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Estados membros e processos de formação

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Estados-membros e seu processo de formação
NOV19
Os Estados-membros da federação são pessoas jurídicas de direito público interno, dotadas de autonomia, já que possuem capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. O processo de formação dos Estados está disciplinado na Constituição Federal, que traz os requisitos para a criação de um novo ente federativo estatal.
Processo geral de formação dos Estados-membros
O art. 18, § 3º, da Constituição, estabelece que os Estados-membros podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros ou mesmo formarem novos Estados ou Territórios Federais. Para que isso aconteça, são 2 as condições: primeiramente, deve haver a aprovação pela população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e em seguida aprovação pelo Congresso Nacional, por meio de lei complementar.
A convocação de plebiscito, conforme art. 49, XV, da Constituição, é de competência exclusiva do Congresso Nacional. No caso do plebiscito para a formação de um novo Estado, conforme determina art. 3º da Lei nº 9.708/1998, ele dever ser convocado mediante decreto legislativo, por proposta de no mínimo 1/3 (um terço) dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional.
A aprovação da população diretamente interessa por plebiscito é condição prévia, essencial e prejudicial para a formação de um novo Estado. Isso quer dizer que se não aprovada em plebiscito, o processo é interrompido. Em outras palavras, a vontade negativa da população vincula, prevalecendo a democracia direta sobre a indireta, exercida por meio do parlamento.
Se favorável a consulta plebiscitária ao povo, é proposto o projeto de lei complementar (PLC), o que pode se dar em qualquer das casas legislativas.
Conforme art. 4º, § 2º, da Lei 9.709/1998, deverá ser também realizada, pela casa onde foi apresentado o PLC, audiência das assembleias legislativas do Estado ou Estados envolvidos. No entanto, o parecer dessas assembleias não é vinculativo, ou seja, mesmo desfavorável, o processo de formação pode ser continuado.
Não há obrigatoriedade de que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei nem que o Presidente da República o sancione. Ambos tem discricionariedade para decidir, mesmo que o plebiscito tenha sido favorável à formação. Dessa forma, tanto o parlamento quanto o Presidente têm autonomia para avaliar a conveniência e oportunidade política da formação do novo Estado para o país.
O art. 235 da Constituição traz regras que devem ser seguidas pelo novo Estado-membro em seus primeiros 10 anos de existência. Dentre elas, temos:
a) Assembleia Legislativa composta de 17 Deputados se a população do Estado for inferior a 600.000 habitantes, e de 24, se entre este número e 1,5 milhão;
b) Governo com no máximo 10 Secretarias, Tribunal de Contas com 3 membros nomeados pelo Governador eleito e Tribunal de Justiça com 7 Desembargadores, também nomeados pelo Governador;
c) Os primeiros Juiz de Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público em cada Comarca serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos;
d) Até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório saber, com no mínimo 35 anos de idade, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis “ad nutum”;
e) As despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar 50% da receita do novo Estado.
Formas de surgimento do um novo Estado
São 3 as formas que um novo Estado pode surgir. A primeira delas é a fusão, em que 2 ou mais Estados-membros se unem geograficamente para formarem um terceiro e novo Estado ou Território Federal, distinto dos anteriores, que deixam de existir, portanto perdendo a personalidade primitiva.
No caso da fusão, considera-se população diretamente interessada no processo aquela que pertence aos Estados que pretendem se fundir. Exemplo desse processo ocorreu por ocasião da fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara. Embora o nome Rio de Janeiro tenha sido mantido, o Estado anterior deixou de existir, surgindo um novo, com personalidade jurídica distinta.
A segunda forma de surgimento de um novo Estado é a cisão. Por meio dela, um Estado subdivide-se formando 2 ou mais novos Estados-membros, com personalidades distintas. Neste processo, o Estado originário necessariamente também deixa de existir. A população diretamente interessa é somente aquela que habita o Estado originário.
Por fim, a terceira e última forma é o desmembramento, em que um ou mais Estados-membros cedem parte do seu território geográfico para formação de um Estado ou Território que não existia, ou ainda para anexação a outro Estado existente.
São portanto duas modalidades de formação de um Estado por desmembramento. A primeiro é chamada de desmembramento-formação, em que há o surgimento de um novo Estado ou Território. A segunda é denominada de desmembramento-anexação, onde não há a criação de um novo Estado.
Em ambos os casos, o Estado originário se mantém, ou seja, não desaparece. Exemplo de desmembramento ocorreu no Estado de Goiás, para formação do Estado de Tocantins. Da mesma forma, o desmembramento do Estado de Mato Grosso para formação de Mato Grosso do Sul.
Por fim, no desmembramento, é população diretamente interessada, a ser consultada por plebiscito, a população do território de todo o Estado que pretende se desmembrar, não somente a do território que será desmembrado. No caso de desmembramento-anexação, é também população diretamente interessada a do território do Estado que irá receber o acréscimo territorial.
Essa definição foi dada por decisão do Supremo Tribunal Federal, ocasião em que foi vencida a tese que toda a população do país seria diretamente interessada, sob o argumento do impacto nacional da criação de novos Estados-membros para a participação nas receitas federais e estaduais.
Veja como o processo de formação dos Estados-membros costuma ser cobrado nas provas de concurso público:
Questão (CESPE – AGU – Advogado da União): Entre as características do Estado federal, inclui-se a possibilidade de formação de novos estados-membros e de modificação dos já existentes conforme as regras estabelecidas na CF.
Resposta: Certo.
Comentário: Conforme art. 18, § 3º, da Constituição, primeira parte, que diz: “Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais”.
 
Questão (CESPE – MPU – Técnico Administrativo): Considere que determinado estado da Federação tenha obtido aprovação tanto de sua população diretamente interessada, por meio de plebiscito, como do Congresso Nacional, por meio de lei complementar, para se desmembrar em dois estados distintos. Nesse caso, foi cumprida a exigência imposta pela Constituição para incorporação, subdivisão, desmembramento ou formação de novos estados ou territórios federais.
Resposta: Certo.
Comentário: Conforme art. 18, § 3º, da Constituição, segunda parte, que diz que os Estados podem incorporar-se, subdividir-se ou desmembrar-se “mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.”
 
Questão (CESPE – TRE/ES – Analista Judiciário): No processo de formação de novos estados-membros, a CF considera pressuposto fundamental o parecer favorável das assembleias legislativas dos estados envolvidos. Caso o posicionamento destas seja contrário à formação, não se poderá dar prosseguimento ao processo.
Resposta: Errado.
Comentário: Conforme art. 4º, § 3º, da Lei 9.709/1998, o parecer das assembleias legislativas dos Estados envolvidos não é vinculativo. Ou seja, mesmo que desfavorável à formação do novo Estado ou Território, o Congresso Nacional poderá dar continuidade ao processo, aprovando o projeto de lei complementar.
 
Questão (CESPE – PC/ES – Delegado de Polícia): O processo de formação dos estados-membros exige a participação da população interessada pormeio de plebiscito, medida que configura condição prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte. Assim, desfavorável o resultado da consulta prévia feita ao povo, não se passará à fase seguinte do processo.
Resposta: Certo.
Comentário: A não aprovação da população diretamente interessada, por meio do plebiscito, prejudica o processo de formação do novo Estado, não podendo o Congresso Nacional passar à fase seguinte, com apreciação de projeto de lei complementar.
 
Questão (FCC – TRT2 – Analista Judiciário): No que concerne à Organização do Estado, se um Estado for dividido em vários novos Estados-membros, todos com personalidades diferentes, desaparecendo por completo o Estado-originário, ocorrerá a hipótese de alteração divisional interna denominada
a) desmembramento-anexação.
b) fusão.
c) cisão.
d) desmembramento-formação.
e) contração.
Resposta: Letra C.
Comentário: A questão descreve o processo de cisão, em que um Estado se divide em 2 ou mais Estados-membros, com personalidades jurídicas distintas do anterior, que deixa de existir completamente.
 
Questão (FUJB – MPE/RJ – Promotor de Justiça): A regra constitucional que admite o desmembramento de Estados depende da aprovação da população diretamente interessada, entendida como tal a população:
a) tanto da área desmembrada do Estado-membro como a da área remanescente, mediante referendo;
b) da área desmembrada do Estado-membro, mediante referendo;
c) da área desmembrada do Estado-membro, mediante referendo, bem como de lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional;
d) tanto da área desmembrada do Estado-membro como a da área remanescente, mediante plebiscito, bem como de lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional;
e) da área desmembrada do Estado-membro, mediante plebiscito, bem como de lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional.
Resposta: Letra D.
Comentário: No caso do desmembramento, considera-se população diretamente interessada aquela que habita tanto a área do Estado a ser desmembrada quanto a área remanescente, por meio de plebiscito.
 
Questão (CESPE – FNDE – Especialista): O desmembramento de parte de um estado da Federação para a formação de um novo estado deve ser autorizado por meio de lei complementar, após a manifestação favorável, em plebiscito, da população diretamente interessada, assim entendida pelo STF como a população do território que se pretende desmembrar.
Resposta: Errado.
Comentário: Em decisão da Corte, esta entendeu que no desmembramento a população diretamente interessada é a de todo o território do Estado que será desmembrado, não somente a da porção do território que se pretende desmembrar.

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