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Proteção contra riscos biológicos Riscos Biológicos São considerados qualquer microrganismo que apresente risco à saúde do trabalhador. Dentre esses agentes tem-se: • Vírus • Bactérias • Fungos • Protozoários Normas regulamentadoras Existem duas Normas Regulamentadoras que abordam de modo específico os riscos biológicos: • NR-9 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA: Essa norma aborda todos os riscos ambientais • NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES • NR-32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE Observação: Apesar da NR-32 ser direcionado aos trabalhadores dos serviços de sáude, ela traz informações universais sobre como é feita a biossegurança em relação à esses agentes. Normas regulamentadoras A NR-15 ao abordar as atividades insalubres, em seu anexo 14 dispõe sobre os agentes biológicos em relação ao seu grau de insalubridade que possam apresentar: Nessa classificação os agentes biológicos podem ter: • Insalubridade Grau Máximo • Insalubridade Grau Médio Normas regulamentadoras Dentre as de Insalubridade grau máximo tem-se: • Trabalho ou operações, em contato permanente com: ✓pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; ✓carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); ✓esgotos (galerias e tanques); ✓lixo urbano (coleta e industrialização). Normas regulamentadoras No que se refere à Insalubridade de grau médio a NR-32 apresenta: • Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto-contagiante, em: ✓hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); ✓hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais); Normas regulamentadoras Insalubridade de grau médio (continuação): • Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto- contagiante, em: ✓ contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos; ✓ laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico); ✓ gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico); ✓ cemitérios (exumação de corpos); ✓ estábulos e cavalariças; ✓ resíduos de animais deteriorados. Observação: Apesar de serem atividades não clássicas ao Engenheiro Ambiental, são locais em que o profissional pode executar projetos e cujo conhecimento sobre segurança se torna necessário. Classificação do risco Um risco biológico pode ser classificado em função do seu risco e sua possibilidade de propagação. Atualmente existem Quatros classificações para os riscos que possam ser causados pelos agentes biológicos. Classificação do risco Para essa classificação alguns questionamentos são possíveis sobre o agente: oPatogenicidade para o homem oVirulência oMedidas profiláticas eficazes; oDisponibilidade de tratamento eficaz; oEndemicidade Se causa doença ou não. Se há Capacidade de alteração genética, como acontece com os vírus. Há forma de prevenção à essa doença? Há como tratar uma doença existente? Há possibilidade de se espalhar para outras pessoas? A partir desses questionamentos tem-se então 4 níveis Classe de risco I (baixo risco individual e para a comunidade) Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças ao homem ou aos animais adultos sadios: Ex: Lactobacillus sp. e Bacillus subtilis Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade) Abrange os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Ex: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola. Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade) Engloba os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e ou de prevenção. Representam risco se disseminando na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Ex.: Bacillus anthracis e vírus da imunodeficiência humana (HIV) Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade Contem agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Não há medida profilática ou terapêutica de infecções ocasionadas por eles. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade , com elevada capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Ex.: Virus Ebola Sobre o COVID-19 • O vírus Sars-COV-2 responsável pela COVID-19, ainda não tem uma classificação oficial, mas os pesquisadores tem trabalhado com se fossem um vírus como classe de Risco 3. Níveis de biossegurança • Comentamos sobre os risco biológicos que os agentes possuem, que podem varia de classe 1 até classe 4. • Em função dessa classificação, os locais onde esses agentes biológicos poderão ser manipulados para pesquisas, desenvolvimento de vacinas e criação de medidas profiláticas também deve ter um sistema de biossegurança condizente. • Tempos então os chamados Laboratórios de Biossegurança e também existem 4 níveis de classificação. Classificação dos níveis de biossegurança NB-1 nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes a classe de risco 1. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais. NB-2 diz respeito ao laboratório em contenção, onde são manipulados microrganismos da classe de risco 2. Se aplica aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório). NB-3 é destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2. Requerem desenho e construção laboratoriais especiais, além do exigido no NB-2. Controle rígido quanto a operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes microrganismos. NB-4 destina-se a manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Requerem barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança, além do exigido no NB 1, 2 e 3. Lista completa com os agentes atualmente classificados: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2349_22_09_2017.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/classificacao_de_riscos.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epc.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/csb.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epi.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2349_22_09_2017.html Formas de proteção Foi comentado na Tabela anterior sobreos Métodos de Contenção. Método de contenção visa : reduzir ou eliminar a exposição do pessoal de laboratório, da comunidade e do meio ambiente aos agentes de risco. Pode-se ter: ❑Contenção Primária: visa a proteção pessoal e do ambiente, através das boas práticas laboratoriais (BPL), e dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ou Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) ❑Contenção Secundária: consiste na arquitetura e instalação física e tem por objetivo a proteção do meio ambiente e da comunidade do entorno do laboratório. De modo geral contenção primária tem a ver com barreiras do indivíduos e as barreiras secundárias com as barreiras estruturais do local. Comentemos então sobre ações de proteção e de contenção para cada NB( nível de biossegurança) Práticas-Padrão para o NB-1 • É proibido comer, beber, fumar, mascar chiclete, usar cosméticos (maquiagem e cremes), adereços (relógios, pulseiras, anéis, brincos e outros) e cabelos longos soltos; • É proibido pipetar com a boca (Isso em qualquer situação é proibida, não somente em laboratório de biossegurança).Devem-se usar pipetadores; • As mãos devem ser lavadas antes e depois de qualquer procedimento e ao sair do laboratório; • As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas após a sua utilização; • Deve existir um programa de educação continuada para a equipe de trabalho; Práticas-Padrão para o NB-1 (continuação) • O descarte do material perfurocortante deve ser realizado em recipiente adequado; • Materiais e reagentes devem ser estocados em instalações apropriadas no laboratório respeitando regras de compatibilidade química ( estudaremos isso na próxima aula); • Deve haver sempre disponível kit de primeiros socorros; • Deve existir Controle de insetos e roedores; • Colônias, culturas e outros resíduos deverão ser descontaminados (autoclave) antes do descarte; • O símbolo internacional de “Risco Biológico” deve ser afixado nas portas. Práticas-Padrão para o NB-2 • Para um laboratório de nível de biossegurança 2 tem-se todas as existentes em relação ao NB-1 acrescido de: • O acesso ao laboratório deve ser restrito aos profissionais da área, mediante autorização do responsável; • Programa de imunização, com controle sorológico e exames médicos periódicos obrigatórios; • Símbolo de Risco Biológico afixado na porta identificando: agente biológico, nível de biossegurança, responsável pelo laboratório, EPI e vacinas necessárias; • Uso de cabines de segurança biológica(CSB), preferencialmente de classe II A (fluxo laminar, filtro HEPA e exaustor; Práticas-Padrão para o NB-2 ( continuação) • Deve-se manter um sistema de manutenção, calibração e de certificação das CSBs e demais equipamentos de segurança; • Acidentes que resultem em exposição a materiais biológicos patogênicos devem ser imediatamente notificados ao Profissional Responsável; • Pessoas imunodeprimidas (com alteração no sistema imunológico) não devem ser permitidas no laboratório; • Os EPIs devem ser retirados, antes de sair do ambiente de trabalho, descontaminados antes de serem reutilizados ou descartados e depositados em local apropriado (ou seja, nada se sair andando com EPI por outras partes do prédio ou algo parecido). Práticas-Padrão para o NB-3 • Acesso rigorosamente controlado, a mesma ficha de pessoas autorizadas deve ser afixada. • A entrada no laboratório é condicionada às pessoas aptas às práticas e técnicas- padrão de microbiologia e nas práticas e operações específicas do laboratório. • O pessoal do laboratório deve ser apropriadamente imunizado ou examinado quanto aos agentes manipulados ou potencialmente presentes no laboratório (por exemplo, vacina para hepatite B ou teste cutâneo para tuberculose) e exames periódicos são recomendados. • Uma pessoa jamais deve trabalhar sozinha ( essa é uma regra que se pede a qualquer atividade em laboratório, porém aqui é regra) • Todas as manipulações que envolvam materiais biológicos devem ser conduzidas no interior de CSBs ou de outros dispositivos de contenção física. Práticas-Padrão para o NB-3 (continuação) • Todas as manipulações de materiais infecciosos devem ser conduzidas em uma cabine de segurança biológica de Classe II ou de Classe III. • Quando um procedimento ou processo não puder ser conduzido dentro de uma cabine de segurança biológica devem ser utilizadas combinações apropriadas de equipamentos de proteção individual (por exemplo, respiradores, protetores faciais) com dispositivos de contenção física (por exemplo, centrífugas de segurança e frascos selados). Práticas-Padrão para o NB-3 (continuação) As barreiras de contenção do NB-3 são mais rigorosas: • Prédio em local restrito e sem acesso • Uso de portas duplas ( enquanto uma está aberto, a próxima entrada não se abre enquanto a primeira não se fechar). • Sistema de ar independente • Essas são algumas das condições para o NB-3. Existem maiores explicações no material da FioCruz no link: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb3.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb3.html Práticas-Padrão para o NB-4 • Nenhum material deverá ser removido do laboratório de contenção máxima (NB-4), a menos que tenha sido esterilizado, exceto os materiais biológicos que necessariamente tenham que ser retirados na forma viável; • O material biológico viável a ser removido da CSB classe III ou do laboratório de contenção máxima, deve ser acondicionado em recipiente de contenção especial; Práticas-Padrão para o NB-4 (continuação) Comentei com vocês sobre essas cabines, mas como elas são? É uma cabine de contenção máxima. É totalmente fechada, com ventilação própria, construída em aço inox a prova de escape de ar e opera com pressão negativa. O trabalho se efetua com luvas de borracha presas a cabine. Práticas-Padrão para o NB-4 (continuação) Ainda, para purificar o ar contaminado são instalados 2 filtros HEPA em série ou um filtro HEPA e um incinerador. A introdução e retirada de materiais se efetua por meio de autoclaves de porta dupla ou comporta de ar de porta dupla, recipiente de imersão com desinfetante. Práticas-Padrão para o NB-4 (continuação) Existem duas configurações desses laboratórios NB-4: • No laboratório modelo-cabine, na entrada do laboratório, os profissionais devem por roupa protetora completa e descartável. Ao sair para a área de banho, devem retirar a roupa usada e depositá-las em recipiente específico para esterilização antes do descarte; • No laboratório modelo-traje, na entrada, os profissionais devem vestir os macacões de pressão positiva com sistema de suporte de vida. Ao sair devem ainda vestindo o macacão, passar por um banho de descontaminação química. Modelos de Roupas empregados Práticas-Padrão para o NB-4 (continuação) • Da mesma forma que o NB-III, o site da FioCruz traz todas as informações relativas ao laboratório NB-4. • Recomendo que seja feita a leitura: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb4.html • Curiosidade: Existem pouquíssimos laboratórios NB-4 no mundo. Em torno de 60 laboratórios. No Brasil foi inaugurado em 2014 o primeiro e único laboratório nível 4 em biossegurança no país no Laboratório do LANAGRO/MAPA em Pedro Leopoldo-MG. Referências e Leitura Material para leitura: • Conteúdo do site da Fiocruz sobre níveis de biossegurança: • NB-1: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb1.html • NB-2: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb2.html • NB-3: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb3.html • NB-4: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb4.html • Cabines de biossegurança: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/csb.html
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