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Jornalismo Digital e Interatividade na Web © Senac-SP 2012 AdministrAção regionAl do senAc no estAdo de são PAulo Gerência de Desenvolvimento 1 Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Coordenação Técnica Luana Bertinelli Moraes Apoio Técnico Fernanda Florence Teixeira dos Santos Elaboração do Recurso Didático Angélica Perez Edição e Produção Globaltec Editora Ltda. S e n a c S ã o P a u l o – S ã o P a u l o – 2 0 1 2 Jornalismo Digital e Interatividade na Web 4 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo SUMÁRIO CAPÍTULO 1 APRESENTAÇÃO / 6 CAPÍTULO 2 O QUE É JORNALISMO DIGITAL? / 7 CAPÍTULO 3 TRAJETÓRIA DO JORNALISMO DIGITAL / 9 LINHA DO TEMPO / 10 CAPÍTULO 4 DISPOSITIVOS MÓVEIS / 12 CAPÍTULO 5 WEB 2.0 E INTERAÇÃO / 14 INTERAÇÃO COM O PÚBLICO / 15 CAPÍTULO 6 TÍTULOS E CHAMADAS EFICIENTES / 16 CAPÍTULO 7 USABILIDADE E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: REGRAS BáSICAS / 18 HOMEPAGES, PáGINAS INTERNAS, LANDING PAGES / 19 5 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo CAPÍTULO 8 COMO ANALISAR O MEU SITE / 21 CAPÍTULO 9 CONTEÚDO COLABORATIVO: RISCOS, ÉTICA, JURISPRUDÊNCIA / 23 CAPÍTULO 10 TENDÊNCIAS DO JORNALISMO DIGITAL / 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / 27 ANEXOS / 29 ANExO I – COMPARATIVO: O USO DOS DIFERENTES DISPOSITIVOS PARA O JORNALISMO / 29 ANExO II – FERRAMENTAS DE PUBLICAÇÃO E EDIÇÃO / 31 6 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Esta apostila reúne informações complementares às trabalhadas no curso “Jornalis- mo Digital e interatividade na Web”, oferecido pelo Senac São Paulo. Com ela, você poderá aprofundar seu conhecimento e estudar em casa os conceitos discutidos em sala de aula, incrementando o aprendizado para produzir e editar os diferentes tipos de textos, utilizando os conceitos técnicos e as ferramentas disponíveis na internet para realizar, com autonomia, trabalhos diversifi cados de jornalismo, com base nos padrões atuais dos veículos de comunicação e das mídias digitais. Por isso, nessa apostila, você vai encontrar informações de apoio sobre: • Defi nição: jornalismo digital • Trajetória do jornalismo on-line • Regras para construção de títulos e chamadas efi cientes • Informação em dispositivos móveis • Noções básicas sobre usabilidade e arquitetura da informação • WEB 2.0 e a interação • Como analisar o meu site: análise de dados e defi nição de termos • Conteúdo colaborativo: riscos, ética, jurisprudência • Tendências no jornalismo digital O objetivo é fazer com que essas informações e atividades lhe ajudem a compreender a rotina do jornalista que trabalha com o ambiente digital em alguma de suas interfaces. Além disso, a equipe do Senac São Paulo recomenda que, com o apoio deste e de ou- tros materiais e fontes de pesquisa, você continue buscando o seu desenvolvimento, e espera que esta experiência com o curso seja apenas mais um passo no caminho do seu sucesso profi ssional. Boa leitura e bons estudos! CAPÍTULO 1 APRESENTAÇÃO 7 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo O Jornalismo Digital está inserido em um contexto relativamente novo da comunica- ção. O meio digital, a internet, os recursos tecnológicos de celulares, os novos apare- lhos e as novas tecnologias que surgem a cada momento fazem com que esse meio tenha sempre novidades. Em consequência, as defi nições de termos ligados a essa área da comunicação são recentes e a cada momento englobam mais atividades e funções. Quando a internet surgiu, ela era usada somente para fi ns acadêmicos e militares. Foi a proposta de Tim Berners-Lee, referente a criação da World Wide Web, que pos- sibilitou a qualquer pessoa, com o equipamento certo, acessar a rede. A informação passou a trafegar em todas as formas: comercial, institucional e informativa. No princípio da relação entre jornalismo e internet, surgiram várias nomenclaturas: jornalismo eletrônico, digital, ciberjornalismo, webjornalismo. Em princípio, pode parecer que são nomes diferentes para as mesmas coisas. Porém não são. No Brasil, uma das classifi cações mais detalhadas desses termos foi feita pela pes- quisadora Luciana Mielniczuk1 , que dividiu o tema em camadas, onde o jornalismo eletrônico engloba todas as outras defi nições. Ela apresenta, em um estudo de 2003, um quadro que delimita essas defi nições: Nomenclatura Definição Jornalismo Eletrônico Utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos Jornalismo Digital ou Jornalismo Multimídia Emprega tecnologia digital, todo e qualquer procedimento que implica no tratamento de dados em forma de bits Ciberjornalismo Envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço Jornalismo on-line É desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real Webjornalismo Diz respeito à utilização de uma parte específi ca da internet, que é a web 1 Luciana Mielniczuk, Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web CAPÍTULO 2 O QUE É JORNALISMO DIGITAL? 8 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Outro autor, Kevin Kawamoto, propôs, também em 2003, uma definição para Jorna- lismo Digital: “O uso de tecnologias digitais para pesquisar, produzir e distribuir (ou tornar acessível) notícias e informações para uma audiência informatizada.”1, com a ressalva de que tanto os meios digitais como o jornalismo sofrem mudanças dinâmicas. Esses são apenas alguns exemplos. Outros estudiosos como o francês Pierre Lévy ou a brasileira Pollyana Ferrari dedicam sua vida profissional para melhor entender todos esses meios e os atores presentes neles. Com tantas definições é possível dizer que a prática do Jornalismo Digital é aquela que se utiliza de recursos e tecnologias digitais, da transmissão de dados ao uso de recursos da web que englobam vídeo, áudios, imagens, tanto para produzir, pesqui- sar, interagir com entrevistados e com o público, quanto para publicar e divulgar suas notícias. Dentro desse contexto, é imprescindível que o profissional que trabalha nesse seg- mento conheça e domine bem as técnicas de redação on-line e esteja sempre atuali- zado com tecnologias e tendências do mundo digital. 1 Marcella Rasêra, Jornalismo digital: do boom aos dias atuais. Uma reflexão sobre a necessidade da convergência de meios decorrente da mudança de hábitos de consumo da noticia. 9 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Da invenção da internet até o aparecimento dos primeiros sites de notícias, houve um longo intervalo de tempo. Longo, se pensarmos na velocidade das mudanças na comunicação nos tempos atuais. Os primeiros veículos que surgiram na World Wide Web trouxeram com eles uma cópia do jornalismo impresso, reproduzido para o meio digital. Os recursos de navegação eram poucos e pouco conhecidos. Os textos ainda não traziam uma linguagem própria desse novo meio. Com o passar do tempo, as redações foram se especializando, os sites sofreram mu- danças e hoje existem jornais exclusivamente on-line. O grande diferencial do texto na web, o hiperlink, passou a ser usado e explorado com mais propriedade e ampliou as possibilidades para o leitor. Visualmente, a maioria dos sites jornalísticos ainda faz referência à edição impressa, porém a navegação e os recursos, como links para matérias relacionadas e espaço para comentários dos leitores em tempo real, incre- mentaram e passaram a criar uma linguagem específi ca para esses veículos. A internet e o uso de recursos como os dispositivos móveis mudam o paradigma de edições fechadas. As notícias são entregues de forma contínua e ininterrupta. A cres- cente facilidade do uso de celulares e de câmeras digitais possibilitou uma participa- ção mais ativa do leitor: qualquer um pode gravar um acidente ou um evento e essa imagem pode passar a fazer parte do noticiário on-line. Ainda recentemente, o uso das redes sociais, principalmente o Twitter, também abriu um novo caminho para a propagação das notícias. Usuáriosdestacam e compartilham com amigos notícias que acham interessantes, criando uma corrente paralela de di- vulgação dos fatos. No Twitter, os usuários passaram a dar mais peso a determinadas notícias, como se fossem juízes da mídia e daqueles que são notícia. Do ponto de vista do leitor, a navegação possibilita leituras rápidas, muitas vezes so- mente de manchetes e notas. CAPÍTULO 3 TRAJETÓRIA DO JORNALISMO DIGITAL 10 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo LinhA DO TEmPO Veja a cronologia de alguns dos principais momentos dessa evolução: Surge o primeiro motor de busca por textos, o Webcrawler. Em seguida é lançado o similar Lycos, o primeiro a ter sucesso comercial. Lançado o primeiro blog, criado por John Barrer, que decide agrupar, em seu site diariamente, informações que acha interessante e denomina de weblog, depois abreviado para blog. Lançamento do portal estadão.com.br. Surgem os primeiros aparelhos de celular com acesso à internet. Surge a Wikipédia. Criada por Jimbo Wales, a maior enciclopédia do mundo é alimentada por colaboradores e, em 2008, já havia chegado aos 10 milhões de artigos em mais de 250 idiomas. Começa a funcionar a Agência Estado, ainda utilizando outras ferramentas que não a internet. Jornal norte-americano The Wall Street Journal lança o Personal Journal, considerado o primeiro com tiragem de um exemplar. O Jornal do Brasil lança o primeiro jornal brasileiro na internet, o JB on-line, seguido pelo O Globo e pela Folha On-line, do Grupo Folha, que depois passará a se chamar Folha.com. Lançamento do navegador Netscape, o primeiro com sucesso comercial. Físico britânico Tim Berners-Lee propõe a World Wide Web. Grupo Folha lança o Universo On-line (UOL). Os estudantes de graduação da Stanford University Larry Page e Sergey Brin, do Google, constroem um motor de busca chamado de “BackRub”, que usava links para determinar a importância das páginas web individuais. Em 1998 formalizam seu trabalho, criando a empresa que conhecemos hoje como Google. 19 69 19 70 19 89 19 94 19 95 19 96 19 97 20 00 20 01 Invenção da internet pela Arpa – Agência de Pesquisa e Projetos Avançados, que faz parte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. 11 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Lançamento do iPhone. De acordo com o Comitê Gestor de Internet no Brasil, 45% dos brasileiros são usuários da internet. Desses, 86% utilizam a internet para buscar informações ou serviços. Nas empresas, o uso de internet chega a 99%. Jornal O Estado de S. Paulo disponibiliza todo o seu acervo em formato digital. A Folha de S. Paulo lança aplicativo no Facebook com todas as capas das edições passadas do jornal. Criação do Youtube. Campanha de Barak Obama usa internet de maneira inovadora. O Prêmio Pulitzer passa a reconhecer publicações on-line. Criação do Twitter. Google compra Youtube. Lançamento do iPad. São criados aplicativos específicos para leitura de notícias, inicialmente dos principais jornais norte- americanos. 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 10 20 11 20 12 Facebook e Orkut nascem no mesmo ano. No Brasil, o Orkut gera a primeira onda das redes sociais, precedendo o Facebook, que depois o supera em número de usuários no mundo. 12 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Os primeiros aparelhos de celular com acesso à internet surgiram no Brasil em 2000. A partir daí, as rápidas transformações do mundo digital aceleraram ainda mais. A inovação nos formatos e nas tecnologias, até chegarmos aos smartphones, ocorreu num curto espaço de tempo. As limitações dos aparelhos pelo tamanho da tela e pela velocidade não desencorajaram os usuários a utilizarem seus recursos. Afi nal, ter acesso a qualquer tipo de informação, e-mails, agendas sincronizadas, vídeos e muito mais na palma da mão é algo sedutor. O formato WAP foi a primeira forma de acesso à internet pelo celular e fez com que os tradicionais fornecedores de conteúdo impresso e na web formatassem sua pro- dução para atender a essa demanda. Com a chegada do 3G e de uma infi nidade de aplicativos para celular, a vida do usuá- rio foi fi cando mais fácil e existe até mesmo quem acredite que esse tipo de acesso à internet pode superar a tradicional. Afi nal, o que é o 3G? Conforme as tecnologias de transmissão de dados evoluem, surgem novos recur- sos, cada vez com mais velocidade nas conexões. Cada uma dessas fases é con- siderada uma geração. A primeira geração (1G) tinha celulares que transmitiam dados por ondas de rádio. A segunda geração (2G) trouxe dois padrões de sinal di- gital para voz: o GSM (Global System for Mobile Comunications) e o CDMA (Code Division Multiple Access). A tecnologia 3G implementou melhora na transmissão de dados e voz, maiores velocidades de conexão e recursos, como videochama- das, transmissão de sinal de televisão, entre outros serviços. Várias tecnologias já concorrem para integrar a 4G, e espera-se que com elas seja possível chegar a taxas de pelo menos 100 Mpbs, uso de transmissão OFDMA (mais uma evolução na tecnologia de transmissão de dados), streaming de multimídia e muito mais. CAPÍTULO 4 DISPOSITIVOS MÓVEIS 13 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo notícia na palma da mão Com toda essa tecnologia, mais uma vez os redatores devem ficar atentos à constru- ção de notícias para os usuários. A maioria dos grandes portais já tem aplicativos para iPhone ou Android que reproduzem os conteúdos em celulares tipo smartphone. Com uma tela pequena, é provável que o leitor não vá se aprofundar na leitura. Nesse caso, as manchetes já sofrem uma seleção. As chamadas devem ser mais informativas, devem ir direto ao ponto (veja mais no capítulo 6). 14 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Internet gratuita, e-mail gratuito, colaboração, interação com o usuário, wiki, blogs e microblogs, rede social: nem sempre a internet foi assim. Em sua primeira fase, a web tinha sites sólidos, poucos recursos de interação, acesso discado. Embora o mundo estivesse sendo disponibilizado na grande rede, o usuário era passivo. Aos poucos isso foi mudando e hoje boa parte dos conteúdos em evidência na inter- net são “postados” pelos usuários. Na nova geração, o usuário deixou de ser passivo para se tornar colaborador. “Tem tudo a ver com abertura – com software do tipo código aberto, que permite aos usuários maior controle e fl exibilidade de sua experiência na Web, bem como uma maior criatividade on-line. Os editores da Web estão criando plataformas ao invés de conteúdo. Os usuários estão criando conteúdo.” Mark Briggs, Jornalismo 2.0 – Como sobreviver e prosperar – Um guia de cultura digital na era da informação. Um exemplo de como os usuários povoam a internet com conteúdo é o Youtube. O site é a maior plataforma de publicação de vídeos sem ter uma produção própria e foi um dos pivôs na passagem da web 1.0 para a 2.0. A partir de 2004, os conceitos passaram a ser mutantes e o próprio conceito de web 2.0 tem defi nições diversas, mas sempre relacionando essa fase, essa etapa da rede, com interatividade e colaboração, destacando um usuário muito ativo e que infl uencia temas e até grandes marcas no mercado de publicidade. A partir daí, mudaram-se os valores das empresas que estão na rede e que fazem dela seu negócio principal. Dentre elas, pode-se dizer que a principal é o Google, que pareceu “engolir” o conceito e lançou uma nova abordagem de publicidade on-line. CAPÍTULO 5 A WEB 2.0 E A INTERAÇÃO 15 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo O funcionamento do ranking da ferramenta de busca, a personalização sutil e silen- ciosa de anúncios para cada usuário, entre outros recursos, fizeram com que a em- presa ganhasse um lugar ímpar nessa história. inTERAÇÃO COm O PÚBLiCO A primeira forma de interação com os usuários de internetfoi o e-mail. Os websites até hoje têm, em sua maioria, uma seção “Fale Conosco”, onde um e-mail ou formulá- rio de contato é disponibilizado para que se envie uma mensagem que, futuramente, terá uma resposta. Porém, dentro do contexto da Web 2.0, as coisas acontecem mais rapidamente. Uma empresa que constrói uma página no Facebook deve estar preparada para todo o tipo de interação, desde elogios até reclamações de consumidores insatisfeitos. Nas pági- nas de notícias, os leitores podem deixar opiniões e até contribuir com uma informa- ção. O Twitter também abriu novas possibilidades de interação entre quem fornece e quem recebe a informação. E, nesse caso, os papéis se mesclam. O ponto mais importante é que, uma vez que uma página dá espaço para comentá- rios, o veículo de informação deve estar preparado para monitorar e responder às opiniões postadas. 16 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo A publicidade, as compras on-line, os serviços e o entretenimento concorrem com as notícias, dominando a atenção da maioria dos usuários. Nos sites jornalísticos, as notícias concorrem entre si pela atenção do leitor. Nesse contexto, a boa construção de títulos e chamadas é primordial para atrair e fi delizar. Em primeiro lugar, é importante conhecer esse leitor: ele é tradicional, é descolado, é jovem? Um perfi l básico já ajuda (veja mais no capítulo Analise seu site). Um princípio básico do jornalismo é a imparcialidade. Nesse caso, não se trata de ser parcial, mas sim de falar com o leitor da maneira como ele vai compreender melhor a notícia. Em geral, o leitor de notícias on-line está em busca de: • informação; • rapidez; • concisão; • quantidade com qualidade. Detalhes que fazem a diferença: • muitos links podem dispersar o leitor; • dê a informação principal no título; • use ordem direta nas frases em vez da ordem inversa; • use o “olho” ou subtítulo na matéria; • evite clichês; • use verbos fortes ; • conheça seu público, assim você poderá optar por uma linguagem mais ou me- nos coloquial. CAPÍTULO 6 TÍTULOS E CHAMADAS EFICIENTES 17 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo A chamada na home page de um grande portal, em geral, precisa ser curta e de im- pacto. É comum haver muitas chamadas e o redator precisa garantir que o leitor: • encontre a informação que procura; • entenda do que se trata a notícia; • tenha informação suficiente para decidir se quer ler a notícia completa. Portanto, mais uma vez, a chamada na home page deve: • sempre que possível, usar a ordem direta; • usar verbos fortes ao invés de fracos; • sempre que possível, assumir a posição de um call to action, ou seja, um convite ao clique. Exemplo: “Ministério Público vasculha casa e empresa de ex-diretor de Kassab” ao invés de: “Casa e empresa de ex-diretor de Kassab são revistados pelo Ministério Público” Uma vez que o leitor clique e opte por ler a notícia, o título é o próximo texto que tra- rá novas informações. E deve seguir os mesmos princípios de concisão, forma direta e verbos fortes. Treine Para ver as diferenças que podem existir na abordagem, acesse os principais veí- culos de comunicação on-line e compare as chamadas e os títulos de uma mesma notícia. Note como, dependendo do veículo, a notícia pode ser exposta de manei- ra mais conservadora ou mais coloquial. 18 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Desde os primeiros passos da internet, desenvolvedores, designers e redatores bus- cam a melhor maneira de dispor o conteúdo nas páginas e de desenhar uma navega- ção simples, intuitiva e que leve o usuário a dois lugares principais: 1. onde ele encontre a informação ou o serviço que procura; 2. onde ele encontre novos produtos, serviços e informações, sendo direcionado por publicidade. Surgiram novos perfi s profi ssionais em torno disso: especialistas da recém-nascida usabilidade e arquitetos de informação passaram a pesquisar e decidir, junto com especialistas de desenvolvimento, conteúdo e design, quais as melhores formas para se desenvolver um website, uma página. O norte-americano Jacob Nielsen é um dos precursores no estudo de usabilidade na web, tornando-se uma referência na criação dos padrões mais básicos de navegação e de construção de sites. Algumas convenções, que hoje são quase imperceptíveis aos nossos olhos, foram construídas na base da tentativa e do erro e se estabeleceram como padrões, como: • uso de menu à esquerda da tela; • logomarca da empresa ou da instituição no topo e à esquerda; • link para a homepage na logomarca da empresa ou da instituição; • ferramenta de busca no site no topo e à esquerda. É claro que esses exemplos são constantemente colocados à prova em novas propos- tas. É assim que a linguagem no meio digital evolui. CAPÍTULO 7 USABILIDADE E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: REGRAS BÁSICAS 19 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo hOmEPAGEs, PáGinAs inTERnAs, LAnDinG PAGEs Todas as páginas de um site podem seguir regras básicas de usabilidade e que sejam coerentes com seu produto ou informação. Destacamos três tipos principais: homepage: é a página principal do site. Nela, em geral, constam as informações que permitem ao usuário saber do que se trata aquele site: a quem pertence, que tipo de conteúdo abriga, que recursos dispõe, etc. Página interna: são todas as páginas do site, exceto a homepage. É como se a homepage fosse a capa de uma revista e as internas fossem o miolo. Podem abrigar qualquer tipo de conteúdo. Landing Pages: são páginas de entrada dos usuários no site, mas não necessariamen- te a homepage. Por exemplo: uma empresa manda um e-mail marketing para seus clientes anunciando um novo serviço. Ao clicar, o usuário cairá numa página interna que traz as principais informações sobre esse serviço. Essa é uma landing page. mapa de navegação Ao projetar um site desde o início ou uma nova seção para um site já existente, o arquiteto de informação imagina todos os caminhos de navegação possíveis para o usuário. Veja um exemplo: Homepage Sub-home Esportes Sub-home Tecnologia e-commerce books on-line Brasileirão em tempo real Galeria de fotos Páginas com detalhes sobre o livro Notícias Página transação – pagseguro Wireframe O wireframe é uma representação gráfica simplificada de uma página. Esse documen- to em geral é feito pelo arquiteto de informação e serve como um guia para a produ- ção de conteúdo e do design da página. O arquiteto faz um estudo antes de montar esse documento e, com base nesse estudo e nas boas práticas de usabilidade, sugere o posicionamento dos elementos da página. 20 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo No wireframe, o arquiteto procura organizar e hierarquizar as informações, deixando a página equilibrada e facilitando a navegação do usuário. Em páginas comerciais, esse trabalho é importante também, por exemplo, para viabilizar uma compra. Já ten- tou comprar algo em um e-commerce com a página confusa e faltando informações? Veja o exemplo: Wireframe Página pronta 21 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Analisar os dados de um site é essencial para que ele evolua. Existem ferramentas que informam os números de visitantes, de cliques, de page views e por onde o usuário passou e, muitas vezes, até para onde olhou. Cada um desses dados pode servir para um tipo de site. Num site de notícias, é im- portante saber que tipo de notícia causa maior impacto, em que casos o usuário clica num link de “saiba mais”, qual manchete foi mais comentada, quantas vezes uma no- tícia foi “retuitada”. Esses dados podem ajudar os editores a tomarem decisões. As ferramentas utilizadas para a análise de dados, como Ibope Net Ratings, Google Analitics e Sitemeter (os dois últimos gratuitos), trazem preciosas informações para direcionar as decisões a serem tomadas sobre conteúdo, design e navegação do site. Veja os principaisitens medidos: – Cliques: cada link clicado em um site é contado como um clique, independente- mente do usuário. – Page views: é o número de páginas vistas por todos os usuários que acessaram o site em um determinado período. – Visitantes únicos: é o número de usuários que visitou o site em um determinado período. Exemplo: se eu quero saber quantos visitantes únicos meu site recebeu em um mês, e você o visitou três vezes nesse período, você será contabilizado como um visitante e não por três visitas. Além dos relatórios, o próprio Google oferece um tipo de busca que traz dados bá- sicos sobre o seu site. É só digitar no campo da busca: info:nomedosite.com. Essa pesquisa permite saber: • quantas páginas estão indexadas em seu site (são aquelas que o Google sabe que existem e estão copiadas nos seus servidores); • o cache no Google; CAPÍTULO 8 COMO ANALISAR O MEU SITE 22 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo • quais páginas têm links para o seu site; • se existem páginas semelhantes ou outras páginas que tenham o mesmo termo no seus domínios. Check list Além do uso de ferramentas e de softwares, você pode fazer uma análise básica e simples, preparando um check list e comparando-o com esses relatórios. Verifi- que, por exemplo: • Conteúdo do site: cheque se o conteúdo presente no seu site é pertinente e relevante ao seu público. • Homepage: ela mostra as informações necessárias para que o usuário enten- da sobre o que se trata o seu site? • Usabilidade: é fácil para o usuário navegar e encontrar o que procura em seu site? No caso de uma notícia, ele consegue encontrar informações adicionais, caso queira se aprofundar? • Design: a aparência de seu site é coerente com o seu conteúdo textual? O que se destaca mais: o design ou o conteúdo? • Compatibilidade: verifique se seu site é compatível com os principais brow- sers e se é acessível para dispositivos móveis. • Você pode acrescentar outros itens a esse check list, de acordo com os obje- tivos do seu site ou blog. 23 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Com todas as possibilidades surgidas de interação com o público, vieram também as responsabilidades e as novas situações sociais, que trouxeram à discussão temas como ética e direito digital. Na justiça brasileira já existem inúmeros processos relacionados a crimes cometidos na web. Ainda não há uma legislação específi ca no Brasil para crimes on-line, mas ca- sos de cyberbullying e violação de direitos autorais fazem, hoje, parte desse cenário. RisCOs A internet trouxe com ela facilidades na reprodução de conteúdo e, com isso, pro- blemas de desrespeito a diretos autorais. A colaboração entre sites é uma boa ferra- menta para incrementar conteúdos, mas a reprodução de textos deve seguir algumas regras básicas para evitar problemas com a justiça: • se você quer reproduzir um texto em seu blog ou site, entre em contato com o autor ou com a empresa responsável e peça uma autorização por escrito; • ao publicar, deixe em evidência a fonte e a data original de publicação; • se for usar um texto como base para outro, coloque no fi nal uma citação com a referência ao original; • se for usar dados de uma pesquisa divulgada em outro site ou em jornal, deve ter também autorização por escrito e dar o crédito; • nunca utilize trechos copiados de outro texto sem destacar como sendo de outra autoria e citando a fonte. Utilize aspas e cite a autoria; • cheque as informações e fontes para não correr o risco de reproduzir um dado incorreto. Para realizar parcerias com outros sites na divulgação de um conteúdo, fi que atento às regras de cada um. Procure sempre ler atentamente as políticas de uso, mesmo de sites bem conhecidos, como YouTube, Flickr ou Facebook. CAPÍTULO 9 CONTEÚDO COLABORATIVO: RISCOS, ÉTICA, JURISPRUDÊNCIA 24 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo ÉTICA O código de ética do jornalista é de agosto de 2007. Ele não menciona o meio digital, porém deixa claro no artigo que trata das obrigações desses profissionais, condutas que valem para qualquer meio. Destacamos algumas: É dever do jornalista: • não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem trabalha; • respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão; respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas; • defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito; • defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias in- dividuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias. O jornalista não pode: • impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de ideias; • usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime; • assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado. (ver: http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf) JURisPRUDÊnCiA Um caso ocorrido em 2012 foi emblemático no que diz respeito à questão dos direi- tos autorais. Em março do mencionado ano, o ECAD (Escritório Central de Arrecada- ção e Distribuição), responsável por fiscalizar e cobrar sobre a veiculação de uso de obras sem autorização dos seus autores, passou a enviar a blogueiros cobranças pela reprodução de vídeos postados no Youtube e no Vimeo. A alegação da entidade era que o Youtube para uma taxa para retransmissão de ví- deos e os blogs seriam retransmissores. Alguns dias depois, quando a notícia sobre a polêmica cobrança circulou na web, em jornais e em redes sociais, o ECAD voltou atrás e suspendeu as cobranças. Esse caso mostra como é importante que as parcerias e as questões de direitos auto- rais sejam sempre verificadas antes de publicar, mas também como a legislação ainda traz brechas por não conter regras específicas para a web. 25 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Depois de falarmos tanto sobre a interação de usuários, o fácil acesso às ferramentas de blogs, às páginas pessoais, ainda pode fi car uma pergunta: até que ponto esse ce- nário afeta o trabalho do jornalista no mundo digital? É comum encontrar na web, sites opinativos e noticiosos descolados dos grandes fornecedores de informação. Se qualquer pessoa pode reportar um fato, como fi ca o papel do jornalista? Erik Bjerager, presidente do World Editors Forum, uma rede dedicada exclusivamente para jornalistas de todo o mundo, divulgou em 2012 uma lista com o que considera as 10 principais tendências para o jornalismo na era digital e ressaltou: “Essas tendências estão acontecendo em diferentes velocidades e lugares, mas acredito que elas estão presentes, de um jeito ou de outro, em todas as redações”. Veja quais são essas tendências: 1. Redações usando cada vez mais a terceirização de serviços. A troca de repór- teres bem pagos por profi ssionais freelancers ou por agências de notícias com custo menor, pode ter consequências na qualidade do trabalho, mas ainda não se sabe ao certo em que nível. 2. Two-speed journalism – o jornalista versátil, que pode escrever para impresso ou para on-line. 3. Notícias de última hora estão se tornando digitais. Nesse cenário, velocidade supera a apuração. 4. Jornalismo de dados é aceito como uma disciplina. 5. Infográfi cos dominando as publicações. 6. Diferenças entre impresso e transmitido (broadcast) são cada vez menores. 7. Maior presença da telefonia móvel. CAPÍTULO 10 TENDÊNCIAS DO JORNALISMO DIGITAL 26 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo 8. Mídias sociais enriquecendo jornalismo. 9. Ética: voltando para o básico. 10. Jornais “completos” são desafiados por grandes tabloides on-line. De todas essas tendências, algumas já se encontram no Brasil. Além delas, discute- -se, com frequência, anecessidade de diploma de jornalismo para que se possa es- crever notícias e reportagens. Com a facilidade dos blogs e sites pessoais, qualquer um pode publicar textos na web. A tendência, no entanto, é que os usuários tenham cada vez mais visão crítica do que é publicado e continuem buscando informação em veículos já tradicionais e em profissionais qualificados. 27 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 4a edição. São Paulo: Contexto, 2012. KILIAN, Crawford. Writing for the Web. 3a edição. Canadá: Self-Counsel Press, 2007. BRIGGS, Mark. Jornalismo 2.0 – Como sobreviver e prosperar – Um guia de cultura digital na era da informação. EUA: Knight Center for Journalism in the Americas, 2007. inTERnET Comitê Gestor da internet no Brasil http://www.cgi.br/ http://cetic.br/usuarios/tic/2011-total-brasil/ Folha de s. Paulo http://www1.folha.uol.com.br/institucional/conheca_a_folhacom.shtml http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/historia_96.htm O Estado de s. Paulo http://www.estadao.com.br/historico/index.htm Brasil.gov – Linha do Tempo http://www.brasil.gov.br/linhadotempo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo Discovery Brasil http://discoverybrasil.uol.com.br/internet/interactivo.shtml Tecmundo – seção sobre tecnologia do portal Terra http://www.tecmundo.com.br/ World Association of newspaper and news Publishers http://www.editorsweblog.org/2012/05/10/ten-trends-to-watch-in-journalism Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros – Fenaj – Federação nacional dos Jornalistas http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf Jornalismo digital: do boom aos dias atuais. Uma reflexão sobre a necessidade da convergência de meios decorrente da mudança de hábitos de consumo da noticia. Marcella Rasêra http://www.icone-ppgcom.com.br/index.php/icone/article/viewFile/96/92 29 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo AnEXO i COmPARATiVO: O UsO DOs DiFEREnTEs DisPOsiTiVOs PARA O JORnALismO Desktop Os computadores de mesa ainda são maioria nas redações. A informatização ocorreu entre a década de 1980 e 1990. A partir daí, fi cou muito mais fácil, por exemplo, editar um texto, e diagramar uma página. Existem mais recursos de memória, armazenamen- to, processamento, por isso é mais indicado para trabalhos que demandem desses recursos. Fonte: Shutterstock ANEXOS 30 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo notebook (netbook, Ultrabook) Os notebooks são práticos, leves e muito úteis na cobertura de eventos. Com um bom modem, o repórter pode escrever uma matéria in loco e até publicá-la. Netbooks também estão na categoria de praticidade, são menores e mais leves, no entanto têm limitações de memória, por exemplo. O ultrabook também é um note- book, só que mais compacto. smartphone Os celulares passaram a ter cada vez mais recursos de computadores e hoje são fer- ramenta essencial para o trabalho do jornalista. Veja alguns exemplos, dentro da infi- nidade de usos que eles podem ter: • Pesquisa na internet sobre um assunto de entrevista; • Enviar fotos tiradas durante um evento; • Entrevista ao vivo para uma rádio; • Gravação de entrevistas; • Contato do repórter com a redação. Tablet O tablet é um dispositivo portátil, em forma de prancheta, com tela touchscreen, ou seja, o usuário aciona os programas e digita textos diretamente na tela. Os recursos que podem ser utilizados pelo jornalista são os mesmos do notebook. 31 Jornalismo Digital e Interatividade na Web Senac São Paulo AnEXO ii FERRAmEnTAs DE PUBLiCAÇÃO E EDiÇÃO O que é um content manager? Um content manager ou gerenciador de conteúdo ou CMS (Contet Mannager Sis- tem) é um tipo de software que permite maior facilidade para criar, editar e publicar textos na internet. Nas redações em geral, existem programas personalizados que podem ficar no servidor da empresa ou na própria web. Para publicação de blogs, existem ferramentas on-line personalizadas para esse for- mato, gratuitas e muito fáceis de aprender a usar. As principais são Wordpress e Blogger. A usabilidade dessas ferramentas está tão evoluída que não é necessário conheci- mento técnico para usar suas funções básicas, mas existem cursos para quem quer aprimorar conhecimentos e personalizar essas ferramentas, utilizando recursos de diagramação, design, fontes, cores. No pacote básico, essas ferramentas oferecem temas completos, isso quer dizer que todos esses itens já vêm formatados, é só usar.