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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CERES CURSO DE ENFERMAGEM DISCIPLINA DE FISIOLOGIA HUMANA GERAL LAÍS DE CALDAS NASCIMENTO ATIVIDADE ONLINE 01 TRANSDUÇÃO SENSORIAL SISTEMAS SENSITIVO, MOTOR E INTEGRADOR TORTORA, Gerard; DERRICKSON, Bryan. Divisão Autônoma do Sistema Nervoso. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p.(714; 742). MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri. Transdução Sensorial. Fisiologia Essencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.(97; 101). Ceres 2020 Sumário RESUMO TRANSDUÇÃO SENSORIAL ........................................................................................... 3 Informação ............................................................................................................................... 3 Estímulos ................................................................................................................................. 3 Receptores ............................................................................................................................... 3 Propriocepção.......................................................................................................................... 4 Interocepção: o sentido do estado fisiológico do corpo .......................................................... 5 RESUMO SISTEMAS SENSITIVO, MOTOR E INTEGRADOR ........................................................... 5 Sensibilidade ............................................................................................................................ 5 Sensibilidade somática ............................................................................................................. 6 Vias sensitivas somáticas ......................................................................................................... 7 Vias motoras somáticas ........................................................................................................... 8 Funções integrativas do cérebro (telencéfalo) ........................................................................ 9 QUESTIONÁRIO TRANSDUÇÃO SENSORIAL ................................................................................ 9 QUESTIONÁRIO SISTEMAS SENSITIVO, MOTOR E INTEGRADOR .............................................. 12 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 14 3 RESUMO TRANSDUÇÃO SENSORIAL Informação Informação é uma entidade abstrata do Universo. Os pulsos de energia, os tipos moleculares e os caracteres das linguagens são reais. A informação precisa desses meios para ser representada. Porém, de fato, a informação é o agente capaz de determinar um processo de transformação na natureza. Sabemos que interações moleculares e transferência de energia produzem transformação, porém a informação é que explica como ocorre essa transformação. Esses mecanismos celulares são conceituados como mecanismos de transdução de informação. Mídia é o meio físico que contém a informação. O papel e as ondas de rádio são exemplos de mídias do nosso cotidiano. Uma determinada variação de luminosidade corresponderá a um determinado comportamento elétrico dos sistemas celulares de processamento, comportamento esse que começa na transdução. Ligantes químicos podem abrir canais nos loci eletrogênicos, gerando potenciais graduados com a entrada ou saída de íons da célula. Logo, temos a transdução de uma informação de natureza química para uma informação de natureza física. No meio interno também ocorre transdução sensorial, que é o processo de transdução de informações oriundas das, ou condicionadas às variações do meio ambiente, em potenciais graduados. Essas células sensoriais, ou mesmo parte delas, formam os receptores, às vezes associadas a outras estruturas como cápsulas, importantes para as características da transdução. Receptores são verdadeiras estações de recepção de informações, as quais elas transduzem. Os receptores podem ser divididos em: receptores topográficos, que transduzem informações sobre a localização do estímulo no espaço; receptores qualitativos, que só transduzem informações sobre a natureza do estímulo. Os receptores topográficos são também receptores que discriminam a natureza do estímulo. Por essa classificação, os receptores táteis e visuais são topográficos, enquanto os outros receptores (audição, paladar, olfato, equilíbrio etc.) são qualitativos. O receptor topográfico, além de transduzir informações sobre a natureza do estímulo, também transduz informações sobre a relação do estímulo com o espaço. O receptor qualitativo transduz somente informações sobre a natureza do estímulo. Estímulos Existem quatro atributos para os estímulos, os quais serão transduzidos especificamente por receptores topográficos e/ou qualitativos. Que são eles: modalidade, intensidade, duração e localização. Receptores As principais modalidades de estímulo são a visão, a audição, o equilíbrio, o olfato, o paladar e a somestesia. Somestesia é o conjunto de sensações produzidas por receptores difusos. E são receptores que se distribuem por vários locais do corpo, como a superfície da pele, os músculos e tendões, as articulações e as paredes das vísceras. Sabemos que existem submodalidades para a visão (cor, forma, movimento), a audição (tons, timbre), o equilíbrio (aceleração angular e linear da cabeça), o olfato (milhares de odorantes) e o paladar (doce, salgado, amargo, ácido). Apesar de existirem submodalidades, a natureza do estímulo é uma só (terceira coluna da 4 tabela). Já no caso da somestesia, cada submodalidade apresenta um tipo de estímulo (energia) que deverá ser transduzido. Existem subtipos de receptores especializados em transduzir uma determinada modalidade de estímulo. Este princípio é chamado de lei das energias específicas. Segundo uma interpretação clássica, esta lei postula que cada receptor é sensível a uma forma de energia. A informação de cada submodalidade sensorial transduzida por um receptor é veiculada por um canal específico, o qual é o início de um subsistema específico para processamento de determinadas propriedades dos estímulos. Por exemplo, o canal de processamento de formas visuais começa exatamente nas vias que levam à informação do receptor relativa a características de forma para o sistema. Este é o princípio da linha rotulada. A intensidade do estímulo é transduzida através da frequência de potenciais de ação, a qual é proporcional à intensidade do estímulo. Potencial receptor, que é um potencial graduado produzido por ação direta da energia específica sobre a membrana celular do receptor, ou seja, o potencial graduado que, se atingir o limiar, é capaz de produzir potenciais de ação. Como qualquer célula capaz de gerar potenciais de ação, para um receptor responder há necessidade de um potencial receptor que atinja o limiar da célula. Como sabemos, uma vez ultrapassado o limiar, quanto maior a voltagem do potencial receptor, maior a frequência dos potenciais de ação. Esse processo de codificação do potencial receptor a uma determinada frequência de potenciais de ação denomina-se código de frequência. Outra maneira de se discriminar a intensidade ocorre quando mais de um campo receptivo é estimulado. Quanto maior a população de campos receptivos estimulados, maior será a intensidade percebida. A isso damos onome de código de população. O sistema sensorial não detecta somente intensidade, mas também variações na intensidade. À medida que a temperatura sobe, os termorreceptores vão sendo estimulados proporcionalmente. Porém, quando a temperatura sobe a níveis muito elevados, os receptores para dor também começam a produzir potenciais receptores. Ou seja, o calor excessivo provoca dor. Então, o que diferencia o comportamento dos nociceptores, receptores para dor, do comportamento dos termorreceptores é o seu limiar. Ou seja, nos nociceptores o limiar do potencial receptor para deflagrar potenciais de ação é maior do que nas fibras térmicas, quando o estímulo é o calor. Propriocepção Tanto dentro dos músculos como nas cápsulas articulares e nos tendões dos músculos existem receptores que codificam o grau de contração de um músculo ou a tensão em um tendão. Chamamos de propriocepção a sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, que fornece informações sobre a estática, o equilíbrio e o deslocamento do corpo no espaço. Através da propriocepção podemos saber, por exemplo, mesmo de olhos fechados, se nosso antebraço está fletido ou estendido. Grande parte do processo de propriocepção se dá em nível inconsciente. . Sem dúvida, a propriocepção é um dos sistemas sensoriais mais rápidos, mais bem elaborados e perfeitos que a evolução já concebeu. Esse sistema sensorial complexo (propriocepção) faz parte da somestesia, pois seus receptores encontram-se difusos pelo sistema musculoesquelético. Nocicepção é o processamento sensorial de estímulos nocivos ou dolorosos, o qual fornece sinais que desencadeiam a experiência de dor. Por sua vez, a dor refere-se a uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tecidual 5 real ou iminente. Assim, dor é a percepção de sensações diversas, que geralmente são ruins e oriundas de alguma parte do corpo. A dor consiste em um sistema de alerta ou defesa do organismo quanto a danos que devem ser evitados ou tratados. Em geral, a dor pode ser classificada como dor nociceptiva, que é ativada por estímulo nocivo intenso em receptores sensoriais de alto limiar; dor inflamatória, que ocorre em casos de lesões teciduais, inflamatórias e envolve a liberação de mediadores químicos, tais como histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas, ATP, interleucinas, entre outros; e dor neuropática, oriunda de lesões ou disfunções do sistema nervoso periférico e central. A dor nociceptiva é rápida ou aguda, e as dores inflamatória e neuropática são crônicas. Interocepção: o sentido do estado fisiológico do corpo Até pouco tempo atrás, a dor era considerada apenas uma submodalidade sensorial da sensação somática ligada ao tato e à propriocepção. Hoje, porém, já foi descrita a existência de um sistema interoceptivo, relacionado com a manutenção da homeostasia do organismo e que inclui, entre outras modalidades sensoriais, a dor e a temperatura. Por esta visão, a dor representaria a condição fisiológica do corpo (interocepção), e não somente a informação somatossensorial (exterocepção). O sistema interoceptivo, em associação com o controle autônomo, processa, além de dor e temperatura, informações relacionadas com diferentes sensações corporais como coceira, sede, fome, atividade visceral, vasomotora e muscular. Esse sistema está também envolvido no processamento do estado sentimental e motivacional do indivíduo. O ponto central que distingue o tato das sensações corporais interoceptivas (dor, temperatura etc.) é que essas sensações estão fortemente associadas à emoção. Esse aspecto motivacional e afetivo da dor tem representação ao longo de uma via específica, a qual integra as informações provenientes dos aferentes dos sistemas simpático e parassimpático, com estações de processamento ao longo da medula, do tronco encefálico e do mesencéfalo, incluindo o núcleo do trato solitário e o núcleo parabraquial, o hipotálamo, a amígdala e algumas regiões corticais, em especial o córtex insular anterior. RESUMO SISTEMAS SENSITIVO, MOTOR E INTEGRADOR Sensibilidade Em sua definição mais ampla, a sensibilidade é a detecção consciente ou subconsciente de mudanças nos ambientes interno e externo. A natureza da sensibilidade e o tipo de reação gerada variam de acordo com a destinação final dos impulsos nervosos que carregam a informação sensitiva para o SNC. Os impulsos sensitivos que chegam à parte mais inferior do tronco encefálico disparam reflexos mais complexos, como as modificações nas frequências cardíaca ou respiratória. Quando os impulsos sensitivos alcançam o córtex cerebral, nós nos tornamos conscientemente alertas sobre os estímulos sensitivos e podemos localizar e identificar precisamente sensações específicas como tato, dor, audição ou paladar. A percepção é a interpretação consciente das sensações e é uma função principalmente do córtex cerebral. Nós não temos percepção de algumas informações 6 sensitivas porque elas nunca alcançam o córtex cerebral. Por exemplo, alguns receptores sensitivos monitoram constantemente a pressão nos vasos sanguíneos. Cada tipo único de sensibilidade – como tato, dor, visão ou audição – é chamado de modalidade sensitiva. Um determinado neurônio sensitivo carrega informações a respeito de apenas uma modalidade sensitiva. Neurônios que carregam impulsos a respeito do tato para a área somatossensorial do córtex cerebral não transmitem impulsos de dor. Do mesmo modo, impulsos nervosos dos olhos são percebidos como visão e aqueles das orelhas são percebidos como sons. As diferentes modalidades sensitivas podem ser agrupadas em duas classes: sentidos gerais e sentidos especiais. O processo da sensibilidade começa em um receptor sensitivo, que pode ser tanto uma célula especializada quanto os dendritos de um neurônio sensitivo. Um determinado receptor sensitivo responde vigorosamente a um tipo particular de estímulo, uma modificação no ambiente que pode ativar determinados receptores sensitivos. Um receptor sensitivo responde fracamente ou nem responde a outro tipo de estímulo. Essa característica dos receptores sensitivos é conhecida como seletividade. Para acontecer uma sensibilidade, normalmente devem ocorrer os quatro eventos a seguir: estimulação do receptor sensitivo, transdução do estimulo, geração de impulsos nervosos e integração da informação sensitiva. Várias características funcionais e estruturais dos receptores sensitivos podem ser utilizadas para agrupá-los em classes diferentes. Elas incluem (1) sua estrutura microscópica, (2) a localização dos receptores e a origem dos estímulos que os ativam e (3) os tipos de estímulos detectados. Uma característica da maioria dos receptores sensitivos é a adaptação, na qual o potencial gerador ou o potencial receptor diminuem de amplitude durante um estímulo mantido constantemente. Isso faz com que a frequência dos impulsos nervosos no neurônio de primeira ordem diminua. Por causa da adaptação, a percepção de uma sensação pode diminuir ou desaparecer mesmo se o estímulo persistir. Os receptores podem variar na velocidade de adaptação. Os receptores de adaptação rápida se adaptam muito rapidamente. Eles são especializados para a sinalização de mudanças em um estímulo. Receptores associados a pressão, tato e olfato se adaptam rapidamente. Os receptores de adaptação lenta, por sua vez, continuam a disparar impulsos nervosos por tanto tempo quanto o estímulo persistir. Os receptores de adaptação lenta monitoram estímulos associados a dor, posição do corpo e composição química do sangue. Sensibilidade somática A sensibilidade somática surge a partir do estímulo em receptores sensitivoslocalizados na pele ou na tela subcutânea; nas túnicas mucosas da boca, da vagina e do ânus; nos músculos, tendões e articulações; e na orelha interna. As áreas com maior densidade de receptores sensitivos somáticos são a extremidade da língua, os lábios e as extremidades dos dedos. Existem quatro modalidades de sensibilidade somática: tátil, térmica, dolorosa e proprioceptiva. A sensibilidade tátil inclui tato, pressão, vibração, prurido e cócegas. Vários tipos de mecanoceptores encapsulados se ligam a fibras A, mielinizadas, de grande diâmetro, que medeiam as sensações de tato, pressão e vibração. Lembre-se de que os axônios mielinizados e de diâmetro grande propagam os impulsos nervosos mais rapidamente do que os axônios não mielinizados e de diâmetro pequeno. Os receptores táteis na pele ou na tela subcutânea incluem os corpúsculos táteis, os plexos das raízes pilosas, os 7 mecanoceptores cutâneos do tipo I, os mecanoceptores do tipo II, os corpúsculos lamelares e as terminações nervosas livres. Os termoceptores são terminações nervosas livres que possuem campos receptivos de cerca de 1 mm de diâmetro na superfície da pele. Duas sensações térmicas distintas – frio e calor – são detectadas por receptores diferentes. Temperaturas entre 10°C e 40°C ativam os receptores de frio. Os receptores de calor, que não são tão abundantes quanto os receptores de frio, estão localizados na derme e estão ligados a fibras C não mielinizadas e de diâmetro pequeno; eles são ativados em temperaturas entre 32°C e 48°C. Os receptores de frio e de calor se adaptam rapidamente após o início de um estímulo, porém, como dito anteriormente, eles continuam a gerar impulsos com frequências menores durante um estímulo prolongado. A dor é indispensável para a sobrevivência. Ela exerce função protetora, pois sinaliza condições nocivas e que possam danificar os tecidos. Os nociceptores, os receptores de dor, são terminações nervosas livres encontradas em todos os tecidos do corpo, exceto no encéfalo. Estímulos térmicos, mecânicos ou químicos intensos podem ativar os nociceptores. A dor pode persistir mesmo após a remoção do estímulo doloroso porque as substâncias químicas que medeiam a dor permanecem e esses receptores apresentam pouca adaptação. A sensibilidade proprioceptiva também é chamada propriocepção. A propriocepção permite que o indivíduo reconheça quais partes do corpo pertencem a si. Elas também permitem que nós saibamos onde nossa cabeça e nossos membros estão localizados e como eles estão se movendo, mesmo que nós não olhemos para eles, de modo que possamos caminhar, digitar ou nos vestir sem utilizar os olhos. A sinestesia é a percepção dos movimentos corporais. As sensações proprioceptivas surgem em receptores chamados de proprioceptores. Os proprioceptores localizados nos músculos e nos tendões nos informam a respeito do grau de contração muscular, da quantidade de tensão nos tendões e das posições das articulações. As células ciliadas da orelha interna monitoram a orientação da cabeça em relação ao chão e a posição durante os movimentos. Como os proprioceptores se adaptam lentamente e apenas um pouco, o encéfalo recebe continuamente impulsos nervosos relacionados com a posição das diferentes partes do corpo e faz ajustes para garantir a coordenação. Vias sensitivas somáticas As vias sensitivas somáticas levam informações dos receptores sensitivos somáticos descritos para a área somatossensorial primária no córtex cerebral e para o cerebelo. As vias para o córtex cerebral consistem em milhares de conjuntos de três neurônios: um neurônio de primeira ordem, um neurônio de segunda ordem e um neurônio de terceira ordem. As regiões no SNC onde os neurônios formam sinapses com outros neurônios que são parte de uma via sensitiva ou motora específica são conhecidas como estações de relé porque os sinais neurais estão sendo transmitidos de uma região do SNC para outra. Os impulsos sensitivos somáticos ascendem para o córtex cerebral através de três vias gerais: (1) a via funículo posterior–lemnisco medial, (2) a via anterolateral (espinotalâmica) e (3) a via trigeminotalâmica. Os impulsos sensitivos somáticos chegam ao cerebelo através dos tratos espinocerebelares. Áreas específicas do córtex cerebral recebem influxos sensitivos somáticos de partes específicas do corpo. Outras áreas do córtex cerebral fornecem efluxos na forma de instruções para o movimento de partes específicas do corpo. O mapa sensitivo somático e o mapa motor somático relacionam as partes do corpo com essas áreas 8 corticais. A localização precisa das sensações somáticas ocorre quando os impulsos nervosos surgem na área somatossensorial primária (áreas 1, 2 e 3 na Figura 14.15), que ocupa o giro pós-central dos lobos parietais do córtex cerebral. Cada região nessa área recebe informações sensitivas provenientes de uma parte diferente do corpo. Outras partes do corpo, como o tronco e os membros inferiores, são projetadas para regiões corticais muito menores. Os tamanhos relativos dessas regiões na área somatossensorial são proporcionais à quantidade de receptores sensitivos especializados dentro da porção do corpo correspondente. Dois tratos na medula espinal – o trato espinocerebelar posterior e o trato espinocerebelar anterior – são as duas principais rotas que os impulsos proprioceptivos tomam para chegar ao cerebelo. Embora eles não sejam percebidos conscientemente, os impulsos sensitivos que chegam ao cerebelo por essas duas vias são críticos para a postura, o equilíbrio e a coordenação dos movimentos precisos. Vias motoras somáticas Os circuitos neurais no encéfalo e na medula espinal orquestram todos os movimentos voluntários e involuntários. Em última análise, todos os sinais excitatórios e inibitórios que controlam o movimento convergem para os neurônios motores que se estendem para fora do tronco encefálico e da medula espinal para inervar os músculos esqueléticos do corpo. Esses neurônios, também conhecidos como neurônios motores inferiores (NMI), possuem seus corpos celulares no tronco encefálico e na medula espinal. A partir do tronco encefálico, os axônios dos NMI se estendem através dos nervos cranianos para inervar os músculos esqueléticos da face e da cabeça. A partir da medula espinal, os axônios dos NMI se estendem através dos nervos espinais para inervar os músculos esqueléticos dos membros e do tronco. Apenas os NMI fornecem informações do SNC para as fibras musculares esqueléticas. Por esse motivo, eles também são chamados de via final comum. Os neurônios localizados em quatro circuitos neurais distintos, porém altamente interativos, são chamados coletivamente de vias motoras somáticas e participam do controle do movimento por fornecerem informações para os neurônios motores inferiores. Os axônios dos neurônios motores superiores se estendem do encéfalo para os neurônios motores inferiores através de dois tipos de vias motoras somáticas – as diretas e as indiretas. As vias motoras diretas fornecem informações para os neurônios motores inferiores através de axônios que se estendem diretamente a partir do córtex cerebral. As vias motoras indiretas fornecem informações para os neurônios motores inferiores a partir dos núcleos da base, do cerebelo e do córtex cerebral. Os núcleos da base e o cerebelo influenciam no movimento através de seus efeitos sobre os neurônios motores superiores. Além de manter a postura e o equilíbrio adequados, o cerebelo é ativo tanto no aprendizado quanto na realização de movimentos rápidos, coordenados e altamente habilidosos como jogar golfe, falar e nadar. As funções cerebelares envolvem quatro atividades: monitoramento das intenções de movimento, monitoramento do movimento real, comparação dos sinais de comando com a informação sensitiva e envio de retroalimentação corretiva.9 Funções integrativas do cérebro (telencéfalo) As funções integrativas incluem atividades cerebrais como vigília e sono, aprendizado e memória e as respostas emocionais. Os seres humanos dormem e despertam em um ciclo de 24 h chamado de ciclo circadiano que é estabelecido pelo núcleo supraquiasmático do hipotálamo. Uma pessoa que está acordada está em um estado de prontidão e é capaz de reagir conscientemente a vários estímulos. Registros eletroencefalográficos mostram que o córtex cerebral é muito ativo durante o estado de vigília; poucos impulsos surgem durante a maior parte dos estágios de sono. Sem memória, repetiríamos os erros e seríamos incapazes de aprender. Da mesma maneira, não seríamos capazes de reproduzir nossos sucessos ou realizações, exceto por acaso. O aprendizado é a capacidade de adquirir novas informações ou habilidades por meio de orientação ou experiência. Memória é um processo pelo qual as informações adquiridas pelo aprendizado são armazenadas e recuperadas. Para que uma experiência se torne parte da memória, ela deve produzir mudanças funcionais e estruturais persistentes que representam aquela experiência no encéfalo. Essa capacidade de mudança associada ao aprendizado é chamada de plasticidade. A plasticidade do sistema nervoso é responsável por nossa capacidade de modificar nossos comportamentos em resposta a estímulos tanto do ambiente externo quanto do interno. A memória ocorre em estágios ao longo de um período de tempo. A memória imediata é a capacidade de lembrar experiências atuais por alguns segundos. Ela fornece uma perspectiva para o tempo presente, permitindo que nós saibamos onde estamos e o que estamos fazendo. A memória a curto prazo é a capacidade temporária de lembrar algumas informações por alguns segundos ou minutos. As informações contidas na memória a curto prazo podem ser transformadas mais tarde em um tipo permanente de memória, chamada de memória a longo prazo, que dura de dias a anos. Se você usa esse novo número de telefone com frequência suficiente, ele se torna parte de sua memória a longo prazo. A informação na memória a longo prazo, em geral, pode ser recuperada para uso sempre que necessário. O reforço resultante dessa recuperação frequente de uma informação é chamado de consolidação da memória. As memórias a longo prazo para informações que podem ser expressas pela fala, como um número de telefone, aparentemente são armazenadas em regiões amplas do córtex cerebral. Memórias para as habilidades motoras, por exemplo, como fazer um saque no tênis, são armazenadas nos núcleos da base e no cerebelo, bem como no córtex cerebral. Questionário Transdução Sensorial 1. Como ocorre o processo de transdução? Ocorre a transformação de energias provenientes do meio ambiente em potenciais elétricos celulares. 2. Diferencie sensação, percepção e consciência. 10 Sensação é somente a transdução de um estímulo ambiental. Percepção é um construto complexo da mente, onde o meio ambiente é interpretado conscientemente. Dessa forma, toda informação consciente ou inconsciente é uma sensação, porém somente as conscientes são uma percepção. 3. Qual a diferença entre receptor topográfico e receptor qualitativo? Dê exemplos. Receptor topográfico: receptores especializados em localizar estímulos no espaço. Ex: receptores táteis e visuais. Receptor qualitativo: receptores especializados em detectar os atributos do estímulo. Ex: paladar, olfato. 4. Diferencie receptores tônicos e receptores fásicos. Nos receptores tônicos a alteração do potencial ocorre durante todo o tempo em que o estímulo é aplicado. Já nos receptores fásicos, a alteração do potencial ocorre somente quando e estímulo começa e termina. 5. O que são estímulos? Quais são os atributos de um estimulo? Estímulo é uma forma de energia que pode ser captada e interpretada por um sistema sensorial apropriado. Os atributos são: modalidade, intensidade, duração e localização. 6. Explique o código de frequências e o código de populações. Código de Frequências: é um processo de codificação do potencial receptor a uma determinada frequência de potenciais de ação. Quanto maior o potencial receptor, maior a frequência de potenciais de ação no neurônio sensorial. Código de Populações: é um processo onde mais de um campo receptivo é estimulado. Quanto maior a população de campos receptivos estimulados, maior será a intensidade percebida. 7. Explique a lei das energias específicas e o princípio da linha rotulada. Esta lei postula que cada receptor é sensível a uma única forma de energia (luz calor, etc). O princípio da linha rotulada postula que cada modalidade sensorial passa por uma via neural específica. 8. Como podemos chamar o conjunto de sensações produzidas por receptores difusos? Explique como essas sensações ocorrem. Somestesia. Cada submodalidade apresenta um tipo de estímulo (energia) que deverá ser transduzido. 9. O que ocorrerá com o potencial receptor se a frequência de potenciais de ação aumentar? A intensidade do potencial receptor irá aumentar. 10. Explique o processo de inibição lateral. 11 Processo no qual um neurônio sensorial, ao ser estimulado, inibe os neurônios vizinhos. 11. Defina campo receptivo. É a área da pele ou da retina que, quando estimulada, é capaz de ativar uma única célula sensorial. 12. Explique o mecanismo que explica a discriminação entre dois pontos. O mecanismo tato discriminativo tem a capacidade de discriminar objetos, perceber suas nuances, suas formas, sentir seu deslocamento sobre a pele e o espaçamento entre dois pontos tocados simultaneamente. Quanto menores os campos receptivos, maior a capacidade de discriminar pontos. 13. Diferencie a dor rápida da dor lenta. Dor rápida: é ativada por estímulo nocivo intenso em receptores sensoriais de alto limiar. Dor lenta: oriunda de lesões ou disfunções do sistema nervoso periférico e central. 14. Defina interocepção. Percepção das sensações produzidas nas vísceras. A interocepção é o sentido que nos informa se há algo errado no funcionamento de nossos órgãos, através da monitoração dos níveis de glicose, oxigênio, eletrólitos etc. 15. Que mecanismo possibilita que você coloque o dedo na ponta do nariz, estando de olhos fechados? Propriocepção. 16. Ao contrário dos outros sentidos, o sentido do equilíbrio depende da informação de três receptores diferentes: (1) receptores do aparelho vestibular, que informam a posição da cabeça; (2) fusos neuromusculares, que fornecem informações proprioceptivas posturais que são integradas ao cerebelo; e (3) receptores da visão, que informam nossa posição em relação ao ambiente. Qualquer alteração patológica que ocorra em uma ou mais partes desse tripé (orelha interna – cerebelo – retina) pode causar disfunções do equilíbrio. Pesquise as principais doenças que podem ocasionar tontura, tentando explicar seus mecanismos fisiopatológicos. Labirintite: uma infecção no labirinto, o órgão responsável pelo equilíbrio, localizado dentro da orelha interna. Síndrome de Meniére: é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da pressão da endolinfa, que é o líquido existente no labirinto que fica dentro do ouvido. No labirinto, há células auditivas e células responsáveis pelo equilíbrio. Com o aumento de pressão da endolinfa, essas células ficam prejudicadas, desencadeando uma série de sintomas. 12 Enxaqueca: a tontura vem do cérebro. Pessoas com enxaqueca tem um cérebro mais sensível aos estímulos do ambiente como luzes, barulho, cheiros, mudanças climáticas e também ao movimento. Questionário Sistemas Sensitivo, Motor e Integrador 1. Quais sentidos são percebidos pelos receptores formados por células separadas? Os sentidos especiais de visão, gustação, audição e equilíbrio são percebidos por células sensitivas separadas.2. Quais sensações podem surgir se as terminações nervosas livres forem estimuladas? As sensações térmicas e dolorosas, além de prurido e cócegas, surgem através da ativação de terminações nervosas livres diferentes. 3. Qual órgão visceral apresenta área mais ampla de dor referida? Os rins. 4. Como um fuso muscular é ativado? Os fusos musculares são ativados quando as áreas centrais das fibras intrafusais são estiradas. 5. Quais são os dois principais fascículos que formam os funículos posteriores? Fascículo cuneiforme e no fascículo grácil bilateralmente. 6. Quais tipos de déficits sensitivos podem ser produzidos por um dano no trato espinotalâmico direito? Danos ao trato espinotalâmico direito poderiam resultar em perda nas sensações dolorosas, térmicas, de prurido e de cócegas no lado esquerdo do corpo. 7. Qual nervo craniano carrega impulsos da maior parte das sensações somáticas do lado esquerdo da face para a ponte? O nervo trigêmeo esquerdo. 8. Como podemos comparar as representações somatossensorial e motora da mão? Qual é o significado dessa diferença? A mão apresenta uma representação maior na área motora do que na área somatossensorial, o que significa que há maior precisão de controle dos movimentos das mãos do que sensibilidade. 9. Como as funções dos neurônios motores superiores do córtex cerebral e do tronco encefálico diferem entre si? 13 Os NMS do córtex cerebral são essenciais para a execução de movimentos voluntários do corpo. Os NMS do tronco encefálico regulam o tônus muscular, controlam os músculos responsáveis pela postura e ajudam a manter o equilíbrio e a orientação da cabeça e do corpo. 10. Qual trato carrega os impulsos nervosos que resultam em contrações nos músculos nas partes distais dos membros? O trato corticospinal lateral. 11. Os axônios do trato corticonuclear terminam nos núcleos motores de quais nervos cranianos? Oculomotor, troclear, trigêmeo, abducente, facial, glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso. 12. Quais tratos carregam informação dos proprioceptores nas articulações e nos músculos para o cerebelo? Os tratos espinocerebelares anterior e posterior transmitem as informações dos proprioceptores existentes nas articulações e nos músculos para o cerebelo. 14 REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard; DERRICKSON, Bryan. Divisão Autônoma do Sistema Nervoso. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p.(714; 742). MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri. Transdução Sensorial. Fisiologia Essencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.(97; 101).
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