as quais obtiveram indicadores capazes de quantificar os resíduos gerados 
durante o processo de produção, as características de projeto, sistema construtivos, sistema de 
gestão e a relação com a ocorrência de perdas. Nos resultados encontrados as variáveis que 
demonstraram maior influência sobre a geração de resíduos na tipologia de edifício residencial 
vertical foram o percentual de participação dos pavimentos tipo sobre o total de pavimentos do 
edifício (tipo/total), reaproveitamento de resíduos no canteiro, índice econômico de compacidade, 
sistema produtivo e área do pavimento tipo. O método adotado foi modelo estatístico, analise de 
regressão que obteve grau de significância α = 0,05. Com este modelo torna-se possível estimar o 
volume de resíduo gerado em função das variáveis de projeto mencionadas. O modelo contribui 
para decisões de projeto que geram menos impactos ambientais devido ao consumo e descarte 
de material. Na tabela 4 são apresentados os resultados de volume de resíduo gerado em obra e 
o estimado pelo modelo estatístico. 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Gráfico A, relação IeC , energia incorporada e 
emissão de CO2 
 
Fonte: Schneck (2013) 
Figura 2 – Gráfico B, relação IeC , energia incorporada e 
emissão de CO2 
 
Fonte: Schneck (2013) 
 
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Tabela 4 – Comparativo entre os resultados obtidos de geração de resíduo pelo 
modelo proposto com o volume de resíduos informado pelas empresas. 
 
ID 
Volume de resíduo 
informado pela 
empresa (m²) 
Modelo de estimativa proposto no trabalho 
Volume estimado (m²) 
Diferença (%) em relação ao 
volume informado 
1 1410 1604,5 13,79% 
2 1890 1501,2 -20,57% 
3 840 587,7 -30,51% 
4 1074 1030,5 -4,05% 
5 1074 961,1 -10,51% 
6 872 1000,2 14,70% 
8 420 600,5 42,98% 
10 612 501,4 -18,08% 
11 736 662,9 -9,93% 
12 1952 1414,8 -27,52% 
13 1188 1224,6 3,08% 
14 1512 1762,5 16,57% 
15 2164 2197,1 1,53% 
16 876 1125,1 28,44% 
17 1012 1031,9 1,97% 
18 712 1164,1 63,50% 
19 1165 1410,8 21,10% 
20 2252 1985,2 -11,85% 
Fonte: Adaptado de Dias (2013) 
A relação do IeC com os resíduos gerados, neste caso, não podem ser comparadas pois são de 
edificações e áreas diferentes. A comparação somente é possível quando se mantém mesma 
área. Analisando a pesquisa a partir dos conceitos de P+L, é possível verificar que o estudo utiliza 
indiretamente a minimização dos resíduos, conforme Nível 1- redução na fonte/modificações no 
produto do fluxograma CNTL, visto que as empresas tem interesse na quantificação dos resíduos 
gerados, pois deverão ser encaminhados para destinação adequada, conforme legislação, 
acarretando custos indiretos. 
Avaliação 3: Postay (2015) relaciona a redução do consumo de material à correlação da 
compacidade, energia incorporada (EI) e emissão de CO2. Foram analisados dados de cinco 
prédios, considerando, para cada um, três sistemas construtivos: alvenaria estrutural de blocos 
cerâmicos (A), alvenaria estrutural de blocos de concreto (B) e, o terceiro, paredes de concreto 
(C). As edificações muito similares em termos de áreas de construção (total e das unidades 
autônomas) e em termos de programa dos apartamentos tiveram variações em termos de forma 
arquitetônica do prédio, que foi analisada em termos de índice econômico de compacidade. Os 
resultados obtidos na análise de consumo de materiais mostram que os projetos mais compactos 
(maiores índices econômicos de compacidade) necessitam de menos massa de materiais, 
apresentando diferença em torno de 20% em massa na comparação entre o maior e menor índice 
de compacidade. A diferença no consumo de materiais entre os projetos estudados chegou a 30% 
na comparação entre os três sistemas construtivos analisados. Salienta-se, que decisões de 
projeto com relação à forma do tipo arquitetônico, relacionadas à compacidade do projeto e 
escolha do sistema construtivo causam reflexos diretamente relacionados a impactos ambientais, 
tanto quanto à energia incorporada quanto às emissões de CO2 dos materiais empregados no 
projeto. (POSTAY, 2015). A Tabela 5 apresenta os valores quantificados de material empregado 
devido ao sistema construtivo escolhido e sua relação com índice de compacidade. 
 
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Tabela 4 – Estimativa de custos dos projetos 
 
QUANTIDADE DE MATERIAIS REFERENTE AO SISTEMA CONSTRUTIVO 
IeC 49,4 54,44 62,71 64,21 72,12 
Sistema construtivo 
P1A P2A P3A P4A P5A 
Total kg Total kg Total kg Total kg Total kg 
TOTAL 1.010.541,34 906.774,76 876.064,97 848.363,42 808.914,93 
Sistema construtivo com 
bloco de concreto 
P1B P2B P3B P4B P5B 
Total kg Total kg Total kg Total kg Total kg 
TOTAL 1.147.631,66 1.111.196,95 1.070.143,93 964.600,50 917.125,11 
Sistema construtivo com 
painel de concreto 
P1C P2C P3C P4C P5C 
Total kg Total kg Total kg Total kg Total kg 
TOTAL 1.008.580,21 909.580,70 841.192,49 853.394,98 809.247,25 
Fonte: Adaptado de Postay (2015) 
Através dos dados avaliados é possível comprovar que a escolha do sistema adotado e a analise 
de um projeto mais compacto, evita o desperdício de materiais e consequentemente a redução de 
matéria prima. As Figuras 3, 4 e 5 apresentam os resultados da relação do índice econômico de 
compacidade (IeC) e a energia incorporada e emissão de CO2 para cada sistema construtivo 
adotado. Observa-se que o sistema construtivo de maior impacto é o bloco cerâmico, portanto 
analisar a especificação dos materiais é importante quando segue a análise baseado em P+L no 
que diz respeito também às emissões de CO2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3 - Correlação IeC, EI e emissão CO2- `Projetos 
com alvenaria de bloco cerâmico(A) 
 
Fonte: Postay (2015) 
 
Figura 4 - Correlação IeC, EI e emissão CO2- `Projetos 
com alvenaria de bloco de concreto (B) 
 
Fonte: Postay (2015) 
Figura 5 - Correlação IeC , EI e emissão CO2- `Projetos com Painel de concreto(C) 
 
Fonte: Postay (2015) 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Dentro do que foi apresentado observa-se que no Brasil os projetos de empreendimentos 
residenciais verticais buscam timidamente minimizar os impactos ambientais nas decisões de 
projeto buscando fontes alternativas de energia e uso racional de água com o uso de medidores 
individualizados, o reuso da água de chuva para área externas e, em alguns casos, o tratamento 
de águas cinza. As soluções adotadas visam à redução dos impactos na fase de operação da 
edificação, muitas pesquisas mostram também alternativas de melhoria de processos capazes de 
reduzir o consumo e /ou evitar o desperdício da matéria-prima na etapa de projeto e produção 
(construção). 
As três pesquisas apresentaram diferentes soluções, mas com o mesmo objetivo de avaliar a 
geração de resíduos através da concepção de projeto. Diversos estudos apontam o projeto como 
sendo a fonte de geração de resíduos
e buscam indiretamente através dos conceitos de Produção 
mais Limpa (P+L), a melhoria de seus processos construtivos e redução de desperdício. Através 
de propostas que visam à redução na fonte, na fase de concepção de projetos, seguindo o fluxo 
de controle na fonte, Schneck (2013) e Dias (2013) mostraram em seus trabalhos a relação da 
tipologia da edificação. As mudanças nos insumos (substituição de matérias-primas) como 
apresentados no trabalho de Postay (2015) e mudanças na tecnologia – mudança de layout, 
processo e condições operacionais, apresentadas nos demais trabalhos direcionam-se no 
caminho pela busca de otimizar seu processo e reduzir desperdícios, ocasionados pela atividade 
 
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da construção civil, tais como: emissão CO2, energia incorporada, determinação da 
quantidade de resíduos por etapa de obra. Neste seguimento há muitas oportunidades de estudo 
e pesquisa com foco nas decisões de projetos na geração de impactos ambientais, aprimorando 
as condições de concepção e produto final, e assim incorporado não somente o conceito de 
produção mais limpa, mas de prevenção da poluição. 
 
AGRADECIMENTOS 
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de mestrado, e ao CNPq pela bolsa de produtividade 
DT. 
 
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