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10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 1/16 ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL Tópico 1 DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL Tópico 2 INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL A partir desta unidade você será capaz de: • conceituar a educação não formal relacionando-a às diversidades culturais; • relacionar os instrumentos pedagógicos diante de suas aplicações na educação formal para a educação não formal; • diferenciar os conceitos de andragogia e heutagogia; • formular possíveis práticas relacionadas ao trabalho baseados nos preceitos andragógicos e heutagógicos. Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 2/16 Tópico 3 ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA Tópico 4 O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANGRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 1 INTRODUÇÃO Acadêmico(a)! Para uma atuação e�ciente em ambientes não formais, torna-se fundamental ao pedagogo saber que se trata de movimentos diversi�cados e �exíveis, ao contrário de toda rigidez metodológica encontrada nos ambientes formais. Para tanto faz-se necessária a compreensão de um fator que move esta modalidade: a cultura. O senso comum trata a cultura de forma limitada e muitas vezes relacionada somente a eventos cujo objetivo é o entretenimento. Cultura é um conceito amplo e fundamental na atuação do pedagogo independentemente do espaço em que o mesmo desenvolve suas atividades. O entendimento da importância e suas implicações no cotidiano da sociedade, traça o trabalho do pedagogo sensível às determinantes que conduzem à realidade em que está inserido. É sobre isto que falaremos a partir de agora acadêmico(a). 2 A CULTURA E SUAS CULTURAS Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 3/16 Podemos dizer que a educação tem sido proclamada uma das áreas de destaque no enfretamento dos novos desa�os gerados pelo movimento chamado globalização, principalmente no que condiz aos avanços tecnológicos da era da informação. Ela é o caminho para a superação das mazelas, promovendo aos considerados excluídos, uma sociedade mais justa e igualitária, e assim contribui para novas formas de assistência à população sejam geradas. De acordo com Gohn (2011, p. 17) a�rma que: [...] observa-se uma ampliação do conceito de Educação, que não se restringe mais aos processos de ensino-aprendizagem no interior de unidades escolares formais, transpondo os muros das escolas para os espaços da casa, do trabalho, do lazer, do associativismo etc. Com isso um novo campo da educação se estrutura: o da educação não formal. Ele aborda processos educativos da sociedade civil, ao redor de ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos sociais, organizações não governamentais e outras entidades sem �ns lucrativos que atuam na área social; ou processos educacionais, frutos da articulação das escolas com a comunidade educativa, via conselhos, colegiados etc. Acadêmico(a)! Para a leitura deste tópico, tenha clareza de dois signi�cados: globalização e associativismo. Então vamos a eles: Globalização: é um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial visíveis desde o �nal do século XX. Trata-se de um fenômeno que criou pontos em comum na vertente econômica, social, cultural e política, e que consequentemente tornou o mundo interligado, uma Aldeia Global. O processo de globalização é a forma como os mercados de diferentes países interagem e aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista em que foi possível realizar transações �nanceiras e expandir os negócios – até então restritos ao mercado interno – para mercados distantes e emergentes. O complexo fenômeno da globalização teve início na Era dos Descobrimentos e se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Foi resultado da consolidação do capitalismo, dos grandes avanços tecnológicos (Revolução Tecnológica) e da necessidade de expansão do �uxo comercial mundial. As inovações nas áreas das telecomunicações e da Informática (especialmente com a internet) foram determinantes para a construção de um mundo globalizado. O surgimento dos blocos econômicos – países que se juntam para fomentar relações comerciais, por exemplo, Mercosul ou União Europeia – foi resultado desse processo econômico. O impacto exercido pela globalização no mercado de trabalho, no comércio internacional, na liberdade de Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 4/16 movimentação e na qualidade de vida da população varia a intensidade de acordo com o nível de desenvolvimento das nações. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2KuiPJi>. Acesso em: 25 jan. 2014. Associativismo: trata-se da cooperação entre as empresas como forma de torná-las mais competitivas em um mercado muito disputado. Por meio de parcerias, é possível fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades e oferecer produtos com qualidade superior e diversi�cada. Associação é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando superar di�culdades e gerar benefícios para os seus associados. Ou seja, é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2x1SoaO>. Acesso em: 25 jan. 2014. FIGURA 40 – GLOBALIZAÇÃO E ASSOCIATIVISMO FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2VROY2P>. Acesso em: 25.jan.2014 Diariamente sentimos os re�exos da globalização quando nos depararmos com um universo de informações publicadas praticamente em tempo real nas diferentes mídias eletrônicas. Esse acesso quase que imediato aos últimos acontecimentos, nos coloca a par das transformações econômicas, tecnológicas, políticas e culturais, no que contribuem para que possamos nos tornar protagonistas nos acontecimentos, graças aos meios de comunicação instantânea. Como GONH (2011) bem denota, os meios de comunicação sofreram uma revolução tecnológica gerando novas relações sociais, novas linguagens, alterando estilos e comportamentos sociais, causando transformações culturais e estabelecendo, assim novos desa�os e necessidades à área da educação. Porém, vale mencionar que a globalização além dos aspectos relativos aos avanços tecnológicos trouxe incertezas, ou seja, podemos arriscar dizer, que trouxe certo desrespeito às várias diversidades culturais e às outras formas de realidade, fazendo com que optassem pelo isolamento como proteção, objetivando preservar sua integridade. Um exemplo disso é a comunidade Amish localizada nos Estados Unidos e no Canadá (América do Norte). Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/2KuiPJi https://bit.ly/2x1SoaO https://bit.ly/2VROY2P 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 5/16 FIGURA 41 – COMUNIDADE AMISH FONTE: Disponível em: <https://glo.bo/3eUIBEK>. Acesso em: 25 jan. 2014. Os Amish surgiram em 1693 quando um grupo de menonitas suíços liderados por Jacob Amman separou-se do grupo principal de menonitas por causa das diferenças em relação à celebração da comunhão. Enfrentandoperseguições, tanto dos cristãos católicos quanto dos protestantes, os Amish, em grande número impulsivamente aceitam a oferta de William Penn de liberdade religiosa na colônia norte-americana da Pensilvânia. A imigração para Pensilvânia começou em 1727 e continuou intensa até 1770. As instalações concentraram-se na área do condado de Lancaster, nos Estados Unidos. Os Amish vivem em fazendas, porque este estilo de vida rural torna mais fácil para eles manterem distância dos não puros, que são chamados simplesmente de “Os Ingleses”. As cidades e vilas, conforme sua cultura, apresenta muitas distrações que podem desviar a conduta. Enquanto o seu número crescia, os agrupamentos Amish �cavam em Ohio, Indiana e muitos outros estados, e também no Canadá. Os Amish comunicam-se entre si com um dialeto do alemão, parecido ao holandês da Pensilvânia. O alemão é usado para os serviços religiosos e o inglês é falado com os estranhos. O modelo dos vestuários, a carroça e o lampião tornaram-se os símbolos dos Amish e provavelmente não vão mudar. O modelo do vestuário enfatiza que a pessoa Amish é separada do mundo não Amish, mas é também parte de uma comunidade de iguais. A carroça, do mesmo modo, promove a igualdade e limita as viagens, mantendo as comunidades juntas. O lampião, uma luz não elétrica, não necessita de conexões exteriores da comunidade. Os Amish não estão de fato “parados no tempo”. Embora a vida social e caseira permaneça essencialmente imutável, os Amish adotam novas tecnologias que passam por um exame rigoroso para serem aceitas. A tecnologia pode ser aceita por razões práticas ou comerciais, mas nunca por indulgência, desejo ou divertimento. Uma tecnologia é provavelmente aceita se for uma extensão natural existente e que tenha um impacto social mínimo. Usar uma corda de náilon poderia ser um exemplo de uma extensão natural. Uma tecnologia é provavelmente rejeitada se é radicalmente diferente ou tenha implicações sociais. Ouvir rádio enquanto são feitos os deveres domésticos seria considerado uma distração desnecessária. Qualquer tecnologia que é vista como degradação da vida espiritual ou familiar é Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 6/16 rejeitada de imediato. A televisão está de�nitivamente fora de questão, pois traz valores questionáveis para casa. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2Y1HHA6>. Acesso em: 25 jan 2014. A área relacionada à cultura é a mais atingida pelos efeitos da globalização e tem ocupado um espaço importante na agenda de discussões de algumas importantes organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A área da saúde também foi atingida severamente pela “evolução”, gerando descontentamentos e protestos devido a sua degradação, originada pela lógica mercantil e tecnocrática global. É comum vermos, quase que diariamente, nas mídias, expressões de indignação pelo descaso, abandono e sucateamento desta assistência essencial da sociedade. O mercado de trabalho também sentiu os re�exos da globalização, obrigando várias classes pro�ssionais a manifestarem sua indignação através de passeatas e greves, em prol de mais empregos, trabalho, menos demissões, inclusão e o não corte de vagas. GONH (2011, p. 20) reforça que A crise atual tem novas dimensões, pois criou novas categorias de excluídos, desta vez no próprio acesso ao mercado de trabalho, pelo fato de, simplesmente deixar de existir certas categorias funcionais devido à �exibilização/desregulamentação deste mercado ou eliminação de direitos sociais conquistados por meio de lutas seculares, por parte dos trabalhadores. FIGURA 42 – GREVE FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2XY9rFL>. Acesso em: 25 jan. 2014. As manifestações também lançam novos olhares e atitudes à sociedade, bem como a origem de novas culturas, que por muitas vezes encontram-se adormecidas pelo descaso e pelo comodismo que a cultura mãe traz como “regra” intrínseca, provocando mudanças no comportamento de quem dá voz a elas. Sabemos que o termo cultura, ao longo do tempo, foi interpretado de várias formas adotando posições diferenciadas que explicam os vários paradigmas da realidade social. Como vimos no início do tópico, o senso comum abarca o Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/2Y1HHA6 https://bit.ly/2XY9rFL 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 7/16 conceito de cultura para alguém que possui estudo ou para as várias formas de entretenimento. GOHN (2011) nos chama a atenção a respeito da etimologia da palavra cultura, proveniente do latim medieval, a partir do verbo latino colere que signi�ca cultivo e cuidado – com plantas, animais e tudo que se relaciona à terra e à agricultura. Já os romanos estenderam ainda o uso do vocábulo aos cuidados com as crianças e sua educação, aos deuses, ancestrais e seus monumentos, a cultura do espírito etc. A cultura foi tema de muitos estudos expressivos realizados por grandes pensadores, como: Aristóteles, Platão, Hegel, Marx, Kant, entre outros, cada qual em sua época e até hoje ela norteia pesquisas em várias categorias, dentre elas: �loso�a, antropologia, sociologia, educação, psicologia etc. Porém cabe-nos destacar três vertentes consideradas essenciais à compreensão do conceito de cultura, relacionado ao trabalho realizado no campo educacional: cultura de massa, cultura popular e cultura política. Assim, acadêmico(a), vamos a eles: Conforme Gohn apud Wolf (1995), as teorias relacionadas à cultura de massa correspondem a um dos primeiros momentos nos quais são desenvolvidos estudos relativos aos meios de comunicação, centrados no entendimento dos aspectos psicológicos das ações coletivas, tendo como tema central a propaganda. Esta, atua como estímulo sobre os indivíduos que reagiriam com respostas cegas e irracionais, gerando assim movimentos reativos ou de consumo, sem muita expressão crítica. Para que isto acontecesse bastava que fossem expostos a estímulos perniciosos de certas mensagens, para que produzissem respostas comportamentais instantâneas. Acadêmico(a)! Pernicioso signi�ca maldoso, nocivo, ruidoso. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2Y17GaW>. Acesso em: 25 jan. 2014. Nas últimas décadas, caracterizadas pelos avanços tecnológicos, as discussões sobre a cultura de massa tomaram novos rumos, ou seja, outros termos passaram a fazer parte dos estudos em relação ao tema, sendo reconhecidos como cultura das mídias ou midiáticas. Este movimento trouxe divisões sociais, ou seja, de um lado �cavam os que tinham acesso ao consumo, seja este mercadológico ou Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/2Y17GaW 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 8/16 informativo, e do outro, os que eram impedidos, de alguma forma, de terem o mesmo privilégio. FIGURA 43 – CULTURA DE MASSA FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/3eNXisX>. Acesso em: 25 jan. 2014. Acadêmico(a)! Os adultos não estão livres da in�uência da cultura de massa, porém a maior fragilidade está concentrada no público infantil. Juntamente com seus colegas, discuta como os meios de comunicação interferem na formação da personalidade das crianças. Diante desta discussão e enquanto educadores, re�ita a respeito de que estratégias devemos utilizar na construção de uma visão mais crítica em nossos educandos, mediante este bombardeio de estímulos consumistas. Outra vertente aplicada a esta temática, é a cultura popular, que Gohn (2011, p. 50) expõe. A categoria cultura popular foi objeto de muitas discussões nos anos de 1960 e no iníciodos 1980 na América Latina, principalmente no Brasil. Vários fatos da conjuntura sociopolítica da época explicam esse destaque. [...] Nos anos 1980, o tema da cultura popular retorna ao cenário nacional, dada a difusão de pedagogias de educação popular no esforço de setores da sociedade civil para se organizar e participar da política, resultando na luta pela redemocratização do poder do Estado, então nas mãos dos militares. Deve-se destacar também a crença na força da criatividade dos grupos populares, por parte de um conjunto signi�cativo de intelectuais da academia e do clero cristão; a crítica feita pelas lideranças articuladas pela Igreja Católica às formas centralizadoras de organizar a população por partes dos partidos tradicionais da esquerda; o surgimento de inúmeras experiências novas para a solução de problemas socioeconômicos na área da habitação, geração de renda e condições de inserção da mulher no mercado de trabalho (por exemplo, as casas construídas por mutirões populares, a produção de pães caseiros, tapetes e “panos de prato” artesanais, as creches comunitárias etc.). Nesta categoria, a cultura popular objetiva buscar formas de sensibilização coletiva em função de mudanças sociais signi�cativas direcionadas aos menos favorecidos e às pessoas das classes excluídas. Vale ressaltar, que todos esses movimentos não se originaram instantaneamente, sendo necessária a intervenção de outras instâncias, tais como: a popular, o ministério público, as políticas públicas etc., o que levou certo tempo para sua efetivação. Ao tratarmos sobre o tempo utilizado na instauração das mudanças relativas à cultura, estamos nos referindo também à cultura política que conforme Gohn (2011), está relacionada a alguns indicadores sociais, tais quais as atitudes Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/3eNXisX 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 9/16 políticas, envolvendo valores como: con�ança e descon�ança, liberdade e coerção, igualdade e hierarquia, interesses universais e paroquiais. Existem quatro fontes de mudança na cultura política: 1) a própria con�guração da população de um país; 2) as mudanças de uma geração para outra; 3) as alterações no estilo de vida das pessoas decorrentes das fases e situações diferentes que vivenciam; 4) as mudanças na estrutura política e econômica do país. Acadêmico(a)! Todas essas atenuantes in�uenciam diretamente no sistema educacional formal, informal e não formal, por exigirem adequações diante das transformações sofridas pela sociedade, que re�etem diretamente no pensar e agir da população. Portanto Gohn (2011, p. 67) enfatiza: [...] falar da cultura política é tratar do comportamento de indivíduos nas ações coletivas, os conhecimentos que os indivíduos têm a respeito de si próprios e de seu contexto, os símbolos e a linguagem utilizadas, bem como as principais correntes do pensamento existentes. Acadêmico(a)! Recomendamos o �lme A Onda para que você possa visualizar os três conceitos aqui citados e sua correlação. Fica a dica! Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. O professor Rainer Wenger é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exempli�car melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de “A Onda” ao movimento, e escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar “A Onda” pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando as coisas começam a �car sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com “A Onda”, mas aí já é tarde demais. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/3bAQ3Ta>. Acesso em: 27 jan. 2014. Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/3bAQ3Ta 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 10/16 Diante do contexto apresentado, é necessário frisar que a cultura de massa, popular e política só estão separadas em nível conceitual, pois na prática elas caminham entrelaçadas in�uenciando uma à outra diretamente. 3 EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE Atualmente, acompanhamos e vivenciamos os impactos das transformações que ocorrem em nível econômico, trabalhista e social, pois eles estão presentes em diversas manifestações como na degradação do meio ambiente, no caos do trânsito, na poluição, na violência, no desemprego etc. Em contrapartida, estamos presenciando avanços consideráveis relativos à medicina e às tecnologias de informação e comunicação. No que tange à educação, Paula (2013, p. 16) aponta que Diante desse quadro de progressos e regressos, retornamos ao contexto da escola e nos questionamos: Esta instituição tem acompanhado as mudanças planetárias? Imagino que sim e que não: sim, porque a escola é feita de pessoas que sentem e que vivem as mudanças; não, porque muitas dessas pessoas resistem às mudanças. Temos vários exemplos de resistências no dia a dia da escola: não conseguimos romper com pedagogias tradicionais, com a gestão pouco democrática, centralizada, nem incorporar novas tecnologias em sala de aula. Os currículos ainda operam de forma restritiva, que corroboram com a construção de estereótipos e legitimam a hegemonia cultural. Essas questões correspondem às relações sociais e valores dominantes no seio da sociedade capitalista, reproduzidos também nas instituições escolares. As transformações decorrentes do processo de industrialização e desenvolvimento, advindas das mudanças econômicas, tem acelerado o crescimento da escolarização básica, como podemos observar atualmente, um exemplo disso é o aumento no ensino fundamental de oito para anos. No entanto, percebe-se que a sociedade ainda remete à escola um olhar romantizado ao delegar a esta à “responsabilidade” pela resolução de grande parte dos dilemas sociais. Realmente, que a escola tem um papel fundamental neste trabalho é algo que precisamos admitir, pois seus conteúdos também devem abordar questões que auxiliam na formação e restauração de valores, perdidos ou afetados pela modernidade. Porém, ela também experimenta e vivencia crises, seja de paradigmas, seja de visão de mundo ou de seu papel social. A educação sempre foi vista como uma instituição que promove a unidade nacional por meio da propagação de conteúdos, valores culturais e morais. O poder público vê e deposita na educação a responsabilidade de civilizar, visando à construção do Estado, colocando a educação como um direito. Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 11/16 Acadêmico(a)! Aprofunde seu conhecimento fazendo a leitura da seguinte obra: FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Editora Cortez, 1991. Considerando que a educação é um direito de todos, implica-nos trabalhar as questões relacionadas à cidadania que nos remete ao direito de ter direito. Nesse sentido, cabe-nos buscar trabalhar o tema diversidade, tema de total relevância desde os tempos mais remotos. Para Paula apud Abramowicz (2006, p. 25) “diversidade pode signi�car variedade, diferença e multiplicidade, sendo esta a qualidade do que é diferente, o que distingue uma coisa da outra, a falta de igualdade ou de semelhança”. Ser sensível às questões relacionadas à diversidade é utilizar todo o aparato que este tema nos fornece para trabalharmos em paralelo aos conteúdos programáticos, pois o ambiente formal e não formal fornecem o espaço necessário para que temas relativos à diversidade sejam trabalhados. Paula(2013, p. 20) reforça esta possibilidade ao comentar que: Atualmente, podemos perceber que a diversidade está na ordem do dia, em pauta. [...] As diferenças agregam múltiplos processos de pertencimento – étnico, de gênero, geracional, geográ�co, religioso etc. – que têm sido hierarquizados e convertidos, inadvertidamente, em desigualdades. A ruptura desse ciclo implica em compreendermos a multiplicidade e a complexidade das relações. Educar para a diversidade exige que se caminhe paralelamente às atividades pedagógicas, de maneira dialógica, emergente e interpretativa, sendo necessários elaborar mecanismos de intervenção, de revisão de valores e atitudes para a superação de injustiças, preconceitos e estereótipos. Precisamos lembrar que todos descenderam de um tronco comum, porém diferimos nas realizações e construções históricas, culturais e sociais. Somos, portanto, constantemente desa�ados pela experiência humana a buscar superação no sentido de não ignorá-las. Um exemplo disso é quando projetamos numa criança que vende ou pede algo no sinal de trânsito alguma denominação que a caracteriza como um incômodo à sociedade, esquecendo-nos completamente que esta criança está perdendo sua dimensão de infância. FIGURA 44 – CRIANÇA MARGINALIZADA Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 12/16 FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2RYx3pR>. Acesso em: 27 jan. 2014. Paula (2013) menciona que normalmente consideramos os problemas sociais da alçada do governo e de outras instituições, manifestando com isso uma atitude alheia à nossa responsabilidade. Neste sentido ao mencionarmos que “essa sociedade está muito violenta” deveríamos re�etir que na verdade todos nós estamos nos comportando de forma violenta, bruta e desumanizada. Outra condição que grande parte da população parece ignorar é a pobreza. Esta, é geralmente vista como a ausência de recursos materiais para a sustentação da vida humana. Contudo, ela não se estende apenas a este conceito restrito, conforme Paula (2011, p. 27) nos aponta: [...] a pobreza humana é multidimensional, ao invés de unidimensional e centrada nas pessoas, privilegiando a qualidade da vida humana e não as posses materiais. Pode ser classi�cada de duas formas: pobreza intelectual, que determina o desenvolvimento cultural, ideológico, cientí�co e político do ser humano; pobreza social, que nega a integração do coletivo com direitos plenos, a participação na sociedade e o respeito dentro do coletivo. FIGURA 45 – POBREZA FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2S3G413>. Acesso em: 27 jan. 2014. Numa sociedade que ainda necessita evoluir, principalmente no que se refere a deixar de ignorar problemas referentes às ordens sociais e ambientais, as modalidades educativas devem posicionar-se a respeito disto, visando realizar um trabalho em que busque o desenvolvimento, tanto do pensamento, quanto da ação crítica e realmente cidadã. Para Paula apud Carvalho (2011), a ausência de uma população educada tem sido sempre um dos principais obstáculos à construção da cidadania civil e política. Acadêmico(a)! Precisamos estar cientes que a cidadania é exercida de maneiras diferentes, pois suas condições dependem da comunidade no qual estamos inseridos, ou seja, a cidadania exercida no Japão é diferente da brasileira, pois está condicionada a uma série de valores morais, éticos, religiosos, contextualizados naquele tempo e espaço. Conforme Paula (2013, p. 46), O conceito de cidadania, em sua origem, vem da Grécia antiga, que signi�ca vivência política ativa na comunidade, na cidade (polis). Durante muito tempo, a ideia de cidadania esteve ligada aos privilégios, pois os direitos dos cidadãos eram restritos a Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/2RYx3pR https://bit.ly/2S3G413 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 13/16 determinadas classes e grupos, às elites. Só eram cidadãos os que correspondiam a, pelo menos, três critérios: homens, brancos, proprietários. Essa con�guração excluía a maioria da população: mulheres, negros e pobres. Muitos foram os avanços em relação às práticas cidadãs, exemplo disso são as ações sociais realizadas por empresas e a formação de um grande número de ONGs que perseguem o mesmo objetivo, cada qual querendo fazer sua parte, sejam elas: voltadas ao meio ambiente, à assistência de saúde, a defesa das vítimas de violência contra seres humanos ou animais etc. Enquanto seres implicados com o futuro da educação, precisamos engendrar novas maneiras de trazer à tona tais temáticas, fornecendo aos educandos o porquê conhecê-las e o porquê agir perante estas é tão importante. FIGURA 46 – ONG EM DEFESA DOS ANIMAIS FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2VzIfM9>. Acesso em: 27 jan. 2014. É comum nas unidades educacionais comemorarem datas alusivas ao “Dia das Mães” e ao “Dia dos Pais”, mas qual é a importância destas comemorações? Como se originaram? Essas são perguntas que interessam ser respondidas, para que estas datas não sejam apenas como entretenimento nos calendários escolares. As bases que sustentam as razões que visam ao sentido social destes eventos, são então denominados multiculturalismo crítico ou perspectiva intercultural crítica, que, conforme Paula (2013), buscam articular as visões folclóricas e as discussões sobre as relações desiguais de poder entre as culturas diversas, questionando a construção histórica dos preconceitos, das discriminações e da hierarquização cultural. A realidade brasileira é culturalmente heterogênea. Sabemos que a instauração dessas diversidades �xou-se através de con�itos econômicos e por meio de manifestações violentas que originaram a construção identitária desses povos imigrantes. Um exemplo disso é a capoeira, uma dança praticada pelos escravos e que hoje é reconhecida como prática cultural. Acadêmico(a)! Aprofunde este assunto fazendo a leitura da seguinte obra: FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991. Unidade 2 - Tópico 1 https://bit.ly/2VzIfM9 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 14/16 Resumo do Tópico A questão da pluralidade cultural está prevista, de acordo com Paula (2013), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) como um dos temas transversais que expandiu o debate acadêmico e a trouxe para o cotidiano das escolas. Proporcionar ao educando informações que norteiem seu conhecimento sobre as diversas manifestações culturais presentes na sua comunidade e no seu país, contribuem para a construção de uma sociedade mais livre em relação ao preconceito, e mais culta em relação à abertura de novas manifestações comportamentais. Façamos a nossa parte educadores! Neste tópico, você estudou que: • Gohn (2011) nos chama a atenção a respeito da etimologia da palavra cultura, proveniente do latim medieval, a partir do verbo latino colere que signi�ca cultivo e cuidado – com plantas, animais e tudo que se relaciona à terra e à agricultura; já os romanos estenderam ainda o uso do vocábulo aos cuidados com as crianças e sua educação, aos deuses, ancestrais e seus monumentos, a cultura do espírito etc. • A cultura foi tema de muitos estudos expressivos realizados por grandes pensadores, como: Aristóteles, Platão, Hegel, Marx, Kant, entre outros (cada qual em sua época) e até hoje norteia pesquisas em várias categorias como: �loso�a, antropologia, sociologia, educação, psicologia etc. • A cultura possui três vertentes relacionadas aos trabalhos realizados na educação: cultura de massa, cultura popular e cultura política, Vamos a elas: - Cultura de Massa: caracteriza-senas últimas décadas pelo avanço tecnológico. As discussões sobre a cultura de massa tomaram novos rumos, ou seja, outros termos passaram a fazer parte dos que direcionam seus estudos em relação ao tema, passando a ser conhecidos por cultura das mídias ou midiáticas. - Cultura Popular: objetiva buscar formas de sensibilização coletiva em função de mudanças sociais signi�cativas aos menos favorecidos e das classes excluídas. Vale ressaltar, que todos esses movimentos não se originaram instantaneamente, sendo necessária a intervenção de outras instâncias (popular, ministério público, políticas públicas etc.), o que levou tempo para a efetivação. Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 15/16 Autoatividades Responder - Cultura Política: esta relaciona-se aos seguintes indicadores sociais: atitudes políticas, envolvendo valores como con�ança e descon�ança, liberdade e coerção, igualdade e hierarquia, interesses universais e paroquiais. • Para Paula, apud Abramowicz (2006), “diversidade pode signi�car variedade, diferença e multiplicidade, sendo esta a qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa da outra, a falta de igualdade ou de semelhança”. • Para Paula (2011), a pobreza humana pode ser classi�cada em: pobreza intelectual e social. UNIDADE 2 - TÓPICO 1 1 Paula (2011) comenta sobre a pobreza humana, classi�cando-a em dois tipos: pobreza intelectual e pobreza social. Discorra sobre estes dois tipos de pobreza. 2 A sociedade vive num movimento de globalização, o que não pode mais retroceder. Desta forma, como você percebe esta globalização? Ela está Unidade 2 - Tópico 1 10/09/2020 Livro Digital - Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade2.html?topico=1 16/16 Responder Unidade 1 Tópico 2 Conteúdo escrito por: in�uenciando sua vida? Comente quais são as vantagens e as desvantagens. Todos os direitos reservados © 2019 Prof.ª Mônica Conzatti Unidade 2 - Tópico 1 https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED16_org_do_trab_educativo_em_ambiente_nao_escolar/unidade1.html?topico=4
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