Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Isa Castilho - T6 RESUMO TUTORIAIS - UC 22 FISIOLOGIA DA INSULINA LOCAL DE PRODUÇÃO Células beta das ilhotas pancreáticas (Ilhotas de Langerhans) = pâncreas endócrino. A insulina é um hormônio anabólico (aumenta síntese proteica) SECREÇÃO As células beta produzem a pré-pro insulina, que é convertida/ clivada pela Peptidase em pró insulina, que é clivada em 2 = insulina e peptídeo C (sua dosagem ajuda a avaliar a secreção de insulina) ESTÍMULO DE SECREÇÃO Aminoácidos, ácidos graxos, glicose CONTROLE DE TRANSPORTE A entrada de glicose nas células é controlada pelo receptor GLUT 2 (hepatócitos, células beta, membrana basolateral do intestino delgado e túbulos renais, hipotálamo = sensibiliza a célula beta - DM1), fazendo que ela vire glicose 6 fosfato, ATP, inibe canais de potássio e libera cálcio e libera vesículas de insulina. Ocorre então relação com receptor de tirosinoquinase, que tem 2 subunidades (alfa e beta), sendo que a unidade alfa inibe a beta. A ligação da insulina no receptor libera a inibição e transfosforiliza a subunidade beta, causando exposição do GLUT 4 (normalmente fica internalizado dentro da célula = capta a glicose, sendo mais importante na resistência insulínica (DM2) - músculo esquelético e cardíaco, tecido adiposo), ele pode então ser expressou então ocorre a difusão facilitada da glicose, e então ocorra a liberação da insulina. A glicose precisa entrar na célula beta para que essa cadeia ocorra, e o GLUT 4 possa ser expresso, fazendo com que a glicose entre nas células GLUT 4 = faz externalização da glicose TECIDOS ALVO Músculo esquelético, fígado, cérebro (entrada ativa de glicose, sem insulina ou receptor), tecido adiposo DIABETES MELLITUS DM TIPO 1 DM TIPO 2 DEFINIÇÃO Distúrbio metabólico que causa hiperglicemia persistente, decorrente da deficiência na produção de insulina, na ação da insulina ou ambos. Existe um mosaico de características entre os tipos de DM (Ex.: 1 pode engordar, 2 pode ter autoimunidade) CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA - Tipo 1: perda total da secreção de insulina causada pela destruição das células beta, sendo que os sintomas clássicos começam a aparecer quando há destruição de 90% das Ilhotas. Mais comum na infância - 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune poligênica das células beta. Envolve predisposição genética e fatores ambientais que desencadeiam resposta imune (infecções virais, componentes da dieta, microbiota intestinal). O estado pré- diabético existe pois os autoanticorpos estão presentes meses/ anos antes da hiperglicemia. A LADA é um subtipo de DM tipo 1A (tem autoanticorpos presentes. Comprovada por exames laboratoriais (presença de um ou mais autoanticorpos circulantes: - (ICA (anti-ilhota) - IAA (anti-insulina, aparece mais rápido, mais em crianças) - Anti-GAD-65 (ativo por 20 anos, adultos) = anti-descarboxilase do ácido glutâmico - Anti-ZNT4 (altamente envolvido com diagnóstico de DM) - Anti-zinco (ZMT8A) e HLA DR3 e DR4). - 1B: deficiência de insulina de causa idiopática. Ocorre deficiência de insulina com ausência laboratorial de autoanticorpos circulantes (todos os autoanticorpos estão negativos), mas o tratamento é o mesmo do tipo 1A. Muito rara, idiopática - Tipo 2: perda progressiva da secreção de insulina, combinada à resistência insulínica dos tecidos periféricos, em adultos e idosos - DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação (24-28 semanas), com ausência de critérios de DM prévios, cessa no final da gestação - Outros: - MODY (doença monogênica, autossômica dominante, sem destruição total das células beta, mas com defeitos na sua ação, com 6 tipos = os mais importantes são tipo 2 (gene GCK, Londres) e tipo 3 (gene HNF1A, França)) - Neonatal - Secundária a endocrinopatias - Secundária a doenças do pâncreas exócrino - Secundário a infecções - Secundário a medicamentos EPIDEMIOLOGIA 5-10% de todos os casos de DM, atinge cerca de 30.000 brasileiros (3˚ país em prevalência). Mais diagnosticada em crianças, adolescentes, e adultos jovens. A LADA ocorre em pacientes mais velhos entre 30-50 anos (diabetes autoimune latente em adultos = "fase de lua de mel prolongada”). Afeta homens e mulheres na mesma proporção, a obesidade é menos frequente do que na DM2. História familiar pode ser um fator de risco (mais comum no tipo 2) Mais comum (90-95% dos casos), acomete pessoas com mais de 40 anos (incidência em crianças e jovens vem aumentando = aumento de resistência insulínica na puberdae). Mais comum em pacientes obesos ETIOLOGIA Pode ser idiopática (1B) ou autoimune (1A). A forma autoimune poligênica (associada ao HLA = tipo 1A, com autoanticorpos ICA/ anti-GAG geralmente presentes, e peptídeo C sérico baixo), fator genético associado, fatores ambientais (infecção vira) Multifatorial complexa, envolve genética (herança familiar poligênica = influência genética é mais forte na DM2 do que na DM1) e fatores ambientais FASES CLÍNICAS 1. Pré-clínica: susceptibilidade e autoimunidade começa a agir nas células beta 2. Início clínico dos sintomas: DM começa a se instalar 3. Remissão transitória: "Lua de mel" (período de remissão pós-diagnóstico (o pâncreas faz hiperprodução de insulina) = diminuir a dose de insulina pelo risco de hipoglicemia) 4. Progressão: sem regressão EFEITOS METABÓLICOS Hiperglicemia em jejum pela perda da produção de insulina basal, aumento do glucagon (causa aumento da produção de glicose), hipersecreção do GH (aumenta mais a produção de glicose), a ausência de insulina leva à liberação de hormônios catabolizantes, liberação de hormônios contrarreguladores = tudo isso ajuda a aumentar a hiperglicemia, podendo ter uma glicosúria (ocorre quando glicose > 180-200mg/dL) e hiperglicemia pós-prandial (não há insulina após a alimentação = aumenta a glicose), ácidos grãos livre aumentam (pela lipólise, formando corpos cetônicos, que podem causar a CAD), ocorre depósito no fígado e outros órgãos, impedindo a captação de glicose pelo fígado DIABETES MELLITUS Isa Castilho - T6 FISIOPATOLOGIA Ocorre desenvolvimento e perpetuação de hiperglicemia, associada a hiperglucagonemia e resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina. Isso causa aumento da produção hepática de glicose, aumento de lipólise e aumento de ácidos graxos livres, aumento da reabsorção renal de glicose, além de graus variados de deficiência na síntese e secreção de insulina pela célula beta QUADRO CLÍNICO Poliúria (diurese osmótica pois a glicose na urina “puxa” a água, fazendo o paciente urinar mais, causando polidipsia) a, polidipsia, polifagia (hipotálamo = diminuição do mecanismo da sede e da fome = precisa diluir mais a urina e comer mais), emagrecimento = sintomas clássicos e de inicio agudo. Cetoacidose pode ser uma manifestação inicial. Esses sintomas são clássicos da DM 1, mas podem ocorrer na DM 2. Visão turva ocorre por hiperosmolaridade no cristalino e amor vítreo causada pela hiperglicemia (> 180mg/dL) *LADA tem manifestações mais tardias Geralmente é assintomático ou oligossintomático. Obesidade geralmente está associada no diagnóstico (80% são obesos), além de outras comorbidades associadas (HAS, síndrome metabólica). Também pode ocorrer em crianças e adolescentes (obesidade infantil). Acantose nigricans geralmetnte é um sinal de resistência insulínica COMPLICAÇÕES Agudas: cetoacidose diabética (hiperglicemia, cetonemia, acidose metabólica, N/V, desidratação, poliúria, polifagia, astenia, perda ponderal, hiperventilação padrão Kussmaul), hipoglicemia, estado hiperglicêmico hiperosmolar não cetônico, cetoacidose alcoólica Microvasculares: nefropatia diabética (glomerulopatia), neuropatia diabética (periférica), retinopatia diabética, pé diabético (infecção, úlcera, anormalidade neurológica) Macrovasculares: doença coronariana, doença cardíaca, arteriopatia periférica Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica DIAGNÓSTICO DM 1 Laboratorial: sem sintomas =precisa de 2 testes. Se tem sintomas = sem necessidade de 2˚ teste. Dosagem de glicemia sérica ao acaso e independente do jejum, sem necessidade de 2˚ dosagem caso glicemia sérica aleatória > ou = a 200mg/dL. Na prática, pede curva glicêmica sempre que a glicemia de jejum > 99mg/dL - Glicemia em jejum: > ou = a 126mg/dL - Glicemia casual em qualquer hora do dia (ao acaso): > ou = a 200mg/dL, com sintomas de hipergliemia - Sobrecarga de glicose: > ou = a 200mg/dL - TOTG: > ou = a 200mg/dL (curva glicêmica = usado na gestação) - HbA1c: > ou = a 6,5% (não é confiável na DM gestacional, pois mostra quantidade de glicose dos últimos 3 meses) - Peptídeo C: avalia a secreção pancreática - Autoanticorpo: mais recomendado é o anti-GAD, para DM 1(presente até 10 anos após o início da destruição das células beta) - Frutosamida: “substitui" a HbA1c, são proteínas glicadas, principalmente a albumina, pedida quando há doenças que podem mimetizar a hemoglobina (anemia, DRC) *Diagnóstico: 2 exames laboratoriais alterados ou se 1 alterado e outro normal = repetir o alterado para confirmar, ou glicemia ao acaso > 200mg/dL *Metas: PA < 130/80, LDL < 100, HDL > 40 (homens) e > 50 (mulheres), TG < 150, CT < 200, creatinina 0,7-1,3 *Metas: glicemia capilar em jejum: < 130, glicemia capilar pós-prandial: < 180, glicemia sérica em jejum: < 100, glicemia sérica pós- prandial (TOTG): < 160, HbA1c: < 7% RASTREAMENTO Acima de 45 e abaixo de 45 anos com predisposição e obesidade, fatores genéticos, HAS, dislipidemia, SOP ou mulheres que tiveram DM gestacional. Usar o peptídeo C (se negativo = DM1, se positivo = DM2) DM TIPO 1 DM TIPO 2DIABETES MELLITUS Ocorre destruição autoimune ou idiopática das células beta pancreáticas, causando deficiência completa/ absoluta (que vai ocorrendo aos poucos) na produção de insulina, e os sintomas começam a se manifestar quando há destruição de 90% das ilhotas. Esse processo é desencadeado por um fator ambiental (infecções virais = mais comum) em pacientes geneticamente suscetíveis (com HLA DR3 e/ou DR4). Ocorre uma agressão inicial indireta, os anticorpos produzidos contra os antígenos virais lesionam as células beta (devido ao mimetismo molecular), com invasão linfocitária (linfócitos TCD8) específica das células beta = causa insulte linfocitária autoimune e produção de autoanticorpos: - Anti-ilotas (ICA) - Anti-insulina (AA) - Antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65) = é o mais útil nti-GAD é mais útil (tem alta prevalência, permanece + por mais tempo (mais de 10 anos de doença em 50% dos pacientes), demora mais para aparecer, os outros desaparecem logo) - Anti-zindo (ZMT8A) � *Lua de mel: período de remissão pós-diagnóstico (o pâncreas faz hiperprodução de insulina) = diminuir a dose de insulina pelo risco de hipoglicemia Isa Castilho - T6 TRATAMENTO DM 1 Insulinoterapia exógena: serva para mimetizar a insulina fisiológica (evitar picos glicêmicos). Dose inicial de 0,3 - 0,5 UI/kg/dia (Bedtime = 0,2 UI/kg) via subcutânea, 2/3 de manhã (2/3 NPH e 1/3 IR) de 1/3 de noite (1/2 NPH e 1/2 IR). Os esquemas de aplicação de insulina são 3: 1. Esquema de 2 aplicações: 2/3 da dose diária de manhã (70% NHP, 30% IR) e 1/3 à noite (50% NPH e 50% IR), sendo que à noite, tomar NPH após a janta e IR antes de dormir. Esse esquema deve ser ajustado pelas 3 glicemias capilares pré-prandiais e 1 antes de dormir 2. Esquema múltiplas doses 3. Esquema de infusão contínua: basal bolus - Insulina basal (evita lipólise e liberação hepática de glicose no período interalimentar) - Insulina durante as refeições/ prandial (bolus de refeição/ rápida (IR) ou ultrarrápida - Lispro, Aspart, Glulisina) - Doses para corrigir hiperglicemias pré-prandiais ou de período interalimentar (bolus de correção/ rápida) - NPH na hora de dormir pode ser feita para evitar o Efeito do Alvorecer (hipoglicemia ao acordar pela secreção de hormônios contrarreguladores durante a noite) - Diminuir a dose de NPH antes de dormir para evitar Efeito de Somogiy (hiperglicemia rebote de manhã devido a hipoglicemia da madrugada) - O ideal seria uma insulina basal de ação prolongada e insulina de ação ultrarrápida - Alterar a dose aos poucos (ajustes finos, ajustar horário antes de subir a dose, numa "dobrar a dose”) *NPH: ação intermediária = começa em 2-4h, pico em 4-10h, dura 10-18h (não ficar fora da geladeira 30 dias, só os análogos - FIASP) *IR: ação rápida = começa em 0,5-1h, pico em 2-3h, dura 5-8h *FIASP: ação ultrarrápida = começa em 0-10min, pico em 0,35-2h, dura 3-5h TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Dieta adequada (50-60% de carboidratos (aumentar 1UI de insulina para 10-15g de carboidrato = contagem de carboidratos), 10-20% de proteínas, 30-35% de lipídeos, preferir alimentos com baixo índice glicêmico), educação, plano individualizado de refeições, que deve interagir com a insulinoterapia, cessar etilismo e tabagismo, exercícios físicos (60min, 3x/semana, monitorar glicose antes/depois = dose menor de insulina antes de treinar para evitar hipoglicemia), automonitorização, cuidado com a pele e pés, cuidado com atividades físicas extenuantes, interpretar alterações glicêmicas de acordo com a dieta Manejo da hipoglicemia: - Leve: 15g de carboidrato (150mL de suco de laranja, 1 colher de açúcar) - Grave: 30g de carboidratos (evitar líquidos) ou glucagon IM (ambiente hospitalar) GLICEMIAS E INSULINA - Glicemia matinal: depende da NPH do jantar (noite anterior) - Glicemia pré-prandial (almoço): depende da IR da manhã (ação mais rápida) - Glicemia pré-prandial (janta): depende da NPH da manhã (demora mais para agir) - Glicemia antes de dormir: depende da IR da noite *Olhar na tabela de Dextro primeiro o jejum (horário inajustável). Analisar onde precisa de ajuste (horário com HGT mais alta), e saber que vai influenciar nos outros horários. Efeito Somogyi (hipoglicemia na madrugada + hiperglicemia rebote de manhã) e do Alvorecer (hiperglicemia de manhã, mesmo com níveis normais de noite) DM TIPO 1 DM TIPO 2DIABETES MELLITUS RETINOPATIA DIABÉTICA DEFINIÇÃO Complicação neurovascular específica do diabetes, geralmente irreversível, que ocorre quando o excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos dentro da retina. Se divide em retinopatia não-proliferativa leve, moderada e grave, e RD proliferativa. DM descompensado = sangue hiperosmolar que causa alteração do foco do critalino. A hiperglicemia ativa a via dos poliois, fazendo que a glicose seja convertida em sorbitol (aldose-redutase), localizado em vários tecidos, inclusive na retina. O sorbitol se difunde pelas membranas celulares causando dano, e esse sorbitol é insolúvel, formando cristais no cristalino, alterando a refração. Inicialmente os sintomas ocorrem por hiperglicemia, caso se perpetue pode ocasionar a retinopatia diabética. EPIDEMIOLOGIA Maior causa de cegueira na população entre 16-64 anos, acomete 90% dos pacientes com DM 1 FISIOPATOLOGIA Complicação neurovascular que causa perda irreversível da acuidade visual. Ocorrem microaneurismas que se rompem, levando a pontos de hemorragia. Pode estar associado ao edema macular diabético. A hiperglicemia causa hiperosmolaridade no cristalino, causando turvação visual. Gradiente do limiar da glicose: acima de 180 extrapola o limiar renal da glicose, causando glicosuria e turvação visual RETINOPATIA DIABÉTICA Isa Castilho - T6 FATORES DE RISCO Tempo de DM, má qualidade do controle glicêmico, HAS, puberdade, dislipidemia, gestação, tabagismo, nefropatia diabética, medicamentos, melhora muito rápida do controle glicêmico em pacientes cronicamente mal controlados QUADRO CLÍNICO Distorção de imagens, embaçamento visual, perda da visão. Pode cursar com período assintomático CLASSIFICAÇÃO Proliferativa inicial Proliferativa de alto risco DIAGNÓSTICO Exame periódico de acuidade visual, retinografia simples, retinografia fluorescente, TC de coerência óptica da retina, mapeamento de retina por oftalmoscopia,microscopia em lâmpada de fenda, tonometria. Doppler fisot: partículas de glicose no cristalino, a luz bate na partícula e desvia, não formando uma imagem clara, de “névoa" RASTREAMENTO A avaliação oftalmológica em pacientes com DM 2 deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico. A avaliação em paciente com DM 1 deve ser realizada 3-5 anos após o início do DM ou depois do início da puberdade, na gestação deve ser feito desde o início da gestação. Geralmente o acompanhamento ocorre de forma anual, se RD não proliferava moderada ou severa ou edema macular = acompanhamento trimestral TRATAMENTO Controle glicêmico, controle da HAS (< ou = a 140/90mmHg), controle da dislipidemia = servem para reduzir a progressão e o risco da retinopatia. Podem ser feitos tratamentos medicamentosos locais (infusão intravítrea de anti-inflamatório, injeção de VEGF), farmacomodulação com antiangiogênico, tratamento cirúrgico (cirurgia vitreorretiniana, implante intravítreo de polímero farmacológico de liberação controlada), fotocoagulação a laser (evitar prejuízo da visão central - visão em túnel/ tunelização) RETINOPATIA DIABÉTICARETINOPATIA DIABÉTICA � � � DM TIPO 2 DEFINIÇÃO Resistência periférica à insulina, que ao longo do tempo se associa à disfunção progressiva das células beta, causando uma espécie de “exaustão” secretório. A resistência à insulina é resultante de diversas fosforilações, entre elas a de serina (troca da tirosina em serina). Existem 12 sítios de ação da resistência EPIDEMIOLOGIA 90-95% dos casos de DM, mais comum após os 40 anos, mas com crescente incidência em crianças e adolescentes (obesidade infantil), em 80-90% dos casos está associada ao excesso de peso e demais componentes da síndrome metabólica. Pacientes diabéticos têm mais chances de desenvolverem CA, e os diabéticos desenvolvem imunossupressão FATORES DE RISCO Histórico familiar, obesidade (aumenta resistência periférica à insulina), > 45 anos, sedentarismo, diagnóstico prévio de pré- diabetes DM gestacional, componentes da síndrome metabólica (HAS, dislipidemia), adiposidade central (acúmulo de gordura visceral), tabagismo, baixo peso ao nascer (níveis mais elevados de pró-insulina = maior risco para desenvolvimento futuro de DM 2 ou síndrome metabólica), genética e história familiar, etnia (latinos, ameríndios, negros), dieta (excesso de ingestão calórica, excesso de gorduras e carboidratos), medicamentos (corticóides, antirretrovirais) ETIOLOGIA Complexa, multifatorial, com componentes genéticos poligênicos (gene da insulina, PPAR-gama, canal de K+ ATP-sensível, calpaína 10), forte herança familiar, fatores ambientais (dieta, obesidade, sedentarismo) FISIOPATOLOGIA A obesidade (gordura central) leva a uma maior liberação de ácidos graxos livres, que se acumulam no fígado e músculos, alterando o funcionamento de enzimas relacionadas à transdução do sinal da insulina, além da liberação de citrinas inflamatórias. Ocorre então a resistência insulínica, devido à menor entrada de glicose no citoplasma, menor inibição da lipólise e menor inibição da gliconeogênese hepática (= glicose na corrente sanguínea), deficiência de incriminas, aumento da síntese de insulina pelas células beta, causando acúmulo e precipitação de amilina na célula, com formação de depósitos patogênicos e conseguinte destruição das células beta. Esse estado inflamatório sistêmico causa meia vida mais curta dos receptores de insulina = auxilia no aparecimento da resistência. A hiperglucagonemia auxilia no estímulo da produção hepática de glicose DM TIPO 2 Isa Castilho - T6 FISIOPATOLOGIA Destruição das células beta: por mecanismo autoimune ou idiopático, causando hipoinsulinismo (hipoinsulinismo relativo = há aumento de insulina no início do quadro, mas esse aumento é insuficiente para controlar a glicemia). Ocorre declínio progressivo da função das células beta, com compensação (hipertrofia das células beta). O declínio ocorre junto com depósito de amilóide Obesidade/ gordura central/ visceral: a resistência insulínica (1˚ a surgir, faz com que a célula beta fique com uma exaustão secretório) está associada ao déficit secretório das células beta, ocasionando uma hiperglicemia crônica, associada ao agravamento da resistência insulínica e déficit secretório. Essa gordura central promove maior liberação de ácidos graxos livres na circulação, que se acumulam no fígado e nos músculos, alterando o funcionamento das enzimas relacionadas à insulina, além da liberação de citocinas inflamatórias pelo tecido adiposo na circulação. Ocorre produção de adipocinas (adiponectina) Resistência à insulina: a concentração de insulina (exógena ou endógena) é incapaz de produzir efeitos esperados, ocorrendo menor incorporação de canais GLUT-4 na superfície celular, causando menor entrada de glicose no citoplasma. Isso resulta em menor inibição da lipólise e menor inibição da gliconeogênese, causando maior produção hepática de glicose Exaustão secretória: no inicio do quadro há uma hipossensibilidade da célula beta à glicose, por menos expressão do canal GLUT-2 na membrana da célula, causando uma resposta subnormal da secreção de insulina pós-prandial (hipossecreção de insulina) = hiperglicemia. Também há deficiência de incretinas, contribuindo para menor resposta pancreática ao pico de glicose pós prandial. Progressão da doença: cursa com destruição das células beta, pois a resistência à insulina força as células a secretarem mais insulina, causando um acúmulo intracelular de anilina, formando depósitos amiloides patogênicos, ocorre alteração das incretinas e da função das células beta, com aumento da produção hepática de glicose, da filtração renal, e da lipólise Perpetuação da hiperglicemia: ocorre concomitantemente à hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, aumento da produção hepática de glicose, disfunção incretínica, aumento de lipólise e dos ácidos graxos circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose, além de graus variados de deficiência na síntese e secreção de insulina pela célula beta pancreática. A redução do GLP-1 = aumenta o glucagon sérico. SGLT-2 no rim = responsável pela reabsorção de glicose Genética: maior propensão em indivíduos geneticamente suscetíveis quando expostos a ganho de peso e inatividade física (acarretam resistência insulínica) Resumindo: fatores genéticos + ambientais —> resistência insulínica + hiperinsulinemia + tolerância normal à glicose —> hiperinsulinemia + tolerância diminuída à glicose —> falência das células beta —> DM QUADRO CLÍNICO Assintomático ou oligossintomático por um longo período, podem apresentar os sintomas clássicos de hiperglicemia, embora menos frequente que na DM 1 (poliúria, polidipsia, polifagia, perda ponderal), acantose nigricans ( causada por hiperceratose = excesso de queratinócitos), que são lesões de cor cinza e engrossadas, com aspecto verrugoso, cetoacidose COMPLICAÇÕES Estado hiperosmolar não cetônico: equivalente a cetoacidose diabética na DM1 = hiperglicemia causa poliúria e glicosúria, gerando desidratação, diminuição do nível de consciência, um gatilho pode ser infecção DIAGNÓSTICO DM TIPO 2 Pode ser feito por dosagem laboratorial de rotina ou manifestação das complicações crônicas. Pacientes com sinais e sintomas da doença obrigatoriamente devem fazer coleta de exames para confirmação. Mesmo assintomáticos, se tiverem fatores de risco deve ser feito rastreamento para diagnóstico precoce � � Isa Castilho - T6 RASTREAMENTO Deve ser feito através da glicemia de jejum, TOTG ou HbA1c, quando: - Se > ou = a 45 anos - Se < 45 com sobrepeso, obesidade (IMC > 25) ou mais um fator de risco para DM2 (pré-diabetes, histórico familiar em parente de 1˚ grau, negros, mulher com diagnóstico prévio de DM gestacional, doença cardiovascular, HAS, HDL < 35mg/dL e/ou TGC > 250mg/dL, SOP (toda paciente faz rasteio para resistência insulínica), sedentarismo, acantose nigricans) - Se laboratoriaisnormais, repetir o rastreamento a cada 3 anos (mas na prática, é feito exame todo ano) PREVENÇÃO MEV, atividade física aeróbica moderada, Metformina em mulheres com histórico de DM gestacional, com IMC > 35, HbA1c > 6% TRATAMENTO INÍCIO A escolha do medicamento se baseia em mecanismo de resistência à insulina, falência progressiva das células beta, múltiplos transtornos metabólicos (disglicemia, dislipidemia, inflamação), repercussões micro e macrovasculares, sendo que a meta do tratamento é a normoglicemia. A maioria dos pacientes não usa insulina inicialmente, mas sua necessidade de uso aumenta progressivamente com o prolongamento do tempo de doença (ocorre declínio progressivo da função da célula beta). A insulinoterapia pode ser utilizada a longo prazo ou em situações de internamento e não é utilizada em monoterapia no DM2 (associada ao esquema terapêutico ao longo do diagnóstico em casos com alto grau de descompensação metabólica). A dose de insulina é de 0,1-0,3 U/kg/dia, iniciando 1˚ com NPH, depois associando com a IR e por último a contínua. A insulina pode ser a forma principal de tratamento após um tempo curto se houver autoimunidade envolvida AÇÃO PRÁTICA Hipoglicemiantes/ secretagogos: aumentam a secreção de insulina, causam maior risco de hipoglicemia - Sulfonilureias: Glibenclamida, Gliclazida, Clorpropamida - Glinidas: Repaglinida, Nateglinida Anti-hiperglicemiantes: não aumentam a secreção de insulina, causam menos risco de hipoglicemia se em monoterapia - Biguanidas: Metformina (reduz produção hepática de glicose, ação sensibilizadora periférica) - Glitazonas: Pioglitazona (diminui lipólise) Os que aumentam secreção de insulina de maneira dependente da glicose e suprimem o glucagon: - Gliptinas/ inibidores da DPP-4: Linagliptina - causam estabilização do GLP-1 endógeno pela inibição da enzima que o degrada - Miméticos do GLP-1: Exenatida - Análogos do GLP-1: Liraglutida, Lixisenatida, Dulaglutida Os que causam glicosúria: não possuem relação com a secreção de insulina - Inibidores do cotransportador de sódio/ glicose 2: Empaglifozina, Canaglifozina, Dapaglifozina = também causam impacto de redução de mortalidade nos casos de IC DM TIPO 2 Agentes antidiabéticos orais: reduzem a glicemia. Divididos em: - Incrementam a secreção pancreática de insulina: Sulfonilureias e Glinidas - Reduzem a velocidade de absorção de glicídios: Inibidoreas das Alfa-Glicosidases - Diminuem a produções hepática de glicose: Biguanidas - Aumentam a utilização periférica de glicose: Glitazonas - Exercem efeito incretínico mediados pelos hormônios GLP-1 e GIP, aumentando a secreção de insulina quando a glicemia se eleva, controlam o incremento inadequado do glucagon: Exenatida (mimético) e Liraglutida, Lixisenatida e Dulaglutida (análogos) e Gliptinas (inibidores da enzima Dipeptidilpeptidase 4/ DPP-4) - Inibem recaptação de glicose nos rins, causando glicosúria: Inibidores do cotransportador de sódio/ glicose 2 � *Iniciar com MEV + medicações (conforme glicemia, sintomas e HbA1c). 3˚ medicamento oral ou insulina adicionados quando metas não forem atingidas em 1 mês ou HbA1c > 9% *Hospitalização se glicemia > 300mg/dL *Primeiro retorno após 1-3 meses, individualizar o tratamento, reavaliação a cada 3-6 meses até estabilização *Ajustar o tratamento se as metas terapêuticas não forem alcançadas (redução proporcional de HbA1c (evitar danos microvasculares a longo prazo), glicemia de jejum pré prandial < 100 + glicemia pós-prandial de 2h < 160-180) Isa Castilho - T6 TIPOS ICC: análogo GLP-1 (Liraglutida) ou ISGLT2 (Empaglifazina) - Não usar Glitazonas (Pioglitazona, causa retenção de líquido) Alto risco CV: análogo GLP-1 (Liraglutida) ou ISGLT2 (Empaglifazina). Idosos: DPP-4 é segura (Linagliptina) = idoso é > 75 anos IR: inibidor DPP-4 (Linagliptina) - Retirar biguanida (Metformina) e ISGLT2 (Empaglifozina). Obesos: análogo GLP-1 (Liraglutida) e/ou Metformina - Não usar secretagogos (Sulfonilureias [glibenclamida, gliclazida], Glinidas [repaglinida], causam ganho de peso). Esteatose hepática: Glitazonas (Pioglitazona) ITU de repetição: não usar SGLT-2 INSULINA Se esquema de insulinização plena, dividir em 3 administrações: antes do café, do almoço e da janta, iniciar com 0,5 UI/kg/dia. Insulinoterapia Bedtime se glicemia de jejum alta (0,2 UI/kg/dia, dose única, a noite + antidiabéticos) MEV Preferir gorduras mono e poli-insaturadas, prática de exercícios. A partir de perda de 5% do peso = melhora clínica ACOMPANHAMENTO Perfil lipídico e função renal (ureia, creatinina, urina de 24h) pelo menos 1x/ ano, fundoscopia e exame dos pés de 6/ 6 meses DM TIPO 2 NEFROPATIA DIABÉTICA/ DOENÇA RENAL DO DIABETES DEFINIÇÃO tipo de glomerulopatia/ glomeruloesclerose, é um dano renal a longo prazo causado pela hiperglicemia crônica. Ocorre espessamento da membrana basal e alteração dos podócitos. A doença renal dodiabetes pode ser insipiente, instalada, ter micro ou macroalbuminúria EPIDEMIOLOGIA Tem incidência de 20-40%, sendo a causa mais comum de insuficiência renal crônica terminal nos EUA e Europa, sendo um fatore de risco para HAS e outras doenças vasculares, começa a se manifestar após 5-10 anos do DM FATORES DE RISCO Duração do DM (mais tempo de doença = maior risco de desenvolver), HAS, microalbuminúria, tabagismo, hipercolesterolemia, obesidade, mal controle glicêmico FISIOPATOLOGIA A DM (hiperglicemia) leva a uma hipertensão capilar glomerular (ativação do SRAA), causando aumento da permeabilidade glomerular à proteína, com filtração aumentada de proteínas plasmáticas (hiperfiltração por aumento, na fase inicial, do tamanho dos rins, com hiperfunção), evoluindo com microalbuminúria (30-300mg de Albumina na urina de 24h). Ocorre então reabsorção tubular excessiva de proteína, com acúmulo de proteínas nas células tubulares proximais, liberação de citocinas pró-escleróticas, fibrogênese e consequente fibrose renal. Resulta em diminuição da massa de néfrons. Ao final, há uma glomerulosclerose difusa ou local com lesão de Kimestiel- Wilson, expansão/ proliferação do mesângio, neovascularização, aumento da pressão intra-glomerular, estresse oxidativo, fibrose e espessamento da membrana basal, hipertrofia, hiperfiltração glomerular, insuficiência renal progressiva e síndrome urêmica. A deposição excessiva de proteínas de matriz extracelular nos glomérulos é mediada por TGF-beta. Em resumo, há aumento da TFG —> microalbuminúria —> macroalbuminúria —> TFG diminuída. Glicação não enzimática: a glicose se liga aos grupos amino das proteínas, resultando em produtos iniciais da glicação não enzimática, como a Hb glicada. Produtos finais chamados AGEs também são formados. Esses produtos induzem maior síntese de matriz extracelular no mesângio determinando oclusão glomerular. Via dos polióis: a glicose em excesso é convertida em sorbitol por meio da enzima aldose redutase e acumula-se nos túbulos renais e gloméulos causando estresse hiperosmótico nas células e dano celular QUADRO CLÍNICO HAS, síndrome urêmica, paciente assintomático TFG RASTREAMENTO Anual, com base na albuminúria e TFG, após 5 anos no DM tipo 1 DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais: - EAS/ urinálise: - Se proteinúria —> pedir urina de 24h para avaliar Albumina - Sem proteinúira —> pedir amostra casual de Albumina (2 positivos em 3) em 3-6 meses / - Urina de 24h: > 300mg de proteínas, microalbuminúria NEFROPATIA DIABÉTICA/ DOENÇA RENAL DO DIABETES Início da nefropatia: TFG < 60 Nefropatia grave: TFG < 30 (encaminhamento para nefrologista) � Isa Castilho - T6 CLASSIFICAÇÃO TRATAMENTO Eficaz quando realizado na fase de microalbuminúria. Deve haver controle glicêmico rígido, controle da dislipidemia e controle da HAS (com iECA ou BRA, para reduzir a PA < 140/90mmHg). Tratar a DM2 + a nefropatia. Se o paciente tem algum nível de doença renal, fazer bloqueio no SRAA. Objetivo: diminuir a taxa de albuminúria e diminuir a progressão da doença,usando medicamentos que atuam no SRAA Medicamentoso: - iECA (Enalapril, Captopril), BRA (Losartana) ou inibidores da renina (Captopril, Enalapril), mesmo nos pacientes sem HAS = são nefroprotetores e atuam no SRAA - Paciente dialético = Insulina - Inibidores do SGLT-2 (tem efeito diminuído na doença renal avançada, mas fazem controle da glicemia) Não medicamentoso: - Restrição proteica (ajuda na TFG) - Controle da PA, uso de DIU Tiazídicos, antagonistas do cálcio e/ou BB - Controle glicêmico e de lipídeos (RCV) - Se clearance renal < 45 em uso prévio de Metformina, manter. Se não usa = não adicionar ADO contraindicados na DRC: Sulfoniluréias, Biguanidas, Inibidores SGLT-2. Seguro = inibidor DPP4, mas é pago, geralmente é insulina NEFROPATIA DIABÉTICA/ DOENÇA RENAL DO DIABETESNEFROPATIA DIABÉTICA/ DOENÇA RENAL DO DIABETES A classificação da doença renal em estágios considera níveis de TFG (5 estágios com níveis decrescentes de função renal) e de EUA (3 faixas de albuminúria normal, elevada e muito elevada). A TGF é estimada pela fórmula de CKD-EPI ou CG (mais simples e menos sensível) � Isa Castilho - T6 NEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICA DEFINIÇÃO Polineuropatia diabética (PND) é uma neuropatia causada pela hiperglicemia crônica. Ocorre uma sobrecarga mitocondrial, com aumento do sorbitol e frutose (via dos poliois), acúmulo no axônio e dano ao retículo plasmático e DNA FISIOPATOLOGIA Ocorrem anormalidades microvasculares e metabólicas com relação causal entre hiperglicemia (causa desidratação no neurônio+ insulinopenia) e progressão da doença. O endotélio nervoso é danificado pela hiperglicemia crônica, com produção de produtos de glicosilação avançada, estresse oxidativo, inflamação, microtromboses e lesões específicas. A lesão nervosa sofre efeito metabólico dependente de acúmulo de sorbitol nos axônios e comprometimento isquêmico endoneural. A variabilidade glicêmica leva a maior predisposição as lesões vasculares do que a hiperglicemia constante. O dano celular pode ocorrer em neurônios, células gliais e endotélio vascular, ativação de macrófagos, com disfunção do nervo e neuropatia. Dislipidemia causa excesso de ácidos graxos livres (LDL causa estresse oxidativo e apoptose), causando apoptose neuronal periférica. O aumento de radicais livres causa uma cascata de dano e morte celular, queda de fluxo neuronal = hipóxia do nervo. Pode haver alteração do vasa nervorum (DM1) QUADRO CLÍNICO Polineuropatia distal simétrica: - Fibras nervosas mielinizadas grossas: responsável pela pressão e equilíbrio (acometidas depois) - Fibras nervosas mielinizadas finas: responsável pela nocicepção e sensibilidade protetora (acometidas 1˚) APRESENTAÇÃO NEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICA 1. Focais e multifocais: sintoma característico do local da lesão - Mononeuropatias cranianas: infartos vasculares nos pares cranianos (III, IV, VI e VIII), mais em idosos, quadro agudo, doloroso e limitado (recuperação em 3 meses), podendo causar oftalmologia com ptose palpebral e diplopia, dor periorbital, alteração pupilar e paralisia facial. Afeta apenas 1 nervo - Mononeuropatia dos membros e neuropatia compressivas: feta apenas 1 nervo - MMSS: geralmente comprime o nervo mediano, causando Sd. Do Túnel do Carpo, mais em mulheres, obesos, mão dominante, causa dor intensa + parestesia. Pode acometer nervo ulnar, causando parestesia em 4˚ e 5˚ QD, com fraqueza para adução e oposição dopolegar (sinal de Fromen). Raramente acomete nervo radial (mão/ punho caído) - MMII: geralmente comprime o nervo peroneal, causando fraqueza da dorsiflexão do tornozelo (pé caído). Pode acometer o nervo tibial anterior (Sd. do Túnel do Tarso) e o nervo femoral lateral (Sd. Da Meralgia parentética = acomete face lateral da coxa) - Neuropatia truncal/ radiculopatia troncular: rara, mais em idosos, uni ou bilateral, acomete raízes nervosas torácicas, com origem vascular, dor intensa (queimação, lacinante), perda de peso. Atinge raízes nervosas, maioria lombar, sintoma conforme a raíz - Amiotrofia/ radiculopatia motora proximal: em idosos com DM2, comprometimento do nervo femoral, com isquemia, inflamação aumento das proteínas no líquor, recuperação em 3-12 meses, dor intensa (queimação) nas coxa, perda de peso. Atinge raíz - Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PNDIC): quando paciente com DM apresenta polineuropatia grave e motora, com evolução progressiva, com mais déficits motores graves do que sensoriais, pode ter achados de desmielinização com macrófagos (inflamação induzida por macrófagos). Encaminhar ao neurologista 2. Polineuropatias simétricas generalizadas: - Sensorial aguda (PND atípica): surge em qualquer estágio do DM. Tem evolução monofásica ou flutuante, com dor neuropática (dor em queimação e lacinante, choques, agulhadas, alodinia, hiperalgesia, caquexia neuropática, depressão e disfunção erétil), de início agudo ou subagudo - Sensoriomotora crônica (PND típica)*: mais comum, tem evolução crônica/insidiosa, é irreversível, está relacionada com hiperglicemia e outros fatores metabólicos e cardiovasculares, é simétrica, distal e com comprometimento sensoriomotor (sensorial 1˚ = finas). As fibras finas (fibras C = conduzem dor, controle do fluxo sanguíneo periférico, temperatura (1˚) e função sudomotora) são precocemente afetadas, enquanto as fibras grossas (relação com equilíbrio, quedas, pé diabético/ ulcerações, acomete pés, mãos e deformidades - dedo em garra, martelo, proeminência dos metatarsos e limitação articular. 1˚ acometido = reflexo tendinoso) são atingidos em estágios avançados. Geralmente surge no repouso, melhora com movimentos e piora de noite, com parestesia, alofonia ou hiperalgesia. Sintomas + ou -, padrão em "luvas e botas" - Neuropatia autonômica: é a 2˚ forma mais comum de polineuropatia, causando comprometimento de todo o SNA, podendo ter apresentação subclínica ou com sinais/ sintomas graves - Neuropatia autonômica cardiovascular (NAC): pode causar taquicardia sinusal, intolerância ao exercício, hipotensão ortostática, ausência de diminuição noturna da PA (labilidade da PA + taquicardia reflexa = IAM sem dor - denervação), tonturas, barramento visual, desmaios, maior mortalidade por arritmias, IAM e morte súbita - Intolerância ao exercício: diminuição assintomática da FC, PA e DC em resposta ao exercício (devido a denegação vagal) - Taquicardia de repouso: FC 100-130bpm em repouso = manifestação de fase tardia (aumento relativo do tônus simpático + comprometimento vagal) - Manifestações do TGI: constipação, diarreia explosiva noturna, disfagia, gastroparesia (afeta o manejo glicêmico e pode ser causa da variabilidade glicêmica e hipoglicemia inexplicável pela dissociação entre absorção dos alimentos e perfis farmacocinéticos da insulina e outros agentes) - Manifestações do TGU: paralisia do mm. Detrusor, alteração de sensação vesical, hesitação ao urinar, fluxo diminuído, retenção/ incontinência urinária, disfunção erétil e ejaculação retrógrada - Disfunção das glândulas sudoríparas: hiperidrose, anidrose, sudorese gustatória � Isa Castilho - T6 DIAGNÓSTICO NEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICANEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICA Avaliação clínica: avaliar pelo menos 2 tipos de sensibilidade (tátil, térmica ou dolorosa, vibratória, posicional), avaliar reflexos tendinosos (aquileu, patelar, tricipital), força muscular (paciente caminha na ponta dos dedos), presença de sinais e sintomas (pé caído, punho caído, pé diabético). Excluir outras causas (deficiência vitamínica - B12 e B6, infecções - HIV, hanseníase, hipotireoidismo, tumores, alcoolismo, iatrogenia, doença renal, amiloidose, trauma) - Fibras nervosas mielinizadas grossas: Reflexo aquileu diminuído/ ausente, percepção de vibração diminuída/ ausente, monofilamento de 10g diminuído/ ausente, propriocepção diminuída/ ausente - Sensibilidade tátil/ pressão plantar: estesioômetro (monofilamento 10g) em 10 pontos, teste do algodão - Sensibilidadevibratória: percussão com diapasão 128Hz em proeminências ósseas - Sensibilidade térmica: frio - Fibras nervosas mielinizadas finas: discriminação térmica (frio/quente) diminuída/ ausente, sensibilidade dolorosa (toque pontiagudo) diminuída/ ausente - Sensibilidade dolorosa: toque com palito e toque com algtcom superfície maior (ex.: palito deitado) - Sensibilidade térmica: quente - Disfunção autonômica: CARTS - testes reflexos autonômicos cardiovasculares (hipotensão postural, taquicardia reflexa - tem perda, FC em repouso - suspeitar de disautonomia cardiovascular quando FC > 100bpm, ECG, MAPA) Exames complementares: ENMG (avalia perda axonal - diminuição na amplitude e velocidade do impulso na fibra = desmielinização), biópsia do nervo/ pele superficial, ECG, ecodoppler, USG para TGU Diagnóstico diferencial: dosagem de B12, ácido fólico, avaliação tireoidiana, função renal, sorologias, transaminases (álcool, vasculites, amiloidose, intoxicação), hemograma (anemia) � � � � � � Isa Castilho - T6 RASTREIO/ PÉ DIABÉTICO Deve ser feito anualmente para investigação de neuropatia diabética a partir de 5 anos de DM1 e do diagnóstico de DM2. História clínica e exames dos pés, monofilamento 10g em 4 áreas, diapasão 128Hz, avaliar DAP (índice tornozelo braço - ITB), orientar (não andar descalço, inspeção dos pés, lavar e secar bem, tratamento adequado). Classificar a lesão, efetuar diagnóstico clínico de infecção (sinais, sintomas) e avaliar gravidade, descartar osteomielite (VHS, PCR, RX, RNM, prova óssea), ATB se necessário (Grau I-II por 1 semana, Grau III-IV por 2 semanas) TRATAMENTO SINTOMAS Medidas gerais: controle da glicemia, controle metabólico, MEV, fisioterapia, controle da variabilidade glicêmica, controle da glicemia, cessar tabagismo e álcool, uso de órteses, se necessário, suporte psicológico e orientação - Com base nos sintomas: - 1˚ linha: - Anticonvulsivante: Gabapentina (EA: tontura, sono, ganho de peso), Pregabalina (EA: tontura, sono, edema, cefaléia, peso), CBMZP - Antidepressivo tricíclico: Amitriptilina, Imipramina. EA: efeitos anticolinérgicos: boca seca, tontura, aumento da pressão ocular, visão turva - contraindicado em idosos e na presença de NAC - angina instável, IAM, IC, arritmias - ISRS: Duloxetina (EA: N/V, sono, tontura, constipação, boca seca, perda de apetite). Preferir = depressão, ansiedade, fibromialgia - 2˚ linha: - Opióides: Tramadol (fraco), Oxicodona (forte), Tapentadol liberação lenta, morfina, Nubain. Usar em monoterapia ou combinação - AINES: não recomendados - Agentes tópicos: - Capsaicina: creme que faz depleção tecidual da substância P (NT dos estímulos dolorosos) - Adesivos de lidocaína 5%: geralmente associados a outros analgésicos, boa resposta - Spray de nitrato de isossorbida: reduz a sensação de queimação - Adesivos de nitroglicerina: reduzem a dor - Combinado: Duloxetina (60mg/dia) + Pregabalina (300mg/dia) - Outros: acupuntura, TENS TRATAMENTO FISIOPATOLOGIA - Antioxidantes: - Ácido tióctico (AT) /Ácido alfalipoico (AAL): inibe a formação de radicais livres, reduz déficits, FC, força muscular, melhora queimação e dormência - Benfotiamina: derivado de tiamina lipossolúvel (vitamina B1) - poucos estudos - Inibidores da Aldose redutase: atua na via do poliol do metabolismo da glicose. Epalrestate, Ranirestate - possuem falha e toxicidade TRATAMENTO DISFUNÇÕES AUTONÔMICAS - Gastroparesia: refeições pequenas e frequentes, uso de procinéticos (Metoclopramida, Domperidona, Eritromicina, Levossulpirida) - Diarreia: fibras solúveis, restrição de glúten/ lactose, ATB (Metronidazol, Ciprofloxacino), antidiarreicos (Loperamida), anticolinérgicos (Escopolamina, Codeína) - Constipação: dieta com fibras, agentes lubrificantes - Hipotensão ortostática: evitar mudanças posturais bruscas, meia elástica. Fludrocortisona, Clonidina, Propanolol, sódio na dieta - Taquicardia sinusal - disautonomia: betabloqueadores (BB cardiosseletivos), ingesta de sódio (menos em paciente com HAS) - Bexiga neurogênica: Doxasozina, autocauterização, manobra de Credé - Disfunção sudomotora: lubrificantes emolientes, glicopirrolato tópico, toxina botulínica - Ejaculação retrógrada: Alfa-adrenérgicos (Pseudoefedrina, Imipramina, Fenilefrina) - Disfunção erétil: inibidores da fosfodiesterase 5 (iPDE-5 = Tadalafila, Sildenafila, Vardenafila), prótese - Secura vaginal: lubrificantes, cremes vaginais hormonais TRATAMENTO MEDICAMENTO PREVENÇÃO NEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICANEUROPATIA DIABÉTICA PERIFÉRICA � Infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associados a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos MMII = neuropatia + vasculopatia. A neuropatia impede que o paciente note um calo/ ferida, podendo ulcerar ou infeccionar = isquemia distal leva à gangrena. Pé de Charcot: pé com arco desabado (grave, pode ser causada por trauma). Classificação de Wagner: avalia isquemia/ gangrena —> grau 0: neuropatia/isquemia, sem úlcera, grau I: úlcera superficial, grau II: ;ulcera profunda sem abscesso/ osteomielite, grau III: úlcera profunda com celulite/ abscesso/ gangrena/ osteomielite, grau IV: gangrena úmida em pododáctilo, grau V: gangrena úmida em todo pé. Amputação sempre necessária nos graus IV- V. A classificação de risco é 0 (educação, aconselhamento, seguimento anual generalista), 1 (sapato especial, cirurgia profilática, educação, seguimento em 3-6 meses generalista/ especialista), 2 (sapato especial, seguimento em 2-3 meses por especialista vascular) e 3 (sapato especial,, seguimento por especialista em 1-2 meses) � Isa Castilho - T6 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS OBESIDADE SÍNDROME METABÓLICA PRÉ-DIABETES � *Pose ser feita apenas CA, prega cutânea, pesagem hidrostática, bioimpedância, absorciometria com RX com DEXA (padrão ouro). Circunferência cervical ajuda na estratificação de risco da apneia do sono � *MEV, medicamento anti-hiperglicemiante (Metformina, Pioglitazona, Orlistat) � SINAL DA MAÇANETA Colocação de importantes/ novas informações pelo paciente no final da consulta. É um indicador das preocupações, medos e principais motivos da consulta, revelam a agenda oculta da pessoa. Os médicos devem aperfeiçoar o reconhecimento dos problemas, escuta inicial do paciente, sem interrupções, avaliação ampla, aplicar a medicina centrada na pessoa (MCCP), analisar sinais verbais e não verbais, perguntar “algo mais?” (previne demandas aditivas), questionais sentimentos, ideias. É causado por uma deficiência de comunicação Isa Castilho - T6 OBESIDADE SÍNDROME METABÓLICA DEFINIÇÃO IMC > 30, complexa interação entre ambiente, genética e comportamento Conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver DCV, IAM, AVC EPIDEMIOLOGIA Vem apresentando aumento progressivo, 40% da população brasileira tem sobrepeso, 10% tem obesidade. É um fator de risco para HAS, DM, dislipidemia, DCV (IAM, AVE), apnéia do sono, osteoartrose de MMII Causa aumento de até 5x no risco para DM2 e 2x no risco para DCV nos próximos 5-10 anos, risco aumentado em 2-3x para AVE, 3-4x para IAM, rara antes dos 20 anos, sua prevalência vem aumentando FATORES DE RISCO História familiar (componente genético + ambiental), baixo nível socioeonômico (baixo custo de alimentos com grande densidade energética), sexo feminino ETIOLOGIA Multifatorial, com interação de genes (poligênica), fatores ambientais, estilo de vida e fatores emocionais. 95% dos casos = obesidade primária (etiologia exata não conhecida). 1-5% dos casos = obesidade secundária (causa pode ser estabelecida, sua correção pode reverter a obesidade - Síndrome de Cushing, hipotireoidismo, SOP, doença hipotalâmico/ Síndrome de Down, Síndrome de Prader-Willi, Síndrome de Bardet-Biedl, cirurgia hipotalâmica, distúrbios psiquiátricos/ depressão, bulimia, transtorno de compulsão alimentar, medicamentos - lítio, ISRS, ADO) FISIOPATOLOGIA Componentesprimários no sistema neuroendócrino envolvidos com a obesidade: 1. Sistema aferente: Leptina e sinais de saciedade e apetite a curto prazo 2. Unidade de processamento do SNC: hipotálamo 3. Sistema eferente: complexo do apetite, saciedade, efetores autonômicos e termogênicos (estoque energético = pode ser alterado por aumento do consumo calórico, diminuição do gasto energético ou ambos) Substâncias anorexígenas: inibem o apetite ou estimulam a saciedades - Ex.: serotonina, noradrenalina, alfa-MSH (promotor da saciedade derivado da POMC), fator de transcrição regulado pela cocaína e anfetamina, leptina Substâncias orexígenas: aumentam o apetite e inibem a saciedade - Ex.: neuropeptídio Y, grelina Quando ocorre a refeição, há uma resposta vagal com liberação de hormônios (CCK, peptídeo Y, peptídeo glucagon-like tipo 1) que inibem a vontade de comer (anorexígenos), além da grelina (liberada pelo estômago e duodeno, orexígena). A privação de sono causa diminuição da secreção de leptina e TSH (anorexígenas), aumentando os níveis de grelina (orexígena) e diminuindo a tolerância à glicose = aumento da fome e do apetite. Ocorre uma redução na produção de melatonina, causando resistência à insulina, intolerância à glicose e desorganização circassiana metabólica, resultando em obesidade. O estado inflamatório crônica leva à destruição dos neurônios do hipotálamo. Pode haver alteração da Zona termoneutra/ efeito termogênico (amplitude térmica = grande estresse ao corpo = gasto calórico), composição microbiana alterada (origem infecciosa, adenovírus), resistência insulínica e disjuntores endócrinos (substâncias lipofílicas produzidas industrialmente). O acúmulo excessivo de gordura corporal na forma de TG = secreção aumentada de ácidos graxos e peptídeos = distúrbios metabólicos, oxidação, RI, dislipidemia, HAS, DCV Fisiologia da Leptina: liberada pelos adipócitos em resposta à hiperalimentação e ganho de gordura corporal, inibindo o apetite (anorexígena) e ativando a saciedade por bloquear a liberação do peptídeo Y no hipotálamo (orexígeno) e por estimular a secreção do alfa-MSH (anorexígeno) - Obeso = leptina baixa - NPY = baixinho jejum, aumenta na alimentação QUADRO CLÍNICO/ DIAGNÓSTICO IMC: não distingue massa gordurosa de massa magra, não reflete a distribuição da gordura corporal, pode subestimar a presença de gordura visceral intra- abdominal (fator de risco pra DCV), não reflete o mesmo grau de gordura em diferentes populações, particularmente por causa das diferentes proporções corporais - Adultos: IMC > ou = a 30kg/m2 (sobrepeso = IMC > ou = a 25-29kg/m2) - Crianças: IMC maior que o percentil 95 para sexo e idade - Idosos: IMC entre 22-27kg/m2 em idosos com sarcopenia e aumento de tecido adiposo Avaliação da distribuição da gordura corporal: valores que demonstram maior risco de complicações metabólicas - Circunferência abdominal: reflete menor o conteúdo de gordura visceral, se associa à gordura corporal total. Pedir para o paciente inspirar fundo, a medida é feita no final da expiração, entre a última costela e a crista ilíaca, no maior perímetro abdominal - Homem branco: > 94cm - Mulher branca: > 90cm - Homens asiáticos: > 90cm - Mulheres asiáticas: > 80cm - Outros: bioimpedância, USG, TC, RNM, absorciometria com RX de dupla energia (DEXA), espectrometria por raios infravermelhos Implicações clínicas da SM: DM2,dislipidemia, HAS, doença hepática gordurosa não alcoólica, apneia do sono, hipogonadismo hipogonadotrófico, disfunção erétil, SOP, infertilidade, maior risco de Alzheimer, câncer e mortalidade, incluindo a cardiovascular Critérios NCEP-ATP III: 3 ou + critérios - Obesidade abdominal (cintura > 102cm em homens/ > 88cm em mulheres) - TG > 150mg/dL - HDL-c < 40mg/dL (homens), < 50mg/dL (mulheres) - PA > 130/85mmHg - Glicemia de jejum > 110mg/dL Critérios IDF*: obesidade central (perímetro abdominal > 90cm em homens, > 80cm em mulheres sul- americanos) + pelo menos 2 critérios - TG > 150mg/dL (ou tratamento para dislipidemia) - HDL-c < 40mg/dL (homens), < 50mg/dL (mulheres) - PA > 130/85mmHg (ou tratamento para HAS) - Glicemia de jejum > 100mg/dL A medida da cintura deve ser usada para acompanhamento do tratamento, usada em conjunto com IMC para estratificação de RCV e risco de desenvolvimento de DM2. Ela é menos sensível que a RCQ (avalia distribuição do tecido adiposo) como marcador RI e risco cardiovascular Isa Castilho - T6 COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA Esteatose hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA): compreende esteatose (acúmulo de ácidos graxos no fígado), esteado-hepatite não alcoólica (EHNA) e pode evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular Osteoartrose: tecido adiposo está relacionado com liberação de subst6ancias como adipocinas (Leptina, Adiponectina, Resistina). Leptina tem um grau maior de destruição de cartilagem TRATAMENTO Objetivos: redução global de risco por redução do peso em 5-10% em 6 meses, reduzir o peso numa taxa de 0,5-1kg semana, manter o peso após a perda, dieta hipocalórica, com intuito de melhorar as complicações da obesidade (Ex.: DM, HAS) TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Perda de peso, mudanças dietéticas (dieta DaSH, cetogênica e do mediterrâneo, jejum intermitente), atividade física de moderada ou alta intensidade (> 75min/semana), terapia cognitiva-comportamental, questionário de frequência alimentar (QFA), registro alimentar, recordatório de 24h (R24), avaliar perfil alimentar (beliscador, comedor noturno, comedor compulsivo, bulimia, compulsão alimentar) Perda de peso, mudanças dietéticas (dieta DaSH e do mediterrâneo), atividade física (30-40min/dia) TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Indicações: - IMC > 30 - IMC > 25-27, com comorbidades - Falha em perder peso com tratamento não farmacológico Sibutramina: ISRSN (anorexígeno), causa redução média de peso em 6 meses, deve ser mantida por 1-2 anos. Caso não haja perda de peso nos primeiros 2 meses = suspender. 1˚ escolha - Efeitos adversos: cefaléia, constipação, insônia, xerostomia, aumento do risco cardiovascular - Contraindicações: bulimia, anorexia, HAS não controlada, arritmia, ICC, AVE, DAC, IMAOs, DCV (incluindo diabéticos com +1 fator de risco) - Dose: 10mg Orlistate: inibidor das ligases pancreáticas, causa a não absorção de 1/3 dos triglicerídeos. Inibe as ligases que são catalisadoras da quebra dos triglicerídeos emaciados graxos livres, fazendo com que os triglicerídeos permanecem não digeridos. Resulta em perda de peso, melhora o perfil lipídico. Pode ser usado em associação à Sibutramina (sozinho = fraco) - Efeitos adversos: TGI (esteatorreia, diarreia), flatos, desconforto abdominal, urgência fecal, risco de má absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) - Dose: 120mg antes das refeições (360mg/dia) Liraglutida: análogo GLP-1 (incretina endógena) que bloqueia liberação do neuropeptídio Y (orexígeno) nos centros hipotalâmicos. Única droga indicada quando IMC> 27 com comorbidades. Pode ser usada em pacientes com DM2 + obesidade (não causa hipoglicemia) - Efeitos adversos: lenificação do esvaziamento gástrico, N/V - Dose: 3mg Medicamentos off-label: Topiramato (antiepiléptico = compulsão, ansiedade), Bupropiona (antidepressivo) + Naltrexona (antagonista de receptor opióide), dimesilato de lisdexanfetamina (dextroanfetamina - Venvanse = compulsão). Geralmente ajudam quando há algum outro quadro associado REAVALIAÇÃO Reavaliar a cada 3 meses: se perda < 10% peso mudar abordagem, se > 10% continuar, entre 5-10% aumentar dose medicamentosa, se < 5% intervir na abordagem (inefetiva) OBESIDADE SÍNDROME METABÓLICA � Tratamento da HAS, DM, dislipidemia, obesidade, estado pró-coagulante e pró-inflamatório - HAS: monoterapia ou terapia combinada (IECA, BRA, BB, BCC) - DM: hipoglicemiantes orais - Dislipidemia: Estatinas - Obesidade: análogo do GLP-1 ou inibidor do SGTL-2 - Estado pró-coagulante e pró-inflamatório:AAS � Isa Castilho - T6 TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE PÓS OPERATÓRIO Complicações: distúrbios ácido-base, hiperproliferação bacteriana, anormalidades eletrolíticas, deficiência vitamínica, deficiência de ferro, osteoporose, deficiência de tiamina, deficiência de vitamina B12 Suplementação nutricional: citrato de cálcio, vitamina D3, vitamina B12, ferro OBESIDADE SÍNDROME METABÓLICA Cirurgia bariátrica: possui 2 componentes - Componente restritivo: causa uma redução do estômago, gerando saciedade precoce com alimentos sólidos) - Componente disabsortivo: redução da absorção intestinal de nutrientes). Pode causar deficiência nutricional (ferro, vitamina B12, cálcio, tiamina - B1, folato) Indicações: pacientes com > 18 anos - IMC > 40kg/m2 - IMC > 35kg/m2 + pelo menos 1 das 21 comorbidades - Falha no tratamento clínico após 2 anos - Obesidade grave > 5 anos - 16-18 anos podem ser operados (equipe com pediatra, com cartilagens de crescimento consolidadas nas epífises dos punhos) � Tipos de cirurgia bariátrica: - Banda gástrica ajustável: anel de silicone no estômago superior - Cirurgia de Capella: gastroenteroanastomose em Y de Roux, diminui a câmara gástrica, causa disabsorção de nutrientes por perda funcional do intestino delgado, redução de liberação de grania pelo estômago e duodeno � � FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO CRESCIMENTO NORMAL Depende de vários fatores: hormônio do crescimento, outros hormônios, dieta adequada, ausência de estresse crônico, genética. Avaliar dosagem de GH, IGF-1 e hormônios sexuais em casos com suspeita de alteração HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, GH, SOMATOTROFINA É liberado por toda a vida, embora atue mais na infância e seu pico seja na adolescência. Os estímulos para secreção do GH são integrados no hipotálamo, que secreta 2 neuropeptídeos no sistema porta hipotalâmico-hipofisário: Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) e hormônio inibidor do hormônio do crescimento (somatostatina). O GH é secretado de forma pulsátil pelos somatotrofos da adeno-hipófise, promovendo o crescimento e diferenciação celular. O GH estimula a secreção dos fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF tipo 1 e 2), envolvidos na proliferação e crescimento celular, além do feedback negativo no GH. O IGF atua no crescimento das cartilagens e o GH dos osso VIDA UTERINA Placenta produz GH placentário para estimular IGF 1 e 2 fetais. A VC média é de 1,2 a 1,5cm/semana. No final da gestação se inicia processo de desaceleração da VC, que persiste até o final da puberdade. A partir do pós natal que o GH hipofisário passa a ter importância no crescimento INFÂNCIA A VC começa a ser diferente ao longo dos anos, comatuação especial do padrão genético de altura, que pode ser avaliado por meio dos gráficos. Após o 3˚ ano de vida ocorre redução gradual da velocidadede crescimento, até atingir 4-6cm/ano. 1˚ ano cresce 25cm, 2˚ ano cresce 12cm, 3˚ ano cresce 8cm. O padrão genético de altura é estabelecido nos primeiros 3 anos de vida FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO Isa Castilho - T6 CRESCIMENTO E GH O crescimento normal depende de diferentes fatores: GH e outros hormônios, dieta adequada, ausência de estresse crônico, genética. O GH é liberado por toda vida, mas o principal papel é na infância e pico na adlescência. Os pulsos de GHRH (hormônio liberador do hormônio do crescimento) no hipotálamo estimulam a liberação/ secreção em pulsos do GH pelos somatotrofos da adeno-hipófise, causando crescimento e diferenciação celular. O GH estimula IGFs 1 e 2 pelo fígado e outros tecidos, esses IGFs fazem um Feedback negativo. O GH participa da regulação do metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos. GH e IGFs são anabólicos para as proteínas e promovem síntese de proteínas (essencial para crescimento) e estimula o crescimento ósseo, os IGFs atuam no crescimento das cartilagens. GH aumenta as concentraçoes plasmáticas de ácidos graxos e glicose (promove degradação de lipídeos e produção hepática de glicose) PUBERDADE A puberdade decorre da ativação e maturidade do eixo gonadal + aumento da secreção dos androgínicos adrenais (adrenarca). Estirão dura 2 anos da IO da criança (a velocidade de crescimento aumenta para 8-12cm/ano). Após o estirão puberal a criança cresce em uma velocidade mais lenta (poucos cm pelos próximos 2 anos) Nas meninas: a adrenarca ocorre aos 6-7 anos e se mantém até 13-15 anos. o 1˚ sinal da puberdade é a telarca (aparecimento das mamas) aos 8-13 anos, depois os pelos pubianos (pubarca). A aceleração crescimento é identificada precocemente com a telarca e antecede a monarca (acontece 2 anos após a telarca). Ainda cresce por 1-2 anos em velocidade baixa, as cartilagens epifisárias se fechado aos 14 anos da IO (termina o estirão puberal). Estirão é o 1˚ sinal da puberdade, ocorre no início do desenvolvimento puberal (Tanner II) Nos meninos: a 1˚ manifestação é o aumento do volume testicular (3mL = início da puberdade), pubarca posteriormente e o pico de velocidade (= estirão) acontece 2 anos após o início da puberdade (13-15 anos de IO), após 1-2 anos do estirão, as cartilagens epifisárias se fecham, termina o estirão com aproximadamente 16 anos de . O estirão ocorre apenas no final do processo liberal (Tanner III/IV) ESTATURA ALVO FISIOLOGIA DO CRESCIMENTOFISIOLOGIA DO CRESCIMENTO � BAIXA ESTATURA DEFINIÇÃO Qualquer criança cuja altura esteva abaixo do percentil 3 (1,96 DP abaixo da média) EPIDEMIOLOGIA 3% das crianças normais apresentam baixa estatura. Desnutrição é a causa mais comum (reduz a ligação do GH nos receptores hepáticos e do IGF-1, também causa alteração no peso) ETIOLOGIA BAIXA ESTATURA PATOLÓGICA Causas não endócrinas: - Variantes do crescimento normal: retardo constitucional do crescimento e puberdade, baixa estatura familiar - Baixa estatura desproporcional: displasia óssea - Doenças crônicas: renais (rins hipoplásicos, acidose tubular renal, nefrite crônica), cardíacas (cardiopatias congênitas, ICC), hematológicas (talassemia, anemia falciforme), GIs (DII, doenças hepáticas crônicas, doença celíaca, fibrose cística, Chron, desnutrição - principal causa de falha do crescimento), respiratórias (asma - com uso crônico de corticoide, fibrose cística), imunológicas (doenças do tecido conjuntivo, AR juvenil, infecções crônicas), congênitas (Síndrome de Down, Síndrome de Turner, displasia esqueléticas, síndromes genéticas) - Doenças congênitas/ Síndromes genéticas: Sd. de Down, Sd de Turner (baixa estatura + atraso puberal + amenorreia primária) - Deficiência de GH: pode ser congênita ou adquirida, tipo IA (congênita grave - fronte proeminente, basal nasal achatada, mandíbula pequena, microfalia, implantação anômala dos dentes permanentes, voz fina, timbre alto, peso excessivo, deposição de gordura no tronco, nistagmo congênito, hipoglicemia, icterícia prolongada por acúmulo de BI), IB, II e III. Só deve ser investigada após exclusão de outras causas de crescimento deficiente - Baixa estatura psicossocial - Baixa estatura idiopática - Retardo do crescimento intrauterino Causas endócrinas: hipotireoidismo primário (congênito ou adquirido, pouco frequente), Síndrome de Cushing (endógena ou exógena)/ uso de corticoides, deficiência congênita de GH (isolada ou associada a outras deficiências), deficiência adquirida de GH, tumores hipotálâmico-hipofisários, histiocitose X, infecções do SNC, TCE, irradiação craniana, síndrome da sela vazia, distúrbios do metabolismo da vitamina D, DM1 mal controlado, diabetes insípidos não tratada, resistência ao GH, deficiência de IGF-1 *Investigar quando além de uma altura Z escore -2, há velocidade de crescimento reduzida TRATAMENTO Tratar a causa de base Reposição hormonal com GHRH: deficiência/ insuficiência de GH, Síndrome de Turner, PIG sem recuperação espontânea, BEI, síndrome de Prader Willi BAIXA ESTATURA Isa Castilho - T6 INVESTIGAÇÃO Indicações: crianças com estatura abaixo do percentil 3 (-1,96 DP abaixoda média para a idade), crianças com estatura abaixo do potencial familiar/ genético (1 a 2 desvios padrões abaixo da média da altura dos pais), aquelas com VC baixa (< 5cm/ano em crianças de 3-12 anos), independentemente do percentil da estatura, declínio progressivo da altura para percentuais mais baixos (após 18 meses de idade), retardo na idade óssea em relação à idade e altura Avaliação do crescimento: mensurações seriadas que determinam VC (velocidade de crescimento = quanto a criança cresceu em 1 ano). Não se deve utilizar período inferior a 3 meses, nem maior que 1 ano. Investigação: - História: gestação (doenças, drogas, álcool, progressão da gestação, consanguinidade), eventos perinatais, peso e tamanho ao nascer, histórico de doenças, histórico do crescimento (gráficos com medidas anteriores), traumas, infecções, alterações neurológicas, medicamentos, histórico alimentar (amamentação, introdução alimentar, padrão alimentar atual), puberdade dos pais, altura dos pais - Exame físico: palpação de tireóide, estadiamento puberal (estágios de Tanner), medida da altura (< 2 anos = em decúbito, > 2 anos = em pé, encostado na parede), medida dos segmentos corporais (perímetro cefálico, envergadura, segmentos inferiores, altura sentada), cálculo da VC (cm/ano - estimar por ano ou no máximo por semana). Recomenda-se que a criança < 2 anos seja medida deitada e a > 2 anos em posição sulina contra a parede - Exames laboratoriais: hemograma, VHS, perfil bioquímico sérico (cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, creatinina, ionograma), albumina, glicemia em jejum, TSH, T4 livre, RX - idade óssea, exames específicos (cariótipo, anticorpo antitransglutaminase e antiendomísio - doença celíaca, teste de estímulo com GH - deficiência de GH, TC/ RNM cranioencefálica - neoplasias hipotálamo-hipofisárias) Atraso de puberdade: hormônio luteinizante (LH), hormônio folículoestimulante (FSH), estradiol ou testosterona (dependendo da necessidade de avaliação puberal), hormônio basais hipofisários, Prolactina - Síndrome de Kallman (hipogonadismo hipogonadotrófico): teste olfatório, RM de sulcos e bulbos olfatórios e USG renal; Testosterona ou estradiol; USG pélvica BAIXA ESTATURABAIXA ESTATURA BAIXA ESTATURA BAIXA ESTATURA FAMILIAR (BEF) RETARDO CONSTITUCIONAL DE CRESCIMENTO E PUBERDADE (RCCP) BAIXA ESTATURA IDIOPÁTICA (BEI) DEFINIÇÃO É uma variante do crescimento normal É uma variante do crescimento normal. Também chamada de baixa estatura constitucional Baixa estatura na qual não se sabe identificar a causa (BEF e RCCP não se enquadram) EPIDEMIOLOGIA Causa mais comum de déficit de crescimento Mais comum no sexo masculino 60-80% dos casos de todas as crianças com BE ETIOLOGIA Familiar Pode ocorrer por deficiência transitória de GH pela falta de esteróides sexuais. Hipogonadismo hipogonadotrófico: falta de gonadotrofinas (FSH e L), hipogonadismo hipergonadotrófico: falta de resposta das gônadas (sem Feedback da testsosterona, progesterona e estrogênio) = LH e FSH altos. Doenças crônicas atrasam a puberdade causando nutrição inadequada e prejuízo da liberação hormonal de gonadotrofinas Deficiência parcial de GH, formas parciais de insensibilidade ao GH, deficiência primária de IGF-1 (com secreção normal de GH) QUADRO CLÍNICO Estatura abaixo do 3˚ percentil, dentro do alvo familiar, desenvolvimento puberal adequado para a idade e maturação óssea também compatível com a idade cronológica, VC adequada para idade cronológica Estatura abaixo do alvo familiar (3-5cm abaixo do alvo final), atraso da idade óssea em 2 anos, início tardio da puberdade, histórico familiar de atraso puberal, sem sintomas/ sinais de outras doenças sistêmicas. A queda do crescimento geralmente começa entre 4-6 anos. Atraso da IO (em 2 + anos), o que torna a previsão da estatura final adequada para o padrão familiar. A secreção de hormônios é normal, sem atraso liberal Estatura abaixo de 2 DP para seu sexo e idade, com tamanho e peso normais ao nascimento, proporções corporais normais, sem evidência de doenças crônicas, sem alterações psicossociais, com nutrição adequada. DIAGNÓSTICO Avaliar a história familiar (algumas vezes os pais não apresentam baixa estatura importante, mas outro parente sim, como avós ou tios de primeiro grau). Diferenciar das displasia ósseas. Não é necessário nenhum exame de investigação. Avaliação da secreção de GH pelo teste de estímulo geralmente é normal Critérios: -Ausência de doença sistêmica -Nutrição normal -Exame físico normal -Função tireoidianas e GH normais -Sem alterações laboratoriais (hemograma, VHS, eletrólitos, glicemia) -Altura < 3˚ percentil, mas com taxa de crescimento anual > 5˚ percentil para a idade -Retardo puberal -Meninos: falha em G2 de Tanner com 13,8 anos ou P2 com 15,6 anos. -Meninas: falha em B2 de Tanner com 13,3 anos ou menarca aos 15 anos. -Atraso da IO -Previsão normal para idade adulta -Meninos: > 163cm -Meninas: > 150cm Quadro clínico característico + GH ao testes de estímulo é normal TRATAMENTO Não é necessário, realizar apenas acompanhamento. Injeção hormonal (testosterona) IM por 3-6 meses e acompanhamento = estimula o aparecimento dos caracteres secundários. O tratamento não interfere na altura final. São feitos poucos ciclos pra não causar efeito rebote e fechar as epífises precocemente Gh recombinante humano 3microgramas/kg/dia. O tratamento de 4-7 anos em crianças pré- uberais com BEI = aumento da estatura de 3,5 - 7,5cm Isa Castilho - T6 HORMÔNIOS TIREOIDEANOS TRIIODOTIRONINA (T3) TIROXINA (T4) SÍNTESE HORMONAL Ocorre transporte ativo de iodeto para o interior da célula tireoides, então oxidação do iodeto e ligação a resíduos tirosil da tireoglobulina (Tg), formando a monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina. Ocorre acoplamento de 2 moléculoas de DIT para formar o T4 ou MIT + DIT para formar o T3. Então ocorre proteólise da Tg, com liberação dos hormônios livres na circulação. A tireóide normal produz todo o T4 circulante e 20% do T3. T3 e T4 são lipossolúveis, ultrapassam a membrana e atuam em receptor nuclear, fazendo transcrição gênica. O resto do T3 provém da desiodinação periférica do T4, pelas desiodinases tipo 1 (D1 - fígado e rins, aumentada no hiper e diminuída no hipo) e 2 (D2 - cérebro e hipófise, mantém níveis constantes de T3). D3 metaboliza T4 periférico em T3 reverso LIGAÇÃO Quando liberados na circulação, T4 e T3, se ligam de maneira reversível à globulina ligadora da tirocina (TBG), a transtirretina (TTR) e albumina AÇÃO É mediada por 3 subtipos de receptores nucleares: - TRa1: SN, CV, musculoesquelético - TRb1: fígado e rins - TRb2: hipófise e hipotálamo Atua no crescimento e desenvolvimento (ausência de hormônio tireoidiano durante a neurogênese ativa - até 6 meses após o parto = cretinismo/ retardo mental irreversível), efeitos termogênicos, efeitos cardiovasculares e feitos metabólicos SECREÇÃO A tireóide é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoidiano, TSH é produzido pelas células tireotróficas da hipófise anterior, se liga a receptores específicos, estimula a síntese de T3 e T4 e sua liberação. A síntese e secreção do TSH são inibidas pelos hormônios tireoidianas e estimuladas pelo hormônio liberador da Tireotrofina (TRH). T4 é convertido em T3 nos tireotrofos hipofisários sob ação do D2. O TSH é o melhor indicador de alterações discretas na produção hormonal da tireóide, porque se a função hipotálamo- hipofisária estiver intacta, pequenas alterações nos níveis dos hormônios tireoidianos provocam grandes alterações nos valores séricos do TSH Isa Castilho - T6 ALTERAÇÕES TIREOIDEANAS HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMO DEFINIÇÃO Síndrome clínica resultante da deficiência de produção ou ação dos hormônios tireoideanos, com redução do metabolismo. Ocorre alguma alteração na tireóide ou no eixo (hipotálamo-hipófise-tireóide) Síndrome resultante da formação e liberação de hormônios tireoidianas em excesso.A tireotoxicose é a síndrome clínica resultante do excesso circulante de T3 e T4, sendo que o hipertireoidismo pode ser uma de suas causas (quando o problema está diretamente na glândula = tireotoxicose com hipertireoidismo) EPIDEMIOLOGIA 95% dos casos são hipotireoidismo primário, sendo que a Tireoidite de Hashimoto é a principal causa. Fatores de risco: idade > 60, sexo feminino (10x mais), doença nodular tireoideana, bócio, histórico familiar, síndrome de Down e Turner, radioterapia para cabeça e pescoço, fármacos (Amiodarona), baixa ingestão de iodo, candidíase crônica, DM 1, síndrome de Addison. Prevalência aumenta com idade Acomete 3% das mulheres, pacientes entre 30-60 anos, atinge 0,5% de homens, sendo que a Doença de Graves (hiperplasia tóxica difusa) é a causa mais comum (80% dos casos) FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIAS Ocorre deficiência de produção ou ação dos hormônios tireoideanos, com redução do metabolismo. Ocorre uma redução da remodelação óssea e resistência à ação do PTH, redução do débito cardíaco e do volume sanguíneo, redução do fluxo sangüíneo renal e da TFG. Hipotireoidismo primário: ocorre um mau funcionamento da tireóide - Tireoidite de Hashimoto: doença autoimune que cursa com altos níveis de anti-TPO (anticorpo antiperoxidase). 1˚ causa (reconhece a tireóide como “corpo estranho”, fazendo com que ela seja atacada pelo corpo) - Tratamento de hipertireoidismo: tionamidas em doses excessivas (efeito Wolff-Chaikoff: hipotireoidismo induzido pelo iodo [deioxidase-1 – não há conversão de T4 em T3]), medicamentos ricos em iodo (Amiodarona, contrastes radiológicos). Geralmente ocorre na presença de TH, tireoidite pós-parto ou tireoidite indolor, cirurgia tireoidianas ou terapia com 131I - Doença de Graves: doença autoimune que leva à superatividade da glândula tireoide. Hipotireoidismo ocorre na fase final - Doenças infiltrativas: hemocromatose, sarcoidose, esclerose sistêmica progressiva, amiloidose, cistinose - Tireoidite de Riedel: ocorre substituição do tecido tireoidiano por tecido fibroso - Tireoidites subagudas: granulomatosa, linfocítica e pós-parto - são quadros transitórios - Hipertireoidismo autoimune: evolui para hipotireoidismo e vice-versa, pelas mudanças no tipo predominante de anticorpos contra o receptor do TSH - Radioterapia de cabeça e pescoço - Hipotireoidismo consuntivo e neonatal Hipotireoidismo secundário: uma causa hipofisária por deficiência de tireotrofina ou TRH. É o hipotireoidismo central - Perda de tecido funcionante - Defeitos funcionais na biossíntese de liberação do TSH: Hipotireoidismo terciário: deficiência hipotalâmico do hormônio liberador de tireotrofina/ TRH. É o hipotireoidismo central. Pode apresentar as mesmas causas do hipotireoidismo secundário, tumor hipotalâmico, tem diminuição de TRH, afeta liberação de TSH, T3 e T4 Hipertireoidismo primário: - Doença de Graves/ hiperplasia tóxica difusa: TRAb - Adenoma tóxico único (Doença de Plummer): mutação somática que gera aumenta das células foliculares tireoideanas que passam a não obedecer ao comando do TSH à hiperplasia, proliferação e hiperfunção celular - Bócio multilocular tóxico Hipertireoidismo secundário: alteração no eixo hipotalâmico-hipofisário - Adenoma hipofisário secretor de TSH - Síndrome de resistência ao hormônio tireoidiano - Tireotoxicose sem hipertireoidismo - Ingestão de hormônio externo: ingestão de T3 para emagrecimento, ingesta externa que causa elevação apenas do T3 - Tireotoxicose gravídica: 1˚ trimestre = HCG tem estrutura parecida com o TSH, podendo causar tireotoxicose RASTREAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO Indicações: - > 60 anos (especialmente em mulheres) - Presença de Bócio (difuso ou nodular) - Histórico de radioterapia de cabeça e pescoço, tireoidectomia ou terapia com 131I (iodo radioativo), Doença autoimune tireoidianas e extratireoideana, hipercolesterolemia - Gestação (meta TSH 2,5-3 mUI/L) - Síndrome de Down ou Turner - Uso de fármacos (Lítio, Amiodarona, Interferon-a) ALTERAÇÕES TIREOIDEANAS � Isa Castilho - T6 QUADRO CLÍNICO COMPLICAÇÕES DO HIPOTIREOIDISMO Coma mixedematoso: complicação mais grave, com mortalidade elevada. Ocorre depressão respiratória, hipercapnia, hipóxia, hipotermia associada à crise convulsiva - Tratamento: Hidrocortisona (evita crise adrenal) + Levotiroxina HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMOALTERAÇÕES TIREOIDEANAS Adulto: mixedema, astenia, sonolência, intolerância ao frio, pele seca, descamaria e áspera, queda de cabelos, fragilidade ungueal, voz arrastada, madarose, hiporreflexia profunda, anemia, edema facial, bradicardia (pela anemia), cardiomegalia (por ICC ou derrame pericárdic), parestesias em MMII e MMSS, redução do apetite (mas geralmente os pacientes apresentam ganho de peso - 3,5kg), constipação, distensão gasosa, dispenia, apneia do sono, derrame pleural, cefaléias, ataxia, nistagmo, tremores, edema generalizado ou de MMII, doença hepática gordurosa não alcoólica, fadiga muscular generalizada, mialgias, cãibras, irregularidade menstrual, anovulação, infertilidade feminina, disfunção erétil masculina, hipertensão diastólica (aumento da PAD e consequente diminuição da pressão de pulso), bradicardia, angina, tolerância diminuída aos exercícios, bócio (sempre ocorre no hipotireoidismo central). A maioria dos sintomas são inespecíficos Criança: persistência de icterícia fisiológica, hérnia umbilical, sonolência, choro rouco, constipação intestinal, déficit cognitivo, atraso no desenvolvimento puberal, cretinismo (baixo desenvolvimento neurológico na criança) � � *Quanto maior a duração e a intensidade da carência hormonal, mais graves e numerosas serão as alterações Nervosismo, insônia, emagrecimento (porém com polifagia), taquicardia, hipertensão sistólica, palpitações, intolerância ao calor, sudorese excessiva, pele seca, fraqueza muscular, hiperdefecação, tremor nas mãos, amenorreia, infertilidade feminina, bócio difuso e simétrico (exclusivamente na DG, podendo haver frêmito e sopro sobre a glândula pelo aumento do fluxo sanguíneo). A dermopatia (mixedema pré- tibial) é uma manifestação da DG, quase sempre associada à oftalmopatia e níveis elevados de TRAb, é o espessamento da pele (principalmente na área pré-tibial), com lesões em placa (aspecto de casca de laranja, cor violácea); oncólise (também é manifestação da DG) é quando ocorre separação da unha do leito ungueal (unhas de Plummer), podendo haver também acropaquia (baqueteamento digital) � Manifestações oculares: - Oftalmopatia de Graves/ infiltrativa: - Proptose/ exoftalmia: protrusão do globo ocular praticamente confirma DG, geralmente bilateral, mas pode ser unilateral- diferenciar de tumor retrobulbar ou malformação. Uma exoftalmia grave pode impedir o fechamento da pálpebra no sono, causando queratite (inflamaçãoda córnea). - Edema periorbital: por diminuição da drenagem venosa, que também praticamente confirma DG - Quemose: edema da conjuntiva por diminuição da drenagem venosa, pode causar prolapso da conjuntiva demasiada, hiperemia, retração palpebral, olhar fixo/ assustado, sinal de Lid- Lag (retardo na descida da pálpebra superior quando o globo ocular é movido para baixo = é decorrente da hiperatividade adrenérgica) - Outras: aumento do volume dos músculos extraoculares, fotofobia, diplopia, perda de visão, oftalmoplegia, ptose, disfunção do nervo óptico, defeitos de campos visuais � Hipertireoidismo apático (idosos): astenia intensa, fraqueza muscular, prostração, depressão grave, manifestações cardiovasculares (FA e/ou IC refratárias ao tratamento), complicações cardiovasculares (taquiarritmias, IC, tromboembolismos), bócio, TSH diminuído, T4 pouco aumentado e TRAb positivo = DG. Não há sintomas de hiperatividade adrenérgica. Isa Castilho - T6 DIAGNÓSTICO HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMOALTERAÇÕES TIREOIDEANAS Laboratorial: - TSH: diminuído/ níveis indetectáveis
Compartilhar