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CS Estatuto do desarmamento

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2020.1
@cadernossistematizados contato@cadernossistematizado.com
Caderno Sistematizado
Lei Especial
Estatuto do Desarmamento
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 1 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO – LEI 10.826/2003 
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 4 
PARTE GERAL .................................................................................................................................... 5 
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA.......................................................................................................... 5 
2. NOÇÕES PRELIMINARES .......................................................................................................... 5 
3. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO .................................................................................. 6 
4. NATUREZA DOS CRIMES .......................................................................................................... 7 
5. BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS .............................................................................................. 7 
6. CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO ................................................................................ 7 
 ARMAS DE FOGO DE USO PERMITIDO ............................................................................ 7 
 ARMAS DE FOGO DE USO RESTRITO ............................................................................. 7 
 ARMAS DE FOGO DE USO PROIBIDO .............................................................................. 8 
7. REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO .............................................................................. 8 
 1ª ETAPA: AQUISIÇÃO DA ARMA DE FOGO..................................................................... 8 
 2ª ETAPA: REGISTRO ......................................................................................................... 9 
 3ª ETAPA: AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE...................................................................... 9 
 AUSÊNCIA DO REGISTRO OU DE AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE E ADEQUAÇÃO 
TÍPICA ............................................................................................................................................ 11 
 REGISTRO DE ARMA DE FOGO E LEI MARIA DA PENHA ............................................ 13 
8. POSSE X PORTE ....................................................................................................................... 13 
9. POSSE DE ARMA DE FOGO EM ZONA RURAL ..................................................................... 14 
DOS CRIMES E DAS PENAS ........................................................................................................... 16 
1. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ......................................... 16 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INCIAIS .......................................................... 16 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 16 
 CONDUTA ........................................................................................................................... 16 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 17 
 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.................................................................................. 17 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 18 
1.6.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 18 
1.6.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 18 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 18 
 GUARDA DE ARMA DE FOGO COM REGISTRO VENCIDO .......................................... 19 
 AÇÃO PENAL...................................................................................................................... 20 
 ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA ................................................................................. 20 
 PENA ................................................................................................................................... 21 
2. OMISSÃO DE CAUTELA ........................................................................................................... 22 
 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 22 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 22 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 22 
2.3.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 22 
2.3.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 22 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 22 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 22 
 FIGURA EQUIPARADA À OMISSÃO DE CAUTELA ........................................................ 23 
2.6.1. Objetividade jurídica .................................................................................................... 23 
2.6.2. Sujeitos do delito .......................................................................................................... 23 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 2 
 
2.6.3. Observações importantes ............................................................................................ 23 
2.6.4. Consumação e tentativa .............................................................................................. 24 
3. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO .................................................. 24 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 24 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 24 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 24 
3.3.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 24 
3.3.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 25 
 ELEMENTO NORMATIVO .................................................................................................. 25 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 25 
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ..................................................................................... 25 
3.6.1. Crime de perigo abstrato ............................................................................................. 25 
3.6.2. Porte simultâneo de duas ou mais armas de fogo ...................................................... 26 
3.6.3. Porte simultâneo: arma de fogo de uso restrito e de uso permitido ........................... 26 
3.6.4. Porte de arma de brinquedo ........................................................................................ 26 
3.6.5. Tipo misto alternativo ................................................................................................... 26 
3.6.6. Porte ilegal de arma de fogo desmuniciada ................................................................26 
3.6.7. Porte de munição e lesividade da conduta ................................................................. 26 
3.6.8. Uso de munição como pingente e atipicidade ............................................................ 27 
3.6.9. Porte e homicídio ou roubo .......................................................................................... 27 
3.6.10. Porte ilegal e legítima defesa ...................................................................................... 27 
4. DISPARO DE ARMA DE FOGO ................................................................................................ 27 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 27 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 28 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 28 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 28 
4.4.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 28 
4.4.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 28 
 ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO ...................................................................................... 28 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 28 
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ..................................................................................... 29 
4.7.1. Pluralidade de disparos ............................................................................................... 29 
4.7.2. Veracidade do projétil .................................................................................................. 29 
4.7.3. Crime mais grave e absorção ...................................................................................... 29 
4.7.4. Porte ilegal e disparo de arma de fogo ....................................................................... 29 
 PENA ................................................................................................................................... 29 
5. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO ...... 30 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 30 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 31 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 31 
5.3.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 31 
5.3.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 31 
 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.................................................................................. 31 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 32 
 FIGURAS EQUIPARADAS ................................................................................................. 32 
5.6.1. (I) Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de indicação de arma de 
fogo ou artefato ........................................................................................................................... 32 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 3 
 
5.6.2. (II) Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a 
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir 
a erro autoridade policial, perito ou juiz ..................................................................................... 32 
5.6.3. (III) Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar ................................ 32 
5.6.4. (IV) Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, 
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado .................. 33 
5.6.5. (V) Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente ....................................................................... 34 
5.6.6. (VI) Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer 
forma, munição ou explosivo ...................................................................................................... 34 
 ROL DOS CRIMES HEDIONDOS ...................................................................................... 34 
 PENA ................................................................................................................................... 35 
6. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO ............................................................................... 35 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 35 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 36 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 36 
6.3.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 36 
6.3.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 36 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 36 
 ELEMENTO NORMATIVO .................................................................................................. 36 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 37 
 FIGURA EQUIPARADA ...................................................................................................... 37 
 ROL DOS CRIMES HEDIONDOS ...................................................................................... 37 
 PENA ................................................................................................................................... 37 
7. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO .................................................................. 37 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 37 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 38 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 38 
 SUJEITOS DO DELITO ...................................................................................................... 38 
7.4.1. Sujeito ativo .................................................................................................................. 38 
7.4.2. Sujeito passivo ............................................................................................................. 38 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .......................................................................................... 38 
 FIGURA EQUIPARADA ...................................................................................................... 39 
 ROL DOS CRIMES HEDIONDOS ...................................................................................... 39 
 PENA ...................................................................................................................................39 
 TRÁFICO INTERNACIONAL DE MUNIÇÃO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ......... 39 
8. FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA ...................................................................................... 40 
9. PERFIL BALÍSTICO ................................................................................................................... 40 
10. JURISPRUDÊNCIA EM TESE ............................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 4 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial – Estatuto do Desarmamento possui como base as 
aulas do professor Cleber Masson, do Curso G7 Jurídico. Posteriormente, complementada com a 
aula do Professor Silvio Maciel. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar) e 
b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ambos da Editora Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito), bem 
como a Jurisprudência em Tese do STJ. 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia 
da semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer muitas questões. 
É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.dizerodireito.com.br/
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 5 
 
PARTE GERAL 
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA 
O primeiro diploma legislativo a tratar sobre armas de fogo foi a Lei de Contravenções 
Penais, em seu art. 19, que foi parcialmente revogado (em relação às armas de fogo), mas continua 
válido no que se refere às armas brancas (dotada de ponta ou gume). 
Art. 19 - Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, 
sem licença da autoridade: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos 
mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
Em 1997, editou-se a Lei 9.437 que tratava sobre armas de fogo. Note que o porte ilegal de 
arma de fogo, a posse ilegal de arma de fogo, antes meras contravenções, a partir de 1997, 
passaram a ser considerados como crime. 
Ressalta-se que todos os crimes estavam previstos no art. 10 da Lei (posse, porte, comércio, 
disparo etc.), sujeitos a uma mesma pena. Assim, tínhamos condutas de gravidades totalmente 
diferentes submetidas a uma mesma pena. Claramente, havia uma violação ao princípio da 
proporcionalidade e da individualização da pena (que também se dirige ao poder legislativo). 
Vejamos a redação do art. 10 da Lei 9.437/97, revogado pela Lei 10.826/03. 
Lei 9.437/97 Art. 10. Possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, 
expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e 
ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a autorização e em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar. 
Em 2003 foi editada a Lei 10.826/03, conhecida como Estatuto do Desarmamento, fruto de 
um processo de conscientização da retirada das armas de fogo de circulação, que revogou 
integralmente a Lei 9.437/97. 
O estatuto pune a posse (art. 12), porte (art. 14), posse/porte de uso proibido (art. 16), 
disparo (art. 15), comércio (art. 17), tráfico internacional (art. 18), atendendo à proporcionalidade e 
à individualização da pena. 
Em janeiro de 2019, editou-se o Decreto 9.685/2019 que regulamentava o registro, posse e 
comercialização de arma de fogo. Em maio, foi editado o Decreto 9.785/2019 (revogou o decreto 
de janeiro) que, por sua vez, foi revogado pelo Decreto 9.847/2019 de junho. Então, atualmente, o 
registro, posse e comercialização de arma de fogo é regulamentado pelo Decreto 9.847/2019. 
Em 2019, ainda, o Estatuto foi alterado pela Lei 13.870/2019 (autorização para a posse de 
arma de fogo abrange toda a extensão da propriedade rural, não apenas a sede), pela Lei 
13.886/2019 (destinação das armas de fogo aprendidas) e pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime). 
2. NOÇÕES PRELIMINARES 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 6 
 
O Capítulo I do Estatuto do Desarmamento regulamenta o SINARM – Sistema Nacional de 
Armas, órgão instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circulação em 
todo o território nacional. 
Antes, o controle de armas era exercido por cada Estado através da Polícia Civil. 
O art. 2º, parágrafo único é claro ao ressalvar que o Estatuto do Desarmamento não é 
aplicado ás Forças Armadas, observe: 
Art. 2º, Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas 
de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem 
dos seus registros próprios. 
Salienta-se que, atualmente, o Decreto 9.847/2019 regulamenta o SINARM e o Sistema de 
Gerenciamento Militar de Armas, o legislador optou por uma regulamentação da lei, conforme 
observamos, por exemplo, nos arts. 3º, parágrafo único, 4º, III, 4º, §8º, dentre outros. 
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no 
Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. 
Todas as armas de fogo deverão ser cadastradas no SINARN (Sistema Nacional de Arma 
de Fogo) ou no SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), é o Decreto 9.847/2019 que 
determina em qual sistema a arma será cadastrada. 
Obs.: Algumas provas (polícia, técnico, analista) costumam cobrar quais armas serão cadastradas 
no SINARN ou no SIGMA, por isso recomendamos a leitura atenta do Decreto, a depender do 
concurso escolhido. 
3. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO 
Conforme visto, o controle de armas é feito pelo SINARM, órgão federal, entretanto a 
competência para julgar crimes relacionados ao Estatuto do Desarmamento, em regra, não é da 
Justiça Federal, mas da Justiça Estadual. Nesse sentindo: 
O objeto jurídico protegido pela Lei nº 10.826/03 é a incolumidade de toda a 
sociedade, vítima em potencial do uso irregular das armas de fogo, não 
havendo qualquer violação direta aos interesses da União, a despeito de ser 
o SINARM um ente federal”. (STJ, HC 57348/RJ, 5ª Turma, rel. Min. Gilson 
Dipp, j. 12/06/2006). 
 
O crime atingirá interesse federal, atraindo a competência da Justiça Federal quando, por 
exemplo, um oficial da Polícia Federal for flagrado em serviço portando arma raspada; ou quando 
se tratar de tráfico internacional de armas, cuja competência originária é da Justiça Federal, por ser 
crime à distância, envolver dois países, previsto em tratado ou convenção internacional. Ainda 
assim, no último caso, o simples fato de se tratar de arma estrangeira não é capaz de configurar o 
crime de tráfico internacional de armas. É preciso comprovar que a pessoa que estiver portando 
tenha sido a responsávelpela importação da arma (mesmo raciocínio do tráfico transnacional de 
drogas). 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 7 
 
Salienta-se que o crime praticado por militar poderá ser julgado pela Justiça Militar, tendo 
em vista a ampliação do conceito de crime militar do art. 9º do CPM, alterado pela Lei 13.491/2017. 
4. NATUREZA DOS CRIMES 
De acordo com o entendimento do STF e do STJ, todos os crimes do Estatuto do 
Desarmamento são crimes de perigo abstrato ou presumido, ou seja, haverá crime mesmo diante 
da ausência de perigo concreto/real. Presume-se abstratamente o perigo no tipo penal. 
Cita-se, como exemplo, o porte de uma caixa de munição que não causa perigo concreto, 
pois desacompanhada da suposta arma de fogo. 
Salienta-se que há doutrina (Luiz Flávio Gomes) sustentando a inconstitucionalidade dos 
crimes de perigo abstrato. No entanto, desde que estejam tipificando comportamentos 
comprovadamente perigosos, de acordo com as regras de experiência, não há qualquer 
inconstitucionalidade. 
5. BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS 
Tanto o STF quanto o STJ dividiram os bens jurídicos protegidos pelo Estatuto do 
Desarmamento em dois grupos, quais sejam: 
• Bem jurídico imediato ou principal – trata-se da incolumidade pública; 
• Bem jurídico mediato ou secundário – patrimônio, liberdade, vida, integridade física etc. 
6. CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO 
O Estatuto separa as armas de fogo em três grandes grupos, a seguir veremos cada um 
deles. 
 ARMAS DE FOGO DE USO PERMITIDO 
São aquelas cuja utilização pode ser autorizada tanto a pessoas físicas quanto a pessoas 
jurídicas. 
A relação das armas de fogo de uso permitido encontra-se no art. 2º, I do Decreto 
9.847/2019. 
Por exemplo, revolveres até calibre 38 são de uso permitido. 
 ARMAS DE FOGO DE USO RESTRITO 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 8 
 
São as de uso exclusivo das Forças Armadas, de Instituições de Segurança Pública e de 
pessoas físicas ou jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, nos 
termos do art. 12, § 7º do Decreto 9.847/2019, com relação contida no art. 2º, II do mesmo diploma 
legal. 
Temos aqui: armas automáticas, K47. 
 ARMAS DE FOGO DE USO PROIBIDO 
São aquelas em que há total vedação ao uso, o Decreto 9.847/2019 considera como aquelas 
as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a 
República Federativa do Brasil seja signatária ou as armas de fogo dissimuladas, com aparência 
de objetos inofensivos. 
Cita-se, como exemplo, armas nucleares. 
7. REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO 
São necessárias três etapas: compra da arma de fogo (1ª etapa), registro da arma de fogo 
(2ª etapa) e autorização para o porte (3ª etapa) 
 1ª ETAPA: AQUISIÇÃO DA ARMA DE FOGO 
A pessoa interessada na aquisição da arma de fogo, conforme disposto no art. 28 do 
Estatuto, deve ter mais de 25 anos, salvo quando for: 
• Integrante das Forças Armadas; 
• Integrante dos órgãos definidos no art. 144 da CF (polícia civil, polícia militar, polícia 
federal); 
• Integrante das guardas municipais das capitais dos Estados (pouco importante a 
população) e dos Municípios com mais de 500 mil habitantes; 
Refere-se aos incisos III e IV, do art. 6º do Estatuto. Salienta-se que no julgamento da 
ADI 5948, o Ministro Alexandre de Moraes, ad referendum do Plenário, determinou a 
IMEDIATA SUSPENSÃO DA EFICÁCIA das expressões das capitais dos Estados e com 
mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes , no inciso III, bem como o inciso IV, ambos 
do art. 6º da Lei Federal nº 10.826/20031. 
• Agentes operacionais da ABI e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete 
de Segurança Institucional da Presidência da República; 
 
1 Acompanhar o julgamento das ADI’s 5538 
(http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=5538&processo=5538) e 
5948 (http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=5948&processo=5948). 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=5538&processo=5538
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=5948&processo=5948
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 9 
 
• Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, das escoltas de presos 
e as guardas portuárias; 
• Integrantes das carreiras de Auditoria da Receita Federal e da Auditoria-Fiscal do 
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. 
 Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, 
ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, 
VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. 
 
Além da idade de 25 anos, é necessário atender determinados requisitos, são eles: 
• Comprovação de idoneidade 
• Ocupação lícita 
• Residência 
• Capacidade para manuseio da arma. 
Quando os requisitos legais estiverem presentes, o SINARM emitira autorização para a 
compra da arma de fogo. É uma autorização específica para a pessoa e para a arma. Igualmente, 
a compra de munição é específica para a arma de fogo autorizada, vejamos os parágrafos 2º e 3º 
do art. 4º do Estatuto: 
Art. 4º (...) 
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após 
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente 
e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. 
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre 
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. 
 2ª ETAPA: REGISTRO 
Após a aquisição da arma de fogo, o interessado deverá registrá-la perante o órgão 
competente. 
A definição do órgão competente está relacionada com a classificação da arma de fogo. 
Assim: 
• ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: compete à Polícia Federal, após a anuência do 
SINARM, com validade em todo o território nacional; 
• ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: compete ao Comando do Exército. 
A finalidade do registro é autorizar o proprietário a manter a arma de fogo no interior de sua 
residência, ou ainda em seu local de trabalho, desde que ele seja o titular ou responsável legal do 
estabelecimento ou empresa. 
 3ª ETAPA: AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 10 
 
Para que a arma de fogo seja levada consigo em via pública ou em local distinto, será 
necessária a autorização para o porte, nos termos do art. 6º e seguintes do Estatuto do 
Desarmamento. 
Em regra, o porte é vedado em todo o território nacional, conforme se depreende do art. 6º, 
in verbis: 
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo 
para os casos previstos em legislação própria e para: 
Contudo, a autorização para o porte poderá ser concedida em algumas hipóteses, seja em 
caso de função do sujeito, seja em decorrência da obtenção de autorização junto à Polícia Federal, 
após a anuência do SINARM, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 10) 
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo 
o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será 
concedida após autorização do Sinarm. 
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia 
temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e 
dependerá de o requerente: 
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade 
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; 
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; 
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o 
seu devido registro no órgão competente. 
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá 
automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado 
em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou 
alucinógenas. 
Obs.:Mesmo no caso de porte funcional é necessário o cumprimento da 1ª e da 2ª etapa. 
Ressalta-se que o porte funcional, conforme entendimento do STJ (Info 554), não se estende 
aos aposentados, eis que não exercem mais a função pública 
 
 Salienta-se que a autorização para o porte pode ser concedida com eficácia temporária e 
territorial, e perderá sua eficácia se o portador for detido ou abordado em estado de embriaguez ou 
sob o efeito de substâncias químicas ou alucinógenas. 
Outrossim, a autorização para o porte não permite o porte ostensivo da arma de fogo, ou de 
entrar ou com ela permanecer em locais públicos ou com aglomeração de pessoas, conforme 
dispõe o art. 20 do Decreto 9.847/2019. Quando se viola tal regra, haverá a cassação da autorização 
e apreensão da arma de fogo. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 11 
 
Art. 20. O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal concedido 
nos termos do disposto no art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003, não poderá 
conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais 
públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências 
bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em 
decorrência de eventos de qualquer natureza. 
§ 1º A inobservância ao disposto neste artigo implicará na cassação do porte 
de arma de fogo e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que 
adotará as medidas legais pertinentes. 
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º na hipótese de o titular do porte de arma de 
fogo portar o armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas 
ou medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou 
motor. 
Há, ainda, o porte de trânsito para desportistas, colecionadores e caçadores, o qual é 
concedido pelo Comando do Exército. 
Por fim, o porte na categoria “caçador de subsistência” poderá ser concedido pela Policia 
Federal aos residentes em áreas rurais que comprovem depender do emprego de arma de fogo 
para prover a subsistência alimentar familiar, desde que se trate de arma portátil, de uso permitido, 
de tiro simples, com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16. 
 AUSÊNCIA DO REGISTRO OU DE AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE E ADEQUAÇÃO 
TÍPICA 
Para melhor compreensão, reproduzimos o quadro elaborado pelo Prof. Cleber Masson, 
observe: 
ESPÉCIE DE ARMA TIPIFICAÇÃO 
Arma permitida – ausência de registro Posse ilegal de arma de fogo (art. 12) 
Arma permitida – ausência de autorização 
para o porte 
Porte ilegal de arma de fogo (art. 14) 
Arma de uso registro – ausência de registro 
ou ausência de autorização para o porte 
Art. 16 
Obs.: Com a Lei 13.497/2017 passou a ser 
considerado crime hediondo 
 
Atenção para o Info 597 do STJ, observe a explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o 
Direito): 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#sart10
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 12 
 
João é Delegado de Polícia. Durante uma busca e apreensão realizada em sua residência 
para apurar crimes contra a administração pública, foi encontrada uma arma de fogo de uso 
permitido. A arma encontrada estava registrada em nome de outra pessoa (que não João) na 
"Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos do Rio de Janeiro". Vale ressaltar, no entanto, que 
a arma não possuía registro na Polícia Federal nem cadastro no SINARM, conforme exige o Decreto 
nº 5.123/2004, que regulamenta o Estatuto do Desarmamento. 
Diante disso, o Ministério Público denunciou João pela prática de posse irregular de arma 
de fogo, conduta prevista no art. 12 da Lei nº 10.826/2003. 
A defesa alegou que João, por ser Delegado de Polícia, possui porte de arma e que a falta 
de registro na Polícia Federal e cadastro no SINARM seria mera irregularidade administrativa. 
Argumentou-se também que poderia ser aplicado ao caso o princípio da adequação social. Por fim, 
afirmou-se que não existiu crime porque não houve ofensa ao princípio da lesividade. 
O STJ concordou com os argumentos da defesa? 
NÃO. Segundo decidiu o STJ: 
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir 
arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que 
impõem registro das armas no órgão competente. 
Não se pode aplicar ao caso o princípio da adequação social. O princípio da adequação 
social, desenvolvido por Hanz Welzel, afasta a tipicidade dos comportamentos que são aceitos e 
considerados adequados ao convívio social. De acordo com o referido princípio, os costumes 
aceitos por toda a sociedade afastam a tipicidade material de determinados fatos que, embora 
possam se subsumir a algum tipo penal, não caracterizam crime justamente por estarem de acordo 
com a ordem social em um determinado momento histórico. 
A adequação social é um princípio dirigido tanto ao legislador quanto ao intérprete da norma. 
Quanto ao legislador, esse princípio serve como norte para que as leis a serem editadas não 
punam como crime condutas que estão de acordo com os valores atuais da sociedade. 
Quanto ao intérprete, esse princípio tem a função de restringir a interpretação do tipo penal 
para excluir condutas consideradas socialmente adequadas. Com isso, impede-se que a 
interpretação literal de determinados tipos penais conduza a punições de situações que a sociedade 
não mais recrimina. 
Assim, de acordo com este princípio, não se pode reputar como criminosa uma ação ou 
omissão aceita ou tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal 
incriminador. 
Possuir arma de fogo sem registro no órgão competente e que somente foi descoberta após 
cumprimento de mandado de busca e apreensão não é conduta socialmente tolerável e adequada 
no plano normativo penal, mesmo que tenha sido praticada por um Delegado de Polícia. 
Por fim, analisando o fato sob a ótica do princípio da lesividade, tem-se que haver sim perigo 
à incolumidade pública, considerando que o objetivo do Estatuto do Desarmamento foi o de ter 
absoluto controle sobre as armas de fogo existentes no país. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 13 
 
Dessa forma, não se pode aplicar, ao caso concreto, o princípio da insignificância. 
Cuidado para não confundir com este outro julgado na prova: 
A Polícia, ao realizar busca e apreensão na casa de Pedro (Conselheiro do Tribunal de 
Contas do Estado), lá encontrou uma pistola, de uso restrito (pistola calibre 9mm). Pedro não tinha 
autorização para possuir e guardar essa arma de uso restrito, mas argumentou que, por ser 
Conselheiro do TCE, é equiparado a magistrado e que, portanto, possui porte de arma. O Ministério 
Público não concordou com o argumento e denunciou Pedro pela prática do art. 16 do Estatuto do 
Desarmamento. 
Segundo a denúncia, Pedro, mesmo sendo equiparado a magistrado, não poderia possuir 
uma pistola calibre 9mm. Isso porque, de acordo com a Portaria ComEx n. 209 de 14.3.2014 (do 
Comando do Exército), os magistrados somente poderão adquirir, para uso particular, armas de uso 
restrito limitadas aos calibres ponto 357 Magnum e ponto 40. Logo, a pistola calibre 9mm está fora 
da autorização concedida pela Portaria. 
A questão foi julgada pelo STJ. Para o Tribunal, houve crime? NÃO. 
O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda arma ou 
munição de uso restrito não comete o crime do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do 
Desarmamento). STJ. Corte Especial. APn 657-PB, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
21/10/2015 (Info 572). 
Ressalta-se que o Estatuto do Desarmamento prevê tipos penais preventivos, que criam 
uma espécie de obstáculos, o legislador antecipa a tutela penal. Assim, o legislador incrimina de 
forma autônoma um ato preparatório de determinado crime. Por exemplo, o porte ilegal de arma de 
fogo, isoladamente considerado, é umato preparatório para o roubo ou para o homicídio. 
 REGISTRO DE ARMA DE FOGO E LEI MARIA DA PENHA 
Observe o disposto no art. 22 da Lei Maria da Penha: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e (OU) familiar contra a 
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, 
em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente (Polícia Federal), nos termos da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003; 
Caso continue com a arma, praticará o crime de posse ilegal de arma de fogo. 
Por fim, a Lei 13.880/2019 incluiu como uma medida protetiva de urgência a apreensão 
imediata de arma de fogo sob posse do agressor (art. 18, IV da Lei da Maria da Penha). 
8. POSSE X PORTE 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 14 
 
Observe o quadro comparativo entre posse e porte de arma de fogo elaborado pelo 
Professor Márcio Cavalcante: 
 
POSSE PORTE 
Se o indivíduo tem direito à posse, 
significa que ele está autorizado a manter 
a arma de fogo exclusivamente no 
• interior de sua residência ou domicílio; 
ou 
• no seu local de trabalho (desde que seja 
ele o titular ou o responsável legal pelo 
estabelecimento ou empresa). 
Se o indivíduo tem direito ao porte, 
significa que ele está autorizado a 
carregar consigo a arma de fogo mesmo 
em outros ambientes que não sejam a 
sua residência ou trabalho. 
A autorização para posse é concedida por 
meio de certificado expedido pela Polícia 
Federal, precedido de cadastro no 
Sinarm. 
A autorização para o porte de arma de 
fogo de uso permitido é de competência 
da Polícia Federal e somente será 
concedida após autorização do Sinarm. 
É necessário que o interessado cumpra 
os requisitos previstos no art. 4º da Lei nº 
10.826/2003. 
É necessário que o interessado cumpra 
os requisitos previstos no art. 10, § 1º, da 
Lei nº 10.826/2003. 
O titular deste direito recebe um 
documento chamado “certificado de 
registro de arma de fogo”. 
O titular deste direito recebe um 
documento chamado “porte de arma de 
fogo”. 
O indivíduo que possui ou mantém arma 
de fogo, acessório ou munição (de uso 
permitido) em sua residência ou trabalho, 
sem que tivesse autorização para isso 
(sem que tivesse certificado da Polícia 
Federal), comete o crime de posse 
irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei 
nº 10.826/2003). 
O indivíduo que é encontrado com arma 
de fogo, acessório ou munição (de uso 
permitido) fora de sua residência ou local 
de trabalho sem que tivesse autorização 
para isso (sem que tivesse porte de 
arma), comete o crime de porte ilegal de 
arma de fogo (art. 14 da Lei nº 
10.826/2003). 
9. POSSE DE ARMA DE FOGO EM ZONA RURAL 
Explicação Dizer o Direito: 
É comum que a Polícia Federal conceda certificado de registro de arma de fogo para 
pessoas que moram em zona rural, tendo em vista que geralmente atendem aos requisitos do art. 
4º da Lei nº 10.826/2003. Assim, essas pessoas ficam autorizadas a possuir arma de fogo em suas 
residências ou locais de trabalho. 
Ocorre que a estrutura do imóvel rural é diferente dos imóveis urbanos. Isso porque no 
imóvel rural é comum haver um local onde a família efetivamente mora, ou seja, onde dorme, faz 
as refeições, onde é o banheiro etc. Esse local é a casa, que é conhecida como “sede da 
propriedade”/ “sede da fazenda”. No entanto, essa casa (sede da propriedade) é o menor local do 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 15 
 
terreno, existindo uma vasta área ao redor, onde os ocupantes do imóvel desenvolvem as atividades 
rurais, como plantações, criação de gado, de porcos, aves etc. 
Assim, a estrutura do imóvel rural é composta pela sede da fazenda e pelo terreno, sendo 
este último a maior extensão territorial. 
O art. 5º da Lei nº 10.826/2003 afirma que o titular do certificado de Registro de Arma de 
Fogo tem o direito de manter a sua arma de fogo “exclusivamente no interior de sua residência ou 
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular 
ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.” 
Não havia dúvidas de que uma interpretação teleológica permitia que concluíssemos que a 
autorização conferida pelo art. 5º abrangia tanto a sede da fazenda como o restante do terreno. No 
entanto, o legislador entendeu que seria mais adequado e seguro de que essa interpretação ficasse 
expressamente consignada na Lei e, portanto, inseriu um parágrafo ao art. 5º com essa informação. 
Confira: 
Art. 5º (...) 
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste 
artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo 
imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870/2019) 
Ex: João possui uma fazenda de 2 mil hectares onde cria 10 mil cabeças de gado. Ele possui 
um certificado de registro de arma de fogo. Isso significa que ele pode ficar com sua espingarda 
dentro da casa onde mora com a família (sede da fazenda) e pode andar com ela por toda a 
extensão dos 2 mil hectares de sua fazenda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 16 
 
 
 
 
DOS CRIMES E DAS PENAS 
1. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INCIAIS 
O art. 12 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o crime de posse irregular de arma de 
fogo de uso permitido, vejamos o dispositivo legal: 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda 
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Destaca-se que a conduta descrita no art. 12 está relacionada à ausência de registro da 
arma de fogo, não há que se falar em porte, uma vez que a arma está na residência ou no local de 
trabalho. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Protege-se a incolumidade pública, mais especificamente a segurança pública. Além disso, 
tutela-se o controle sobre a propriedade de armas de fogo. 
Segundo o entendimento do STF e do STJ, protege-se reflexamente a vida, a integridade 
física, o patrimônio, a honra e a liberdade. 
 CONDUTA 
O tipo penal descreve duas condutas: possuir e manter sob a guarda. 
Indaga-se as condutas possuir e mantar sob a guarda possuem o mesmo significado? 
1ªC (Nucci) - possui e manter sob a guarda possuem o mesmo significado. O legislador 
apenas utilizou palavras sinônimas para descrever a mesma conduta. 
2ªC (Capez) – são expressões distintas, assim: 
• Possuir significa estar na posse da própria arma; 
• Manter sob guarda significa guardar arma de terceiros. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 17 
 
Salienta-se que não é necessário contato físico entre o infrator e a arma para configuração 
do crime de posse ilegal de arma de fogo. 
 OBJETO MATERIAL 
Considera-se objeto material a arma de fogo, a munição e acessórios. 
Ressalta-se que o art. 12 do Estatuto do Desarmamento é uma norma penal em branco que 
será complementada pelo art. 2º do Decreto 9.847/2019. 
Obs.: não há definição legal do que se entende por acessório. O juiz irá definir na análise do caso 
concreto. 
 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO 
Também chamado de elemento espacial do tipo, é o que diferencia do porte. Observe a 
tabela. 
POSSE PORTE 
Ocorre na residência ou na dependência da 
residência do infrator (intramuros) 
Local do trabalho do infrator, desde que seja 
proprietário ou responsável legal. 
Em qualquer outro local. 
 
Imagine que João é gerente do posto de gasolina XX. Durante o dia Flávio faz a segurança 
armada do estabelecimento. Indaga-se: há crime? João e Flávio praticaram quais condutas?• João responderá por posso ilegal de arma de fogo, tendo em vista que é o responsável 
legal pelo posto de gasolina; 
• Flávio responderá por porte ilegal de arma de fogo, já que está portando em qualquer 
outro lugar (fora de sua residência e não é nem proprietário e nem responsável legal pelo 
posto de gasolina). 
Obs.: Importante lembrar que em áreas rurais, toda a propriedade rural, será considerada como 
residência para efeitos do Estatuto do Desarmamento. 
Ressalta-se que, de acordo com o entendimento do STJ, veículo não é residência, ainda 
que utilizado como instrumento de trabalho. Assim, caso seja encontrada uma arma dentro de um 
caminhão, o caminhoneiro cometerá o delito de porte ilegal de arma de fogo. 
Há ainda outro elemento normativo do tipo, consagrado na expressão “em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar”. 
POSSE LEGAL POSSE ILEGAL 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 18 
 
Trata-se de fato atípico, tendo em vista que o 
agente obteve o registro, seguindo as 
disposições legais. 
É o crime tipificado no art. 12 do Estatuto do 
Desarmamento. 
 
A entrega espontânea da arma extingue a punibilidade por posse ilegal de arma de fogo, 
nos termos do art. 32 do Estatuto do Desarmamento. 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, 
espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão 
indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de 
eventual posse irregular da referida arma. 
Obs.: De acordo com o entendimento do STJ, o que extingue a punibilidade é a entrega espontânea, 
quando a polícia encontra a arma, cumprindo mandado de busca e apreensão, haverá o crime. 
Por fim, o STJ (HC 94.673, STJ) a conduta de quem se dirige até a delegacia para entregar 
arma de fogo, não pode ser equiparada ao crime de porte ilegal, uma vez que tal comportamento é 
autorizado pelo Estado (Art. 30, 31 e 32 do Estatuto do Desarmamento). Falta a esta ação 
antinormatividade (aplicação da Teoria da Tipicidade Conglobante). 
 SUJEITOS DO DELITO 
1.6.1. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo, inclusive o proprietário da arma (pagou, mas não 
possui registro). 
Trata-se de crime comum ou geral. 
1.6.2. Sujeito passivo 
É a coletividade. Portanto, estamos diante de um crime vago, ou seja, o sujeito passivo é 
um ente destituído de personalidade jurídica. 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime permanente, tendo em vista que a consumação se propaga no tempo, em razão 
da vontade do agente. 
Obs.: Por conta da permanência, devemos lembrar que: a) será possível a prisão em flagrante, 
enquanto não cessada a permanência; b) o curso do prazo prescricional somente se inicia com a 
cessação da permanência; c) sobrevindo lei penal mais gravosa, enquanto não cessada a 
permanência, poderá ser aplicada ao caso. 
Nesse sentindo, destacamos o Info 506 do STJ: 
Não é ilegal a prisão realizada por agentes públicos que não tenham 
competência para a realização do ato quando o preso foi encontrado em 
estado de flagrância. Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 19 
 
Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes 
permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de 
flagrância nesse tipo de crime persiste enquanto não cessada a 
permanência. Segundo o art. 301 do CPP, qualquer do povo pode prender 
quem quer que seja encontrado em situação de flagrante, razão pela qual a 
alegação de ilegalidade da prisão - pois realizada por agentes que não tinham 
competência para tanto - não se sustenta. HC 244.016-ES, Rel. Min. Jorge 
Mussi, julgado em 16/10/2012. 
 
Assim como outros crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, a posse irregular de 
arma de fogo de uso permitido é crime de perigo abstrato/perigo presumido. Ou seja, o crime se 
consuma com a mera exposição do bem jurídico a uma probabilidade de dano, não se reclama o 
dano efetivo. Como a lei presume de forma absoluta o perigo ao bem jurídico, não cabe prova em 
contrário. 
Obs.: Apenas para relembrarmos, tratando-se de crime de perigo concreto é necessário a 
comprovação, não se presume. 
 Além disso, é um crime de mera conduta ou de simples atividade, eis que o tipo penal 
se limita a descrever uma conduta, não há resultado naturalístico. O crime se consuma com a mera 
posse irregular, não importa a finalidade. 
É perfeitamente possível a tentativa, em tese. 
De acordo com Renato Brasileiro, “parte da doutrina prefere dizer que não é possível a 
tentativa. Isso porque na eventualidade de o agente ser surpreendido, enquanto tentava, por 
exemplo, adquirir ilegalmente uma arma de fogo de uso permitido para guardar em sua residência, 
o crime será o do art. 14, na forma tentada, e não o do art. 12 do Estatuto do Desarmamento” 
 GUARDA DE ARMA DE FOGO COM REGISTRO VENCIDO 
A cada três anos, o titular da arma de fogo deve renovar o seu registro, nos termos do art. 
5º, § 2º do Estatuto do Desarmamento, in verbis: 
Art. 5º, § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o deverão 
ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na 
conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação 
do Certificado de Registro de Arma de Fogo. 
Nos casos em que o agente mantém a arma de fogo, sem renovar o registro, o STJ entende 
que não há o crime do art. 12, mas mera infração administrativa. Vejamos, a sempre excelente, 
explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito) sobre o tema, no Info 572 do STJ: 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 20 
 
 
Argumentos: 
• Não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado o prazo, é 
apanhado com a arma nessa circunstância. 
• Trata-se de uma irregularidade administrativa. Isso porque se a pessoa possui o registro 
da arma de fogo de uso permitido, significa que o Poder Público tem completo 
conhecimento de que ele possui o artefato em questão, podendo rastreá-lo, se 
necessário. Logo, inexiste ofensividade na conduta. 
• A mera inobservância da exigência de recadastramento periódico não pode conduzir à 
incriminação penal. Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punição administrativa 
pertinente, não estando em consonância com o Direito Penal moderno deflagrar uma 
ação penal para a imposição de pena tão somente porque o indivíduo - devidamente 
autorizado a possuir a arma pelo Poder Público, diga-se de passagem - deixou de ir de 
tempos em tempos efetuar o recadastramento do artefato. Portanto, até mesmo por 
questões de política criminal, não há como submeter o paciente às agruras de uma 
condenação penal por uma conduta que não apresentou nenhuma lesividade relevante 
aos bens jurídicos tutelados pela Lei nº 10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser 
resolvida na via administrativa. 
• O direito penal possui caráter subsidiário e de última ratio. 
 AÇÃO PENAL 
É crime de ação penal pública incondicionada. 
 ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA 
O Estatuto do Desarmamento estabeleceu, em seu art. 30, um prazo de 180 dias para que 
os possuidores e proprietários de armas de fogo de uso permitido fizessem a solicitação de registro. 
Após sucessivas prorrogações, o prazo limite foi estipulado em 31 de dezembro de 2009, nos 
termos do art. 20 da Lei 11.922/20. 
Com base neste dispositivo, passou-se a entender que houve uma abolitio criminis 
temporária para o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido. De fato, se o cidadão 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 21 
 
foi flagrado com uma arma dessa espécie em sua residência, por exemplo, entre a entrada em vigor 
do Estatuto do Desarmamento e o dia 31 de dezembro de 2009, não poderia ser punido, pois ainda 
possuía prazo para efetuar a solicitação do registro da arma. 
Em sua redação originária, o Estatuto do Desarmamento autorizava essa abolitio criminis 
temporáriatambém para as condutas relacionadas às armas de uso restritos e àquelas que lhes 
são equiparadas por Lei, como as armas de numeração raspada, suprimida ou adulterada. Em 
relação a este tipo de arma, porém, a abolitio criminis temporária cessou no dia 23 de outubro de 
2005. 
Nesse sentindo, a Súmula 513 do STJ: 
Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 
10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido 
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. 
 
Em suma: 
a) de 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005 a posse ilegal de arma permitida ou 
proibida não configurou crime; 
 b) de 24 de outubro de 2005 a 31 de dezembro de 2009 a posse ilegal de arma permitida 
continuou a não configurar crime, mas a posse ilegal de arma proibida ou restrita (incluindo a arma 
permitida adulterada) passou a configurar crime; 
c) a partir de 1º de janeiro de 2010 a posse ilegal de arma permitida passou a configurar 
crime, mas a entrega espontânea à Polícia Federal constitui causa extintiva de punibilidade; 
d) o porte ilegal de qualquer arma sempre configurou crime, desde a entrada em vigor do 
Estatuto do Desarmamento. 
 PENA 
A pena será de um a três anos e multa. 
Trata-se de crime de médio potencial ofensivo (pena de um a três anos), admitindo-se a 
suspensão condicional do processo, prevista no art. 89 da Lei 9.099/95. 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam 
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
Salienta-se que, como a pena não ultrapassa quatro anos, o próprio delegado poderá arbitrar 
a fiança. 
Por fim, estando presentes os requisitos do art. 44 do CP, é perfeitamente possível que a 
pena seja convertida em restritiva de direitos, pois cabe a conversão quando a pena aplicada, ao 
crime doloso, sem violência ou grave ameaça, não ultrapassa quatro anos. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 22 
 
2. OMISSÃO DE CAUTELA 
 PREVISÃO LEGAL 
O crime de omissão de cautela está previsto no art. 13 do Estatuto do Desarmamento, 
observe: 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor 
de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere 
de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Tutela-se a segurança pública, bem como a integridade física do menor de 18 anos e do 
portador de doença mental. 
 SUJEITOS DO DELITO 
2.3.1. Sujeito ativo 
Pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum ou geral. 
2.3.2. Sujeito passivo 
São sujeitos passivos: 
• A coletividade 
• O menor de 18 anos 
• O portador de doença mental 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
Os crimes do Estatuto do Desarmamento, em geral, são dolosos. Contudo, o crime de 
omissão de cautela é culposo, eis que é um típico caso de negligência. 
O proprietário da arma deixa de adotar as cautelas necessárias. Cita-se, como exemplo 
recente, o caso do adolescente de Goiânia que teve acesso à arma da mãe e atirou contra seus 
colegas de escola. 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime material, o qual depende da produção do resultado naturalístico. Assim, não basta 
que o agente seja negligente, é necessário que o menor ou que o portador de transtorno mental se 
apodere da arma. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 23 
 
É crime de perigo abstrato. 
É crime omissivo impróprio. 
Por fim, não admite tentativa. 
 FIGURA EQUIPARADA À OMISSÃO DE CAUTELA 
O parágrafo único traz um crime diferente em que é aplicado a mesma pena do art. 13, 
vejamos: 
Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor 
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem 
de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, 
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição 
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de 
ocorrido o fato. 
Nos casos em que ocorre a perda, furto, roubo ou outra forma de extravio de arma de fogo, 
a empresa de segurança tem a obrigação de comunicar à autoridade competente em 24h, sob pena 
de responder pelo delito do art. 13, parágrafo único. 
2.6.1. Objetividade jurídica 
Protege-se a veracidade dos cadastros de arma de fogo perante o SINARM e o registro 
perante o órgão competente (em regra, Polícia Federal). 
2.6.2. Sujeitos do delito 
a) Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio ou especial, uma vez que somente pode ser praticado pelo 
proprietário da empresa ou pelo diretor responsável. 
b) Sujeito passivo 
É a coletividade (crime vago) 
2.6.3. Observações importantes 
• As armas de fogo utilizadas pelas empresas de segurança e de transporte de valores 
deverão pertencer a elas, ficando também sob sua guarda e responsabilidade; 
• O registro e autorização para o porte, expedido pela Polícia Federal, deverão ser 
elaborados no nome da empresa. 
• A empresa deve apresentar ao SINARM, semestralmente, relação dos empregados 
habilitados a portar as armas, restrita ao serviço. 
Obs. Caso o funcionário da empresa seja surpreendido com a arma de fogo, fora do horário de 
trabalho, responderá por porte ilegal de arma de fogo. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 24 
 
2.6.4. Consumação e tentativa 
É um crime a prazo, em que o tipo penal condiciona a consumação do delito ao transcurso 
de determinado tempo. 
Assim, a consumação ocorrerá após o transcurso das 24h sem que haja a comunicação. 
Não admite tentativa, pois se trata de um crime omissivo próprio. 
3. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
O delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido está previsto no art. 14 do Estatuto 
do Desarmamento, vejamos: 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob 
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem 
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a 
arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) 
Trata-se de crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com os benefícios da Lei 
9.099/95. 
Ressalta-se que o STF, na ADI 3.112/1, considerou o parágrafo único inconstitucional, pois, 
atualmente, apenas a CF pode dizer, de forma genérica e abstrata, que um crime é inafiançável. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Tutela-se a incolumidade pública, mais especificamente a segurança pública. 
 SUJEITOS DO DELITO 
3.3.1. Sujeito ativo 
É crime comum ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Cuidado com o disposto no art. 20 do Estatuto do Desarmamento que traz uma causa de 
aumento de pena, quando o crime é praticado por um dos integrantes dos órgãos e empresas 
constantes nos arts. 6º, 7º e 8º da Lei. 
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é 
aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 
6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO2020.1 25 
 
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
3.3.2. Sujeito passivo 
É a coletividade, trata-se de crime vago. 
 ELEMENTO NORMATIVO 
O tipo penal do art. 14 contém um elemento normativo, qual seja: “sem autorização e em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
Desta forma, conclui-se que é possível portar legalmente uma arma de fogo. 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime de mera conduta, pois se esgota no porte ilegal da arma de fogo. 
É crime de perigo abstrato. 
É possível a tentativa quando, por exemplo, o agente inicia os atos de execução, mas não 
logra êxito em adquirir a arma de fogo de uso permitido. 
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 
3.6.1. Crime de perigo abstrato 
Significa que a lei presume, de forma absoluta, que a arma de fogo representa um perigo à 
segurança pública. 
O STJ, no Info 570, entendeu que é atípica a conduta de portar arma de fogo ineficaz. 
Vejamos a ótima explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito): 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 26 
 
3.6.2. Porte simultâneo de duas ou mais armas de fogo 
Prevalece o entendimento que o agente responde apenas por um crime, sendo que a 
pluralidade de armas influi na dosimetria da pena. 
Nesse sentindo, o HC 148.349/SP: 
HC 148.349/ SP – Informativo 448 STJ: O crime de manter sob a guarda 
munição de uso permitido e de uso proibido caracteriza-se como crime único, 
quando houver unicidade de contexto, porque há uma única ação com lesão 
de um único bem jurídico, a segurança coletiva, e não concurso formal. 
 
Salienta-se que o STJ entendeu que a conduta de portar uma arma de fogo de uso permitido 
e uma arma de fogo de uso proibido configura concurso formal de crimes. 
3.6.3. Porte simultâneo: arma de fogo de uso restrito e de uso permitido 
Igualmente, prevalece o entendimento que irá responder por um único crime (o mais grave), 
a pluralidade de armas influirá na dosimetria da pena. 
3.6.4. Porte de arma de brinquedo 
O mero porte de arma de brinquedo não é considerado crime, não houve a incriminação pelo 
Estatuto do Desarmamento, proíbe a fabricação, a importação, a exportação de réplicas de arma 
de fogo, nos termos do art. 26. 
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação 
de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se 
possam confundir. 
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros 
destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, 
nas condições fixadas pelo Comando do Exército. 
3.6.5. Tipo misto alternativo 
É aquele que contém dois ou mais núcleos, configurando um único crime quando for 
praticado contra o mesmo objeto material. 
3.6.6. Porte ilegal de arma de fogo desmuniciada 
Entende-se que, por ser um crime de mera conduta, haverá crime. 
Nesse sentindo, o HC 95.073/MS (Info 699 do STF): 
Info 699 STF: Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003 
comtemplaria crime de mera conduta, sendo suficiente a ação de portar 
ilegalmente a arma, ainda que desmuniciada. 
3.6.7. Porte de munição e lesividade da conduta 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 27 
 
A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura crime. 
Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa 
o resultado concreto da ação. O objetivo do legislador foi o de antecipar a punição de fatos que 
apresentam potencial lesivo à população, prevenindo a prática de crimes. STF. 2ª Turma. HC 
119154, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/11/2013. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 
1442152/MG, Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2014. 
Obs.: O STJ (AgREsp 155.4212) possui julgados considerando atípico o porte de apenas um projetil, 
analisou o caso concreto. Aplicou o princípio da insignificância. 
3.6.8. Uso de munição como pingente e atipicidade 
O STF considerou atípica a conduta do agente que portava uma munição como pingente, 
sem possuir arma de fogo. 
 
3.6.9. Porte e homicídio ou roubo 
Tratando-se de posse ou porte ilegal de arma de fogo, exclusivamente, para a prática de 
homicídio ou roubo, ficará absorvida. 
Por outro lado, se o agente está posse ou porta ilegalmente uma arma e, eventualmente, 
prática um homicídio ou um roubo, haverá concurso material de crimes. 
3.6.10. Porte ilegal e legítima defesa 
Em regra, o agente que age em legítima defesa utilizando arma de fogo sem registro poderá 
responder pelo crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo. Contudo, o crime poderá ser 
absorvido quando a conduta foi exclusiva para o ato de legítima defesa. 
4. DISPARO DE ARMA DE FOGO 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
O art. 15 do Estatuto do Desarmamento consagra o delito de disparo de arma de fogo, 
vejamos: 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em 
suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa 
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 28 
 
O crime se aperfeiçoa com o disparo de arma de fogo ou, simplesmente, com o acionamento 
da munição (engatilhar a arma). 
Importante destacar a expressão “desde que essa conduta não tenha como finalidade a 
prática de outro crime”, a qual configura um crime expressamente subsidiário. Trata-se do princípio 
da subsidiariedade expressa na solução do conflito aparente de normas. 
Observe as seguintes hipóteses: 
• Agente dispara arma de fogo sem nenhum intuito, responderá pelo art. 15 do Estatuto 
do Desarmamento; 
• Agente dispara arma de fogo para matar outra pessoa, responderá por homicídio (art. 
121 do CP). O disparo será absorvido pelo homicídio. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Protege-se a incolumidade pública, mais especificamente a segurança pública. 
 OBJETO MATERIAL 
Apenas a munição, permitida ou proibida. 
 SUJEITOS DO DELITO 
4.4.1. Sujeito ativo 
É crime comum ou geral, tendo em vista que pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Lembrar da causa de aumento do art. 20, vista acima. 
4.4.2. Sujeito passivo 
É a coletividade, mas também serão vítimas as pessoas que suportaram o perigo. 
 ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO 
O disparo deve ocorrer em via pública ou em direção a ela, bem como em lugar habitado ou 
em suas adjacências. Portanto, o disparo de arma de fogo em lugar ermo é conduta atípica. 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime de mera conduta. Assim, será consumado com o disparo da arma de fogo ou com 
o acionamento da munição. 
Igualmente, é um crime de perigo abstrato. 
É, perfeitamente, cabível a tentativa. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 29 
 
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 
4.7.1. Pluralidade de disparos 
Havendo pluralidade de disparos, no mesmo contexto fático, configura crime único. O 
número de disparos será utilizado para a dosimetria da pena. 
4.7.2. Veracidade do projétil 
É preciso que realmente ocorra o disparo de uma arma de fogo. Assim, disparo de arma de 
borracha não configura este crime. 
4.7.3. Crime mais grave e absorção 
O agente irá responder apenas pelo crime mais grave. O disparo fica absorvido. 
4.7.4. Porte ilegal e disparo de arma de fogo 
Para determinar os crimes que o agente irá responder, é necessário analisar o contexto 
fático, a fim de determinar se há ou não ligação entre as condutas. Observe a seguir as seguintes 
hipóteses: 
1ª HIPÓTESE – João está em sua residência, assistindo ao jogo de seu time de futebol. 
Após o gol, dirige-se até a rua e efetua um disparo para o alto. Em seguida, retorna para sua casa. 
Perceba que João portou ilegalmente a arma de fogoapenas com a finalidade de efetuar o disparo. 
Assim, o disparo irá absorver o porte ilegal. 
2ª HIPÓTESE – João saiu de sua residência, com a arma de fogo, atravessou a cidade 
inteira para chegar ao estádio de futebol, após o jogo, novamente, atravessou a cidade para voltar 
para casa. Ocasião em que efetuou um disparo para o alto. Nesta hipótese, temos dois contextos 
distintos, por isso João irá responder pelos dois delitos (porte e disparo) em concurso material de 
crimes. 
 PENA 
A pena é de dois a quatro anos. Portanto, trata-se de um crime de elevado potencial ofensivo. 
Assim, podemos concluir que: 
• Não é possível a transação penal, pois a pena máxima supera os dois anos; 
• Não é possível a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima prevista para 
o crime ultrapassa um ano; 
• É muito provável que a pena seja convertida em restritiva de direitos, desde que 
cumpridos os requisitos legais; 
• Tendo em vista que a pena máxima não ultrapassa o patamar de quatro anos, o próprio 
delegado poderá arbitrar a fiança. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 30 
 
Obs.: o parágrafo único foi declarado inconstitucional pelo STF. Cabe sim fiança. 
5. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
A posse e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito estão previstas no art. 16 do Estatuto 
do Desarmamento. Há nos incisos do parágrafo primeiro uma série de figuras equiparadas (veremos 
abaixo). Observe o dispositivo: 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso 
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação 
de arma de fogo ou artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la 
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar 
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, 
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de 
qualquer forma, munição ou explosivo. 
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem 
arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) 
anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Quando a arma de fogo é de uso restrito, o crime será o mesmo tanto para a posse ilegal 
quanto para o porte ilegal. De outra banda, quando se trata de arma de fogo de uso permitido, os 
crimes serão distintos: posse ilegal (art. 12) e porte ilegal (art. 14) 
Perceba que a Lei nº 13.964/2019 modificou o art. 16 do Estatuto do para diferenciar arma 
de fogo de uso RESTRITO de arma de fogo de uso PROIBIDO. 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de 
uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, 
fornecer, receber, ter em depósito, 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de 
uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, 
fornecer, receber, ter em depósito, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 31 
 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob 
sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso proibido ou 
restrito, sem autorização e em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar: 
(...) 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob 
sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso restrito, sem 
autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
(...) 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre 
quem: 
(...) 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
(...) 
Não havia § 2º do art. 16. § 2º Se as condutas descritas no caput e no 
§ 1º deste artigo envolverem arma de fogo 
de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 
(quatro) a 12 (doze) anos. 
 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Assim, como nos demais crimes do Estatuto protege-se a incolumidade pública, mais 
especificamente a segurança pública. 
 SUJEITOS DO DELITO 
5.3.1. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa poderá praticar o delito do art. 16, pois se trata de crime comum ou geral. 
Aqui, novamente, aplica-se a regra do art. 20 do Estatuto, segundo a qual a pena será 
aumentada quando o crime for praticado por integrantes dos órgãos e empresas referidas nos arts. 
6º, 7º e 8º. 
5.3.2. Sujeito passivo 
É crime vago, assim o sujeito passivo será a coletividade. 
 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO 
O tipo penal contém um elemento normativo, qual seja: sem autorização e em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar. Conclui-se, assim, que são possíveis o porte legal e a 
posse legal de arma de fogo de uso restrito quando o agente possuir autorização para tanto (porte) 
ou registrar (posse). 
A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo Comando do Exército, 
e seu registro também será feito nesse órgão. 
Obs.: O porte funcional é válido para qualquer arma de fogo. Assim, é perfeitamente possível que 
porte uma arma de fogo de uso restrito. 
 
 
CS – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 2020.1 32 
 
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime de perigo abstrato, a lei presume o perigo com a prática de qualquer uma das 
condutas descritas no art. 16. 
Igualmente, é um crime de mera conduta. Ou seja, basta a prática da conduta para que se 
presuma o perigo. 
O tipo penal limita-se a descrever a conduta, sem prever o resultado naturalístico. 
 FIGURAS EQUIPARADAS 
Estão descritas nos incisos do parágrafo único do art. 16. 
Trata-se de crimes autônomos com condutas e objetos materiais próprios, para os quais se 
aproveitou a pena do art. 16, caput. 
Obs.: As condutas não precisam ser relacionadas a arma de fogo de uso restrito ou proibido. 
5.6.1. (I) Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de indicação de arma de 
fogo ou artefato 
É um dos incisos mais cobrados em prova. 
O tipo penal pune o responsável pela supressão (eliminação completa) ou alteração 
(mudança) da marca ou numeração. 
Na prática, é quase impossível identificar quem fez a supressão, por isso o legislador criou 
o inciso IV. 
5.6.2. (II) Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a 
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer 
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz 
Note que, aqui, há duas condutas distintas, vejamos: 
1ªCONDUTA - Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente 
a arma de fogo de uso proibido ou restrito. Cita-se, como exemplo, a conduta do agente que serra 
o cano de uma arma calibre 12. 
Pune-se apenas o responsável pela modificação, qualquer outra pessoa que a porte ou 
possua irá responder pelo caput do art. 16. 
2ªCONDUTA

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