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Barcarena Cidade da gente: Estudos regionais

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Prévia do material em texto

Barcarena
Cidade da gente
ESTUDOS REGIONAIS
Fundamental I
Jacobson Estumano João Poça Luiz Guimarães Roberto Anjos
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida e/ou transmitida, seja quais forem os meios empregados sem a permissão dos Autores e Editores.
DIDÁTICOS
e d i t o r a
Catalogação na publicação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
© Didáticos Editora, 2018
 Direção Editorial: Eric Medeiros 
 Coordenação Editorial: Nara Moreira
Telry Freire
Polyana Veloso
Liane Frota
Regina Campelo
Thyago Lima
Deborah Moura, Eduardo Rosberg
Cláudio Oliveira
Supervisão de produção:
Coordenador de equipe:
Coordenação pedagógica:
Revisão ortográfica:
Projeto gráfico e diagramação:
Ilustrações:
Fotografias:
Avenida Oliveira Paiva, Número 1600, Jardim das Oliveiras, Fortaleza - CE
CEP 60822-130
email: didaticoseditora@gmail.com
Apresentação
Caríssimos alunos, professores e pais,
É com muita satisfação que lhes apresentamos este livro sobre nosso 
município. Ele nasceu de uma oportunidade de reunir e organizar num só 
volume muitas informações que antes estavam dispersas sobre nossa terra.
Os dados e reflexões aqui apresentados passeiam pela história e pela 
geografia de Barcarena, sua cultura, seu povo, suas atrações turísticas, seus 
aspectos econômicos e muito mais.
Nossa maior expectativa nessa empreitada é a de proporcionar aos lei-
tores uma viagem por imagens, histórias, paisagens, belezas, problemáticas 
e desafios, de modo que conheçam mais e de diversas formas a terra de 
nossa habitação.
Convidamos, então, cada uma e cada um que folhear essas páginas a 
refletir, questionar, debater e, assim, conhecer melhor o lugar onde nas-
ceu ou escolheu viver, e também conhecer a si próprio enquanto pessoa e 
enquanto cidadão. Que essa experiência seja tão prazerosa e reveladora 
quanto o foi para nós.
Abraços.
Os autores.
Palavra do Prefeito
Querido aluno barcarenense, 
é com extrema alegria e certeza do dever cumprido que 
estamos, cada vez mais, contribuindo para o fortalecimento 
do padrão de qualidade da educação municipal, a partir do 
lançamento deste belo e significativo livro. 
Considero que a edição do Livro “Barcarena cidade da 
gente” representa oportuno e valoroso investimento no 
resgate de importantes aspectos relacionados à vida socio-
econômica, histórica e cultural do nosso estimado município, que são disponi-
bilizados ao nosso alunado de forma clara, contextualizada e atrativa. 
Dessa forma, minha satisfação é imensa, pois como cidadão barcarenen-
se, desde que aqui cheguei, sempre acreditei e compreendi que é possível, 
com forte compromisso social, responsabilidade e uma boa dose de ousadia, 
fazer algo inovador, diferente e transformador da realidade social e educa-
cional, em particular, através de investimentos, como este livro, que possam 
dignificar e enaltecer cada vez mais essa linda e valorosa terra Mortigura.
Tenho plena convicção de que este livro, que destaca e evidencia conhe-
cimentos, acontecimentos e informações peculiares e relevantes da nossa 
terra, será extremamente útil no trabalho educativo escolar, constituindo-se 
em importante instrumento de apoio aos nossos educadores, que poderão as-
sim qualificar ainda mais o processo educacional, fazendo com que os nossos 
alunos aprendam muito mais e melhor! 
Ademais, quero carinhosamente congratular-me com os nobres e estima-
dos educadores barcarenenses, autores deste material, que nos brindam com 
esta histórica e magnífica obra didática. 
Antônio Carlos Vilaça
Prefeito Municipal de Barcarena 
Mensagem da Secretária de Educação
Estimados educadores e alunos da rede municipal de edu-
cação,
 a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desenvol-
vimento Social tem o prazer e a satisfação de apresentar-lhes 
este livro, que é fruto de um intenso e profícuo trabalho co-
letivo iniciado há vários anos, que vem buscando o resgate, 
reconstrução e valorização da história barcarenense em todos 
os seus aspectos, através de adequado intercâmbio com o 
processo ensino-aprendizagem, assim como cuidadoso trabalho de pesquisa e 
sistematização de dados, informações e conhecimentos.
Assim, acreditando sempre numa perspectiva pedagógica de trabalho ino-
vadora e que contempla o resgate dos nossos laços históricos e culturais, e 
a partir dos conhecimentos compartilhados com nossos educadores, com os 
resultados práticos que obtivemos na interação com o alunado, enfim, com o 
produto das experiências acumuladas nesse percurso, foi possível chegarmos à 
condição de podermos abraçar este projeto, que se constitui em iniciativa pio-
neira no nosso município. 
Temos certeza de que esta obra contribuirá de forma expressiva para que 
nossos alunos tenham, cada vez mais, um aprendizado significativo e prazero-
so acerca das nossas características e peculiaridades, enquanto município que 
possui aspectos históricos, culturais, geográficos e socioeconômicos tão inte-
ressantes, instigantes e dignos de serem conhecidos, valorizados e enaltecidos.
É importante destacar que as informações, imagens e os dados aqui con-
tidos foram criteriosamente selecionados, sistematizados e apresentados com 
o objetivo de possibilitar uma viagem literária/didática, interligada e prazerosa 
pelo mundo do conhecimento das grandes e “apaixonantes questões barcare-
nenses”. 
Por fim, queremos agradecer e parabenizar a todos os nossos educandos e 
educadores, que nesse processo de construção coletiva e solidária, contribuíram 
para que pudéssemos chegar a este momento tão almejado e especial: lançar 
esta maravilhosa obra educativa, sob a responsabilidade de renomados educa-
dores barcarenenses! 
Ivana Ramos do Nascimento 
Secretária Municipal de Educação, Cultura 
e Desenvolvimento Social
Unidade 1
 Barcarena – Pará: 
Lugar de viver
Unidade 2
Barcarena – Pará: 
História e memória
16 O município no estado do Pará
17 Uma cidade em muitos lugares
20 Paisagem e ordem urbana
24 Formas de trabalho e economia
44 Barcarena: nossa história, nossa memória
45 Barcarena: a invenção de uma cidade
45 No tempo dos índios: terra dos Gibirié e Mortigura
48 As missões religiosas
52 A expulsão dos jesuítas e o nascimento de Barcarena 
e Conde
54 Barcarena, um nome que veio do outro lado do 
Atlântico
56 De freguesia de Belém à criação do município de 
Barcarena
56 A Cabanagem
62 Economia, trabalho e resistência
68 A busca pelo progresso e a reinvenção da 
cidade em dois tempos
68 A transferência da sede municipal
72 A criação das vilas operárias uma nova 
fase da urbanização de Barcarena
Unidade 3
 Barcarena – Pará: 
Lugar de memória
Unidade 4
Barcarena – Pará: 
Educação Socioambiental
78 A cidade e seus lugares de memórias
79 Memória legalizada
83 Uma avenida conta histórias: A Cronje da Silveira
88 Lendas: símbolos do imaginário barcarenense
91 Mestre Vieira, um contador de estórias
94 Uma baleia em Barcarena: uma história quase fantástica
98 Memórias de infância e das brincadeiras
101 Brincar na cidade
110 Barcarena e os objetivos da Agenda 2030 da 
ONU
115 Elementos naturais e culturais
116 O nosso solo e relevo
117 A vegetação do município de Barcarena
118 Nossa fauna barcarenense 
126 O acidente do navio Haidar e suas 
consequências na Vila do Conde
129 Do Extrativismo do Açaí e forno de farinha 
para a Indústria do Alumínio
Unidade 5
 Barcarena – Pará: 
O lazer na cidade 
e o turismo
Unidade 6
Barcarena – Pará: 
Poder e cidadania
145 Iniciando a conversa
146 O turismo natural
151 O turismo histórico
156 A cultura barcarenense
161 Eventos culturais
172 Introdução à Unidade
173 Barcarena: cidade, comunidade
195 Cidadania: representatividade da população
205 Sugestão de subsídios para aprofundar os 
conhecimentos sobre Barcarena
“A cidade é o retrato físico das experiências das várias gerações 
de indivíduos que ao longodos anos habitam este espaço”.
Luiz Antonio Valente Guimarães
Barcarena – Pará:
Lugar de viver
Unidade 1
14
Barcarena – Pará: lugar de viver
Unidade 1
Caro aluno, vamos iniciar 
uma viagem pelo conhecimento de 
nossa cidade. O roteiro da viagem come-
ça pelos caminhos da história, da memória, 
depois seguiremos pelo meio ambiente, 
visitaremos os espaços de lazer e turismo 
e, finalmente, veremos as formas de 
poder e exercício de cidadania. Você é 
o passageiro fundamental nessa viagem, 
vamos começar!
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”, assim 
diziam os gregos. Muito distante desse tempo, tomamos a frase dos fi-
lósofos antigos para começar este passeio sobre a cidade de Barcarena. 
“Conhece-te a ti mesmo” é um convite para que você, aluno, possa re-
conhecer, no tempo e no espaço as transformações que essa cidade da 
região amazônica vem conhecendo ao longo de seus mais de trezentos 
anos de existência.
Desde as primeiras populações indígenas e seus lugares transfor-
mados em missões religiosas, até a implantação dos grandes projetos, 
trazendo suas cidades planejadas, eis um roteiro do percurso. Percebere-
mos as modificações físicas da paisagem. Veremos os caminhos se torna-
rem ruas, ao mesmo tempo em que assistimos ao ritmo da vida se tornar 
cada vez mais intenso, as pequenas vilas se tornarem bairros populosos 
com milhares de migrantes que se somaram às populações nativas, cons-
truindo um povo mestiço. Veremos o comércio da beira do rio se tornar 
hipermercado, o surgimento de redes bancárias, escolas, transportes e 
toda a diversidade de alterações que fazem esta cidade estar sempre 
numa contínua construção, da qual você faz parte.
Conhece-te a ti mesmo é o anseio e a necessidade que propomos 
a você, nesta obra, para que depois de desvendar a nossa história lo-
15
Vista aérea da sede do Município de Barcarena
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cal possamos enxergar com facilidade, respeito e compromisso o mundo 
melhor para todos, que igualmente pretendemos ajudar a construir.
Vamos praticar
1. Você conhece a si mesmo? Vamos representar a história de nossa 
família por meio do preenchimento da árvore genealógica (Árvore de 
Família), abaixo:
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 1
16
O município no estado do Pará
Mapa dos Municípios do Estado do Pará – 2017.
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G
E
O Pará é uma das 27 unidades federativas do Brasil e o segundo maior 
estado do país com uma extensão de 1.247.955,238 km², pouco maior 
que Angola, e está dividido em 144 municípios. Situa-se no centro da 
região Norte e tem como limites o Suriname e o Amapá ao norte; o Oce-
ano Atlântico a nordeste; o Maranhão a leste; Tocantins a sudeste; Mato 
Grosso ao sul; o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste.
O estado é o mais populoso da região Norte, contando com uma po-
pulação estimada pelo IBGE, em 2017, de 8.366.628 habitantes. Sua ca-
pital, Belém, reúne em sua região metropolitana cerca de 2 milhões e 100 
mil habitantes, sendo a maior população metropolitana da região Norte. 
Outras cidades importantes do estado são Abaetetuba, Altamira, Ananin-
deua, Barcarena, Castanhal, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Santarém e 
Tucuruí. O relevo é baixo e plano; 58% do território se encontra abaixo 
dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas serras de 
Carajás, Cachimbo e Acari.
Im
agem
 2
17
Os rios principais são o Amazonas, o Tapajós, o Tocantins, o Jari e o 
Pará.
Uma cidade em muitos lugares
O município de Barcarena, por sua localização e expressão econômica, 
foi incluído na mesorregião metropolitana de Belém, desde o ano de 2017, e 
está situado entre as coordenadas 01°30’24” de latitude sul e 48°37’12” de 
longitude a oeste de Greenwich, com uma área de 1.310,588 km2, distante 
25 km em linha reta da cidade de Belém. 
Limita-se ao norte com a baía do Guajará e o município de Belém; ao 
sul com o município de Moju e Abaetetuba; a leste com a baía do Guajará e 
o município do Acará e a oeste com a baía do Marajó. (Tema da Unidade 4).
Mapa do Município de Barcarena
Im
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 3
18
O município de Barcarena nem sempre foi do tamanho que é hoje. Ele 
foi se formando pela junção de vilas e povoados, que hoje são os bairros 
da cidade, o que faz de nossa cidade um lugar em constante modificação.
Poderíamos identificar cinco principais regiões e seu tempo na cons-
trução do município. Primeiro, estão as vilas fundadoras da cidade, a Vila 
de Conde, em 1653, e a Vila de São Francisco Xavier, em 1709, que ain-
da hoje guardam no aspecto de suas ruas estreitas e na igreja da vila os 
traços da arquitetura das vilas coloniais.
Um segundo espaço que se juntou à cidade foi o distrito de Aicaraú, 
extensa área rural de antigos engenhos e propriedades agrícolas. Esse 
lugar existe desde a época colonial e é formado por várias localidades, 
como: Cafezal, Cabresto, São Luiz, Bacharela, São Felipe, entre outras. 
Essa grande área de terras passou a fazer parte de Barcarena no ano 
de 1943, quando o município foi criado. Nessa mesma época, a Ilha das 
Onças foi incorporada à extensa área insular do território, que já era for-
mado pelas ilhas Trambioca, Arapiranga e outras ilhas menores.
Uma quarta composição ocorreu com a mudança da sede municipal 
da antiga Vila de São Francisco para a margem esquerda do rio Mucu-
ruçá. Na época, o motivo para tal mudança era o interesse pelo comér-
cio que circulava pelo rio Mucuruçá com destino às distantes regiões da 
Amazônia. Um símbolo desse novo espaço urbano da cidade é o prédio 
da prefeitura inaugurado em 1962. 
E finalmente, a partir de 1980, com a instalação dos grandes projetos 
em Barcarena, o município conheceu uma nova fase na sua urbanização. 
A criação de vilas operárias planejadas, como o Núcleo Urbano, hoje Vila 
dos Cabanos, e o bairro Pioneiro são marcas deste tempo. Estas vilas fo-
ram formadas pelos milhares de imigrantes de diversas partes do Brasil 
e compõem a parte mais moderna da cidade.
A Barcarena de hoje é formada por vários lugares que foram sendo 
incorporados ao longo de mais de trezentos anos. Vilas, povoados, sítios, 
cidades, todos esses espaços formam o nosso município. Espalhados nes-
se território moram cerca de 121.190 habitantes, conforme o IBGE.
19
Divisão de Barcarena por bairros
1. De acordo com o texto, além de Belém, que cidades do Pará se desta-
cam por suas condições econômicas e populacionais?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
2. Qual a localização do município de Barcarena?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
3. Destaque do texto três áreas que formam o município e demonstre as 
principais características desses lugares.
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Vamos praticar
Proposta de divisão de bairros de Barcarena
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4
20
4. Em que localidade, rio, bairro ou rua você mora? Como você descreve-
ria os aspectos físicos do lugar no qual você reside?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
5. Observando a imagem três do mapa de Barcarena, faça um desenho 
reproduzindo o mapa do município e pinte.
Paisagem e ordem urbana
A paisagem de uma cidade é tudo aquilo que vemos por meio dos 
nossos sentidos (visão, olfato, tato e audição), no entanto a análise da 
paisagem é mais comum pela observação visual.
As paisagens são formadas por diferentes elementos que podem ser 
de domínio natural, humano, social, cultural ou econômico e que se mis-
turam uns aos outros. Elas estão em constante processo de modificação,sendo adaptadas conforme as atividades humanas.
No território do município de Barcarena, podemos encontrar várias 
formas de representação da sua paisagem. Nas ilhas e nas margens dos 
muitos rios que cortam a cidade encontramos a vida das populações ri-
beirinhas.
21
Paisagem de uma tradicional moradia ribeirinha – Ilha da Mucura
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Nessas localidades, embora haja o predomínio 
de elementos naturais, como os rios, os igarapés, 
a floresta com suas árvores e outros aspectos, a 
ação do homem modificando e adaptando esses 
lugares às suas necessidades está presente. Uma 
dessas formas de adaptação é a criação do matapi 
de plástico. Com garrafas plásticas, o homem ri-
beirinho reelaborou uma antiga armadilha de cap-
Matapi – instrumento de pesca artesal feito de talas 
de miriti, ao lado, feito com garrafas plásticas
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Matapi:
Armadilha cilíndrica, 
confeccionada com 
tala de miriti, utili-
zada para capturar 
camarão nos rios da 
Amazônia.
turar camarão, que tradicionalmente era feita com talas e fibras de árvo-
res naturais e que agora pode usar produtos artificiais para a fabricação 
desses objetos.
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 6
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22
A intervenção do homem na paisagem está presente em várias par-
tes da cidade, nos prédios públicos e particulares, no comércio, nas fei-
ras, nas estradas, enfim, nas mais diversas formas, a vida na cidade vai 
se transformando. 
Escola das Ilhas de Barcarena – Escola M. E. I. F Jupariquara
Fo
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B.
1. Que tipo de paisagem você observa próximo à sua casa? Descreva.
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
2. Você tem observado que a paisagem ao redor de sua casa tem se mo-
dificado? Como?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Vamos praticar
Im
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 7
23
_________________________________________________________
_________________________________________________________
3. Faça um desenho representando a paisagem que você vê ao redor de 
sua residência.
Faça uma entrevista com seus pais ou avós, per-
gunte a eles como era a paisagem do bairro ou rua 
onde moravam. Partindo da memória deles monte 
um mapa de seu espaço de moradia descrevendo o 
que mudou e o que permaneceu daquela época para 
os dias de hoje. O resultado pode ser mostrado em 
sala de aula numa roda de conversas. 
Além da sala de aula
24
As pessoas que moram na cidade formam a co-
munidade urbana e as pessoas que vivem no campo 
formam a comunidade rural. A zona rural, também 
chamada de campo, é a região que fica fora da cida-
de. As pessoas vivem no campo em sítios, chácaras, 
fazendas, etc. As casas da zona rural não são cons-
truídas perto umas das outras.
Para saber mais
Formas de trabalho e economia
Podemos com algum cuidado dizer que a cidade de Barcarena tem 
duas fases da sua economia. Uma, antes da implantação do polo indus-
trial, outra, depois que esses empreendimentos aqui chegaram.
Para que possamos pensar nas diferenças entre essas duas etapas da 
história de Barcarena, vejamos alguns números. Até antes da chegada 
das empresas em Barcarena, o município contava, em 1980, com uma 
população de 20.021 habitantes, de acordo com o IBGE. Desse total, so-
mente 6.700 pessoas diziam morar na zona Urbana, o restante, 13.231, 
vivia na zona rural.
25
Como você pôde ver a maioria da população que vivia em Barcarena, 
antes de 1980, portanto, antes da chegada da Albrás, Alunorte e todos os 
seus empreendimentos, residia na zona rural, ou seja, no campo.
As pessoas que moram nesta parte da cidade retiram seu sustento 
da natureza. Muitos moradores que tinham e têm suas casas nas ilhas, 
às margens dos rios e igarapés, trabalham na pesca de peixe e camarão 
e na coleta de frutas como manga, cupuaçu, jambo e particularmente 
açaí. Nas áreas alagadas, nas várzeas, viviam da extração de seringa, 
sementes de andiroba e produção de lenha. Outros que moravam nas 
áreas menos alagadas trabalhavam com roças de plantação de mandioca, 
milho, abacaxi e outros produtos.
Grande parte do que produziam se destinava ao próprio consumo. 
Alguns poucos que tinham propriedades maiores levavam parte do que 
produziam para vender nas feiras da cidade ou mandar para Belém para 
vender no Ver-o-Peso.
Trabalhos e produtos da zona rural de Barcarena
Extração de borracha – látex da seringueira, ao lado, 
coleta de açaí, produção do abacaxi.
Produção de cupuaçu típico da Amazônica – pesca artesanal 
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 9
26
A segunda fase da economia da cidade ocorre após a instalação dos 
grandes projetos em Barcarena. Embora tenham sido pensados desde o 
final da década de 1970, foi a partir da década seguinte, que a cidade 
começou a sentir as mudanças decorrentes dessas ações no seu espaço.
Os grandes projetos na Amazônia
Os grandes projetos são empreendimentos im-
plantados na Amazônia a partir da segunda metade 
do século XX, com objetivo de explorar as riquezas 
naturais, principalmente minérios, existentes em 
abundância na região. Foram e são planejados fora 
da região e visam atender ao mercado externo.
Esses empreendimentos precisam de portos, 
ferrovias e estradas para os transportes. Usam mo-
dernos equipamentos de trabalho. Além disso, após 
a fase de instalação, precisam de mão de obra qua-
lificada.
 Praticamente todos eles são criados em nú-
cleos urbanos planejados, as cidades empresa ou 
Company Town. Trata-se de residenciais com água 
encanada tratada, como rede de esgotos, energia 
elétrica, ruas pavimentadas, meios de comunica-
ções, além de habitações de ótima qualidade.
Para saber mais
O município, conforme previa o projeto, receberia em seu território a 
construção de grandes obras. Em Vila do Conde, o porto de Ponta Grossa 
foi escolhido, por sua posição geográfica, para ser construído um porto da 
Portobras, por onde deviam sair produtos para várias partes do mundo. 
Fonte: <http://valdemirogomes.blogspot.com/2013/05/grandes-projetos-na-amazonia.html>
27
Vista aérea do porto de Vila de Conde – Barcarena.
Empresa Albras – Alumínio Brasileiro S/A
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Ligado ao Porto de Vila do Conde começava a operar, em 1985, o 
primeiro empreendimento de grande porte, uma indústria de alumínio, a 
Albrás (Alumínio Brasileiro S/A). Dez anos depois, era inaugurada uma 
fábrica de transformação de bauxita em alumina, a Alunorte (Alumina do 
Norte do Brasil S/A). A construção da Albras e da Alunorte modificaria 
profundamente a rotina da pacata cidade de Barcarena.
Fonte: <https://www.hydro.com/pt-BR/a-hydro-no-brasil/operacoes-no-brasil/barcarena/albras---aluminio-brasileiro-s.a/>
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Para a construção da Albras e todos os espaços do polo industrial foi 
criada a CDI (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Pará), e a 
CODEBAR (Companhia de Desenvolvimento de Barcarena). Para atender 
às necessidades da Albrás seria construída uma subestação de energia 
28
BARCARENA APÓS 1980
Antes da instalação dessas empresas, Caripi era um lu-
gar que não dispunha de qualquer infraestrutura, exceção 
dos pequenos barcos que faziam o transporte fluvial para 
esta praia, por isso, pouco frequentada. No final da década de 
1970 e início de 1980, para viabilizar o sistema de produção 
de alumínio, acrescentam-se na configuração territorial de 
Barcarena portos, estradas, núcleo urbano planejado, fábri-
ca, sistema de energia, a praia vê-se transformada em área 
de lazer da Vila dos Cabanos. Instala-se em Caripi rede de 
energia,de água encanada, telefonia, serviços de hotelaria, 
Para saber mais
da Eletronorte, para abastecer os fornos de fabricação de alumínio. Não 
se pode esquecer que a transformação de alumina em alumínio se faz 
com grande consumo de energia elétrica.
Enquanto todos esses empreendimentos eram construídos, milhares 
de trabalhadores das mais diversas partes do Brasil e, por vezes de paí-
ses estrangeiros, chegavam a Barcarena.
Você poderia perguntar como e onde todas essas pessoas iriam mo-
rar na cidade de Barcarena enquanto construíam todas essas obras? 
Os antigos povoados, como Vila do Conde, Itupanema, São Francisco 
e Laranjal, cresceram rapidamente em ruas e casas. Na sede do municí-
pio surgiram o bairro Novo, o bairro da Pedreira e mais tarde o bairro de 
Nazaré (Imobiliária).
Porém, foram as vilas operárias criadas pela Codebar os principais 
espaços que abrigariam os novos moradores de Barcarena. Surgiram, 
assim, o bairro de Operações – o Núcleo Urbano – que depois recebeu o 
nome de Vila dos Cabanos e o bairro do Pioneiro. A Vila dos Cabanos foi 
construída sobre a antiga Vila de Murucupi, enquanto o bairro do Pionei-
ro, destinado a receber a maioria dos alojamentos dos operários, ficava 
entre o Núcleo Urbano e a Vila do Laranjal. Era importante que essas 
vilas operárias não ficassem tão longe dos locais onde os trabalhadores 
desenvolveriam suas atividades para não dificultar seu transporte.
29
Nahum, João dos S. O território usado em Barcarena, Modernização e ações políticas 
conservadoras na Amazônia paraense. Ananindeua-Pa: Ed. Itacaiúnas, 2016.
bares, restaurantes, segurança, salva-vidas, limpeza, cole-
ta de lixo. Tudo isso diferencia o lugar de outros lugares do 
litoral barcarenense, tornando-o parte das rotas turísticas. 
A frequência de visitantes aumentou a partir de 2002, 
com a ligação de Belém à Rodovia PA-150 e ao porto de Vila 
do Conde, através da Alça Viária, incluindo Caripi no circuito 
comercial paraense.
O progresso econômico havia chegado a Barcarena. A cidade que 
até então era chamada de a capital do abacaxi passava agora a também 
ser caracterizada como “a capital do alumínio”. Era tão forte a chegada 
daqueles novos tempos que nas expressões culturais do município incor-
poravam essa nova fase da cidade. Um bloco de carnaval assim traduzia 
em seu samba enredo esse tempo:
Mas chegou, o progresso chegou
Com o alumínio veio a evolução
É o reino Mojuquara
Dando força pra nossa gigante nação
Bloco “Quem é Quem” - Tema: “O fascínio, o esplendor e a glória de um povo” (Letra: Xaxá)
Vista aérea da Vila dos Cabanos em Barcarena
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Na cidade cresceram as atividades comerciais, os meios de trans-
portes se tornaram mais rápidos e muitos prédios urbanos surgiram. O 
movimento de trabalhadores trajando seus uniformes coloridos nas es-
quinas das ruas da cidade para se deslocarem ao trabalho passou a ser 
uma rotina constante.
Fonte: <https://www.hydro.com/pt-BR/a-hydro-no-brasil/empregos-e-carreiras>
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 13
Mas, por outro lado, o progresso também trouxe uma nova realidade 
para o município de Barcarena. Junto com os benefícios que a cidade viu 
surgir a partir da instalação das grandes empresas também vieram os 
problemas ambientais, o crescimento desordenado da cidade. Recente-
mente a cidade e seus habitantes, que vivem próximos às empresas, têm 
convivido com materiais poluentes gerados pelas fábricas.
Vamos praticar
1. Observe a imagem e identifique com (R) para atividades da zona rural 
e (U) para atividades da zona urbana
( ) ( ) ( )
Trabalhadores de empresas
31
2. De acordo com o texto o que diferencia a vida na área rural de quem 
mora na área urbana?
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3. Com base no que estudamos como era viver em Barcarena antes da 
chegada do polo industrial?
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4. Por que Barcarena foi chamada de “capital do alumínio”, depois de 
1980? Você concorda com essa expressão?
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5. Com a chegada das indústrias Barcarena conheceu uma nova fase em 
sua história. Registre os aspectos positivos e os negativos dessa nova 
etapa.
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_________________________________________________________
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32
Aspectos da urbanização da cidade
Esse rio é minha rua
Minha e tua mururé,
Piso no peito da lua,
Deito no chão da maré.
Trecho da música de Paulo André e Ruy Barata “Esse rio é minha rua”. http://www.culturapara.art.br/rbarata/ruymusic.htm
É muito provável que você hoje, ao sair de casa para vir à escola, 
deve ter andado por uma rua para conseguir o transporte para vir es-
tudar. É certo que essa rua, em Barcarena, pode ter várias formas. Em 
alguns casos ela pode ser uma via asfaltada, onde circulam automóveis, 
bicicletas, motos, em outros, ruas de chão de um ramal ou caminho de 
terra em meio às árvores, ou ainda, pelos igarapés, depois rios ou baías 
onde passam as pequenas e grandes embarcações de passageiros.
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Transporte escolar nas ilhas do Pará
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 14
Por meio de seu deslocamento é possível imaginar como a cidade se 
mostra de forma diversa para cada morador. Para alguns Barcarena é 
cheia de rios, ilhas, caminhos, ramais; para outros, a rodovia, as estra-
das e ruas são espaços que estão presentes no seu cotidiano. 
Mas você sabe como surgiram os primeiros povoados de Barcarena, 
com suas ruas e bairros, até ela se formar a cidade que é hoje? Então, 
agora, vamos estudar como ocorreu a evolução urbana de nosso muni-
cípio.
A Vila de São Francisco e a Vila do Conde foram os dois primeiros nú-
33
cleos urbanos a transformarem seus caminhos em ruas. Embora a maior 
parte da população se deslocasse pelos rios, nesses povoados, já exis-
tiam estreitos caminhos por onde andavam as pessoas e, por vezes, car-
ros de bois levando produtos. 
Tipo de carro de boi que era usado em 
Vila do Conde – Barcarena
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 15
Fonte: REGO, José Moraes. Inspeção sanitária do município de Barcarena, ano 1956.
Panorama aéreo da sede de Barcarena onde mostra o 
seu traçado em quadros
Porém, foi com a transferência da sede municipal para as margens do 
rio Mucuruçá, em 1960, que a cidade ganhou ruas planejadas (tema a ser 
desenvolvido na Unidade 2). Inspirada no traçado da cidade de Goiânia, 
no centro-oeste do Brasil, a nova sede foi planejada pelo urbanista Fran-
cisco Cronje Bezerra da Silveira.
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Em 1982, a prefeitura municipal assim demonstrava a área de expan-
são urbana da cidade.
Jornal de divulgação da PMB - prefeito municipal José 
Pinheiro Rodrigues - 1982
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Nesse ano, pouco tempo antes da implantação do complexo industrial 
em Barcarena, a sede municipal possuía uma avenida, onze travessas e 
oito ruas. Apesar de pequena,a cidade curiosamente tinha um aeroporto 
que cruzava as travessas Sebastião de Oliveira até a Cantídio Nunes.
Os nomes das ruas da sede têm relação com os personagens políti-
cos que atuaram no processo de transferência da cidade, tais como: o já 
citado Cronje da Silveira, urbanista, que por ter planejado a cidade, teve 
seu nome registrado na principal avenida da cidade. O interventor federal 
Im
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 17
35
 Plano de Urbanização da área de construção 
da Vila dos Cabanos
que autorizou a mudança do centro administrativo foi homenageado com 
a avenida que leva seu nome: Governador Magalhães Barata.
As demais vias possuem nomes de personalidades da política local ou 
alusão aos prédios ali existentes. Como a rua Frederico Vasconcelos, que 
homenageia o prefeito que iniciou o processo de transferência da sede 
municipal, já a travessa da Matriz ganhou a sua designação em função da 
Igreja Matriz edificada na esquina da avenida Cronje da Silveira.
Finalmente, foi a partir da instalação do complexo industrial em Bar-
carena na década de 1980, que um novo modelo urbanístico foi planejado 
para o município. Com vistas a criar bairros para abrigar os trabalhadores 
do empreendimento industrial, coube à empresa Joaquim Guedes & Ar-
quitetos Associados a execução do plano de urbanização encomendado 
pela CODEBAR (Companhia de Desenvolvimento de Barcarena). Assim, 
foram traçados os novos espaços de ocupação urbana de Barcarena (ver 
imagem abaixo).
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36
Havia, segundo o planejamento urbano, três bairros principais: o 
bairro de Operações, o bairro Pioneiro e o bairro Atacadista. Com exce-
ção deste último, sabemos que os demais foram construídos. O bairro de 
Operações, que inicialmente era conhecido como Núcleo Urbano – NURB, 
foi edificado nas terras da antiga Vila de Murucupi. Este bairro foi plane-
jado para abrigar uma população de mais 70 mil habitantes.
Nesse bairro moderno, havia lugares destinados às moradias dos tra-
balhadores da Albrás, segundo as funções que desempenhavam na em-
presa e o tamanho da família do operário. Além disso, a vila operária pos-
suía um cinema, clube, escolas, comércio próprio, hospital, entre outros 
espaços destinados a atender a vida do trabalhador e de sua família.
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Processo de urbanização de Vila dos Cabanos – Cons-
trução das moradias da vila operária.
Com menos infraestrutura do que o Núcleo Urbano, o bairro Pioneiro 
foi construído para abrigar os operários das empresas que atuavam na 
construção das fábricas, portos e do próprio Núcleo Urbano.
37
No ano de 1985, como par-
te das comemorações dos 150 
anos do principal movimento 
popular do Pará, a Cabanagem, 
o presidente da CODEBAR en-
comendou ao historiador e jor-
nalista Carlos Roque um projeto 
de nomeação das ruas do bairro 
de Operações, o Núcleo Urbano. 
Assim, a vila operária passaria 
a se chamar Vila dos Cabanos 
e todas as suas ruas, traves-
sas e avenidas com nomes de 
personagens e acontecimentos 
ligados à Revolução Popular de 
1835
Para saber mais
Nota de jornal sobre a criação da 
Vila dos Cabanos e a nomeação de suas vias.
Fonte: Jornal Diário do Pará
Como você pôde ver, as ruas de Barcarena contam um pouco da his-
tória da cidade. Cada personagem ou fato registrado nas placas de nome 
das ruas está relacionado a um acontecimento ou indivíduo que tem re-
lação com o nosso município.
Vamos praticar
1. Pinte de verde o quadrinho ao lado das frases corretas e de vermelho 
o das frases incorretas.
A Vila de São Francisco e a Vila do Conde foram os dois primeiros 
núcleos urbanos a transformarem seus caminhos em ruas.
24/04/1985
38
A travessa da Matriz ganhou esse nome por causa do rio que passa 
em frente à cidade. 
A Vila dos Cabanos tem as suas ruas, travessas e avenidas com 
nomes de personagens e acontecimentos ligados à Cabanagem.
Cronje da Silveira é o nome de uma localidade que fica na ilha das 
Onças em Barcarena.
A Vila dos Cabanos era antes conhecida como Núcleo Urbano.
2. Quais foram os primeiros povoados que deram origem ao município de 
Barcarena? Havia ruas nesses lugares? Como elas eram usadas?
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3. Que cidade brasileira serviu de inspiração para a construção de Barca-
rena? Quem traçou o plano urbanístico dessa nova cidade?
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4. Faça um desenho procurando demonstrar o lugar onde você mora. 
Identifique o nome da rua ou localidade onde está sua casa.
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Qual o nome da rua ou localidade onde você 
mora na cidade? Você sabe por que tem essa de-
nominação? Pergunte para uma pessoa idosa que 
possa lhe ajudar a conhecer a história de sua rua 
ou lugar onde mora. Faça um pequeno texto e co-
mente em sala de aula com seus colegas.
Além da sala de aula
Gostou de nossa 
viagem até aqui? Ela só 
está começando, mas você já está 
percebendo que nós temos muitas 
histórias para contar e aprender.
Aliás, por falar em história, esse 
será o tema da próxima Unidade. 
Até lá!
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Anotações
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Anotações
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“A história nos possibilita olhar pela janela do 
tempo as mudanças ocorridas em nossa cidade.” 
 
 Luiz Antonio Valente Guimarães
Barcarena – Pará:
História e memória
Unidade 2
44
Barcarena – Pará: História e 
Memória
Unidade 2
Caro aluno, você 
já imaginou fazer um passeio 
pela história de nossa cidade? 
Então, nessa Unidade, teremos a 
oportunidade de visitar as antigas 
aldeias dos índios, a missão dos 
jesuítas. Veremos a bravura dos 
cabanos, a luta dos escravos nos 
engenhos e a criação de nossa 
cidade ao longo do tempo. Vamos 
começar nosso passeio?
Barcarena: nossa história, nossa memória
Você já observou que dentro do nosso município embora seja um só 
existem vários lugares diferentes? Há quem more na sede de Barcarena, 
outros vivem na Vila dos Cabanos, Vila do Conde, São Francisco, Laran-
jal, Pioneiro, Aicaraú, Cafezal, Ilha das Onças, enfim, temos várias locali-
dades, mas todos somos barcarenenses. Mas por que temos essa grande 
diferença de lugares? Será que todos eles sempre foram de Barcarena ou 
tiveram ligação com outros lugares? Há quanto tempo podemos dizer que 
os barcarenenses existem? Quem eram os seus antepassados?
Por meio de um passeio por nossa história e memória poderemos ter 
as respostas para muitas dessas perguntas. Vamos começar.
45
Barcarena: a invenção de uma cidade
É correto dizer que o município de Barcarena, a contar da data de sua 
emancipação político-administrativa, ocorrida por meio do Decreto Lei nº 
4.505, de 30 de dezembro de 1943, contará, no ano de 2018, com 75 
anos de existência. Mas antes de se tornar município o que teria sido este 
lugar? Quem habitava essas terras? Como viviam aqui?
Antes de começar o nosso percurso, observe uma linha do tempo 
para a história de Barcarena.
Antes 1653 1653 – 1709 1758 1833 1897 1943
Tempo dos 
índios
Tempo das 
missões 
jesuíticas: 
Missão dos 
Mortigura e 
dos Gibirié
Expulsão 
dos jesuítas 
e a criação 
do lugar de 
Barcarena e 
Conde
Pela divisão 
interdistrital 
do município 
de Belém, 
Barcarena fi-
gurava como 
6º distrito 
e Aicaraú 
como o 7º.
Projeto de 
lei do Se-
nado da 
Câmara de 
Belém eleva 
a povoação 
à categoria 
de Vila
Decreto Lei 
4.505, de 
30 de de-
zembro de 
1943, cria o 
município de 
Barcarena
Aldeia Missão 
Religiosa
Freguesia de 
Belém
Distrito de 
Belém
Vila de Bar-
carena
Município 
emancipado
Observando essa linha do tempo, podemos notar que o lugar que hoje 
forma o município de Barcarena foi uma aldeia indígena, depois missão 
religiosa, freguesia e finalmente distrito do município de Belém. Vejamos 
agora como se deram os principais acontecimentos, ao longo dos seus 
mais de trezentos anos de existência.
No tempo dos índios: terra dos Gibirié e Mortigura
Antes mesmo da chegada dos primeiros colonizadores, essa região 
era povoada por índios. Nas terras do atual município de Barcarena havia 
povos nativos que transitavam nas matas desta porção da grande Ama-
zônia. Eles faziam parte do tronco tupi.
Espalhavam-se por esta vasta região os Gibirié, os Mortigura e outros 
tantos. Por sua natureza, habitavam as margens dos rios, alimentando-
-se daquilo que a natureza lhes fornecia. Não conheciam instrumentos 
mais sofisticados. As bordunas, os arcos e flechas feitos de varas e cipós 
46
constituíam seus objetos de trabalho e sobrevi-
vência no meio das matas. Habitavam em mo-
radias cobertas com folhas de palmeiras nativas 
da região. 
Hoje, por meio de pesquisas, é possível localizar objetos que indi-
cam a presença das populações nativas que aqui habitaram no passado. 
Pedras lapidadas e pedaços de cerâmicas remontam aspectos da vida 
doméstica e dos ritos funerários dos nossos ancestrais. No terreno per-
tencente à fábrica da Alunorte foi localizado pelos estudiosos do Museu 
Paraense Emílio Goeldi um sítio arqueológico contendo cerâmica indígena 
e cabocla, como se pode ver abaixo. (LOPES e CANTO, 2009)
Borduna: 
Nome comum às 
armas indígenas 
feitas de madeira 
dura, usadas para 
dar bordoadas. Mini 
Aurélio Século XXI, 
2001.
Cerâmicas localizadas nas escavações dos sítios Alunorte e Jambuaçu.
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Borduna indígena
Imagem 1
Imagem 2
47
Vamos praticar
1. Encontre no diagrama abaixo alguns nomes relacionado às populações 
indígenas que existiram em Barcarena.
MORTIGURA GIBIRIÉ BORDUNA ARCOS CIPÓS
2. Quais eram as tribos indígenas que ocupavam as terras de Barcarena 
antes da chegada do colonizador europeu?
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3. Como esses índios faziam para sobreviver?
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4. Como é possível comprovar hoje que esses povos nativos habitaram as 
terras de Barcarena? 
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Igreja de São Francisco Xavier de Barcarena primeira edificação da antiga 
Missão de Gibirié. Povoado onde foi fundado o município de Barcarena.
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As missões religiosas
Por volta do final do século XVII, as terras dos 
indígenas foram ocupadas pelos europeus. Na 
fronteira da baia do Marajó, assentava-se a mis-
são religiosa de Mortigura, na atual Vila de Con-
de. No estreito canal da aldeia dos Gibirié, recebia 
em forma de sesmaria, o português Francisco Ro-
drigues Pimenta, uma légua de terras, criando a 
Fazenda Gibirié, primeira povoação de Barcarena, 
localizada na atual Vila de São Francisco Xavier.
Missão dos Gibirié
Em 1709, o proprietário da Fazenda Gibirié resolveu doar suas terras 
aos padres jesuítas com a condição de não as vender. Ali surgia em torno 
de uma igreja dedicada a São Francisco Xavier a Missão dos Gibirié. Na 
missão dos jesuítas havia habilidosos escultores em madeira, como os 
índios Marçal, Ângelo e Faustino, que, além das imagens existentes na 
Igreja de São Francisco onde viviam também deixaram seus trabalhos na 
Igreja de Santo Alexandre, em Belém do Pará.
5. Você acredita que as populações indígenas deixaram alguma influência 
para nossa cultura? Quais?
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 3
Glossário:
Sesmaria: lote de 
terra que os reis 
de Portugal cediam 
para cultivo (Mini 
Aurélio século XXI, 
2001)
49
Gravura do primeiro templo da Igreja de São João Batista.
Missão dos Mortigura
Embora a Missão Gibirié tenha sido o núcleo fundador da cidade de 
Barcarena, este povoado nãofoi o ponto principal das missões religiosas 
instaladas pelos jesuítas nesta região. Seria na terra dos Mortigura (atual 
Vila de Conde) o lugar onde os missionários jesuítas fizeram um impor-
tante trabalho de catequese dos índios.
A Igreja de São Francisco Xavier da Missão Gibirié
Foi nesta ribanceira elevada às margens do rio que 
foi edificada uma Igreja que media 55 para 60 palmos de 
comprido e vinte e cinco de largo. O orago S. Francisco 
Xavier. Além desta imagem mais outra e diversos painéis. 
Os objetos e ornamentos da praxis não são ricos, mas dig-
nos. Assim descreve Serafim Leite o aspecto da primeira 
grande construção que marca a presença dos padres jesu-
ítas na Missão Gibirié.
Para saber mais
Fragmento adaptado de: LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, 1943
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50
Marcas do tempo dos jesuítas em Vila do Conde
Antigo altar existente na Igreja de São João Batista de Vila de Conde, pro-
vavelmente entalhado pelos índios.
Instalada desde 1653, a missão religiosa de Mortigura chegou a ser 
chamada de Arca de Noé por abrigar tantos indígenas. Essa aldeia mis-
sionária recebeu índios de diversas localidades da Amazônia, como os 
bravos índios Aruan, da costa da ilha do Marajó, que ali foram misturados 
à população local. Ao longo de sua existência Mortigura chegou a possuir 
cerca de 800 índios arqueiros e 50 que dominavam o uso de armas de 
fogo.
No final do século XVII, a Missão de Mortigura estava entre as cinco 
mais populosas deste espaço do território amazônico. Sua importância 
também pode ser notada pelos religiosos que ali residiram, como o frei 
João Felippe Bettendorff e nada menos que o notável padre Antônio Viei-
ra.
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Imagem 5
51
Hoje, em Vila do Conde, local da antiga Missão dos Mortigura, resis-
te às margens da baía do Marajó, de costas para as águas, uma grande 
igreja. No seu interior se encontra um altar entalhado em madeira possi-
velmente feito pelos índios da missão religiosa de Mortigura.
Vamos praticar
1. Marque um (X) na alternativa correta
a) Missão religiosa que é considerada o núcleo fundador da cidade de 
Barcarena.
( ) Missão de Mortigura
( ) Missão de Gibirié
( ) Missão de Beja
( ) Missão de São José do Moju
2. Como surgiu a Missão dos Gibirié?
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3. De acordo com o texto, como se caracterizava a Igreja de São Francis-
co Xavier no tempo dos jesuítas?
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4. Por que a Missão dos Mortigura chegou a ser chamada de “Arca de 
Noé”?
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52
A expulsão dos jesuítas e o nascimento de Barcarena 
e Conde
As missões religiosas se tornaram na Amazônia a mais importante 
forma de organização espiritual e econômica da época colonial. 
Porém, as notícias que vinham da Europa trariam importantes mu-
danças na organização religiosa do Brasil e particularmente na Amazônia. 
D. José I foi coroado rei de Portugal, em 1750, e nomeou para o cargo 
de primeiro ministro o Marquês de Pombal. Esse administrador, que era 
5. O que fazia da Missão dos Mortigura um lugar tão importante para os 
jesuítas?
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_________________________________________________________
Sob a orientação do professor visite um desses lo-
cais históricos – Vila de São Francisco ou Vila de Conde 
e construa um breve relatório de sua visita, conside-
rando o seguinte roteiro:
• Nome do local visitado.
• Como se encontra hoje os prédios e a igreja?
• Se visitar a igreja por dentro indique os objetos 
que lhe chamaram a atenção? Por quê?
• O que você conseguiu conhecer depois dessa vi-
sita?
• Faça um pequeno texto com suas informações e 
compartilhe na sala de aula com seus colegas a expe-
riência dessa visita.
Além da sala de aula
53
Nome indígena Nome nas missões Nome português
Aldeia de Samaúma São Miguel de Samaúma Vila de Beja
Aldeia de Mortigura São João Batista de Mortigura Vila de Conde
Aldeia de Gibirié São Francisco Xavier de Gibirié Barcarena
contrário ao trabalho das missões reli-
giosas, resolveu expulsar os jesuítas do 
Brasil.
O motivo de sua decisão era porque 
este governante dizia que os padres je-
suítas formavam um “estado dentro do 
Estado” e não obedeciam às leis por-
tuguesas. Por meio de sua política, os 
jesuítas foram mandados para fora do 
Brasil. Pombal estabeleceu as Leis do Di-
retório dos Índios. Por essa lei, todos os 
bens que estavam em posse dos religio-
sos passavam para a tutela do governo, 
inclusive o controle sobre as populações 
indígenas.
Capa da Lei do Directório estabele-
cida pelo Marquês de Pombal.
Imagem 6
https://ufpadoispontozero.w
ordpress.com
/2015/05/05/diretorio-dos-indios/
Após a retirada dos jesuítas do Brasil ocorreram muitas mudanças, 
entre as quais estavam:
• Abolição da administração dos jesuítas nas aldeias dos índios, pas-
sando o controle ao governo português.
• Política do “índio cidadão”, que consistia, entre outros, na “civiliza-
ção” dos costumes e construção de uma rotina de trabalhos “produtivos”.
• Assimilação de nome e “sobrenome” português.
Assim, portanto, foi também por meio desta política que as antigas 
missões religiosas tiveram seus nomes modificados. As antigas aldeias 
indígenas, que tinham se tornado missões religiosas, tiveram suas deno-
minações substituídas por nome de cidades portuguesas, como se pode 
ver no quadro abaixo:
54
Barcarena, um nome que veio do outro lado do 
Atlântico
Nos arredores de Lisboa fica localizada a pequena freguesia de Bar-
carena. Com cerca de 10 km2, Barcarena é atualmente uma das nove 
freguesias do Concelho de Oeiras, fazendo parte do distrito de Lisboa.
Esta pequena povoação foi durante muito tempo um lugar muito im-
portante, pois era ali que se fabricava a pólvora usada nas conquistas 
portuguesas na Ásia, África e América.
Atribui-se à influência árabe a origem do nome Barcarena, segundo 
se pode observar num dicionário denominado “Vestígios da Lingoa Ará-
bica em Portugal”, escrito em 1830, pelo frei João de Sousa. Nesta obra 
localizamos o verbete Barcarena com o seguinte significado: Barr. (terra 
ou campo), Carra (habitar) e na (Nós). Significando algo como “terra de 
nossa habitação”.
Fonte: “Vestígios da Lingoa Arábica em Portugal”, escrito em 1830, pelo frei João de Sousa.
Barcarena foi um dos nomes portugueses que chegou com as refor-
mas de Pombal na Amazônia. Assim, a antiga missão religiosa de Gibirié 
no Grão-Pará passou a se chamar Freguesia da Vila de Barcarena, inspi-
rada no nome de outra cidade portuguesa do outro lado do Atlântico.
Como você pode ver, foi assim que o nosso município ganhou o nome 
que tem até hoje – Barcarena. Mas você sabe qual a origem deste nome?
55
Brasão da Freguesia de Barcarena, em Portugal, e a fachada da antiga 
fábrica de pólvora de Barcarena, hoje transformada em Museu da Pólvora.
Vamos praticar
1. Destaque do texto os motivos que levaram os padres jesuítas a serem 
expulsos do Brasil?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
2. O que mudaria na vida dos índios após a expulsão dos jesuítas e a im-
plantação do Directório?
_________________________________________________________
_________________________________________________________3. Observando o quadro sobre as mudanças dos nomes das missões re-
ligiosas existentes no nosso município, preencha as informações abaixo:
Imagem 7
Nome indígena Nome nas missões Nome português
Aldeia de Mortigura
Aldeia de Gibirié
56
4. De acordo com o texto, qual a origem do nome Barcarena?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
De freguesia de Belém à criação do município de 
Barcarena
Freguesia: 
Palavra de origem portu-
guesa que significa:
Subdivisão de um conce-
lho, sendo a menor enti-
dade administrativa.
Parte do território de uma 
diocese dirigida por um 
pároco; uma paróquia.
Como vimos, depois da expulsão dos 
jesuítas, as missões de Gibirié e Mortigura 
passaram a ser Conde e Barcarena.Esses 
lugares se tornaram freguesias ligadas ao 
município de Belém até 1943, quando Bar-
carena se tornou um município emancipado.
Nesse longo período em que passou vin-
culado administrativamente à capital, mui-
tos acontecimentos se deram nesse territó-
rio. Surgiram e se desenvolveram povoações 
na ilhas das Onças, Trambióca e Arapiranga. O Aicaraú se tornou um im-
portante espaço de atividades agrícolas, com destaque para a Fazenda 
Cafezal.
Porém, antes de demonstrar como foi criado o município de Barca-
rena em 1943, vejamos alguns acontecimentos que marcaram de forma 
significativa a história de nossa cidade. O primeiro deles é a Cabanagem.
A Cabanagem
Gravura da invasão de Belém pelos cabanos, em 1835.
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Situadas próximo à capital paraense, as terras de Barcarena foram 
palco para as tramas que levaram às invasões de Belém em 1835. Nossa 
cidade foi o local onde viveram ou morreram os principais líderes da Ca-
banagem e principalmente de onde saíram as populações humildes que 
participaram deste evento. Ainda hoje é possível localizar em Barcarena 
famílias ligadas à Revolução de 1835-40, como Malcher, Pimentel, Dias, 
Vasconcelos, entre outros.
A Revolução Cabana, que explodiu em Belém do Pará em 
1835, deixou mais de 30.000 mortos e uma população local que 
só voltou a crescer significativamente em 1860 (Raiol, 1970: 
1000). Este movimento matou mestiços, índios e africanos po-
bres ou escravos, mas também dizimou boa parte da elite da 
Amazônia. O principal alvo dos cabanos eram os brancos, es-
pecialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade 
desta revolução extrapola o número e a diversidade das pesso-
as envolvidas. Ela também abarcou um território muito amplo. 
Nascida em Belém do Pará, a Revolução Cabana avançou pelos 
rios amazônicos e pelo mar Atlântico atingindo os quatro can-
tos de uma ampla região. Chegou até as fronteiras do Brasil 
central, mas também se aproximou do litoral norte e nordeste. 
Gerou distúrbios internacionais na América caribenha, intensi-
ficando um importante tráfico de ideias e de pessoas.
Para saber mais
RICCI, Magda. Fronteiras da Nação e da Revolução: identidades locais e a experiência de ser brasi-
leiro na Amazônia (1820-1840). Boletín Americanista, Año LVIII, nº58, Barcelona, 2008
A morte do cônego
Você sabia que um dos episódios considerados marcantes para o iní-
cio do movimento cabano se deu em Barcarena? Então, isto aconteceu 
no dia 31 de dezembro de 1834, no furo do Arrozal, que na época era 
chamado de Atiteua. 
O que aconteceu foi a trágica morte do cônego Batista Campos. Esse 
religioso era influente entre as populações humildes por ser contra o go-
vernador da época Bernardo Lobo de Souza. Sua morte ocorreu quando 
fugia das perseguições ordenadas pelo governante ao cônego.
Depois de vários dias escondendo-se na casa de amigos, o cônego 
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Nicho de madeira 
que guarda na pare-
de da Igreja de São 
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urna com os restos 
mortais do cônego 
Batista Campos
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pediu abrigo na Fazenda Boa Vista do padre Eugênio de Oliveira Pantoja, 
que ficava no furo do Arrozal. Já muito abatido, ali adoeceu em função de 
um ferimento no rosto causado por uma “espinha carnal que ele a cortou 
quando fazia a barba na Fazenda de Amanajás”. 
Sem acesso aos cuidados médicos na capital, o religioso faleceu às 
duas horas da tarde, depois de “confessado e ungido” pelo vigário de Bar-
carena, Francisco da Silva Cravo. Seu corpo foi “sepultado às dez horas 
da manhã do dia seguinte na igreja paroquial, dentro da capela-mór”.
Esse acontecimento contribuiu para aumentar a raiva que a popula-
ção já possuía do governador Bernardo Lobo de Souza e resultar, sete 
dias depois, na caçada e morte deste governante em Belém como vin-
gança, entre outros, pela morte do cônego em Barcarena.
O cearense Eduardo Angelim
O cônego Batista Campos, como vimos, morreu na propriedade de 
Eugênio de Oliveira Pantoja, no furo do Arrozal, no dia 31 de dezembro de 
1834, enquanto fugia das tropas do presidente Bernardo Lobo de Souza. 
Seu corpo foi sepultado em Barcarena nos arredores da Igreja de São 
Francisco Xavier, conforme costume da época.
 Eduardo Angelim não teve sorte tão diferente. Depois de ter sido 
o terceiro governador cabano, esse cearense de Aracati, líder das lutas 
populares, chamado Eduardo Francisco Nogueira, que tinha o apelido de 
Angelim, por ser forte como uma espécie madeira da Amazônia, foi per-
seguido pelo general José Soares de Andrea. 
No ano de 1836, o ex-presidente cabano foi preso numa “palhoça” 
nos confins do Acará, num lugar chamado Rio Pequeno. Como prisioneiro 
Imagem 9
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Crânio de Eduardo Angelim encontrado em 3 de janeiro 
de 1985, no Sítio Madre de Deus.
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De bandidos a heróis e a Vila dos Cabanos
Com o passar dos anos, porém, tanto cônego Batista Campos como 
Eduardo Angelim tiveram seus nomes e suas trajetórias de vida reinven-
tados na história do Pará.
 Cônego Batista Campos, desde a proclamação da República em 
1889, tornou-se um herói republicano, por sua luta contra as forças im-
periais. Muitas cidades passaram a ter ruas, praças, escolas com o nome 
do religioso revolucionário. Em Barcarena, já desde 1897, o bacharel e 
deputado Antônio Firmo Dias Cardoso Júnior havia realizado homenagens 
e cerimônias para celebrar a memória do cônego, renomeando a praça 
em frente a secular Igreja de São Francisco Xavier, com o nome do mártir 
cabano.
 Angelim, com menor destaque, não deixou de ser lembrado. Seu 
foi remetido para o Rio de Janeiro e depois para a Ilha de Fernando de 
Noronha. Em 1851, retornou ao Pará, fixando residência em sua proprie-
dade na Fazenda Madre Deus, em Barcarena, onde morreu em 1882, sem 
grande reconhecimento por seus atos.
Imagem 10
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nome era facilmente encontrado em escolas, embarcações e outros lo-
cais.
Grupo “Vieira e Seu Conjunto” fotografado no toldo do 
barco da PMB Eduardo Angelim
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2.
Não menos simbólico a respeito da revitalização da Cabanagem e 
seus “heróis” em Barcarena, está a implantação da Company Town (cida-
de da empresa), criada para atender aos propósitos do projeto Albrás e 
Alunorte. Em 1985, data em que se comemorava os 150 anos da revo-
lução popular, o bairro de Operações recebeu a alusiva denominação de 
“Vila dos Cabanos”, assim como todas as suas vias públicas passaram a 
exibir nomes ligados à Cabanagem.
É isso! gostou de 
perceber como esse movimento 
popular tão marcante na história do 
Pará está muito ligado com a nossa 
cidade? Agora, vamos exercitar o que 
aprendemos sobre esse tema.
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61
Vamos praticar
1. O fato de Barcarena estar situada próxima a Belém influenciou na par-
ticipação desta cidade no movimento popular? Por quê?
__________________________________________________________________________________________________________________
2. De acordo com o texto, onde e quando morreu o cônego Batista Cam-
pos? Qual foi a causa de sua morte?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
3. Eduardo Angelim foi um importante líder da Cabanagem. De acordo 
com o que estudamos onde ele residiu até seus últimos dia de vida?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
4. Preencha a cruzada abaixo:
a.
b.
c.
d.
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a. Localidade de Barcarena onde faleceu o cônego Batista Campos.
b. Primeiro nome do governador do Pará que mandou perseguir o cônego 
Batista Campos.
c. Primeiro nome da ilha onde Eduardo Angelim ficou preso antes de re-
tornar a Barcarena.
d. A proclamação de que evento histórico nacional revitalizou a imagem 
dos cabanos para o Brasil.
Economia, trabalho e resistência
Barcarena, por sua posição geográfica, não foi somente estratégica 
para os levantes cabanos, como vimos anteriormente. Por causa de sua 
localização próxima a Belém, também ajudou na implantação de empre-
endimentos econômicos. E isto já era conhecido desde o século XIX. 
O que acham de 
fazermos agora um passeio 
por algumas das atividades eco-
nômicas que se desenvolveram nas 
terras de nosso município? Vamos 
nessa!
Os engenhos
 
“Calhas”, igarapé “ladrão” são, entre outros, os termos utilizados pe-
las populações locais para denominar arquiteturas desconhecidas nas 
margens dos rios e estreitos de igarapés. Essas ruínas de pedras lavradas 
são evidências materiais de antigos engenhos de maré que existiram no 
passado nas terras de Barcarena. Hoje, algumas pesquisas têm mostrado 
63
As ruínas do engenho São Mateus, a chaminé e o desvio do curso das 
águas feitos de pedra. 
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Mas entre todos os engenhos existentes em Barcarena, o que mais se 
destacou por sua grandiosidade foi aquele existente na Fazenda Cafezal. 
Ligado inicialmente às terras do Carnapijó, que pertenciam ao negociante 
português Francisco Bernardo da Silva, o engenho Santa Anna do Cafezal 
foi comprado pelo também comerciante português Antonio José Machado 
no ano de 1846.
que, desde o século XVIII e XIX, espalhava-se nas terras do atual muni-
cípio de Barcarena mais de duas dezenas de engenhos construídos nos 
seus rios e igarapés.
 Entre esses engenhos existentes em Barcarena podemos destacar 
o engenho de São Mateus, localizado num igarapé que recebeu o mesmo 
nome ligado ao rio Carnapijó. Os donos dessa propriedade foi o portu-
guês Mateus Magno Ferraz de Araújo e depois de 1871, essa engenho 
passou a pertencer à família Acatauassú.
Imagem 12
Depois de ter comprado esse engenho, seu novo dono mandou mo-
dernizar a Fazenda Cafezal. No ano de 1849, instalou máquinas a vapor, 
inglesas compradas na empresa dos engenheiros Bowman & Mc. Callum, 
proprietários de uma “fundição de ferros e fábrica de machinas” com 
sede em Pernambuco.
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Fazenda Cafezal por volta de 1968, vista pelo Rio Aicaraú (Cafezal).
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A Fazenda Cafezal tornou-se um rico empreendimento agrícola sob 
a direção de Fortunato Alves de Souza, um imigrante português que se 
casou com uma das filhas de António José Machado. Neste local, produ-
ziam-se açúcar e cachaça. No terreno da fazenda, espalhados ao longo 
do rio Cafezal, estavam plantados vastos canaviais e inúmeras árvores de 
cacau, tudo isso cultivado pelas mãos de quase uma centena de escravos.
Fortunato Alves de Sousa, o dono da Fazenda Cafezal
Fortunato se tornou um respeitado homem de negó-
cios, com propriedades e residências em Barcarena e Be-
lém. Na capital do Pará, participava de importantes órgãos 
e associações. Entre eles estava a diretoria da Santa Casa 
de Misericórdia e o hospital D. Luiz (Beneficente Portu-
guesa). Em 1864, ajudou a restabelecer a Associação Co-
mercial do Pará, onde foi eleito para participar da mesa 
diretora. Seu nome ainda aparece como sócio-fundador 
do Grêmio Literário Português, em Belém. 
Para saber mais
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Fragmento do Inventário dos bens do Engenho São Mateus
Anúncio de fugas de escravos do Engenho Carnapijó
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Nessa propriedade, alguns dos negros trabalhavam na lavoura de 
cana- de-açúcar e cacau enquanto outros trabalhavam na fabricação de 
açúcar e, principalmente, cachaça, que era um produto muito importante 
no comércio regional. 
Entretanto, os negros africanos, por sua condição de escravos, não 
aceitavam de forma pacífica o modo como eram tratados nesses enge-
nhos por seus senhores. Eles resistiam à situação de escravidão e por 
isso fugiam. Era muito comum, nessa época, os jornais mostrarem em 
suas páginas anúncios de fugas de escravos, tal como podemos notar na 
notícia abaixo:
Escravidão e resistência negra em Barcarena
Nos vários empreendimentos agrícolas estabelecidos às margens dos 
rios de Barcarena havia uma significativa presença de trabalhadores es-
cravos, alguns de origem indígena e a maioria africanos. No já citado 
engenho São Mateus, havia, em 1871, 65 escravos, sendo 37 homens e 
28 mulheres, entre adultos e crianças.
Imagem 14
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Porém, um dos maiores símbolos da resistência dos negros à escra-
vidão ocorrida nas terras de Barcarena ficou registrado na existência do 
quilombo de Mucajuba, localizado no rio Arauaia, distrito de Aicaraú. O 
Mucajuba era tido como o principal quilombo localizado nas proximidades 
de Belém. De acordo com os jornais na época da “destruição”, em 1855, 
o quilombo de Mucajuba teria existido por mais de trinta anos.
O jornal Treze de Maio dizia que, apesar de estar próximo de Belém, o 
lugar definido para a construção do quilombo tinha muitos segredos para 
se alcançar. Não foi por acaso que, anos mais tarde se contava, em for-
ma de uma narrativa fantástica, a existência de um lago encantado para 
as bandas do Arauaia. E por certo, o quilombo de Mucajuba ficava por 
trás de um lago onde foram encontrados pela polícia “setenta amocam-
bados, sendo cerca de quarenta e cinco escravos e três livres, nove se 
entregaram aos seus senhores”. Nesse lugar havia “vinte e tantas casas, 
trinta e tantas montarias e grandes roças de mandiocas, bem plantadas”.
Conforme o comandante da polícia Manoel Freitas Ribeiro, o chefe do 
quilombo era o negro conhecido como João Bala. Este, quando da chega-
da da guarda no Mucajuba, em 7 de setembro de 1855, “debalde traba-
lhava em sua defesa, tomou o expediente de retirar-se, levando consigo 
nove pretas e pretos em fuga pelo rio Moju”.
Sem pretender avançar nessa heroica história dos negros africanos 
em Barcarena, fica aqui uma breve demonstração de que a resistência 
escrava tão celebrada na luta de Zumbi dos Palmares, na Serra da Barri-
ga (Alagoas), não se fez longe de nossa cidade.
Bem, depois desse 
passeio pelos engenhos, 
fazendas e das lutas escravas 
em Barcarena, vamos exercitar 
o que aprendemos a respeito 
desses assuntos.
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Vamos praticar
1. Que registros comprovam que em Barcarena existiram engenhos de 
produção de açúcar e cachaça?
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2. De acordo com o texto, por que o engenho da Fazenda Cafezal se tor-
nou o mais importante de nossa cidade?
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3. Os negros africanos aceitavam serescravizados? Sim ou não? O que 
eles faziam?
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4. Em que localidade de Barcarena ficava o quilombo de Mucajuba? De 
acordo com o texto acima, como era esse lugar?
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A busca pelo progresso e a reinvenção da cidade 
em dois tempos
O "desejo do progresso" e o "avanço do progresso" redefiniram por 
dois momentos os rumos do município de Barcarena. No primeiro mo-
mento ocorreu com a transferência da sede para as margens do rio Mu-
curuçá e o segundo com a instalação de um grande empreendimento 
industrial a partir da década de 1980.
A transferência da sede municipal
Você já ouviu falar das histórias do Cafezal? Se 
não, converse com alguém que tenha conhecimen-
to e faça uma pequena entrevista. Colha as narra-
tivas dessas pessoas e faça um pequeno texto para 
ser lido em sala de aula.
Além da sala de aula
Croquis com a demonstração do terreno do Mucuruçá, 
onde deveria ficar a sede de Barcarena
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Na década de 1940, logo após Barcarena tornar-se município, os go-
vernantes da época resolveram mudar de local a sede administrativa 
municipal. A justificativa para tal medida era o desejo de colocar a cidade 
em um lugar com maiores oportunidades econômicas e por isso no cami-
nho do progresso.
Era a última sexta feira do ano de 1943, quando foi 
sancionada pelo então interventor federal no estado do 
Pará, coronel Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, o 
Decreto Lei de nº 4.505, “que fixa a divisão administrativa 
e judiciária do Estado, que vigorará sem alteração, de 1º 
janeiro de 1944 a 31 de dezembro de 1948, e dá outras 
providências”.
A partir da publicação desta Lei, Barcarena deixava de 
ser distrito de Belém para ser um município emancipado.
Para saber mais
A proposta foi feita pelo prefeito Frederico Vasconcelos, em sua “Ex-
posição de motivos sobre a mudança da sede do governo municipal de 
Barcarena”. Nesse documento, justificava o porquê de transferir a sede 
da antiga vila colonial de São Francisco Xavier de Barcarena para um 
novo terreno que ficava na margem esquerda do rio Mucuruçá. A escolha 
desse local se devia às seguintes condições:
• Terreno plano e enxuto, margens sólidas e de magnífica terra para 
cultura.
• Esplendida situação topográfica para fazer surgir uma aprazível ci-
dade que se poderá converter em centro de repouso como Soure, Mos-
queiro etc.
• Cidade próxima da capital com porto acessível a todas as embarca-
ções, de pequeno ou grande porte, que fazem o tráfego do Amazonas e 
de outros municípios paraenses. (Observe o mapa da página ao lado)
Assim, foi feito um longo processo de transferência da sede para as 
margens do rio Mucuruçá, tendo como marco fundador a inauguração do 
prédio da prefeitura municipal, ocorrido em 4 de fevereiro de 1962, du-
rante o governo do prefeito Raimundo Alves da Costa Dias.
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Placa inaugural da Prefeitura de Barcarena 
fixada na parte externa de entrada do prédio.
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Fachada do prédio da Prefeitura Municipal 
na década de 1970
Entretanto, foram os prefeitos Laurival Campos Cunha (1963-1967) 
e Claudomiro Correa de Miranda (1967-1971) que promoveram a “co-
lonização” e urbanização da nova sede municipal. Nas memórias dos 
moradores pioneiros da nova sede, é comum lembrarem que o prefeito 
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Laurival Cunha percorria as várias localidades incentivando as famílias a 
mudarem para a “cidade nova”. A promessa era que, na sede, haveria 
escolas, hospitais, comércio, facilidades de transporte para Belém e ou-
tros serviços até então inacessíveis para os habitantes fixados na zona 
rural. Assim, por meio dessa migração estimulada, a cidade foi aos pou-
cos sendo povoada.
Abertura das primeiras ruas da nova sede de 
Barcarena, na gestão Laurival Cunha
Inauguração do serviço de abastecimento de água e 
energia elétrica da “Força e Luz”
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Porém, foi durante o governo do prefeito Claudomiro Miranda que al-
guns dos serviços urbanos foram estabelecidos na sede. A instalação de 
abastecimento de água, eletrificação domiciliar por gerador a óleo diesel, 
a construção do mercado municipal, uma doca para receber as embarca-
ções que faziam o transporte de mercadorias para a cidade, entre outras 
iniciativas.
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Doca - porto para embarcações e o mercado municipal
Fonte: Depah/Seculd/PMB – Acervo digital Luiz Guimarães
Como você pôde observar, apesar das muitas desconfianças da po-
pulação e o longo processo político que decorreu para a sua execução, 
estava concretizado o projeto de transferência da sede municipal para 
as margens do rio Mucuruçá, assim como estava inventada uma nova 
cidade.
A criação das vilas operárias uma nova fase da 
urbanização de Barcarena
A partir de 1980, com o discurso do avanço do progresso para a 
Amazônia, Barcarena assistiu à instalação em seu território dos grandes 
projetos. Isto significava, entre outros, a construção da Albras, o porto 
de Vila de Conde, a subestação de energia da Eletronorte e a construção 
do Núcleo Urbano – a atual Vila dos Cabanos. Essa fase marca um novo 
tempo na vida da cidade e de sua população. (tema abordado na Unidade 
1).
O processo de implantação do Complexo Industrial em Barcarena – 
Portobras, Albras/Alunorte e Núcleo Urbano (Bairro de Operações, Bairro 
Pioneiro e Laranjal), mais tarde chamado de Vila dos Cabanos – alterou 
a configuração do espaço e da população de Barcarena.
Portão de entrada da fábrica da Albras
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Os números desse crescimento podem ser vistos nos censos demo-
gráficos do IBGE que registraram essa dinâmica populacional. Em 1980, 
a população de Barcarena, que era de 20.021 habitantes, duplicou na dé-
cada seguinte para 45.946. No ano 2000, alcançava 63.268 e finalmente 
chegou à primeira década do século XXI a 99.859, conforme dados do 
mesmo centro de investigação populacional.
A cidade, com a entrada dos grandes projetos, ganhou cores e formas 
contrastantes. Se por um lado surgia um centro urbano moderno, com 
ruas planejadas, com infraestrutura das grandes metrópoles, como na 
Vila dos Cabanos, por outro lado, as oportunidades de trabalho geradas 
pelas empresas atraíram muitas pessoas, que foram se estabelecer nos 
bairros pobres, e a cidade passou a conhecer com mais frequência o sur-
gimento de ocupações espontâneas.
Residência dos operários na Vila dos Cabanos no início 
da instalação da Albras
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Como você pôde 
ver, Barcarena ganhou 
outra configuração urbana 
após os anos de 1980. Depois 
que você leu esta parte, vamos 
testar o que aprendemos?
Imagem 23
74
Vamos praticar
1. Pinte de verde o quadrinho ao lado das frases corretas e de vermelho 
o das frases incorretas.
Barcarena se tornou um município emancipado por meio do Decreto 
Lei de nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943.
A sede administrativa do município nunca precisou mudar de lugar, 
pois ela sempre esteve num lugar de

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