Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antônio de Castro ATM 2022.1 HIPOVITAMINOSE D E PEDIATRIA: Distúrbio nutricional mundial de alta incidência. No Brasil, apesar da elevada exposição solar, acomete idosos, mulheres menopausadas, crianças e adolescentes. Vit D: pró-hormônio secosteroide que participa do metabolismo do cálcio, regulação genética, associação com DM1, asma, dermatite atópica, alergias alimentares, DII, AR, doenças cardiovasculares, esquizofrenia, depressão e neoplasias (mama, próstata, pâncreas, colo). Apresenta-se de 2 formas: Vit D2 (ergocalciferol – absorvido no duodeno e jejuno através da dieta, proveniente da plantas e fungos, resulta da conversão do ergosterol) e Vit D3 (colecalciferol – provenientes de fontes animais e sintetizado na pele humana em exposição à radiação solar UVB, que promove reação fotoquímica nos queratinócitos e fibroblastos, convertendo percussores da Vit D3). Ambas formas são transportadas até o fígado pelas transcalciferrinas (ou DBP – Vitamin D binding protein) para serem hidrolisadas (25-OH-vitamina D ou calcidiol) e estocadas. Através das DBP, o calcidiol é levado aos rins, para serem hidroxilados e convertidos em 1,25-OH-VIT pela 1-alfa-redutase, tornando a molécula biologicamente ativa (intestino delgado: aumenta absorção de cálcio e fosforo; Osso: estimula formação endocondral, proliferação e diferenciação de condrócitos e mineralização de matriz óssea; Rins: aumenta reabsorção tubular de cálcio. 90% da Vit D disponível é obtida através da síntese cutânea. São necessários 10-15min de exposição para indivíduos claros e 30-40min para indivíduos negros, em sol a pico (10-15h). O uso de protetor solar reduz a síntese de vitamina D, assim como altitudes elevadas, exposição com roupas, poluição atmosférica e tempo nublado. Não existe nível seguro de exposição solar e deve-se sempre considerar o risco de melanoma. Deve-se evitar exposição solar direta em menores de 6 meses e exposição limitada para os maiores. A fototerapia não influência a síntese cutânea de vitamina, já que não emite radiação UVB. Hipovitaminose D: comum em lactentes amamentados no seio, em prematuros, mães com hipovitaminose durante a gestação ou mães com pele negra. Períodos de maior atividade condroblastica (até 1 ano e 9-18 anos) são de maior risco para hipovitaminose D. Outras causas: vegetarianos, anticonculsivantes, TARV, CTC, antifúngico azólico, fibrose cística, celíacos, DII, colestase, bariátricos e obesos, mutação genéticas: deficiência enzimática e resistência a ação da vit D por mutações de receptores são raros. Ocorre mais comumente em crianças com doenças crônicas associadas e de baixo nível socioeconômico. Manifestações: Redução da absorção entérica de cálcio aumento do PTH compensatório redução da mineralização óssea atraso do crescimento, irritabilidade, dor óssea, hipocalcemia, hipofosfatemia, hiperfosfatasemia, raquitismo, osteomalacia. Raquitismo atraso desenvolvimento motor e erupção dentária, sudorese, fronte olímpica, atraso fechamento de fontanelas, crânio tabes, rosário raquítico (alargamento das junções consto- condrais), alargamento de punhos e tornozelos (alargamento metafisário), sulco de Harrison (atrofia diagrafmatica) e geno varo ou geno valgo. Triagem: apenas grupo de risco (insuficiência de exposição a luz solar, síndrome má absortiva, hepatopatas, nefropatas e uso de medicamentos (TARV, antifúngico azólicos, anticonvulsivantes, corticoide...). Antônio de Castro ATM 2022.1 Avaliação: dosagem de calcidiol (forma mais abundante estocada de vit D) por cromatografia de alta performance (HPLC) e espectro-cromatografia liquida de massa (LC-MS). A calcitriol é muito inespecífica. Na pratica se pede imunoensaio e radioimunoensaio por ser mais acessível. O valor ponto de corte para suficiência, insuficiência e deficiência de vit D se baseia na verdade em outros achados como elevação da FA, do PTH e marcadores de remodelamento ósseo. De maneira geral, hipovitaminose D é encontra abaixo de concentrações de 29 para insuficiência e de 12ng/mL para deficiência. Abaixo de 20 recomenda-se avaliação bioquímica complementar para raquitismo: cálcio, fosforo, magnésio, FA, proteínas totais e frações e PTH. O estudo radiológico (Mãos e punhos ou mãos e joelhos AP e tórax PA e P) devem ser solicitados quando labs sugiram raquitismo. Rx com alargamento metafisário com perda de contorno, principalmente em punho e tornozelo, alargamento de junções costo-condrais, fraturas em galho verde, geno varo ou valgo e deformidades torácicas. Tratamento: todos pacientes com deficiência, independente de sintomas e os com insuficiência desde que sejam grupos de risco. Reposição de colecalciferol. O calcitriol é indicado se hipopara, DRC, raquitismo dependente de vit D tipo 1 ou 2 e síndrome grave disarbisortiva. 100 UI eleva a concentração sérica em 0,7-1,0ng/ml de Vit D. Antônio de Castro ATM 2022.1 Obs.: a dose comulativa é mais importante do que a frequência de tomadas. Intoxicação: concentração sérica superior a 100ng/mL, associada à hipercalcemia, hipercalciúria e supressão do PTH, resultando clinicamente em náuseas, vômitos, poliúria, polidipsia, constipação, calcificação ectópica, nefrolitiase e depressão do SNC. Maior risco em pacientes com granulomatoses (TB e fungicas), linfomas e Síndrome de Williams. Atentar ao uso de vitaminas manipuladas. Deve-se suspender a reposição de vit D, iniciar hidratação venosa, diurético e corticoide. Profilaxia: Gestantes: colecalciferol 600-2000UI/dia, principalmente do 3T. Lactantes: 600-2000/dia, mulheres em aleitamento materno. Crianças e adolescentes: < 1 ano: 400UI/dia ou > 1 ano: 600UI/dia - Se prematuro, iniciar somente quando peso > 1500g - Se aleitamento materno exclusivo - se uso de formula láctea com ingestão de menos de 1000mL/dia - se não ingesta de 600UI/dia na dieta ou não tem exposição regular a luz solar (que nesse caso, devem ser estimuladas) - se dieta estritamente vegana, obesidade, hepatopatas, nefropatas, celíacos, Crohn, fibrose cística, hiperpara, em uso de anticonvulsivantes, corticoide, antifúngicos azolicos, TARV, rifampicina, orlistat, colestiramina.
Compartilhar