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1 2 Prezado aluno! A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 SUMÁRIO 1 HISTÓRIA DA VIROLOGIA ............................................................... 5 2 VIROLOGIA ....................................................................................... 7 3 VÍRUS ................................................................................................ 9 3.1 Taxonomia Viral ........................................................................ 11 3.2 Estrutura viral ............................................................................ 14 4 CICLO VIRAL ................................................................................... 16 4.1 Adsorção ................................................................................... 16 4.2 Penetração ................................................................................ 17 4.3 Desnudamento .......................................................................... 17 4.4 Síntese viral ............................................................................... 18 4.5 Montagem e Maturação............................................................. 19 4.6 Liberação ................................................................................... 19 5 PATOGENIA VIRAL ......................................................................... 21 5.1 Interação vírus/hospedeiro ........................................................ 24 5.2 Mecanismos de Transmissão .................................................... 25 5.3 Mucosa ...................................................................................... 26 5.4 Trato geniturinário ..................................................................... 28 5.5 Pele ........................................................................................... 28 5.6 Sangue ...................................................................................... 29 5.7 Vetores ...................................................................................... 29 5.8 Transmissão Vertical ................................................................. 30 6 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES VIRAIS .................................. 30 7 PRINCIPAIS PATOLOGIAS VIRAIS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA . 32 7.1 AIDS (HIV) ................................................................................. 32 7.2 Dengue ...................................................................................... 37 7.3 Doenças Diarreicas Agudas ...................................................... 40 4 7.4 Febre amarela ........................................................................... 41 7.5 Hantaviroses ............................................................................. 43 7.6 Hepatite A .................................................................................. 44 7.7 Hepatite B .................................................................................. 46 7.8 Hepatite C ................................................................................. 48 7.9 Hepatite D ................................................................................. 50 7.10 Hepatite E .............................................................................. 53 7.11 Herpes simples ...................................................................... 54 7.12 Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV ....................... 59 7.13 Influenza................................................................................. 62 7.14 Meningites virais .................................................................... 64 7.15 Mononucleose infecciosa ....................................................... 65 7.16 Poliomielite ............................................................................. 67 7.17 Rubéola e Síndrome da Rubéola congênita........................... 69 7.18 Sarampo................................................................................. 71 7.19 Varicela/Herpes Zoster .......................................................... 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 78 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 80 5 1 HISTÓRIA DA VIROLOGIA Fonte: pt.wikipedia.org A virologia teve uma história notável ao passar dos anos. Os vírus, devido à sua natureza predatória, moldaram a história e a evolução de seus hospedeiros. Todos os organismos vivos que conhecemos, quando estudados com atenção, possuem parasitas virais. Assim, estas entidades exercem uma força significativa em todas as formas de vida, incluindo os próprios vírus. Antes do surgimento da teoria dos germes, de Louis Pasteur (1822-1895), em 1857, que mostrava que esses agentes eram a causa de muitas doenças, acreditava-se que as infecções eram causadas por venenos. O termo em latim para veneno é vírus. A teoria dos germes causando doenças é a mais importante contribuição da ciência da microbiologia para o bem-estar geral da população mundial, sendo talvez a ajuda mais importante de qualquer disciplina científica moderna. Fortemente controversa no princípio, hoje é uma pedra angular da medicina e da microbiologia clínica, o que conduziu a importantes inovações, tais como antibióticos e práticas de higiene. O anatomista alemão Jacob Henle de Gottingen observou a hipótese da existência de agentes infecciosos que eram muito pequenos para serem observados com o microscópio óptico e que eram capazes de provocar doenças 6 específicas. Na ausência de provas diretas para tais entidades, no entanto, suas ideias não conseguiram ser aceitas. Porém, em meados do século XIX, Pasteur designava como vírus os agentes causadores de infecções, mesmo as causadas por bactérias. Em alguns casos, todavia, não era possível identificar o agente causador da infecção. No final daquele século, evidências mostraram que alguns agentes causadores de doenças humanas e de plantas poderiam passar por filtros, ao contrário de bactérias. Desta forma, estes agentes foram denominados inicialmente de “vírus filtráveis”, porém o termo filtrável acabou se perdendo pelo desuso. A descoberta dos vírus tem início em 1883, quando Adolf Mayer (cientista alemão) trabalhava com plantas de tabaco. A doença é conhecida como mosaico do tabaco. Mayer percebeu que podia transmitir a doença de uma planta para outra ao pulverizar seiva extraída de plantas doentes em plantas sadias. O cientista pensou que se tratava de uma bactéria muito pequena. Uma década depois, Dmitri Ivanowsky (cientista russo) passou a seiva infectada por um microfiltro, o qual deveria reter células bacterianas.Entretanto, após a filtração, a seiva continuava infectando plantas sadias. Para Dmitri, tratava-se de uma toxina. Em 1897, o botânico holandês Martinus Beijerink comprovou que após sucessivas pulverizações com seiva infectada em plantas sadias, o agente infeccioso continuava exercendo o mesmo efeito. Portanto, tal agente podia se reproduzir (não podia ser toxina). Apenas entre as décadas de 1940 e 1950, com o uso da microscopia eletrônica, é que o TMV (tobacco mosaic virus) pode ser visualizado pela primeira vez. Fonte: ufrgs.br 7 Neste mesmo ano realizou uma das mais importantes experiências de transmissão viral. Ele inoculou em plantas saudáveis o suco extraído de plantas doentes. Esta foi a primeira transmissão experimental de uma doença viral de plantas e relatou que: “Em nove de cada dez casos (de plantas inoculadas) vai ser um sucesso no sentido de tornar a planta saudável... pesadamente doente". As consequências das infecções virais nos seres humanos e nas plantas modificaram a nossa história e deram origem a esforços extraordinários por parte de virologistas para estudar, compreender e erradicar estes agentes. Muitos dos conceitos e ferramentas da biologia molecular foram derivados do estudo de vírus e suas células hospedeiras. 2 VIROLOGIA Fonte: fapesc.sc.gov.br Virologia é a especialidade biológica e médica que estuda os vírus e suas propriedades. Essencialmente, o vírus é ácido nucleico envolvido por um pacote proteico, inerte no ambiente extracelular, somente sendo capaz de reproduzir-se dentro da célula hospedeira, por isso é frequentemente classificado como "parasita intracelular obrigatório". Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente apresentam-se revestidos por um envoltório proteico formado por uma ou várias proteínas, o qual pode ainda ser revestido por um complexo envelope formado por uma bicamada lipídica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_nucleico https://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna 8 Dentre os tópicos inerentes ao campo da virologia, incluem-se: Classificação e estrutura viral Replicação viral Patogênese viral Imunologia viral Vacinas virais Terapias virais Métodos de diagnósticos Quimioterapia antiviral Medidas para controle de infecções Epidemias de vírus, etc. O estudo dos vírus constitui, desde há alguns tempos, a mais significativa base, da maior parte do aumento do moderno conhecimento científico nas áreas da Biologia, em que se incluem, em geral a Biologia Molecular e a Genética e em particular as aplicações das Ciências da Vida. Os vírus são, ainda, as mais pequenas entidades biológicas a que se pode atribuir um "plano de vida". São pouco mais que material genético que consegue preservar-se quase sempre iludindo as estratégias defensivas dos hospedeiros que usam para se propagar. A importância científica do seu estudo reside em dois pontos principais: no aumento do conhecimento da forma como utilizam os recursos energéticos das células que utilizam como hospedeiros e no esclarecimento de muitos dos mecanismos biológicos dos hospedeiros que utilizam ou têm de contornar para se poderem preservar como entidades biológicas autónomas. As modernas biotecnologias incluem em grande medida o uso de agentes virais, seja diretamente e como tal ou o seu material genético isolado, seja tirando partido dos conhecimentos que o seu estudo tem permitido, em especial das suas estratégias moleculares de sobrevivência. Além de um interesse científico, as doenças causadas por vírus contribuem de forma significativa para a morbilidade e mortalidade de muitas espécies vivas, com particular realce para o seu impacto em muitas das atividades económicas e industrializadas da sociedade atual. 9 3 VÍRUS Fonte: veja.abril.com.br A palavra vírus é originária do latim e significa toxina ou veneno. Existem muitas controvérsias na comunidade científica a respeito do vírus ser ou não um ser vivo. Muitos autores consideram que a vida se originou do RNA, pois, a partir desta molécula são formadas novas quantidades dela mesma. Em 1960, o físico alemão Manfred Eigen, ganhador de um prêmio Nobel, descobriu que era possível a replicação de RNA in vitro. O RNA, portanto, tornou- se um grande candidato à condição de supermolécula da vida primitiva, capaz de se replicar e sofrer mutações, alojando genes codificadores de enzimas e outras proteínas. Essa molécula, denominada “RNA de Eigen”, é muito semelhante ao vírus, pois se encontra na fronteira entre o químico e o biológico. Uma das hipóteses da origem do vírus, denominada “Teoria dos Elementos Subcelulares”, é de que o vírus seria proveniente de uma molécula de RNA. Uma outra hipótese defende que o vírus teria se originado de seres unicelulares de vida livre que, por uma perda progressiva de propriedades celulares, criou uma dependência, tornando-o um parasita intracelular obrigatório. Os que defendem que o vírus não é um ser vivo partem do princípio de que ele não tem vida livre, pois sua replicação só é possível dentro de uma célula 10 viva. Além disso, alguns desses agentes possuem a capacidade de se cristalizar quando submetido a situações adversas. Entretanto, os que o classificam como ser vivo se apoiam em duas características: A sua capacidade de replicação que os diferem de outros agentes, tais como as toxinas bacterianas; A presença de uma estrutura protetora de seu material genético, ausente nos plasmídeos (molécula de DNA circular). Apesar de terem a capacidade de se replicar, os vírus não possuem um aparato enzimático suficiente para a replicação, necessitando, assim, da maquinaria celular para completar o seu ciclo replicativo, o que o torna um parasita intracelular obrigatório. Sua fragilidade “aparente”, por ser estritamente dependente da célula, é descartada pela capacidade de controle e redirecionamento do metabolismo celular para o seu próprio benefício. Apesar da baixa complexidade estrutural, pode causar grandes danos à célula hospedeira, mesmo apresentando morfologicamente apenas o material genético, um capsídeo e, em alguns vírus, um envelope. Algumas propriedades distinguem os vírus de outros microrganismos. A primeira está relacionada ao seu tamanho, o qual pode variar de 10 a 300 nm. Dessa forma, são considerados os menores microrganismos existentes, podendo ser visualizados apenas através da microscopia eletrônica. Para fins de comparação, lembramos que as bactérias e as hemácias possuem, em média, 10 a 15 vezes o tamanho dos vírus, o que possibilita a identificação destes por meio da microscopia ótica. A segunda propriedade se refere ao genoma viral, que pode ser DNA ou RNA, com exceção do Mimivírus (família: Mimiviridae), o qual apresenta em seu genoma os dois ácidos nucleicos (DNA e RNA), descoberto em 2003, por pesquisadores da Universidade Méditerranée, em Marseille, França (LA SCOLA et al., 2003), apud STEPHENS, et al. 2009. p.127. O ácido nucleico contém os genes responsáveis pelas informações genéticas para a codificação de proteínas com composição química bem definida, capazes de induzir respostas imunológicas específicas. 11 Esta especificidade é uma das características virais, ou seja, quando somos acometidos por uma infeção viral, o nosso sistema imune produz anticorpos específicos, que podem ser identificados através do diagnóstico sorológico. O mecanismo de replicação viral favorece as frequentes mutações, burlando, assim, o sistema imune. Outra importante propriedade dos vírus é a sua natureza particulada, já que ele é capaz de se replicar, formando seus componentes separadamente, sendo o ácido nucleico umadas primeiras moléculas a ser formada. Como mencionado anteriormente, o vÌrus precisa necessariamente de uma célula viva para realizar seu ciclo. Dessa forma, tratam- se de parasitas estritos, não possuindo atividade metabólica fora das células hospedeiras. Estas células podem ser de animais, vegetais ou microrganismos. As propriedades físico-químicas dos vírus os tornam capazes de infectar o organismo através de receptores de membrana específicos, presentes nas células hospedeiras. O fato de o vírus apresentar tropismo celular vai influenciar no tipo de doença causada. Por exemplo, um vírus que possui afinidade por células do sistema imune compromete a sua função. Assim, a interação vírus-hospedeiro é a chave de muitos aspectos das doenças virais, tanto da transmissão quanto da capacidade de o vírus de se sobrepor às defesas do hospedeiro. Uma resposta imune exacerbada do hospedeiro pode, também, contribuir para causar maiores danos, agravando a enfermidade. 3.1 Taxonomia Viral O International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) vem aprimorando as normas de classificação viral passo a passo, estabelecendo, assim, uma taxonomia exclusiva para a organização dos vírus. O mais importante de todo esse princípio é que, os vírus podem ser agrupados de acordo com as suas propriedades físico, químicas e biológicas, assim como as das células que infectam. Dessa forma, os vírus podem ser classificados de acordo com o tipo de ácido nucleico, simetria do capsídeo, 12 presença ou ausência do envelope, tamanho e sensibilidade ás substâncias químicas. Alguns vírus são capazes de realizar recombinações genéticas e montagens incorretas de partículas virais, podendo produzir vírus provenientes de diferentes ancestrais. Certos vírus, como o HIV, têm seus ácidos nucleicos incorporados ao genoma da célula hospedeira. Logo, através da taxonomia, não é possível associarmos uma espécie de vírus a um ancestral comum. Uma outra classificação viral foi definida por David Baltimore, em 1971, a fim de correlacionar as características do ácido nucleico com as estratégias de replicação. Classificação de Baltimore: Classe I: DNA de fita dupla - Ex: Adenovírus, Herpesvírus e Poxvírus. Classe II: DNA de fita simples positiva - Ex: Parvovírus Classe III: RNA de fita dupla - Ex: Reovírus, BirnavÌrus Classe IV: RNA de fita simples positiva - Ex: Picornavírus e Togavírus Classe V: RNA de fita simples negativa - Ex: Orthomixovírus e Rhabdovírus Classe VI: RNA de fita simples positiva, com DNA intermediário no ciclo biológico do vírus - Ex: Retrovírus Classe VII: DNA de fita dupla com RNA intermediário - Ex. Hepadnavírus. Fonte: slideplayer.com.br 13 Atualmente os vírus são classificados dentro de grupos taxonômicos, assim como os seres vivos, porém, seguindo uma regra particular de classificação. Vírus não são agrupados em domínio, reino, filos ou classes. Desta maneira, a estrutura geral da taxonomia dos vírus segue a classificação: Ordem (-virales) Família (-viridae) Subfamília (-virinae) Gênero (-virus) Espécie Fonte: slideplayer.com.br A nomenclatura para ordens, famílias, subfamílias e gêneros é sempre precedida pelos sufixos apresentados acima. Já a nomenclatura de espécies não possui um padrão universal. Cada ramo da virologia (vegetal, animal, bacteriana, humana) adota um padrão de nomenclatura específico. Espécies de vírus de plantas normalmente apresentam nomes que fazem referência a planta hospedeira e a característica do sintoma causado pela infecção (ex. Vírus do mosaico do tabaco). Espécies de vírus de bactérias (bacteriófagos) podem ser denominados como "fago" seguido de uma letra grega (ex. Fago λ) ou código alfanumérico (ex. Fago T7). Vírus que infectam vertebrados podem receber nomes em alusão à espécie hospedeira de origem (ex. Papillomavírus Bovino), ao local de origem https://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Seres_vivos https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom%C3%ADnio_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Filo_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Subfam%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9nero_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sufixos https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus_do_mosaico_do_tabaco https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacteri%C3%B3fagos https://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrados 14 do vírus (ex. Vírus Ebola, do rio Ébola, no Congo), à doença causada pelo vírus (ex. Vírus da imunodeficiência humana - HIV). 3.2 Estrutura viral Basicamente os vírus são constituídos por dois componentes essenciais: a parte central, que recebe o nome de cerne, onde se encontra o genoma, e que pode ser DNA ou RNA (salvo exceção); associado a uma capa proteica denominada capsídeo, formando ambos o nucleocapsÌdeo. Ao final da replicação, a progênie viral é constituída por partículas completas (vírion), as quais são infecciosas, e por outras partículas incompletas e não infecciosas. Em alguns gêneros, com o Poliovírus e o Adenovírus, os vírions consistem unicamente de nucleocapsídeo. Já em outros gêneros, como o Mixovírus, o Herpesvírus e o Poxvírus, os vírions são constituídos por uma membrana lipoproteica externa, o envelope. Muitos vírus adquirem o envelope durante sua saída da célula hospedeira, para onde levam parte da membrana celular. Os vírus possuem propriedades físico-químicas e biológicas importantes na interação com a célula hospedeira. Entre elas, podemos destacar: Massa molecular PH Temperatura Estabilidade iônica Densidade Suscetibilidade a agentes físicos e químicos Composição proteica (de carboidratos e de lipídios) Natureza e afinidade antigênica Tropismo Transmissão Patogenicidade A partir do arranjo estrutural do nucleocapsÌdeo, os vírus apresentam as seguintes simetrias: icosaédrica, helicoidal e complexa. https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus_Ebola https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Democr%C3%A1tica_do_Congo https://pt.wikipedia.org/wiki/HIV 15 A estrutura do genoma depende se o vírus é RNA ou DNA, pois o DNA apresenta os nucleotídeos citosina, guanina, adenosina e timina, enquanto que o RNA possui a uracila no lugar da timina. O genoma de RNA ou DNA pode ser constituído por uma única fita (ss) ou por duas fitas (ds). Fitas positivas de RNA são fitas que contém o código que será traduzido pelos ribossomos. Fitas positivas de DNA são fitas que contém a mesma base sequencial do RNA mensageiro. Fita negativa de RNA ou DNA é a fita com base sequencial complementar à fita positiva. Concluindo, o vírus é constituído basicamente por duas estruturas: ácido nucleico e capsídeo, sendo que, em alguns grupos, apresentam também o envelope ou envólucros. A função do ácido nucleico é albergar a informação genética (replicação viral) e a do capsídeo é a proteção do genoma. Além disso, esta estrutura é a principal responsável pela indução da resposta imune do hospedeiro. Em vírus envelopados, os lipídeos se apresentam na forma de fosfolípides, o que auxilia a entrada do vírus na célula hospedeira e confere uma maior proteção do microrganismo. Fonte: horadaescola.com 16 4 CICLO VIRAL A replicação viral, que ocorre no interior da célula do hospedeiro, evolui seguindo as etapas de adsorção, penetração, desnudamento, transcrição e tradução (síntese), maturação e liberação. 4.1 Adsorção É a ligação de uma molécula presente na superfície da partícula viral com os receptores específicos da membrana celular do hospedeiro.Nos vírus envelopados, as estruturas de ligação geralmente se apresentam sob a forma de espículas, como nos Paramyxovírus e nos vírus sem envelope. A ligação célula-vírus geralmente está relacionada a um ou grupo de polipeptídios estruturais, como acontece nos Papilomavírus. Fonte: slideplayer.com.br A presença ou ausência de receptores celulares determina o tropismo viral, ou seja, o tipo de célula em que são capazes de ser replicados. Para haver a adsorção, é necessária uma ponte entre as proteínas mediadas por íons livres de clico e magnésio, uma vez que as proteínas apresentam carga negativa. Outros fatores irão influenciar diretamente na adsorção do vírus na membrana celular, tais como: temperatura, pH e envoltórios com glicoproteínas. 17 4.2 Penetração É a entrada do vírus na célula. Esta pode ser feita de duas maneiras: fusão e viropexia. A fusão é quando a membrana celular e o envelope do vírus se fundem, permitindo a entrada deste no citosol da célula. No caso da família Paramixoviridae, a proteína F catalisa a ligação da membrana com o envelope. Fonte: microbiologybook.org A viropexia é uma invaginação da membrana celular mediada por receptores e por proteínas, denominadas clatrinas, que revestem a membrana internamente. Nos dois mecanismos existe uma dependência em relação à temperatura adequada, que fica em torno de 37ºC, em vírus que replicam em células de vertebrado. 4.3 Desnudamento Neste processo, o capsídeo é removido pela ação de enzimas celulares existentes nos lisossomos, expondo o genoma viral. Além disso, se observa a fase de eclipse, onde não há aumento do número de partículas infecciosas na célula hospedeira. De uma maneira geral, o vírus que possui como ácido nucleico o DNA, faz síntese no núcleo, com exceção do PoxvÌrus, uma vez que precisa da enzima 18 polimerase, encontrada no núcleo da célula. O vírus que possui como genoma o RNA faz a síntese viral no citoplasma, com exceção do vírus Influenza, pois já possui a enzima polimerase. 4.4 Síntese viral A síntese viral compreende a formação das proteínas estruturais e não estruturais a partir dos processos de transcrição e tradução. Os vírus foram agrupados em sete classes propostas por Baltimore em 1971, de acordo com as características do ácido nucleico e as estratégias de replicação. Nos vírus inseridos nas classes I, III, IV e V, o processo de tradução do RNA mensageiro ocorre no citoplasma da célula hospedeira. Já nos vírus da classe II, este processo ocorre no núcleo. Em todas estas classes, o RNA mensageiro sintetizado vai se ligar aos ribossomas, codificando a síntese das proteínas virais. As primeiras proteínas a serem sintetizadas são chamadas de estruturais, pois irão formar a partícula viral. As tardias são as proteínas não estruturais, que participam do processo de replicação viral. Na classe VI, os vírus de RNA realizam a transcrição reversa formando o DNA complementar (RNA'DNA’RNA), devido a presença da enzima transcriptase reversa (família Retroviridae). Os vírus da classe VII apresentam um RNA intermediário de fita simples, maior do que o DNA de cadeia dupla que o originou (DNA’RNA’DNA). Resumindo, abaixo estão descritas as características principais de cada classe. Classe I: Ocorre no citoplasma, independente do genoma celular, que é bloqueado. Classe II: É realizada no núcleo, simultaneamente à síntese do genoma celular. Classe III: Processa-se no citoplasma; sendo, no início, apenas umas das fitas do ácido nucleico copiada. Classe IV: Ocorre no citoplasma, por meio de um processo complexo, ainda pouco esclarecido. 19 Classe V: A fita simples de RNA serve de molde para a formação de genoma viral e síntese de RNA mensageiro. Classe VI: Pertence a essa classe a família Retroviridae, que possui uma enzima chamada Transcriptase Reversa, responsável pela síntese de DNA a partir de RNA. Classe VII: Tem como exemplo a família Hepadnaviridae, cuja característica principal é a formação de um RNA intermediário. 4.5 Montagem e Maturação Nessa fase, as proteínas vão se agregando ao genoma, formando o nucleocapsídeo. Alguns vírus, como o Rotavírus, apresentam mais de um capsídeo. A maturação consiste na formação das partículas virais completas, ou vírions, que, em alguns casos, requerem a obtenção do envoltório lipídico ou envelope. Este processo, dependente de enzimas tanto do vírus quanto da célula hospedeira, podendo ocorrer no citoplasma ou no núcleo da célula. De uma forma geral, os vírus que possuem genoma constituído de DNA condensam as suas partes no núcleo, enquanto os de RNA, no citoplasma. 4.6 Liberação A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular ou brotamento. Na lise celular (ciclo lítico), a quantidade de vírus produzida no interior da célula é tão grande que a célula se rompe, liberando novas partículas virais que vão entrar em outras células. Geralmente, os vírus não envelopados realizam este ciclo, ao passo que os envelopados saem da célula por brotamento. Neste caso, os nucleocapsÌdeos migram para a face interna da membrana celular e saem por brotamento, levando parte da membrana. Observação: Replicação dos Bacteriófagos Em relação aos bacteriófagos, nos dois ciclos (lítico e lisogênico), as fases de replicação são quase idênticas. Entretanto, no ciclo lítico, o vírus insere 20 o seu material genético na célula hospedeira, onde as funções normais desta são interrompidas pela inserção do ácido nucleico viral, produzindo tantas partículas virais que ao “encher” demasiadamente a célula, a arrebenta, liberando um grande número de novos vírus. Concluindo, no ciclo lítico há uma rápida replicação do genoma viral, montagem e liberação de vírus completos, levando à lise celular, ou seja, a célula infectada rompe-se e os novos vírus são liberados. No lisogênico, o vírus insere seu ácido nucleico na célula hospedeira, onde este torna-se parte do DNA da célula infectada e a célula continua com suas funções normais. Durante a mitose, os materiais genéticos da célula com o do vírus incorporado sofrem duplicação, gerando células-filhas com o “novo” genoma. Logo, a célula infectada transmitirá as informações genéticas virais sempre que passar por mitose e todas as células estarão infectadas também Fonte: stoodi.com.br 21 5 PATOGENIA VIRAL Fonte: alunosanalisesclinicas.wordpress.com Patogenia viral caracteriza os agravos causados por infecções virais, que determinam alterações morfológicas e funcionais nos tecidos e órgãos de um organismo, com consequente manifestação de doença. A manifestação clínica da doença depende de fatores como virulência da amostra viral, suscetibilidade do hospedeiro, efeitos de substâncias bioquímicas geradas a partir da interação vírus-célula e das reações inflamatórias e imunológicas resultantes dessa interação. Portanto, uma doença ocorre somente se o vírus se replica em número suficiente para danificar ou destruir diretamente células essenciais, causar a liberação de toxinas pelos tecidos infectados, danificar genes celulares ou danificar funções orgânicas indiretamente como resultado da resposta imune do hospedeiro à presença de antígenos virais. Embora alguns vírus possam estabelecer infecções assintomáticas, sua multiplicação nas células hospedeiras usualmente causa danos e, frequentemente, morte celular. Desde que os vírus são totalmente dependentes da sobrevivência de seus hospedeiros para continuar existindo, eles tendem a estabelecer infecções brandas nas quais a morte do hospedeiro é mais exceção do que regra. Importantes exceções são o vírus da raiva, o Hantavírus, o HIV e o Ebola. 22 A doença viral ocorre em consequência da infeção viral em um hospedeiro, o qual pode apresentar ounão sinais e sintomas clínicos. Em muitos casos, a infeção viral não é capaz de causar alterações clínicas visíveis no indivíduo, infeção inaparente ou subclínica. Entretanto, quando observamos alterações clínicas no hospedeiro, chamamos de infecção sintomática ou aparente. Algumas infeções virais podem causar o que chamamos de síndrome, que consiste em um grupo de sinais e sintomas específicos, caracterizando uma determinada infecção. Sendo assim, podemos considerar que um mesmo vírus pode causar sintomas clínicos diferentes. Além disso, também é possível que diferentes vírus possam causar os mesmos sintomas. Os diferentes sinais e sintomas da doença viral observados em um hospedeiro são determinados por características específicas do agente, e também do hospedeiro, as quais são influenciadas por fatores genéticos de ambos. Um vírus patogênico tem que ser capaz de infectar e causar sinais da doença em um hospedeiro susceptível. No processo da patogênese viral podemos observar doenças mais severas ou mais brandas. Isso ocorre devido à existência de cepas virais mais ou menos virulentas, ou às diferentes respostas imunológicas do hospedeiro. As respostas das células dos hospedeiros susceptíveis às infecções virais podem ocorrer através de três caminhos diferentes: Ausência de alterações aparentes, Efeito citopático (CPE) Seguido de morte e transformação celular (crescimento alterado). Em relação aos padrões de doenças virais no hospedeiro, as infecções podem se apresentar das seguintes formas: Localizada ou disseminada, Sintomática ou inaparente, Aguda ou crônica. A persistência de um agente viral, sem que o hospedeiro manifeste sintomas clínicos específicos, caracteriza o período de latência 23 Fonte: epsjv.fiocruz.br Na infecção localizada, a replicação viral permanece próxima ao sítio de entrada do vírus. Exemplo: pele, trato respiratório e gastroentérico. Na infecção sistêmica ou disseminada, o espalhamento do agente pelo organismo ocorre em várias etapas, como entrada, disseminação para os linfonodos regionais, viremia primária e disseminação para órgãos susceptíveis. Após a viremia secundária, os vírus são disseminados para outros órgãos, como cérebro, pulmão, pele, etc. Existe uma predileção dos vírus para determinados órgãos, como o vírus da hepatite que atinge principalmente o fígado. Essa preferência é chamada de tropismo viral. Nas infeções sintomáticas, além do diagnóstico clínico, é necessária também a realização do diagnóstico laboratorial, considerando que os sintomas clínicos sejam inespecíficos para as doenças virais (período prodrômico). No indivíduo assintomático, muitas vezes, a infecção são é confirmada após exame laboratorial. Em gestantes, por exemplo, o Ministério da Saúde recomenda que seja feito exame, a fim de avaliar a imunidade para a rubéola e comprovar se a mulher já teve contato com o vírus anteriormente. A infecção aguda é caracterizada pela 24 presença de sintomas inespecíficos, característicos das doenças virais, tais como febre, cefaleia e mialgia. Este período é o ideal para serem coletados espécimes clínicos necessários para o diagnóstico laboratorial, já que é a fase onde existe uma maior carga viral no hospedeiro. Nas infecções crônicas, os vírus não são eliminados do organismo, permanecendo quase sempre em níveis baixos, acarretando ou não sintomas clínicos. Como exemplo desta infecção, temos os herpes vírus simples e o HIV, dentre outros 5.1 Interação vírus/hospedeiro O encontro do vírus com o hospedeiro suscetível torna possível a infecção viral. Esta interação consiste das seguintes etapas: Penetração do agente viral, a qual deve ocorrer pela via adequada. Replicação nos tecidos e órgãos-alvo. Resistência à resposta imune do hospedeiro. Produção da progênie viral. Nova excreção viral. A transmissão de um agente viral pode ser direta, ou seja, de um hospedeiro para outro. Neste caso, as condições ambientais são menos relevantes. Entretanto, a transmissão pode ser também por contato indireto, através da manipulação de objetos contaminados ou artrópodes. Neste caso, as condições ambientais são mais importantes no processo de transmissão. Para que o agente viral excretado entre em um novo hospedeiro, a suscetibilidade do indivíduo deve se sobrepor à sua resistência ao vírus. Na suscetibilidade estão associados vários aspectos, como espécie, raça, sexo, idade, exposição prévia ao agente, estado nutricional e fisiológico, e outros. Todos esses aspectos contribuirão para a suscetibilidade ou resistência ao agente viral. A perpetuação de uma determinada infecção viral é dependente do número de hospedeiros suscetíveis. Caso isto não ocorra, o vírus pode ser extinto em uma dada população. 25 5.2 Mecanismos de Transmissão Para a entrada do vírus na célula, este deve, inicialmente, se adsorver ou se ligar a receptores existentes na superfície das células do hospedeiro e, a partir daí, penetrar. A maioria dos vírus entra no hospedeiro através das mucosas dos tratos respiratório e gastrointestinal. Alguns vírus invadem o hospedeiro pelas mucosas urogenital e conjuntiva. Nesta primeira, temos como exemplo o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Alguns vírus são introduzidos no hospedeiro diretamente através do sangue, como é o caso dos vírus da hepatite B e o próprio HIV. Principais vias de entrada dos vírus associados às infecções em humanos Via de entrada Grupo de virus Produção de sintomas locais na porta de entrada Produção de infecção generalizada associada à doença de órgãos específicos Injeção Retrovírus Virus da imunodeficiência humana Hepadnavírus Hepatite B Herpesvírus Virus Epstein-Barr, citomegalovírus Picadas e mordidas Flavíus Muitas espécies, incluindo o vírus da febre amarela Togavírus Muitas espécies, incluindo o vírus da dengue e das encelites equinas Rabdovírus Virus da raiva Boca, trato intestinal Reovírus Rotavírus Picomavírus Alguns enterovírus , incluindo poliavírus e vírus da hepatite A Herpesvirus Virus Epstein-Barr, Citomegalovírus 26 herpes virus simples Adenovirus Algumas espécies Pele, traumatismo leve Poxvirus Vírus do molusco contagioso, vírus orf Herpesvirus Herpesvirus simples Papovajíjus Papiloma virus Vias respiratórias Coronavírus Maioiria das espécies Citomegalovírus Paramixovírus Vírus da parainfluenza,vírus sincial respiratório. Vírus da caxumba, vírus do sarampo Ortomixovírus Virus da influenza Togavírus Virus da rubéola Picomavírus Rinovírus Alguns enterovírus Poxvíus Virus da varíola (extinto) Herpesvirus Virus Epstein-Barr, herpesvirus simples Virus da varicela Adenovirus Maioria das espécies 5.3 Mucosa Trato respiratório O trato respiratório é a principal via de entrada do vírus no organismo. Seus mecanismos de defesa compreendem: a presença de células epiteliais ciliadas, muco, anticorpos secretórios da classe A, células fagocitárias alveolares, dentre outros. Alguns desses mecanismos auxiliam na remoção de partículas estranhas. Muitas vezes, os vírus ultrapassam essas barreiras, principalmente quando há um imunocomprometimento. Inicialmente, esses agentes se replicam nas células epiteliais, produzindo uma infecção localizada, podendo ser disseminada, rapidamente, com o auxílio dos fluídos locais. A infecção localizada não está, necessariamente, relacionada a uma doença mais amena, pois, em 27 muitos casos, grandes áreas do trato respiratório podem estar acometidas, causando uma enfermidade severa. A exceção das partículas virais, por esta via para o ambiente, favorece a rápida disseminação viral entre os indivíduos. Exemplos dos vírus que causam infecçãolocalizada no trato respiratório: Vírus da influenza, Vírus Parainfluenza, RinovÌrus, Vírus Respiratório Sincial e Adenovírus. Exemplos de vírus que infectam através do trato respiratório e causam infecção disseminada: Vírus da Caxumba, Vírus do Sarampo e Vírus da Rubéola. Trato gastrointestinal Nesta via a infecção é dada principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados, podendo ocorrer também pelo compartilhamento de talheres e copos utilizados por pessoas infectadas. A via de entrada é a orofaringe, onde esses agentes se concentram ou são transportados para o trato gastrointestinal. Já a excreção viral é feita pelas fezes, completando o ciclo oral-fecal. O trato gastrointestinal, por sua vez, é protegido contra os agentes infecciosos por imunoglobulinas secretoras (IgA), muco, ácidos gástricos, sais biliares, enzimas proteolíticas, dentre outros. Além desses, o peristaltismo é um importante mecanismo para manter o alimento e o agente em movimento, dificultando o estabelecimento da infecção. Em situações extraordinárias, pode ocorrer o inverso, ou seja, um movimento antiperistáltico, cuja função é a eliminação do microrganismo. Em geral, os vírus que causam infecção intestinal são ácido-bile resistentes. Exemplos dos vírus que causam infecção localizada na boca e orofaringe: Vírus do Herpes Simplex, Vírus Epstein-Barr e CitomegalovÌrus. Exemplos de vírus que infectam o trato gastrointestinal, produzindo enterites: Rotavírus, Vírus Norwalk e Astrovírus. Exemplos de vírus que infectam através do trato gastrointestinal e causam infecção disseminada: Vírus da hepatite A, vírus da Hepatite E e PoliovÌrus. 28 5.4 Trato geniturinário É uma via de entrada para vários tipos de vírus, principalmente os que utilizam via sexual. A contaminação é dada pelas diversas formas de contato sexual entre indivíduos e por instrumentos cirúrgicos ginecológicos e roupas Íntimas contaminadas (fômites). O pH, a microbiota e o muco local constituem uma importante proteção desta via. Assim como nos tratos discutidos anteriormente, o vírus pode se alojar localmente ou disseminar para outras áreas. Exemplos dos vírus que causam infecção localizada no trato geniturinário: Vírus do Herpes simplex, Vírus do Papiloma. Exemplos de vírus que infectam o trato geniturinário, produzindo infecções sistêmicas: Citomegalovírus, Vírus de Hepatite B e C e HIV. Conjuntiva O acometimento da conjuntiva pode se dar por infecção dos olhos pelas mãos ou objetos contaminados. Pode ser causada, na maior parte das vezes, por um Adenovírus, que normalmente causa o resfriado comum, permitindo a transmissão por gotículas de tosse e por espirros. Embora menos resistente que a pele, a conjuntiva é constantemente lavada pela secreção lacrimal, que funciona como uma barreira bioquímica, contendo principalmente a lisozima IgA secretória. A conjuntiva é ainda protegida fisicamente pelos cílios e movimentos das pálpebras, os quais auxiliam na manutenção da lubrificação dos olhos. Exemplos dos vírus que infectam por meio da conjuntiva: Enterovírus e Adenovírus. 5.5 Pele Esta é uma porta de entrada de vários agentes microbianos. Apesar de a picada dos artrópodes e a contaminação via sanguínea terem como primeiro acesso a pele, optamos por separa-los deste item para uma melhor compreensão do ciclo de transmissão viral. 29 A infecção da pele é possível através do contato direto com lesões de pessoas infectadas, mordida de animais vertebrados, objetos contaminados (ex: alicates) e a presença de solução de continuidade, permitindo a penetração do vírus. Sua proteção se deve ao epitélio estratificado da pele, pH, ácidos graxos (gordura), secreções (suor), e os pelos que revestem a epiderme. Exemplos dos vírus que causam lesões cutâneas localizadas: Papilomavírus, Poxvírus. Exemplos de vírus transmitido por mordida de animal: Vírus da Raiva (Rhabdovírus). 5.6 Sangue A infecção do sangue pode ocorrer por meio de compartilhamento de seringas, transfusão sanguínea e transplante de órgãos. A proteção desta via, além da pele e da mucosa (porta de entrada), é o próprio sistema imunitário, já que envolve componentes sanguíneos (células, sistema complemento, imunoglobulinas, etc.) para o combate da infecção. Esta defesa pode ser burlada pelos vírus, através dos mecanismos de escape ou mesmo pelo fato de alguns vírus possuírem tropismo por células do sistema imune. Exemplos de vírus transmitidos por via iatrogênica (agulhas, material cirúrgico): HIV, Vírus da Hepatite B e C. 5.7 Vetores Alguns vírus, denominados Arbovírus, são transmitidos estritamente por vetores, como os mosquitos, os quais têm o papel de carreá-los e transmiti-los, através da picada, para os hospedeiros vertebrados. Esses agentes são armazenados, podendo se replicar no interior dos artrópodes sem causar danos a estes. Exemplos de vírus transmitidos por artrópodes: vírus da dengue e da febre amarela. 30 5.8 Transmissão Vertical Esta transmissão ocorre da mãe para o filho e pode ser, via placenta ou congênita, no momento do parto ou perinatal, ou ainda pela exposição pós-parto, via amamentação Como barreiras de proteção, a mãe passa para seu filho, por via placentária, imunoglobulinas IgG e pela amamentação, em especial no colostro, IgA. O feto e o recém-nascido, por sua vez, produzem a IgM em resposta a uma infecção. Exemplos de vírus transmitido por via placentária: vírus da rubéola e citomegalovírus. 6 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES VIRAIS Fonte: ufrgs.br A epidemiologia viral consiste na relação entre o agente viral e o meio ambiente, ou meio externo. Nesta interação, a maioria dos vírus não é viável no ambiente por longos períodos. Dessa forma, a transmissão de um vírus pode ser inviável devido à sua inativação no ambiente. A epidemiologia é a ciência que estuda as doenças em uma determinada população. Além disso, investiga os fatores envolvidos na manutenção e transmissão das infeções, sua dinâmica e distribuição. A complexidade dessas interações é bastante variável e pode envolver várias espécies. http://www.ufrgs.br/ 31 Algumas infecções virais se mantêm em uma população através de uma cadeia de sucessivas infecções agudas entre o hospedeiro de uma única espécie animal. Mas existem vírus que são capazes de infectar várias espécies de hospedeiros. A fonte de infecção (hospedeiro ou reservatório) é qualquer vertebrado que esteja infectado e seja capaz de transmitir o agente para outros susceptíveis. Esses hospedeiros podem ser classificados como portadores ou doentes. Estes últimos são os que manifestam os sinais clínicos da doença e são considerados epidemiologicamente de menor importância, pois são facilmente reconhecidos e diagnosticados, permitindo a adoção de medidas de controle. Por outro lado, os portadores geralmente são assintomáticos, transmitindo a doença por um maior período, por serem dificilmente identificados. Com relação aos indivíduos portadores, podemos classificá-los em: Portadores ativos: Podem se dividir em permanentes ou temporários. Os permanentes excretam os vírus continuamente, como, por exemplo, os animais infectados com o vírus da diarreia bovina (BVDV); e os temporários excretam o agente apenas por determinados períodos. Portadores prodômicos ou em período de incubação: Estes portadores, além de disseminarem o vírus no ambiente ou a outros hospedeiros susceptíveis, podem continuar disseminando o vírus após a resolução da doença clínica. Cadeia de infecção Para a manutenção do processo infeccioso são necessários: Penetração e replicação do agente viral no hospedeiro. Produção da progênie viável. Progênie deve ser excretada do hospedeiro a tempo, pela via adequada e em quantidade suficiente para permitirsua transmissão a outros hospedeiros. O agente viral deve resistir ás adversidades do ambiente o tempo necessário para encontrar o hospedeiro susceptível. 32 7 PRINCIPAIS PATOLOGIAS VIRAIS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA Fonte: saude.abril.com.br 7.1 AIDS (HIV) A Aids é uma doença que representa um dos maiores problemas de saúde da atualidade, em função do seu caráter pandêmico e de sua gravidade. Os infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vão sendo destruídos os linfócitos T CD4+, uma das principais células alvo do vírus. A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de início de terapia antirretroviral, quanto para definição de casos de Aids, com fins epidemiológicos. A história natural dessa infecção vem sendo alterada, consideravelmente, pela terapia antirretroviral (TARV), a qual foi iniciada no Brasil em 1996, resultando em um aumento da sobrevida dos pacientes, mediante reconstrução das funções do sistema imunológico e redução de doenças secundárias e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Uma das prioridades do Programa Nacional de DST e Aids é a redução da transmissão vertical do HIV. Resultados animadores vêm sendo observados a partir da instituição de protocolos de tratamento da gestante/parturiente e 33 criança exposta, a qual, além da quimioprofilaxia com os antirretrovirais, deve ser alimentada com fórmula infantil desde o nascimento até a confirmação do seu status sorológico. Para facilitar a compreensão dos diferentes aspectos dessa complexa infecção, das diferentes abordagens de notificação, investigação, diagnóstico e tratamento optou-se por dividir este capítulo em duas partes: a primeira, sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) propriamente e a segunda, em que se destacam aspectos específicos da infecção e dos procedimentos para gestantes, parturientes, nutrizes e crianças expostas ao risco de infecção. Sinonímia: Sida, doença causada pelo HIV, síndrome da imunodeficiência adquirida. Agente etiológico: HIV-1 e HIV-2, retrovírus da família Lentiviridae. Reservatório: O homem. Modo de transmissão: O HIV pode ser transmitido por via sexual (esperma e secreção vaginal); pelo sangue (via parenteral e vertical); e pelo leite materno. Desde o momento de aquisição da infecção, o portador do HIV é transmissor, entretanto, os indivíduos com infecção muito recente (“infecção aguda”) ou imunossupressão avançada têm maior concentração do HIV no sangue (carga viral) e nas secreções sexuais, transmitindo com maior facilidade o vírus. Alguns processos infecciosos e inflamatórios favorecem a transmissão do HIV, a exemplo de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como a sífilis, o herpes genital e o Cancro Mole. Outros fatores de risco associados aos mecanismos de transmissão do HIV são: Tipo de prática sexual: relações sexuais desprotegidas. Utilização de sangue e seus derivados não testados ou não tratados adequadamente. Recepção de órgãos ou sêmen de doadores não testados ou não tratados adequadamente. A reutilização de seringas e agulhas, bem como seu compartilhamento. 34 Acidente ocupacional durante a manipulação de instrumentos pérfuro- cortantes, contaminados com sangue e secreções de pacientes. Gestação em mulheres HIV positivos (fator de risco para conceptos). Período de incubação: Compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de 5 a 30 dias. Período de latência: É o período após a fase de infecção aguda, até o desenvolvimento da imunodeficiência). Esse período varia entre 5 e 10 anos, média de seis anos. Período de transmissibilidade: O indivíduo infectado pelo HIV pode transmiti-lo em todas as fases da infecção, risco esse proporcional à magnitude da viremia. Diagnóstico: A doença pode ou não ter expressão clínica logo após a infecção, sendo importante que o profissional saiba conduzir a investigação laboratorial após a suspeita de risco de infecção pelo HIV. É importante o entendimento da dinâmica da variação viral ou seus marcadores e o curso temporal em indivíduos depois da exposição ao HIV. Além disso, é imprescindível reconhecer a diferença entre a janela imunológica e a soroconversão. Enquanto a janela imunológica é o período de tempo entre a exposição ao vírus até que a detecção por marcadores virais ou antivirais se tornem detectáveis, a soroconversão é o período que denota no processo de desenvolvimento de anticorpos contra um patógeno específico. Considera-se adequado considerar o período médio de janela imunológica de 30 dias. Período esse em que a maioria dos indivíduos apresentará resultados positivos nos conjuntos de testes diagnósticos para a detecção da infecção pelo HIV As manifestações clínicas são aquelas compreendidas nas seguintes fases: 35 Infecção aguda: O diagnóstico desta fase é pouco realizado, devido ao baixo índice de suspeição, caracterizando-se por viremia elevada, resposta imune intensa e rápida queda na contagem de linfócitos CD4+ de caráter transitório. As manifestações clínicas variam desde quadro gripal até uma síndrome que se assemelha à mononucleose (Mononucleose-like). Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: Febre Hiporexia, adinamia, Adenopatia Cefaleia, Faringite Fotofobia, Mialgia Hepatoesplenomegalia, Artralgia Perda de peso Rash cutâneo maculopapular eritematoso Náuseas Ulcerações muco-cutâneas, envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália. Vômitos Alguns pacientes, ainda, podem apresentar Candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré. Os sintomas duram, em média, 14 dias, podendo o quadro clínico ser autolimitado. Fase assintomática: Pode durar de alguns meses a alguns anos, e os sintomas clínicos são mínimos ou inexistentes. Os exames sorológicos para o HIV são reagentes e a contagem de linfócitos T CD4+ pode estar estável ou em declínio. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor. Fase sintomática inicial: Nesta fase, o portador da infecção pelo HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, além de processos oportunistas de menor gravidade, conhecidos como ARC - complexo relacionado à Aids. São indicativos de ARC: Candidíase oral; Testes de hipersensibilidade tardia negativos; 36 Presença de mais de um dos seguintes sinais e sintomas, com duração superior a 1 mês, sem causa identificada: linfadenopatia generalizada, diarreia, febre, astenia, sudorese noturna e perda de peso superior a 10%. Há uma elevação da carga viral e a contagem de linfócitos T CD4+ já pode se encontrar abaixo de 500cel/mm. Aids/doenças oportunistas: Uma vez agravada a imunodepressão, o portador da infecção pelo HIV apresenta infecções oportunistas (IO). As doenças oportunistas associadas à Aids são várias, podendo ser causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e certas neoplasias: Vírus: Citomegalovirose, Herpes Simples, leucoencefalopatia multifocal progressiva; Bactérias: Micobacterioses (Tuberculose e complexo Mycobacterium avium-intracellulare), pneumonias (S. pneumoniae), salmonelose; Fungos: Pneumocistose, candidíase, criptococose, histoplasmose Protozoários: Toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase. Os tumores mais frequentemente associados são: sarcoma de Kaposi, linfomas não Hodgkin, neoplasias intraepiteliais anal e cervical. É importante assinalar que o câncer de colo do útero compõe o elencode doenças indicativas de Aids, no sexo feminino Tratamento: A abordagem clínico-terapêutica do HIV tem-se tornado cada vez mais complexa, em virtude da velocidade do conhecimento acerca deste agente. Os objetivos do tratamento são: prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida, pela redução da carga viral e reconstituição do sistema imunológico. O atendimento é garantido pelo SUS, por meio de uma ampla rede de serviços. O Brasil é um dos poucos países que disponibiliza, integralmente, a assistência ao paciente com Aids. 37 7.2 Dengue Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente. A primeira manifestação da Dengue é a febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada à cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retro orbitária, com presença ou não de exantema e/ou prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia podem ser observados por 2 a 6 dias. As manifestações hemorrágicas, como epistaxe, petéquias, gengivorragia, metrorragia, hematêmese, melena, hematúria e outras, bem como a plaquetopenia, podem ser observadas em todas as apresentações clínicas de Dengue. A Dengue na criança, na maioria das vezes, apresenta-se como uma sín drome febril com sinais e sintomas inespecíficos: apatia, sonolência, recusa da alimentação, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. Alguns pacientes podem evoluir para formas graves da doença e passam a apresentar sinais de alarme da Dengue, principalmente quando a febre cede, precedendo manifestações hemorrágicas mais graves. Sinonímia: Febre de quebra ossos. Agente etiológico: O vírus da Dengue (RNA). Arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, com quatro sorotipos conhecidos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. Vetores hospedeiros: Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, o vírus da Dengue persiste na natureza, mediante o ciclo de transmissão: homem → Aedes aegypti → homem. O Aedes albopictus, já presente nas Américas e com ampla dispersão na região Sudeste do Brasil, até o momento não foi associado à transmissão do vírus. A fonte da infecção e hospedeiro vertebrado é o homem. Foi descrito, na Ásia e na África, um ciclo selvagem envolvendo o macaco. Modo de transmissão: A transmissão se faz pela picada da fêmea do mosquito Ae. aegypti, no ciclo homem → Ae. aegypti → homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação 38 extrínseca. A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta em um hospedeiro suscetível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento. Período de incubação: De 3 a 15 dias; em média, de 5 a 6 dias. Período de transmissibilidade: O homem infecta o mosquito durante o período de viremia, que começa um dia antes da febre e perdura até o sexto dia da doença. Complicações: O paciente pode evoluir para instabilidade hemodinâmica, com hipotensão arterial, taquisfigmia e choque. Tratamento: Os dados de anamnese e exame físico serão utilizados para orientar as medidas terapêuticas cabíveis. O tratamento é sintomático (com analgésicos e antipiréticos), sendo indicada hidratação oral ou parenteral, dependendo da caracterização do paciente Sinais de alarme da Dengue Hemorrágica e sinais de choque Sinais de alarme na doença Sinais de choque Dor abdominal intensa e contínua Hipotensão arterial Vômitos persistentes Pressão arterial convergente (PA diferencial de < 20mm Hg) Hipotensão postural e/ ou lipotimia Extremidades frias e cianose Hepatomegalia dolorosa Pulso rápido e fino Hemorragias importantes (hemtêmese ou melena) Enchimento capilar lento ( >2 segundos) Sonolência e irritabilidade Diminuição da diurese Diminuição repentina da temperatura corporal ou hipotermia Aumento repentino do hematócrito Queda abrupta de plaquetas 39 Desconforto respiratório Confirmado de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD):É o caso confirmado laboratorialmente e com todos os critérios presentes, a seguir: trombocitopenia (≤100.000/mm3 ); tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais: prova do laço positiva, petéquias, equimoses ou púrpuras, sangramentos de mucosas do trato gastrintestinal ou outros; extravasamento de plasma devido ao aumento de permeabilidade capilar, manifestado por: hematócrito apresentando aumento de 10% sobre o basal na admissão; queda do hematócrito em 20%, após o tratamento adequado; presença de derrame pleural, ascite e hipoproteinemia. Os casos de FHD são classificados de acordo com a sua gravidade em: Grau I: Febre acompanhada de sintomas inespecíficos, em que a única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva; Grau II: Além das manifestações do grau I, hemorragias espontâneas as leves (sangramento de pele, epistaxe, gengivorragia e outros); Grau III: Colapso circulatório com pulso fraco e rápido, estreitamento da pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria e inquietação; Grau IV: Síndrome do Choque da Dengue (SCD), ou seja, choque profundo com ausência de pressão arterial e pressão de pulso imperceptível. Dengue com complicações (DCC): É todo caso grave que não se enquadra nos critérios da OMS de FHD e quando a classificação de Dengue Clássica é insatisfatória. Nessa situação, a presença de um dos achados a seguir caracteriza o quadro: Alterações graves do sistema nervoso Disfunção cardiorrespiratória Insuficiência hepática Plaquetopenia igual ou inferior a 50.000/mm3 Hemorragia digestiva Derrames cavitários Leucometria global igual ou inferior a 1.000/m3 Óbito. Manifestações clínicas do sistema nervoso, presentes tanto em adultos como em crianças, incluem: delírio, sonolência, coma, depressão, irritabilidade, 40 psicose, demência, amnésia, sinais meníngeos, paresias, paralisias, polineuropatias, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-Barré e encefalite. Podem surgir no decorrer do período febril ou mais tardiamente, na convalescença. 7.3 Doenças Diarreicas Agudas Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com frequência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. No geral, é autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associadas à desnutrição. Dependendo do agente, as manifestações podem ser decorrentes de mecanismo secretório provocado por toxinas ou pela colonização e multiplicação do agente na parede intestinal, levando à lesão epitelial e, até mesmo, à bacteremia ou septicemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invasão e ulceração do epitélio. Os vírus produzem diarreia autolimitada, só havendo complicações quando o estado nutricional está comprometido. Os parasitas podem ser encontrados isolados ou associados (poliparasitismo) e a manifestação diarreica pode ser aguda, intermitente ou não ocorrer. Agentes etiológicos: Astrovírus, calicivírus, adenovírus entérico, norovírus, rotavírus grupos A, B e C e outros. Reservatório, modo de transmissão, período de incubação e transmissibilidade: Específicos para cada agente etiológico. Complicações: Em geral, são decorrentes da desidratação e do desequilíbrio hidreletrolítico. Quando não tratadas adequada e precocemente, podem levar a óbito. 41 Nos casos crônicos ou com episódios repetidos,acarretam desnutrição crônica, com retardo do desenvolvimento estato- ponderal. Tratamento: A terapêutica indicada é a hidratação oral, através do sal de reidratação oral (SRO), que simplificou o tratamento e vem contribuindo significativamente para a diminuição da mortalidade por diarreias. O esquema de tratamento independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação. O esquema terapêutico não é rígido, administrando-se líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais e sintomas de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de acordo com a sede. 7.4 Febre amarela Doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e gravidade variável. Apresenta-se como infecções subclínicas e/ ou leves, até formas graves, fatais. O quadro típico tem evolução bifásica (período de infecção e de intoxicação), com Início abrupto: Febre alta e pulso lento em relação à temperatura (sinal de Faget) Calafrios Cefaleia intensa Mialgias Prostração Náuseas e vômitos Durando cerca de 3 dias, após os quais se observa remissão da febre e melhora dos sintomas, o que pode durar algumas horas ou, no máximo, 2 dias. O caso pode evoluir para cura ou para a forma grave (período de intoxicação), caracterizada pelo aumento da febre, diarreia e reaparecimento de vômitos com aspecto de borra de café, instalação de insuficiência hepática e renal. Surgem também icterícia, manifestações hemorrágicas (hematêmese, melena, epistaxe, hematúria, sangramento vestibular e da cavidade oral, entre outras), oligúria, albuminúria e prostração intensa, além de comprometimento do 42 sensório, que se expressa mediante obnubilação mental e torpor com evolução para coma. Epidemiologicamente, a doença pode se apresentar sob duas formas distintas: Febre Amarela Urbana (FAU) e Febre Amarela Silvestre (FAS), diferenciando-se uma da outra pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro. Agente etiológico: Vírus amarílico, arbovírus do gênero Flavivírus e família Flaviviridae. É um RNA vírus. Vetores/reservatórios e hospedeiros: O principal vetor e reservatório da FAS no Brasil é o mosquito do gênero Haemagogus janthinomys; os hospedeiros naturais são os primatas não humanos (macacos). O homem não imunizado entra nesse ciclo acidentalmente. Na FAU, o mosquito Aedes aegypti é o principal vetor e reservatório e o homem, o único hospedeiro de importância epidemiológica. Modo de transmissão: Na FAS, o ciclo de transmissão se processa entre o macaco infectado → mosquito silvestre → macaco sadio. Na FAU, a transmissão se faz através da picada do mosquito Aedes. aegypti, no ciclo: homem infectado → Aedes aegypti → homem sadio. Período de incubação: Varia de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito fêmea infectado. Período de transmissibilidade: O sangue dos doentes é infectante de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após, tempo que corresponde ao período de viremia. No mosquito Aedes aegypti, o período de incubação é de 9 a 12 dias, após o que se mantém infectado por toda a vida. Tratamento: Não existe tratamento antiviral específico. É apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicada. Os quadros clássicos e/ou fulminantes exigem atendimento em unidade de terapia intensiva (UTI), o que reduz as complicações e a letalidade. 43 7.5 Hantaviroses As Hantaviroses são antropozoonoses virais agudas, cujas infecções em humanos podem se manifestar sob várias formas clínicas, desde o modo inaparente ou como enfermidade subclínica, cuja suspeita diagnóstica fundamenta-se nos antecedentes epidemiológicos, até quadros mais graves e característicos, como a Febre Hemorrágica com Síndrome Renal (FHSR), típica da Europa e da Ásia, e a Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH), detectada somente nas Américas. Nesta última Síndrome observa-se febre, mialgia, dor dorso-lombar e abdominal, cefaleia intensa, náuseas, vômitos e diarreia. Quando surge tosse seca, em geral é o início da síndrome mais severa (fase cardiopulmonar), acompanhada por taquicardia, taquidispneia e hipoxemia, que evoluem para edema pulmonar não cardiogênico, hipotensão arterial e colapso circulatório. RX com infiltrado intersticial difuso bilateral, enchimento alveolar, derrame pleural. O índice cardíaco é baixo e resistência vascular periférica elevada. Achados laboratoriais: leucocitose, neutrofilia com desvio à esquerda; linfopenia; hemoconcentração; plaquetopenia; redução da atividade protrombínica e aumento no tempo parcial de tromboplastina, elevação de TGO, TGP e DHL, hipoproteinúria, albuminemia, proteinúria; hipoxemia arterial. A letalidade é elevada, em torno de 40%. Sinonímia Febre hemorrágica com síndrome renal: Nefrosenefrite hemorrágica, na antiga União Soviética; febre songo ou febre hemorrágica epidêmica, na China; febre hemorrágica coreana, na Coreia; nefropatia epidêmica, na Escandinávia; nefrite epidêmica ou febre hemorrágica epidêmica ou nefrite dos Balcãs, na Europa; e febre hemorrágica epidêmica, no Japão. Síndrome cardiopulmonar por Hantavírus: Síndrome de insuficiência pulmonar do adulto por vírus hanta (SIRA). Agente etiológico: Vírus RNA, pertencente à família Bunyaviridae, gênero Hantavirus. 44 Reservatórios: Os hantavírus são transmitidos por roedores silvestres da ordem Rodentia, família Muridae. As subfamílias Arvicolinae e Murinae detêm os principais reservatórios primários da FHSR, enquanto que os da subfamília Sigmodontinae, da mesma família Muridae, são os roedores envolvidos com a SCPH. Cada vírus está associado apenas a uma espécie específica de roedor hospedeiro. Nesses animais, a infecção pelo hantavírus aparentemente não é letal e pode levá-lo ao estado de reservatório por longos períodos, provavelmente toda a vida. Modo de transmissão: Inalação de aerossóis formados a partir de secreções e excretas dos reservatórios (roedores). Outras formas mais raras de transmissão: Ingesta de água e alimentos contaminados; Percutânea, por meio de escoriações cutâneas ou mordeduras de roedores; Contato do vírus com mucosas (conjuntiva, boca, nariz), por meio de mãos contaminadas com excretas dos roedores, em indivíduos que trabalham ou visitam laboratórios e biotérios contaminados. Embora considerado evento raro, foi descrita transmissão pessoa a pessoa na Argentina. Período de incubação: Em média, 2 semanas, com variação de 4 a 60 dias. Período de transmissibilidade: Desconhecido. Complicações: Na FHSR: Insuficiência renal irreversível. Na SCPH: Insuficiência respiratória aguda e choque circulatório 7.6 Hepatite A Doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas, desde formas subclínicas, oligossintomáticas e até fulminantes (entre 2 e 8% dos casos). Os sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das transaminases. 45 A frequência de quadros ictéricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em menores de 6 anos, chegando de 70 a 80% nos adultos. O quadro clínico é mais intenso à medida que aumenta a idade do paciente. No decurso de uma Hepatite típica, há vários períodos: Incubação: Varia de 15 a 45 dias, média de 30 dias Prodrômico ou pré-ictérico: Com duração em média de 7 dias, caracterizado por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôndrio direito, aversão a alguns alimentos e à fumaça de cigarro. Ictérico: Com intensidade variável e duração geralmente de 4 a 6 semanas. É precedido por 2 a 3 dias de colúria. Pode ocorrer hipocolia fecal, prurido,hepato ou hepatoesplenomegalia. A febre, artralgia e cefaleia vão desaparecendo nesta fase. Convalescença: Retorno da sensação de bem-estar: gradativamente, a icterícia regride e as fezes e urina voltam à coloração normal. Agente etiológico: Vírus da Hepatite A (HAV). Vírus RNA, família Picornaviridae. Reservatório: O homem, principalmente. Também primatas, como chimpanzés e saguis. Modo de transmissão Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral (transfusão) são muito raras, devido ao curto período de viremia. Período de transmissibilidade Desde a segunda semana antes do início dos sintomas até o final da segunda semana de doença. 46 Complicações As formas prolongadas ou recorrentes são raras e caracterizam-se pela manutenção das transaminases em níveis elevados por meses ou, até mesmo, 1 ano. A forma fulminante apresenta letalidade elevada (40 a 80% dos casos). Ocorre necrose maciça ou submaciça do fígado. Os primeiros sinais e sintomas são brandos e inespecíficos. Icterícia e indisposição progressivas, urina escurecida, e coagulação anormal são sinais que devem chamar atenção para o desenvolvimento de insuficiência hepática aguda (10 a 30 dias). A deteriorização neurológica progride para o coma ao longo de poucos dias após a apresentação inicial. 7.7 Hepatite B Doença viral que cursa de forma assintomática ou sintomática (até formas fulminantes). As formas sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro. A icterícia, geralmente, inicia-se quando a febre desaparece, podendo ser precedida por colúria e hipocolia fecal. Hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia também podem estar presentes. Na forma aguda, os sintomas vão desaparecendo paulatinamente. Algumas pessoas desenvolvem a forma crônica mantendo um processo inflamatório hepático por mais de 6 meses. O risco de cronificação pelo vírus B depende da idade na qual ocorre a infecção. Assim, em menores de um ano chega a 90%, entre 1 e 5 anos esse risco varia entre 20 e 50% e em adultos, entre 5 e 10%. Portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida evoluem para a cronicidade com maior frequência. Agente etiológico: Vírus da Hepatite B (HBV). Um vírus DNA, da família Hepadnaviridae. Reservatório O homem. Experimentalmente, chimpanzés, espécies de pato e esquilo. 47 Modo de transmissão O HBV é altamente infectivo e facilmente transmitido pela via sexual, Por transfusões de sangue, Procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de biossegurança, Pela transmissão vertical (mãe-filho), Por contatos íntimos domiciliares (compartilhamento de escova dental e lâminas de barbear), Acidentes perfurocortantes, Compartilhamento de seringas e de material para a realização de tatuagens e piercings. Período de incubação: De 30 a 180 dias (em média, de 60 a 90 dias). Período de transmissibilidade: De 2 a 3 semanas antes dos primeiros sintomas, mantendo-se durante a evolução clínica da doença. O portador crônico pode transmitir por vários anos. Complicações Cronificação da infecção, Cirrose hepática e suas complicações (ascite, hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia hepática) Carcinoma hepatocelular Tratamento Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até, praticamente, a normalização das aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve se recomendar que o próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição relaciona-se à ingestão 48 de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo preferencialmente por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico. A forma crônica da Hepatite B tem diretrizes clínico-terapêuticas definidas por meio de portarias do Ministério da Saúde. Devido à alta complexidade do tratamento, acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais, ele deve ser realizado em serviços especializados (média ou alta complexidade do SUS. O mesmo ocorrendo com as formas fulminantes. 7.8 Hepatite C Doença viral com infecções assintomáticas ou sintomáticas (até formas fulminantes, raras). As Hepatites sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro. A icterícia é encontrada entre 18% a 26% dos casos de Hepatite Aguda e inicia-se quando a febre desaparece, podendo ser precedida por colúria e hipocolia fecal. Pode, também, apresentar hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia. Na forma aguda, os sintomas vão desaparecendo paulatinamente. A taxa de cronificação varia entre 60 e 90%, sendo maior em função de alguns fatores do hospedeiro (sexo masculino, imunodeficiências, idade maior que 40 anos). Em média, de um quarto a um terço dos pacientes evolui para formas histológicas graves, num período de 20 anos. Esse quadro crônico pode ter evolução para cirrose e hepatocarcinoma, fazendo com que o HCV seja, hoje em dia, responsável pela maioria dos transplantes hepáticos no Ocidente. O uso concomitante de bebida alcoólica, em pacientes portadores do HCV, determina uma maior propensão para desenvolver cirrose hepática. Agente etiológico - Vírus da Hepatite C (HCV). É um vírus RNA, família Flaviviridae. Reservatório: O homem. Experimentalmente, o chimpanzé. 49 Modo de transmissão A transmissão ocorre, principalmente, por via parenteral. São consideradas populações de risco acrescido por via parenteral: Indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993; Pessoas que compartilham material para uso de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína) e pipadas (crack); Pessoas com tatuagem, piercings ou que apresentem outras formas de exposição percutânea. A transmissão sexual pode ocorrer, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco acrescido (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST – inclusive o HIV – constitui um importante facilitador dessa transmissão. A transmissão perinatal é possível e ocorre, quase sempre, no momento do parto ou logo após. A transmissão intra-uterina é incomum. A média de infecção em crianças nascidas de mães HCV positivas é de, aproximadamente, 6% – havendo co-infecção com HIV, sobe para 17%. A transmissão pode estar associada ao genótipo e à carga viral elevada do HCV. Apesar da possibilidade da transmissão pelo aleitamento materno (partículas virais foram demonstradas no colostro e leite materno), não há evidências conclusivas de aumento do risco à transmissão, exceto na ocorrência de fissuras ou sangramento nos mamilos. Período de incubação: Varia de 15 a 150 dias (média de 50 dias). Período de transmissibilidade: Inicia-se 1 semana antes dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar RNA-HCV detectável. Complicações Cronificação da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite, hemorragias
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