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0 Fundamentos da Enfermagem 2Capítulo CAPÍTULO RESERVADO PARA TITULO Fundamentos da Enfermagem Atena Editora 2019 Michelle Thais Migoto (Organizadora) 2019 by Atena Editora Copyright da Atena Editora Editora Chefe: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Diagramação e Edição de Arte: Geraldo Alves e Natália Sandrini Revisão: Os autores Conselho Editorial Prof. Dr. Alan Mario Zuffo – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Álvaro Augusto de Borba Barreto – Universidade Federal de Pelotas Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Antonio Isidro-Filho – Universidade de Brasília Profª Drª Cristina Gaio – Universidade de Lisboa Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Daiane Garabeli Trojan – Universidade Norte do Paraná Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – Universidade Estadual Paulista Profª Drª Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua – Universidade Federal de Rondônia Prof. Dr. Eloi Rufato Junior – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Fábio Steiner – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco – Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. Gilmei Fleck – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Profª Drª Girlene Santos de Souza – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Profª Drª Ivone Goulart Lopes – Istituto Internazionele delle Figlie de Maria Ausiliatrice Profª Drª Juliane Sant’Ana Bento – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Prof. Dr. Julio Candido de Meirelles Junior – Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. Jorge González Aguilera – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Profª Drª Lina Maria Gonçalves – Universidade Federal do Tocantins Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Paola Andressa Scortegagna – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos – Universidade Federal do Maranhão Prof. Dr. Ronilson Freitas de Souza – Universidade do Estado do Pará Prof. Dr. Takeshy Tachizawa – Faculdade de Campo Limpo Paulista Prof. Dr. Urandi João Rodrigues Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Prof. Dr. Valdemar Antonio Paffaro Junior – Universidade Federal de Alfenas Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme – Universidade Federal do Tocantins Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) F981 Fundamentos da enfermagem [recurso eletrônico] / Organizadora Michelle Thais Migoto. – Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2019. – (Fundamentos da Enfermagem; v. 1) Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7247-114-5 DOI 10.22533/at.ed.145221202 1. Enfermagem. 2. Enfermagem – Prática. I. Migoto, Michelle Thais. II. Série. CDD 610.73 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. 2019 Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. www.atenaeditora.com.br APRESENTAÇÃO A obra Fundamentos de Enfermagem, publicação da Editora Atena, foi organizado em três volumes com o objetivo de trazer estratégias que implementem a qualidade da assistência à saúde, sobretudo da atuação da Enfermagem. No volume 1, será apresentado 28 capítulos que discorrem sobre pesquisas relativas à temática de saúde materna e infantil. Ela envolve assuntos sobre a promoção e manutenção do bem-estar físico e social das mulheres que perpassam o período gestacional. Inclui o período pré-natal, a assistência ao parto humanizado, ao recém-nascido e a lactentes. Em relação ao atendimento pré-natal a obra busca refletir sobre a importância da educação em saúde as gestantes, ações para as práticas alimentares e o cuidado à mulher. Destaca como assuntos importantes as situações de alto risco, como a hipertensão arterial durante a gestação, condição importante e prevalente as mulheres na atualidade. Reforça as estratégias que qualificam o pré-natal, implementando a qualidade da assistência, e assim favorecer a chegada de um parto saudável, com destaque para as práticas humanizadas como a consulta pré-parto, o parto domiciliar, as estratégias não-farmacológicas de alívio da dor e a evitabilidade do trauma perineal. Todavia, estas condições refletem sobre a situação de saúde do recém-nascido, que pode evoluir para condições normais de adaptação extra-uterina, como também as condições de risco e adoecimento que o levam a necessitar de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. E ainda, para favorecer a qualidade de vida de recém-nascidos, a promoção ao aleitamento materno deve ser fortemente incentivada tanto a mães de recém-nascido nascidos a termo, como sobretudo os prematuros. Destaca-se além do incentivo, a estrutura para o aleitamento materno de prematuros que necessita da adaptação de instituição pelo funcionamento dos bancos de leite. Ainda neste volume uma breve reflexão em torno de assuntos como o aborto, o luto e as emergências. Michelle Thais Migoto SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE DIREITOS DAS GESTANTES COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO FEMININO Julia Souza Da Silva Jane Baptista Quitete Thamara Canto Reis Alex Peixoto Julianne De Lima Sales DOI 10.22533/at.ed.1452212021 CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 6 PRÁTICAS ALIMENTARES NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA ETNOENFERMAGEM Aline Amorim da Silveira Everton Ferreira Lemos DOI 10.22533/at.ed.1452212022 CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 16 ALIMENTOS GRAVÍDICOS: CUSTEIO DO PRÉ NATAL DA GESTANTE POR VIA JUDICIAL A LUZ DA LEI 11.804/2008 Gabriel Barbosa Ramos Iara Barbosa Ramos Pamella Aline Miranda Teodoro Claudio Francisco Bernardinis Junior Diane Xavier dos Santos DOI 10.22533/at.ed.1452212023 CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 27 TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA NO CUIDADO A MULHER QUE VIVE UM PROCESSO REPRODUTIVO DE ALTO RISCO Edilene Gianelli Lopes Renata Cristina Teixeira Rosa Lúcia Rocha Ribeiro DOI 10.22533/at.ed.1452212024 CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 41 A HIPERTENSÃO ARTERIAL MATERNA DURANTE A GESTAÇÃO PODE INDUZIR HIPERTENSÃO NA PROLE? Sonia Regina Jurado Maria Eduarda Pascoaloto da Silva DOI 10.22533/at.ed.1452212025 CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 50 SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECIFICA DA GRAVIDEZ (SHEG): FATORES DE RISCO DURANTE O CICLO GRAVÍTICO PUERPERAL Lizandra Leal De Sousa Jessica Karine Baginski Danielly Souza Simão Larissa Inajosa De Moraes Alessandra Inajosa Lobato DOI 10.22533/at.ed.1452212026 CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 56 A REDUÇÃO DA SÍNTESE DE ÓXIDO NÍTRICO DURANTE GESTAÇÃO PREJUDICA A MICROVASCULATURA CARDÍACA NEONATAL Sonia Regina Jurado Maria Eduarda Pascoaloto da Silva DOI 10.22533/at.ed.1452212027 CAPÍTULO 8 ..............................................................................................................68 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTAÇÃO DE ALTO RISCO: ESTUDO DE CASO Cristiane de Paula Lucio Mirane Morais Thamara de Souza Campos Assis DOI 10.22533/at.ed.1452212028 CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 76 IMPLANTAÇÃO DA CONSULTA DE 37ª SEMANAS DE GESTAÇÃO PELA ENFERMEIRA OBSTETRA Stella Maris Baron Beggi Ribeiro DOI 10.22533/at.ed.1452212029 CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 89 ANÁLISE DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL PARA O DESFECHO DO PARTO SAUDÁVEL Gracimary Alves Teixeira Alessandra Vasconcelos de Sena Pamela Cândido de Morais Tassia Regine de Morais Alves Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho DOI 10.22533/at.ed.14522120210 CAPÍTULO 11 ............................................................................................................ 99 PARTO DOMICILIAR PLANEJADO: FENOMENOLOGIA HEIDEGGERIANA COMO POSSIBILIDADE PARA O CUIDADO DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA Ludimila Brum Campos Anna Maria de Oliveira Salimena Thais Vasconselos Amorim Zuleyce Maria Lessa Pacheco Valdecyr Herdy Alves Ívis Emília de Oliveira Souza DOI 10.22533/at.ed.14522120211 CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 111 RELATO DE EXPERIÊNCIA: “SENSIBILIZAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM PARA UMA ATENÇÃO HUMANIZADA NA ASSISTÊNCIA AO PARTO E NASCIMENTO” Claudia Conceição Coelho do Nascimento Bianca Gomes da Silva Marcia Villela Bittencourt Catia Regina Di’matteu Paulo Claudia Lima Oliveira DOI 10.22533/at.ed.14522120212 CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 122 MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO CONTROLE DA DOR NO TRABALHO DE PARTO E PARTO: UMA AÇÃO DO ENFERMEIRO Marjorie Max Elago Luana de Oliveira Silva Suelen Garcia Viviane Lourenço DOI 10.22533/at.ed.14522120213 CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 136 PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE DA MULHER: HUMANIZAÇÃO DO PARTO E DO NASCIMENTO Marcella Leal Crispim de Carvalho Lacita Menezes Skalinski DOI 10.22533/at.ed.14522120214 CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 152 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PUÉRPERAS SOBRE O TRABALHO DE PARTO VIVIDO Michelle Araújo Moreira Thaís Lima Ferreira DOI 10.22533/at.ed.14522120215 CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 167 TRAUMA PERINEAL ASSOCIADO AO PESO DO RECÉM-NASCIDO E POSIÇÃO MATERNA NO PARTO Márcia Juliana Mello da Silva Maria Cristina Gabrielloni Flavia Westphal Patrícia de Souza Melo Márcia Massumi Okada Mariana Mafra Sarmento Santos DOI 10.22533/at.ed.14522120216 CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 181 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA ATENÇÃO AO PARTO E NASCIMENTO NO MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS/RJ Julianne de Lima Sales Virginia Maria de Azevedo Oliveira Knupp Daniela Pereira Martins Jane Baptista Quitete DOI 10.22533/at.ed.14522120217 CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 188 HIPERBILIRRUBINEMIA NO NEONATAL: TRATAMENTO COM FOTOTERAPIA Lizandra Leal De Sousa Jessica Karine Baginski Danielly Souza Simão Larissa Inajosa De Moraes Alessandra Inajosa Lobato DOI 10.22533/at.ed.14522120218 CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 193 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM NEONATO COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA E SUA FAMÍLIA INTERNADO EM UMA UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS NEONATAL Nataly Mesquita Cardoso Marisa Rufino Ferreira Luizari Renata Teles da Silva Luciane Figueiredo Mendes DOI 10.22533/at.ed.14522120219 CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 204 IMPORTÂNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO BANCO DE LEITE HUMANO PARA NEONATOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Cleciana Bezerra de Sá Gabriele da Silva Santos Itayanne Santos de Jesus Samilla Leal do Nascimento Suelen Nunes Valverde Rosália Teixeira Luz DOI 10.22533/at.ed.14522120220 CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 214 A YOGA COMO RECURSO TERAPÊUTICO JUNTO AO APOIO À AMAMENTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Camila Clara Viana de Aguiar Valdecyr Herdy Alves Maria Bertilla Lutterabch Riker Giovanna Rosario Soanno Marchiori Felipe de Castro Felicio DOI 10.22533/at.ed.14522120221 CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 229 ORIENTAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO NA IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA PRIMIGESTAS COM BEBES INTERNADOS EM utiN’S Cristiane França de Oliveira Adriana da Mata Silva Macário Bertha Lúcia Costa Borges da Silva Glauce Sueline de Siqueira Felipe César Veloso de Oliveira Ivonete Moreira Afonso Teixeira DOI 10.22533/at.ed.14522120222 CAPÍTULO 23 .......................................................................................................... 244 BOAS PRÁTICAS EM ALEITAMENTO MATERNO EM UM AMBULATÓRIO PEDIÁTRICO Eliza Cristina Macedo Juliana Oliveira Diogo Cardoso Karinne Antunes Cardoso Cicero Luana Pacheco De Moraes Barbosa Leite. Leila Rangel da Silva Inês Maria Meneses dos Santos Melina Nascimento Silveira Maria Natália Ramos DOI 10.22533/at.ed.14522120223 CAPÍTULO 24 .......................................................................................................... 249 PERFIL DA AMAMENTAÇÃO EM LACTANTES ATENDIDAS NA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ – RO Francieli Carniel Isabele Ferreira Lisboa Jaqueliny dos Reis Vaz DOI 10.22533/at.ed.14522120224 CAPÍTULO 25 .......................................................................................................... 262 LUTO MATERNO – BASES PARA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA Jannyne Dos Santos Zuzarte Jaci Santos Galo Inês Maria Meneses Dos Santos Danielle Alves Mendonça Coutinho Suzielly Ramos Barbosa Lima Xavier Camila Muniz Frossard DOI 10.22533/at.ed.14522120225 CAPÍTULO 26 .......................................................................................................... 264 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA NA GESTANTE: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO Ana Laura Biral Cortes Andreia Pereira Escudeiro Jaci Santos Galo Zenith Rosa Silvino Priscila da SilvaLopes Pereira DOI 10.22533/at.ed.14522120226 CAPÍTULO 27 .......................................................................................................... 274 PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM FRENTE AO ABORTAMENTO LEGAL NURSING PROFESSIONAL PERCEPTION BEYOND LEGAL ABORTION Emília Cervino Nogueira Aline Carla da Rocha Souza Danielly de Sousa Cavalcante DOI 10.22533/at.ed.14522120227 CAPÍTULO 28 .......................................................................................................... 289 VIVÊNCIAS DE ACADÊMICOS ACERCA DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NÃO INVASIVAS DURANTE O TRABALHO DE PARTO EM UMA MATERNIDADE NA AMAZÔNIA: CUIDADOS SUSTENTADOS PELA TEORIA AMBIENTALISTA DE FLORENCE NIGHTINGALE Rosilda Alves da Silva Isla Chamilco Ingrid Souza Reis Santos Raissa dos Santos Flexa Larissa Duarte Ferreira DOI 10.22533/at.ed.14522120228 SOBRE A ORGANIZADORA ................................................................................... 296 Fundamentos da Enfermagem 1Capítulo 1 CAPÍTULO 1 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE DIREITOS DAS GESTANTES COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO FEMININO Julia Souza Da Silva Universidade Federal Fluminense – Rio das Ostras - RJ Jane Baptista Quitete UniversidadeFederal Fluminense – Rio das Ostras - RJ Thamara Canto Reis Universidade Federal Fluminense – Rio das Ostras - RJ Alex Peixoto Universidade Federal Fluminense – Rio das Ostras - RJ Julianne De Lima Sales Universidade Federal Fluminense – Rio das Ostras - RJ RESUMO: O empoderamento das gestantes deve ser construído durante toda a gestação, permitindo que ela tenha conhecimento dos seus direitos e saiba como reivindicar caso este não seja cumprido. É imprescindível informar que o corpo feminino é preparado para parir e o quanto mais natural for este momento maior serão os benefícios para ela e seu bebê. Deste modo, o objeto de estudo foi definido como: Conhecimento de gestantes acerca de seus direitos sociais e trabalhistas. O objetivo geral deste estudo é: Avaliar o conhecimento de gestantes acerca de seus direitos sociais e trabalhistas. São objetivos específicos: Realizar atividade de educação em saúde às mulheres usuárias dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Casimiro de Abreu sobre direitos sociais e trabalhistas. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e exploratória, realizada em três unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Casimiro de Abreu, baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro. Os resultados sugerem que os conhecimentos sobre os direitos sociais e trabalhistas das gestantes, na população avaliada, é independente de fatores como idade, escolaridade, idade gestacional ou números de consultas. Neste sentido concluiu- se que as atividades de educação em saúde tornam-se aliadas dos profissionais de saúde na construção de uma população mais informada e capaz de reivindicar os seus direitos como também cumprir os seus deveres perante a sociedade a qual estão inseridos. PALAVRAS-CHAVES: Gestante, Saúde da mulher, Educação em saúde. ABSTRACT: Empowerment of pregnant women should be built throughout the entire pregnancy, in order to allow them to be aware of their rights and know how to claim if it is not fulfilled. It is essential to inform that the female body is prepared to give birth and the more natural this moment is the greater will be the benefits for her Fundamentos da Enfermagem Capítulo 1 2 and her baby. Therefore, the object of this study was defined as: Knowledge of pregnant women about their social and labor rights. The general objective is: To evaluate the knowledge of pregnant women about their social and labor rights. The specific objectives are: To carry out health education activities on social and labor rights for women that are users of the Sistema Único de Saúde (SUS) of the municipality of Casimiro de Abreu. This is a qualitative, descriptive and exploratory research carried out in three Estratégia de Saúde da Família (ESF) units in the municipality of Casimiro de Abreu, at the state of Rio de Janeiro. The results suggest that the knowledge about the social and labor rights of pregnant women in the population evaluated is independent of factors such as age, schooling, gestational age or numbers of appointments. In this regard, it was concluded that health education activities become allied to health professionals in the development of a more informed population that’s capable of claiming their rights as well as fulfilling their duties to the society to which they are inserted. KEYWORDS: Pregnant woman, Women’s health, Health education. 1 | INTRODUÇÃO O empoderamento das gestantes deve ser construído durante toda a gestação, permitindo que ela tenha conhecimento dos seus direitos e saiba como reivindicar caso este não seja cumprido. É imprescindível empoderar que o corpo feminino foi preparado para parir e o quanto mais natural for este momento maior serão os benefícios para ela e seu bebê. A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher reafirma e assegura uma assistência integral e humanizada a população, comprometendo-se a garantir acesso às ações e aos serviços de saúde nos três níveis de assistência; acolhimento respeitoso e participação nos processos de decisão em todos os momentos do atendimento (BRASIL, 2004). Com esse novo olhar humanizado e no intuito de garantir o acesso integral à saúde da mulher em todas as suas fases da vida, começaram a surgir políticas públicas que buscavam atender a mulher de acordo com a necessidade especifica do momento de vida. Nesta nova perspectiva de ofertar um atendimento especializado e digno para as mulheres, e fazer com que esta tenha conhecimento e atuação na sua vida e saúde, surgiu o conceito de empoderamento, que segundo seu significado se refere ao ato de dar ou conceder poder a si próprio ou para outrem. A partir do seu sentido figurado, empoderar representa a ação de atribuir domínio ou poder sobre determinada situação, condição ou característica, dar ou adquirir poder ou mais poder (HOLANDO, 2008). A motivação para realização desta pesquisa surgiu no decorrer das atividades acadêmicas da autora, onde pode perceber, mesmo que por um curto período, que gestantes e puérperas desconheciam os seus direitos e apresentavam muitas dúvidas sobre o que é correto e permitido por lei. A maioria das dúvidas estavam relacionadas: ao direito de ter um acompanhante no momento do parto; licença maternidade; amamentação; consultas e exames de pré-natal; procedimentos que podem ser realizados no momento do parto; entre outras Fundamentos da Enfermagem Capítulo 1 3 dúvidas que poderiam ser sanadas em atividades educativas coletivas promovidas pela equipe de saúde dos serviços. Ademais, veicular informação para que as mulheres gestantes é uma ferramenta de empoderamento sobre os seus direitos e sobre a sua saúde. Fornecer informações ajudará as gestantes na tomada de decisões de forma critica e não baseadas em conhecimento empírico. Sendo assim, surgiram alguns questionamentos que delinearam a realização desta pesquisa: A mulher gestante tem conhecimento dos direitos que lhe são concedidos por lei? O conhecimento das gestantes sobre os direitos sociais e trabalhistas tem alguma relação com o nível de escolaridade destas? Todas as gestantes que trabalham com carteira assinada tem conhecimento dos seus direitos trabalhistas? A gestante estudante tem conhecimento dos direitos específicos a ela? Objetivo: Avaliar o conhecimento de gestantes acerca de seus direitos sociais e trabalhistas 2 | MÉTODO Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e exploratória, realizada em três unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Casimiro de Abreu, baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro. As unidades de saúde foram escolhidas por já terem sido campo de estudo prático e de estágio supervisionado da pesquisadora durante o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), Campus Rio das Ostras/RJ. As unidades escolhidas para a realização da pesquisa foram: ESF Palmital, ESF Autoepsom Diniz de Carvalho e ESF Pastor Odino Miranda. Vale ressaltar que esta pesquisa foi apresentada à direção das unidades de saúde, tendo sido aceita. A coleta dos dados ocorreu entre os meses de março e abril de 2017. A data e horário para a realização da coleta de dados foi agendada previamente com os enfermeiros responsáveis pelas unidades, visto que a coleta de dados ocorreu antes e após uma atividade educativa, sobre direitos da gestante, destinada as participantes da pesquisa e realizada pela pesquisadora. Utilizou-se como recurso didático/pedagógico slides apresentados em retroprojetor e os testes aplicados, além dos Termos de Consentimento Livre Esclarecido (TCLEs), sendo que uma cópia foi disponibilizada para cada participante. As participantes da pesquisa foram gestantes que realizavam suas consultas de pré-natal nas unidades selecionadas, maiores de 18 anos independente nível de escolaridade e idade gestacional. Para a coleta dos dados foi utilizado um instrumento de coleta de dados do tipoquestionário preenchido pelas participantes do estudo. O questionário foi aplicado em dois momentos, antes e após a realização da atividade educativa, e enquadrava 21 afirmações utilizando a escala de Likert, Neste as gestantes pontuavam os seus conhecimentos de 1 a 5, sendo 1 - desconheço totalmente, 2 – desconheço parcialmente, 3 – indeciso, 4 - conheço parcialmente, 5 - conheço totalmente. As afirmações do questionário foram elaboradas com o apoio de atuais documentos legais sobre direitos trabalhistas e sociais das mulheres gestantes. Esta pesquisa foi Fundamentos da Enfermagem Capítulo 1 4 submetida a apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Antônio Pedro em dezembro de 2016 sob CAAE nº 65897916.8.0000.5243. A análise dos dados foi realizada logo após o início da coleta dos dados e utilizou como referencial teórico Bardin (1979). Os dados coletados foram comparados antes e após a aplicação da atividade educativa, e analisados sob a ótica das variáveis: idade, nível de escolaridade e profissão, idade gestacional e quantidade de consultas de pré- natal. Esta produção acadêmica está inserida na linha de pesquisa: “Direitos sexuais e reprodutivos na atenção ao parto e nascimento”, do Grupo de pesquisa denominado Laboratório de Estudos sobre Mulheres e Enfermagem/LEME/REN/Campus Rio das Ostras. 3 | RESULTADOS A atividade educativa durou cerca de duas horas, participaram das atividades de exposição dialogada 13 gestantes, as mesmas tinham entre 18 e 35 anos tento uma idade média de 25 anos. Dentre as profissões das gestantes que participaram das atividades 8 (oito) eram do lar, 1(uma) auxiliar administrativa, 1(uma) balconista, 1 (uma) operadora de caixa, 1 (uma) jardineira e 1 (uma) babá. Apesar de 5 (cinco) gestantes terem profissões, apenas 3 (três) tinham vínculo empregatício por carteira assinada, tendo 2 (duas) trabalho informal. Todas as gestantes eram alfabetizadas os anos de estudos variavam entre 5 a 11 anos, tendo uma média de 8.6 anos de estudos. Dentre as gestantes que participaram da pesquisa quatro eram primíparas e nove eram multíparas, sendo que seis haviam sido submetidas somente parto por cesárea, duas ao parto normal e uma ao parto normal e cesárea. A idade gestacional variou entre 6 e 40+3 semanas, tendo gestantes que estavam em sua primeira consulta de pré-natal e outras que estavam na 12ª consulta. Em relação aos testes aplicados, em um total de 273 (duzentos e setenta e três) respostas pré (azul) e pós (vermelho) testes. Pode-se identificar que nas respostas pré-teste havia 46 (quarenta e seis) desconheço totalmente (1), 14 (quatorze) desconheço parcialmente (2), 20 (vinte) indeciso (3), 34 (trinta e quatro) conheço parcialmente (4) e 159 (cento e cinquenta e nove) conheço totalmente (5). Já nas respostas pós-teste pode-se identificar uma mudança nas respostas das gestantes sendo 7 (sete) desconheço totalmente (1),1 (um) desconheço parcialmente (2), 0 (zero) indeciso (3), 0 (zero) conheço parcialmente (4) 265 (duzentos e sessenta e cinco) conheço totalmente (5). Os resultados dos pós- testes comprovaram que a mudança no conhecimento da gestante pode ocorrer de forma simplificada com a realização de grupos onde as gestantes esclarecem dúvidas recebem novos conhecimentos. Foi comprovado que este conhecimento independe de fatores como idade, escolaridade, idade gestacional ou números de consultas tratando- se, portanto, de um assunto que deve ser sempre abordado independentemente do histórico social, cultural e racial da mulher. Fundamentos da Enfermagem Capítulo 1 5 4 | CONCLUSÃO O desenvolvimento do estudo possibilitou comprovar a hipótese da pesquisa de que as gestantes em sua maioria desconhecem os conhecimentos básicos a respeito dos seus direitos, e de que uma atividade de educação em saúde pode contribuir para a mudança deste quadro sendo realizadas primordialmente durante o pré-natal por ser o momento em que as gestantes mantêm o contato por mais tempo com os serviços de saúde. A relevância da temática deste estudo evidencia-se a necessidade da investigação das causas do déficit de informações das gestantes durante o acompanhamento pré-natal e quais são as possíveis ações que os profissionais de saúde que atuam na porta de entrada dos serviços podem exercer para suprir as necessidades de informações das gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS). Neste sentido as atividades de educação em saúde tornam-se aliadas dos profissionais de saúde na construção de uma população mais informada e capaz de reivindicar os seus direitos como também cumprir os seus deveres perante a sociedade a qual estão inseridos. Contribuições e/ou implicações para a enfermagem obstétrica: A pesquisa apontou o quanto pode ser relevante a atuação da enfermagem obstétrica no que diz respeito as atividades de educação em saúde, em especial na construção do empoderamento das gestantes acerca de seus direitos sociais, educacionais e trabalhistas como uma ferramenta de cidadania das usuárias REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70. Livraria Martins Fontes; 1979. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2004. HOLANDO, A. B. Dicionário Aurélio. Curitiba: Positivo Editora; 2008. Fundamentos da Enfermagem 6Capítulo 2 PRÁTICAS ALIMENTARES NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA ETNOENFERMAGEM CAPÍTULO 2 Aline Amorim da Silveira Everton Ferreira Lemos RESUMO: A gestação e o puerpério constituem um período repleto de significados e é marcado por cuidados alimentares específicos. O objetivo deste estudo é de analisar as práticas alimentares de mulheres gestantes e puérperas e compreender as influências culturais neste período. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo etnoenfermagem, utilizando como referencial teórico a Teoria Cultural do Cuidado, proposto por Leninger (1985)1. Foram entrevistadas seis mulheres, gestantes e puérperas, e os resultados, advindo da transculturalidade, identificou a autonomia das mulheres desde a seleção, preparação e distribuição dos alimentos à família, destacando o preparo de acordo com o gostos e preferências do esposo e filhos; Mudanças de hábitos cotidianos, permitindo ao homem o protagonismo dos afazeres doméstico em meio ao novo cenário de vida; A globalização como ruptura das reuniões familiares durante as principais refeições; Identificação de mudanças alimentares para o período do ponto de vista nutricional; Mudanças de hábitos alimentares após o enfrentamento de morbidades adquiridas; Dicotomia entre os alimentos que contribui para o restabelecimento da saúde da mulher e a promoção de cuidados com os bebês. Estes achados, poderão contribuir para a assistência de enfermagem com uma visão holística, no que tange as práticas, o comportamento e os hábitos alimentares. PALAVRAS - CHAVE: Alimentação; Gestação; Puerpério ABSTRACT: Pregnancy and the postpartum period represent a period full of meanings and is marked by specific nutritional care. The aim of this study is to analyze the eating habits of pregnant women and mothers and understand the cultural influences in this period. This is a qualitative study of ethnonursing type, using as theoretical reference the Cultural Theory care proposed by Leninger (1985). six women were interviewed, pregnant and postpartum women, and the results arising from the transculturality identified the empowerment of women from the selection, preparation and distribution of food to the family, highlighting the preparation according to the tastes and preferences of the spouse and children; daily habits change, allowing the man the role of domestic chores amid the new scenario of life; Globalization as a rupture of family meetings during main meals; Identification offood changes for the period from the nutritional point of view; eating habits change after coping acquired morbidities; Dichotomy between food that contributes to Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 7 restoring the health of women and the promotion of care for the babies. These findings may contribute to nursing care with a holistic view, regarding the practices, behavior and eating habits. KEYWORDS Food; Pregnancy; Puerperium RESUMEN: La gestación y el puerperio constituyen un período repleto de significados y está marcado por cuidados alimentarios específicos. El objetivo de este estudio es analizar las prácticas alimentarias de mujeres gestantes y puérperas y comprender las influencias culturales en este período. Se trata de un estudio cualitativo, del tipo etnoenfermagen, utilizando como referencial teórico la Teoría Cultural del Cuidado, propuesto por Leninger (1985) 1. Se entrevistó a seis mujeres, gestantes y puérperas, y los resultados, proveniente de la transculturalidad, identificaron la autonomía de las mujeres desde la selección, preparación y distribución de los alimentos a la familia, destacando la preparación de acuerdo con los gustos y preferencias del esposo e hijos; Cambios de hábitos cotidianos, permitiendo al hombre el protagonismo de los quehaceres domésticos en medio del nuevo escenario de vida; La globalización como ruptura de las reuniones familiares durante las principales comidas; Identificación de cambios alimentarios para el período desde el punto de vista nutricional; Cambios de hábitos alimentarios después del enfrentamiento de morbilidad adquirida; Dicotomía entre los alimentos que contribuye al restablecimiento de la salud de la mujer y la promoción de cuidados con los bebés. Estos hallazgos, pueden contribuir a la asistencia de enfermería con una visión holística, en lo que se refiere a las prácticas, el comportamiento y los hábitos alimentarios. PALABRAS CLAVE: Alimentación; Gestación; Puerperio 1 | INTRODUÇÃO A gestação e o puerpério constituem um período de muitos significados e é marcado por cuidados alimentares específicos com atitudes que se modificam ao passar dos dias, seja ele antes ou depois do parto2. Neste sentido, o comer torna-se um ato complexo e não significa apenas a ingestão de nutrientes, envolvendo valores culturais específicos3. Há um sistema de valores, de símbolos e significados que estão associados à dimensão do comer e que precisam ser compreendidos pelos profissionais de saúde, para melhor desenvolver as ações de acordo com cada necessidade, seja ela no ciclo gravídico puerperal, ou em pacientes submetidos a restrições alimentares. Para Roberto da Matta (1986)4 existe uma distinção entre o que é comida e o que é alimento, em que “comida não é apenas uma substância alimentar, mas é também um modo, um estilo e um jeito de alimentar-se. [...] E o jeito de comer pode definir não apenas aquilo que é ingerido, mas também aquele que o ingere” (p. 56). De acordo com Canesqui e Garcia (2005)5, se os profissionais de saúde desejam compreender como os saberes, representações e discursos fazem sentido para a Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 8 ação, será sempre importante, por um lado, reporta-los às necessidades cotidianas das pessoas e, de outro, às características e aos valores do seu grupo social e às suas relações sociais. Essa dicotomia, entre presente e passado, nos faz ter o interesse em aprofundar o conhecimento sobre as práticas alimentares de mulheres gestantes e (ou) puérpera, que vivenciam uma fase de constantes mudanças. A importância deste estudo reside em seu potencial conhecimento advindo da transculturalidade, contribuindo para que a assistência de enfermagem realizada com mulheres gestantes e puérperas seja com uma visão holística, no que tange as práticas, o comportamento e os hábitos alimentares. Nesta perspectiva o presente estudo tem por objetivo analisar as práticas alimentares, durante o ciclo gravídico puerperal, de mulheres gestantes e (ou) puérperas atendidas no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossiam/ HUMAP- EBSERH. O objetivo do presente artigo é analisar as práticas alimentares, durante o ciclo gravídico puerperal, de mulheres gestantes e (ou) puérperas atendidas no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossiam/ HUMAP- EBSERH. 2 | METODOLOGIA Por meio da Teoria Cultural do Cuidado proposto por Leninger (1985), foi realizado um estudo com abordagem qualitativa, denominado Etnoenfermagem com mulheres gestantes e (ou) puérperas, sob a ótica de identificar as práticas alimentares das gestantes e ou puérperas, e apreender quais as influências culturais estão presentes no ciclo gravídico puerperal destas mulheres1. Os cenários da pesquisa, foram o Centro Obstétrico e Alojamento conjunto do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossiam (HUMAP/NHU-EBSERH), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul e os domicílios das participantes. Foram elegidas mulheres, acima de 18 anos, grávidas ou no puerpério, que livremente aceitaram a participar das fases de observações participantes do estudo (primeira, segunda e terceira abordagem), as quais foram assistidas no período de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. A escolha das mulheres foi realizada aleatoriamente conforme o censo diário disponível para assistência no HUMAP. As mulheres foram inicialmente abordadas (fase de observação participante - primeira abordagem) durante internação e/ou acolhimento, e após a apresentação da proposta do estudo e aceite delas, foram coletadas informações em instrumento próprio e realizados agendamentos de visitas domiciliares fase de observação (vínculo) e fase observação - participante - terceira abordagem). Para a primeira abordagem foi utilizado um instrumento estruturado, com busca de informações sócio demográficas e obstétrica (Apêndice A). Para as visitas Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 9 domiciliares, foi utilizado instrumento semiestruturado (Apêndice B), e com a técnica de entrevista individual, com a utilização de gravador e diário de campo, foram colhidas as narrativas referente aos objetivos propostos. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, o número de sujeitos não é prioridade, mas sim, a intensidade das relações entre o pesquisador, os sujeitos participantes e os cenários da pesquisa. Desta forma, houve saturação dos dados coletados após a entrada da sexta participante, pois as informações obtidas por meio deste método atingiram esgotamento de dados, e muitas observações e relatos tornaram-se repetitivos. Os dados colhidos na primeira fase foram organizados, analisados e apresentados de forma descritivas. Os dados da segunda fase registradas por meio de diário de campo, contribuiu para a apresentação do ambiente, da relação entre pesquisador - entrevistada e demais situações em que o gravador não foi possível identificar. Os dados semiestruturados, por meio das narrativas, foram transcritos na íntegra e realizado refinamento do conteúdo por meio de expressões-chaves exemplificadoras de ideias centrais e categorizados de acordo com a semelhança dos temas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob número de parecer Nº 1.371.467 /2015. 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram abordadas oito mulheres, destas seis participaram das três fases da pesquisa. As demais, tiveram apenas a abordagem inicial e após tentativa por meio telefônico para agendamento da segunda e terceira fase não foram localizadas, e assim excluídas da análise. As narrativas colhidas foram divididas em temas centrais observados com maior frequência, como posicionamentos e valores no que se refere à prática da alimentação no ciclo gravídico e puerperal, e apresentados nos itens seguintes. 3.1 Alimentação familiar A alimentação não é apenas a ingestão de quantidades de nutrientes e calorias para manter o funcionamento corporal em nível adequado. Antropólogos afirmamque o comer envolve a seleção, escolhas, ocasiões e rituais, com ideias e significados, interpretações de experiências e situações5. Neste sentido os hábitos de consumo representam uma dimensão do “espaço social alimentar”, devendo ser estudados em sua totalidade, o que significa investigar não somente o registro de quantidades e frequências dos alimentos consumidos, mas as formas de cozinhar e de consumir6. Comumente, em quase todas as sociedades do ocidente, tem sido atribuída à mulher a responsabilidade pela seleção, preparo e distribuição dos alimentos no Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 10 interior da família6. “(...)Eu, sempre eu, eu compro, compro verdura, de verdura só tomate e alface, eu compro arroz, feijão, macarrão, carne e frango”. (E4) Entretanto, é possível destacar que o novo cenário de vida, vivenciado por estas mulheres, sendo este o ciclo gravídico puerperal, possibilitou identificar a presença do homem na seleção e até mesmo no preparo destes alimentos para a família. “(...) Agora, nesse primeiro mês de puerpério, eu faço a listinha, e ele vai, mais geralmente eu que gosto de ir, mas não tem problema, se não dá pra eu ir ele vai, tranquilamente, e compra. Ele adora ir em sacolão, comprar fruta, verdura, legume...”. (E3) “(...) E a noite geralmente ele quem faz” (E3) “(...) Eu e meu esposo, uma vez ou outra que eu vou sozinha, mas a maioria das vezes sou eu e ele”. (E6) No estudo realizado por Teykal e Rocha-Coutinho (2007), essa discussão sobre o novo cenário de vida, é possível identificar a dicotomia entre o pai tradicional, ou seja, aquele que não participa do cuidado com os filhos e o “novo” pai, que reflete a imagem do “novo” homem, de forma mais participativo nos afazeres domésticos e também nos cuidados e educação dos filhos, assim como em algumas situações presenciadas que evidenciam a presença dele na contribuição da seleção e origem dos alimentos7. As mulheres, por sua vez, durante o preparo dos alimentos, normalmente realizam essa tarefa levando em consideração o gosto do marido e dos filhos e não o seu próprio gosto6. “(...) Normalmente é eu, que já conheço um pouco mais os gostos, já opto pelo que ele quer de melhor né, mais fruta, bastante legume, bastante salada”. (E2) A rotina alimentar das entrevistadas e de sua família, em sua maioria é composta por cinco a seis refeições diárias, entre elas o café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar. No decorrer das entrevistas, foi observado que as refeições em reuniões familiares ocorrem em menor frequência. “(...) ele trabalha, e aí vem no horário de almoço, a gente almoça, à tarde quando ele volta, sempre tem que fazer lanche porque ele já volta com fome” (E1). “No almoço só almoça eu e o bruno (esposo) os outros já comeram (familiares), porque ele chega tarde do serviço (E5). A maioria das entrevistadas destacaram que durante a semana, as refeições da manhã e da tarde, não são realizadas junto aos membros do domicílio, uma vez que, a jornada de trabalho do chefe da família, da gestante, ou atividade escolar dos filhos, não permitem essa reunião. “(...) Bom, de segunda a sexta normalmente eu almoço sozinha”. (E2) Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 11 “(...) Almoço sozinha e a janta é com ele”. (E3). “(...) Quando eu to em casa eu almoço sozinha, porque meu marido ta trabalhando, mas durante a janta, ele já ta em casa aí eu janto com ele” (E4). “O almoço é no meu trabalho, eles oferecem almoço, então almoço com minhas colegas de serviço, a janta é intercalado, por questão do serviço do meu esposo, o lanche é sozinha mesmo” (E6). Moreira (2010), discute que a globalização tem contribuído para a hegemonia das culturas alimentares e consequente individualização do comportamento alimentar8. Para Collaço (2004), nos grandes centros urbanos, há uma tendência em que a refeição familiar, símbolo da vida doméstica, tenderá a ser semanal, e uma possível sincronização familiar para a realização da refeição deverá ocorrer no final de semana e, diariamente, quando a família se reunir para comer, será provavelmente para jantar9. 3.2 Alimentação e saúde na perspectiva do ciclo gravídico puerperal Com o intuito de avaliar as práticas alimentares relacionadas a saúde durante o período gravídico puerperal, foi abordada questões que exemplificam as situações de mudanças alimentares no período. Questionadas sobre essa necessidade de mudanças, elas destacam: “Com certeza, (...) eu tomava muito refrigerante, como a médica me passou que não podia, então tem que, seguir a recomendação da medica, é bom né” (E1) “É com certeza, mas eu não consegui (risadas), (...)Eu acho que eu deveria ter deixado de tomar refrigerante, não deixei, deveria ter deixado de comer um pouco de doce, mas não consegui porque, eu sinto muita vontade de comer chocolate” (E4) “ É procurar ser o mais saudável possível” (...) é tentei acrescentar mais fruta, porque antes não comia muita fruta, antes de eu saber que tava grávida, as vezes eu pulava o café da manhã, só o almoço aí não tinha lanche eu pulava só pra janta, ai não tinha janta eu comia uma besteirinha, agora alimentação é regrada café da manhã. Almoço um lanchinho e a janta (E6) Em meio as narrativas, foi possível destacar que as mulheres vêem a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares, substituindo alimentos do ponto de vista nutricional menos saudável por alimentos mais saudáveis. De modo geral, a preocupação por mudanças é perceptível, embora a tomada decisão em modificar os hábitos alimentares torna-se um ponto chave para discussão. Jungues et al., (2014), discute que a não realização das refeições nos horários certos e a recusa de uma dieta saudável pode estar relacionado as mulheres que não aceitaram socialmente a gestação, simbolizando um desejo oculto de inviabiliza-la10. Por outra perspectiva, as mudanças nos hábitos alimentares por dieta mais saudáveis, podem ocorrer após situações de pré-disposição às morbidades (ex. Diabetes Mellitus ou Hipertensão Arterial Sistêmica). Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 12 “ (...)eu tive problema com pressão, “diabetes”, tava meio alta, mas eu não tive caso de hipertensão nem diabetes na gestação, ela só oscilava bastante, então por isso que as vezes eu deixava um pouco a comida, optava pela salada e pelas frutas por causa disso, porque eu tava adquirindo muito peso e a bebe não” (E2). Na presente narrativa, é possível destacar o processo saúde doença, o que permeia a interpretação sobre o desequilíbrio estabelecido pela má alimentação e sua influência no surgimento de co-morbidades. É importante destacar, que a situação de enfrentamento de doença ou pré-disposição, leva o indivíduo a reflexão sobre mudanças pontuais e longitudinais para o restabelecimento da saúde. (...) comia muito fruta, manga, laranja, maçã, a bebê cresceu bastante por causa disso, muita fruta, muito legumes, na gestação, isso porque eu tive problema com pressão, diabetes, tava meio alta. Então eu tive que deixar um pouco as gordices, pizzas, massas, fritura, tudo que é muito gorduroso pra optar por uma alimentação mais light, saladas e legumes (E2). De acordo com a VI Diretriz de Hipertensão Arterial Sistêmica (SBC, 2009a), a HAS na gestação é classificada em categorias de pré-eclâmpsia, eclâmpsia; pré- eclâmpsia superposta à hipertensão crônica; e hipertensão gestacional. A sua gravidade, no que tange à saúde materno fetal, poderá induzir as alterações metabólicas e vasculares, além do aumenta o risco de insuficiência placentária e consequentemente crescimento intrauterino restrito (CIUR)11. Por outro lado, o Diabetes Mellitus, quando instalada na gestação pode promover o polidramismo nas gestantes e no feto a presença da macrossomia e hiperinsulinemia fetal12. Além de outras complicações como hiperbilirrubinemia, hipocalemia e retardo de crescimento intrauterino13. Sobre os alimentos que foram considerados prazerosos por elas, como: “sorvete, pizzas,bolo de chocolate e refrigerante” (E1; E2; E5) tiveram destaque nas narrativas, sendo comuns nos hábitos alimentares. No entanto do ponto de vista nutricional, este padrão alimentar é preocupante, visto que pode levar ao excesso de peso e a maior probabilidade de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)14, além das possíveis complicações para com o concepto13, 11. Em contrapartida, algumas entrevistadas destacaram alimentos como frutas, verduras e carnes, como sendo alimentos prazerosos e saudáveis. “Gosto muito de frutas, frutinhas mais caras, mais gostosas, ameixa, melão, acontecia de eu trocar uma refeição da janta, por várias frutas, almoço também, já aconteceu muito de eu almoçar tarde por optar de comer né, duas, três, quatro laranja, as vezes até uma manga junto”. (E2) “repolho refogado, couve flor, brócolis e carne com limao” (E6) Dos alimentos menos prazerosos, destacam: “Não como fígado, (...) jiló, abobora cabotiã, couve...(E2) “Eu não gosto de jeito nenhum de beterraba, jiló, mais sei que tenho que comer e encaro como remédio” (E3). “Beterraba, cenoura, tudo quanto é verdura” (E5) “coisa amarga, (...) jiló (E6) Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 13 3.3 Alimentação, símbolos e crenças sobre alimentação Os estudos de comunidade, destacado por Roberto da Matta (1986), enfoca a dimensão cultural da alimentação, manifestada por meio de crenças e tabus (proibições) associadas à gestação, ao parto e ao pós-parto4. Para Silva (2007), os tabus podem ser permanentes ou temporários, envolvendo restrições nos ciclos de vida ou associados a aspectos sociais e religiosos14. Conforme as narrativas analisadas as restrições permearam momentos entre a gestação e o puerpério. Os relatos mostraram restrições relacionados ao comprometimento do concepto. “Ai eu já ouvi umas coisa aí, de mamão aí eu fui ver que era conversa, porque fui pesquisar. Disseram que o mamão papaia, continha uma substancia que poderia ser abortiva. Aí falaram sobre café, chá mate leão, que é uma coisa que eu gosto muito, eu tive que parar, ou então beber bem pouquinho. (...) Ah! cafeína, não sei se é o sistema neurológico, refrigerante, questão dos ossos, do bebê, cólicas, essas coisas assim.... (E6). As narrativas também destacaram restrições alimentares relacionadas a alimentos considerados, por elas, não saudáveis (frituras, massas, embutidos, e outros...) porém, envolvendo questões biomédicas para a interpretação desta proibição, durante a gestação e o puerpério. No puerpério, evidenciou a existência de mudanças alimentares, permitindo associar a boa recuperação da puérpera, aumento do leite e o bem-estar do bebê. Neste sentido, a restrição de certos alimentos e a utilização de outros contribuem para esta nova fase de vida. “No puerpério a gente escuta muito né, proibido, até me falaram eu vou te confessar que eu não to comendo, feijão, pra mim é um martírio. Não to comendo, durante 30 dias, ta sendo um sacrifício. Me contaram que pode ser que dê muitos gazes, então eu prefiro não arriscar”. (E3) Para Carraro (1997), o puerpério, na linguagem popular, é conhecido como o período do resguardo, pós-parto, dieta, quarentena, durando cerca de quarenta dias e é repleto de grande significação cultural15. No que tange a produção do leite, símbolo do vínculo materno infantil, as narrativas analisadas permitiram discutir sobre a existência de alimentos que ajudam melhorar a quantidade de leite produzido. “Acho que não vi aqui ainda, “pucheiro com fubá”. Fica mais grosso, aí diz que dá mais leite” (E1). “Uma tia me passou, que é bom comer bastante canjica, fizeram uma panelada de canjica pra mim e eu comi até acabar aquela canjica, comi uns seis dias seguidos, até acabar, porque diz que aumenta o leite, então vamos comer” (E3). A existência de alimentos que ajudam a recuperação da puérpera e estimula a produção do leite materno, também foi descrito em estudo etnográfico, realizado por Lemos et al. (2014)16, com mulheres indígenas de Mato Grosso do Sul, a qual Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 14 relatam o frango criado pela própria família, sendo o mais indicado para o consumo das puérperas, crianças, idosos e portadores de patologias, e o chá mate queimado com carvão para o aumento do leite. Narrativas semelhantes foi identificada neste estudo, a qual aborda o frango caipira, como o mais indicado para uma melhor recuperação pós parto. Não que tenham me falado, mas que eu tenha visto, tipo minha irmã teve neném e minha mãe não fazia outro tipo de comida pra ela a não ser caldo, caldo de frango caipira. (E4). CONCLUSÕES Este estudo identificou, por meio da transculturalidade, aspectos fundamentais das práticas alimentares relatadas pelas mulheres na gestação e puerpério. Os relatos evidenciaram a autonomia das mulheres desde a seleção, preparação e distribuição dos alimentos à família, destacando o preparo de acordo com o gostos e preferências do esposo e filhos. A existência de mudanças de hábitos cotidianos, a qual permitiu o homem tornar- se o protagonista nos afazeres doméstico, ou ainda, auxiliar em conjunto com as mulheres na seleção e preparo dos alimentos, caracterizou um novo modo de vida contemporânea, permitindo a inserção do homem nos cuidados com a família. A ruptura das reuniões familiares semanais durante as principais refeições, como consequência da globalização. A identificação da necessidade de mudanças alimentares no ciclo gravídico puerperal, do ponto de vista nutricional, e as mudanças propriamente ditas, são elementos importantes para discussão, já que muitas vezes elas ocorrem após o enfrentamento de morbidades e não por reeducação alimentar, com vistas a prevenção. Além disso a dicotomia entre os alimentos que contribui para o restabelecimento da saúde da mulher e a promoção de cuidados com os bebês são elementos repletos de valores simbólicos. Estes achados, poderão contribuir para a assistência de enfermagem com uma visão holística, no que tange as práticas, o comportamento e os hábitos alimentares. REFERÊNCIAS 1. Leininger M. Qualitative research methods in nursing. New York: Grune & Stratton. Ed 1985. 2. Lemos EF, Nakagawa CM, Ribas DLB, Concone MHVB, Narrativas sobre o ciclo gravídico e puerperal das mulheres teréna da terra indígena buriti, MS. Anais do 10ª Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (ISSN 1413-8123), Porto Alegre, RS. Disponível em: http://aconteceeventos. sigevent.com.br/anaissaudecoletiva/. 3. Peres DS, Franco LJ, Santos MA. Comportamento alimentar em mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Rev. Saúde Pública [online]. 2006, vol.40, n.2, pp. 310-317. ISSN 1518-8787. Fundamentos da Enfermagem Capítulo 2 15 4. Matta R. O que faz Brasil, Brasil? Rio de Janeiro: ROCCO, 1986. 5. Canesqui AM, Garcia RWD, Antropologia e Nutrição: Um Dialogo Possivel. Rio de Janeiro. Editora FIOCRUZ, 20 ed. 363.8, 2005. 6. Baiao MR, Deslandes SF. Alimentação na gestação e puerpério. Rev. Nutr., Campinas, vol.2, n.19, pág.245-253, mar./abr., 2006. 7. Teykal CM, Rocha-Coutinho ML. O homem atual e a inserção da mulher no mercado de trabalho. PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 38, n. 3, pp. 262-268, set./dez. 2007. 8. Moreira SA. Alimentação e comensalidade: aspectos históricos e antropológicos. Cienc. Cult. [online]. 2010, vol.62, n.4, pp. 23-26. ISSN 2317-6660. 9. Collaço JHL. “Restaurantes de comida rápida, os fast foods, em pra- ças de alimentação de shopping centers: transformações no comer”. Revista Estudos Históricos 1, 33. 2004. 10. Junges CF, Ressel LB, Monticelli M. Entre Desejos E Possibilidades: Práticas Alimentares De Gestantes Em Uma Comunidade Urbana No Sul Do Brasil. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2014 Abr-Jun; 23(2): 382-90. 11. Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez na Mulher Portadora de Cardiopatia. Arq Bras Cardiol. N. 93(6 supl.1): e110-e179. 2009. 12. Azevedo ACB. Diabetes Mellitus Gestacional. Infarma.v.22, nº 9/10, 2010. 13. Abi-abib RC, CarolinaAC, Carneiro JRI, Braga FO, Cobas RA, Gomes M B, Jesus G R, Miranda FRD. Diabetes na gestação. Revista HUPE, Rio de Janeiro, vol. 3, nº 13, pág. 40-47, 2014. 14. Silva AL. Comida de gente: preferências e tabus alimentares entre os ribeirinhos do Médio Rio Negro (Amazonas, Brasil). REVISTA DE ANTROPOLOGIA, SÃO PAULO, USP, 2007, V. 50 Nº 1. 15. Carraro TE. A mulher no período puerperal ; uma nova visão possível. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v.6, p.84-91, jan./abr., 1997. 16. Lemos EF, Pessoa MC, Ribas DLB. Concone, MHVB. Cozinha teréna: novas práticas alimentares em tempos de mudança. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 87-107, jul./dez. 2014. Fundamentos da Enfermagem 16Capítulo 3 ALIMENTOS GRAVÍDICOS: CUSTEIO DO PRÉ NATAL DA GESTANTE POR VIA JUDICIAL A LUZ DA LEI 11.804/2008 CAPÍTULO 3 Gabriel Barbosa Ramos Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP, CAMPO GRANDE-MS Iara Barbosa Ramos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, CAMPO GRANDE-MS Pamella Aline Miranda Teodoro Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, CAMPO GRANDE-MS Claudio Francisco Bernardinis Junior Centro Universitário da Grande Dourados - Unigran, CAMPO GRANDE-MS Diane Xavier dos Santos Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, CAMPO GRANDE-MS RESUMO: A lei 11.804/2008 dispõe que a gestante possui a legitimidade ativa para propor uma ação alimentícia visando o amparo financeiro durante o seu pré-natal, podendo ser arcadas inclusive despesas como de enfermeiros obstetras e ginecologista para um acompanhamento específico a cada caso. A pesquisa teve o intuito de analisar as jurisprudências, acórdãos e artigos que possuem o tema de pensão alimentícia durante a gestação da requerente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que foi fundamentada e baseada no estudo dos julgamentos pelos nossos tribunais, doutrinas que baseiam nas decisões favoráveis as gestantes no início de sua gestação. Os alimentos de que trata esta lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive os referentes à alimentação especial, assistência obstetrícia e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos, além de outras que o juiz considere pertinentes. Esta legislação permite a gestante que possui complicações na sua gestação e que é classificada como gestação de risco, solicite por ação judicial o custeio dos cuidados especiais pelo obstetra e juntamente com enfermeiro obstetra, tanto pelos cuidados especiais quanto pelos medicamentos e vitaminas essenciais para o perfeito nascimento da prole, a assistência é essencial para não ocorrer abortos espontâneos, sendo que a assistência da pensão durante a gestação é necessário, pois somente a judicialização de medicamentos para ser custeada pelo Estado não são suficientes, pois a gestante necessidade de apoio dos profissionais da área de obstetrícia. PALAVRAS-CHAVE: Alimentos, Gravídicos, Pensão e Gravidez. ABSTRACT: The law 11,804 / 2008 establishes that the pregnant woman has the active Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 17 legitimacy to propose a food action aiming at the financial support during her prenatal care, which may include expenses such as obstetricians and gynecologists for a specific follow-up in each case. The research had the aim to assess the jurisprudence, judgments and articles that have the theme of payment of alimony during the gestation of the applicant. It is a qualitative research that was grounded and based on the study of the judgments by our courts, doctrines that are based on the favorable decisions to the pregnant women in the beginning of their gestation. The foods covered by this law will include the sufficient values to cover the additional expenses of the period of pregnancy from conception to birth, including those referring to special diet, obstetrical and psychological care, complementary examinations, hospitalizations, childbirth, medicines, as well as others that the judge considers pertinent. This legislation allows the pregnant woman who has complications in her gestation and who is classified as a pregnancy of risk, request for judicial action the cost of special care by the obstetrician and along with the obstetrician nurse, both for the special care and for the medicines and essential vitamins for the perfect childbirth care, assistance is essential to avoid spontaneous abortions, and the assistance of the pension during pregnancy is necessary, since only the judicialisation of medicines to be financed by the State is not enough, since the pregnant need for support from the professionals of the area of obstetrics. KEYWORDS: Legal aspects; Legal Assistance; Prenatal-Care 1 | INTRODUÇÃO A saúde materno-infantil é um dos eixos mais importantes da assistência do pré-natal. A qualidade da assistência dos profissionais de saúde e dos serviços de saúde são fatores de decisão de continuidade e permanência da gestante. Inclusive em relação no que tange a redução dos casos de mortalidade materna e perinatal (MEDEIROS JUNIOR et al., 2014; ALVES et. al., 2016; RAMOS et al., 2018). No que tange a parte jurídica, a gestante tem garantias constitucionais próprias e se bem assessorada juridicamente durante a gestação acerca dos seus direitos, tem sua própria integridade física resguardada assim como para o nascituro (BANDEIRA, AURELIANO, VIEIRA, 2017). Entende-se por nascituro, o ser humano já concebido, considerando o seu nascimento como certo e por isso possui seus direitos previstos em lei, tendo o artigo 2º do Código Civil (BRASIL, 2002) “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” Dessa forma, o nascituro, mediante a lei n° 11.804 de 5 de Novembro de 2008, tendo sua genitora como representante legal, terá seus direitos assegurados, desde o início da gestação. As instituições de saúde, públicas e privadas devem garantir a gestante assistência livre de agravos e/ou complicações, tendo a família, o sistema de saúde e também as Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 18 esferas jurídicas participação no sucesso deste período (CARVALHO FILHA et al., 2017). Conforme Sílvio Rodrigues (2003, p. 308) os alimentos, como objeto de Direito seria uma prestação recebida por uma pessoa, em dinheiro ou em outra maneira de subsistência, para que possa atender às necessidades essências. Sendo assim, a palavra tem uma “expressão” muito mais abrangente do que na linguagem mais esdrúxula, em que significa o necessário para o sustento. Trata-se não só do sustento, mas, como também do vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange o que for preciso para sua instrução. Assim como todo processo, os alimentos gravídicos trazem em seu escopo procedimentos especiais na própria lei nº 11.804/08, com o intuito de beneficiar a gestante e facilitar o acesso daquelas gestantes que tem receio de entrar na justiça com o medo de prejudicar-se com possível indenização por danos morais, pelo suposto pai, haja vista que é baseada nos indícios da paternidade. O presente artigo tem como escopo a pesquisa sobre a alteração legislativa dos Alimentos Gravídicos da Lei n° 11.804 de 5 de Novembro de 2008, atribuindo direito à gestante para pleitear alimentos gravídicos, para a sua subsistência e da sua futura prole, consequentemente é uma inovação que visa à proteção do nascituro até antes de sua concepção, garantindo assim, o seu desenvolvimento saudável. A lei nº 11.804/2008 dispõe que a gestante possui a legitimidade ativa para propor uma ação alimentícia visando o amparo financeiro durante o seu pré-natal, podendo ser arcadas inclusive despesas como de enfermeirosobstetras e ginecologista para um acompanhamento específico a cada caso. Tem como pressuposto jurídico a existência da paternidade e os critérios para sua concessão a necessidade da gestante e a possibilidade do suposto pai. Os alimentos gravídicos durarão todo o período da gravidez da futura prole e serão convertidos em pensão alimentícia no caso do nascimento com vida da criança. Restará somente para o seu o direito de reposta a ser exercido no prazo de 5(cinco) dias. A Lei nº 11.804/2008 que trata do assunto dos alimentos gravídicos em seu art. 2 da referida lei já se auto-define, sendo tratada como uma norma que compreende os valores suficientes para cobrir os gastos decorrentes do período de gestação, da concepção do nascituro ao parto, inclusive as referentes à alimentação especial, no caso de exemplos como gestantes que têm a restrição de lactose, sendo que devem cobrir os gastos do leite especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, além de outras que o juiz considere necessários para a concepção perfeita do nascituro. É importante ressaltar, a inovação dessa nova lei dos alimentos gravídicos preencheu a lacuna na legislação anterior, sendo na fase de gestação quase impossível o auxílio-benefício em conta da gravidez, pois os exames periciais como, teste de Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 19 DNA, o resultado só sai, praticamente depois do nascimento. 2 | MÉTODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória realizada por meio de revisão bibliográfica. Baseada em lei própria, artigos correlacionados ao deslinde do processo alimentar. O período de consulta bibliográfica aconteceu de março de 2018 a agosto de 2018. O levantamento do material bibliográfico, foram obrigatoriamente cumpridas às etapas como: seleção de publicações relevantes para a pesquisa, segundo o critério de inclusão; leitura seletiva, sendo visada aos objetivos da pesquisa; leitura analítica: análise comparativa das publicações escolhidas; leitura interpretativa, sendo abordada com maior precisão a efetiva razão da referida lei; raciocínio analítico, sendo ligados os conhecimentos já obtidos com as realizações da lei. Esse estudo foi elaborado segundo a normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 14724, NBR 6023. 3 | RESULTADOS 3.1 Definição de alimentos Alimentos são prestações para a satisfação das necessidades básicas de quem não pode provê-las unicamente. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário para à sua subsistência. Quanto ao conteúdo, abrangem o indispensável ao sustento, vestuário, habitação, assistência médica e instrução (BRASI, 2002; OLIVEIRA; BRITO, 2017). Conforme Wald (2002, p.42): A finalidade dos alimentos é assegurar o direito à vida, substituindo a assistência da família à solidariedade social que une os membros da coletividade, pois as pessoas necessitadas, que não tenham parentes, ficam, em tese, sustentadas pelo Estado. Conforme Sílvio Rodrigues (2003, p. 308) os alimentos, como objeto de Direito, seria a prestação dada a uma pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às necessidades essências. Sendo assim, a palavra tem uma “expressão” muito mais abrangente do que na linguagem mais esdrúxula, em que significa o necessário para o sustento. Trata-se não só do sustento, mas, como também do vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange o que for preciso para sua instrução. Em sentido amplo é a expressão denominativa que compreende não só os gêneros alimentícios, mas sim também os materiais necessários a manter a dupla Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 20 troca orgânica que constitui a vida vegetativa, incluindo remédios, vestuário e também a habitação. Na visão jurídica, os alimentos seriam a obrigação recíproca de parentes prestarem ajuda de subsistência entre si. Assim, como os cônjuges ou companheiros também podem usufruir desse benefício, que nada mais é da garantia da mínima qualidade de vida prestada pelo aquele que detêm um maior poder aquisitivo para aquele que é insuficientemente incapaz de conseguir subsistência sozinha (OLIVEIRA; BRITO, 2017). Têm caráter temporário, pois assim que a outra parte beneficiada consiga readequar um padrão sustentável de vida, esses alimentos terão um fim, assim como, à maioridade do filho menor, ou outros fatos modificativos como o ingresso na faculdade que requer ajuda alimentícia. 3.2 Definição dos alimentos gravídicos A palavra gravidez tem a origem do latim gravis, e do adjetivo (pesado, cheio, carregado, prenhe, grave), assim embora controvertido até ao nome, a etimologia da palavra, conforme Dicionário Aurélio online (2018), significa a fase da gestação da mulher. De expressão em sua nomenclatura, “gravídicos”, surgiu a complementação da lacuna que existia no ordenamento jurídico na parte do dever de subsidiar a alimentação e entre outras necessidades básicas vitais da futura prole. Importante diferenciar os alimentos gravídicos do instituto da pensão alimentícia, vez que aquele se refere à destinação de simples comprovação de paternidade, entendida pelo juízo, e sendo esse o instituto de caráter de parentesco, casamento ou da união estável para a obtenção de proventos necessários à vida humana. Venosa (2004, p.317) comenta sobre a legitimidade para a propositura da ação investigatória: São legitimados ativamente para essa ação o investigante, /geralmente menor, e o Ministério Público. O nascituro também pode demandar a paternidade, como autoriza o art. 1.609, parágrafo único (art. 26 do Estatuto da Criança e do Adolescente, repetindo disposição semelhante do parágrafo único do art. 357 do Código Civil de 1.916). A referida lei 11.804/2008 dispõe que, a partir de agora, a gestante, também, começa a ter legitimidade ativa para propor uma ação de alimentos que visa o amparo monetário/financeiro às despesas do período de gravidez, sendo no final de sua gravidez, ou seja, concebido a prole, essa “pensão” para suas despesas, tornar-se-á pensão alimentícia para seu filho. A Lei nº 11.804/2008 que trata do assunto dos alimentos gravídicos em seu art. 2 da referida lei já define e explique a sua existência: Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 21 concepção ao parto, inclusive as referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. (BRASIL, 2008, p.1) 3.3 Histórico dos alimentos gravídicos Os direitos dos alimentos estão integrados na base da Constituição federal em seu artigo 229 que impõe aos pais “o dever de assistir, criar educar os filhos menores” (BRASIL, 1988, pág. 69). No Código Civil, em seus artigos 1.694 à 1.710, sucinta a abrangência também, da prestação alimentar, a obrigação entre pais e filhos e entre familiares, conforme o art. 1694 que diz: Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação (BRASIL, 2007, pág. 301). Nessas legislações são relacionadas somente por filiações de parentescos, sendo essa nova lei 11.804 sendo comparada com relaçõesde filiações, pelo menos no tocante de responsabilidade de alimentar. 3.4 Princípios e normas relacionadas à gestante A Constituição Federal no art. 227, § 6º determina a igualdade substancial entre os filhos, proibindo toda e qualquer conduta discriminatória, materializando, de certo modo, o princípio da pessoa humana, iniciando uma nova fase de valores nas relações de parentesco, evidenciando o liame existente entre pais e filhos, eliminando o sistema do Código Civil de 1916, que privilegiava apenas os filhos nascidos dentro da relação do casamento, pois aparenta conter certa discriminação pelos filhos fora do casamento. A lei 10.804/2008 surge como mais uma norma na legislação em defesa dos direitos das gestantes sem suficiência de recursos de subsistência, destarte ressaltar a enorme importância para o direito da família que havia essa “lacuna”, no período de gestação. Porém, maior que o direito da gestante consiste na ideia de proteger o direito da criança como garantidor do direito à vida do feto. Não resta qualquer dúvida, pois, que a Lei dos Alimentos Gravídicos reflete, igualmente, em todo o seu teor a ética do cuidado, porque consegue dá ao nascituro o que é realmente dele, principalmente o direito à vida, para que ele possa dar seguimento ao seu destino após o seu nascimento. Destarte ressaltar o caso dos filhos socioafetivos que, embora não mencionados Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 22 em nenhum texto legal, apenas em doutrinas e algumas jurisprudências, merecem a mesma proteção e não podem ser discriminados em relação aos filhos biológicos. Conforme a Lei nº 9.263/1996, a gestante tem direito a acompanhamento especializado durante a gravidez, a referida norma ainda garante que o Sistema Único de Saúde é obrigado a garantir que o parto seja saudável e de preferência que seja normal, inclusive garantia de acompanhamento no pós-parto com assistência do estado de risco puerperal. A Lei n. 11.634/2007 impõe sobre o conhecimento prévio da maternidade que será utilizada no parto e da maternidade substituta nos casos de imprevistos e complicações do pré-natal. A Lei nº 10.048/00 discorre sobre o atendimento prioritário à gestante e à lactante em hospitais, órgãos e empresas públicas e em bancos. A Portaria n. 569 /2000 do MS (Ministério da Saúde) cria o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, na esfera pública do Sistema Único de Saúde. Traz o embasamento técnico de qualidade da gestação, obrigação das unidades de saúde ao acompanhamento digno da gestante, diminuição de riscos da futura prole e da gestante com estipulação de um número mínimo de seis consultas de pré-natal. 3.5 Procedimentos para os alimentos gravídicos Procedimentos são as sequências de atos no processo, sendo específicos os procedimentos que levam consigo o fato de ser unicamente daquele processo, ou seja, meio utilizado unicamente para o ingresso da finalidade una de obtenção de um processo também específico. Assim como todo processo, os alimentos gravídicos trazem em seu escopo procedimentos especiais na própria lei 11.804/08, com o intuito de beneficiar ainda mais a gestante e facilitar o acesso daquelas gestantes que tem receio de entrar na justiça com o medo de prejudicar-se com possível indenização por danos morais, haja vista que essa lei da mesma maneira que auxilia e beneficia a gestante, também prejudica o suposto pai. O procedimento previsto na Lei 11.804/08, para ter a garantia e aplicação dos alimentos gravídicos à gestante, serão: Foro competente: Domicílio do alimentado, no caso, a autora da ação; Pressuposto exigido: Indícios de paternidade (podendo ser via testemunhal ou fotos comprobatórias); Critérios: Conforme a necessidade da gestante contra a possibilidade financeira do suposto pai; Duração: Somente no período da gravidez, uma vez que ocorrido o nascimento com vida, a pensão se converterá em pensão alimentícia, sendo esse processo realizado por outros procedimentos; Resposta do réu: Prazo de 5 dias; Incidência dos alimentos: Devidos desde o despacho da petição inicial. Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 23 3.6 Posicionamento contrário dos alimentos gravídicos Pela nova legislação, um homem, poderá ser obrigado a efetuar o pagamento de pensão de Alimentos Gravídicos, por simples “indícios de paternidade” (artigo 6° da lei 11.804). Destarte ressaltar, num exemplo hipotético, uma mulher oriunda de um relacionamento frustrado com seu antigo parceiro e mantendo relações afetivas com outras pessoas, por fotos, irá conseguir comprovar os indícios de paternidade, vejamos nesse exemplo o homem, não é realmente o pai, mas, irá pagar tal pensão erroneamente, com cerceamento de defesa. Conforme o artigo vetado n° 10 da Lei 11.804: Em caso de resultado negativo do exame pericial de paternidade, o autor responderá, objetivamente, pelos danos materiais e morais causados ao réu. Este artigo vetado nº 10 da Lei dos Alimentos Gravídicos nº 11.804/2008, relatava no caso negativo do exame pericial do suposto pai, geraria uma indenização pela ação proposta, independentemente da existência de culpa, porém, foi vetado por causa da acessibilidade que a mulher gestante não teria, pois, isso evitaria um “temor” para várias mulheres na propositura da ação, sendo que fosse negativa a paternidade, geraria uma indenização para o suposto pai. 3.7 Impacto dos alimentos gravídicos no ordenamento jurídico É importante ressaltar, a inovação dessa nova lei dos Alimentos gravídicos preencheu a lacuna na legislação anterior, sendo na fase de gestação quase impossível o auxílio-benefício em conta da gravidez, pois os exames periciais como, teste de DNA, o resultado só sai, praticamente depois do nascimento. A concepção contemporânea das relações de parentesco e de filiação deu novo sentido no assunto de responsabilidade, sejam da mãe ou do suposto pai. Constitucionalmente, a igualdade proporcional entre o homem e a mulher, na prática, está longe de ser alcançado, pois o homem/pai não pode se eximir ou fugir de sua responsabilidade paterna, nem muito menos a mãe. A análise imparcial de cada caso é que vai dizer como proceder e decidir. Não podemos generalizar todos os casos, cada caso possui fatos diferentes, mesmo todos possuírem o mesmo destino. 4 | DISCUSSÃO No deslinde arrolar do presente trabalho, envolvendo a entrada em vigor desde novembro de 2008, da lei que trata dos Alimentos Gravídicos, apesar do nome um pouco tanto estranho, diz respeito ao custeio do suposto pai para a genitora da futura prole. Assunto muito polêmico que teve repercussão geral no país mesmo antes de sua real eficácia, pois trata de alguns pontos muito delicados. Não é a primeira lei que Fundamentos da Enfermagem Capítulo 3 24 trata de assunto da futura prole como sendo protegida por aquele que tem o direito de alimentar, pois senão cabe ao Estado a garantia desse provimento. Porém, a grande lacuna como sempre existiu em nossas legislações, ocorre no art. 6º da Lei 11.804, pois aí cita a expressão indícios de paternidade, como forma de prova questionável, haja vista que faltou um artigo explicando melhor o que poderiam ser esses indícios de paternidade, sendo sempre indícios na área criminal a mais severa. Logicamente a lei é revestida de mais pura boa fé, concordando com a mãe a participação efetiva do suposto pai, sendo proporcionalmente igual às despesas, no caso da mãe não suportar com os gastos médicos e úteis para o nascimento de seu filho, o suposto pai arcará com as despesas, garantindo assim o seguro da dignidade da criança. Maria Berenice Dias, (2008, p. 66) relata: Ainda que inquestionável a responsabilidade parental desde a concepção, o silêncio do legislador sempre gerou dificuldade para a concessão de alimentos ao nascituro. Raras vezes a Justiça teve a oportunidade de reconhecer a obrigação alimentar antes do nascimento, pois a Lei de Alimentos exige prova do parentesco ou da obrigação. O máximo a que
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