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Série aconselhamento - recuperando-se do abuso infantil - David Powlinson

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Recuperando-se do Abuso Infantil:
cura e esperança para as vítimas.
Traduzido do original em inglês
Recovering from Child Abuse: healing and hope for victims
por David Powlison
Copyright ©2008 Christian Counseling and Educational Foundation.
Publicado porNew Growth Press,
Greensboro,
NC 27404
Copyright © 2016 Editora Fiel
Primeira Edição em Português: 2018
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER
MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES,
SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.
Diretor: James Richard Denham III
Editor: Tiago J. Santos Filho
Coordenação Editorial: Renata do Espírito Santo
Tradução: D&D Traduções
Revisão: D&D Traduções
Diagramação: Wirley Correa - Layout
Capa: Wirley Correa - Layout
Ebook: João Fernandes
ISBN: 978-85-8132-520-0
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
P888r Powlison, David, 1949- 
 
Recuperando-se do abuso infantil : cura e esperança para
as vítimas / David Powlison. – São José dos Campos, SP:
Fiel, 2017.
 2Mb ; ePUB
 Tradução de: Recovering from child abuse:healing and hope for victims.
 ISBN 978-85-8132-520-0
 
1. Adultos vítimas de maus-tratos na infância – Vida religiosa. 2. Abuso infantil – Aspectos
religiosos – Cristianismo. I. Título. II. Série.
 CDD: 248.86
 
Caixa Postal, 1601
CEP 12230-971
São José dos Campos-SP 
PABX.: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
http://www.editorafiel.com.br/
 
APRESENTAÇÃO DA SÉRIE
Gilson Santos
Jay Adams, teólogo e conselheiro norte-americano, nascido em 1929, foi
professor de Poimênica no Seminário Teológico de Westminster, em
Filadélfia, no estado de Pensilvânia, Estados Unidos. Adams é um respeitado
escritor e pregador, genuinamente evangélico e conservador. Enquanto
lecionava sobre a teoria e a prática do pastoreio do rebanho de Cristo, ele viu-
se na necessidade de construir uma teoria básica do aconselhamento pastoral.
Rememorando a sua trajetória, Adams nos informa que, tal como muitos
pastores, não foi muito o que aprendeu no seminário sobre a arte de
aconselhar. Desiludido com suas iniciativas de encaminhar ovelhas para
especialistas, ele buscou assumir um papel pastoral mais assertivo e
biblicamente orientado no contexto de aconselhamento.
Em seus esforços, crendo na veracidade e eficácia da Bíblia, Adams
estabeleceu como objetivo salvaguardar a responsabilidade moral dos
aconselhandos, entendendo que muitas abordagens terapêuticas e poimênicas
a comprometiam. Em seu elevado senso de respeito e reverência às
Escrituras, Adams reconheceu que a Bíblia é fonte legítima, relevante e rica
para o aconselhamento. Ele propôs que, em vez de ceder e transferir a tarefa a
especialistas embebidos em seus dogmas humanistas, os ministros do
evangelho, assim outros obreiros cristãos vocacionados por Deus para
socorrer pessoas em aflição, devem ser estimulados a reassumir seus
privilégios e responsabilidades. Inserido em uma tradição que tendia a
valorizar fortemente as dimensões públicas do ministério pastoral, Adams
fincou posição por retomar o prestígio das dimensões pessoais e privativas do
ministério cristão, sobretudo o aconselhamento. Nisto seu esforço se revelou
de importância capital. De fato, basta examinar a matriz primária do
ministério cristão, que é a própria pessoa de Jesus Cristo, para concluir que,
diminuir a importância e lugar do ministério pessoal trata-se de uma distorção
grave na história da igreja. Adams defende, assim, que conselheiros cristãos
qualificados, adequadamente treinados nas Escrituras, são competentes para
aconselhar.
Adams também assumiu com seriedade as implicações do conceito cristão
de pecado para o aconselhamento. Em resumo, ele propõe que o cristianismo
não pode contemplar uma psicopatologia que prescinda de um entendimento
bíblico dos efeitos da Queda, e da pervasiva influência que o pecado exerce
no psiquismo dos seres humanos. Por esta razão, a abordagem que ele propôs
chamou-se inicialmente de “Aconselhamento Noutético”. O termo noutético
é derivado de uma palavra grega, amplamente utilizada no texto
neotestamentário, que significa “por em mente” – formado de nous [mente]
e tithemi [por]. O uso de nouthetéo nos escritos paulinos sempre aparece
estritamente associado a uma intenção pedagógica. O aconselhamento
noutético seria então aquele que direciona, ensina, exorta e confronta o
aconselhando com os princípios bíblicos. De acordo com a noutética, o
aconselhamento se dá em confrontação com a Palavra de Deus. Visando não
apenas uma mudança comportamental, ele objetiva a inteira transformação da
cosmovisão, oferecendo as “lentes da Escritura” ao aconselhando. Num
momento posterior, esta abordagem passou a denominar-se exclusivamente
“Aconselhamento Bíblico”.
Sobre estas bases, em 1968 Jay Adams deu início, no Seminário Teológico
de Westminster, em Filadélfia, ao CCEF - Christian Counseling and
Education Foundation (Fundação para Educação e Aconselhamento Cristão),
inaugurando um novo momento na história do aconselhamento cristão.
Adams lançou os principais conceitos de sua teoria de aconselhamento na
obra “O Conselheiro Capaz” (Competent to Counsel), publicado em 1970; a
metodologia foi condensada no “Manual do Conselheiro Capaz”, publicado
em 1973. No Brasil, a Editora Fiel foi pioneira na publicação dessas duas
obras; a primeira edição de “Conselheiro Capaz” em português foi publicada
em 1977 e o volume com a metodologia publicado posteriormente. Adams
também foi preletor em uma das primeiras conferências da Editora Fiel no
Brasil direcionada a pastores e líderes.
O legado de Adams no CCEF foi recebido e levado adiante por novas
gerações. Estas procuraram manter-se alinhadas com o núcleo central de sua
proposta, ao mesmo tempo em que revisaram aspectos vulneráveis, e
defrontaram-se com algumas de suas tensões ou limites. Alguns destes novos
líderes e conselheiros notabilizaram-se. Estes empenharam-se por um foco
mais direcionado ao ser do que no fazer, colocando grande ênfase nas
dinâmicas do coração, particularmente no problema da idolatria. Também
procuraram combinar o enfoque no pecado com uma teologia do sofrimento.
Procuram oferecer considerações ao social e ao biológico, com novos
enfoques para as enfermidades, inclusive para o uso de medicamentos. É
igualmente notável a ênfase no aspecto relacional do aconselhamento na
abordagem desses novos líderes. Alguns estudiosos do movimento ainda
apontam uma maior abertura e espírito irênico dessas gerações sucedâneas,
particularmente em sua confrontação com outras abordagens poimênicas ou
terapêuticas.
A Editora Fiel vem novamente oferecer a sua contribuição ao
aconselhamento bíblico, desta vez colocando em português esta série que
enfoca vários temas desafiantes à presente geração. A série original em inglês
já se aproxima de três dezenas de livretos. Este que o leitor tem em suas mãos
é um deles. Tais temas inserem-se no cenário com o qual o pastor e
conselheiro cristão defronta-se cotidianamente. Os autores da série pretendem
oferecer um material útil, biblicamente respaldado, simples e prático, que
responda às demandas comuns nos settings, relações e sessões de
aconselhamento cristão. Se este material, que representa esforços das
gerações mais recentes do aconselhamento bíblico, puder ajudá-lo em seus
desafios pessoais em tais áreas, ou ainda em seu ministério pessoal, então os
editores podem dizer que atingiram o seu objetivo.
Boa leitura!
Gilson Carlos de Souza Santos é pastor da Igreja Batista da Graça, em São
José dos Campos, possui bacharelado em Teologia e graduação em
Psicologia, e dirige o Instituto Poimênica cujo alvo é oferecer apoio e
promoção à poimênica cristã.
Introdução
Você foi vítima de um erro terrível. Durante a sua infância, época em que
você era mais vulnerável, ao invés de ser protegido, ajudado e consolado,
você foi abusado. Muito provavelmente, você foi abusado por uma pessoa
que deveriaser digna de confiança – um membro da família, um professor,
um vizinho, um treinador, um pastor, um amigo. Ao invés de ser protegido,
você foi violentado. Foi tratado com malícia. Determinada pessoa o usou,
maltratou e tirou vantagem de você. Neste momento, você está se
perguntando se a recuperação é possível.
A resposta simples para essa pergunta é sim, a recuperação é possível. No
entanto, você já sabe que não pode simplesmente estalar os dedos e fazer com
que tudo melhore. E você sabe que uma simples resposta não o ajudará.
Porém, aqui estão duas verdades importantes para se ter em mente: 1. Você
não está sozinho; e 2. Existe esperança.
A sua recuperação será um processo de aprendizagem e rememoração
dessas duas verdades não apenas uma, mas repetidas vezes. Pense em como o
pão é feito. Ele deve ser amassado; assim, o fermento se espalhará por todo o
pão. Essas duas verdades devem se misturar em quem você é até atuarem em
cada parte sua. A atuação dessas verdades na parte mais profunda do seu ser
leva tempo. O dano que você sofreu pode ter sido causado em um ou mais
momentos terríveis, sendo que a cura e a restauração se desenvolvem num
ritmo humano. Elas se desenvolvem no seu ritmo, como parte da sua história
e no decorrer do tempo.
Existem três principais categorias relacionadas ao abuso infantil: o abuso
verbal, o abuso físico e o abuso sexual. Se você tiver sido abusado
verbalmente, determinada pessoa cujas palavras deveriam ter sido úteis e
gentis, ao contrário, humilharam-no e atacaram-no. Se tiver sido abusado
fisicamente, determinada pessoa (talvez, um dos pais ou outra pessoa com
autoridade) o atacou e o machucou. Se tiver sido abusado sexualmente,
determinada pessoa o usou e violentou uma parte íntima de quem você é.
Seja como for, você foi abusado, e o que lhe aconteceu foi mau – pecaram
contra você. E, agora, você está sofrendo. Deus está atento ao seu sofrimento
e ouve os seus gemidos. Ele ouviu o choro de uma criança que morria de sede
no deserto (Gn 21.17-18); ele ouviu os gemidos dos israelitas que sofriam
como escravos (Ex 2.23-24); e ele ouve você. Deus tem muito a dizer àqueles
que experimentaram o mal nas mãos de outras pessoas. Portanto, ele tem
muito a lhe dizer.
A sua identidade é maior do que o seu abuso
O abuso é uma experiência que o marcou profundamente e que parece ter a
palavra final sobre a sua identidade. No entanto, a verdade é esta: Deus lhe dá
uma identidade diferente. Independentemente de quais atrocidades lhe
aconteceram, elas não são a sua identidade. A sua identidade como filho de
Deus é muito mais profunda do que o abuso sofrido.
Quando você chega a Deus por meio da confiança em Jesus, ele lhe dá uma
nova identidade. Você se torna parte da família de Deus. Você é o seu filho
amado. Ouça o que o apóstolo João diz a respeito de sua identidade: “Vede
que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados
filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1Jo 3.1). Você tem um Pai
perfeito no céu que o ama e deseja encher a sua vida com suas próprias boas
dádivas (Lc 11.13).
Por ser filho de Deus, você não está sozinho em um pesadelo de sofrimento
sem propósito. É verdade que o “coração conhece a sua própria amargura”
(Pv 14.10), e nem mesmo o seu melhor amigo é capaz de entender
plenamente o terror, a solidão, a dor e o horror pelo qual passou. Contudo,
Jesus entende, e ele está com você.
Jesus passou por toda a forma de sofrimento quando esteve neste mundo.
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que
sabe o que é padecer” (Is 53.3). Ele foi traído e torturado. Ele conhece bem o
seu sofrimento e jamais o deixará (Jo 14.18).
A sua história é maior do que o abuso que sofreu
Sentir a presença e o amor de Jesus lhe dará coragem para entender que a
história da sua vida é maior do que o seu sofrimento. O que lhe aconteceu
não é a última palavra sobre quem você é e para onde a sua vida está indo. É
uma parte significativa da sua história; porém, não é a mais significativa. É
somente uma parte da nova história de sua vida que Jesus está escrevendo.
Pense em José, personagem bíblico (Gn 37.39-45). O abuso e a traição
também se fizeram presentes em grande parte da história dele. Quando era
um adolescente, ele foi vendido para escravidão pelos seus irmãos e se tornou
escravo no Egito. Depois, foi acusado falsamente de estupro pela esposa de
seu senhor e foi jogado na prisão. Após anos encarcerado, ele foi libertado e
encarregado de todo o Egito. No fim da história, José reencontra os seus
irmãos e, ao invés de se vingar, ele diz: “Vós, na verdade, intentastes o mal
contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que
se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20). Deus usou a terrível traição
sofrida por José para colocá-lo em uma posição na qual conseguisse salvar a
sua própria família da fome.
José não subestimou o que aconteceu com ele. Reconhecia que seus irmãos
intentaram o “mal” contra ele. No entanto, José tinha uma perspectiva mais
ampla. O sentido de sua história era muito maior do que o mal que havia
sofrido. Deus estava em ação, transformando em bem o resultado de uma
traição extrema. Deus também está atuando em sua vida. O abuso não é a
última palavra sobre a sua história de vida. Deus tem um propósito para você.
Redimindo a sua história
O abuso que você sofreu faz parte do cenário em que suas escolhas de vida
acontecerão agora. Grandes coisas podem lhe acontecer como resultado das
escolhas que você está tendo de fazer neste exato momento. Isso não quer
dizer que você se esquecerá de todo o mal que lhe foi feito. Martin Luther
King nunca se esqueceu das maldades relacionadas ao racismo. Essa foi a
razão pela qual ele deu início a um movimento que mudou os Estados
Unidos. Candy Lightner não se esqueceu de que sua filha de 13 anos de idade
foi assassinada por um motorista alcoolizado. A morte de sua filha foi o
estímulo para a formação do MADD (Mothers Against Drunk Driving), uma
organização que atua com o objetivo de impedir a condução de veículos por
condutores alcoolizados.
Você também pode escolher a forma como irá responder ao mal que lhe foi
feito. Pode se tornar mais grato, alegre, ter mais propósito, desenvolver a
habilidade de ajudar outras pessoas e viver sua vida com coragem e intenção
consciente. Há alguns anos, eu aconselhei uma mulher de 35 anos de idade
chamada Joann. Dos três aos catorze anos de idade, ela sofreu terríveis
abusos físicos e sexuais nas mãos de muitos parentes do sexo masculino. Por
fim, ela foi salva por uma assistente social e levada a um orfanato. Quando
me encontrei com ela, Joann estava casada, tinha dois filhos e havia se
tornado assistente social que aconselhava crianças que haviam sido abusadas
.
Ela não havia se esquecido de seu sofrimento e ainda lidava com as
consequências dele; porém, a sua história de vida ia além de seu abuso. Ela
estava criando um lar amoroso para o seu marido e os seus filhos, bem como
alcançando outras pessoas que estavam sofrendo como ela havia sofrido. O
sofrimento dela não foi esquecido; foi redimido.
O Evangelho de João se encerra com este versículo: “Há, porém, ainda
muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por
uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam
escritos” (Jo 21.25). A sua vida é um daqueles livros sobre os quais João
estava falando. Você está dando prosseguimento à história daquilo que “Jesus
fez”. É a história em que males terríveis lhe aconteceram, mas Jesus apareceu
e fez algo – ele o redimiu e ainda o está redimindo, de forma que você seja
capaz de amar, perdoar e fazer o bem àqueles ao seu redor. A sua história não
é apenas sobre a dor da traição; é sobre Jesus redimir para um bom propósito
aquilo que os outros intentaram para o mal.
Estratégias práticas para a mudança
Talvez, ao pensar a respeito de sua nova identidade como filho de Deus e
ler sobre Joann, você deseje seguir adiante também. No entanto, você parece
estar preso.Aqui estão alguns aspectos contra os quais as pessoas que foram
abusadas quando crianças, às vezes, lutam:
• Confiar em outras pessoas. Pode parecer impossível confiar em
qualquer pessoa depois de sua confiança ter sido destruída pelas suas
experiências na infância.
• Ter relações sexuais saudáveis com seu cônjuge. Se tiver sido
abusado sexualmente, o sexo para você foi deturpado e pervertido pelas
trevas.
• Sentir-se cheio de amargura. De que maneira você evita se encher de
amargura quando males terríveis lhe acontecem? Como você pode
aprender a perdoar tamanho erro?
• Disciplinar os seus próprios filhos. Como você aprende a disciplinar
os seus filhos em amor quando foi atacado por seus próprios pais?
• Lidar com qualquer conflito ou confrontação. De que maneira você
confronta um problema com familiares, amigos ou colegas de trabalho,
quando a ira e a confrontação foram distorcidas de modo brutal em sua
vida?
Talvez você tenha ainda mais coisas para acrescentar a essa lista. Deus é
capaz de trabalhar nessas áreas de sua vida e mudar suas reações automáticas
em relação às pessoas e situações? Sim, ele é. Deus pode e mudará você, não
de uma vez só, mas pouco a pouco no decorrer de sua vida. Tenho visto Deus
agir dessa forma muitas vezes na vida daqueles que eu aconselho. A mudança
começa quando você enfrenta o que lhe aconteceu tendo Deus em vista.
Enfrentando o seu abuso
Enfrentar o seu abuso talvez seja a última coisa que você queira fazer.
Muitas pessoas que passaram pelo abuso infantil são aterrorizadas por suas
lembranças. Elas têm somente duas maneiras de lidar com o seu passado: ou
o encobrem com a negação e afazeres, ou ficam presas às lembranças que são
um buraco negro de terror e medo.
Talvez, você esteja trabalhando duro para permanecer na negação e manter
suas lembranças trancafiadas. Fazer isso é semelhante a ter um leão no
guarda-roupa do seu quarto. Você pode tentar manter enjaulado o leão do seu
passado de abuso de várias formas diferentes, algumas positivas (trabalhando
duro, se exercitando, alcançando o sucesso, se mantendo ocupado, etc) e
outras nem tão positivas (você pode usar o sexo, a comida, o álcool ou as
drogas para atenuar a sua dor). No entanto, no fim, o leão é extremamente
forte para quaisquer muros que você tenha levantado, e sua mente está
inundada de lembranças. Você revive o seu abuso e, mais um vez, se enche
do medo, da ira e da angústia que experimentou quando criança.
Contudo, existe uma terceira forma. Você pode aprender a ouvir as
promessas de Deus e a derramar o seu coração diante dele, contando-lhe os
seus problemas de maneira proposital. Os Salmos, o livro de oração do povo
de Deus por milhares de anos, o ajudarão a fazer isso. Não há nenhum salmo
que retrate a experiência clara de ser ofendido por meio do abuso infantil,
porém, existem muitos que captam a experiência de ser abusado, maltratado,
usado e traído por outras pessoas. Comece com os Salmos 55, 56 e 57 e os
coloque em sua liturgia pessoal. Você pode reescrevê-los e transformá-los em
orações que expressarão o seu coração a Deus, e o coração de Deus a você.
Utilize os Salmos 55, 56 e 57 para expressar a sua experiência
Leia esses três salmos e observe como eles expressam a experiência de
como é o abuso. O Salmo 55 foi escrito a partir do fogo e das trevas de ser
traído por alguém próximo que deveria ser digno de confiança. No meio do
salmo, Davi diz que não foi atacado por um inimigo evidente; ele era “meu
companheiro e meu íntimo amigo” (Sl 55.13). Essa proximidade tornou a
traição ainda pior. Talvez, você também se sinta dessa forma.
O Salmo 56 fala sobre alguém que se sente aprisionado por pessoas que o
odeiam. Ele está preso. Está amarrado. Ele se sente como se estivesse
trancado em um guarda-roupa. As pessoas querem matá-lo, feri-lo e torturá-
lo. E elas têm todo o poder; ele não tem nenhum. Essa situação descreve
alguma experiência sua?
O Salmo 57 fala sobre ter um predador correndo atrás de você. Davi o
escreveu quando estava em uma caverna se escondendo de seu inimigo.
Aqueles que queriam matá-lo estavam esperando do lado de fora com um
exército. Talvez você se lembre de se sentir da mesma forma.
Enquanto estiver lendo, observe que esses salmos são mais do que a
experiência de traição, impotência e medo. Em meio às trevas do abuso, às
trevas da violência e às trevas da dor, está o clamor da fé. Davi está se
voltando para o seu Deus vivo, todo-poderoso, e aguardando por socorro e
libertação. Ele tem esperança. Tem alguém bom e poderoso com quem
conversar. O mesmo é verdadeiro para você. A realidade de que o seu Deus o
ouve, o socorre e o defende lhe permitirá abrir a porta do guarda-roupa de seu
abuso, sair do silêncio, da solidão e do aprisionamento, e começar a
conversar sobre isso com Deus.
Você não está sozinho. Davi escreveu esses salmos, e ele passou por uma
experiência semelhante à sua. Você não está sozinho. Jesus fez dos Salmos a
voz da sua própria experiência. Jesus proferiu essas palavras. Jesus teve esses
sentimentos. Ele estava lá com você. Você não está sozinho.
Para transformar esses salmos em sua própria oração, comece pegando
quatro cores diferentes de canetas marca-textos. Você irá seguir quatro linhas
em cada salmo, que o ajudarão a se expressar e a redefinir a sua experiência.
O que lhe aconteceu? Pegue a primeira caneta e sublinhe todas as frases, em cada salmo, que
expressem o tipo de coisa que lhe aconteceu quando criança. Você encontrará frases como
“opressão do ímpio”, “sobre mim lançam calamidade”, “ao homem estendeu as mãos contra
os que tinham paz com ele” (Sl 55.3,20); “o homem procura ferir-me; e me oprime pelejando
todo o dia”, “são muitos os que atrevidamente me combatem”, “Ajuntam-se, escondem-se,
espionam os meus passos” (Sl 56.1-2,6); “Armaram rede aos meus passos... abriram cova
diante de mim” (Sl 57.6).
1. Qual é a sensação? Agora, pegue o segundo marcador e sublinhe
todas as frases que expressam a maneira como você se sentiu – sua
angústia, seu medo, seu terror. Observe frases como estas: “ando
perturbado... Estremece-me no peito o coração; terrores de morte me
salteiam, temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim.
Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia
pouso” (Sl 55.2,4-6); “Em me vindo o temor”, “quando sofri
perseguições”, “minhas lágrimas” (Sl 56.3,8); “Acha-se a minha alma
entre leões”, “a minha alma está abatida” (Sl 57.4,6).
2. O que se diz a respeito de Deus? Utilize o terceiro marcador para
sublinhar o que os salmos dizem a respeito de Deus e do que ele está
fazendo. Comece com algumas dessas frases: “o SENHOR me salvará”,
“ele ouvirá a minha voz”, “Livra-me a alma, em paz, dos que me
perseguem”, “ele te susterá” (Sl 55.16-18,22); “Pois da morte me
livraste a alma, sim, livraste da queda os meus pés” (Sl 56.13); “Ele dos
céus me envia o seu auxílio e me livra; cobre de vergonha os que me
ferem... Pois a tua misericórdia se eleva até aos céus, e a tua fidelidade,
até às nuvens” (Sl 57.3,10).
3. O que diz a fé? Utilize o quarto marcador para sublinhar todas as
frases que são gemidos de fé: “Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não
te escondas da minha súplica. Atende-me e responde-me”, “Eu, porém,
invocarei a Deus, e o SENHOR me salvará”, “Eu, todavia, confiarei em
ti” (Sl 55.1-2,16,23); “Tem misericórdia de mim, ó Deus”, “Em me
vindo o temor, hei de confiar em ti”, “Neste Deus ponho a minha
confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal?”, “Contaste os
meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas
no teu odre”, “Deus é por mim” (Sl 56.1,3-4,8-9); “Tem misericórdia de
mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia. À
sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.
Clamarei ao Deus Altíssimo”, “Firme está o meu coração, ó Deus, o
meu coração está firme” (Sl 57.1-2,7).
Ore em voz alta
Pegue as sentenças que sublinhou e reescreva-as com as suas próprias
palavras, como uma oração. Agora, encontre um lugar – o quintal,o seu
carro, o seu quarto – onde você se sentir à vontade para fazer clamores a
Deus e faça essas orações em voz alta a ele. Lembre-se: você está
conversando com o Senhor que o ama, que o escuta e que agirá para salvá-lo
e irá redimir a sua alma em paz. Orar em voz alta o ajuda a perceber que
Deus está bem ali, escutando-o.
A sua oração leva os seus problemas reais a uma pessoa, o Senhor, que é a
sua única esperança. Observe como o salmista é repetitivo. Ele conta a Deus
sobre os seus problemas de muitas maneiras diferentes. Ele não se importa
em ser repetitivo. Ele está tendo uma conversa vivificante e honesta com
Deus. Não é um diálogo pomposo e mecânico, como se estivesse fazendo
suas orações automaticamente. Quando se está saindo das trevas do abuso
infantil, é importante continuar falando sobre o assunto – fale duas vezes, fale
10 vezes, fale todos os dias. Continue clamando ao Deus a quem ama; o Deus
de quem precisa; o Deus que é a sua única esperança.
A sua resposta ao abuso
Derramar o seu coração a Deus em oração o preparará para lidar com suas
respostas improdutivas em relação ao abuso passado.
Se não fizer isso, você continuará preso. Uma das razões de isso ser tão
difícil de se fazer é porque a sua reação ao abuso, de modo geral, parece
muito menos errada do que aquilo que lhe fizeram. A sua vida foi arruinada –
por isso, você é amargo e rancoroso. Você sofreu a traição da confiança em
idade precoce – por isso, tem medo das outras pessoas e não consegue confiar
em ninguém. Suas lembranças são horríveis – então, você afoga a suas
mágoas na bebida, nas drogas ou no ato sexual. Suas reações parecem
pequenas em comparação ao mal que lhe aconteceu.
No entanto, só porque a balança não está em equilíbrio segundo o nível
humano, não significa que as suas reações estejam corretas. Deus o chamou
para amar o seu próximo. A amargura, o afastamento, o medo e o escapismo
não são formas de amor. O seu amor pelas outras pessoas deve estar
enraizado em seu amor por Deus (Mt 22.37-39). Quando você está vivendo
para a sua própria proteção, consolo ou desejo de fuga, você não está amando
a Deus nem as pessoas ao seu redor.
O apóstolo Paulo nos disse para o que devemos viver: “Pois o amor de
Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos
morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co
5.14-15).
A razão de cometermos “pequenos” erros em resposta aos enormes erros
cometidos contra nós é porque estamos vivendo para nós mesmos, não para
Jesus. Contudo, o amor de Deus em Cristo nos transforma. Uma marca dessa
transformação é o fato de os nossos olhos estarem abertos à nossa
necessidade de um Salvador. Entendemos que Jesus morreu por causa de
nosso egocentrismo e nossa incredulidade. Percebemos como é grande a
nossa necessidade da misericórdia de Deus. Quando compreender e conhecer
a misericórdia de Deus, você será capaz de conceder misericórdia e perdão.
Isso não acontece do dia para a noite. No entanto, conforme você continuar a
derramar o seu coração a Deus e a lhe pedir misericórdia, ele o transformará.
A sua confiança em Deus aumentará. A sua capacidade de amar os outros
aumentará. A sua vida não será mais definida pelo abuso, mas pelo amor e
misericórdia de Deus por você.
Quando aprender a depender, dia a dia, de Deus para obter misericórdia,
você será capaz de confiar nele para consertar os erros que foram cometidos
contra você. Leia o que Deus diz a respeito de como lidar com o mal:
Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se
possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós
mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu
é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se
tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem (Rm 12.17-21).
Por que você não deve tornar mal por mal? Porque algo muito maior está
acontecendo . Deus corrigirá as coisas. Você está vivendo no reino dele – não
no seu ou no dos seus agressores – e a justiça dele será feita.
A sua resposta ao seu agressor
Que tipo de relacionamento você pode ou deve ter com a pessoa que abusou
de você? A sua esperança quanto ao seu relacionamento deve ser a de
reconciliação verdadeira com base no arrependimento honesto por parte da
pessoa que errou com você. Às vezes, isso acontece, mas nem sempre é
possível ou prudente. Às vezes, o agressor se foi – ou está até morto. Logo, a
reconciliação não é possível, porém, o perdão ainda é possível. Nos textos de
Mateus 6.12 e Marcos 11.25, Jesus enfatiza a oração junto com o perdão. O
perdão começa com o seu relacionamento com Deus, pois todas as
alternativas para o perdão – amargura, medo, o guardar rancor, a falta de
confiança em qualquer pessoa – são coisas pelas quais Deus precisa perdoá-
lo. Ao experimentar o seu perdão, você será capaz de oferecer perdão.
No entanto, a Bíblia também orienta que se vá até a pessoa que o ofendeu.
O ideal é ir até essa pessoa, tentar levantar a questão e achar uma solução.
Contudo, em casos que envolvem o abuso infantil, talvez não seja prudente
fazer isso. Por exemplo, caso a outra pessoa ainda seja abusiva, você não
deve ir. O caso extremo se dá quando você está lidando com um criminoso, e
você se colocaria em perigo se tentasse ter um relacionamento. No entanto,
você ainda é chamado a tratar dessa questão presente em seu coração perante
Deus. Você ainda é chamado a orar pelo seu inimigo.
Às vezes, você tem a oportunidade de voltar, mesmo quando não acredita
que seu agressor tenha mudado. Eu aconselhei uma mulher cristã de 30 anos
de idade, chamada Lisa, que havia sido molestada sexualmente por seu pai
quando era pré-adolescente e adolescente. Ela se convenceu de que precisava
voltar e tentar construir um relacionamento com o seu pai, apesar de não
confiar nele.
Então, ela ligou para ele e lhe disse: “Eu não confio em você. Você nunca
admitiu o que fez ou reconheceu que sua atitude foi errada. No entanto, em
meu coração, eu o perdoei e gostaria de reconstruir um relacionamento. Por
isso, nos encontraremos em um lugar público”. Eles se encontraram em uma
cafeteria, e ela estabeleceu as regras. Lisa disse: “Se houver quaisquer
palavras ou ações inadequadas, eu vou embora. Porém, eu quero amar você”.
Ela deu início a uma iniciativa bem discreta de amor. Uma vez por mês, ela
fazia alguma coisa para se achegar a ele, fosse enviando um cartão ou
telefonando-lhe. E, então, a cada três ou quatro meses, eles se encontravam,
mas sempre em um lugar público. E ele obedecia às regras. Ele não
reconhecia o abuso; ele ainda tentava negá-lo e encobri-lo. No entanto, ela
continuou sendo muito clara a respeito do passado e compartilhando a sua fé
em Cristo com ele.
Ela me escreveu quase cinco anos após nós termos interagido e disse que
seu pai havia tido câncer e morrido. Contudo, segundo a maravilhosa
providência de Deus, em torno de um mês antes de morrer, ele confessou
tudo, pediu perdão a ela e entregou a sua vida a Cristo. Portanto, no fim dessa
história, houve redenção.
Ela não fez o que era fácil (excluir o seu pai de sua vida), mas não foi
ingênua para acreditar que fosse possível voltar e fingir que tudo ficaria bem.
Ela estabeleceu estruturas cautelosas repletas de graça que preservaram o pai
de fazer o mal e a filha de sofrer o mal. Além do mais, nessa situação em
particular, Deus utilizou o amor de Lisa como um instrumento humano que
trouxe salvação a um homem muito mau.
A recuperação é um projeto comunitário
Observe que Lisa não tentou tomar a decisão a respeito de como chegar até
o seu pai sozinha. Ela pediu conselho e oração de pessoas em quem confiava.
Você está trilhando um caminho difícil. No entanto, você não está sozinho
enquanto caminha. O seu fielSalvador está com você, e ele também enviará
pessoas para caminhar com você. Você descobrirá que nem todas as pessoas
com as quais compartilha a sua história lhe serão úteis. Algumas podem
culpá-lo, outras só sentirão pena de você, outras lhe oferecerão respostas
banais (“apenas confie em Jesus”, ou “consiga um grupo de apoio”, ou “tome
este medicamento”) e outras tratarão você como uma pessoa machucada cuja
recuperação não é possível.
Busque pessoas para compartilhar a sua história que compreendam que
coisas terríveis acontecem, embora nós tenhamos um Deus maravilhoso que
excede essas coisas com amor e fé inabaláveis. Você precisa falar não
somente sobre o que lhe aconteceu, mas também sobre a maneira como você
reagiu a ela, e como o Senhor o ajudará a retribuir o mal com bem. 
Busque uma pessoa que levará a sério o que lhe aconteceu, que será
compassiva e terá uma visão de como Deus pode redimir você e o seu
passado.
Dê um passo de cada vez
Às vezes, os cristãos o fazem acreditar que, se você simplesmente
conseguir achar a resposta correta para o seu problema, poderá aplicá-la e o
seu problema será resolvido de maneira instantânea! Porém, essa não é a
forma de Deus. Deus é um viticultor que apara de forma cuidadosa e lenta as
suas videiras no decorrer dos anos. O Pai trabalha em nós por anos no
decorrer de nossas vidas.
Sendo assim, busque por uma mudança lenta e inabalável. O que você pode
esperar? Você pode esperar que, se estiver com muito medo, inclusive de
encarar o seu agressor, romper a porta e trazer luz para o turbilhão escuro é
um passo significativo. Quando a sua dor estiver intensa e esmagadora, você
pode esperar que ela diminua à medida que começar a levá-la a Deus
utilizando os Salmos 55, 56 e 57.
A cura e a paz não surgirão instantaneamente, mas com o passar do tempo.
Talvez existam partes daquilo que lhe aconteceu que não o deixarão até a
volta de Cristo. Somente no retorno de Cristo, quando ele fizer novas todas as
coisas, toda lágrima será enxugada (Ap 21.4). Você está marcado pelo
sofrimento, mas esse sofrimento se tornou o seu contexto para conhecer a
Deus. Você está marcado pelo sofrimento, porém aprendeu a dar pequenos
passos de obediência, amor sábio e esperança. De forma ainda mais
surpreendente, você será capaz de socorrer outros sofredores.
Uma mulher que havia passado pelo pior cenário de abuso infantil veio até
mim em busca de aconselhamento pastoral. Ela tinha trinta e poucos anos e
era cristã há quinze. Ela já havia dado muitos passos na direção correta. Ela
teve de chegar à fé em Deus. Ela havia percebido o seu próprio orgulho,
temor do homem e covardia, e pediu pela misericórdia de Deus. Essa mulher
era professora e se achegava, em especial, às crianças que estavam sofrendo.
O seu sofrimento foi, aos poucos, sendo transformado. Não foi por acaso que
ela se envolveu em seu trabalho com crianças, em especial, com aquelas que
haviam sido abusadas, negligenciadas e abandonadas. Sua vida demonstrava
que ela não havia superado a situação. No entanto, encarar o seu abuso e ir
até Deus com o seu sofrimento a levou a um profundo relacionamento com o
Pai. Ela vivia como serva de Deus, trabalhando para redimir males neste
mundo sofredor.
Você também pode começar com pequenos passos de obediência. Talvez, o
seu padrão seja este: quando começa a pensar a respeito do que aconteceu,
você se afunda em desespero por duas horas e sai devorando um pacote
inteiro de batatas fritas e bebendo um refrigerante de dois litros. Um pequeno
passo de obediência pode estar em você perceber, em meia hora, que Deus
não quer isso. Existe um Deus que me chama a me despir de mim mesmo, me
chama para fora do poço, e para quem eu posso chorar. Então, você começa
a orar o Salmo 55 e diz a Deus que você parece estar fugindo - fugindo da
autocomiseração, do farisaísmo... e das batatas fritas.
Talvez você decida dizer “oi” para uma pessoa ao invés de evitá-la, ou se
esforce para deixar de lado a preocupação consigo mesmo, ou dê um abraço
em seu filho e pergunte como foi o dia dele. Essas pequenas coisas são passos
enormes e radicais de obediência, e os anjos no céu se alegram porque a
glória de Deus está sendo manifestada em sua vida por meio dessas escolhas
pequenas e sutis.
Almeje além da recuperação
A recuperação o traz de volta da destruição para o estar bem. No entanto,
Deus está em busca de coisas maiores. Ele está em busca de sua redenção. O
Senhor tem um propósito para você que procede da sua experiência de vida,
um chamado grande e santo. Paulo diz que Deus “nos conforta em toda a
nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer
angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus” (2Co 1.4).
À medida que for aprendendo a forma como Jesus Cristo conhece, entra e
transforma a sua aflição específica nesta vida, você conseguirá ajudar outras
pessoas que estão enfrentando todos os tipos de aflição. A sua compaixão,
sabedoria e esperança da redenção trarão a luz de Deus para um mundo que
está morrendo em trevas e sofrimento. Então, você será capaz de dizer junto
com José: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o
tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente
em vida” (Gn 50.20).
 
Simples, Prático, Bíblico
 
Abordando temas como divórcio, suicídio, homossexualidade, transtorno
bipolar, depressão, pais solteiros e outros, os livros da série Aconselhamento
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assuntos difíceis em seus ministérios, e para pessoas que experimentam essas
situações de lutas e sofrimento em seus diversos contextos de vida. Leia-os,
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