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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ANA DINA ARAÚJO ESTÉFANE CLIQUET ALCYR DOS SANTOS REIS ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA: UMA EXPERIÊNCIA COM OFICINAS LÚDICO-LITERÁRIAS SANTOS/SP 2019 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ANA DINA ARAÚJO ESTÉFANE CLIQUET ALCYR DOS SANTOS REIS ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA: UMA EXPERIÊNCIA COM OFICINAS LÚDICO-LITERÁRIAS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Católica de Santos, como exigência parcial para a obtenção da graduação de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da Prof.ª Mestra Sirlei Ivo Leite Zoccal. SANTOS/SP 2019 ARAÚJO, Ana Dina; CLIQUET, Estéfane; SANTOS, Alcyr Reis. Alfabetização na Educação de Jovens e Adultos - EJA: Uma Experiência Com Oficinas Lúdico-Literárias. ARAÚJO, Ana Dina; CLIQUET, Estéfane; SANTOS, Alcyr Reis. - 2019. 62 f.: il. Color. Orientadora: Sirlei Ivo Leite Zoccal. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Universidade Católica de Santos, Santos/SP, Curso de Pedagogia, 2019. 1. Alfabetização. 2. Educação de Jovens e Adultos. 3. Lúdico-Literário. Universidade Católica de Santos. Instituição Comunitária de Educação Superior. Título. ANA DINA ARAÚJO ESTÉFANE CLIQUET ALCYR DO SANTOS REIS ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA: UMA EXPERIÊNCIA COM OFICINAS LÚDICO-LITERÁRIAS COMISSÃO EXAMINADORA ____________________________________ Professora Mestra Sirlei Ivo Leite Zoccal UniSantos - Universidade Católica de Santos Orientadora _________________________________________ Professor Mestre Paulo Fernando Campbell Franco UniSantos - Universidade Católica de Santos Membro Titular Interno Santos, _____ de dezembro de 2019. Santos/SP 2019 “O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes” Cora Coralina AGRADECIMENTOS Em um coração onde mora gratidão, também habitará sempre a felicidade. Agradecer é reconhecer que ninguém conquista nada sozinho, na estrada da vida e do aprendizado conquistamos as coisas sempre com a ajuda de alguém ou com exemplos de outros que nos mostram que é possível. Agradecemos: Primeiramente a Deus, por nos fortalecer a cada minuto da nossa vida. A nossa Orientadora e Professora Mestra Sirlei Ivo Leite Zoccal, pelo carinho, disponibilidade e disposição na orientação do trabalho. Aos Professores Mestres desses quatro anos de formação, cada um à sua maneira nos fortaleceu e nos encorajou para que esse momento fosse conquistado e realizado. Aos coordenadores do curso de pedagogia e do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR, por tornar cada ano, uma conquista, com suas orientações e organização para que esse sonho pudesse ser almejado dentro da realidade de cada estudante. À Professora Mestra Marly Saba Moreira pela dedicação sobre a existência e permanecia do PARFOR tornado o sonho de ter uma formação acadêmica de muitos educadores em realidade. À coordenadora e Professora Mestra Roseane Marques da Graça Lopes pelos conselhos e desbravamentos sobre os fazeres de um gestor, suas atitudes de exemplo e por se tornar uma extensão da nossa luta. Ao Professor Mestre Paulo Fernando Campbell Franco por ser uma inspiração como docente e um grande sábio sobre nossa história, aprimorando nosso olhar sobre o passado de uma forma esclarecedora. Aos nossos colegas e amigos de turma pelos momentos de angustias, aflição, aprendizado, tristezas, conquistas e ainda muitos momentos de felicidade e descontração, sempre juntos. Aos nossos familiares que são nossa base de sustentação, nosso alicerce para todos os momentos. “Agradeço imensamente a minha família, em especial minha mãe, Conceição dos Santos Reis, sendo uma inspiração de mulher, guerreira e de extrema sabedoria”. (Alcyr Reis) “Ao meu esposo, José Ricardo Bessa de Carvalho Júnior, por sempre estar ao meu lado e foi meu grande incentivador, minha amiga e parceira Estéfane Cliquet, pela força e ajuda nos momentos que mais precisei; aos meus pais, que me deram as melhores lições de vida que uma pessoa poderia receber”. (Ana Dina Araújo) “Minha gratidão ao meu esposo, Luiz Santana do Nascimento, parceiro e amigo de todos os momentos, a minha filha Luiza Cliquet do Nascimento que me fortalece a cada dia, sendo minha inspiração sempre, para ser uma pessoa melhor, meus pais que são um exemplo de batalhadores, me impulsionam a conquistar meus ideais”. (Estéfane Cliquet) ARAÚJO, Ana Dina; CLIQUET, Estéfane. REIS, Alcyr dos Santos. ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA: UMA EXPERIÊNCIA COM OFICINAS LÚDICO-LITERÁRIAS. Santos. Universidade Católica de Santos, 2019. (Trabalho de Conclusão de Curso - TCC). RESUMO Esta pesquisa objetiva refletir como tornar as aulas mais atrativas e prazerosas, para que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos, vençam o cansaço e possam desfrutar do momento de ensino e aprendizagem, com alegria e experiências exitosas ao se alfabetizarem. O estudo partiu da trajetória de vida - pessoal, profissional e acadêmica - dos pesquisadores, tendo como questão problema: Quais as possibilidades e estratégias para uma alfabetização estimulante e significativa para alunos da EJA no Ensino Fundamental? Como aporte teórico para subsidiar este estudo, apoiou-se em Freire (1996), Ghiraldelli (2008), Alves (2001) Ferreiro (2001), Weisz (2005), dentre outros pesquisadores que discorrem sobre a temática, além do suporte de documentos oficiais. O estudo de natureza qualitativa e metodologia bibliográfica, pautou-se também, em pesquisa de campo com estudantes de uma escola da rede pública municipal de Ensino Fundamental, de Santos. Com o intuito de promover e coletar informações na pesquisa de campo, foram aplicadas oficinas lúdico-literárias aos alunos desse segmento de ensino, ao término, visando validar os dados obtidos, estudantes, professores e a coordenadora da unidade escolar responderam algumas perguntas. Os resultados da pesquisa apontam a satisfação dos estudantes nas experiências vividas e a ausência de aulas com essa dinâmica. Nessa perspectiva, acredita-se que as oficinas lúdico-literárias possam contribuir no processo de ensino e aprendizagem, no que tange a Alfabetização, dos estudantes da EJA e despertar a outros educadores a importância da educação com uma prática mais lúdica e prazerosa.Palavras-chave: Alfabetização. EJA. Lúdico. Literário. ARAÚJO, Ana Dina; CLIQUET, Stephanie. REIS, Alcyr dos Santos. LITERACY IN YOUTH AND ADULT EDUCATION - EJA: AN EXPERIENCE WITH LITERARY- LITERARY WORKSHOPS. Santos. Catholic University of Santos, 2019. (Course Conclusion Paper - TCC). ABSTRACT This research aims to reflect on how to make classes more attractive and enjoyable, so that students of Youth and Adult Education, overcome their tiredness and enjoy the moment of teaching and learning, with joy and successful experiences in literacy. The study started from the researchers' personal, professional and academic life trajectory, with the following question: What are the possibilities and strategies for a stimulating and meaningful literacy for EJA students in elementary school? As a theoretical support to support this study, it was supported by Freire (1996), Ghiraldelli (2008), Alves (2001) Ferreiro (2001), Weisz (2005), among other researchers who discuss the theme, besides the support of documents. officers. The qualitative study and bibliographical methodology was also based on in field research with students from a school of the municipal public elementary school of Santos. In order to promote and collect information in the field research, ludic-literary workshops were applied to students in this segment of education. At the end, aiming to validate the data obtained, students, teachers and the school unit coordinator answered some questions. The research results indicate the students' satisfaction with their lived experiences and the absence of classes with this dynamic. From this perspective, it is believed that playful- literary workshops can contribute to the teaching and learning process, with regard to literacy, of students of EJA and arouse to other educators the importance of education with a more playful and enjoyable practice. Keywords: Literacy. EJA. Ludic. Literary. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Descrição dos segmentos componentes curriculares na educação básica ........................................................................................................................ 23 QUADRO 2- Função da EJA ..................................................................................... 26 QUADRO 3 - Sinopse de obras trabalhadas na pesquisa de campo ........................ 33 QUADRO 4 – Perfil e Analise de dados dos educadores .......................................... 60 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Resultado sobre oficinas lúdica-literárias .................................................. 41 Gráfico 2: Resultados sobre as atividades ................................................................ 41 Gráfico 3: Resultados sobre aprendizado ................................................................. 41 Gráfico 4: Resultados sobre oficinas lúdico-Literário nas aulas ................................ 41 Gráfico 5: Resultado sobre a aula ............................................................................. 42 Gráfico 6: Resultados sobre contribuição da aula .................................................... 42 Gráfico 7: Resultados sobre a dificuldade da aula .................................................... 42 Gráfico 8: Resultado sobre a satisfação da aula ....................................................... 42 Gráfico 9: Resultado sobre a participação dos estudantes ....................................... 42 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727414 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727415 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727416 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727417 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727418 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727419 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727420 file:///C:/Users/DELL/Downloads/TCC%20Alterado%2014.11%2022h%20%20-%20Ana,%20Alcyr%20e%20Estefane%20(2).docx%23_Toc24727421 LISTA DE SIGLAS ABED - Associação Brasileira De Educação A Distância BNCC - Base Nacional Comum Curricular CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CF - Constituição Federal EAD - Ensino a Distância EJA - Educação de Jovens e Adultos ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - nº 9394/96 MEC - Ministério da Educação MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização PARFOR - Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica PC - Professor Coordenador PNE - Plano Nacional de Educação UME - Unidade Municipal de Ensino SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 CAPITULO I .............................................................................................................. 19 A ORGANIZAÇÃO DA EJA SUA REALIDADE ......................................................... 19 1.1 - Breve Parecer Sobre a História da EJA ......................................................... 19 1.2 - Organização da EJA na Atualidade ............................................................... 21 1.3 - Evasão dos alunos da EJA ............................................................................ 24 1.4 - Contribuições de Paulo Freire à EJA ............................................................. 24 1.5 - Direitos e Deveres EJA .................................................................................. 25 CAPITULO II ............................................................................................................. 27 O PODER DA LUDICIDADE ..................................................................................... 27 2.1 - Contribuição da Ludicidade na Educação de Jovens e Adultos. ................... 28 2.2 - A Ludicidade no Campo Artístico-Literário ..................................................... 30 2.3 - Paulo Freire Defende a Capacidade de se Fazer Sonhar. ............................ 31 2.4 - Literatura por meio da Contação de Histórias ................................................ 32 CAPITULO III ............................................................................................................ 35 O PERCURSO DA PESQUISA: PROCEDIMENTO E INTERPRETAÇÕES ............. 35 3.1 - Da Metodologia e dos Procedimentos de Coleta de Dados. .......................... 36 3.1.1 - Planejamento e Desenvolvimentos das Oficinas Lúdico- Literárias......... 37 3.2 - Dos Sujeitos Objetos da Pesquisa: Contexto e Cenários. ............................. 39 3.3 - A Voz dos Professores e Alunos: Concepções, Percepções e Análise ......... 39 3.4 - Análise e Resultados de Dados ..................................................................... 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 43 REFERÊNCIAS .........................................................................................................45 APÊNDICES .............................................................................................................. 48 Apêndice A - Memoriais ......................................................................................... 48 Apêndice A.1 - Memórias da infância de Alcyr Reis............................................... 49 Apêndice A.2 - Memórias de Estéfane Cliquet - Do teatro à sala de aula .............. 51 Apêndice A.3 - Memórias discente de Ana Dina Araújo ......................................... 53 APÊNDICE B ............................................................................................................. 55 Relação de Dissertações, Teses e artigos correlatos com a temática da pesquisa ............................................................................................................................... 55 APÊNDICE C ............................................................................................................ 56 Plano de Aula – Atividade Sequenciada ................................................................ 56 APÊNDICE D ............................................................................................................ 58 Questionários dos profissionais e estudantes da EJA ........................................... 58 APÊNDICE D.1 ......................................................................................................... 59 Questionário dos Discentes ................................................................................... 59 APÊNDICE E ............................................................................................................. 60 Analise de dados dos Educadores ......................................................................... 60 ANEXO ...................................................................................................................... 61 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Gestor ......................................... 61 15 INTRODUÇÃO “A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural”. Santos (1997) A origem desta pesquisa vincula-se fortemente ao percurso de vida e trajetória profissional e acadêmica dos pesquisadores. Trata-se de três educadores, e cada um vivenciou, de maneira peculiar, algo que está posto neste estudo, o que os levou a optar pela temática envolvendo a Educação de Jovens e Adultos – EJA. Para melhor compreensão da motivação e interesse dos futuros pedagogos com a temática, seguem fragmentos de depoimentos pessoais, retirados dos Apêndices A, A.1, A.2 e A3 (pp 48-54), a saber: Alcyr Reis relata “[...] minha mãe com três filhos, sempre comentava que gostaria de saber ler e, principalmente escrever, isso me deixava preocupado, afinal sempre foi o meu pai que dava as ordens em tudo dentro de casa, com o passar dos anos via minha mãe aflita de querer se comunicar com as irmãs, minhas tias, que moravam longe...o que me fez pensar, em como era difícil naquela época e ainda mais, ela declarava que já era velha e não teria paciência para estudar.” O relato traz à tona a dificuldade de exercer a cidadania por não estar alfabetizada, evidenciando a grande função social da Educação de Jovens e Adultos – EJA. O ser humano analfabeto, é excluído em quase tudo, eles buscam a alfabetização para vencer o sofrimento de estar excluídos do mundo dos que sabem ler, escrever e calcular (Reis, 2011, p.69). Estéfane Cliquet compartilha olhar sobre aprender “[...] até a adolescência, já tinha vivido algumas experiências artísticas, mas tudo muito desprendido de compromisso, só aos 15 anos, entrei em um grupo de teatro e nele vivi meus primeiros estudos com diversas literaturas. Foi ali, convivendo com jovens e adultos, que comecei a entender que não era só uma brincadeira, mas que poderia juntar a alegria com o aprendizado cognitivo, físico e social de entender melhor o outro e a mim mesma”. No fragmento da memória da pesquisadora Estéfane, percebe-se que está implícito a contribuição do lúdico literário para o desenvolvimento pessoal, social e cultural dos jovens e adultos. 16 Continuando a socialização dos relatos, Ana Dina partilha vivência e experiência “[...] por alguns anos em que trabalhei na escola com contação de histórias com a educação infantil, fundamental e para os profissionais na área da educação, tive muitos aprendizados positivos. Percebi que por meio dos contos literários e das atividades relacionadas às histórias que realizei, os alunos tiveram um aprendizado maior, isto é, mais significativo, bem como melhoraram seu comportamento, convívio e relacionamento com os amigos da sala e também familiar, e com os adultos, possibilita refletir sobre a vida, a relembrar a infância e sentir o gosto pela leitura, e a junção, oficina lúdico-literário possibilita momentos de união, troca de experiência e confraternização...” Durante o curso de pedagogia, foi possível vivenciar algumas práticas, quando era proposto pelos professores que compartilhássemos1 atividades que realizamos com nossos alunos como educadores. Durante as apresentações, era inevitável perceber o quanto a turma se divertia, e assim com relatos de alguns colegas que colocavam a necessidade de se trabalhar mais dessa maneira, e como eles, às vezes, também tinham a necessidade de se soltarem e trabalhar a questão da timidez. Por meio dessa troca, observamos o quanto é importante a ludicidade e a literatura estarem presentes no ensino de aprendizagem da criança e também do adulto. Os contos de Histórias e brincadeiras são atividades culturalmente definidas no nosso desenvolvimento intelectual. Nas vivencias do curso de pedagogia com a necessidade de levar atividades e aplicá-las, principalmente nas aulas da tematização da prática, nas aulas de fundamentos como, Prática da Alfabetização e Conteúdo e Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa I e II, foi possível perceber a necessidade de multiplicar e compartilhar esse aprendizado, que obtivemos por conta de nossa trajetória profissional agregados ao suporte teórico, despertados e alicerçado pelos professores mestres do curso. Diante do exposto, com essa compatibilidade de ideias, esses fatores de relevâncias aos pesquisadores, atrelados a alguns questionamentos, foram fundamentais para percebemos algo em comum e possibilidades de juntar vivências para assim, realizar uma nova experiência dentro dessa pesquisa. 1 Nesta parte do texto, que remete à memória dos pesquisadores utilizou-se a primeira pessoa do plural. 17 Por conseguinte, Paulo Freire (1996) exalta que o adulto que vivencia a ludicidade tem maior chance de conhecer-se como pessoa, que se permite aprender brincando terá mais possibilidade de saber e reconhecer seus limites, aprende por meio da brincadeira não se torna criança, mas permite ter prazer e alegria no resgate do brincar. Sendo assim, dar a importância devida ao lúdico como ferramenta pedagógica é uma forma de mostrar que essa pratica educativa é fundamental tanto para as crianças quanto para os adultos, pois interfere positivamente na formação e aprendizado dos estudantes. Diante do exposto, o trabalho vem sugerir o lúdico-literário para a formação dos estudantes da EJA, com intuito de refletir sobre a forma dinâmica de trabalhar com leitura para a auxiliar na alfabetização, pois como observado na pesquisa bibliográfica, denominada estado da arte, Apêndice B – (p. 55), não há registro de leitura com o lúdico para os adultos, semelhante ao proposto nesse trabalho, isto é, por meio de oficinas lúdico-literárias. Há sim, um número significativode publicações abordando a evasão desse público alvo. O problema da evasão da EJA, é uma constatação recorrente, que acontece pelo fato do trabalho, família e o cansaço do dia a dia e por não acompanharem o ensino. Sendo assim, acreditamos que esta pesquisa vem para estimular os estudantes para que se sintam estimulados e possam ter interesse nas aulas, despertem o gosto pela literatura, a fim de concluir seus estudos. Frente ao cenário apresentado, surgiram alguns questionamentos: Como motivar uma pessoa com o “peso” da idade e o cansaço a estudar? Há evasão de alunos da EJA? Qual a dificuldade para o aluno da EJA se alfabetizar? Essas indagações levaram à questão problema desta pesquisa, que norteará esse estudo. Quais as possibilidades e estratégias para uma alfabetização estimulante e significativa para alunos da EJA no Ensino Fundamental? Para obter resposta a essa pergunta, pautou-se na pesquisa bibliográfica; na aplicação de oficinas lúdico- literárias e questões semiestruturadas, aos alunos e educadores da EJA de uma Escola Municipal em Santos. Considera-se a preocupação dos pesquisadores de integrar os estudantes da EJA no mercado de trabalho e exercer sua cidadania, busca-se por meio desse projeto, contribuir com a inclusão social. 18 Pode-se assim, observar o porquê da escolha da temática do trabalho. Tendo como objetivo geral refletir sobre como tornar as aulas, da EJA dos anos iniciais, mais atrativas e prazerosas, para que os alunos vençam o cansaço e possam desfrutar do momento de ensino e aprendizagem, com alegria e experiências exitosas. Considerando os aspectos apresentados, justifica-se a relevância desta pesquisa para a área educacional. Além da introdução, a organização e articulação desse trabalho está organizado entre três capítulos, estruturadas da seguinte maneira: O Capitulo I aborda sobre os direitos e deveres da EJA; como está organizada na atualidade e realiza-se um breve histórico sobre esse segmento, apoiados em documentos oficiais e também em pesquisadores que abordam a temática, dentre eles Ghiraldelli (2008), em que salienta que alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino, mas a construção de uma perspectiva de mudança; por Alves (2001) no que tange ao ato de “aprender em todos os momentos e em qualquer espaço, o ser humano é um ser social, histórico e cultural”, o que é corroborado por FREIRE (2006), em diferentes momentos. No Capítulo II, aborda-se o foco principal do trabalho, isto é, a relevância de se desenvolver um trabalho com oficinas lúdico-literário e suas contribuições para a educação com os jovens e adultos. Novamente, apoiamos em Freire (1996), ao salientar que “a tarefa do educador é desafiar o educando a pensar criticamente a partir de seu mundo e não lhe impor um mundo alheio”, o que permite refletir acerca do poder da ludicidade para o aprendizado. Considera-se, também, o disposto na Base Nacional Comum Curricular - BNCC, especificamente no que tange a importância e relevância de se trabalhar o campo artístico-literário, de ter contato com as manifestações artísticas em geral. O Capítulo III, versa sobre o percurso da pesquisa: o contexto, o desenvolvimento dos procedimentos metodológicos do trabalho, a abordagem e as técnicas adotadas para coleta de dados, que compreende uma pesquisa de campo, em que aplicou-se oficinas lúdico-literárias e ao término de três semanas utilizou-se questionário, visando sedimentar a análise e interpretações dos dados, para a contextualização dos resultados. A finalização do trabalho dá-se com as considerações finais, espaço de reflexão sobre as contribuições e possibilidades que resultam dessa pesquisa. 19 CAPITULO I A ORGANIZAÇÃO DA EJA SUA REALIDADE Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Paulo Freire O objetivo desse capitulo inicial é conhecer e compreender um pouco sobre a história da EJA e entender como está organizado, sua estrutura na atualidade e como estão distribuídas suas disciplinas. A relevância dessa modalidade, sua importância para aqueles que tem direito a educação e oportunidade de melhoria na vida pessoal e profissional. Uma visão humanista a essa realidade, Paulo Freire defende essa causa e alicerçar a necessidade da educação para todos. No decorrer das décadas, ocorreram pequenas mudanças dentro do âmbito educacional, mas com o envolvimento de todos em pró de uma educação mais acessível, intenta obter mudanças na área educacional. 1.1- Breve Parecer Sobre a História da EJA O ensino da EJA atende discentes que não tiveram oportunidade de terminar seus estudos na idade ideal, maiores de 18 (dezoito) anos para ensino médio e maiores de 15 (quinze) anos ensino fundamental, objeto de estudo desse trabalho. Com isso, foi necessário conhecer sua trajetória histórica e sobre o processo de alfabetização dessa modalidade. Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino – aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança; no início, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentes era pra privilégio das classes média e alta, nessas famílias os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia a necessidade de uma alfabetização pra jovens e adultos, as classes pobres não tinham acesso a instrução escolar e quando a recebiam era de forma indireta, de acordo com (GHIRALDELLI, 2008, p. 24). No decorrer dos anos, ocorreram grandes mudanças na educação, resumia-se à alfabetização como um processo compreendido em aprender a ler e escrever, mas a pratica, ele resume num resgate da história de vida e o cotidiano de cada aluno. 20 De acordo com Meneses (2001), o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi criado em 1970 pelo governo federal com objetivo de erradicar o analfabetismo do Brasil em dez anos. O Mobral propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando “conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida”. O programa foi extinto em 1985 e substituído pelo Projeto Educar. Menezes e Santos (2001), salientam que a ideia do Mobral se encontra no contexto do regime militar no Brasil, iniciado em 1964, cujo governo passa a controlar os programas de alfabetização de forma centralizada. Até então, duas décadas antes, a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no país convergiam para a consolidação de um novo modelo pedagógico. Nesse modelo, o analfabetismo era interpretado como efeito de uma situação de pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária e, sendo assim, a educação e a alfabetização deveriam partir de um exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. Os programas de alfabetização orientados neste sentido foram interrompidos pelo golpe militar, porque eram considerados uma ameaça ao regime, e substituídos pelo Mobral. Dessa forma, muitos dos procedimentos adotados no início da década de 60 foram reproduzidos, mas esvaziados de todo senso crítico e problematizado. Em 1985, acabaram com o Mobral e Instalaram o projeto Fundação Educar, que surgiu 1985 a 1990. Em 1996 até a data de hoje, o projeto determinado é a Educação de Jovens e Adultos - EJA. A pesquisa vem com a proposta de levar o lúdico para a formação dos alunos da EJA e mostrar uma forma dinâmica de trabalhar com leitura e contribuir para o processo de aquisição da base alfabética como foi observado na pesquisa denominado “estado da arte” ou “estado do conhecimento”, não evidenciou registro de leitura com o lúdico para os adultos. O analfabeto principalmente os que vivem nas grandes cidades, sabe maisdo que ninguém, qual a importância de saber ler e escrever, para a sua vida como um todo. No entanto, não podemos alimentar a ilusão de que o fato de saber ler e escrever, por si só, vá contribuir para alterar as condições de moradia comida e mesmo de trabalho. Essas condições só vão ser alteradas pelas lutas coletivas dos trabalhadores por mudanças estruturais na sociedade. (FREIRE. 2006, p. 70) 21 Até que ocorram mudanças estruturais, significativas na sociedade, busca-se meios para combater, ou ao menos dirimir, o analfabetismo e a evasão na EJA, levando ao conhecimento dos alunos, oficinas lúdicas-literária, com conceito básico de encontrar formas mais significativas de ensinar por meio dos contos, jogos, roda de conversa entre outros, entretendo os alunos da EJA uma experiência diferente das aulas atuais. Assim sendo, buscando renovação e atualidade, a proposta pedagógica é oferecer para a educação de jovens e adultos, o que no passado não foi pensado, oficina lúdica utilizando contos literários, na qual os alunos da EJA sejam capazes de aprender com ausência de aulas maçantes. Percebe-se que a Educação de Jovens e Adultos, até nos dias de hoje, tem papel secundário no cenário da educação brasileira. Paulo Freire um grande incentivador da educação, mostra a importância dessa oportunidade para esses estudantes, com seu olhar diferenciado para com esses seres humanos. Todos têm o direto de se ter uma formação educacional seja ela em qualquer momento da vida. 1.2- Organização da EJA na Atualidade Sabe-se que, atualmente é necessário um profissional pesquisador, de quaisquer áreas, o que não é diferente com o educador, que precisa se adaptar as novas mudanças sobre a atualidade na educação e no mundo. Permitir as transformações necessárias dos alunos e dele próprio, é fundamental que ele “educador”, tenha consciência na valorização do conhecimento e na experiência de vida dos seus alunos. A alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procura nos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador. (FREIRE, 1979, p. 72). Há alguns anos não havia essas modernizações e recursos importantes para o sistema educacional. Um adulto que não sabia ler e escrever, procurava se alfabetizar no curso da EJA. De acordo Oliveira (2018), do portal Educa mais Brasil, essa modalidade de ensino destinada aos jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso à educação na 22 idade apropriada tem a oportunidade de concluir os níveis da educação Básica, essa etapa do ensino foi criada pelo Governo Federal no intuito de permitir que o aluno retorne aos estudos e conclua em menos tempo sua escolarização e qualificação para obter melhores qualidades de mercado de trabalho. Diante das tecnologias e facilidade dos alunos à aprendizagem, hoje também são administrados e oferecidos o ensino a distância- EAD, tendo como objetivo a democratização do ensino público no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), asseguradas pela legislação da constituição Federal de 1998 em seu artigo 208. “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de: I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria”. VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. BRASIL – CF (1998) Há um respaldo também pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 9.394/96, em que afirma no: Art. 37, § 1 - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. LDB (1996) Amparados por essas leis o Ensino a Distância a EJA está dividida em: • EJA Ensino Fundamental: destinada a jovens a partir de 15 anos que não completaram a etapa entre o 1º e o 9° ano. Nessa etapa, os alunos estar em novas formas de aprender e pensar. Tem duração média de 2 anos para a conclusão. • EJA Ensino Médio: destinada a alunos maiores de 18 anos que não completaram o Ensino Médio, que completa a Educação Básica no Brasil. Ao concluir essa etapa, o aluno está preparado para realizar provas de vestibular e ENEM, para ingressar em universidades. O tempo médio de conclusão é de 18 meses. 23 Portando essa organização é estabelecida pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, considerando as necessidades de desenvolvimento do aluno no ensino fundamental e no ensino médio. Definindo aprendizagens necessárias para o desenvolvimento do aluno na Educação Básica do país, sendo elas sobre os dois seguimentos, conforme evidenciado a seguir. QUADRO 1 - Descrição dos segmentos componentes curriculares na educação básica ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO • Língua Portuguesa • Ciências • Matemática • Inglês • Artes • Educação Física • História • Geografia • História • Sociologia • Filosofia • Língua Portuguesa • Inglês • Artes • Educação Física • Ciências • Matemática • Química • Física Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/tudo-sobre-eja-o-que-e-e-como-funciona Conforme ressalta Oliveira (2018) a certificação de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio da EJA é avaliado diante de uma prova. Essas são realizadas pelas secretarias municipais ou estaduais que avalia as competências dos discentes. Mesmo estudando por outros programas ou por conta própria ele pode se inscrever para realizar o exame e garantir seu certificado, visando exercitar/aproximar da autonomia intelectual. Nessa perspectiva, FREIRE (1996, p.59), salienta que “[...] O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.” Assim, exaltamos a importância de proporcionar aulas mais atrativas e lúdicas para que esse discente não desista da busca, desse encontro com a sua autonomia conquistada. https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/tudo-sobre-eja-o-que-e-e-como-funciona 24 1.3- Evasão dos alunos da EJA A evasão dos discentes da EJA é um item presente na pesquisa. Nesse sentido, busca-se refletir sobre o perfil desses estudantes e as causas que os leva a desistir de concluir seus estudos. Para tanto apoia-se em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de 2019, conforme segue: [...] No que se refere à análise por sexo, do total daqueles que frequentavam ou frequentaram anteriormente a EJA, 53% eram mulheres e 47%, homens. Com relação ao rendimento, o maior percentual de pessoas que frequentavam EJA, na época da pesquisa, foi daquelas que estavam na faixa de até ¼ do salário mínimo (3,0%) e as que não tinham rendimento (2,6%). A maioria dos que cursavam EJA era formada por pessoas que se declaravam pardas (47,2%), seguidas por brancas (41,2%), pretas (10,5%) e de outra cor ou raça (1,1%). IBGE (2019) Compreende-se que neste dado, que as mulheres procuram se alfabetizar, porém algumas razões fazem com que elas desistam. Segundo Andrade (2008), as cobranças em relação às mulheres são grandes e, competir com os homens por escolarização, trabalho e visibilidade social, demanda grande esforço e habilidades que mulheres pobres, geralmente, dispõem menos que as mulheres de classe média. As mulheres, enfrentam diariamente uma jornada de trabalho exaustiva, considerandotrabalho formal e o trabalho domiciliar, infere-se que a necessidade de trabalhar e cuidar da família, contribui para evasão da EJA. De acordo com Freire (2006), a evasão é caracterizada pela expulsão escolar, visto que a saída do educando da escola não é um ato voluntário, mas sim uma imposição sofrida por ele, diante das adversidades presentes na sua trajetória de vida. Sendo assim, ressalta que a evasão da EJA, aplica em várias razões sociais e econômicas como; trabalho, disponibilidade de horário, segurança, falta de material didático, localização das escolas, professor entre outros. A EJA possibilita um caminho de desenvolvimento e conhecimento para esses estudantes, propiciando uma forma de integrar no mercado de trabalho e vivenciar novas experiências. 1.4- Contribuições de Paulo Freire à EJA A história da EJA não tem fundamento sem uma grande contribuição de Paulo Freire, que por meio das suas propostas de educação, diálogo entre educador e 25 educando, contribuiu muito com a alfabetização da EJA, que até hoje essas práticas pedagógicas são utilizadas e estudadas para a formação dos discentes. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino amparada por lei e voltada para pessoas que não tiveram, por algum motivo, acesso ao ensino regular na idade apropriada. O EJA tem como objetivo tentar ou corrigir algumas questões sociais como exclusão e exploração, entre outras que geram consequências maiores, como a perigosa marginalização. A história da EJA no Brasil está muito ligada a Paulo Freire. O projeto de alfabetização que ele implementou em 1963 atendeu 380 trabalhadores em Angico-RN, repercutindo por todo o país, mas sendo sufocado pelo golpe militar de 1964. CARDOSO e PASSOS (2016) Visando contribuir na educação desses jovens e adultos que participam das aulas presenciais da EJA, busca-se alguns caminhos para concretizar esse sonho dos estudantes em se alfabetizar e dar continuidade em seus estudos. A proposta é fazer o que estar na LDB, lei n. 9.394/96 que tem o objetivo de definir prioridades e melhoria da qualidade de ensino. Nessa perspectiva, buscou-se em Paulo Freire fundamentação para subsidiar esse trabalho, pois o educador propicia a reflexão sobre o que esses estudantes vivem no seu cotidiano, e assim aprendem a ler e escrever por meio de estímulos e ao mesmo tempo a descoberta para a vida. 1.5- Direitos e Deveres EJA Os direitos dos estudantes e as políticas públicas para que essa se torne uma realidade de conquistas ainda é uma busca que anda em passos lentos, conforme salientado por pesquisadores abaixo: Mesmo com os esforços de políticas públicas para reparar a distorção idade/série, no que diz respeito ao analfabetismo, esse ainda é um problema não superado no Brasil e que aponta ainda para índices elevados. A metas do Plano Nacional de Educação para o decênio dificilmente serão atingidos. O documento em análise nos mostra que EJA é uma das formas para se erradicar o analfabetismo, considerando uma dívida social, visto que a população de analfabetos representa pessoas que não tiveram acesso nem competência da leitura e da escrita como um bem social. (STECANELA; AGLIARDI; LORENSATTI 2014 p. 89) O Brasil se encontra nesta dura realidade do analfabetismo, e em prol da igualdade e direito e deveres da EJA, foi implantada a Lei de Diretrizes da Educação Nacional – LDB 9.394/96, que, trata da educação de jovens e adultos no capítulo II, da Educação Básica, seção V, Da Educação de Jovens e Adultos. 26 Art. 37, A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018). Com isso, reconhecer e respeitar os alunos da EJA, é uma luta de todos, visando uma sociedade mais humana e um país desenvolvido. Ao retornarem aos estudos, os alunos da EJA buscam a oportunidade que durante a sua infância ou adolescência, por algum motivo, tiveram que abandonar e deram outro rumo a sua vida. Alguns obstáculos como: cansaço do trabalho, autoestima baixa, problemas familiares e a desigualdade social, são os principais motivos da evasão escolar. Diante do exposto o quadro abaixo, oriundo das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica de 2013, explícita acerca de 3 funções relevantes da EJA, a saber: QUADRO 2- Função da EJA Reparadora Significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Equalizadora Dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais como donas de casa, migrantes, aposentados e encarcerados. A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser saudada como reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação. Qualificadora Mais do que uma função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do der humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não escolares. Fonte: http://confinteabrasilmais6.mec.gov.br/images/documentos/legislacao_vigente_EJA.pdf A EJA tem como objetivo erradicar o analfabetismo no Brasil, esse projeto visa contribuir na educação desses alunos da EJA, que sofrem com a desigualdade social e com preconceito de não saber ler e escrever. Segundo Alves (2001) podemos aprender em todos os momentos e em qualquer espaço, isto porque o ser humano é um ser social, histórico e cultural. Ele se 27 forma de modo gregário, interagindo com os iguais e diferentes e se organizando em torno de certas características que lhe dão identidade de realidade. E para garantir todos os direitos à educação e contemplar toda diversidade aos alunos da EJA, também foram considerados atendimentos específicos como: • Educação Especial • EJA nas Prisões • EJA na Educação no Campo • EJA e diversidade • Educação a distância • Educação profissional na EJA Ratificando o abordado nesse capítulo, acerca desse segmento. A EJA é uma modalidade de ensino criada pelo Governo Federal para permitir a esses estudantes a conclusão de seus estudos e para atingir metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional até 2024 (MEC 2018). O primeiro grupo são metas estruturantes para garantia do direito a educação básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito especificamente à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos profissionais da educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior. As metas são de extrema relevância para se alcançar uma educação de qualidade .... Sendo assim, que sejam cumpridas!!! CAPITULO II O PODER DA LUDICIDADE “A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir”. Maria Montessori 28 Esse capítulo visa destacar a importânciae a relevância de se trabalhar com o lúdico também com os adultos. A proposta de se trabalhar com a literatura por meio de aulas mais prazerosas, possibilitando a esse público uma aula dinâmica e participativa, apoiou-se em autores que discutem essa temática e colaboram com o exercício da cidadania, proporcionado pela alfabetização. Partindo dessa premissa e come bem colocado na letra da canção de Titãs “...A gente não quer só comida; A gente quer comida, diversão e arte; A gente não quer só comida; A gente quer saída para qualquer parte...” somos, queremos e precisamos mais do saber e de ensinar a ler e escrever, os estudantes precisam e devem ser contemplados com didáticas que permitam a eles pensar além. Por esse motivo, defende-se as contribuições da ludicidade em qualquer idade. 2.1 - Contribuição da Ludicidade na Educação de Jovens e Adultos. A ludicidade entra como protagonista com a finalidade de ser trabalhada como um recurso pedagógico que auxilie os alunos da EJA no processo de compreensão dos conteúdos da alfabetização. Utilizando desse recurso os alunos podem ser sujeitos participantes e protagonistas da sua história, provocando a preparação na formação de um indivíduo mais atento a sua realidade. E esse passe a compreender e valorizar sua história de vida, passando a ter uma opinião formada e participante de seus direitos políticos. Neste contexto, Freire preconizava um conceito de educação libertadora, na qual trabalhava com o contexto de experiências de vidas dos alunos, esse era o ponto de partida para construção das suas aulas. A leitura está diretamente vinculada a essa transformação social, a leitura e sua compreensão de texto, entender o que se lê, capacita para uma superação de opressão. É importante que o professor tenha um olhar atento e carinhoso para seus alunos de modo a perceber suas necessidades e respeitar os seus saberes e sua realidade “pois impor a eles a nossa compreensão em nome da sua libertação é aceitar soluções autoritárias como caminhos para libertação” (FREIRE, 2003, p.27) Dessa maneira os docentes devem elaborar as atividades lúdicas pensando no contexto social de seus discentes, tendo como ponto de partida a realidade desse aluno, o contexto social, não somente o escolar. Aproveitando a história de vida dos 29 alunos, estimulando a partir desse conhecimento pessoal, novos aprendizados. Conforme destacado por Freire (1996) a tarefa do educador é desafiar o educando a pensar criticamente a partir de seu mundo e não lhe impor um mundo alheio. A ludicidade é facilitadora pois, por meio dos jogos é possível ter um relacionamento mais acessível entre docente e discente e entre os próprios alunos, possibilitando uma aproximação para a relação interpessoal e o reconhecimento intrapessoal. O ato de jogar é uma tradição muito antiga, os animais já se dedicavam ao lúdico como forma de socialização, como competição e para estreitamento de laços. Os jogos carregam muitos significados vão além do psicológico ou mero fenômeno fisiológico, eles envolvem elementos não matérias em sua essência (Huizinga, 2014). Assim a relevância de se trabalhar a partir do lúdico com os jogos devido a sua complexidade intrínseca quanto extrínseca, pois está atrelada à presença social como um artefato cultural. O autor aponta cinco aspectos consideráveis; a) O envolvimento na atividade lúdica é voluntário; as pessoas jogam porque gostam de fazê-lo, e não porque são obrigadas. Daí o potencial que os jogos têm de gerar prazer e envolvimento; b) A ação de jogar representa um momento de distensão, de liberdade em relação ao que temos de realizar, seja na escola, no trabalho ou na vida pessoal; c) Tempo e espaço são elementos que diferenciam o jogo das ações cotidianas. Ele tem ritmo e caminho próprios, que são lúdicos e distintos da vida comum; d) As regras que fundamentam o jogo são diferentes daquelas existentes no mundo habitual e precisam ser observadas se o jogador quiser superar desafios e obter recompensas. O que é possível ou não realizar dá forma aos percursos adotados pelo jogador; e) O jogo favorece a criação e permanência de comunidades, assim, dá consistência à sensação de estudar juntos, apesar da distância física. (HUIZINGA, 2014, p.) Partindo desses elementos a experiência de jogar e de desenvolver atividades relacionados a partir do lúdico promovem uma interação social de forma significativa, promovendo situações de aprendizagem. Que é um passo aplausível, principalmente na educação de jovens e adultos, que por muitos e diferentes motivos, já mencionados, acabam se desmotivando da escola por não conseguir ter essa relação pessoal. Essa bagagem alicerça uma transformação pessoal, desenvolve a autoestima para se obter um melhor resultado na aprendizagem. A BNCC (2017) destaca essa importância de se ter a pluralidade de diferentes campos literários. 30 2.2 - A Ludicidade no Campo Artístico-Literário A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017), desataca a importância e relevância de se trabalhar o campo artístico-literário, de ter contato com as manifestações artísticas em geral. Tendo em jogo a continuidade da formação do leitor literário, destacando o desenvolvimento de fruição sobre a estética desse tipo de leitura. Essa leitura libertadora desperta para uma realidade infinita, mas acima de tudo humanizada e transformadora, ressaltando que: “[...] garantir a formação de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de leitura...” (BNCC- 2017) Para se obter essas habilidades é necessário ofertar diferentes gêneros narrativos e poéticos despertando a sua apreciação e nela desenvolvendo a observação e percepção dos seus elementos - espaço, tempo, personagens - propiciando nesse fazer muitas formas de se aplicar atividades lúdicas. Considerando o disposto na BNCC, pode-se pontuar a necessidade efetiva com propostas mais significativas e atividades práticas nas salas de aulas. Os jogos teatrais podem, também, propiciar um olhar mais sensível e apurado “sobre nós mesmos e o mundo. Com os jogos podemos vivenciar o faz de conta, viver, sentir, perder, ganhar, ser estrategista e até sermos outros personagens.” Por meio dos jogos teatrais, pode-se aprender a dar a vez ao outro, como controlar as emoções, estimular e sentir sensações novas, realizar muitos trabalhos em grupo, contar e viver histórias. “Isso tudo é surpreendente e realizador permitindo que outras pessoas possam ter a oportunidade de vivenciar essas experiências.” Esse parágrafo, com fragmentos das memórias de uma das autoras desse trabalho, encontra-se no apêndice A1, (p.51). A pesquisadora corrobora com Brougére (1998) pois o mesmo afirma que a criança por si só já brinca de teatro. Afinal qual foi a criança que nunca brincou em representar sua mãe, ou ser um animal, e poder ser aquela pessoa que admirava, como a sua professora, um personagem do desenho, um super-herói. E assim, brincando nem nos dávamos conta que estar aprendendo de forma lúdica e natural como nossos pais brincavam e as novas gerações devem jogar/brincar. Devemos 31 ensinar e cultivar as crianças ou adultos e proporcioná-las a poder viver essas experiências. No artigo “A criança e a Cultura Lúdica”, produção acadêmica de Brougére (1998), o autor destaca que brincar não é uma dinâmica intensa do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social. Antes o brincar era caracterizado como uma futilidade de passatempo realizada pelas crianças, mas por meio de pesquisas e estudos sobre essa prática foi compreendido que o brincar do jogo, do faz de conta é uma atividade lúdica que leva ao reconhecimento pela sua importância, pois permitea ter uma interpretação das atividades humanas. Dessa forma, a riqueza está na convivência com o outro, na troca de experiências que esse grupo compartilha e vivencia e, contudo, aprendemos individualmente. Os jogos teatrais possibilitam e oportunizam a união desses elementos, Spolin (2007). Tendo um papel honroso na história da evolução da humanidade o teatro além de ofertar cultura, entretenimento, educar, precaver sobre fatos que os governantes e maiorais realizavam ocultamente, o teatro representa momentos da evolução do homem, assim como, serve de alerta para o que realmente acontecia e ainda acontece em uma determinada época. Pela sua história e trajetória, o teatro e os jogos teatrais devem continuar a ajudar as pessoas. Estimamos fazer parte dessa evolução e não deixar o teatro morrer, já que tanta tecnologia poderia ser uma ameaça. A humanidade está cada vez mais se afastando e perdendo o aprendizado por meio da interação social. Cada vez mais o olho no olho, o contato físico e a convivência pessoal estão se perdendo. Faz-se necessário buscar maneiras de proporcionar a interação e o ensinar como se relacionar com o outro e assim conhecer a si e buscar novos caminhos para além de si. 2.3 - Paulo Freire Defende a Capacidade de se Fazer Sonhar. Freire (1996, p.36) certifica que “ensinar é substantivamente formar”, mas para saber ensinar deve-se entender que não é somente transmitir conhecimentos ou praticar de forma metódica o ensinar. Para que o aprendiz seja capaz de sonhar é necessário criar formas e possibilidades de quem esteja sendo informado não se limite 32 a só essa informação. O educador destaca a necessidade de que essa informação seja construída no processo da aprendizagem para libertar a capacidade de sonhar. Assim, aquele que é desafiado a buscar e aprender de maneiras diversas, pode ter além da informação, esse desenvolveu formas de buscar o conhecimento. Leva a perspectiva de sonhar de fazê-lo tomar conhecimento, de se esforçar com objetivos, possibilitar a liberdade de criar asas, além da imaginação, sonhar e buscar um novo mundo para si e para o outro. 2.4- Literatura por meio da Contação de Histórias A prática de divulgar a literatura por meio de histórias como estratégia didática é fundamental para a formação educacional tanto da criança como de um adulto, a leitura é um hábito que deve ser estimulado desde a infância. Existe inúmeras formas de contar histórias para despertar a imaginação de qualquer pessoa: com música, fantoches, teatro de sombra, imagens, desenhos ou fazendo uma leitura de livro. Freire (2005) afirma que a leitura de mundo antecede à da palavra, ou seja, desde que nascemos somos leitores do mundo e nossas ações decorrem dessa leitura. Segundo os pesquisadores, “Diante de algumas experiências ao longo da jornada de trabalho, observamos que, alguns docentes, não praticam e nem procuram inovar a sua forma de contar histórias.” As histórias contadas são atividades mais antigas, faz uma ponte entre o real e o imaginário. E o uso dessa ferramenta, incentiva o gosto para habito a leitura, e também possibilita ampliar o vocabulário e levam o leitor/ouvinte a refletir. As histórias possuem uma grande função social, determinam com ensinamentos morais, socialização, enriquecimento intelectual e cultural. São inúmeras as possibilidades positivas que o uso da contação de história possa ter na vida de uma pessoa. A literatura contribui de forma exitosa na vida dos estudantes. A ideia de escolher um livro, para ler ou para ouvir, desperta curiosidade e a necessidade de ser um leitor. A literatura permite que o leitor participe de experiências de vida através da representação do mundo, ao fazer uma relação entre o maravilhoso e o real. Através da literatura é possível: aprender, refletir, questionar, comparar, investigar, imaginar, emocionar, divertir, transformar, viver, amadurecer, desenvolver a sensibilidade estética e a expressão linguística, adquirir cultura, diferentes visões de mundo e etc. (BRAGATTO FILHO, 1995, p.15). 33 Acredita-se que os livros e contos abordados, contribuem no desenvolvimento do leitor e na experiência em sala de aula. São inúmeros autores para serem trabalhados, no quadro abaixo, destacam-se alguns que foram referencias para o desenvolvimento da pesquisa. Pensando nos alunos da EJA, na sua construção de identidade, indicamos alguns livros e contos para contribuir no uso das aulas, as sinopses das obras trabalhadas na pesquisa de campo, são das respectivas editoras. Quadro 3 - Sinopse de obras trabalhadas na pesquisa de campo MACAQUINHO - RONALDO SIMÕES COELHO, 1988. Toda noite o macaquinho ia para a cama do pai. Cada dia era uma desculpa: ou porque estava com frio, ou com fome, ou com medo. E o papai nunca conseguia dormir, mas sempre resolvia o problema. Até que, um dia, o filhote conta a verdadeira razão de querer ir para a cama do pai. Qual seria o problema afinal? ESPERANDO A CHUVA - VERONIQUE VERNETTE, 2014. Não chove há muitos meses. A casa, o quintal e as ruas estão secos e empoeirados. A menina decide então esperar a chuva. Da porta de casa, acompanha o movimento da rua: o caminhão traz a lenha, o barril leva a água para os moradores, o costureiro conserta as roupas das famílias. É hora de ajudar a mãe em casa, tomar banho e jantar. De repente, o céu começa a escurecer e o forte vento anuncia... O MENINO QUE FOI NO VENTO NORTE - BEATRIZ MARTINI BEDRAN, 2012. Esta foi a primeira história que eu ouvi na minha vida. Ou melhor, a primeira da qual me lembro. E me lembro, como se fosse ontem, da minha mãe sentada na beira da cama, e eu, bem pequenininha, escutando sua voz carinhosa contar as aventuras maravilhosas deste menino e os presentes mágicos que o Vento Norte lhe deu. Eu gostava tanto dessa história que, quando eu finalmente ia adormecendo e minha mãe saía silenciosamente do quarto para eu não acordar, eu abria os olhos e pedia: “Conta de novo?” Anos mais tarde, eu comecei a inventar músicas para cantar e contar as histórias preferidas do meu coração. Criei, então, a música “O menino que foi ao Vento Norte”. Este é um livro para você cantar e contar e viajar no encanto das histórias que atravessam os tempos de geração em geração. 34 A HISTÓRIA DO LEÃO QUE NÃO SABIA ESCREVER MARTIN BALTSCHEIT, 2002. O leão não sabia escrever. Mas isso não o atrapalhava, pois ele sabia rugir e mostrar os dentes. E o leão não precisava de mais nada. Só que um dia ele encontrou uma leoa e passou a depender dos outros para trocar cartas de amor com ela. Aí o leão percebeu que saber rugir não bastava. O CABELO LELÊ - VALERIA BELEM, 2007. Lelê não gosta do que vê...de onde vem tantos cachinhos? Ela vive a se perguntar. E essa resposta ela encontra num livro, em que descobre sua história e a beleza da herança africana. CONTOS AFRICANOS PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA, 2005. "Contos Africanos para Crianças Brasileiras" reúne dois contos de temas universais e tradicionais, que pertencem à literatura oral de Uganda: o primeiro fala de como nasceu a inimizade entre o gato e o rato, e o segundo, do motivo pelo qual os jabutis têm os cascos rachados. O SAPATO QUE MIAVA - SYLVIA ORTHOFF,1985. Essa história amalucada, sapato mia, chinelo late e velha anda pra lá e pra cá, sem desconfiar que a confusão já está armada. Será que o gato Deodato vai escapar com vida? Será que a velha vai se apaixonar e viver feliz para sempre? O CARTEIRO CHEGOU - JANET & ALLAN AHLBERG, 2007. Assim como todo mundo, os contos de fadas gostam de mandar e receber cartas. João, por exemplo, mal tem tempo de agradecer o gigante pelas ótimas férias que sua galinha de ovos de ouro lhe proporcionou. Cachinhos Dourados aproveita parase desculpar com a família Urso por ter causado confusão na casa. E o que seria da bruxa sem o catálogo de ofertas do Empório da Bruxaria, que esse mês oferece uma promoção especial de mistura para torta Menino Fofo? Por isso, quando o carteiro chega é sempre uma festa, e todo mundo o convida para entrar. Mas às vezes — especialmente em caso de Lobo Mau — ele prefere recusar o chazinho e dar no pé o mais rápido possível. O livro, que é todo contado em rimas, vem cheio de cartas de verdade, postais, livrinhos e convites, com envelope e tudo. 35 A ÁRVORE GENEROSA - SHEL SILVERSTEIN, 2017. Todos os dias um menino vai até uma árvore para se pendurar em seus galhos, comer suas maçãs e descansar sob sua sombra. O menino ama a árvore e ela, feliz, o ama também. Porém, à medida que o tempo passa, o garoto cresce e começa a desejar mais do que a simples companhia de sua amiga para brincar e repousar. Ele passa a querer dinheiro, uma casa, uma esposa... E a árvore, sem muitos recursos para ajudá-lo, mas disposta a qualquer coisa para vê-lo feliz, vai abrindo mão de sua própria vida. GUILHERME AUGUSTO ARAÚJO FERNANDES - MEM FOX, 1995. Este título é o nome do personagem, que era vizinho de um asilo de idosos, todos seus amigos. Mas era de Dona Antônia que ele mais gostava. Quando soube que ela perdera a memória, quis saber o que isso significava e foi perguntar aos outros moradores do asilo. Como resposta, ouve que memória é algo: bem antigo, que faz chorar, faz rir, vale ouro e é quente... Então, monta uma cesta e vai levá-la a Dona Antônia. Quando ela recebe os presentes 'maravilhosos', conchas, marionete, medalha, bola de futebol e um ovo ainda quente, cada um deles lhe devolve a lembrança de belas histórias. HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA - RICARDO AZEVEDO, 2002. Macaco brigando com velha? Gambá sonhando em ficar rico? Essas situações inusitadas e muitas outras, que fazem parte desse livro, saíram da cabeça do povo e são aqui recontadas por Ricardo Azevedo. Fonte: https://www.saraiva.com.br – Acesso em set. de 2019. CAPITULO III O PERCURSO DA PESQUISA: PROCEDIMENTO E INTERPRETAÇÕES “A gente muda o mundo na mudança da mente e quando a mente muda a gente anda pra frente” Gabriel o Pensador O capítulo três apresenta o percurso da pesquisa com reflexões acerca do embasamento teórico dos capítulos anteriores e da prática das ofinas lúdicas literárias somadas a coleta de dados por meio de questionário aplicado aos estudantes, https://www.saraiva.com.br/ 36 professor e coordenação pedagogica da EJA, da unidade de ensino da rede municipal de Santos/SP. Além do estudo dos teóricos abordados na pesquisa, com o intuito de obter informações acerca dos estudos já desenvolvidos sobre a temática, foi realizada a pesquisa denominada o “estado da arte”, isto é, levantamento e mapeamento no Banco de Teses da Capes/MEC e em base de dados como Google Acadêmico, dentre outros. A busca ocorreu por meio de palavras-chave, visando mapear as produções acadêmicas de artigos, dissertações e de teses correlatas com a temática da pesquisa, conforme Apêndice B, p. 56. 3.1 - Da Metodologia e dos Procedimentos de Coleta de Dados. A pesquisa foi fundamental na captação de dados para a proposta do projeto, com o objetivo, de conhecer o público alvo em sua rotina escolar, com a relevância de aprimorar o conhecimento das necessidades e possibilidades a serem desenvolvidas nas práticas das oficinas lúdicas. A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. (GOLDENBERG, 1997, p. 34) Nesse estudo a coleta de dados possibilita conhecer as opiniões, com o intuito de justificar a relevância do tema. Considerando, assim, as possibilidades para a alfabetização significativa para os alunos da EJA. Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58). A grande vantagem da pesquisa qualitativa foi conhecer a realidade dos alunos e da escola da educação de jovens e adultos, e também permitir a cada pesquisador a apropriação de todos os processos e resultados obtidos nesse trabalho. As oficinas lúdico-literárias aconteceram por meio de contação de histórias sequenciadas de jogos e dinâmicas relacionadas aos textos apresentados, buscando 37 assim desenvolver a oralidade, escrita, leitura e cálculos dos estudantes. Tendo sempre como foco o aprendizado de maneira atrativa e prazerosa. Em caractere de explorar a totalidade e observando-os em ação. 3.1.1 - Planejamento e Desenvolvimentos das Oficinas Lúdico- Literárias. Durante a pesquisa foram explorados meios para contribuir na alfabetização a partir do lúdico, de maneira a promover a interação social e o ensino aprendizagem desses estudantes da EJA. Levando ao conhecimento, as oficinas lúdico-literárias atuam com o conceito básico de encontrar formas mais significativas de ensinar por meio dos contos, leituras, contação de história, jogos, roda de conversa, dramatizações, exercícios cênicos, dinâmicas e brincadeiras, conforme roteiro da sequência didática, detalhado no Apêndice C p. 57. Para o planejamento da primeira oficina foi necessário o contato direto com alguns indicadores sobre os estudantes da EJA do ensino fundamental ciclo I, e esses dados iniciais sobre os alunos foram fornecidos pela coordenadora pedagógica da unidade de ensino, a qual foi conduzida e aplicada a pesquisa. Desse modo possibilitando aos pesquisadores e estudantes uma oportunidade de vivenciar essa prática e se obter os dados necessários para essa pesquisa. Com o plano inicial elaborado, foi agendado a primeira prática da oficina lúdico- literária, que contou com o apoio novamente da coordenadora pedagógica que realizou a apresentação dos pesquisadores a professora responsável pela turma do ciclo I, que concedeu autonomia para o desenvolvimento da pesquisa e colaborou de forma participativa em todo o processo. Nos encontros e aplicações das oficinas lúdico-literárias, as aulas aconteceram com dinamismo, seguindo o princípio de apresentar o texto de forma lúdica e de atividades com o mesmo cunho. A oficina iniciou-se com uma atividade “quebra gelo” para conduzir as apresentações dos pesquisadores e dos estudantes, essa atividade aconteceu na sala de aula. Foi solicitado ajuda aos estudantes na organização do espaço, oportunizando assim, um ambiente livre de mesas e cadeiras, já com a proposta de desconstruir os móveis dispostos de maneira tradicional. 38 Essa atividade aconteceu com os alunos em círculo e uma bolinha de tênis, cada um teve que falar seu nome ao trocar a bolinha, utilizando essa estratégia, todos se apresentam de maneira descontraída. Nesse exercício, os alunos têm a oportunidade de trabalhar em grupo, socializar, exercitar, desenvolver a coordenação motora, a memória e brincar. Posteriormente, convidados a ouvir um conto popular “A história da Coca”. Nessa contação são estimulados a prestar a atenção por meio da narrativa e imagens apresentadas. Desta maneira, memorizar alguns fatos do contexto da história, e estimular a participar ativamente, tendo um papel de coparticipante na prática trabalhada. Dando continuidadea essa atividade, foi realizado um jogo “Bingo” com as palavras chaves da história apresentada, cada estudante recebeu uma cartela com oito espaços em branco a serem preenchidos e quinze imagens correspondentes ao conto para a escolha e preenchimento da mesma. Com as cartelas prontas é iniciada a partida, com o sorteio das palavras para a associação e preenchimento da cartela, palavra correspondente à imagem. Seguindo com as atividades é apresentado o texto “O macaco e a velha” outro conto popular. Durante as oficinas vários textos foram trabalhados e esses eram atrelados a roda de conversa, com o intuito de promover a compreensão do mesmo. Na sequência, vivências com dramatização e jogos correspondentes. A finalização da pesquisa se deu com a aplicação do questionário, a fim de que os estudantes pudessem avaliar sobre as experiências vivenciadas durante as oficinas e, assim, levantar elementos necessários para a coleta de dados. O questionário foi elaborado de forma simples e clara, pensando auxiliar a leitura compreensiva do público alvo. Nesta prática foi proposto utilizar roda de conversa, contação de histórias, leitura de livros literários, jogos pedagógicos, jogos cênicos, abrangendo um leque amplo que possam ofertar possibilidades variadas a serem aplicadas a qualquer estudante. Os pesquisadores preocupam-se em possibilitar uma vivência prazerosa com o foco no aprendizado dos estudantes. 39 3.2 - Dos Sujeitos Objetos da Pesquisa: Contexto e Cenários. As portas foram abertas para a aplicação da prática da oficina lúdica-literária, por uma unidade de ensino pública municipal de Santos-SP. A pesquisa foi aplicada com uma classe da EJA do ensino fundamental - Ciclo I, tendo em sua totalidade 12 (doze) alunos matriculados. No primeiro encontro e aplicação da prática estavam presentes 06 (seis) estudantes. Esses se mostraram receptivos e participativos em todas as etapas das oficinas. Nesse processo foi possível conhecer um pouco da turma e a individualidade de cada aluno. Foi observado que alguns alunos tinham dificuldade na leitura e na escrita, encontravam no processo de aquisição da base alfabética. Na oralidade muitos apresentavam o sotaque de sua origem cultural, trazendo vícios de linguagem, uso muito forte da linguagem coloquial. A faixa etária varia entre trinta e acima de sessenta anos, na maioria mulheres, com apenas dois representantes do sexo masculino. O máximo de estudantes em sua totalidade de encontros foi de oito alunos por dia, percebendo a evasão dos alunos matriculados e confirmado pela professora da turma. 3.3 - A Voz dos Professores e Alunos: Concepções, Percepções e Análise Nessa pesquisa a proposta é que os professores possam acompanhar e participar das oficinas com o objetivo de analisar quais foram os principais interesses dos estudantes com a prática proposta. Pretende-se que os professores se sintam estimulados em se apropriar e compartilhar sobre as vivencias empreendidas nas oficinas. Os profissionais que estiveram envolvidos durante as ações foram participativos e enriqueceram a pesquisa com seus depoimentos, angariados por meio de um questionário e com conversas informais. Os relatos a seguir de professores e estudantes, salientam e colaboram com um olhar mais apurado mediante a pesquisa; “[...] os alunos por terem pulado as fases de aprendizagem na sua infância, se dedicam mais as tarefas de corte, colagem, pintura com mais delicadeza e responsabilidade...eles sentem prazer em aprender...levarei essas sugestões de atividades e livros utilizados, para minha prática pedagógica” (Educadora H. 2019) 40 Uma forma de observar, avaliar se algo correspondeu ou não a expectativa de ensino e aprendizagem, é observar a expressão dos mesmos ou o relato espontâneo. Abaixo estudantes compartilham a satisfação em vivenciar as oficinas, alguns se emocionam durante o depoimento, de maneira espontânea. “[...] Lembrei da minha infância, quando brincava de cabra-cega...quando criança não pude estudar, essa é a minha primeira escola, fiquei muito feliz em estar aqui hoje e triste porque faltei no outro dia que vocês estavam aqui, minha esposa comentou da aula, que gostou muito, me aguçando... (Estudante J. - 2019) “[...] Bom...através dessas brincadeiras apreendemos, gostei muito! Gostaria de ter mais aulas como essas, através de brincadeiras tivemos muitos aprendizados. Parabéns aos professores. Continuem assim, levando alegria, brincadeiras e aprendizados.” (Estudante – E. 2019). “Semana maravilhosa com essas aulas.” (Estudante – J.R - 2019). “Achei muito interessante, fiquei feliz em participar.” (Estudante F. 2019). Diante desses depoimentos, observa-se que a pesquisa de campo, obteve pontos positivos e felicitados. Nota-se a importância das aulas na construção e conhecimentos dos estudantes e, também, a carência de aulas relacionadas com o contexto da pesquisa abordada. Durante os encontros, nas oficinas houve a participação de três professores distintos e a presença da coordenadora da unidade escolar. Ao término, para validar a percepção dos alunos durante a aplicação das atividades em um prazo de 30 (trinta) dias intercalados, foi solicitado que respondessem algumas perguntas, separadas em dois questionários (Apêndice D-D.1– pp 58-59) um destinado aos discentes e outro aos docentes, a saber: um direcionado à coordenadora da instituição, outro à professora regente da turma e outro à professora estagiaria. Deste modo obteve opiniões diferentes no contexto escolar, além das respostas dos alunos. O quadro com informações sobre o perfil dos três educadores, e com as respostas às respectivas perguntas, encontra-se no Apêndice E p. 60. 41 3.4- Análise e Resultados de Dados A pesquisa fundamentada para obter dados com objetivo de conhecer as principais possiblidades e estratégias para a alfabetização dos alunos da EJA, com oficinais lúdico-literário. Visando a satisfação e ensino aprendizado com esses estudantes. Para obtenção de dados reais, visando validar a impressão dos pesquisadores acerca do resultado da proposta oficina lúdico-literário com os alunos da EJA, ao término a aplicação das atividades inseridas no planejamento das oficinas, realizou- se uma pesquisa com 8 (oito) alunos do 1° ano, da Escola Municipal em Santos. Os questionários possuem 9 (nove) perguntas com múltiplas escolhas. A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de agosto à 02 de setembro, no horário entre às 19h às 22h. Os gráficos abaixo são resultados de questões com objetivos de identificar as seguintes informações: Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 42 Os resultados dos gráficos, mostram que as informações apresentadas foram satisfatórias no interesse dos estudantes pela oficina lúdico-literário. Conforme o resultado do gráfico 1, todos os alunos não tinham vivenciado aulas como essas. Podemos observar que no gráfico 5, a minoria não considera essa vivencia como aula. Embora o gráfico 6, aponte que a maioria respondeu que aulas assim, contribuem para seus aprendizados. Talvez por não terem obtido essa experiência anteriormente em sua trajetória escolar, não a consideraram aula no primeiro momento. Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 1 43 Observa-se que no gráfico 7, eles tiveram um pouco de dificuldade no entendimento do que foram apresentados, o que justifica por terem dificuldades na leitura compreensiva, apenas decodificam. Quanto ao gráfico 9, mostra que todos interagiram e participaram de todo o processo das oficinas, o que leva a crer que a proposta gera mais prazer e motiva os alunos para participarem nessa modalidade de aprendizagem. Esses dados coletados trouxeram informações precisas,
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