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DISCURSO DO MÉTODO René Descartes

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16
SÍNTESE DO LIVRO DISCURSO DO MÉTODO DE RENÉ DESCARTES
SUMÁRIO
Introdução 	4
Primeira Parte – Diversas considerações relativas às ciências 	5
Segunda Parte – Principais regras do método	7
Quarta Parte – Lineamentos da metafísica cartesiana 	11
Quinta Parte – Ordem das questões da Física 	12
Sexta Parte – Razões que o levaram a escrever	14
Conclusão 	15
Referência bibliográfica 	16
INTRODUÇÃO
Descartes traz uma contribuição para a história do pensamento humano, por isso, sua filosofia na busca pela verdade deve conduzir ao conhecimento da natureza para a pôr a serviço dos homens. Com isso, o Discurso do Método de Descartes se apresenta como um meio para a busca do conhecimento. 
O Discurso do Método mostra que Descartes não tem intenção de ensinar, mas somente de falar dele, pois como se pode ver do que ali se diz, ele consiste mais em prática do que em teoria. Dividido em seis partes, tem em sua primeira diversas considerações relativas às ciências; na segunda consta as principais regras do método; a terceira Descartes oferece-nos as regras da moral provisória; na quarta parte expõe os lineamentos da metafísica cartesiana; a quinta estuda a ordem das questões da Física; e por fim na sexta conta-nos as razões que o levaram a publicar seu livro e quais os requisitos necessários para se progredir na investigação da natureza. 
O texto mais famoso de Descartes, Discurso do Método, além de uma exposição das principais regras do método é, também, uma autobiografia de Descartes. Nesse texto não nos diz como devemos proceder para alcançar a verdade, mas como ele, Descartes, procedeu para alcançá-la.
Primeira Parte – Diversas considerações relativas às ciências
O bom senso é a coisa mais repartida deste mundo, e, é naturalmente igual em todos os homens, assim a diversidade de opiniões não resulta de serem umas mais razoáveis do que as outras, mas de conduzir nossos pensamentos por diversas vias. Quanto a razão ou senso são a única coisa que nos faz homens e nos distingue dos animais, e quero crer que existe toda, inteira, em cada um de nós. 
Sei quanto estamos sujeitos a enganos no que nos diz respeito, e quanto também nos devem ser suspeitos os juízos de nossos amigos quando são a nosso favor, com isso meu propósito não é ensinar aqui o método que cada um deve seguir para bem conduzir a sua própria razão, mas somente mostrar de que maneira procurei conduzir a minha.
Nutri-me de letras desde minha infância, mas desde que terminei todo esse curso de estudos mudei inteiramente de opinião, encontrei-me embaraçado por tantas duvidas e erros, por descobrir cada vez mais a minha ignorância. 
Não deixava, porém, de estimar os exercícios com os quais nos ocupamos nas escolas, tinha na leitura de livros antigos como o mesmo que viajar e conversar com homens de outros séculos, entretanto via que quando nos mostrarmos muito curiosos com as coisas que se praticavam nos séculos passados, tornamo-nos ignorantes perante as que se praticam neste.
Estudava muito a Eloquência e tinha paixão por Poesia, pois os que tem raciocínio mais forte, e que melhor digerem seus pensamentos para os tornar claros e inteligíveis, podem sempre persuadir da melhor maneira, ainda que não falem senão o baixo-bretão e que nunca tenham aprendido Retórica. Da filosofia nada direi, considerando que ela foi cultivada pelos mais excelentes espíritos durantes séculos, nela não há, no entanto, coisa alguma sobre a qual não se dispute e que, por conseguinte, não seja duvidosa. 
Por isso, logo que a idade me permitiu livrar-me da sujeição de meus preceptores, deixei o estudo das Letras, e resolvendo não procurar outra ciência senão a que poderia encontrar em mim mesmo, ou então no grande livro do mundo, empreguei o resto da minha mocidade a viajar, em ver cortes e exércitos, a frequentar gente de variados humores e condições, em recolher diversas experiências, a experimentar-me nos encontros que a fortuna me propusesse, e por toda a parte, a refletir sobre as coisas que se apresentassem e das quais eu pudesse tirar algum proveito. 
Possuía sempre um desejo extremo de saber distinguir o verdadeiro do falso, de ver claro nas minhas ações e de caminhar com segurança na vida, assim aprendia a não acreditar muito firmemente em nada do que não me fora persuadido pelo exemplo e pelo costume, e desse modo libertei-me, pouco a pouco, de muitos erros que podem ofuscar a nossa luz natural e nos tornar menos capazes de ouvirmos a razão. Também tomei a resolução de me estudar a mim mesmo e de aplicar todas as forças do meu espírito em escolher os caminhos que deveria seguir, o que me deu muito melhor resultado, parece, do que se não tivesse afastado nunca do meu país e dos meus livros. 
Segunda Parte – Principais regras do método
Passava o dia a ocupar-me com meus pensamentos, entre estes, um dos primeiros foi o considerar que não há frequentemente tanta perfeição nas obras compostas de muitas peças e feitas pela mão de vários mestres como naquelas que são trabalhadas por um só, assim como os edifícios começados e acabados por um só arquiteto costumam ser mais belos e melhor ordenados, pois há de se reconhecer que não é fácil, quando se trabalha em obra de outrem, fazer coisas muito perfeitas. 
Como é bem certo que o estado da verdadeira religião, cujos mandamentos só Deus fez, deve ser incomparavelmente bem mais regulado que todos os outros, assim como Esparta foi florescente por ter suas leis inventadas por um só homem, tendiam todas a um mesmo fim.
A respeito das opiniões que até então eu aceitara, o que melhor teria a fazer era, uma vez por todas, de as recusar, para as substituir em seguida por outras melhores, ou pelas mesmas quando as houvesse ajustado ao nível da razão, deste modo, conduziria a minha vida muito melhor do que se a construísse sobre velhos alicerces e me apoiasse apenas nos princípios pelos quais me deixaria guiar a mocidade, sem nunca haver examinado se eram verdadeiros, de igual modo, os grandes caminhos que contornam as montanhas tornam-se cada vez mais suaves e cômodos à força de serem frequentados, e é melhor seguí-los do que tentar ir direto ao alto, subindo pelos rochedos e descendo ao fundo dos precipícios.
Nunca a minha intenção foi além do meu desejo de procurar reformar os meus próprios pensamentos e de construir alguma coisa em terreno que é todo meu, e se, por me haver agradado a minha própria obra, vos mostro aqui o modelo, não é por que queira com isso aconselhar alguém a imitá-la.
Conclui com minha viagens que todos que têm sentimentos contrários aos nossos nem por isso são bárbaros ou selvagens, e que muitos, tanto quanto nós, usam da razão, assim vi-me forçado a procurar conduzir-me a mim mesmo, como alguém que caminha só e nas trevas, decidi andar tão lentamente e usar de tanta circunspeção em todas as coisas, que, embora só avançasse muito pouco, evitaria pelo menos cair, não quis rejeitar completamente nenhuma das opiniões que outrora se haviam insinuado no meu espírito, sem aí terem sido introduzidas pela razão, antes de empregar bastante tempo em projetar a obra que empreendera, na procura do verdadeiro método para atingir o conhecimento de todas as coisas de que meu espírito seria capaz.
Acreditei que quatro preceitos de Lógica já seriam bastantes, para se chegar ao conhecimento:
1. O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira, coisa nenhuma que não conhecesse como evidente, evitando cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente ao meu espírito que não tivesse nenhuma ocasião de o pôr em dúvida.
2. O segundo: dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las.
3. O terceiro: conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo certaordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.
4. O quarto: fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais, que ficasse certo de nada omitir.
Não era minha intenção procurar aprender todas essas ciências particulares que comumente são chamadas matemáticas, julguei que valia que eu examinasse somente estas proporções em geral, supondo-as apenas nos casos que servissem a tornar-me a sua compreensão mais fácil, e também ainda sem, de modo algum, as restringir, para melhor aplicá-las depois a todos os demais casos aos quais conviessem.
O que mais me contentava neste método era que, por meio dele, estava seguro de usar em tudo da minha razão, senão perfeitamente, ao menos da melhor maneira, prometia a mim próprio aplicá-lo às dificuldades das outras ciências, com o mesmo proveito com o que fizera às da Álgebra. 
Terceira Parte – Regras da moral provisória
Formei para meu uso, uma moral provisória, que consistia apenas em três máximas: a primeira era obedecer às leis e aos costumes de minha terra, guardando com constância a religião na qual Deus me fez a graça de ser instruído desde minha infância, e de me governar em tudo mais, segundo as opiniões mais moderadas e mais afastadas dos excessos, e que fossem comumente recebidas na prática pelas pessoas mais sensatas com as quais eu teria de viver, pois todo excesso costuma ser mau.
A segunda consistia em ser o mais firme e resoluto que pudesse em minhas ações e em seguir com não menor constância as opiniões mais duvidosas, uma vez que me houvesse determinado por elas, imitando nisto os viajantes que, ao se encontrarem perdidos em uma floresta, não devem vaguear de um lado para o outro, e menos ainda parar em um lugar, mas andar sempre a direto o mais que possam, numa mesma direção, e de nenhum modo modificá-la, em virtude de fracas razões, por esse meio, se não vão justamente para onde desejam, pelo menos chegarão, por fim, a qualquer lugar onde, provavelmente, estarão melhor que no meio da floresta.
A terceira máxima era a de procurar sempre vencer antes a mim próprio do que à fortuna, e de modificar antes os meus desejos do que a ordem do mundo, e a acostumar-se geralmente a crer que somente os nossos pensamentos estão inteiramente em nosso poder. É preciso um longo exercício e uma meditação muitas vezes reiterada para nos habituarmos a considerar sob esse prisma todas as coisas, e creio que é precisamente nisto que consistia o segredo dos filósofos que puderam outrora subtrair-se ao império da fortuna. Dispunham dos seus pensamentos de modo tão absoluto que tinham razão de se considerar mais ricos, mais poderosos, mais livres e mais felizes que todos os demais homens que não possuindo esta filosofia, por mais favorecidos que possam ser pela natureza e pela fortuna, nunca dispõem assim de tudo o que querem.
Julguei que o melhor que eu poderia fazer era continuar naquela em que me encontrava, empregar toda a minha vida a cultivar a minha razão e em progredir, tanto quanto pudesse, no conhecimento da verdade, segundo o método que havia prescrito. Assim depois de me haver assegurado destas máximas, e de haver posto de parte com as verdades da fé, que sempre foram as primeiras em minha crença, julgava que, para as demais opiniões, podia delas livremente desfazer-me.
Todo o meu intuito era conquistar certeza e rejeitar a terra movediça e a areia para encontrar a rocha e a argila, pois procurando descobrir a falsidade e a incerteza das proposições que examinava, não encontrava nenhumas tão duvidosas das quais não tirasse sempre alguma conclusão bastante certa, quando mais não fosse a de não conter ela nada de certo. Assim ao destruir todas as minhas opiniões que julgava mal fundadas, fazia diversas observações e adquiria outras experiências que me serviram, para estabelecer outras mais certas.
Eu não deixava de prosseguir no meu propósito e de aproveitar para progredir no conhecimento da verdade, mais talvez do que se não tivesse feito outra coisa quer ler livros ou frequentar letrados, mas tendo bastante orgulho para não querer que me tomassem pelo que não era, pensei ser mister procurar, por todos os meios, tornar-me digno da reputação de que gozava, com esse desejo decidi-me afastar-me de todos os lugares onde podia ter relações, pude viver tão solitário e retirado como nos desertos mais longínquos.
Quarta Parte – Lineamentos da metafísica cartesiana
Em relação aos costumes, é preciso algumas vezes seguir como corretos, opiniões que sabemos serem incertas. Como desejava dedicar-me somente à pesquisa da verdade, achei que era necessário que fizesse o contrário, e que rejeitasse falso tudo aquilo que eu pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, depois disso, não restaria alguma coisa na minha crença que fosse indubitável.
Considerando que os mesmos pensamentos que temos quando acordados também nos podem acudir quando dormimos, resolvi fingir que, as coisas que haviam penetrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões dos meus sonhos. Mas logo após, percebi que quando pensava, era tão firme que todas as extravagantes suposições dos céticos não eram capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la como primeiro princípio da filosofia que procurava. Não podia admitir que eu não existia, pelo fato mesmo de pôr em dúvida a verdade das outras coisas, daí decorreria muito evidente e certamente que eu existia.
Via que era maior perfeição o conhecer que o duvidar, ocorreu-me indagar de onde aprendera a pensar em alguma coisa mais perfeita do que eu, e percebi que deveria ser em alguma natureza que fosse mais perfeita. Assim, era necessário existir algum outro mais perfeito do qual tivesse adquirido tudo quanto possuía. Via também que a dúvida, a tristeza e outras coisas semelhantes não podiam existir em Deus, pois a mim próprio nem seria agradável estar isento delas. As coisas que concebemos clara e distintamente são verdadeiras, só é certo em virtude de que Deus existe, e de que tudo que existe em nós vem dele, de onde se segue que as nossas ideias, sendo coisas reais, e que derivam de Deus em tudo quanto elas têm de claro e de distinto, não podem deixar de ser por isso verdadeiras.
Os sonhos que imaginamos quando estamos a dormir não devem nos levar a duvidar da verdade dos pensamentos que temos quando estamos acordados, assim ainda que estejamos acordados ou dormindo, nunca nos devemos deixar convencer senão pela evidência de nossa razão. A razão não nos diz que o que vemos, ou seja, verdadeiro, ela nos diz que todas as nossas ideias devem ter algum fundamento de verdade, pois não seria possível que Deus, que é absolutamente perfeito, as tivesse posto em nós sem isso. 
Quinta Parte – Ordem das questões da Física
Observei que certas leis que Deus de tal modo estabeleceu na natureza, e das quais imprimiu tais noções em nossas almas, que depois de bem refletir sobre elas, não poderemos duvidar que as mesmas não sejam exatamente observadas em tudo o que existe ou se faz no mundo. 
Em primeiro lugar descrevi a matéria e procurei representá-la de tal modo que nada creio haver no mundo de mais claro e de mais inteligível, indiquei como a maior parte de matéria desse caos devia dispor-se e arrumar-se de um certo modo que a tornava semelhante aos nossos céus, como algumas dessas partes deviam compor uma terra, e outras, planetas, cometas, e outras ainda, um sol e estrelas fixas. Discorrendo sobre o assunto da luz, expliquei qual era a que se devia encontrar no sol e nas estrelas, e como, daí ele atravessava em um instante os imensos espaços do céu e como se refletia dos planetas e dos cometas para a Terra, acrescentei também muitas coisas sobre a substância, a situação, os movimentos e todas as qualidades desses céus e desses astros.
Dos astros nada conheço no mundo capaz de produzir a luz senão o fogo, apliquei-me a explicar bem claramente tudo aquilo que pertencia à sua natureza: como ele se produz, como se nutre, como algumas vezes só há calor sem luz e noutras luz sem calor, como pode introduzir variascores em diferentes corpos, assim como diversas outras qualidades, como é que funde uns corpos e endurece outros, como os pode consumir quase todos ou converter em cinzas e em fumaça, e como dessas cinzas, apenas pela violência de sua ação, ele forma o vidro, e como esta transmutação de cinzas em vidro pareceu-me tão admirável como nenhuma outra se faz na natureza.
Da descrição dos corpos inanimados e das plantas, passei à dos animais e à dos homens, conhecendo a diferença que existe entre os homens e os animais, é coisa facilmente verificável o não existirem homens tão embrutecidos e estúpidos, sem mesmo excetuar os loucos, que não sejam capazes de combinar diversas palavras e de com elas compor um discurso que lhes permita expressar os seus pensamentos, e que ao contrário, não há outro animal, por mais bem nascido e perfeito que seja, que possa fazer coisa semelhante. Embora existam muito animais que demonstram mais habilidade que nós em algumas de suas ações, nota-se, contudo, que os mesmos não a revelam em muitas outras, isto é, prova que eles não possuem razão e que é a natureza que neles age, de acordo com a disposição de seus órgãos, do mesmo modo que um relógio, composto apenas de rodas e molas, pode contar as horas e medir o tempo mais exatamente do que nós com toda a nossa prudência.
Sobre a alma racional, esta não pode de maneira alguma derivar do poder da matéria, a nossa alma é de natureza inteiramente independente do corpo e, por conseguinte, que não está sujeita a morrer com ele, pois que, não se vendo outras causas que sejam capazes de destruí-la, somos naturalmente levados a concluir por isso que ela é imortal.
Sexta Parte – Razões que o levaram a escrever
Logo que conheci a Física e comecei a experimentá-la, verifiquei até onde elas podem conduzir e o quanto diferem dos princípios utilizados até agora, acreditei que não podia guardá-las ocultas, sem pecar grandemente contra a lei que nos obriga a contribuir, tanto quanto em nós cabe, para o bem geral de todos os homens. Tendo achado um caminho para a pesquisa de uma ciência, julgava que comunicar fielmente ao público todo o pouco que eu descobrira e convidar os bons espíritos a que procurassem ir além, contribuindo cada qual segundo sua inclinação e seu poder para as experiências que seria necessário fazer, comunicando ao público tudo quando aprendessem, afim de que os últimos começassem sempre onde os precedentes haviam terminado, ligando assim as vidas e os trabalhos de muitos, e fôssemos assim todos juntos muito mais longe do que cada um de nós individualmente poderia fazê-lo.
Se os meus escritos valem alguma coisa, possam os que os tiverem depois de minha morte utilizá-los do melhor modo que entenderem, se fossem publicados durante a minha vida, talvez perderia tempo de empregar em instruir-me, declaro também que o pouco que aprendi até aqui é quase nada em comparação com o que ignoro e que não desespero de aprender. É verdadeiramente dar batalhas o procurar vencer as dificuldades e os erros que nos impedem de chegar ao conhecimento da verdade, e é perder uma batalha o aceitar qualquer falsa opinião acerca de assunto um pouco geral e importante. Estou persuadido de que se me houvessem ensinado, desde minha mocidade, todas as verdades das quais, depois, procurei as demonstrações, e não tivesse tido eu nenhum trabalho em aprendê-las, nunca teria talvez adquirido o hábito e a facilidade, que penso possuir, de encontrá-las sempre novas à medida que me dedico a procurá-las, assim se existe no mundo alguma obra, que não pode ser tão bem-acabada por outrem que aquele mesmo que a começou, é esta em que trabalho. 
CONCLUSÃO
O Discurso do Método se mostra como um adequado auxílio para aqueles que desejam se aventurar nesta ousada busca pelo conhecimento, que proporciona aos amantes da sabedoria, passos concretos para esta jornada intelectual, visando sempre como bem conduzir a razão. 
A primeira parte do discurso, Descartes nos mostra como o auxílio das diversas ciências e através de livros e viagens a cortes e exércitos, forjaram sua intelectualidade. Revela também um imenso desejo de distinguir o verdadeiro do falso, e com isso, se propunha a libertar-se dos erros que ofuscam a razão e a estudar por si mesmo, aplicando todas as suas forças em escolher caminhos que deveria seguir. Na segunda parte, ele mostra as principais regras do método, este consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma se não conhecesse como evidente, em dividir suas dificuldades para melhor estudá-las, em conduzir por ordem os pensamentos, desde os mais simples aos mais compostos, e sempre os revisando. Na parte terceira, Descartes propõe uma moral provisória, obedecendo primeiramente às leis e aos costumes de sua terra, guardando sempre a religião a qual Deus o instituiu, sendo firme e resoluto em suas ações não seguindo opiniões duvidosas, procurando vencer antes a si próprio do que a fortuna, empregando toda sua vida no progresso do conhecimento, o que também o levou a uma vida retirada e solitária. 
A quarta parte recomenda rejeitar tudo aquilo que pudesse imaginar ter a menor dúvida, não restando nada que fosse indubitável, pois para ele a dúvida e a incerteza não poderiam existir em Deus, afirmando que somente as coisas que são claras e distintas são verdadeiras. A quinta parte procura descrever a matéria, colocando-a como não tendo no mundo nada de mais claro e de mais inteligível que ela. Discorre também a respeito da luz, relata que nada é capaz de produzir luz senão o fogo e, demonstra como as coisas reagem em relação ao fogo; na sexta parte indica seu método como uma contribuição para o processo do conhecimento e mostra também a necessidade de outros participarem deste meio. Com isso se vê como o método de Descartes continua atual e nos propicia um maior alcance intelectual, sabendo que este nunca se esgota, e que é preciso constância, ousadia, e um amor desinteressado neste longo trajeto. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. Neli Dichfield. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011 
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SÍNTESE DO LIVRO DISCURSO DO MÉTODO DE RENÉ 
DESCARTES
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO
 
 
Introdução 
 
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Primeira Parte 
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Diversas considerações relativas às ciências
 
 
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Segunda Parte 
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Principais regras do método
 
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Quarta Parte 
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Lineamentos da metafísica cartesiana
 
 
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Quinta Parte
 
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Ordem das questões da Física 
 
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Sexta Parte 
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Razões que o levaram a escrever
 
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Conclusão 
 
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Referência bibliográfica 
 
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SÍNTESE DO LIVRO DISCURSO DO MÉTODO DE RENÉ 
DESCARTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução ................................................................................................................................4 
Primeira Parte – Diversas considerações relativas às ciências ......................................5 
Segunda Parte – Principais regras do método ...................................................................7 
Quarta Parte – Lineamentos da metafísica cartesiana ................................................. 11 
Quinta Parte – Ordem das questões da Física ............................................................... 12 
Sexta Parte –Razões que o levaram a escrever ............................................................ 14 
Conclusão ............................................................................................................................. 15 
Referência bibliográfica ...................................................................................................... 16

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