Buscar

3 - Ideologias - Resumo

Prévia do material em texto

Ideologias
Introdução
· A ideologia é a bússola que norteia a atividade política. Sua ausência leva ao populismo – benefícios de curto prazo e efeitos limitados ou ainda ao alargamento das convicções do que é certo e errado e a um tipo de decisão tomada somente em benefício do decisor
· Ideologia possui 3 principais interpretações:
1. Popper: um sistema de pensamento abrangente e fechado
· Sempre há uma explicação nos termos da ideologia para todo desvio aparente de suas previsões
· Pensamento ideológico é contraposto à teorização científica: explicar de forma prática, como as coisas funcionam e testá-las
2. Sentido amplo: qualquer conjunto minimamente coerente de princípios políticos
3. Marxista: ideias dominantes de uma sociedade vistas como reflexo de seus meios de produção
Direita x Esquerda
	
	
	
· Diferenciação entre esquerda e direita decorre da primeira Assembleia Nacional Francesa, em que os conservadores pró-monarquistas se sentavam à direita e os republicanos revolucionários, à esquerda
· Classificação controversa – o que é radical e esquerda em um contexto, pode tornar-se conservador em outra época e lugar
· Diferenças entre esquerda e direita em linhas gerais
	Direita
	Esquerda
	· Contra a mudança política, econômica, social
· Tende a ser monarquista e clerical e favorecer os interesses das classes proprietárias estabelecidas
	· A favor de mudança política econômica e social
· Republicana, anticlericalismo e defende os interesses da massa trabalhadora ou camponesa
Velha Direita: Monarquia
	Comentários do Professor
Formas de governo: Monarquia é uma “forma de governo”. As formas de governo se referem à organização política para exercício do poder e atualmente são reduzidas a apenas duas: Monarquia e República. Etimologicamente, Monarquia advém do grego monos (um) e arkhein (mando, poder). Trata-se, portanto, da forma de poder centralizada nas mãos de um só, do chamado Monarca (título genérico que engloba Rei, Rainha, Príncipe, Imperador etc.). Quanto às características da forma monárquica de governo, temos, dentre outras, a vitaliciedade e a hereditariedade.
Quanto à forma, as monarquias podem ser ilimitada (absolutista) e limitada (constitucional). Neste caso, temos Monarquias constitucionais puras e Monarquias parlamentaristas. Na Monarquia constitucional pura, o monarca exerce a função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo cumulativamente. Desta forma, permanece uma centralização dos poderes na figura do monarca, que representa o Estado, mas também é o responsável pelo governo (assuntos internos de efetiva gestão pública); entretanto, inobstante haja esta centralização, o monarca está sujeito às limitações impostas pela constituição. 
A Monarquia parlamentar (ou parlamentarista) representa uma forma limitada de Monarquia, em que há limitação por texto constitucional e, ainda, o monarca exerce apenas a função de Chefe de Estado e a chefia de governo fica a cargo de um Primeiro-Ministro eleito pelo Parlamento. Assim, teremos o monarca exercendo, via de regra, apenas funções de representação do Estado e de chefia das forças armadas (atribuições de um chefe de Estado), sem a possibilidade de se envolver em assuntos internos e de efetiva gestão, que serão conduzidos pelo Primeiro-Ministro (Chefe de Governo e, portanto, do Poder Executivo). Neste contexto, podemos reproduzir a clássica frase: “O Rei reina, mas não governa”. (GAMBA)
· Conceito: os países só teriam um soberano, o qual recebia a autoridade de Deus e não do homem
· Monarquia é uma ideologia direitista
· A monarquia e a igreja – doutrina teológica e política das “duas espadas”: autoridade secular e clerical apoiam-se mutuamente e respeitando suas esferas de influência
· Em países onde repúblicas foram fundadas, a restauração do poder de uma monarquia executiva ficou cada vez mais identificada com forças antidemocráticas e ultraconservadoras
· Em países que mantiveram a monarquia, mesclou-se o reformismo social e o nacionalismo com o monarquismo
Direita Radical: Nazismo e Fascismo
Nazismo
· Ocorreu sobretudo na Alemanha
· Ânsia de poder da elite alemã e seu compromisso com a xenofobia, racismo e nacionalismo
· Afirmava o direito de uma raça ariana superior, um espaço vital, buscando eliminar quaisquer espécimes mental ou fisicamente deficientes da própria raça
· O Partido Nacional Socialista, de Hitler, era pelo menos na retórica, anticapitalista, mas na prática procurava ajudar o desenvolvimento do capitalismo na Alemanha
· O Estado se colocava como personificação do bem público e tinha responsabilidade de organizar a economia, o sistema educacional e toda a vida social e cultura
· Olhar de Hitler incorporava muitos aspectos de teóricos políticos e filósofos alemães ortodoxos – misturadas a descobertas científicas (sem nenhum rigor científico) sobre seleção natural e natureza das divisões raciais humanas para criar uma ideologia que exerceu atração na atmosfera política da Alemanha que passava por uma crise econômica, em 1930, justificando barbáries como o holocausto
Fascismo
· Ocorreu na Itália
· Recorreu às mesmas causas de descontentamento social e político alemão e usou métodos semelhantes aos do nazismo para alcançar poder: conflitos de rua + comícios de massa
· Menor ênfase no racismo 
· Atração do líder associada à tentativa de criar uma estrutura corporativista de representação em que pudessem ser representadas organizações como a Igreja, militares e empregadores e até mesmo o sindicato dos trabalhadores
· O regime do apartheid sul-africano é considerado como o último Estado fascista contemporâneo
Marxismo
· Marxistas variam enormemente em seu radicalismo e suas crenças
· Marx e Engels viam a política como coletivista e voltado para o conflito
· Acreditavam que as ideias (ideologia) se manifestam nos meios de produção material subjacentes. A luta de classes somente deixará de ser a dinâmica da história com a abolição das classes numa futura sociedade comunista
· Buscava a construção de um movimento socialista que compartilhasse de sua rejeição moral à natureza exploradora do capitalismo
· Obra: O Manifesto comunista
Leninismo e Stalinismo
· Lênin e Stalin adaptaram a teoria marxista para atendar às necessidades de uma organização revolucionários conspiratória, lutando contra um império autocrático, em que a maioria da população ainda era camponesa
· Para justificar o controle permanente do monopólio de um único partido dobre a União Soviética, foram desenvolvidas as doutrinas da ditadura do proletariado (stalinista) e o centralismo democrático (após a morte de Stalin)
· Lênin desenvolveu o conceito marxista de ditadura do proletariado: a organização da guarda avançada dos oprimidos como classe dominante, com finalidade de esmagar os opressores – a verdadeira democracia só poderia ser criada com a eliminação da minoria burguesa exploradora
· O aparente sucesso do regime soviético em construir um forte Estado industrializado capaz de derrota a Alemanha nazista levou à reprodução do regime em inúmeros países do leste Europeu, do Extremo Oriente e em Cuba
Outros Marxismos
· No período entreguerras e durante a 2ª Guerra, muitos socialistas europeus tenderam a se identificar com o comunismo
· A linguagem empregada nos regimes totalitários marxista-leninistas tornou-se cada vez mais divorciada da realidade
· Cada vez mais os marxistas ocidentais começaram a assumir posições intelectuais independentes, afastando-se da ortodoxia, bastante estupidificante, do marxismo-leninismo
· Uma ruptura radical com o stalinismo é representada por alguns grupos marxistas menores, influenciados pelos escritos de Leon Trotsky, que denunciou que a forma de governo do Partido Comunista havia criado uma nova classe de exploradores na União Soviética: o partido dos apparatchiks – funcionário do estado, detentor de cargo no aparelho burocrático, nomeado menos por sua capacidade técnicas e mais por seu alinhamento ideológico
Radicalismo
· Conceito: estilo de política que, frequentemente, recorre a um primeiro conjuntode princípios teóricos na busca de soluções para todos os tipos de problemas. Pode ser contrastado com pragmatismo – que enfatiza as consequências práticas de uma decisão
· Politicamente se refere a um defensor de reforma radical, alguém que possui os pontos de vista mais avançados da reforma política em linhas democráticas, um indivíduo extremado em suas posições e opiniões – a semelhança entre esses teóricos é uma tendência a resolver todos os tipos de problemas a partir de seu repertório limitado de conceitos
· Foram em outra época os democratas extremos, atualmente o termo se refere aos socialistas da extrema esquerda
Teísmo Radical: Católico, Protestante e Islâmico
OBS.: Fundamentalismo é uma abordagem literal da interpretação da Bíblia ou de um livro sagrado
Católico e Protestante
· Fundamentalismo cristão é uma força política considerável
· A influência na prática política, no Brasil, busca barrar projetos progressistas como a união homoafetiva ou a descriminalização do aborto
· Também a influência católica da Teologia da Libertação em movimentos sociais de esquerda, como o MST
· O fundamentalismo, em sentido restrito, é uma doutrina puramente teológica e não equivale a uma crença na supremacia política da Igreja, tanto que alguns endossaram uma separação rígida entre questões seculares e religiosas. Entretanto, na ´prática essa distinção deixou de ter importância.
Islâmico
· Fundamentalismo islâmico se apresenta como movimento político-religioso mais dinâmico do início do século XXI
· Em razão do legado histórico do islamismo, há uma tendência no Ocidente de identificar o fundamentalismo islâmico com a intolerância, o fanatismo, o terrorismo, etc, porém historicamente há poucas evidências para essa identificação
· Islã exerce em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos uma atração como religião civilizada e sofisticada, que permite a poligamia e que não está identificada, como o cristianismo, com as antigas potências coloniais – o islã não oferece apenas uma doutrina religiosa, mas também uma tradição cultural e social distinta, mas igual ou superior em muitos aspectos à da Europa cristã. A doutrina do islã, além da prática religiosa comum, sempre foi a da afirmação de uma unidade social e política de todos os fiéis 
· Em áreas historicamente muçulmanas, a reafirmação da identidade islâmica faz parte da rejeição ao colonialismo ocidental
· O apelo político o islã é visto na maneira segundo a qual políticos pragmáticos se voltaram para ele a fim de angariar apoio político
· Problemas da aplicação do islã em situações e estruturas políticas contemporâneas são consideráveis. A principal dificuldades é a sua absoluta incompatibilidade com as ideias com as quais ele é confundido na prática
Ecologia como radicalismo político
· A conservação do meio ambiente só se tornou um elemento importante na prática política relativamente há pouco tempo, quando partidos verdes começaram a ganhar representantes nas legislaturas e a apresentar programas políticos abrangentes – muitas das causas ambientes dos pioneiros do ecologismo se tornaram políticas públicas normalmente presentes no cotidiano
· O movimento verde é ímpar na obtenção de uma filosofia geral coerente a partir de uma disciplina científica. À medida que o estudo científico avança, as múltiplas interdependências entre as diferentes espécies orgânicas do planeta e o impacto crucial das influências climáticas e geológicas se tornavam evidentes de uma forma que não era óbvio para as gerações anteriores
· Tanto as ideologias capitalistas quanto as comunistas fazem parte do problema, segundo os ativistas verdes. Os recursos são usados a um ritmo exponencial, enquanto a complexidade saudável da ecologia do planeta é continuamente reduzida pela agricultura comercial e pela poluição industrial
· Há diversas visões dentro do movimento ecologista:
1. Românticos: ênfase em ideias de retorno à natureza como modo de vida
2. Científica: olhar voltado para as projeções do desastre econômico e ecológico, caso as tendências atuais de industrialização e consumo continuem
3. Antropocêntricos: salientam a importância de solucionar os problemas de maneira prática para os seres humanos, concentrando-se nos problemas individuais de forma pragmática
4. Ecologistas profundos: defendem uma mudança total de atitude por parte dos humanos, no sentido de reconhecer o valor intrínseco de todas as outras espécies
· O ecologismo se opõe a muitas ortodoxias contemporâneas, com ideais esotéricos e conotações emocionais atraentes – nesse sentido, pode ser visto como uma doutrina bastante radical e de oposição
Feminismo
· O sufrágio universal não foi capaz de trazer igualdade de salários, status ou oportunidades para as mulheres e assim o feminismo se insere como questão política
· O feminismo radical tende a ver o feminismo como uma questão abrangente, algo que deveria determinar as atitudes diante de uma série de situações – o que inclui a natureza do trabalho, as estruturas de autoridade, educação, pagamento de impostos e os relacionamentos pessoas
· A luta das mulheres não deve ser apenas para conseguir uma inserção mais igualitária dentro da nossa sociedade, mas sim transformar radicalmente a ordem da sociedade, já que vivemos em uma ordem dominada por homens. Dessa forma, lutar para as mulheres serem iguais aos homens perpetuaria uma ordem machista
· O feminismo busca uma sociedade em que os parâmetros não fossem dados pelos homens, mas sim pela espécie humana independentemente de gênero
· Feministas marxistas seguem Engels ao considerar a exploração das mulheres inserida no fenômeno capitalista de um exército de mão de obra reserva. Outros autores estão menos convencidos de que a dominação masculina esteja associada ao capitalismo, apontando para a recorrência de uma divisão sexual do trabalho em muitas sociedades não capitalistas.
· A revolução feminista deve começar nas vidas privadas: “O pessoal é político”

Continue navegando