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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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2018
Sociologia da 
Educação
Profª. Ana Cláudia Moser
Prof. Márcio José Cubiak
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Ana Cláudia Moser
Prof. Márcio José Cubiak
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
306.43
M899s Moser, Ana Cláudia
Sociologia da educação / Ana Cláudia Moser, Márcio José 
Cubiak – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
211 p.; il.
ISBN 978-85-515-0165-8
1. Sociologia – Brasil
2. Educação – Sociologia
I. Cubiak, Márcio José
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci
III
aprESEntação
“A educação é a arma mais poderosa que podemos
usar para mudar o mundo”.
Nelson Mandela
Prezado acadêmico! Iniciaremos agora mais uma etapa de sua 
jornada de formação com a disciplina Sociologia da Educação. Através dos 
estudos desta disciplina, você será apresentado a um conjunto de conceitos 
de teorias que contribuirão para ampliar seus conhecimentos acerca das 
relações sociais que envolvem educação e sociedade, bem como contribuirão 
para apresentar a você formas diferentes para analisar e compreender 
os fenômenos educacionais dos processos mais amplos de socialização à 
educação escolar.
Na Unidade 1 dedicaremos nossos esforços a compreender como se 
constroem os problemas sociológicos, a escola e a educação como campos 
de estudo da sociologia. Partindo desse cenário, apresentaremos as relações 
entre sociedade e educação e o desenvolvimento das teorias que formaram 
o campo da Sociologia da Educação. Na sequência, apresentaremos as 
discussões que dão conta das noções de sala de aula, dos sujeitos da educação 
e das relações entre sociedade e cultura.
O panorama das teorias sociológicas que abordam elementos 
fundamentais para a Sociologia da Educação será apresentado na Unidade 
2. Nesta unidade, você conhecerá as reflexões sobre educação e sociedade 
nas teorias dos clássicos: Augusto Comte, Émile Durkheim, Karl Marx 
e Max Weber; e dos contemporâneos: Talcott Parsons, Antônio Gramsci, 
Louis Althusser, Karl Mannheim, Norbert Elias, Michel Foucault e Anthony 
Giddens. Além destas teorias, apresentaremos o desenvolvimento teórico da 
Sociologia da Educação no Brasil.
Na Unidade 3 serão abordados temas relevantes para a Sociologia 
da Educação, como as questões que envolvem estudos culturais, pós-
colonialismo, Estado, instituições sociais, desigualdade social-escolar, 
violência, trabalho e tecnologias.
Os autores
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 - RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO .................1
TÓPICO 1 - O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE,
 ESCOLA E EDUCAÇÃO ...............................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS .....................................................................................................3
3 MÉTODOS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS ...........................................................................7
4 ESCOLA E EDUCAÇÃO COMO CAMPOS DA SOCIOLOGIA ..............................................15
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................25
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................26
TÓPICO 2 - AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...............................29
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................29
2 A SOCIOLOGIA E A SOCIEDADE ................................................................................................29
3 O QUE É A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO? .............................................................................35
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................40
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................42
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................43
TÓPICO 3 - OS DESDOBRAMENTOS DAS CONTRIBUIÇÕES DA
 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA COMPREENSÃO DOS
 SUJEITOS E DA CULTURA NA EDUCAÇÃO.........................................................45
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................45
2 SALA DE AULA E SUJEITOS DA EDUCAÇÃO..........................................................................45
3 SOCIEDADE E CULTURA ...............................................................................................................53
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................58
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................60
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................61
UNIDADE 2 - PERCURSOS TEÓRICOS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .....................63
TÓPICO 1 - PRIMEIRA GERAÇÃO DE SOCIÓLOGOS:
 DURKHEIM, MARX E WEBER ...................................................................................65
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................65
2 ÉMILE DURKHEIM ...........................................................................................................................66
2.1 DURKHEIM E A EDUCAÇÃO ....................................................................................................72
3 KARL MARX (1818-1883) ..................................................................................................................74
3.1 MARX E A EDUCAÇÃO ..............................................................................................................784 MAX WEBER (1864-1920) ..................................................................................................................81
4.1 A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE WEBER ......................................................................82
4.2 WEBER E A EDUCAÇÃO ............................................................................................................87
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................90
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................91
Sumário
VIII
TÓPICO 2 - GERAÇÃO DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX:
 MANNHEIM, PARSONS, ELIAS, GRAMSCI, ESCOLA
 DE FRANKFURT, HABERMAS E ALTHUSSER ......................................................93
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................93
2 KARL MANNHEIM: PLANEJAMENTO E TÉCNICA SOCIAL ...............................................93
2.1 TALCOTT PARSONS: AÇÃO E SISTEMA SOCIAL ................................................................96
2.2 NORBERT ELIAS: CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA
 PROCESSUAL PARA A EDUCAÇÃO ........................................................................................99
2.3 ANTONIO GRAMSCI: HEGEMONIA E EDUCAÇÃO HUMANÍSTICA ............................101
2.5 ESCOLA DE FRANKFURT: A TEORIA CRÍTICA E AS CONTRIBUIÇÕES
 DE ADORNO PARA A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .......................................................105
2.4 JURGEN HABERMAS: RACIONALIZAÇÃO E AÇÃO COMUNICATIVA ........................107
2.5 LOUIS ALTHUSSER: IDELOGIA E APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO ..............110
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120
TÓPICO 3 - GERAÇÃO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX:
 BOURDIEU, HABERMAS E GIDDENS ....................................................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123
2 PIERRE BOURDIEU ...........................................................................................................................123
2.1 ELEMENTOS PARA PENSAR A EDUCAÇÃO EM BOURDIEU ..........................................126
2.2 JÜRGEN HABERMAS: RACIONALIZAÇÃO E AÇÃO COMUNICATIVA ........................129
2.3 ANTHONY GIDDENS ..................................................................................................................134
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................143
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................144
UNIDADE 3 - A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE ...............147
TÓPICO 1 - ESTUDOS CULTURAIS, MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO ..................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 ESTUDOS CULTURAIS E AS SUAS RELAÇÕES COM A EDUCAÇÃO ...............................150
2.1 OS ESTUDOS CULTURAIS ..........................................................................................................150
3 CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS CULTURAIS PARA O
 CAMPO DA EDUCAÇÃO ................................................................................................................158
4 MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO .....................................................................................160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................166
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
TÓPICO 2 - A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL .....................................................171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 TEORIAS E PESQUISAS SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL ..................................................171
3 CONTRIBUIÇÕES DE FLORESTAN FERNANDES PARA A
 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ............................................................................173
4 AS CONTRIBUIÇÕES DE FERNANDO DE AZEVEDO PARA A
 COMPREENSÃO DA EDUCAÇÃO COMO FATO SOCIAL ...................................................174
5 AS CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS MARXISTAS NA SOCIOLOGIA
 DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ......................................................................................................176
6 EDUCAÇÃO E REPRODUÇÃO SOCIAL: O CASO DAS DESIGUALDADES
 SOCIAIS E A EDUCAÇÃO NO BRASIL ......................................................................................177
IX
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................181
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................188
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189
TÓPICO 3 - TEMAS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ..........................................................191
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................191
2 A RELAÇÃO EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA ...............................................................................191
2.1 AVANÇOS E DESAFIOS DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA .....196
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................200
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................201
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................203
X
1
UNIDADE 1
RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, 
SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender a construção dos problemas sociológicos;
• analisar a escola e educação como campos de estudo da sociologia;
• apresentar o contexto do desenvolvimento da Sociologia da Educação;
• conhecer as relações entre sociedade, educação e escola;
• analisar as relações entre sala de aula e os sujeitos da educação;
• compreender as relações entre sociedade e cultura.
A primeira unidade está dividida em três tópicos. Ao fim de cada um deles, 
você encontrará um resumo dos conteúdos e autoatividades que contribuirão 
para a reflexão e análise dos temas abordados.
TÓPICO 1 – O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA 
E EDUCAÇÃO
TÓPICO 2 – AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DAS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIO-
LOGIA DA EDUCAÇÃO NA COMPREENSÃO DOS SUJEI-
TOS EDA CULTURA NA EDUCAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE 
SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O primeiro tópico da Unidade 1 apresentará a você o contexto de 
desenvolvimento da Sociologia, as formas de construção dos problemas 
sociológicos e as teorias produzidas para analisar esses questionamentos. A 
educação e a escola como objetos de estudo da Sociologia também ganham 
espaço nesse tópico. O objetivo central é proporcionar ferramentas teóricas que 
permitam a você relembrar como a Sociologia constrói seus objetos e como o 
desenvolvimento da Sociologia como ciência levou à compreensão das relações 
entre sociedade e educação.
2 PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS
Nesta primeira etapa de seu livro de estudos, vamos apresentar algumas 
noções introdutórias e básicas para a compreensão da Sociologia. Tratar desta 
disciplina implica adentrar o universo das ciências sociais, do qual ela faz parte.
Newton Freire-Maia (1998, p. 24) diz que a ciência é um “[...] conjunto de 
descrições, interpretações, teorias, leis, modelos etc., visando ao conhecimento de uma 
parcela da realidade” pelo emprego de “metodologia especial”, a metodologia científica. 
 No modelo atual de ciência, o seu resultado deve ser a produção de conhecimento 
reconhecido. Este tipo de conhecimento “distingue-se por um grau de certeza alto, 
desfrutando assim de uma posição privilegiada com relação aos demais tipos de 
conhecimento” (CHIBENI, 2004, p. 1).
FONTE: FREIRE-MAIA (1998); CHIBENI (2004)
DICAS
As ciências sociais representam uma parte do campo científico no interior 
da ciência. E como se divide a ciência? Não é possível encontrar um consenso 
sobre esta identificação, sempre dependendo da posição do cientista. Para as 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
4
autoras Lakatos e Marconi (1995), é possível perceber a classificação da ciência 
entre ciências formais e as factuais.
As primeiras são focadas no estudo de ideias, de situações abstratas, sem 
necessariamente ter relações com a realidade, utilizando a lógica, fórmulas e 
teoremas para comprovar suas hipóteses.
As segundas se referem às ciências dedicadas aos fatos naturais e sociais, 
recorrendo às observações e experimentações. Seus resultados e suas hipóteses, 
quase sempre, são provisórios.
Como podemos perceber, as ciências sociais são classificadas como 
factuais. Observe a figura a seguir:
FIGURA 1 - CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA DE ACORDO COM LAKATOS E MARCONI
FONTE: Disponível em: <https://livrepensamento.com/2013/08/19/sobre-porque-a-ciencia-e-a-
unica-forma-de-conhecimento-que-vale-a-pena/>. Acesso em: 22 fev. 2018.
CIÊNCIAS
FACTUAIS
SOCIAIS
NATURAIS
Lógica
Física
Química
Direito
Economia
Sociologia
Política
Biologia e outros
Antropologia Cultural
Psicologia Social
MatemáticaFORMAIS
Mas, como perceber as Ciências Sociais? Esse conjunto de disciplinas 
científicas se volta aos fenômenos sociais – coletivos ou individuais. Quer dizer, 
o objeto das ciências sociais ou humanas é o homem na sociedade. Elas são 
disciplinas autônomas, mas estão em complexo inter-relacionamento entre si, 
havendo certa complementaridade (LAKATOS, 1990).
Para o professor Pérsio Santos de Oliveira (2001), as ciências sociais 
pesquisam e estudam o comportamento humano social e suas várias formas 
de organização. Seus objetivos se voltam à ampliação do conhecimento sobre 
o ser humano em suas interações sociais, contribuindo para um entendimento 
ampliado das sociedades e seus processos sociais.
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
5
E a Sociologia? Como dissemos, ela é uma das ciências sociais. Como as 
demais disciplinas desse campo, seu interesse está nos fenômenos e processos 
sociais. Mas o que lhe torna específica?
Ressaltamos duas formas de caracterizar e definir a Sociologia. Falamos 
de seu objeto – sociedade, interações, comportamentos – e a maneira pela qual 
percebe este objeto, empregando um olhar científico. Os autores que discutem 
o que é a Sociologia, qual seu papel e objeto de estudo enfatizam essas duas 
dimensões quando escrevem sobre esta disciplina. A Sociologia é o que é, possui 
uma identidade própria, em razão de seu objeto e de seus métodos empregados.
Neste sentido, Pérsio Santos de Oliveira (2001) escreveu que a Sociologia 
estuda as relações sociais e as maneiras pelas quais nos associamos a partir das 
interações sociais. Ela abrangeria, ainda, o estudo da divisão dos grupos sociais, 
das dinâmicas de mudanças sociais e dos processos de competição, cooperação 
e conflitos presentes nas sociedades, porém, não é um consenso sociológico 
aquilo que se considera como o essencial nessas relações, se é a sociedade ou 
o indivíduo. Isto é, se as interações, relações ou estruturas sociais, ou as ações 
ou comportamento social e individual. Para o sociólogo inglês Anthony Giddens 
(2004, p. 24):
 
A Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e das 
sociedades. [...] seu objeto de estudo é o nosso próprio comportamento. 
A abrangência do estudo sociológico é extremamente vasta, incluindo 
desde a análise de encontros ocasionais entre indivíduos na rua até a 
investigação de processos sociais globais.
 
Como indicou Zygmunt Bauman (2010, p. 26), “[...] a Sociologia pensa de 
forma relacional para nos situar em redes de relações sociais”. O que quer dizer 
relacional? Tem a ver com relação, contato, interação, associação. Por meio deste 
olhar relacional, a Sociologia promoveu um encontro entre indivíduo e sociedade, 
sem necessariamente enfatizar um ou outro, mas sim, as suas redes ou teias de 
relações, fundamentadas na interdependência.
Mas o comportamento e as instituições sociais são variados e historicamente 
localizados. A interação social se desenrola no plano da vida concreta, real. E para 
analisá-la e compreendê-la é preciso realizar um exercício de conceitualização 
teórica; a partir disto, é possível manejar conceitos-chave para entender os 
sistemas sociais (GIDDENS, 2004). Neste sentido, a natureza da Sociologia e 
do conhecimento sociológico é complexa. Numa situação de interação social se 
fazem presentes uma série de variações e combinações possíveis de pensamento 
e de ação social e de maneira simultânea. 
Além disso, existe uma série de instituições sociais que concorrem e 
requerem a atenção do indivíduo, interferindo na sua forma de pensar e agir. 
As causas dos fenômenos sociais e suas relações com os meios e os fins das ações 
individuais e coletivas também estão sujeitas a essa pressão multidimensional. 
Não existem causas únicas. 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
6
Desta forma, a Sociologia produz “um comentário permanente das 
experiências surgidas em relações sociais e uma interpretação dessas experiências 
com referência aos outros e às circunstâncias sociais em que as pessoas se 
encontram” (BAUMAN, 2010, p. 285). Ela é um olhar disciplinado para como 
as pessoas, instituições ou fenômenos sociais procedem no cotidiano, resultando 
na produção de esquemas, de “mapas” teóricos que estão além de experiências 
individuais e sociais, isto é, não se confundem com uma opinião.
É neste sentido que ressaltamos a dimensão científica da Sociologia. 
Destarte, para além desse olhar para as interações, comportamentos, processos 
e fenômenos sociais, ela tem um caráter científico, como já dissemos. Por isso, 
podemos pensar a Sociologia como um conjunto de conceitos, de técnicas e de 
métodos de investigação produzidos para explicar a vida social (MARTINS, 1994). 
Raymond Aron (1999, p. 7) diz que:
 
A Sociologia é o estudo, que pretende ser científico, do social enquanto 
social, seja no nível elementar das relações interpessoais, seja no nível 
macroscópico de vastos conjuntos, como as classes, as nações, as civilizações, 
ou, para empregar a expressão corrente, as sociedades globais.
Para este autor, a Sociologia se volta a aspectos micro ou macro do 
comportamento e da vida social,sendo diferente do senso comum em razão dos 
métodos e abordagens científicos que podem ser empregados. Ainda em relação 
a essa dimensão da Sociologia, outro sociólogo, Zygmunt Bauman (2010, p. 11), 
escreveu que ela é: “[...] uma prática disciplinada, dotada de um conjunto próprio 
de questões nas quais aborda o estudo da sociedade e das relações sociais. [...]. 
Mas, também, representa considerável corpo de conhecimento acumulado ao 
longo de sua história”. Portanto, a Sociologia é um campo autônomo de estudos 
estruturado em torno de modelos teóricos, abordagens e métodos de pesquisa. 
Isso implica reconhecer que a Sociologia é uma ciência que não tem um enfoque 
apenas, uma única via, sendo marcada pela diversidade. Para a professora Eva 
Maria Lakatos (1990, p. 22-23), a Sociologia é o estudo: 
científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se 
os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, 
fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres 
humanos. Estuda o homem e o meio humano em suas interações 
recíprocas. A Sociologia não é normativa, nem emite juízos de valor 
sobre os tipos de associação e relações estudados, pois se baseia em 
estudos objetivos que melhor podem revelar a verdadeira natureza 
dos fenômenos sociais.
Assim, entre seu objeto e método, a Sociologia deve ser encarada como 
“estudo do homem e do universo sociocultural tomando como e em suas inter-
relações analisando os diversos fenômenos sociais” (LAKATOS, 1990, p. 24). 
Portanto, a Sociologia capta uma imagem mais ampla sobre “porque somos como 
somos e porque agimos como agimos” (GIDDENS, 2004, p. 24). Tais práticas 
dependem dos hábitos e modos de vida adotados pelos indivíduos. Não só eles 
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
7
as “utilizam” em sua atividade, como também essas práticas de vida constituem 
a própria atividade (GIDDENS, 2004). 
É fundamental entender que em sociedade as pessoas interagem em 
contextos de intensas relações sociais interdependentes. Daí, tendemos à rotinização 
e padronização das nossas condutas através de mecanismos de socialização. Toda 
atividade humana é sujeita à rotinização, a partir de sua repetição e padronização 
na vida diária, seja comportamental ou institucional (BERGER, 1976). Da mesma 
forma, tudo aquilo que se relaciona à dimensão humana social e cultural não pode 
ser reduzido em sua complexidade. As condutas e os valores humanos possuem 
múltiplas dimensões e podem ser estudados a partir de distintos pontos de vista. 
Eles não são fixos e cada vez mais permeados por contextos transnacionais.
Em sua trajetória, é possível perceber que a Sociologia se volta o tempo 
todo para os problemas que o homem enfrenta no dia a dia de sua vida em 
sociedade (TOMAZI, 1993, p. 15), sendo uma espécie de ciência da crise. Mas a 
natureza da Sociologia envolve um processo metodológico que resulta em olhar 
além das fachadas e do senso comum. Essa perspectiva envolve a suspensão do 
mundo ordinário para pensá-lo em termos relacionais, processuais e históricos 
(BURKE, 2003). Dito de outra forma: o conhecimento sociológico não se confunde 
com o senso comum, com opinião.
E é a respeito dos métodos e da natureza do conhecimento sociológico 
que as páginas seguintes se ocupam.
3 MÉTODOS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS
Anthony Giddens (2004, p. 510) ressalta que a Sociologia é um “esforço 
científico, envolve métodos sistemáticos de investigação empírica, análise de 
dados e avaliação à luz de evidências e argumentos lógicos”. Como se percebe, 
é um trabalho realizado em distintas etapas a partir da escolha de um objeto de 
interesse até sua publicação e discussão. 
A natureza da Sociologia está no tipo de conhecimento produzido pelo 
emprego de métodos científicos sobre seu objeto de estudo. E para compreender 
como se realiza a prática sociológica, é importante certa intimidade com a sua 
linguagem, empregando adequadamente as categorias. O prisma sociológico 
procura constituir panoramas amplos, abertos e emancipados da existência 
diária. Ela tem um DNA muito característico da modernidade ocidental, um viés 
crítico do cotidiano na direção da compreensão das interações e inter-relações 
humanas (BERGER, 1976).
As Ciências Sociais, e a Sociologia em particular, surgem num ambiente 
estimulado por ideias evolucionistas e positivistas de ciência. A inspiração 
para os métodos que foram definidos para o trabalho e a perspectiva sociológica 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
8
foram aqueles que eram empregados pelas Ciências Naturais, como a Biologia. O 
resultado foi a incorporação de algumas premissas elementares para a pesquisa 
com caráter científico. Os primeiros sociólogos, pela tarefa que possuíam de 
estabelecer as bases da disciplina, se ocuparam de traçar os objetivos e fronteiras 
desse novo campo que emergiu no século XIX. A neutralidade e a objetividade 
se tornaram regras metodológicas e posturas esperadas por parte do sociólogo.
Evolucionismo 1. Nome genérico das diversas doutrinas ou teorias filosóficas 
que utilizaram o transformismo biológico ou que se desenvolveram apoiadas nele. O que 
têm em comum é o fato de constituírem um relativismo orientado no tempo para um 
absoluto incognoscível (Spencer) ou místico (Teilhard de Chardin).
2. Concepção biológica segundo a qual todas as espécies derivam umas das outras por um 
processo de transformação natural. 
3. Doutrina filosófica segundo a qual a evolução constitui a lei geral dos seres (matéria, vida, 
espírito e sociedades), capaz de reger, por conseguinte, tanto as ciências quanto a própria 
moral.
4. Para Charles Darwin (1809-1882), célebre por ter criado a teoria segundo a qual "a luta 
pela vida e a seleção natural são consideradas como os mecanismos essenciais da evolução 
dos seres vivos", é a ideia de seleção natural que se encontra no cerne da questão da 
evolução: os organismos vivos formam populações denominadas espécies e apresentam 
"variações": graças a essas variações, certos indivíduos são melhor "adaptados" a seu meio 
e engendram uma descendência mais numerosa. A seleção natural designa o conjunto 
dos mecanismos que fazem a triagem entre os melhores indivíduos: assim, graças à “luta 
pela vida, as populações evoluem lentamente, isto é, se transformam e se diversificam 
produzindo formas cada vez mais complexas” (p. 70).
Positivismo (fr. positivisme) I. Sistema filosófico formulado por Augusto Comte, tendo como 
núcleo sua teoria dos três *estados, segundo a qual o espírito humano, ou seja, a sociedade, 
a cultura, passa por três etapas: a teológica, a metafísica e a positiva. As chamadas ciências 
positivas surgem apenas quando a humanidade atinge a terceira etapa, sua maioridade, 
rompendo com as anteriores. Para Comte, as ciências se ordenaram hierarquicamente da 
seguinte forma: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia; cada uma 
tomando por base a anterior e atingindo um nível mais elevado de complexidade. A 
finalidade última do sistema é política: organizar a sociedade cientificamente com base 
nos princípios estabelecidos pelas ciências positivas.
2. Em um sentido mais amplo, um tanto vago, o termo "positivismo" designa várias doutrinas 
filosóficas do séc. XIX, como as de Stuart Mill, Spencer, Mach e outros, que se caracterizam 
pela valorização de um método empirista e quantitativo, pela defesa da experiência sensível 
como fonte principal do conhecimento, pela hostilidade em relação ao *idealismo, e pela 
consideração das ciências empírico-formais como paradigmas de cientificidade e modelos 
para as demais ciências. Contemporaneamente, muitas doutrinas filosóficas e científicas 
são consideradas "positivistas" por possuírem algumas dessas características, tendo este 
termo adquirido uma conotação negativa nesta aplicação (p. 153).
FONTE: Marcondes e Japiassu (2001)
DICAS
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
9
Paraos positivistas, como Auguste Comte e Émile Durkheim, por exemplo, 
a sociedade era regida por leis gerais que podiam ser apreendidas de maneira 
objetiva, isto é, tornada uma coisa, um objeto, percebida como externa à própria 
sociedade. Para isso, era fundamental a postura da neutralidade científica:
Significa que a concepção positivista é aquela que afirma a necessidade 
e a possibilidade de uma ciência social completamente desligada de 
qualquer vínculo com as classes sociais, com as posições políticas, os 
valores morais, as ideologias, as utopias, as visões de mundo. Todo 
esse conjunto de elementos ideológicos, em seu sentido amplo, deve 
ser eliminado da ciência social (LÖWY, 1985, p. 39).
Portanto, para a corrente sociológica do positivismo, o sociólogo deve 
despir-se de si mesmo, de sua subjetividade, deixar de lado suas origens e 
experiências para dedicar-se objetivamente ao fato social estudado. Ele deve 
se empenhar em mostrar a realidade da maneira mais fidedigna possível. O 
pesquisador deve emancipar-se de suas pré-noções, sobrando apenas o indivíduo-
cientista.
Ainda do ponto de vista da Sociologia clássica, outra contribuição 
pioneira foi dada por Max Weber em sua Sociologia compreensiva. Criticando 
o pressuposto positivista da neutralidade, ele vai questionar esse exercício de 
abstração de si que o sociólogo deveria realizar para as suas investigações em 
torno do objeto estudado. Para Weber, a própria realidade já seria uma construção 
social, impregnada de valores, portanto, a Ciência não estava livre dessas cargas 
subjetivas (WEBER, 2001). 
Com isso, podemos deduzir que as pesquisas de caráter científico sempre 
realizam e têm início com uma seleção e recorte de determinadas dimensões 
da realidade. Quando você, acadêmico, define o seu objeto de estudo, o curso 
universitário que irá cursar, escolhe aquele que você conhece e lhe dá satisfação. 
Ao definir o objeto de um Trabalho de Conclusão de Curso, por exemplo, não nos 
dedicamos a pesquisar aquilo que nos é desconhecido ou desinteressante. Nós 
fazemos escolhas com base em nossos valores.
Essas escolhas devem ser trabalhadas cientificamente. Para isso, 
empregamos as abordagens e métodos. Eles são a base e o fundamento para dar 
início à reflexão sistemática sobre determinados problemas sociológicos. E entre 
a escolha e o problema sociológico, precisamos ter em mente que este não se 
confunde com um problema social.
Qual é a diferença entre um problema sociológico e um problema social? 
No interior desse espaço social, um problema sociológico liga-se a uma 
extensa rede relacional de profissionais e outros problemas já elaborados. Ao 
modelar seu objeto e problemática sociológica, o pesquisador precisa observar essa 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
10
bagagem de problemas anteriores. Isso porque os problemas não estão isolados, 
mas, antes, articulados com o trabalho contínuo da Sociologia. Em alguns casos, 
ao ler os trabalhos de seus pares, o sociólogo pode descobrir ou prestar atenção 
para diferentes pontos de vista sobre o seu objeto de estudo (GIDDENS, 2004).
Um problema social pressupõe a existência de um esforço anterior, de um 
‘trabalho social’ voltado ao seu reconhecimento e legitimação. Esses problemas 
existem em relação a contextos sociais e históricos específicos, variando conforme 
as épocas e regiões, podendo desaparecer. Para que seja considerado relevante, 
não basta que um problema afete a vida de grupos, é fundamental que ele ganhe 
dimensão pública. A partir de então, ele pode ser assumido pelo agente estatal, que 
desenvolve iniciativas visando mitigá-lo na forma de políticas (LENOIR, 1998). 
Por exemplo, o analfabetismo é um problema social. Mas um sociólogo não 
pode, nem quer saber tudo acerca do analfabetismo. Ele delimita seu interesse. 
O pesquisador, ao voltar-se para um problema, não está buscando a sua solução, 
apesar de que o resultado de sua pesquisa possa contribuir para tal. 
Desta forma, o problema sociológico de uma pesquisa deve fazer o papel 
de fio condutor da pesquisa, a questão inicial deve ajudar a progredir nas leituras 
e na coleta de dados exploratória. Para tanto, ele deve transformar esse problema 
em uma questão com a qual o pesquisador tentará expressar o mais precisamente 
possível o que ele busca conhecer, elucidar, compreender melhor (QUIVY; 
CHAMPEGAUDT, 1998).
O que é o método? Segundo Lakatos e Marconi (1995, p. 83), trata-se de:
[...] um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior 
segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimento 
válido e verdadeiro –, traçando o caminho a ser seguido, detectando 
erros e auxiliando as decisões do cientista.
E existe um método comum compartilhado pela Sociologia? Segundo 
Lakatos e Marconi (1990), os procedimentos próprios das Ciências Sociais são 
variados. Em razão dessa amplitude, os autores sugerem pensar a questão dos 
métodos a partir de dois níveis:
1) Métodos de abordagem
2) Métodos de procedimento.
Qual é a diferença entre eles? O primeiro é a abordagem de nível mais 
amplo de uma pesquisa. É um recurso de abstração macro a respeito dos 
fenômenos sociais. Vejamos o quadro a seguir:
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
11
QUADRO 1 - EXEMPLOS DE MÉTODOS DE ABORDAGEM
MÉTODO DESCRIÇÃO
Indutivo
A aproximação dos fenômenos caminha geralmente para 
planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais 
particulares às leis e teorias (conexão ascendente). 
Exemplo de Método Indutivo:
A ave 1 tem duas asas
A ave 2 tem duas asas
A ave 3 tem duas asas
A ave n tem duas asas 
Conclusão: toda ave tem duas asas
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/pmQx3E>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Dedutivo
Ele parte das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a 
ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente).
Exemplo de Método Dedutivo:
Todo homem é mortal
Pedro é homem
Logo, Pedro é mortal
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/vcqCdu>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Hipotético-
dedutivo
Ele se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, 
acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência 
dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos 
abrangidos pela hipótese.
Exemplo de Método Hipotético-Dedutivo:
- Toca o despertador e o dia está escuro;
- Hipótese de causa: amanheceu e o sol está encoberto;
- Efetivo secundário: se o sol está encoberto, é possível que haja 
chuva;
- Teste do efeito secundário: estende-se a mão. Se molhar, a 
hipótese é válida, se não molhar, busca-se outra hipótese:
 - o relógio está certo?
 - apenas há nuvens e não está chovendo?
 - falseamento da hipótese válida: há algo ou alguém jogando 
água na minha mão, (ar condicionado, lavagem)?
- A hipótese continuará válida enquanto resistir aos testes.
FONTE: Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/16-omtodo-
cientfico-111015210455-phpapp02/95/16-o-mtodo-cientfico-21-728.jpg?-
cb=1318712731>. Acesso em: 22 fev. 2018.
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
12
Dialético
Procura analisar o mundo dos fenômenos através de sua ação 
recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança 
dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Exemplo de Método Dialético: 
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/HHH8cb>. Acesso em: 22 fev. 2018.
- Ideia Inicial;
- Pergunta.
- Junção Das 
Ideias ;
- Conclusão.
- Nova Ideia;
- Resposta.
SínteseTese
Antítese
FONTE: Lakatos e Marconi (2001, p. 116)
QUADRO 2 - EXEMPLOS DE MÉTODOS DE PROCEDIMENTO
O segundo indica os procedimentos que serão empregados para viabilizar 
a pesquisa. São operações mais concretas de uma investigação, com finalidade 
mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos.
MÉTODO DESCRIÇÃO
Histórico
“[...] o método histórico consiste em investigar acontecimentos, 
processos e instituições do passado para verificar a sua influência 
na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaramsua forma 
atual através de alterações de suas partes componentes, ao 
longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular 
de cada época” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 107).
Exemplo do Método Histórico:
Para compreender a noção atual de família e parentesco, 
pesquisa-se no passado os diferentes elementos constitutivos 
dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social;
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/soX56J>. Acesso em: 22 fev. 2018.
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
13
Comparativo
“[...] este método realiza Comparações, com a finalidade 
de verificar similitudes e explicar divergências. O método 
comparativo é usado tanto para comparações de grupos no 
presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, 
quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de 
desenvolvimento” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 107). 
Exemplo de Método Comparativo: 
Modo de vida rural e urbana no Estado de São Paulo; 
características sociais da colonização portuguesa e espanhola 
na América Latina.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/dUUqAw>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Monográfico
“Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude 
em profundidade pode ser considerado representativo de 
muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o método 
monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, 
profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com 
a finalidade de obter generalizações” (LAKATOS; MARCONI, 
2001, p. 108). 
Exemplo de Método Monográfico:
Estudo de delinquentes juvenis; da mão de obra volante; 
do papel social da mulher [PRESOTTO, Zélia Maria Neves]
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/sLVB7e>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Estatístico
“[...] o método estatístico significa redução de fenômenos 
sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos 
e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações 
dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua 
natureza, ocorrência ou significado” (LAKATOS; MARCONI, 
2001, p. 108).
Exemplo do Método Estatístico: 
Verificar a correlação entre nível de escolaridade e 
número de filhos; pesquisar as classes sociais dos estudantes 
universitários.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/CfZgCo>. Acesso em: 22 fev. 2018.
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
14
Tipológico
De inspiração weberiana, “Apresenta certas semelhanças com o 
método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, 
o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir 
da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica 
principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir 
de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, 
realmente existentes” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 109).
Exemplo de Método Tipológico: 
Estudo de todos os tipos de governo democrático, 
do presente e do passado, para estabelecer as características 
típicas ideais da democracia.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/BUVmoS>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Funcionalista
Utilizado pelo antropólogo Bronislaw Malinowski, “o método 
funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função 
de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de 
atividades” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 110). 
Exemplo do Método Funcionalista: 
Análise das principais diferenciações de funções que 
devem existir num pequeno grupo isolado, para que o mesmo 
sobreviva; averiguação da função dos usos e costumes no 
sentido de assegurar a identidade cultural de um grupo.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/DVT2WH>. Acesso em: 22 fev. 2018.
Estruturalista
Desenvolvido por Lévi-Strauss. O método parte da investigação de 
um fenômeno concreto, eleva-se a seguir ao nível do abstrato, por 
intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto 
de estudo, retornando por fim ao concreto, dessa vez como uma 
realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito 
social. [...] o método estruturalista caminha do concreto para o 
abstrato e vice-versa, dispondo, na segunda etapa, de um modelo 
para analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos” (p. 111).
Exemplo do Método Estruturalista: 
Estudo das relações sociais e a posição que estas 
determinam para os indivíduos e os grupos, com a finalidade 
de construir um modelo que passa a retratar a estrutura social 
onde ocorrem tais relações.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/UJkDEM>. Acesso em: 22 fev. 2018.
FONTE: Lakatos e Marconi (2001)
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
15
Vale indicar outra distinção importante para as Ciências Sociais, no tocante 
ao aspecto metodológico. Trata-se do enfoque de uma pesquisa. Como dissemos, 
uma investigação na área da Ciência Política parte de um método mais geral, a 
sua abordagem. E para a realização da pesquisa, existe uma outra diferenciação 
que implica escolhas na definição dos métodos de procedimento. Esses enfoques 
são o quantitativo e o qualitativo. 
Segundo a pesquisadora Maria Cecília de Souza Minayo (2001), a 
pesquisa qualitativa “responde a questões muito particulares”. Se interessa pelo 
que não pode ser reduzido a quantidades. Aborda a qualidade dos fenômenos, 
trabalhando 
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e 
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, 
dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à 
operacionalização de variáveis. Este enfoque “aprofunda-se no mundo 
dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível 
e não captável em equações, médias e estatísticas (MINAYO, p. 22-23). 
A pesquisa quantitativa se interessa mais pela quantidade. Para João José 
Saraiva da Fonseca (2002), os resultados da pesquisa quantitativa podem ser 
quantificados. Trabalha-se com amostras grandes e consideradas representativas 
da população, “os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real 
de toda a população alvo da pesquisa” (FONSECA, 2002, p. 20). Tem interesse na 
objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode 
ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio 
de instrumentos padronizados e neutros (FONSECA, 2002). 
Para finalizar, indicamos a reflexão de Anthony Giddens (2004) a respeito 
dessa falta de homogeneidade na Sociologia. Ele argumenta que essa falta de 
unidade e sua imagem caótica não depõem contra a Sociologia, que se ocupa 
dos indivíduos em sociedades. Pelas características do objeto da Sociologia, a 
lógica das ciências naturais impede uma perspectiva mais ampla e, também, mais 
restrita dos fenômenos sociais. Sendo o comportamento humano multifacetado, 
é bastante improvável que fosse entendido em suas dinâmicas tomando apenas 
um único tipo de análise. Da mesma forma, a variedade de visões sociológicas 
estimula a capacidade imaginativa que é essencial ao trabalho do sociólogo. 
Outro desdobramento positivo desta variedade é a reflexão constante dos dilemas 
teóricos elementares do seu objeto.
4 ESCOLA E EDUCAÇÃO COMO CAMPOS DA 
SOCIOLOGIA
Prezado acadêmico! Considerando o exposto no tópico anterior, vamos 
buscar compreender as relações estabelecidas entre a Sociologia e a educação 
considerando tanto a educação como a escola como campos de estudo. 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
16
Inicialmente, vamos relembrar que o objetivo da Sociologia reside na 
compreensão das relações sociais, e as possibilidades de realizar tal tarefa podem 
partir de análises micro ou macro. Por essa razão, vamos nos deparar com 
diferentes caminhos para analisar as relações entre escola, educação e sociedade. 
Em alguns desses caminhos, autores procuram partir de fenômenos sociais 
específicos para compreender as relações sociais, e em outros casos buscam 
compreender a influência exercida pela sociedade em relações específicas.
Tendo em vista essas característicasdas análises sociais, nos deparamos 
aqui com dois campos de estudo da Sociologia: escola e educação. Como a 
sociedade é formada por um emaranhado de relações sociais – incluindo 
interações e disputas –, é fundamental que ao refletir sobre a educação e escola 
como campos de estudo, fiquemos atentos para não reduzir essas categorias a 
espaços isolados. Não podemos colocá-los em caixinhas fechadas sem receber 
e/ou exercer influência em relação às demais relações sociais, mas sim buscar 
compreendê-los como elementos integrantes da sociedade e que exercem grande 
influência em nossas vidas.
Nesse contexto, muitos estudos da Sociologia da Educação recorrem 
ao conceito de reprodução social para dar conta das dinâmicas referentes à 
escola e à educação. Por reprodução social entendemos os meios pelos quais são 
produzidas e reproduzidas as relações sociais. Em outras palavras, a reprodução 
social representa a forma pela qual a sociedade reproduz as relações que mantêm 
as estruturas sociais já existentes. 
A escola contribui para a reprodução social na medida em que são 
compartilhados conteúdos, normas e valores que permitem a inserção do 
indivíduo na vida em sociedade, e, ao fazer isso, reproduz os papéis, hierarquias 
e desigualdades presentes na estrutura social. 
A reprodução social merece atenção nesse momento, pois os trabalhos 
desenvolvidos nesse sentido marcaram o início da produção sistemática de conhecimento 
no campo da Sociologia da Educação. É importante considerar, ao vislumbrar escola e 
educação como campos da sociologia, o reconhecimento dos esforços, especialmente 
a partir do século XX, que levaram sociólogos como Pierre Bourdieu a compreender o 
domínio da escola nas relações que configuram a reprodução social. Esses estudos 
identificaram como a reprodução social nas escolas foi fundamental para a compreensão 
dos processos de socialização dos jovens (SPOSITO, 2003).
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
17
Prezado acadêmico! Você já parou para pensar na influência que a 
educação exerce sobre sua vida? Nas diferentes possibilidades de aprender e 
ensinar com as quais você teve contato ao longo de sua história? Na relevância 
do papel desempenhado pelas escolas que você frequentou ao longo de sua vida 
escolar? Ou ainda, na relevância da educação e da escola para a sociedade?
Como descrevemos até o momento, essas questões e outras tantas fazem 
parte das reflexões acadêmicas que buscam analisar as múltiplas relações sociais 
que influenciam e que exercem influência sobre a educação. Sobre a educação 
como processo de socialização e sobre a educação escolar.
É importante levar em consideração que a educação, inicialmente 
relacionada à escola, se desenvolve em outros espaços sociais. Ocorre ao longo de 
nossa vida, afinal estamos sempre aprendendo e, especialmente com as crianças, 
ocorre em todo momento em que elas, em contato com outros sujeitos, incorporam 
padrões de comportamento. Outros pontos importantes para compreender a escola 
e a educação como campos da Sociologia: a educação difere no tempo e no espaço e 
a educação representa os esforços para a socialização das gerações futuras. 
Quando nos referimos às diversas representações de educação, afirmamos 
que, ao longo da história, observamos diferentes processos ligados à educação, 
da mesma forma que em diferentes sociedades também observamos diferentes 
formas de educar. Além disso, podemos identificar diferentes formas de educar 
dentro de uma sociedade. Em outras palavras: não existe uma única educação. 
Contudo, devemos destacar uma característica comum nas formas de educação: 
todas buscam moldar o indivíduo para os padrões sociais vigentes. A concepção 
da educação como socialização remete à noção do sujeito como ser social. Nesse 
sentido, é através da educação que nos submetemos às regras, hierarquias e 
padrões sociais para viver em grupo (PILETTI, 2004).
Na próxima unidade esses temas serão abordados de forma mais detalhada a 
partir dos estudos das teorias de Pierre Bourdieu sobre a educação. 
Na próxima unidade, esses temas serão abordados de forma mais detalhada a 
partir dos estudos das teorias de Émile Durkheim sobre a educação, bem como das diversas 
teorias desenvolvidas no âmbito das Ciências Sociais, que nos auxiliam na compreensão da 
educação em nossa sociedade.
ESTUDOS FU
TUROS
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
18
É possível sintetizar os esforços para a compreensão da educação em 
nossa sociedade – sem ambição de abranger a totalidade – diferenciando as 
abordagens clássicas e as abordagens contemporâneas. Nas abordagens 
tradicionais da Sociologia da Educação, a escola e a família são responsáveis 
pela integração do indivíduo à sociedade e, por esta razão, a socialização possui 
centralidade. Já nas análises contemporâneas, a centralidade muda de foco para 
a integração de normas e culturas dominantes e para outras funções da escola, 
como os processos de seleção e aprendizagem (BARRÉRE; SEMBEL, 2006). 
Mesmo não havendo uma única forma de educar, a educação escolar 
é fundamental para a concretização do processo de socialização e para a 
conformação dos padrões sociais. Por esta razão, a escola é um espaço importante 
para o desenvolvimento de tal tarefa. Nesse contexto, é natural questionar o papel 
da escola e suas representações na sociedade, como podemos observar na tirinha 
da personagem Mafalda:
FIGURA 2 - REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA ESCOLA
FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_PFSjpW_RCHU/THUwN3EKM5I/
AAAAAAAAAD8/JlQFtCskRhw/s1600/MAFA.jpg>. Acesso em: 22 jan. 2018.
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
19
Outra possibilidade de distinguir os trabalhos resultantes dos estudos 
da Sociologia da Educação são as categorias de análise: a escola como categoria 
analítica e a escola como unidade empírica. Essa diferenciação é importante para 
compreendermos que o estudo sociológico da escola possui relevância mesmo 
quando não é objeto de estudo empírico. E também é importante considerar a 
influência dos fatores externos nas escolas quando ela se torna unidade empírica 
de um estudo (SPOSITO, 2003). 
As diferentes funções da escola também merecem nossa atenção:
A escola, como uma das instituições mais importantes do contexto social, 
carrega importantes funções, dentre as quais podemos destacar a política, 
organizacional e formativa, pois cabe a essa instituição o papel de educar 
os cidadãos. Isto significa dizer que o projeto educacional de uma escola 
deve visar, dentre outros objetivos, transmitir o conjunto de valores de 
uma determinada cultura. Isso possibilita uma coesão e sincronia entre 
os indivíduos de uma sociedade de modo a haver um consenso no 
julgamento moral das ações cotidianas (ROBLE, 2008, p. 17). 
Aqui resgatamos o reconhecimento de que na escola se desenvolvem 
dois processos fundamentais para a sociedade, o compartilhamento dos saberes 
acumulados através das gerações, especialmente na expectativa da inclusão 
futura no mercado de trabalho, e a formação de um espaço de convivência com 
outros indivíduos.
Além disso, a escola é uma instituição que regula a vida coletiva.
A escola, por exemplo, além de ser um espaço da teoria e da prática 
pedagógica, é, antes, um local de convivência coletiva. Assim, até 
mesmo essas teorias e práticas pedagógicas precisam compreender 
as bases das relações entre os homens para poder melhor orientar as 
ações referentes ao cotidiano escolar (ROBLE, 2008, p. 7).
O espaço da convivência pública se dá na escola. É na escola que se 
desenrola grande parte de nossas lembranças da infância, isto porque nosso 
primeiro contato com a sociedade sem o amparo de nossa família se dá na escola. 
Enquanto na família, esfera privada, contamos com o apoio e aceitação, na escola, 
esfera pública, percebemos que é necessário formar nossos espaços e a viver em 
conjunto, bem como compreendemosque precisamos interagir com a hierarquia 
social já estabelecida (ROBLE, 2008).
Prezado acadêmico! Vale aqui atentar para os conceitos de esfera pública e 
privada. Assim como outros conceitos sociológicos, as noções de público e privado 
recebem contornos diferentes de acordo com as interpretações de diferentes autores, 
porém, de maneira geral, a noção de esfera privada diz respeito a espaços de 
interação restritos e de certa liberdade, por exemplo, o espaço da casa e as relações 
familiares, como também a noção de trabalho e empresas com fins lucrativos no 
âmbito do capitalismo. Já a noção de público remete à variedade de interações 
sociais, como as relações estabelecidas na escola, na política e com o Estado.
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
20
A escola, entendida como espaço físico institucionalizado para a educação 
formal, também é espaço da educação informal e da educação não formal. E como 
podem se desenvolver ações de educação não formal nas escolas? Através das 
formas institucionalizadas de participação, como conselhos, fóruns e assembleias. 
No Brasil, essas instâncias de participação ainda são pouco articuladas. Na 
maioria das vezes, organizadas pela gestão da escola, que elabora pautas, agenda 
as reuniões etc. Então como, nesse contexto, ocorre a educação não formal?
O caráter educativo que essa participação adquire, quando ela ocorre 
em movimentos sociais comunitários, organizados em função de causas 
públicas, prepara os indivíduos para atuarem como representantes da 
sociedade civil organizada. E os colegiados escolares são uma dessas 
instâncias (GOHN, 2006, p. 33).
Dessa forma, entendemos como educação formal as atividades 
educacionais desenvolvidas no contexto do sistema educacional – desde a 
Educação Infantil ao Ensino Superior – submetidas à legislação vigente e 
desenvolvidas no âmbito das políticas públicas educacionais. Já a educação não 
formal remete a outros processos de socialização que ocorrem, por exemplo, na 
família, onde são socializadas normas, valores e aspectos culturais fundamentais 
para a vida em sociedade.
Para compreender e/ou relembrar as noções de público e privado na teoria 
sociológica, leia o artigo: “Esfera pública e esfera privada: uma comparação entre Hannah 
Arendt e Jürgen Habermas”, de Lucas Correia Carvalho.
Resumo: Este artigo discute e compara as noções de esfera privada e esfera pública em 
Hannah Arendt e Jürgen Habermas, tomando como base as concepções de práxis política 
e ação comunicativa, respectivamente. Nesse sentido, os diferentes diagnósticos dos 
autores referentes à esfera pública na sociedade contemporânea, “declínio” para Arendt 
e “mudança estrutural” para Habermas, indicam, simultaneamente a esse processo, a 
interferência de uma racionalidade técnica de adequação meio e fins na práxis política e na 
ação comunicativa.
FONTE: CARVALHO, Lucas Correia. Esfera pública e esfera privada: uma comparação entre 
Hannah Arendt e Jürgen Habermas. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de 
graduação em Ciências Sociais – IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 38-52, dez. 2008. 
Semestral. Disponível em: http://www.habitus.ifcs.ufrj.br/. Acesso em: 14 fev. 2018.
DICAS
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
21
Como vimos até aqui, a escola e a educação são campos de estudo da 
Sociologia e as análises desenvolvidas nesses trabalhos contribuem para 
ampliar nossa reflexão a respeito das relações entre educação e sociedade. Os 
questionamentos levantados são variados e dizem respeito desde questões mais 
amplas até questões específicas das formas de socialização e do cotidiano escolar. 
Bem como, questionam o papel da educação para a manutenção ou transformação 
da estrutura social.
Para conhecer mais sobre as discussões realizadas a partir das noções de 
educação formal e não formal, leia o artigo intitulado “O papel da educação formal e 
informal: educação na escola e na sociedade”, de Rosane Kloh Biesdorf.
Resumo: A educação informal sempre ocupou um papel fundamental na sociedade, é 
ela que norteia o bom relacionamento entre os indivíduos. Já a educação formal possui 
a função de preparar o educando para atuar efetivamente junto à sociedade, para tanto 
oferece o conhecimento científico. Na atualidade, percebe-se que a educação informal 
parece pouco importar, a família está deixando que a escola eduque os seus filhos, já a 
escola está limitada e não preparada para esta função. O educador está preparado apenas 
para atuar no processo de ensino-aprendizagem, quando este se depara com atos de 
indisciplina em sala de aula, sente-se limitado, e seu trabalho é fortemente prejudicado. 
Educandos, com problemas de relacionamento e indisciplina em sala de aula, são frutos 
de uma sociedade onde a família está repassando à escola o papel de educar, estabelecer 
limites, já a escola não está preparada e não possui autoridade para tal ato.
Fonte: BIESDORF, Rosane Kloh. O papel da educação formal e informal: educação na escola e na 
sociedade. Itinerarius Reflectionis, [S.l.], v. 7, n. 2, p. DOI 10.5216/rir.v1i10.1148, ago. 2011. ISSN 1807-
9342. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/20432>. Acesso em: 14 fev. 2018.
Entre os muros da escola (2009) – Direção: Laurent Cantet
François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma 
escola de Ensino Médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino 
buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo 
do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação 
são grandes complicadores.
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-58151/>. Acesso em: 23 jan. 2018. 
Escritores da liberdade (2007) – Direção: Richard La Gravenese
Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está 
corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade 
de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os 
alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell 
(Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão 
retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo 
valores como a tolerância e o respeito ao próximo.
DICAS
DICAS
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
22
Escola
[...] Vamos tentar entrar nessa instituição e analisar como se dão – em 
alguns casos, como deveriam ser – as relações entre os públicos escolares e as 
comunidades que a escola atende.
Em alguns momentos veremos nela mais que ensino e instrução. Veremos 
educação, no sentido atribuído por Durkheim: uma geração adulta efetivamente 
educando novas gerações para o trabalho e para a vida. Em outros momentos 
veremos muita instrução e ensino, mas pouca educação. Em outros veremos 
omissão e em outros, ainda, pura e simplesmente deseducação. Ou alguém 
acha que pode ser chamada de instituição educacional uma escola que vende 
diplomas?
Primeiramente, vamos olhar para a escola e entendê-la em suas relações 
de trabalho. Posteriormente, vamos olhar para o os públicos escolares e como 
se dão as relações entre eles e entre eles e a sociedade mais ampla. Por último, 
perguntaremos pelo lugar da escola na estrutura social e dos profissionais 
do ensino na educação, isto é, como a escola constitui ou não uma instância 
educadora e como os professores se constituem – ou deveriam se constituir – 
como mediadores culturais na escola.
Você trabalha ou estuda?
Observe como, de modo geral, as pessoas se referem à escola em relação 
ao trabalho. Certamente você mesmo já perguntou a alguém ou alguém já 
perguntou a você: “você trabalha ou só estuda?” Pode ser que, em resposta, 
você possa dizer que só “trabalha” ou só “estuda”. Pode ser, também, que você 
diga que o batente é mais pesado: “trabalha”e “estuda”. É até possível que você 
conheça aquela pergunta de gosto mais que duvidoso que circula amplamente 
em tom de brincadeira séria: “a sua mãe não trabalha, só dá aulas?”
É curioso como o senso comum formulou entre nós uma concepção de 
“estudo” como não trabalho, o que não é difícil entender. A palavra “trabalho’ 
vem do latim vulgar trípãlíãre, que é o mesmo que torturar com o trípãlíum, que 
quer dizer instrumento de tortura. O sentido original da palavra “trabalho”, 
portanto, diz respeito ao sofrimento, ao castigo, à tortura. Mas nós encontramos 
Merlí (2015) – Criado por Héctor Lozano (2015).
Merlí Bergeron (Francesc Orella) é um professor de filosofia nada convencional, que precisa 
reorganizar sua vida pessoal enquanto tenta de todas as formas mostrar para as pessoas 
a importância da filosofia. Para alguns parentes e colegas de trabalho, no entanto, ele é 
motivo de escândalo. Para seus alunos e seu filho gay, Merlí é uma inspiração.
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | O OLHAR DA SOCIOLOGIA SOBRE SOCIEDADE, ESCOLA E EDUCAÇÃO
23
essa visão de trabalho como sofrimento e castigo também na matriz religiosa da 
cultura judaico-cristã. Afinal, não está nas Sagradas Escrituras a descrição de que 
Deus, por punição ou pelo pecado, condenou sua criatura a ganhar o pão com o 
suor do próprio rosto?
Já a palavra “escola” vulgarmente conhecida como lugar onde se “estuda”, 
tem sentido bem diferente. Originária do latim schola, que por sua vez deriva do 
grego scholé, escola significava ócio dedicado ao estudo, ocupação literária. Ou 
seja, somente podia ir para a escola ou dedicar-se ao cultivo do espírito quem 
fosse ocioso, isto é, aquele que estivesse livre do trípãlíum. 
O tempo passou e a concepção de “trabalho” mudou radicalmente. Do 
sentido original de sofrimento e castigo ficou a crítica marxista à forma alienada 
de trabalho no sistema capitalista. Foi com a ética calvinista, a partir da Reforma 
Protestante, no século XVI, que começou a haver um deslocamento do sentido 
original de punição e tortura para uma concepção de trabalho como vocação, 
esforço e recompensa. Para os calvinistas, a recompensa do trabalho incessante 
e da riqueza acumulada pelo trabalho era o Reino dos Céus. O trabalho, dizia 
Calvino, dignifica e enobrece o homem, e o resultado do trabalho bem realizado 
poderia ser indício de manifestação da graça divina. Ao trabalho, portanto, 
porque o ócio é o maior dos pecados!
Entretanto, apesar de a escola moderna ter nascido temporaneamente à 
afirmação do calvinismo na Europa, de essa escola ter se constituído como um 
espaço de disciplina, organização e método, ela não se livrou do entendimento 
original de lugar do ócio, o avesso do trabalho. Entre nós essa imagem é ainda 
muito forte, inclusive porque até recentemente a escola era lugar apenas daqueles 
que não precisavam investir grande parte do seu tempo na provisão de subsistência 
e porque é frágil a nossa herança calvinista. Quais são as implicações disso?
Em primeiro lugar, deve-se ter clareza de que os exercícios de reflexão, 
produção e sistematização e conhecimento são trabalho, e trabalho pesado, 
trabalho intelectual-braçal! Como ainda é frágil essa percepção, prevalece entre 
nós uma sumária desvalorização do trabalho pedagógico como trabalho intelectual 
produtivo. Podemos observar que há um paradoxo no debate sobre a educação 
e escola no Brasil manifesto num amplo discurso que diz valorizar a educação 
como instrumento fundamental de reconstrução social, mas num contexto de 
intensa precarização das condições de trabalho docente, de desvalorização do 
professor como profissional da educação, de uma cultura escolar assentada na 
concepção de magistério como sacerdócio, tudo isso combinado com um brutal 
estado de desigualdades sociais e econômicas.
Em segundo lugar, é preciso desvincular a produção de conhecimento dos 
usos imediatos que dele são feitos. É forte entre nós uma visão impregnada de 
um pragmatismo mecanicista que não vê sentido em se ocupar com questões que 
não se ligam ao imediatamente vivido. No mundo das sociedades sem escolas a 
educação está voltada para o atendimento das necessidades imediatas, mas as 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
24
sociedades modernas exigem mais que a solução de problemas imediatos. Quanto 
maior o espaço de mobilidade geográfica (trânsito entre ambientes diferentes) 
e de mobilidade social (trânsito entre diferentes esferas sociais), menor é o 
domínio do tipo de questão que cada qual vai enfrentar logo adiante. No mundo 
globalizado, esses problemas estão sempre se renovando e a reflexão sistemática 
é a única forma de se preparar para enfrentá-los. Nesse contexto, a produção 
e sistematização de conhecimento não podem ficar restritas às necessidades 
imediatas, o que resultaria inevitavelmente no seu empobrecimento, reduzido a 
mera informação mercadológica, instrumento utilitário das ações conjunturais.
Em terceiro lugar, é forçoso reconhecer que o trabalho é ação e reflexão 
sobre a natureza e sobre nós mesmos. Ora concentramos os componentes do 
trabalho nas atividades físicas e mecânicas, ora os concentramos nos elementos 
intelectuais, ou ainda, acumulamos as duas dimensões do trabalho. Não se 
pode diminuir a importância do trabalho intelectual para o entendimento das 
complexas teias de relações que se estabelecem no mundo moderno. Compreender 
essas teias não é apenas entender como as ideias se relacionam, mas sobretudo 
entender qual é o mundo do qual essas ideias brotam e como elas podem ou não 
exercer influências nele.
FONTE: SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução à sociologia da educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2015.
25
Nesse tópico você estudou que:
• A Sociologia é um dos campos das Ciências Sociais. 
• A Sociologia se ocupa de pensar e refletir sobre as relações sociais e as 
maneiras de interação, associação, conflito e mudança nas sociedades e entre 
os indivíduos. Ela é um olhar científico, metodológico e relacional a respeito 
da dimensão social dos grupos humanos.
• Para realizar suas investigações, a Sociologia emprega métodos científicos, 
voltados a delimitar o interesse do sociólogo e do seu objeto de pesquisa. Isso 
implica em distinguir a natureza do conhecimento sociológico do senso comum.
• Escola e educação são campos da Sociologia, porém não podem ser considerados 
isoladamente. É necessário compreender a influência da educação e da escola 
na formação dos indivíduos e na estrutura social e as influências dos fatores 
externos sobre a escola e a educação.
• A escola representa o espaço mais comum da educação, porém não é o único. 
A educação está presente em outros espaços sociais, nas diferentes formas de 
socialização.
• A educação pode ser analisada através de teorias tradicionais com foco na 
socialização e através das teorias tradicionais com foco na socialização, e 
através das teorias contemporâneas com a incorporação de discussões acerca 
da integração de normas e culturas e das funções da escola.
• A escola pode ser entendida como categoria analítica ou como unidade 
empírica. Essa diferenciação é fundamental para atender à relevância do 
estudo sociológico da escola.
RESUMO DO TÓPICO 1
26
1 A afirmação “não existe uma única educação” remete à compreensão da 
diversidade de atores e processos envolvidos na educação. Além disso, remete 
à compreensão da diversidade da educação em diferentes tempos e espaços. 
Partindo desse princípio, assinale a alternativa correta:
a) ( ) As diferentes formas de educação têm em comum a formação do 
indivíduo para se adequar à sociedade.
b) ( ) Cada período histórico é representado por diferentes objetivos e 
padrões estabelecidos através da educação.
c) ( ) O objetivo da educação varia em cada sociedade, porém as formas de 
educar se repetem.
d) ( ) A noção de socialização representa uma categoria analítica oposta à 
de educação em todas as sociedades.
 
2 A escola é considerada uma das instituiçõesde maior relevância na 
sociedade, pois apresenta funções política, organizacional e formativa e recai 
sobre ela a responsabilidade de educar os cidadãos para a vida em sociedade 
através da transmissão do conjunto de valores de uma determinada cultura. 
Considerando esse contexto, assinale as sentenças com V para verdadeiras e 
F para falsas:
( ) A transmissão de valores contribuiu para a coesão e sincronia dos 
indivíduos na sociedade.
( ) Ao educar os cidadãos, a escola se concentra na formação para o mercado 
de trabalho, deixando outras relações em segundo plano.
( ) Através das ações desenvolvidas na escola é formado um consenso 
coletivo para o julgamento de questões morais.
( ) A escola é espaço da teoria e da prática pedagógica e também um local da 
convivência coletiva.
Agora assinale a alternativa que representa a alternativa correta:
a) ( ) F – F – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – V – F – V.
3 A produção do conhecimento sociológico exige o emprego de métodos 
científicos. Uma das primeiras tarefas no processo de investigação é definir 
e delimitar o problema sociológico. Este, por sua vez, não se confunde com 
um problema social. Em relação a essa discussão, associe os itens, utilizando 
o código a seguir:
AUTOATIVIDADE
27
I – Problema sociológico.
II – Problema social.
( ) Diz respeito a uma estratégia, delimitando um fio condutor que permite 
a progressão das etapas exigidas pela investigação científica.
( ) Diz respeito menos ao objetivo de encontrar soluções para os problemas 
do que a questão dos resultados planejados e produzidos.
( ) Diz respeito a um esforço ou trabalho social de construção coletiva voltada 
a chamar a atenção de autoridades e atores sociais de uma comunidade.
Agora, assinale a sequência que apresenta a alternativa CORRETA:
a) ( ) II, I e II.
b) ( ) I, I e II.
c) ( ) I, II e I.
d) ( ) II, II e I.
28
29
TÓPICO 2
AS CONTRIBUIÇÕES DA 
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O segundo tópico será dedicado à apresentação dos caminhos percorridos 
pela Sociologia da Educação como campo do saber. Nossa ambição, nesse 
material, é apresentar a você, prezado acadêmico, enfoques teóricos, partindo da 
Sociologia da Educação que contribuam para a sua formação acadêmica e futura 
atuação profissional. Por esta razão, apresentaremos o cenário das investigações 
no âmbito da educação e algumas teorias que contribuíram para a formação desse 
campo do saber.
2 A SOCIOLOGIA E A SOCIEDADE
Aquilo que se concebe como sociedade depende do tipo de abordagem 
e enfoque sociológico. Já comentamos que esta ciência não possui uma unidade 
teórica, nem mesmo metodológica. Seria possível, até mesmo, falar em sociologias, 
no plural. Isso resultou em conceitos e destaques diferenciados para caracterizar 
a sociedade.
Do ponto de vista da Sociologia clássica, o papel da sociedade está em 
direta relação com outra categoria elementar: a de indivíduo. De certa forma, 
essa discussão sobre a força da sociedade ou do indivíduo foi e ainda é um dos 
motores da Sociologia. Trata-se de uma discussão complexa, representando um 
dos aspectos mais importantes da Sociologia.
Em relação a esta dicotomia, segundo a Sociologia pioneira, podemos 
indicar a existência de duas maneiras iniciais de perceber a sociedade: uma 
perspectiva holista e outra, individualista. Na primeira, encontramos autores 
como Auguste Comte, Émile Durkheim e Karl Marx; na segunda, o exemplo é 
Max Weber. Mas, o que significam estes dois termos?
Primeiro, eles representam dois paradigmas. O que significa isso? 
UNIDADE 1 | RELAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
30
Desta explicação inicial, voltamos à questão do que é a sociedade para a 
Sociologia clássica. Tomando esses paradigmas, podemos indicar que para Durkheim, 
Comte e Marx, a sociedade prevalecia sobre o indivíduo. Para Weber, no entanto, o 
indivíduo teria um papel ativo, percebido a partir de um enfoque individualista em 
que a sociedade se relacionava com os indivíduos, mas estes não eram “invisíveis”. 
Vamos explicar mais detalhadamente. Trata-se do paradigma holista.
O paradigma holista
Auguste Comte (1798-1857) percebia a sociedade a partir de um modelo 
mecânico, em que as partes dessa mecânica se encaixam e permitem o seu 
funcionamento. Mas uma forma mais adequada seria a de pensar a sociedade 
como um organismo que pode tanto ser saudável como doente. A articulação 
funcional dessas partes interdependentes é o que determinaria a saúde-doença 
das sociedades. Elas seriam constituídas por núcleos permanentes, como a família 
e a propriedade, que devem promover o progresso.
Entender racionalmente a sociedade implicava, na perspectiva positivista, 
apontar intervenções ou reformas sociais para a boa saúde do organismo 
‘sociedade’. A Sociologia deveria apontar soluções para os dilemas e problemas 
sociais que afetavam a funcionalidade e a ordem das sociedades, que levariam à 
desordem, ao conflito e revolução. A Sociologia daquela época tinha uma função 
mais ideológica ou intervencionista. Auguste Comte pensou a aplicação dos 
conhecimentos positivos na resolução de conflitos e na reorganização e reforma 
das sociedades.
A ideia da Sociologia comteana era de intervenção social. A imagem de 
uma sociedade em transformação levou Comte a indicar, através de sua reflexão, 
formas para superar tais problemas e reorganizar a sociedade. Ele procurou 
conciliar, em sua proposta política de reforma social, elementos da política 
conservadora, como a defesa da ordem, e da corrente liberal ou progressista, 
como a necessidade de progresso (MARCONDES; JAPIASSU, 2001).
Um paradigma é uma categoria que nos auxilia a pensar a história e as dinâmicas 
da ciência. De acordo com um dos conceitos mais conhecidos, elaborado por Thomas 
Kuhn, ele pode ser entendido como tipos de “realizações científicas universalmente 
reconhecidas que, por um certo tempo, fornecem problemas e soluções-modelo para 
uma comunidade de profissionais” (KUHN, 1997, p. 13). Noutras palavras, os paradigmas 
científicos representam modelos que se tornaram referências básicas no interior de 
um campo da ciência. Por este caminho, o holismo e o individualismo metodológico 
representaram modelos para a produção do conhecimento sociológico (KUHN, 1997).
DICAS
TÓPICO 2 | AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
31
Para dar conta dessa complexidade, Comte dividiu a Sociologia em dois 
campos de estudo: a estática e a dinâmica social. 
- A sociologia da estática social se debruça sobre a ordem e a coesão das sociedades. 
Procura investigar aquilo que mantém as sociedades unidas. Se interessa pelo 
estudo do consenso social, apontando os elementos que o determinam. 
- A sociologia das dinâmicas sociais se volta para as mudanças e os progressos 
sociais em torno das leis gerais das sociedades. Se volta para as diversas etapas 
do desenvolvimento histórico, voltando-se para as causas das mudanças 
sociais (COMTE, 1988).
Émile Durkheim (1858-1917) foi influenciado por ideias de Comte e de 
sua filosofia positivista. A partir de sua sociologia, como Durkheim entendia 
o indivíduo e a sociedade? A pergunta que Durkheim tenta responder é sobre 
como é possível a sociedade? Para nos debruçarmos na sua obra e ideia de método 
sociológico, devemos entender que o indivíduo só pode ser explicado pela sua 
inserção numa sociedade. E esta prescinde do indivíduo, já que quando este 
nasce encontra a sociedade "pronta". Ou, conforme ressaltou Raymond Aron 
(1999, p. 464), "[...] o indivíduo nasce da sociedade, e não a sociedade nasce do 
indivíduo”. O indivíduo perde-se no interior dessa totalidade social. Ela antecede 
e é independente do indivíduo.
A sociedade pode ser percebida como um grande organismo social que 
deve funcionar corretamente. Esta ideia de organismo mostra o impacto das 
ciências naturais no vocabulário e linguagem da Sociologia naquele período 
do século XIX e início do XX. Da mesma forma, as sociedades eram

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