Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
I n s t i t u t o T a q u a r i t i n g u e n s e d e E n s i n o S u p e r i o r “ D r . A r i s t i d e s d e C a r v a l h o S c h l o b a c h ” – I T E S ISADORA ALINE BOMBARDA BARBOSA DISSERTAÇÃO SOBRE MORAL E ÉTICA Trabalho referente a disciplina de Ética Profissional da faculdade “ITES - Instituto Taquaritinguense de ensino superior” orientada pela(o) professor(a) Ivana. PRECISAR O QUE É NÃO É PRECISO Assim como todos os animais, a espécie humana outrora detinha a mesma liberdade cuja delimitação era dada pelas leis da natureza, e assim mais simples e diretas; mate para sobreviver, reproduza para perpetuar a espécie, e etc. Porém, conforme mais complexos os humanos se tornaram (e com eles o ambiente a sua volta) menos essas mesmas leis não se encaixavam em seus padrões. Notando isso, foi entendido compulsoriamente que o homem possui liberdade incondicional além da limitação natural, e que assim pode viver; porém, isso enseja na sensação de estar à deriva em um vasto mar de liberdade, sem precisão ou orientações para se nortear e seguir em frente. Dessa forma, nasce a necessidade de precisar e criar princípios para guiar essa espécie em ascensão para não tomar atitudes desvinculadas da realidade: nasce então, a semente da moral e ética. Primeiramente, a menor unidade da moral são os valores, o qual não deve ser generalizado; apenas o que não é indiferente possui valor para indivíduos. A partir da categorização dos seres através do seu valor (seja afetuoso seja repulsado), a qual está sujeita a todos objetos inanimados ou animados, e assim, ações humanas, cria-se um conjunto de tais que serão refletidos por normas, e essas por sua vez irão eventualmente ditarem comportamentos. Dessa forma, moral é a pessoa que segue essas normas, acatando-as, e imoral é aquela que as transgrede. A ética entra como o refletir da moral, da tradição, complementando-a com perspectivas novas, dando-a forma, remendando um novo tecido da moral, sem jamais destruir o anterior por completo. Todavia, a moral vai além de apenas seguir, é preciso internalizar, caso contrário é mera obediência. Pode-se dizer que ao aceitar uma norma, indiretamente se afirmar uma promessa responsável por vincular o indivíduo em uma comunidade. Desse “contrato” livre e consensual, se forma o compromisso e concomitante a responsabilidade no indivíduo, que envolve tanto o reconhecimento do valor de suas atitudes quanto as consequências por essa. Mas qual o motivo de considerar a comunidade? de relacionar moral com liberdade? Um dos grandes e primeiros enfrentamentos humanos com moral e ética é — e se “é”, é porque “já foi” — balancear o excesso de liberdade oriundo do mar de escolhas em relação ao outro. Acredita-se se que a liberdade de um acaba ao limitar a liberdade do outro, porém, a moral se fundamente de que o outro não é um limite, e sim um meio para atingir a liberdade, daí a importância de a reciprocidade estar vinculada ao conceito da moral. Dessa forma, conclui-se que moral não é uma característica genética, e sim hereditariamente social mediada por agentes culturais responsáveis por introduzir no indivíduo a partir do nascimento a moral vigente, mas que não é internalizada em um primeiro momento; chama-se isso de heteronomia, que eventualmente se transforma na autonomia cuja fase que permite seu desenvolvimento ,como base os pensamentos de Piaget, é estágio de operações formais. Assim, a autonomia que produz as ações propriamente ditas como morais. Porém, não se pode afirmar que a moral está integralmente formulada a partir disso; não basta ter pensamento lógico para formar a vida moral, essa é apenas o requisito. Dessa premissa que Kohlberg entende que existem níveis de moralidade, a qual podem ser sintetizadas em nível pré-convencional, constituído pelo primeiro estágio (sistema de recompensa e castigo) e segundo estágio (sistema de trocas e acordos), nível convencional que abarca o terceiro estágio (ligada ao elo com o outro) e o quarto estágio (pertencimento ao grupo), e por fim o nível pós-convencional, o qual abraça o quinto estágio (conflito entre regras e sistema com prevalecimento da obediência acima de tudo) e o quinto estágio (regulamentado por princípios racionais e universais). Com isso, abre-se margem pra reflexão de se é justo cobrar a moralidade de cada indivíduo como se todos estivessem no último estágio ou possuem as condições favoráveis para o atingir, ou indo mais além, se todas as leis e normas criadas carregam o estágio pós-convencional? afinal, se cada indivíduo precisa passar por esse processo, quem garante que sistemas mais completos criado por várias pessoas não carreguem falhas reflexas dessas mesmas pessoas de nível convencional ou menos. E de fato, isso ocorre, gerando cognominadas leis injustas que só foram reformuladas através da desobediência civil, sem desrespeitar o estado de direito, como fizeram Gandhi ou Luther King em suas respectivas lutas sociais que marcaram as gerações seguidas. Atos humanos há muito tempo veem causando desastres tantos ambientais como sociais devido, sobretudo, a ausência da moralidade e da ética em seus níveis pré-convencionais estarem em falta; cabe, portanto, fomentar sua ascensão geral a fim de desvincular a ideia de que a vida deve se assemelhar a um barco sem timão ou um navegador sem uma bússola, pelo contrário, dessa forma a espécie pode ter a falsa sensação de andar pra frente quando na verdade está dando círculos. Assim, é essencial tornar a moral e a ética ferrramentas no nosso dia-a-dia, através de agentes culturais, visto que esses são os responsáveis por repassar os primeiros valores reflexos das normas vigentes aos recém-nascidos. Dessa forma, quem sabe não se configura um cenário cuja necessidade da desobediência civil será menos utilizada como recurso, e prevalecerá a obediência civil orgulhosa. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 5 ed. São Paulo: Moderna, 2013.
Compartilhar