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CASO CONCRETO 1 Considerando as fontes de direito internacional público previstas no Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ) e as que se revelaram a posteriori, bem como a doutrina acerca das formas de expressão da disciplina jurídica, as convenções internacionais, que podem ser registradas ou não pela escrita, são consideradas, independentemente de sua denominação, fontes por excelência, previstas originariamente no Estatuto da CIJ. Analise a afirmativa e com base no aprendizado, julgue e fundamente sua resposta. (CESPE – adaptada) R = A afirmativa está errada. As Convenções Internacionais são obrigatoriamente escritas. As Convenções Internacionais são, Tratados, Acordos, Documentos escritos celebrados entre membros. Conforme o art. 38 do Estatuto da CIJ, as Convenções Internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabelecem regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes. Vale ressaltar que a doutrina é apenas um meio auxiliar, conforme dispõe também o art. 38 do Estatuto da CIJ. A Convenção de Havana, no seu art. 2º: “É condição essencial nos tratados a forma escrita. (...)”, e a Convenção de Viena, art. 2, I: “a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. Dessa forma, a afirmativa encontra-se incorreta, pois pelas regras do direito dos Tratados, as Convenções Internacionais em razão de seu processo solene, precisa ser escrita, ou seja, a escrita é ato intrínseco característica do Tratado. * Nos termos do art. 38, II do Estatuto da CIJ. Destaca-se que a diferenciação existente entre o costume e o uso está justamente na convicção de obrigatoriedade de prática presente naquele e ausente neste. São elementos do Costume Internacional: A) material ou objetivo: consubstancia-se na repetição reiterada, uniforme e geralmente aceita de determinados atos, face a situações semelhantes; B) psicológico ou subjetivo: (opinio juris et necessitatis): consiste na convicção da validade e da obrigatoriedade daquela pratica geral. Costume é fonte primaria de Direito Internacional. * A expressão não escrita do direito das gentes conforme o costume internacional como prática reiterada e uniforme de conduta, que, incorporada com convicção jurídica, distingue-se de meros usos ou mesmo de prática de cortesia internacional. * O Costume Internacional é uma das fontes de DIP e reflete obrigações jurídicas, acarretando consequências ao seu infrator. Já os usos e hábitos Internacionais não refletem obrigações internacional, sendo baseados na cortesia ou em outros valores morais. Art. 38, II do Estatuto da CIJ Doutrina = É tudo aquilo que nasce de atividade cientifico-jurídico, ou seja, dos ensinamentos dos professores, dos pareceres dos jurisconsultos, das opiniões dos tratadistas. A luz do art. 38 da Corte Internacional de Justiça, esta afirmativa está errada, uma vez que o referido artigo elenca quais são as fontes do Direito Internacional, não tendo esta afirmativa qualquer coerência. CASO CONCRETO 02: A República de Utopia e o Reino de Lilliput são dois Estados nacionais vizinhos cuja relação tornou-se conflituosa nos últimos anos devido à existência de sérios indícios de que Lilliput estaria prestes a desenvolver tecnologia suficiente para a fabricação de armamentos nucleares, fato que Utopia entendia como uma ameaça direta a sua segurança. Após várias tentativas frustradas de fazer cessar o programa nuclear lilliputiano, a República de Utopia promoveu uma invasão armada a Lilliput em dezembro de 2001 e, após uma guerra que durou três meses, depôs o rei e promoveu a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, que outorgou a Lilliput sua atual constituição. Nessa constituição, que é democrática e republicana, as antigas províncias foram convertidas em estados e foi instituído, no lugar do antigo Reino de Lilliput, a atual República Federativa Lilliputiana. Assim, podemos afirmar que a República Federativa Lilliputiana deve obediência aos costumes internacionais gerais que eram vigentes no momento em que ela adquiriu personalidade jurídica de direito internacional, não obstante essas regras terem sido estabelecidas antes do próprio surgimento desse Estado. (CESPE – adaptada) R = A afirmativa está correta, tendo em vista que o Costume é uma prática que tem força de lei, logo tem o caráter da obrigatoriedade. Além disso, no caso em tela, trata- se de Costumes Internacionais Gerais, que vê o costume como uma manifestação sociológica, obrigando erga omnes quanto mais difundido fosse, ou seja, são validos para toda a comunidade internacional. Assim, como um novo membro da comunidade internacional, o novo Estado deve obedecer a essas regras, embora tenha surgido posteriormente a existência desses costumes, e apesar da existência da Soberania, onde o Estado pode criar suas regras e não é obrigado a obedecer as regras dos outros países, porém, no âmbito Internacional a Soberania reflete a igualdade entre os Estados, o que significa que todos os Estados devem cumprir as Regras e Costumes do âmbito Internacional. Vale ressaltar que o artigo 38 da Convenção de Viana sobre direito dos tratados, de 1969, tem o costume internacional como uma das fontes do direito internacional que vincula as partes como norma não escrita. CASO CONCRETO 03/02: O litígio se dá entre Portugal e Índia. O primeiro Estado aparelhou perante a Corte Internacional de Justiça procedimento judicial internacional contra o Estado indiano, relativo a certos direitos de passagem pelo território deste último Estado de súditos portugueses (militares e civis), assim como de estrangeiros autorizados por Portugal com a intenção de dirigir-se a pontos encravados situados perto de Damão, para acesso aos encraves de Dadra e Nagar-Aveli. O Estado português alega que havia um costume [internacional] local que concedia um direito de passagem pelo território indiano a seus nacionais e às forças armadas até Dadra e Nagar-Aveli. A alegação de fundo é a de que o Estado indiano quer anexar estes dois territórios portugueses, ferindo seus direitos soberanos sobre eles. Os indianos sustentam que, segundo o Tratado de Pooma, realizado em 1779 entre Portugal e o governante de Maratha e posteriores decretos exarados por este governante, os direitos portugueses não consistiam na soberania sobre os mencionados encraves, para os quais o direito de passagem é agora reclamado, mas apenas num "imposto sobre o rendimento". Quando o Reino Unido se tornou soberano naquele território em lugar de Maratha, encontraram os portugueses ocupando as vilas e exercendo um governo exclusivo. Os britânicos aceitaram tal posição, não reclamando qualquer tipo de soberania, como sucessores de Maratha, mas não fizeram um reconhecimento expresso de tal situação ao Estado português. Tal soberania foi aceita de forma tácita e subsequentemente reconhecida pelo Estado indiano, portanto as vilas Dadra e Nagar-Aveli foram tidas como territórios encravados portugueses, em território indiano. A petição portuguesa coloca a questão que o direito de passagem foi largamente utilizado durante a soberania britânica sobre o Estado indiano, o mesmo ocorrendo no período pós-britânico. Os indianos alegam que mercadorias, com exceção de armas e munições, passavam livremente entre o Porto de Damão (território português) e ditos encraves, e que exerceram seu soberano poder de regulamentação impedindo qualquer tipo de passagem, desde a derrubada do governo português em ditos encraves. (Pereira, L. C. R. Costume Internacional: Gênese do Direito Internacional. Rio de Janeiro: Renova, 2002, p. 347 a 349 – Texto adaptado). Diante da situação acima e dos dadosapresentados, responda: 1) De acordo com entendimento da Corte Internacional de Justiça, qual a fonte de direito internacional Público é aplicável a fim de dar solução ao litígio? R = A fonte aplicável ao litígio apresentado entre Portugal e Índia, para dar-lhe solução, segundo entendimento da Corte Internacional de Justiça é o Costume Regional. 2) Como ela é definida? R = Ela é definida como Costume Regional, também denominado de local, que diz respeito a pedido de permissão para transposição territorial, o qual tem sido reconhecido pela jurisprudência e doutrina internacionais, a exemplo do caso em tela sobre direito de passagem entre Portugal e Índia, julgado na CIJ em 1960, no qual se reconheceu, também, a possibilidade de estabelecimento de costume em sentido contrário em razão da desobediência recíproca a costumes preestabelecidos (costumes "contra legem"). Os Costumes apresentam essencialmente dois elementos. O elemento material (ou objetivo) que se constitui na repetição de atos, também chamados precedentes; e o elemento psicológico (ou subjetivo), identificado pela expressão latina opinio juris sive necessitatis. O primeiro elemento pode ser analisado em várias dimensões (tempo de repetição do ato; número de Estado que o praticam etc...). Aqui convém perceber que o ato costumeiro é praticado por dois Estados: Índia e Portugal, ainda que o primeiro tenha estado sob o jugo Colonial da Grã-Bretanha. Dessa forma identifica-se a localidade do precedente, de modo que, a sustentar a existência de um Costume Internacional local (e não de caráter geral), caso entenda-se que contemporaneamente exista também o elemento subjetivo. Este representa a ideia de necessidade, obrigatoriedade e consentimento entre os Estados praticantes dos precedentes. No caso citado, a prática adotada pelos Estados leva a crer que existe um costume internacional local. Entretanto o direito de passagem deve se limitar ao trânsito de mercadorias e indivíduos civis e não de forças armadas, polícia militarizada, armas e munições que é uma exceção de proibição. 3) Qual o elemento que a torna norma jurídica? R = O Costume se estabelece pela união de certos elementos: um elemento que certifica sua existência, sua prática geral e sua uniformidade através do tempo; e outro elemento que atribui ao costume seu caráter eminentemente obrigatório entre os sujeitos do mesmo direito: a opinio iuris, ou a consciência de sua obrigatoriedade. Os primeiros elementos reúnem-se sob a denominação geral de elementos materiais; o segundo é considerado o elemento psicológico do costume. São eles que tornam a norma jurídica. CASO CONCRETO 03/02: Analise o texto abaixo retirado do voto de A.A. Cançado Trindade, proferido na Corte Interamericana de Direito Humanos no caso da Comunidade Indígena Sawhoyamaxa versus Paraguay: “...No universo do Direito Internacional dos Direitos Humanos, é o indivíduo quem alega ter seus direitos violados, quem alega sofrer os danos, quem tem que cumprir com o requisito do prévio esgotamento dos recursos internos, quem participa ativamente da eventual solução amistosa, e quem é o beneficiário (ele ou seus familiares) de eventuais reparações e indenizações. Em nosso sistema regional de proteção, o espectro da persistente denegação da capacidade processual do indivíduo peticionário ante a Corte Interamericana (....) emanou de considerações dogmáticas próprias de outra época histórica tendentes a evitar seu acesso direto à instância judicial internacional, - considerações estas que, em nossos dias, ao meu modo de ver, carecem de sustentação e sentido, ainda mais tratando-se de um tribunal internacional de direito humanos. (...). No presente domínio de proteção, todo jusinternacionalista, fiel às origens históricas de sua disciplina, saberá contribuir para o resgate da posição do ser humano como sujeito de direito das gentes dotado de personalidade e plena capacidade jurídicas internacionais". Responda a pergunta abaixo: No que se refere ao trecho do voto de Antônio Augusto Cançado Trindade, responda: - Com base no conceito de sujeito de direito internacional e no de uma sociedade internacional aberta, como defende Celso Mello, discorra sobre a posição do ser humano como sujeito de Direitos, refletindo sobre sua personalidade e sobre sua capacidade para agir no plano internacional. R = O indivíduo como sujeito de direito internacional ganhou força pós segunda (2°) guerra mundial, notadamente como uma proteção aos atos praticados pelos estados soberanos, principalmente o Holocausto Judeu, entre Deutschland und Polen (Alemanhã e Pôlonia). Dessa forma, foi necessária a elevação, em algumas situações, da capacidade jurídica internacional do indivíduo para que o mesmo, com sua própria capacidade postulatória pudessem agir junto aos órgãos de jurisdição internacional. Contudo, essa personalidade é limitada, pois nesse caso é apenas destinatário das normas internacionais, mas não participa da formação dessas normas. Cabe trazer à baila o entendimento da Corte Internacional de Direitos Humanos (CEDH), que assegura o direito de petição ao indivíduo sem qualquer intermediário, previsto no art. 44 (CIDH). Tal garantia foi prevista a partir do protocolo nº 11/1995, que tornou obrigatória a cláusula do artigo 34. QUESTÃO OBEJTIVA Segundo o Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, são fontes do direito internacional as convenções internacionais, a. o costume, os atos unilaterais e a doutrina e a jurisprudência, de forma auxiliar. b. o costume internacional, os princípios gerais de direito, os atos unilaterais e as resoluções das organizações internacionais. c. o costume, princípios gerais de direito, atos unilaterais, resoluções das organizações internacionais, decisões judiciárias e a doutrina. d. (X) o costume internacional, os princípios gerais de direito, as decisões judiciárias e a doutrina, de forma auxiliar, admitindo, ainda a possibilidade de a Corte decidir ex aequo et bono, se as partes concordarem. Caso Concreto 04: Ex-dirigente de federação sul-americana de futebol, após deixar o cargo que exercia em seu país de origem, sabedor de que existe uma investigação em curso na Colômbia, opta por fixar residência no Brasil, pelo fato de ser estrangeiro casado com brasileira, com a qual tem dois filhos pequenos. Anos depois, já tendo se naturalizado brasileiro, o governo da Colômbia pede a sua extradição em razão de sentença que o condenou por crime praticado quando ocupava cargo na federação sul-americana de futebol. Diga sobre a possibilidade de extradição e fundamente. (FGV – adaptada) R = Há possibilidade de extradição de brasileiro naturalizado em 2 (duas) situações: Primeira comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; e crime comum praticado antes da naturalização, previsto no art. 5°, LI da CF. Na situação apresentada, o ex-dirigente da federação sul-americana de futebol havia praticado um crime comum antes de se naturalizar. Logo, ele poderá ser extraditado. Vale destacar que a CRFB/88 proíbe a extradição a penas de brasileiros natos. Vale ressaltar que pelo fato de ser casado com brasileira e ter 2 filhos não impede de ser extraditado, salvo, se for no caso de expulsão, com a inteligência da Súmula 1 do STF que veda a expulsão de estrangeiros casados com brasileiras, ou que tenha filhos brasileiros dependente da economia paterna. Ou, por motivos de perseguição política ou opinião não poderá ser este extraditado. CASO CONCRETO 05: Tendo em vista o interesse comum de Brasil e Paraguai em realizar o aproveitamento hidroelétrico dos recursos hídricos do rio Paraná, pertencentes em condomínio aos dois países desde e inclusive o salto Grande de Sete Quedas ou salto de Guairá até a foz do rio Iguaçu, foi aprovadoo Tratado de Itaipu, em 26 de abril de 1973, criando a entidade binacional Itaipu, considerada um modelo de integração. Contudo, passados mais de trinta anos, os paraguaios começaram a se insurgir contra as disposições desse Tratado, alegando que há uma relação de exploração em favor do Brasil, que se aproveita do seu poder econômico para submeter o Paraguai a uma condição subalterna. A polêmica se acentuou com a eleição de Fernando Lugo à Presidência da República do Paraguai. Com relação a esse Tratado e às polêmicas que gera, é correto que As reivindicações dos paraguaios são pertinentes, uma vez que, segundo o Tratado de Itaipu, ao Brasil cabem 95%da energia produzida pela Itaipu e ao Paraguai os 5% restantes, proporcionais ao aporte financeiro realizado por cada país na construção da usina e Por ser uma entidade binacional, as instalações e obras realizadas em cumprimento ao Tratado de Itaipu conferem ao Brasil e ao Paraguai o direito de propriedade ou de jurisdição sobre o território um do outro. (UFPR- adaptada) R = O tratado versa sobre propriedade em condomínio da Usina de Itaipu e não sobre território, ou seja, a existência da empresa binacional não significa que um país irá exercer poder de jurisdição sobre outro. O tratado prevê responsabilidades iguais, as decisões são tomadas de comum acordo e a energia produzida será dividida em partes iguais. Contudo, a energia não utilizada por uma das partes será vendida preferencialmente a outra parte. TRATADO DE ITAIPU (Brasília, 26.4.1973) Tratado entre a República Federativa do Brasil e a República do Paraguai para (...) Artigo III As Altas Partes Contratantes criam, em igualdade de direitos e obrigações, uma entidade binacional denominada ITAIPU, com a finalidade de realizar o aproveitamento hidrelétrico a que se refere o Artigo I. Artigo VII As instalações destinadas à produção de energia elétrica e obras auxiliares não produzirão variação alguma nos limites entre os dois países estabelecidos nos Tratados vigentes. Parágrafo 1º - As instalações e obras realizadas em cumprimento do presente Tratado não conferirão, a nenhuma das Altas Partes Contratantes, direito de propriedade ou de jurisdição sobre qualquer parte do território da outra. Artigo XIII A energia produzida pelo aproveitamento hidrelétrico a que se refere o Artigo I será dividida em partes iguais entre os dois países, sendo reconhecido a cada um deles o direito de aquisição, na forma estabelecida no Artigo XIV, da energia que não seja utilizada pelo outro país para seu próprio consumo. CASO CONCRETO 06: Tratados são, por excelência, normas de direito internacional público. No modelo jurídico brasileiro, como nas demais democracias modernas, tratados passam a integrar o direito interno estatal, após a verificação de seu iter de incorporação. A respeito dessa temática, uma vez firmados, os tratados relativos ao MERCOSUL, ainda que criem compromissos gravosos à União, são automaticamente incorporados visto que são aprovados por parlamento comunitário. Diga se está correta ou errada a afirmativa e fundamente. (CESPE– adaptada) R = A afirmativa está errada, pois, tratados internacionais precisam ser transformados pelo direito interno a partir da aprovação do congresso nacional para posterior ratificação pelo Presidente da República. Ou seja, em outras palavras, A questão está errado, pois não podem ser automaticamente incorporados, para ingressarem na ordem jurídica interna, devem ser submetidos a um processo. Passa pelo procedimento legislativo de aprovação, e, para produzir efeitos na ordem interna, deve ocorrer a promulgação de Decreto do Poder Executivo (ato com força de lei) pelo Presidente. O MERCOSUL é uma organização criada em1991, constituída por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para adoção de políticas de integração econômica e aduaneira entre esses países, e tendo como associados Chile e Bolívia, (estes ultimo em processo de adesão), incorporam também a Venezuela. Logo a afirmativa está errada, pois, a CF/88, no seu art. 84, inciso VIII, prevê que a jurisdição compete privativamente ao Poder Executivo celebrar Tratado Internacional, sujeitos a referendo no Congresso Nacional. O art. 49, I da CF, diz que compete ao Congresso decidir definitivamente sobre os Tratados Internacionais, uma vez que a previsão constitucional é dualista a afirmativa da questão está equivocada, o executivo celebra tratado, contudo, deve esse passar pelo crivo do Congresso e posteriormente retorna ao Executivo para ratificar. (Executivo este que é o PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA BRASILEIRA), privativamente. CASO CONCRETO 07: Presentes em todos os continentes, as organizações não governamentais (ONGs) desempenham importante papel na defesa de causas de interesse comum da humanidade. Assim, não obstante suas peculiaridades jurídicas, o Greenpeace, além de ter atuado como parte nas negociações do Protocolo de Quioto, firmou e ratificou o referido tratado. Julgue a afirmação e fundamente sua resposta. R = Está incorreta, o Greenpeace não firma, nem ratifica nenhum tratado, pois é um a organização internacional não governamental sem legitimidade para firmar tratados, pois não tem personalidade jurídica de direito internacional, por isso não está apto a adquirir direitos e contrair obrigações na ordem internacional. O Greenpeace é uma organização não governamental (ONG) ambiental, atual internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável com campanhas dedicadas às áreas de florestas, clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, agrotóxicos e energia. CASO CONCRETO 08: No Direito Internacional, há necessidade de previsões normativas para os períodos pacíficos e para os períodos turbulentos de conflitos e litígios. A Carta das Nações Unidas e outras convenções internacionais procuram tratar dos mecanismos de resolução de conflitos, bem como disciplinam a ética dos conflitos bélicos e a efetiva proteção dos direitos humanos em ocasiões de conflitos externos ou internos. A ONU deve exercer papel relevante na resolução de conflitos, podendo, inclusive, praticar ação coercitiva para a busca da paz. Analise se correta ou errada e fundamente. (CESPE – adaptada) R = A afirmação está certa, levando em consideração o poder que é dado a ONU que deve sempre procurar em primeiro lugar pela paz, todavia se não for possível de conseguir, deve partir para mecanismos mais coercitivos, que são autorizados pelo conselho da ONU. De acordo com os artigos 41 e 42 da Carta da ONU, a ONU tem legitimidade para atuar de maneira sancionatória quando a paz mundial estiver sendo ameaçada. Logo, no primeiro momento haverá a notificação, caso a prática continue virá uma sanção, e se a reincidência prevalecer haverá intervenção armada, tudo isso levando em conta as preservações de direito resguardadas pelo art. 2 da carta da ONU, que são os 7 princípios. Em busca da Paz e a Segurança Internacional. CASO CONCRETO 09: Como antecipou Joaquim Nabuco, a escravidão e o tráfico de escravos, graves violações aos direitos humanos, estão hoje proscritos pelo direito internacional. À luz das normas de direito internacional aplicáveis ao tema, o tráfico de pessoas como modalidade de crime organizado internacional limita-se à exploração de mão de obra escrava. Julgue e fundamente. (CESPE –adaptada) R: Incorreta, há outras formas de exploração da mão-de-obra escrava “a definição aceita internacionalmente encontra-se na Convenção das nações unidas contra o crime organizado transnacional relativo a prevenção repressão e punição do tráfico de pessoas” em especial o de mulheres e crianças segundo o qual a expressão “tráfico de pessoas” significa “o recrutamento transporte transferência alojamento ou acolhimentode pessoas recorrendo ameaça ou uso da força ou outras formas de coação ao rapto a fraude ao engano ao abuso de autoridade ou a situação de vulnerabilidade ou a entrega ou aceitação de pagamento ou benefício para obter com sentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração”. CASO CONCRETO 10: Ex-dirigente de federação sul-americana de futebol, após deixar o cargo que exercia em seu país de origem, sabedor de que existe uma investigação em curso na Colômbia, opta por fixar residência no Brasil, pelo fato de seres estrangeiro casado com brasileira, com a qual tem dois filhos pequenos. Anos depois, já tendo se naturalizado brasileiro, o governo da Colômbia pede a sua extradição em razão de sentença que o condenou por crime praticado quando ocupava cargo na federação sul-americana de futebol. Essa extradição não poderá ser concedida, porque o extraditando tem filhos menores sob sua dependência econômica. Analise e decida se correta ou errada e fundamente. (CESPE – adaptada) R = Incorreta, A Súmula 1 do STF, se aplica à expulsão e não a extradição, logo está afirmativa está errada, pois o fato de ter filho menor sob sua dependência econômica não impede a extradição, devido ao crime cometido antes da naturalização deste, art. 5°, LI, da CF. CASO CONCRETO 11: O litígio que envolve Estados e organizações internacionais podendo ser de natureza econômica, política ou meramente jurídica, é conceituado como controvérsia internacional. Acerca dos meios diplomáticos para soluções pacíficas de controvérsias internacionais, a conciliação é muito semelhante à mediação. Entretanto, caracteriza– se pela possibilidade de atuar como mediador pessoa natural, Estado ou organismo internacional. Diga se certa ou errada e fundamente. (FGV – adaptada) R = A afirmativa está incorreta, pois os meios pacíficos de solução de controvérsias internacionais são dirigidos por Estados historicamente, porém admite-se nos tempos atuais a participação de Organizações Internacionais. Quanto às pessoas naturais, estas são sujeitos do direito internacional apenas nas questões de violação de direitos humanos não sendo admitidas nas soluções de controvérsias entre Estados. CASO CONCRETO 12: O MERCOSUL é um organismo internacional que visa à integração econômica de países que se localizam geograficamente no eixo conhecido como Cone Sul, nos termos do Tratado de Assunção (1991) e do Protocolo de Ouro Preto (1994).Sobre o sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL, provisoriamente estabelecido no Protocolo de Brasília (1993), o sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL encontra–se, atualmente, normatizado pelo Protocolo de Ouro Preto (1994), que estabeleceu a estrutura orgânica definitiva do bloco. Responda se certa ou errada e fundamente. (FGV – adaptada) R = Incorreta, pois o sistema de solução de controvérsias do Mercosul encontra-se atualmente normatizado pelo protocolo de Olivos está em vigor internacionalmente desde 2004 no Brasil o protocolo de Olivos foi assinado em 2002 e, ratificado pelo Decreto legislativo 712/03 e promulgado pelo Decreto 498 2/ 2004. Antes deste instrumento, era aplicado a Anexo III do Tratado de Assunção e, até a entrada em vigor do PO, era usado o Protocolo de Brasília. O Protocolo de Ouro Preto, estabeleceu a estrutura institucional básica do MERCOSUL e conferiu ao Bloco personalidade jurídica de Direito Internacional. Consagrou também a regra do consenso no processo decisório, listou fontes jurídicas e instituiu o princípio de vigência simultânea das normas adotadas pelos 3 (três) órgãos decisórios do Bloco. CASO CONCRETO 13: Um jato privado, pertencente a uma empresa norte-americana, se envolve em um incidente que resulta na queda de uma aeronave comercial brasileira em território brasileiro, provocando dezenas de mortes. A família de uma das vítimas brasileiras inicia uma ação no Brasil contra a empresa norte-americana, pedindo danos materiais e morais. A empresa norte-americana alega que a competência para julgar o caso é da justiça americana. Segundo o direito brasileiro, o juiz brasileiro tem competência concorrente porque a vítima tinha nacionalidade brasileira. Com base em seu conhecimento diga se correta ou errada a afirmativa e fundamente (FGV – adaptada) R = Certa, ele tem competência concorrente porque o acidente ocorreu em território brasileiro nos temos do artigo 88 inciso III do CPC CASO CONCRETO 14: O Estado regulamenta a convivência social em seu território por meio de legislação nacional, e a comunidade internacional também cria regras, que podem conflitar com as nacionais. A respeito das correntes doutrinárias que procuram proporcionar solução para o conflito entre as normas internas e as internacionais, de acordo com a corrente dualista, o direito interno e o direito internacional convivem em uma única ordem jurídica. Julgue e fundamente. (CESPE – adaptada) R = Errada, pois não é corrente dualista e sim a corrente da teoria monista o direito interno e o direito internacional formam uma única ordem jurídica e o ato de ratificação do tratado é capaz de gerar efeitos no âmbito interno e externo, havendo a incorporação automática dos tratados na ordem interna. Caso Concreto 15: No Brasil, a exploração de petróleo na chamada camada pré-sal vincula-se a importantes noções do direito do mar. O domínio marítimo de um país abrange as águas internas, o mar territorial, a zona contígua entre o mar territorial e o alto-mar, a zona econômica exclusiva, entre outros. A respeito do direito do mar, do direito internacional da navegação marítima e do direito internacional ambiental, segundo a Convenção de Montego Bay, Estados sem litoral podem usufruir do direito de acesso ao mar pelo território dos Estados vizinhos que tenham litoral. Julgue a afirmativa e fundamente sua resposta. (CESPE adaptada) R = Correta, o artigo 125 inciso l do Tratado de Montego Bay ou Direito Internacional do Mar os Estados sem litoral têm direito de acesso ao mar para exercerem os direitos conferidos na presente Convenção incluindo os relativos à liberdade do alto mar e ao patrimônio comum da humanidade. CASO CONCRETO 16: Após o reconhecimento de pleito formulado perante a Comissão de Delimitação de Plataformas Continentais da Organização das Nações Unidas, o Brasil passou a exercer, na plataforma continental que excede as 200 milhas náuticas, até o limite de 350 milhas náuticas, competências equivalentes às exercidas no mar territorial. Julgue fundamentadamente. (CESPE adaptada) R = A afirmativa está errada, pois não seria a mesma coisa. Até 200 milhas náuticas é a chamada “Amazônia Azul”, já 350 milhas náuticas se trata de uma exploração comercial, sendo um ato unilateral do governo brasileiro. A melhor resposta é a constante no "comentários do Professor" "O Brasil não teve seu pleito reconhecido pela referida comissão da ONU. Em 2004, o Brasil formulou pleito pedindo a extensão da plataforma continental de 200 milhas marítimas para 350 milhas marítimas, o que é permitido pela Convenção de Montego Bay sobre o direito do Mar. Entretanto, em 2007, por oposição dos Estados Unidos, o pleito brasileiro foi rejeitado na ONU. Mais tarde, o Brasil reformulou o pleito e ainda aguarda resposta. Grande parte do Pré-Sal se encontra além das 200 milhas marítimas, o que explica a importância de o Brasil poder exercer soberania econômica sobre a plataforma continental estendida". O pleito foi parcialmente reconhecido, com a extensão do território marítimo brasileiro em algumas áreas. Todavia, a questão está errada ao afirmar que as "competências são equivalentes às exercidas no mar territorial", uma vez que na plataforma continental o Estado exerce sua soberania para efeitos de exploração e aproveitamento de seus recursos naturais,mas não a soberania plena que exerce no mar territorial. A questão também contém um erro ao final. Se forem exercidas competências, entre 200 e 350 milhas, elas serão equivalentes às exercidas na Zona Econômica Exclusiva, e não às do mar territorial. Na verdade, há 2 (dois) erros: primeiro não houve ainda o reconhecimento do pleito, segundo acima citado a CNUDM só permite o aumento da plataforma continental dentro das condições e parâmetros fixados no tratado, não existindo qualquer possibilidade de expansão do mar territorial, ZEE ou qualquer outro espaço marítimo definido pela CNUDM. Segundo a Convenção de Montego Bay, o Estado costeiro deve traçar o limite exterior da sua plataforma continental, quando esta se estender além de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial. Assim, verifica-se que uma plataforma continental cuja extensão ultrapasse as 200 milhas marítimas é situação excepcional. Tendo em vista a excepcionalidade da situação, esta precisa ser reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas). Pois bem, o Brasil realizou estudos acerca da sua plataforma continental e constatou que, em diversos pontos de nosso literal, o bordo exterior da margem continental prolonga-se além das 200 milhas marítimas. Já tendo apresentado à ONU a proposta de extensão da plataforma continental, o Brasil apenas aguarda a decisão daquela organização internacional (seu pleito ainda não foi reconhecido!). Caso a decisão seja positiva, o território marítimo brasileiro irá aumentar bastante e, com isso, as riquezas minerais sob o domínio do País. Nessa imensa área, estão as maiores reservas de petróleo e gás, fontes de energia imprescindíveis para o desenvolvimento do Brasil, além da existência de potencial pesqueiro. PLATAFORMA CONTINENTAL "A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância." (CNUDM, art. 76, par. 1). Sendo assim, afirmativa está errado, são 200 milhas náuticas, e Ato unilateral. GLOBALIZAÇÃO, TRATADOS INTERNACIONAIS E A RELAÇÃO ESTADOS UNIDOS E UNIÃO SOVIÉTICA: Tratados de Forças Nucleares de Alcance Intermediário Albertina Carla dos Santos1 Carly Confessor de Souza2 France Lídia Oliveira dos Santos3 Frederico Augusto de Souza Mendonça4 Raquel Andrade de Lima5 RESUMO – O objetivo dessa pesquisa foi investigar sobre a importância dos Tratados no contexto mundial por meio da seguinte questão norteadora: Em busca da pacificação mundial, os Estados soberanos perdem sua soberania com os tratados? Por que, a exemplo dos EUA e Rússia ao quebrarem um tratado sobre o controle de armas nucleares ameaçam o mundo? Para isso, foram utilizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema, através de publicações já existentes em livros, textos eletrônicos, artigos entre outros. Observou-se que ao longo dos anos, as operações de paz evoluíram para atender as necessidades de diferentes conflitos e panoramas políticos, e nas sociedades atuais não sendo diferente, uma vez que essa busca ainda estando em plena e insaciável resolução. Em tal estudo conclui-se que, torna-se cada vez mais necessária desenvolver maneiras de lidar com conflitos internacionais uma vez que a natureza dos conflitos também mudou ao longo dos anos. Palavras-Chave: Globalização. Tratados. Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. 1. INTRODUÇÃO A globalização da economia ocorreu de forma bastante intensa, o que fez com que diversos países firmassem acordos internacionais visando maior abertura econômica sem, contudo, prejudicar a indústria interna. O comércio internacional 1 Bacharel em Direito. E-mail: albertina.carla@hotmail.com. Matrícula: 2015.12.96804-8, Turma Alexandrino Noturno/Terça-feira. 2 Bacharel em Direito. E-mail: calry04@hotmail.com. Matrícula: 2016.02.26143-1, Turma Alexandrino Noturno/Terça-feira. 3 Bacharel em Direito. E-mail: super_france@msn.com. Matrícula: 2015.12.21760-3, Turma Alexandrino Noturno/Terça-feira. 4 Bacharel em Direito. E-mail: fredasm2000@yahoo.com.br. Matrícula: 2015.12.58378-3, Turma Alexandrino Noturno/Terça-feira. 5 Bacharel em Direito. E-mail: raquelandrade2023@gmail.com. Matrícula: 2016.02.79552-5, Turma Alexandrino Noturno/Terça-feira. Trabalho apresentado à disciplina Direito Internacional como requisito parcial para obtenção de pontuação no semestre em curso, ministrado pelo Professor Leonardo Oliveira Freire. Natal, 2020. https://pt.wikipedia.org/wiki/Armas_nucleares mailto:Albertina.carla@hotmail.com ganha destaque e tem como principal característica a forte tendência de formação de blocos regionais. E mesmo não ocorrendo de forma igualitária, o fenômeno da globalização promoveu a integração entre os países e regiões, o que intensificou o comércio internacional e contribuiu com o nascimento de inúmeros tratados entre as nações. Os tratados materializam as relações internacionais entre os Estados Soberanos e promovem maior segurança jurídica para os participantes do acordo internacional, uma vez que a partir da adesão de um país ao tratado este se torna obrigado a cumpri-lo, caso não o faça, estará sujeito a sanções internacionais. Os tratados internacionais são acordos realizados em âmbito internacional e que visam proteger ou fortalecer interesses em determinada área. Para que isso aconteça é necessário haver vontade livre dos participantes de realizar aquele documento jurídico, além do objetivo de o tratado ser minimamente possível e específico, respeitando requisitos formais. A celebração de tratados é tarefa árdua, complexa, mas deve ser encarada como objetivo estratégico de política internacional. Não basta, contudo, simplesmente assinar e incorporar um tratado ao ordenamento jurídico pátrio. É preciso, num segundo momento, interpretá-lo segundo regras e princípios internacionalmente aceitos, assim como aplicá-lo de forma coerente com o compromisso assumido perante o outro país. Se tem assistido, nos últimos anos, a um certo descumprimento das autoridades na aplicação de tais acordos, fruto talvez de uma política imediatista. O modo como países lidam com as questões de situações internacionais abrangidas pelos tratados assinados leva, por exemplo, ao desrespeito à prevalência das regras convencionais. Esse trabalho, portando, orientar-se-á no sentido que, os tratados internacionais não foram apenas importantes para história das relações diplomáticas, mas também para a história do mundo, como um todo, uma vez que muitas das questões que são discutidas neles o que terminam por definirem o futuro da humanidade. 2. A INFLUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO NOS TRATADOS INTERNACINAIS As expedições lideradas pelo navegante genovês Cristóvão Colombo e financiadas pelo Reino de Castilla y Aragón que romperam, em 1492, o isolamento entre o “velho” e o “novo mundo”, com isso, se deu início a Globalização, e com efeito que implicaram crescente contato entre os países então existentes. A globalização ganhou corpo especialmente após o término da Segunda Grande Guerra Mundial, pois os Estados verificaram a necessidade de reciprocidade de relações como forma de pacificação e de estabelecimento de condições favoráveis ao desenvolvimento humano. E no decorrer da mundialização, a globalização desencadeou-se, tonando-se um fenômeno de abertura das economias e das respectivas fronteiras em resultado do acentuado crescimento das trocas internacionaisde mercadorias, da intensificação dos movimentos de capitais, da circulação de pessoas, do conhecimento e da informação, proporcionados quer pelo desenvolvimento dos transportes e das comunicações, quer pela crescente abertura das fronteiras ao comércio internacional. A redução de distâncias espaciais e temporais é uma característica da globalização, pois trouxe consigo benefícios como a exemplo a tecnologia, tempos nunca antes experimentados pelo ser humano, e com isso, a sociedade cada vez mais, sente a necessidade de estreitamentos mundial. E conforme Siqueira Junior, A sociedade da informação é constituída em tecnologias de informação e comunicação que envolve a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios eletrônicos, como rádio, televisão, telefone, computadores, entre outros. Essas tecnologias não transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas em seus contextos sociais, econômicos e políticos, criando uma nova estrutura social, que tem reflexos na sociedade local e global (2008, p. 214). Como se vê, a mundialização decorrente das transformações estimula o aumento das relações comerciais, a criação de blocos econômicos, o desenvolvimento de sistemas de comunicação, entre outras coisas, uma vez que a sociedade se desenvolve nesse meio de relações comerciais. Tal incentivo dá início à competição internacional, que tem como alvo tudo aquilo que está intimamente relacionado com atividade econômica, a busca por mercados, produtos, tecnologia e eficiência. Deste modo, a globalização vem impondo a todos os países e, principalmente aos em desenvolvimento, medidas de ajuste de suas políticas para que os mesmos possam se fazer presente na atividade comercial internacional, ou seja, estarem à altura da competição internacional. Competição essa, que se caracteriza pela disputa entre os países por tudo aquilo que tenha valor econômico, seja capital, tecnologia, mercado, entre outros. Sucede que também se pode conferir um caráter crescentemente “global” ao campo do Direito, haja vista o teor cada vez mais crescente das discussões teóricas, políticas e jurídicas no que se refere à relatividade da noção clássica de soberania, com o fito de se redimensionar a aplicação das normas de Direito. 3. BREVE HISTÓRICO SOBRE TRATADOS Um tratado internacional é a formalização de um pacto celebrado entre países ou grupo étnicos com o propósito de instituir a paz e o equilíbrio econômico, definir fronteiras físicas, organizar atividades comerciais e estabelecer regras. Os tratados internacionais, ganharam grande importância no cenário mundial, substituindo a antiga forma de acordo entre os Estados, regulada pelo direito costumeiro, direito consuetudinário, que deixava margem para incertezas e inseguranças. Importante ressaltar, que a Guerra dos Trinta Anos, foi motiva por disputas entre católicos e protestantes, e o confronto evoluiu para outros interesses como expansão de territórios e a busca pelo domínio político da região. Assim, dividindo-se em dois lados, um lado a Tríplice Entente (composta por Rússia, Grã-Bretanha, França e Itália), e o outro era formado pela Tríplice Aliança, composta (Alemanha, Áustria-Hungria e Otomano). E nesse contexto, quando a Tríplice Aliança perde a Guerra, os países vitoriosos determinaram regras para os países derrotados. Porém, nesse mesmo período foi definido que não existiram ganhadores ou perdedores, mas mesmo assim, foi escolhido um culpado pela guerra, que nesse caso a Alemanha (por entender que por esse país por já estar envolvido em todos os conflitos anteriores), e assim o imputaram toda a responsabilidade pelo conflito e por suas consequências. Com isso, foi assinado um acordo celebrado pelos países envolvidos na Guerra visando pôr fim ao conflito. Onde se deu o Tratado determinando aos alemães arcar com pesadas indenizações. Essa exigência fragilizou consideravelmente a economia alemã, já baqueada pela própria guerra. A Alemanha Perdeu 13% de todo o seu território e 10% de sua população. Teve a força militar neutralizada, por medo de represarias... Enfim, foi uma das propagadas que o Nazismo usou, se referindo ao tratado como humilhação posta a Alemanha. E foi partir desse Tratado, denominado Tratado de Paz de Vestfália, que se deu a criação da Ligas das Nações (“que nos dias atuais não mais existindo”) com intuito de promover a paz para evitar um segundo conflito. Porém foi fracassado ao se dar a Segunda Guerra Mundial. É com os Tratados de Paz de Vestfália se tomam forma os primeiros ditames de um Direito Público europeu reconhecendo-se a soberania e a igualdade como princípios fundamentais das relações internacionais. Entretanto, apesar de ser considerada por alguns juristas como a fundação do Direito internacional, a carta de VESTFÁLIA não representa com certeza o princípio da história dos tratados internacionais, pois o registro mais antigo de tratado existente, está escrito em três pedaços de tábuas de barro, sendo dois deles expostos no Museu Arqueológico de Istanbul e um no Museu Estatal de Berlin, que seria o Tratado Egípcio-Hitita. O Tratado Egípcio-Hitita, usualmente designado por Tratado de Kadesh ou Tratado de Qadesh, foi um tratado de paz celebrado entre o faraó egípcio Ramessés II e o rei hitita Hatusil III c. 1.259 a.C., que marcou o fim oficial das negociações entre as duas grandes potências do Médio Oriente. O tratado foi assinado para pôr termo a uma longa guerra entre os hititas e os egípcios, que lutaram durante mais de dois séculos pelo domínio dos territórios do https://brasilescola.uol.com.br/historia/imperio-turco-otomano.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado https://pt.wikipedia.org/wiki/Fara%C3%B3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ramess%C3%A9s_II https://pt.wikipedia.org/wiki/Ramess%C3%A9s_II https://pt.wikipedia.org/wiki/Hititas https://pt.wikipedia.org/wiki/Hatusil_III https://pt.wikipedia.org/wiki/Circa https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo_mil%C3%A9nio_a.C. https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dio_Oriente Mediterrâneo Oriental. O conflito culminou com a tentativa de invasão egípcia em 1.274 a.C., que foi travada pelos hititas na cidade de Kadesh, nas margens do rio Orontes, a pouca distância da atual cidade síria de Homs. A batalha resultou em pesadas baixas em ambos os lados, apesar de não ter resultado numa derrota ou vitória clara para qualquer dos lados, quer na batalha quer na guerra, pelo que o conflito continuou inconclusivo durante cerca de quinze anos, até que o tratado foi assinado. Desde então, a figura dos tratados internacionais tem evoluído com o passar dos anos até a sua estrutura atual, conforme definida pela Convenção de Viena de 1969. Os tratados internacionais são incontestavelmente, a principal e mais concreta fonte do Direito Internacional Público na atualidade não apenas em relação à segurança e estabilidade que trazem nas relações internacionais, mas também porque tornam o direito das gentes mais representativo e autêntico a, medida em que se substanciam na vontade livre e conjugada dos Estados e das Organizações Internacionais, sem a qual não subsistiriam. (MAZZUOLI, 2011, p. 114). E com a evolução dos Tratados, veio também a criação de novas instituições criadas por esses países (estados soberanos), as Organizações Internacionais, também conhecidas como Organizações Intergovernamentais, para buscar através da cooperação a melhoria das condições econômicas, políticas e sociais dos associados. Onde sendo as principais: ONU (Organização das Nações Unidas): fundada em 1945 é a maior organização internacional do mundo. Tem como objetivos principais a manutenção da paz mundial, respeito aos direitos humanos e o progresso social da humanidade. OEA (Organização dos Estados Americanos): fundada em 1948, conta com a participação de 35 nações do continente americano. Tem como objetivos principaisa integração econômica, a segurança (combate ao terrorismo, tráfico de drogas e armas), combate a corrupção e o fortalecimento da democracia no continente. OMC (Organização Mundial do Comércio): fundada em 1994, conta com a participação de 149 países membros. Atua na fiscalização e regulamentação do comércio mundial, além de gerenciar acordos comerciais. OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico): fundada em 1960, esta organização internacional é formada por 34 países. Tem como metas principais o desenvolvimento econômico e a manutenção da estabilidade financeira entre os países membros. OMS (Organização Mundial da Saúde): fundada em 1948, este organismo faz parte da ONU e tem como objetivo principal a gestão de políticas públicas voltadas para a saúde em nível mundial. OIT (Organização Internacional do Trabalho): organismo especializado da ONU, foi fundada em abril de 1919. Atua, em nível mundial, em assuntos relacionados ao trabalho e relações trabalhistas. FMI (Fundo Monetário Internacional): criado em 1945, tem como objetivos principais a manutenção da estabilidade financeira e monetária no mundo, o https://pt.wikipedia.org/wiki/Mediterr%C3%A2neo_Oriental https://pt.wikipedia.org/wiki/Kadesh https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Orontes https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Orontes https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADria https://pt.wikipedia.org/wiki/Homs aumento do nível de emprego e a diminuição da pobreza. Conta com a participação de 188 nações. OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte): criada em 1949, conta com a participação de 28 países membros. Tem como objetivo principal a manutenção da segurança militar na Europa. 3.1 Tipos de tratados O nome Tratado, também é abordado como Convenção, Acordo, Pacto, Protocolo, Regulamento, Declaração, Carta, Concordata, Convênio, Compromisso, Estatuto, Ata, Memorandum, dentre outros. Convenção – refere-se a tratado multilateral que estabelece normas gerais a todos os partícipes, por exemplo, Convenção de Viena sobre Tratados, Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, Convenção sobre o Direito do Mar, Convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) etc. Acordo – é empregado para os tratados mais simples, quase sempre de natureza econômica. Tem características técnicas, administrativas. É normalmente temporário, por exemplo, acordos que o Brasil fez com o FMI (Fundo Monetário Internacional) pedindo empréstimo de dinheiro. Há também o Acordo de Sede, aquele que um organismo internacional faz com um Estado para se estabelecer em seu território. Protocolo – é um tratado secundário, atrelado a um tratado principal. Vem para complementar o tratado principal, implementar algumas de suas cláusulas, corrigir os rumos do tratado original para alcançar o objetivo proposto pelos países envolvidos, por exemplo, Protocolo de Brasília de 1991, estabelecendo formas de solução de controvérsia, sem matérias comerciais, e consolidando a estrutura do Mercosul, e também o Protocolo de Las Leñas, sobre matéria civil, comercial, trabalhista e administrativa, envolvendo os mesmos Estados-partes. Carta, estatuto – tais nomes são utilizados para representar o tratado constitutivo das entidades internacionais, por exemplo, a Carta da ONU (Organização das Nações Unidas), a Carta da OEA (Organização dos Estados Americanos), a Carta da OIT (Organização Internacional do Trabalho), etc. Concordata – é nome usado exclusivamente para tratado de que participe a Santa Sé (Cúpula da Igreja Católica). Entre diversas formas o qual podem ser celebrados os tratados, o mais comum é pelo número de países que assinam o documento. Podendo ser bilateral, quando envolve dois países, e multilateral quando envolve vários países. Podendo a classificação também se dar por temas. Dependendo do momento da história, é possível identificar tendências que promovem a predominância de determinados tipos de tratados. A exemplo no período da pós Segunda Guerra Mundial, foi estabelecida a maioria dos Tratados de paz e de garantia aos países envolvidos em conflitos. Também, com a Crise do Petróleo nos anos 70 e o acirramento da competição entre as nações para a proteção dos fundamentos econômicos, foram abundantes os tratados definindo Regras para o Comercio Internacional. Podendo citar ainda, a proteção dos recursos essenciais e da Sustentabilidade, combate a Corrupção, ao Terrorismo e a proteção dos Direitos Humanos, entre outros. Parte da história da formação do Brasil como nação, o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 pelos reis de Portugual e de Castela, que estabeleceu o marco regulatório dos esforços para o desenvolvimento do continente sul-americano. Tem-se ainda, O Tratado de Paris, assinado em 1783, é o mais antigo e ainda válido tratado assinado pelos Estados Unidos. Por meio dele foi estabelecido o fim da Revolução Americana e o estabelecimento dos Estados Unidos como nação. A negociação dos termos, conduzida por Benjamin Franklin entre outros estadistas, permitiu a independência das 13 colônias norte-americanas em termos extremamente favoráveis. 3.2 Estrutura e procedimentos dos tratados Os tratados devem seguir uma estrutura, que conforme aponta MALHEIRO, 2008, p. 63-64; “A presença de um “preâmbulo” é sempre destacada, pois denomina os co- pactuantes. O “considerando” aponta os motivos para sua celebração do tratado, enquanto o “articulado”, que vem logo a seguir, é a parte dispositiva, elaborada em artigos ou cláusulas e estabelece as regras que serão seguidas pelas partes. Teremos então o “fecho”, composto de data local, idioma e número de vias originais. Por fim, apresentam-se as “assinaturas dos representantes das pessoas jurídicas de direito internacional público” e o “selo de lacre”. O tratado, em geral, tem uma estrutura, como o preâmbulo, parte dispositiva e eventualmente, anexos.: preâmbulo: conforme a descrição e qualificação das partes e as considerações que o ensejaram; parte dispositiva: a parte essencialmente jurídica, ordenada em artigos; anexos: podem existir ou não, dependendo do teor do Tratado. São fórmulas, gráficos, lista de produtos em documentos que complementam e esclarecem cláusulas contratuais. Normalmente os acordos devem ser registrados no secretariado da ONU (Organização das Nações Unidas) e por este publicado – artigo 102 da Carta das Nações Unidas. E as partes, são os Estados soberanos, organismos internacionais e outras coletividades aptas a pactuar a nível global. Levando-se em conta que o tratado é o acordo formal concluído entre os sujeitos de Direito Internacional Público, os tratados devem produzir certezas e não podem ser fontes de novas e infindáveis disputas. Destinam-se a produzir efeitos jurídicos na órbita internacional, e assim, pode-se extrair três elementos desse instituto: a) existência de pessoas internacionais; b) atos de vontade de tais pessoas concretizadas num acordo escrito; c) produção de efeitos além da esfera dos envolvidos. Para iniciar um tratado internacional, a primeira etapa se dá por uma negociação e discussão sobre os termos a serem criados pelos signatários. Após os termos serem acordados, ocorre o momento de assinatura. Se o signatário adota a forma simplificada, a partir desse momento o tratado internacional já passa a produzir efeitos. Porém, se o signatário adota a forma solene, é necessário o seguinte passo: “Procede à fase de aprovação legislativa (no caso do Brasil o tratado é enviado ao Congresso Nacional, este pede uma consultoria jurídica do Ministro das Relações Exteriores e cria um parecer que é apreciado pelas duas casas do Congresso. Após aprovado pelas duas casas, o presidente do Congresso Nacional, ou seja, o Presidente do Senado, expede um decreto legislativo de aprovação que é encaminhado para a ratificação do Presidente da República. Caso o Presidenteda República entenda por não ratificar, o parecer volta para o Congresso Nacional e será votado por maioria qualificada”. 3.3 Vigência e extinção dos tratados A vigência do tratado se inicia quase sempre com o ato de ratificação. Cada tratado dispõe sobre sua própria duração. O silêncio sobre sua duração caracteriza a possibilidade de mudar o tratado por nova convenção ou que o tratado é por tempo indeterminado. Em observação, a ratificação da nota diplomática cria obrigação internacional, que após a negociação, um terceiro sujeito pode assinar um tratado, mas estará obrigado ao que já foi pactuado. Trata-se da adesão. O tratado deve ser registrado junto à Organização Internacional competente, e desde que haja concordância de todos os assinantes, é possível criar ressalvas ou reservas dentro de um tratado internacional para determinados signatários. É mais comum, a vigência seja diferida por razões de ordem operacional. E neste, o ato jurídico se consuma e algum tempo transcorre antes que a norma jurídica comece a valer entre as partes, tal qual acontece na vacatio legis. A vigência pode ainda atuar como norma jurídica no exato momento em que se perfaz como ato jurídico convencional. É possível que o tratado opere em relação a fatos preexistentes (retroação), desde que assim convencionado. Tendo ainda a ultratividade, pelo qual o tratado continua a reger situações constituídas tendo efeito entre as partes (pacta sun servanda). Contudo, os Tratados podendo extinguir-se pelas seguintes formas: I) Execução Total do Objeto: o conteúdo do tratado foi totalmente executado; II) Ab-Rogação: manifestação de todos os sujeitos envolvidos naquela relação no sentido de por fim ao contratado; III) Denúncia: manifestação de sujeitos vinculados à relação no sentido de por fim ao contratado, de modo que não importe na totalidade dos signatários; IV) Renúncia: a parte que têm direito decide por abrir mão deles, extinguindo os deveres da outra parte; V) Mudanças Circunstanciais: a circunstância em que o tratado foi criado é mudada, sendo que esta não foi motivada por nenhum dos signatários; VI) Guerra Entre os Pactuantes: em caso de guerra entre os sujeitos envolvidos, o contrato pode ser extinto total ou parcialmente; VII) Prescrição Liberatória: o objeto do tratado cai em desuso e os signatários não se manifestam sobre ele. VIII) Inexecução de Uma das Partes: uma ou algumas das partes signatárias não cumprem o pactuado. Importante ressaltar, que desde o momento em que coincidam a entrada em vigor do Tratado no plano internacional, passa a integrar cada uma das ordens. Terá ele a estatura hierárquica de uma lei nacional, ou mais que isso, conforme o Estado em que se cuide. No Brasil, havia o entendimento predominante de que o tratado teria a mesma força de uma lei ordinária federal. Contudo, com o advento da Emenda Constitucional nº. 45, de dezembro de 2004, os tratados referentes a Direitos Humanos, depois de aprovados pelo Congresso, passaram a ter status de emenda constitucional. Que após um tempo discutindo, então, como seria esse novo “processo legislativo” para que os tratados que versem sobre a matéria também já referida tivessem a força de emenda, o Congresso Nacional passou a aprovar os chamados Decretos Legislativos com força de Emenda Constitucional. O primeiro desses casos é o Decreto Legislativo nº. 186, de 09 de julho de 2008, que aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, e teve entrada em vigor a partir de sua publicação. Por definição do Supremo Tribunal Federal os Tratados só entram em vigor após publicação do decreto no Diário Oficial da União. Poderá também ocorrer a cassação da vigência de um tratado ou suspensão da aplicação como consequência da sua violação, a exemplo recente dessa situação é o conflito entre os Estados Unidos e a Rússia em torno do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como “Tratado INF (Intermediate- range Nuclear Forces)”. 4 TRATADO DE FORÇAS NUCLEARES DE ALCANCE INTERMEDIÁRIO Com início em 1981 resultante de seis anos de negociação entre as mais altas patentes dos dois Estados, somente em 1987 firmaram o tratado o então presidente Ronald Reagan dos EUA e o então Secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Mikhail Gorbachey, tratado esse formalmente conhecido como o Tratado entre os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas sobre a Eliminação dos seus Mísseis de Alcance Intermediário e de Menor Alcance, também conhecido como Tratado INF (do inglês: Intermediate-Range Nuclear Forces). O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que foi um tratado internacional sobre controle de armas nucleares, “um esforço para controlar as armas desenvolvidas pelas duas potências”. Dessa forma, em 1988 sendo Ratificado o referido tratado pelo Congresso dos Estados Unidos e entra em vigor o aludido documento que proibia os Estados Unidos e a Rússia de possuírem, produzirem ou testarem mísseis balísticos de alcance entre 500 quilômetros e 5.500 quilômetros, nucleares ou convencionais. Para se ter uma real noção, desde 1945 que os dois Estados se encontravam em estado de “guerra fria”, que começou com a preocupação americana com o alargamento das fronteiras soviéticas depois da II Guerra Mundial. Outras questões como a Guerra de Coreia e várias divergências na redacção de inúmeros tratados contribuíram para o agravamento de relações entre os EUA e a URSS. Dessa forma, há de se relatar breve histórico do antecedente ao referido Tratado, pois em outubro de 2018, o então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, alegando que os russos por já estarem violando os termos do acordo há muitos anos, anunciava a retirada do Tratado. A União Soviética em 1976, implantou pela primeira vez um míssil balístico de alcance intermediário móvel (IRBM) com um Míssil de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionada (MIRV), o RSD-10 Pioneer (SS-20), esse míssil contendo três ogivas nucleares de 150 quilotoneladas e seu alcance e 4.700 a 5.000 quilômetros, isso era grande o suficiente para alcançar a Europa Ocidental de dentro do então território soviético, e dessa forma era visto como um sistema potencialmente ofensivo, principalmente no caso de uma guerra nuclear entre a OTAN e a URSS. Os EUA, na época inicialmente consideraram suas armas nucleares estratégicas e aeronaves com capacidade nuclear como forças de combate adequadas contra o SS-20, também as consideravam como um impedimento suficiente no caso de uma agressão soviética. No entanto em 1977, o então chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Schmidt, argumentou em discurso que uma resposta ocidental à implantação do SS- 20 deveria ser explorada, um apelo apoiado pela OTAN, dada a uma visível desvantagem da Europa Ocidental em comparação com a URSS no quesito de forças nucleares. https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_internacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_internacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Armas_nucleares https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado#Ratifica%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_dos_Estados_Unidos https://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_dos_Estados_Unidos https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Trump https://pt.wikipedia.org/wiki/MIRV https://pt.wikipedia.org/wiki/MIRV https://en.wikipedia.org/wiki/RSD-10_Pioneer https://pt.wikipedia.org/wiki/RSD-10 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ogiva_nuclear https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa_Ocidental https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_nuclear https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_e_as_armas_de_destrui%C3%A7%C3%A3o_em_massa https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_e_as_armas_de_destrui%C3%A7%C3%A3o_em_massa https://pt.wikipedia.org/wiki/1977 https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha_Ocidentalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Helmut_Schmidt https://pt.wikipedia.org/wiki/Helmut_Schmidt Há de se observar, que outros acordos já haviam sido concluídos, como o SALT I, em 1972, e o SALT II, em 1979, entre outras séries de acordos para limitar o número de novos lançadores de mísseis balísticos. Mas, foi o Tratado INF, que as duas potências se comprometem, pela primeira vez, a destruir toda uma classe de mísseis nucleares. Os mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km deveriam, então, ser destruídos nos três anos seguintes à entrada do tratado em vigor e em 1987 na sequência do Tratado INF foram eliminados os últimos mísseis americanos. O último míssil soviético SS-20 foi eliminado em 11 de Maio do ano 1991. Contudo, em agosto de 2019, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou a retirada formal de Washington em um comunicado em um fórum regional em Bangcoc, minutos após a Rússia ter declarado o fim do tratado, pois o governo voltou a acusar a Rússia de violar o emblemático texto bilateral com seu sistema de mísseis 9M729(SSC-8, segundo a classificação da Otan), mostrado ao mundo o que, segundo os Estados Unidos viola o tratado de eliminação dos mísseis de curto e médio alcance (INF), algo que as autoridades russas negam de maneira categórica. “O 9M729 é simplesmente uma variação do míssil de cruzeiro 9M728”, disse o tenente-general Mikhail Matveyevski, ao exibir ambos os modelos a militares credenciados em Moscou e à imprensa internacional em um hangar do parque “Patriot”, nos arredores da capital russa. O militar explicou que, embora seja mais potente e preciso, o 9M729 tem um alcance de 480 quilômetros, 10 quilômetros a menos do que o 9M728, por isso não viola o INF, que obrigava os EUA e a então União Soviética a eliminar os mísseis nucleares ou convencionais com um alcance de 500 e 5.500 quilômetros. O tenente-general, que qualificou de “gesto de transparência” a exibição dos mísseis, negou de maneira categórica as denúncias dos EUA de que o 9M729 voou por mais de 500 quilômetros em testes realizados na base Kapustin Yar, próxima ao rio Volga. Em reunião prévia à visita do hangar com os mísseis, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, acusou os EUA de modernizarem uma fábrica no estado do Arizona capaz de produzir mísseis de cruzeiro de curto e médio alcance. E nesse entrelaçar de acusações, Washington acusou a Rússia por anos de desenvolvimento de um novo tipo de míssil, o 9M729, alegando que violava o tratado, uma posição apoiada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e em fevereiro de 2019, Washington suspendeu sua participação no tratado, ao acusar Moscou de fabricar mísseis que não seguiam os termos previstos. Moscou, que rejeita a acusação, seguiu a decisão de Washington e também anunciou a suspensão de sua participação. Dessa forma, em 2019 Estados Unidos e Rússia encerraram, o tratado de desarmamento nuclear INF, assinado no final da Guerra Fria, em uma decisão de faz ressurgir o temor de uma corrida armamentista entre as potências mundiais. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/01/eua-dizem-que-vao-deixar-pacto-sobre-armas-nucleares-de-alcance-intermediario-com-russia.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/02/russia-suspende-sua-participacao-no-tratado-inf-sobre-armas-nucleares.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/02/russia-suspende-sua-participacao-no-tratado-inf-sobre-armas-nucleares.ghtml 5. TEMOR DE NOVA CORRIDA ARMAMENTISTA O tratado, assinado pelo presidente americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev em 1987, aboliu o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km. O acordo encerrou a crise dos mísseis europeus na década de 1980, provocada pela presença de ogivas nucleares SS-20 soviéticas dirigidas a capitais ocidentais, e foi considerado a pedra angular da arquitetura global do controle de armas. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a organização não quer uma nova corrida armamentista. "Não queremos uma nova corrida armamentista e não temos intenção de implantar novos mísseis nucleares terrestres na Europa", disse Stoltenberg em uma entrevista coletiva em Bruxelas. A suspensão do tratado INF gera temores de uma nova corrida armamentista entre Moscou e Washington porque o acordo era visto como um dos dois principais de armas entre a Rússia e os Estados Unidos. O outro é o novo Tratado START, que mantém os arsenais nucleares dos dois países bem abaixo do pico da Guerra Fria. No tratado assinado em abril de 2010 durante os governos dos presidentes Barack Obama e Dimitri Medvedev, Moscou e Washington estabeleceram o prazo de sete anos para reduzir em 30% seus respectivos arsenais. O acordo prevê um máximo de 1.550 ogivas nucleares para cada lado, contra 2.200 atuais. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode se considerar a seguinte problemática “Em busca da pacificação mundial, os Estados soberanos perdem sua soberania com os tratados? Por que, a exemplo dos EUA e Rússia ao quebrarem um tratado sobre o controle de armas nucleares ameaçam o mundo?”. Através desta breve pesquisa ficou demonstrado que os Estados só aderem aos tratados por serem justamente soberanos e por isso não perdem sua soberania e sim, ao formalizam cooperações em torno do tema discutido, determinam regras e procedimentos comuns a todos os participantes salvaguardando dos direitos e garantias fundamentais de seus cidadãos. Concluímos que, com o fim do INF, a provável escalada armamentista preocupa principalmente os países europeus, que estão posicionados entre os dois países, uma vez que o mundo perderá um freio inestimável contra a guerra nuclear, pois se abre uma era de maior incerteza quanto às capacidades nucleares das duas principais potências, livres dos constrangimentos e do controlo em vigor até agora. Nesse cenário, os analistas antecipam uma nova corrida ao armamento com efeitos imprevisíveis, pois a Rússia já planeja o lançamento de novos armamentos de médio- http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/02/entra-em-vigor-o-novo-tratado-start-de-desarmamento-nuclear-1.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Armas_nucleares alcance. Moscou tem planos de desenvolver uma versão terrestre do míssil Kalibr, que foi usado com sucesso pela marinha do país durante a guerra da Síria. Os Estados Unidos também estão desenvolvendo pelo menos três novos tipos de mísseis de médio-alcance, para ogivas convencionais, não nucleares. O primeiro deles, com alcance estimado de 1.000 km, e a segunda opção, que chega a distâncias de 4.000 km. Assim, “Há um risco muito real de que toda a arquitetura de segurança em torno da não-proliferação nuclear, construída ao longo de décadas de confrontação entre superpotências, possa colapsar por negligência, erros de cálculo e análises mal fundamentadas”, disse o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Com a ruptura do acordo sobre os mísseis de médio alcance, os olhos dos observadores internacionais voltam-se para o futuro de outro acordo, o chamado Start (acrônimo em inglês para Tratado de Redução de Armas Estratégicas), que trata da destruição progressiva das ogivas nucleares mantidas por russos e americanos. O tratado expira em 2021, data em que deveria ser avaliado e renovado, mas a imprensa europeia e americana publica há meses relatos de que John Bolton, assessor de Trump para segurança nacional, não tem interesse em renová-lo, podendo assim, agravar ainda mais a segurança mundial. Assim, à necessidade de se planejar o futuro, de se adequar as novas realidades, onde devendo ocorrer políticas de prevenções quanto a paz mundial, que não se ramifique de forma feroz por todo o mundo a preponderância política e econômica e sim, devendo haver expansão da proteção jurídica dos interesses individuais, coletivos e difusos, passando para a perspectiva do direito dos povos e do direito ao desenvolvimentocomo aspectos do atual panorama dos Direitos Humanos. BIBLIOGRAFIA BREGALDA. Gustavo. Direito internacional. São Paulo: Saraiva, 2009. (Coleção OAB Nacional). DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de Direito Internacional Público. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. MALHEIRO, Emerson Penha. Manual de Direito Internacional Público. MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público. 5º edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 63-64. SILVA, Roberto Luiz. Direito internacional público. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. SIQUEIRA JÚNIOR. Paulo Hamilton. Teoria do Direito. São Paulo: Saraiva, 2008. Putin chama proliferação de mísseis de curto e médio alcance após saída dos EUA do INF. Sputnik, 15 de março de 2020. Disponivel em: <https://br.sputniknews.com/russia/2019112214805123-putin-chama-proliferao-de- misseis-curto-medio-alcance-ameaca-apos-saida-dos-eua-do-tratado-inf/>. Acesso em 15 de março de 2020. Putin: quando outros países tiverem armas hipersônicas, Rússia terá algo ainda mais poderoso. Sputnik, 15 de março de 2020. Disponível em: <https://br.sputniknews.com/defesa/2019101314630838-putin-quando-outros-paises- tiverem-armas-hipersonicas-russia-tera-algo-ainda-mais-poderoso/>. Acesso em 15 de março de 2020. Rússia quer acordo para redução de armas, mas aguarda os EUA, afirma Putin. Sputnik, 15 de março de 2020. Disponível em: <https://br.sputniknews.com/russia/2019070414162846-russia-acordo-reducao-de- armas-eua-putin/>. Acesso em 15 de março de 2020. file:///C:/Users/alexb/Downloads/Putin%20chama%20proliferação%20de%20mísseis%20de%20curto%20e%20médio%20alcance%20após%20saída%20dos%20EUA%20do%20INF.%20Sputnik,%2015%20de%20março%20de%202020.%20Disponivel%20em:%20%3chttps:/br.sputniknews.com/russia/2019112214805123-putin-chama-proliferao-de-misseis-curto-medio-alcance-ameaca-apos-saida-dos-eua-do-tratado-inf/ file:///C:/Users/alexb/Downloads/Putin%20chama%20proliferação%20de%20mísseis%20de%20curto%20e%20médio%20alcance%20após%20saída%20dos%20EUA%20do%20INF.%20Sputnik,%2015%20de%20março%20de%202020.%20Disponivel%20em:%20%3chttps:/br.sputniknews.com/russia/2019112214805123-putin-chama-proliferao-de-misseis-curto-medio-alcance-ameaca-apos-saida-dos-eua-do-tratado-inf/ file:///C:/Users/alexb/Downloads/Putin%20chama%20proliferação%20de%20mísseis%20de%20curto%20e%20médio%20alcance%20após%20saída%20dos%20EUA%20do%20INF.%20Sputnik,%2015%20de%20março%20de%202020.%20Disponivel%20em:%20%3chttps:/br.sputniknews.com/russia/2019112214805123-putin-chama-proliferao-de-misseis-curto-medio-alcance-ameaca-apos-saida-dos-eua-do-tratado-inf/ file:///C:/Users/alexb/Downloads/Putin%20chama%20proliferação%20de%20mísseis%20de%20curto%20e%20médio%20alcance%20após%20saída%20dos%20EUA%20do%20INF.%20Sputnik,%2015%20de%20março%20de%202020.%20Disponivel%20em:%20%3chttps:/br.sputniknews.com/russia/2019112214805123-putin-chama-proliferao-de-misseis-curto-medio-alcance-ameaca-apos-saida-dos-eua-do-tratado-inf/ https://br.sputniknews.com/defesa/2019101314630838-putin-quando-outros-paises-tiverem-armas-hipersonicas-russia-tera-algo-ainda-mais-poderoso/ https://br.sputniknews.com/defesa/2019101314630838-putin-quando-outros-paises-tiverem-armas-hipersonicas-russia-tera-algo-ainda-mais-poderoso/ https://br.sputniknews.com/russia/2019070414162846-russia-acordo-reducao-de-armas-eua-putin/ https://br.sputniknews.com/russia/2019070414162846-russia-acordo-reducao-de-armas-eua-putin/
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