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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES QUE ATENDEM ALUNOS INCLUSOS NA REDE REGULAR DE ENSINO

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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES QUE 
ATENDEM ALUNOS INCLUSOS NA REDE REGULAR DE ENSINO 
 
 
ZANIN, Edinara1 
GUERIOS, Felipe2 
ZANIN, Raquel3 
PIOVEZANI, Marcia Ionara4 
 
 
RESUMO: O presente trabalho decorre de reflexões feitas sobre a inclusão de 
alunos com Necessidades Educacionais Especiais – NEEs, bem como sobre a 
formação dos profissionais que atendem esses alunos inclusos. O objetivo é analisar 
a importância da formação continuada dos professores da rede municipal de ensino 
regular do Município de Pato Branco que atendem alunos com deficiências, 
transtornos e déficit de aprendizagem nas instituições de ensino. A presente 
investigação busca identificar também as reais dificuldades encontradas pelos 
professores ao atendimento a esses alunos e a oferta da formação continuada por 
parte do poder público. Ao longo dos estudos e das análises de narrativas dos 
sujeitos, a exploração deste tema evidencia lacunas e a necessidade de uma 
formação continuada capaz de preparar e capacitar os professores diante dos 
desafios com os quais se deparam no processo de inclusão dos alunos com NEEs 
no ensino regular. 
Palavras-chave: Inclusão. Formação Continuada. Ensino Regular. 
 
ABSTRACT: The present work is based on reflections made on the inclusion of 
students with special educational needs (SENs), as well as on the training of the 
professionals that attend these included students. The objective is to analyze the 
importance of the continuing education of the teachers of the regular municipal 
network of the Municipality of Pato Branco that attend students with deficiencies, 
disorders and learning deficits in educational institutions. The present research also 
seeks to identify the real difficulties encountered by teachers in attending these 
students and the provision of continuing education by the public authorities. 
Throughout the studies and analyzes of subjects' narratives, the exploration of this 
theme reveals gaps and the need for continuous training capable of preparing and 
training teachers in the face of the challenges they face in the process of inclusion of 
students with SENs in education regular. 
Key-words: Inclusion. Continuing Education. Regular Education. 
 
 
1
 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Pato Branco – FADEP. E-mail: 
edi_zanin11@hotmail.com. 
2
 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Pato Branco – FADEP. E-mail: 
felipeguerios@hotmail.com. 
3
 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Pato Branco – FADEP. E-mail: 
quel.zanin@hotmail.com. 
4
 Docente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Pato Branco – FADEP. Mestre 
em Educação pela UNIOESTE, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Graduada em 
Pedagogia. E-mail: marcia_ionara@hotmail.com. 
2 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
A educação inclusiva no Brasil ainda está em seu estado embrionário, ou 
seja, no seu estado inicial e sabe-se que o apoio e o investimento dos governos são 
necessários e, atualmente, insuficientes. Todavia, espera-se que o contínuo 
aprimoramento de projetos nesse sentido, tanto na formação acadêmica quanto na 
formação continuada de professores, com o tempo sane ou pelo menos minimize as 
falhas no atendimento aos portadores de necessidades especiais. 
Para que uma escola tenha um ensino de qualidade para todos é necessário 
aceitar e aprender a conviver com a diversidade, sendo que este “pontapé” inicial 
reforça a percepção de que as políticas de inclusão devem ser adotadas, permitindo 
que uma parcela de alunos anteriormente excluída das demais, possa a partir de 
então fazer parte das escolas comuns ou regulares. 
Este estudo tem por objetivo nos remeter a uma reflexão sobre a formação 
do professor no desafio de entender o seu papel como agente na efetivação da atual 
proposta de educação inclusiva. O grande desafio é formar professores habilitados 
para atuar em uma escola inclusiva, acessível a todos, independente de suas 
especificidades, o qual venha viabilizar possibilidades de tornar a inclusão uma 
realidade. Em função disso o estudo se apoia nas legislações vigentes que 
amparam o atendimento ao aluno incluso no ensino regular e discorrem sobre a 
importância da formação continuada dos professores que atuam na área da 
inclusão. 
Além disso, para a realização deste estudo foram feitas pesquisas 
bibliográficas em diversas obras, como livros, artigos científicos, sites e revistas 
atuais sobre o assunto, delimitando-se o espaço de tempo para as obras 
consultadas entre o período de 1986 a 2017. Essa pesquisa bibliográfica foi 
complementada com uma pesquisa de campo, onde foram realizadas entrevistas 
com duas professoras – sendo uma professora de sala de recursos e a outra, que 
atua como regente em uma sala de ensino regular – e com a Secretária de 
Educação do Município de Pato Branco. 
O desenvolvimento do artigo foi dividido em subtítulos: o primeiro subtítulo 
após essa introdução traz um breve histórico da escolarização do aluno incluso, 
destacando os principais acontecimentos relacionados à educação especial. Em 
3 
 
seguida, discorremos sobre a importância da formação dos professores na rede 
regular de ensino para o atendimento ao aluno incluso, uma vez que a educação é 
considerada como um agente de transformação desse aluno e da comunidade onde 
ele e a escola estão inseridos. Entendemos que a formação dos professores é um 
elemento de fundamental importância no processo de superação de preconceitos e 
de exercício da cidadania, principalmente na luta de segmentos sociais pela inclusão 
social de alunos com deficiência, estando tais segmentos no âmbito governamental, 
universitário, familiar ou outros. No subtítulo seguinte tratamos de analisar a 
legislação vigente acerca da formação dos professores para atender os alunos 
inclusos no ensino regular. Para finalizar, o último subtítulo trata da análise e 
discussão das informações coletadas na pesquisa de campo, sendo notórias as 
ansiedades, decepções e descasos quanto à inclusão de alunos com deficiência e 
como essa inclusão está sendo concretizada na atualidade. 
Este trabalho evidencia que, para se conquistar um ensino de qualidade e 
para todos, nesse caso mais especificamente para os alunos portadores de NEEs, 
devem-se realizar adaptações físicas na estrutura escolar bem como é preciso 
oferecer atendimento educacional especializado, paralelamente às aulas regulares, 
pois a nossa Constituição garante, desde 1988, o acesso de todos ao Ensino 
Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber 
atendimento especializado preferencialmente na escola, e que esse atendimento 
não substitui o ensino regular. 
 
 
2 - REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 - A HISTÓRIA DA ESCOLARIZAÇÃO DO ALUNO INCLUSO 
 
A maneira de organizar a Educação Especial sempre foi motivada por um 
critério específico: a definição de sujeitos que, por diversas razões, não 
correspondem às perspectivas de normalidade definidas por padrões sociais 
vigentes. No decorrer da história, a Educação Especial constituiu-se uma área da 
educação designada a apresentar retornos educativos para determinados alunos, ou 
seja, para aqueles que não apresentariam probabilidades de aprendizagem 
4 
 
coletivamente em classes regulares. Esses alunos foram denominados e rotulados 
como anormais, retardados, entre outras denominações. 
Na Idade Média por falta de conhecimento e superstição, alguns povos 
ignoravam essa parcela da população chegando, em alguns casos, até a matar as 
pessoas com deficiência por acreditar em castigo divino. Outras pessoas portadoras 
de deficiências sofriam o abandono por parte da família, pois agindo desta forma a 
família acreditava estar livrando-se do mal lançado sobre eles. 
Nesta perspectiva, um grupo de médicos da época começou a se preocuparcom essas atitudes vindas da sociedade. Tais médicos resolveram trabalhar com 
esses sujeitos em asilos, casas de expostos, hospitais psiquiátricos, casas de 
misericórdia, dentre outros. 
No percurso da educação especial, percebe-se a adaptação da cultura 
diferenciada, de diferentes indivíduos pertencentes a outras origens, mesmo vivendo 
em um mesmo país, para a cultura integradora, em encontro com a atualidade para 
o todo da escola inclusiva, ultrapassando as antigas concepções. Para entender o 
processo histórico da deficiência é necessário conhecer os trajetos percorridos pelo 
homem na sua relação com a quantia da população constituída por pessoas 
distintas, com dificuldades funcionais e necessidades diferenciadas. 
Segundo Jannuzzi (2004), a educação de pessoas com deficiência foi 
originada a partir dos esforços e trabalho de pessoas sensibilizadas com o 
problema. A autora relata que 
 
Ainda na esperança de que um órgão nacional conseguisse 
melhorias e integração social ao deficiente, foi criado em 1985 um 
novo órgão para integração das populações, a Coordenação 
Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência (CORDE), 
que visou aspectos mais amplos do que o CENESP e oportunizou a 
participação dos deficientes em suas decisões, colaborou não só 
com a divulgação de orientações que viabilizassem a integração 
social do deficiente, mas também apontou os motivos que pareciam 
dificultar tal feito. (JANUZZI, 2004) 
 
A educação inclusiva percorreu um longo caminho até o presente momento, 
tendo inúmeras vitórias e conquistas. No entanto, ainda há muito para ser feito até 
que a escola seja um verdadeiro instrumento que promova a inclusão, onde todos 
sejam aceitos com suas especificidades e diferenças, suas limitações e dificuldades. 
5 
 
A escola inclusiva visa a construção de uma sociedade para todos, com os mesmos 
direitos e oportunidades de se desenvolverem, sem discriminação ou preconceito. 
 
 
2.2 - A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE 
REGULAR DE ENSINO NO ATENDIMENTO AO ALUNO INCLUSO 
 
A necessidade de explorar ou aprofundar o tema "A importância da 
formação continuada dos professores", inicia-se quando nos deparamos com as 
dificuldades de aprendizagens apresentadas pelos alunos. Entre outras 
possibilidades para a origem dessas dificuldades, estão aquelas de cunho 
pedagógico, envolvendo estratégias metodológicas diferenciadas e apropriadas de 
acordo com as necessidades apresentadas pelos alunos inseridos no ensino regular. 
Em um primeiro momento é necessário que o docente articule seu trabalho 
voltado para a diversidade, para que a inclusão aconteça em sua totalidade no 
ensino regular. Em um segundo momento faz-se necessário que o professor possua 
um olhar para as individualidades de cada sujeito que está inserido em sua sala de 
aula. Esse olhar singular permite que o professor seja capaz de identificar as 
necessidades individuais de cada aluno, bem como suas potencialidades, para 
melhor atendê-los em suas dificuldades. Entende-se que, para isso, se faz 
necessária e pertinente uma formação que capacite o professor para atender a 
demanda de alunos inclusos. 
A inclusão deve ser um processo que resulte no desenvolvimento de forma 
integral de todos os alunos. A escola é a instituição capaz de promover esse 
desenvolvimento significativo na totalidade. Para tanto, é preciso considerar que 
cada pessoa aprende de forma peculiar, no seu tempo, de diversas maneiras, 
levando em consideração também o meio social em que está inserido e seu contexto 
histórico. 
Neste contexto a instituição escolar também se torna um instrumento capaz 
de conscientizar as demais crianças, ditas “normais”, por meio do trabalho do 
professor, da importância do respeito às diferenças e às necessidades singulares de 
cada um. Segundo Moraes 
 
6 
 
[...] o conhecimento humano é adquirido pelo indivíduo por meio da 
estruturação, por meio da transmissão estruturadora do processo 
ensino-aprendizagem, e o sujeito tem um papel insignificante em sua 
aquisição e em sua elaboração. A educação, na maioria das vezes, é 
compreendida como instrução e está circunscrita à ação da escola. A 
ênfase é dada às situações de sala de aula, nas quais os alunos são 
instruídos pelo professor. (MORAES, 2003, p.51) 
 
Nesse sentido, cabe ao professor em sala de aula estimular o respeito à 
diversidade e heterogeneidade entre os alunos. Para isso, se faz necessário 
repensar as práticas que, historicamente, têm se mostrado homogêneas. 
Segundo Mantoan (2009, p.142), “compreender o espaço que cada um está 
inserido é compreender uma gama de possibilidades partindo da prática educativa 
dos professores”. O professor como mediador deverá promover um ensino capaz de 
atender as diferenças apresentadas pelos alunos. Para Mantoan, 
 
[...] a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os 
professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão 
escolar de pessoas deficientes torna-se uma consequência natural 
de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições 
atuais do ensino básico. (MANTOAN,1997, p.120) 
 
No entanto, não basta apenas o professor ter formação, faz-se necessário 
que a escola também esteja preparada para derrubar barreiras atitudinais impostas 
por ela mesma. 
Assim, cabe à sociedade ter o comprometimento de empreender as 
mudanças, pois somente dessa maneira a inclusão de pessoas com deficiência 
acontecerá definitivamente. Para que haja respeito e compreensão para com as 
pessoas portadoras de deficiências é preciso obter o conhecimento e assim 
proporcionar o avanço no processo de ensino aprendizagem. 
A inclusão estabelece uma ruptura com o modelo tradicional de ensino, 
necessitando-se de uma transformação que coloque em destaque o aluno como 
sujeito do processo, percebendo que, mesmo não possuindo deficiência aparente, 
cada um tem seus limites. 
 
 
7 
 
3 - ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO VIGENTE ACERCA DA FORMAÇÃO DOS 
PROFESSORES PARA ATENDER OS ALUNOS INCLUSOS NO ENSINO 
REGULAR 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (BRASIL, 1996), no 
artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos estudantes 
currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas 
necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o 
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas 
deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão 
do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da 
educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante 
verificação do aprendizado”. Da LDB, entendemos que toda pessoa deficiente tem 
direito a participar da vida social de maneira mais “normal”5 possível, tendo seus 
direitos reconhecidos e respeitados pela sociedade em geral. 
Percebe-se que a inclusão não cabe no paradigma tradicional da educação, 
mas requer um modelo diferente das propostas existentes. Essa proposta 
diferenciada parte, tanto pelo reconhecimento dos direitos dos deficientes pela 
sociedade, quanto pela regulamentação das leis que promovam acessibilidade, e 
ainda pela formação continuada do professor. Nos últimos anos as escolas 
começaram a preocupar-se com essa questão em relação à necessidade de oferta 
de um atendimento de qualidade aos alunos inclusos, pois está cada vez maior a 
demanda de alunos com algum tipo de deficiência nas escolas de ensino regular. 
Para uma escola ser inclusiva, além de receber os alunos, a mesma tem o 
dever de realizar as adaptações necessárias para o devido atendimento da criança 
inclusa, ou seja, dos mais variados tipos de alunos. Além de eliminar as barreiras 
arquitetônicas, é importante adotar métodos e práticas de ensino adequado às 
diferenças dos alunos, sendo responsabilidade da equipe escolar, enquanto 
mediadores desta inclusão,proporcionar um ensino sem desigualdades, pois 
quando se fala sobre inclusão não se está falando somente dos alunos com 
deficiência e sim de toda a escola, onde a diversidade se sobressai por sua 
singularidade. Cabe ressaltar que a inclusão ultrapassa a simples matrícula desse 
 
5
 Aqui o termo “normal” está colocado no sentido de participar na sociedade sem discriminação e 
exclusão, sendo respeitadas suas limitações. 
8 
 
aluno no ensino regular. A inclusão deve promover o desenvolvimento por meio de 
mudanças significativas no processo de escolarização. 
Como afirmam Glat e Nogueira: 
 
Vale sempre enfatizar que a inclusão de indivíduos com 
necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não 
considera apenas a sua permanência junto aos demais alunos, nem 
na negação dos serviços especializados àqueles que deles 
necessitam. Ao contrario, implica uma reorganização do sistema 
educacional, o que acarreta a revisão de antigas concepções e 
paradigmas educacionais na busca de se possibilitar o 
desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, 
respeitando suas diferenças e atendendo às suas necessidades. 
(Glat e Nogueira, 2002, p. 26) 
 
É importante reconhecer o professor como facilitador desse processo de 
apropriação do conhecimento, independentemente da diversidade que se apresenta, 
assim tornando o ambiente de sala aula propício para a aprendizagem e 
desenvolvimento integral de todos os educandos. 
Ainda na LDB (BRASIL, 1996), seu artigo 59 expõe que os sistemas de 
ensino da educação básica devem assegurar aos educandos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: 
 
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização 
específicos, para atender às suas necessidades; 
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o 
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de 
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o 
programa escolar para os superdotados; 
III - professores com especialização adequada em nível médio ou 
superior, para atendimento especializado, bem como professores do 
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas 
classes comuns; 
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva 
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas 
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho 
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem 
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas 
áreas artística, intelectual ou psicomotora; 
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais 
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
(BRASIL, 1996) 
 
Diante da LDB é possível perceber que, no inciso terceiro, destaca-se a 
importância e obrigatoriedade da formação específica dos professores para que 
9 
 
realizem o atendimento individualizado no ensino regular, ao aluno que tenha 
qualquer tipo de deficiência. Para ser habilitado à realizar a integração dos 
educandos em âmbito escolar, o profissional deve ter uma formação ampla para 
atender e desenvolver as competências de cada um. 
O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) apresentou de forma mais clara o processo de 
inclusão. Com um aspecto orientador, trouxe entre os objetivos dessa política: 
 
Assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, 
orientando os sistemas de ensino para garantir acesso ao ensino 
regular, com participação, aprendizagem e continuidade dos níveis 
mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de 
educação especial desde a educação infantil até a educação 
superior, oferta do atendimento educacional especializado; formação 
de professores para o atendimento educacional especializado e 
demais profissional da educação para a inclusão; participação da 
família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos 
transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e 
articulação intersetorial na implementação das políticas públicas 
(BRASIL, 2008). 
 
Segundo esse documento, a educação especial em toda a esfera 
educacional, deve ocorrer por ações que possam promover o acesso à educação e 
o envolvimento dos alunos no processo educativo, partindo sempre de um 
planejamento pedagógico e organização dos recursos didáticos apropriados para 
atender às múltiplas necessidades educacionais apresentadas pelos alunos. 
Evidencia-se mais uma vez que a verdadeira inclusão deve garantir o 
acesso do aluno ao conhecimento historicamente construído, utilizando-se de 
metodologias adequadas para cada tipo de deficiência, buscando atender as 
necessidades educacionais especiais de cada sujeito. 
A legislação garante o direito de acesso à educação de qualidade a todos, 
inclusive aos alunos com deficiência. De acordo com o artigo 27 do Estatuto da 
Pessoal com Deficiência: 
 
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados 
sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao 
longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento 
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, 
10 
 
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e 
necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015) 
 
Neste aspecto, é cabível o questionamento, de como os profissionais da 
educação estão sendo preparados para atender esta “nova demanda”? A formação 
continuada existe, mas está contemplando essa área? Está atendendo às 
necessidades desses profissionais? É suficiente para promover uma educação de 
qualidade para todos? 
Segundo a mesma lei, em seu parágrafo XI, o poder público deve garantir 
formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional 
especializado, de tradutores e intérpretes de LIBRAS, de guias intérpretes e de 
profissionais de apoio. A lei é clara, mas está sendo cumprida dentro de suas 
diretrizes? Há incentivo aos profissionais para que se especializem nesta área? 
Diante disso vem outro questionamento: o professor que está em sala, atualmente, 
está apto a atender esse aluno portado de NEEs? 
A inclusão beneficia todas as pessoas e não só as com deficiência, porque a 
verdadeira inclusão é para todos. Nesse sentido, entende-se que a escola precisa 
adequar suas funções políticas, sociais e pedagógicas, alterando seus espaços 
físicos, melhorando as metodologias de ensino, a formação dos profissionais que 
nela atuam, aprimorando suas ações para garantir a aprendizagem, buscando 
atender as necessidades de qualquer educando, sem discriminação. 
Promover a inclusão requer muitos esforços. Não se trata apenas de garantir 
que o aluno com NEEs esteja matriculado, mas é imprescindível ofertar condições 
adequadas de aprendizagem, como destaca Magalhães: 
 
[...] não se trata somente de garantir vagas, mas de organizar formas 
que colaborem com uma permanência com êxito. Isto implica na 
necessidade de formação adequada de profissionais do ensino [...] e 
da quebra de barreiras de quaisquer tipos. (2006, p. 46) 
 
Partindo desses pressupostos, realizou-se uma entrevista com a secretaria 
de educação do Município de Pato Branco, no Estado do Paraná e com duas 
professoras que atuam na rede municipal de ensino e atendem alunos com 
deficiência incluídos no ensino regular com o objetivo de enriquecer essa pesquisa e 
responder as questões em relação à formação continuada dos professores. 
 
11 
 
 
4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 
 
Neste subitem serão apresentados os sujeitos inquiridos, bem como suas 
narrativas. As narrativas dos sujeitos foram adquiridas por meio de entrevista 
semiestruturadas, que é uma forma qualitativa de coletar as informações para aanálise do objeto de pesquisa. De acordo com MANZINI (2004), a entrevista 
semiestruturadas “se insere em um espectro conceitual maior que é a interação 
propriamente dita que se dá no momento da coleta”. 
A escolha metodológica de realizar essa pesquisa utilizando a entrevista 
semiestruturadas está apoiada na ideia de que 
 
[...] a entrevista pode ser concebida como um processo de interação 
social, verbal e não verbal, que ocorre face a face, entre um 
pesquisador, que tem um objetivo previamente definido, e um 
entrevistado que, supostamente, possui a informação que possibilita 
estudar o problema em pauta, e cuja mediação ocorre, 
principalmente, por meio da linguagem. (MANZINI, 2004). 
 
A pesquisa foi desenvolvida junto à Secretaria de Educação do Município de 
Pato Branco, onde foi entrevistada a secretária, e também junto à professores da 
Rede Municipal de ensino que atendem em suas classes alunos inclusos no ensino 
regular. As entrevistas realizadas tinham, como primeiro ponto de análise, entender 
como acontece a formação continuada dos professores da rede municipal de ensino, 
mais especificamente aqueles professores que atendem alunos com deficiência no 
ensino regular. 
Fez-se uso da entrevista com o objetivo de identificar e confrontar 
informações fornecidas pelo representante da Secretaria e pelos professores no que 
tange à capacitação dos professores para atender os alunos inclusos no ensino 
regular. A mesma possibilitou a busca de informações sobre opiniões, concepções, 
expectativas e percepções, tanto por parte do poder público quanto por parte dos 
professores, sobre a oferta de formação continuada e preparação dos mesmos para 
atender os alunos inclusos matriculados na rede municipal de ensino. 
Além disso, as narrativas dos sujeitos serviram para complementar a as 
informações obtidas por meio de fontes bibliográficas. 
12 
 
Para realizar a entrevista com a secretária de educação pautou-se na 
legislação que garante a inclusão do aluno com necessidades educacionais 
especiais na rede regular de ensino. 
Foram feitas algumas questões junto a responsável pela secretaria de 
educação do município de Pato Branco com o intuito de esclarecer como acontece a 
formação continuada dos professores da rede municipal de ensino. 
Quando indagada sobre a existência de uma legislação específica que rege 
a inclusão de alunos com deficiência na educação básica no município de Pato 
Branco, a entrevistada respondeu: 
 
O município não possui um sistema próprio, segue todas as normas 
e regulamentos da Secretaria Estadual de Educação e do Governo 
Federal, sempre respeitando a lei maior (LDB). 
 
Em relação à oferta de formação continuada aos professores da rede 
municipal de ensino, visando o aperfeiçoamento da equipe, a mesma informou que: 
 
O município promove formação continuada de forma abrangente, não 
especifica a todos os profissionais da área, mas sim a um grupo que 
trabalha de forma multidisciplinar, onde eles repassam as 
aprendizagens aos demais que necessitam obter as mesmas 
informações. A formação geral acontece a cada seis meses, ou 
quando há parcerias com instituições de ensino superior e entidades 
parceiras do município. 
 
 
É necessário ressaltar que a Política Nacional de Educação Especial 
(BRASIL, 2008) trata da importância da formação dos professores delineando as 
Diretrizes da Educação Especial para amparar o sistema regular de ensino diante da 
inclusão dos alunos com necessidades especiais. Em reforço a isso, a LDB 
(BRASIL, 1996), traz em seu artigo 59, citado anteriormente, dois perfis de 
professores para atuar com alunos que necessitam atendimento educacional 
especial: 
 
a) Professor de classe comum capacitado - comprove em sua 
formação conteúdos ou disciplinas sobre Educação Especial e 
desenvolvidas competências para: 
I - perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos; 
II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas do 
conhecimento; 
13 
 
III - avaliar continuamente a eficácia do processo educativo; 
IV- atuar em equipe e em conjunto com o professor especializado. 
b) Professor especializado em Educação Especial - Formação em 
cursos de licenciatura em Educação Especial ou complementação de 
estudos ou pós-graduação para: 
- Identificar as necessidades educacionais especiais; 
- Definir e implementar respostas educativas; 
- Apoiar o professor da classe comum; 
- Atuar no processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; 
- Desenvolver estratégias de flexibilização, adaptação curricular e 
práticas alternativas. (BRASIL, 1996) 
 
Segundo Mittler (2003, p. 15), “[...] a inclusão implica que todos os 
professores tenham o direito de receber preparação apropriada na formação inicial 
em educação e desenvolvimento profissional contínuo durante sua vida profissional”. 
Para tanto, os princípios de formação docente necessitam ser reestruturados, com 
propostas de modificações para habilitar os professores por meio de uma 
metodologia constante de desenvolvimento profissional envolvendo formação inicial 
e continuada, oportunizando assim a edificação e a ampliação de suas 
desenvolturas para trabalhar com o ensino inclusivo, objetivando oportunizar a todas 
as crianças e jovens o acesso ao ensino de qualidade, diante das suas desiguais 
necessidades. 
Relacionado aos investimentos feitos para fins de aperfeiçoamento, a 
entrevistada destaca com ênfase que a prefeitura utiliza de recursos próprios e em 
alguns casos conta com auxílios dos Governos Estadual Federal. 
Reforçando sobre a frequência em que são ofertadas as capacitações para 
os professores, ficou claro que incide nas semanas pedagógicas, em três momentos 
durante o ano letivo. Quando indagada se são suficientes essas formações 
oferecidas pelo município aos profissionais de educação, respondeu: 
 
Sim. Acredito que todos os cursos oferecidos aos educadores visam 
um apoio ao trabalho pedagógico, isso é possível medir pela 
aprendizagem dos alunos, todos os cursos objetivam a qualidade no 
ensino, porém, cabe aos educadores que o recebem, adaptar a 
teoria com a prática. 
 
Percebe-se que a entrevistada não manteve o foco na questão em análise, 
uma vez que não se obteve uma resposta clara e objetiva em relação à suficiência 
das formações continuadas ofertadas aos professores da rede municipal de ensino. 
14 
 
Questionada sobre quais circunstâncias os alunos recebem a tutoria ou o 
apoio de um profissional especializado que o acompanhe em sala de aula no 
cotidiano escolar, a entrevista responde: 
 
Os profissionais que atuam em sala de aula como apoio, são 
geralmente professores em fase final de carreira, (aposentadoria), 
que não tem mais disposição para ser regentes de uma turma, ou 
estagiários de psicologia, enfermagem e pedagogia, sempre de 
acordo com a demanda de alunos e do município. 
 
Entretanto, para que a inclusão de fato se concretize, é necessário que os 
professores estejam preparados para lidar com esse tipo de situação. O art. 59, da 
Lei das Diretrizes e Bases, afirma que os sistemas de ensino devem assegurar aos 
educandos com necessidades especiais “professores com especialização adequada 
em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores 
do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes 
comuns.” (Brasil, 1996). 
Em um segundo momento visitou-se duas escolas de Ensino Fundamental - 
Séries Iniciais, para entrevistas diretas com os profissionais que atendem os alunos 
inclusos dentro de sala de aula, a fim de enriquecer essa discussão. Foram 
entrevistadas duas professoras que trabalham com alunos portadores de deficiência 
na rede regular de ensino. Para preservar a identidade das professoras, elas serão 
chamadas de professora "A" e professora "B". 
A professora “A” é formada em pedagogia e pós-graduada em educação 
especial. Atua na área de pedagogia há 20 anos, e na educaçãoespecial há cinco 
anos. Iniciamos perguntando se a escola onde ela atua atende algum aluno incluso, 
e, caso positivo, quais as deficiências apresentadas por esses alunos. A 
entrevistada respondeu: 
 
A escola atende em sala de recurso multifuncional tipo um, que 
trabalha com alunos com as deficiências de autismo, asperger, 
disléxico, discalculia, deficiências intelectuais, ou seja, todas de tipo 
leve. Não atendemos aqui alunos surdos, cegos, com deficiência 
física, por falta de adaptação tanto na estrutura quanto no preparo de 
pessoas para auxiliá-los. Também trabalho com outras duas escolas 
nos bairros próximos. Na escola, alguns alunos com transtornos tem 
uma professora estagiária de psicologia e no contraturno um 
atendimento especializado. Alunos com altas habilidades tem 
atendimento em outra escola do município. 
15 
 
 
Em relação à oferta de formação continuada aos professores que atendem 
alunos inclusos na rede municipal de ensino do município de Pato Branco, a 
profissional informou: 
 
Existiram formações em alguns momentos em outras gestões. Os 
professores tinham uma semana de formação continuada, manhã, 
tarde e noite, algo bem significativo em forma de cursos com 
certificação, isso até os anos de 2013/2014, após isso, foram 
ofertados entre cinco ou seis palestras sobre o assunto, sem 
certificação. Quando muda alguma lei, por exemplo, os professores 
são informados, tendo um apoio verbal que necessitam. Isso a 
prefeitura oferta sempre. 
 
Ainda sobre a formação continuada, questionou-se sobre as especificidades 
das formações. Indagamos se as mesmas são específicas para o professor que 
atende o aluno de inclusão no ensino regular, em resposta: 
 
São específicos para professores de salas de recursos, e algumas 
vezes para os de sala regular. 
 
Questionada sobre a frequência com a qual essa formação continuada é 
ofertada, ela responde: 
 
Não tem nada definido além da Semana do Excepcional, onde a 
APAE de Pato Branco oferece um dia de formação continuada, onde 
são apresentados novos casos, além disso, quando alguma 
instituição da cidade tem algo programado sobre o assunto, os 
profissionais são convidados a participar, normalmente são palestras. 
 
Questionamos se esses cursos ofertados são suficientes para garantir uma 
educação de qualidade numa escola inclusiva, a professora afirma: 
 
Não, nem para os professores especializados, muito menos para os 
professores de sala regular, onde muitas vezes se negam a aceitar 
esses alunos inclusos em sala de aula, deixando-os muitas vezes 
sem os atendimentos necessários, não efetivando uma educação de 
qualidade conforme prevista na legislação. 
 
A partir da fala da professora, percebe-se o quanto ela se sente 
despreparada, apesar da sua formação, para trabalhar com esses alunos inclusos. 
16 
 
Destaca-se a urgência da qualificação profissional para se trabalhar na perspectiva 
da educação inclusiva. 
Assim observa-se essa discussão em torno da formação continuada dos 
professores que vem fortemente ganhando espaço no campo educacional, num 
plano inacabável de debates, no que se refere às práticas e teorias para que os 
docentes se tornem capacitados para atender a diversidade. 
A professora informou sobre o que mais a ajudou nesse tempo de formação 
continuada ofertada pelo município, a docente informou que: 
 
Não tem como destacar um único curso ou algo em específico, pois 
todos os cursos de formação continuada realizado durante minha 
carreira como professora trouxeram informações importantes que 
acrescentaram no meu conhecimento que utilizo no meu dia a dia. A 
cada formação são novos temas e discussões abordadas e que 
auxiliam muito na escola. 
 
Sabemos que o aperfeiçoamento profissional é imprescindível e necessário, 
pensando nisso, durante a entrevista foi questionado à docente se ela fez alguma 
formação continuada ou especialização por vontade e com recursos próprias. Sua 
resposta foi: 
 
Sim, cursos específicos na área de dificuldades na aprendizagem, 
neurociência, LIBRAS, musicalização... todos que são direcionados 
às dificuldades de aprendizagem sendo utilizada muito a formação 
em brinquedoteca, nos atendimentos, contação de histórias, 
coordenação motora, entre outros. Todos procurados e pagos por 
conta própria, alguns inclusive em outros estados, como São Paulo 
por exemplo. 
 
Sobre a importância da formação continuada de professores, Garcia afirma 
que: 
 
A formação continuada de professores favorece questões de 
investigação e de propostas teóricas e práticas que estudam os 
processos nos quais os professores se implicam, e que lhes permite 
intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do 
currículo e da escola. (1999, p. 22) 
 
Tendo em vista a importância dada à propriedade do professor em 
conhecimentos característicos para atuar com Educação Especial, é necessário 
17 
 
remeter-se aos cursos de licenciatura, que se propõem formar professores aptos. Os 
cursos de licenciatura devem adequar metodologias que auxiliem no 
desenvolvimento da aprendizagem significativa de seus alunos. Com isso destaca-
se a contribuição do profissional no desenvolvimento e atendimento aos alunos 
inclusos. Em seguida, questionou-se a professora a esse respeito, isto é, a 
importância do processo pedagógico no trabalho desenvolvido junto aos alunos 
portadores de NEEs. A esse questionamento, ela respondeu: 
 
O processo pedagógico com a criança é de grande valia, é possível 
observar isso pelo retorno dado por elas, em simples atividades e 
ações realizadas, contudo, nessa perspectiva, não basta apenas o 
trabalho pedagógico, mas sim também a família torna-se importante 
nesse processo. 
 
Como a professora trouxe o elemento família em sua resposta, 
consideramos importante, nesta perspectiva, evidenciar o pensamento de Nérici, 
que escreve: 
 
Faz-nos refletir sobre essa relação, “[...] A influência da família, no 
entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e 
nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la [...]”, é 
necessário que família e escola trabalhem em consonância para que 
o processo educativo seja evidente e eficaz. (1972, p. 12). 
 
Pensando sobre a necessidade do apoio em sala de aula ou de uma equipe 
multidisciplinar para que aconteça a contribuição no atendimento dos alunos 
inclusos, a professora respondeu que: 
 
Existe um apoio de uma escola do Município de Pato Branco onde 
fica concentrada a equipe multidisciplinar (fonoaudióloga, psicóloga e 
a coordenadora de educação especial), que necessitando de algum 
desses profissionais é feito o agendamento dentro das 
disponibilidades de horários, pois os mesmos são contratados 20 
horas semanais pelo município para atendimento de todos os casos, 
também pelo fato de nenhuma escola ter psicopedagoga no seu 
quadro de funcionários, o trabalho é feito também pelo professor da 
sala de recursos, como identificação e avaliação dos alunos com 
suspeita de algum transtorno, incluindo a ficha avaliativa que cada 
um necessita ter com as diversas informações colhidas no decorrer 
dos atendimentos. 
 
18 
 
Para finalizar a entrevista com essa professora, perguntamos se ela teria 
alguma sugestão para melhorar esses atendimentos aos alunos inclusos, ela diz: 
 
A prefeitura deveria fazer visitas nas escolas para conhecer a 
realidade dos alunos inclusos, pois cada um necessita de um 
atendimento diferenciado, ou seja, não é possível trabalhar com 
todos utilizando os mesmos métodos, somente assim seria possível 
entender que o professor não consegue aplicar a mesma coisa em 
todas as escolas, e que o trabalho realizado com elas depende muito 
do dia a dia de cada criança. 
 
Com isso é possível perceber a falta de conhecimento no âmbito presencial 
da Secretaria de Educação do Município de Pato Branco nas escolas, escolas essas 
que são responsáveis pelos atendimentos das crianças com deficiência. Logo, paraque seja possível uma compreensão de forma individual de cada necessidade que 
precisa ser suprida, deixando de lado uma visão errônea de que é possível atender 
a todos os transtornos de uma mesma forma, e com isso poder oferecer formas e 
métodos adequados a cada situação, garantindo uma educação significativa e de 
qualidade a todos os alunos inclusos, é de suma importância que as visitas às 
escolas, entrando nas salas de aulas com alunos inclusos, sejam constantes, de 
forma investigativa e como apoio aos profissionais que estejam trabalhando 
diretamente com essas crianças inclusas, para acompanhar como estão atuando. 
Em outro momento o grupo de pesquisa visitou outra escola do Município de 
Pato Branco, onde foi conversado com a professora “B”, graduada em Pedagogia e 
pós-graduada em Supervisão e Orientação Educacional, atuando na área da 
educação há vinte e dois anos. 
Foram repetidas as mesmas perguntas para as duas profissionais em 
questão, “A” e “B”, porém algumas das respostas não foram as mesmas. Iniciamos a 
entrevista indagando a professora se a escola na qual ela atua atende algum aluno 
incluso e, caso positivo, quais as deficiências que eles possuem. Sua resposta foi: 
 
Atuo hoje em uma Escola Municipal na cidade de Pato Branco e 
possuímos crianças inclusas. As deficiências são: auditiva, TDAH, 
Síndrome de Tourett, Mental Leve a Moderada, tetraparético com 
hemiparesia. 
 
Perguntamos à mesma se ela já teria trabalhado com algum aluno de 
inclusão, e qual era sua deficiência ou necessidade educacional especial: 
19 
 
 
Sim, em contra turno com retardo leve e algumas outras disfunções, 
quando iniciei minha carreira, pouco era discutido e abrangente o 
tema inclusão, não se tinha um trabalho específico dedicado a essas 
crianças. 
 
Indagamos se Município de Pato Branco, junto a Secretaria Municipal de 
Educação oferta formação continuada aos professores da rede: 
 
O município oferta uma formação ampla, nada dedicada e exclusiva 
em determinadas áreas, geralmente quem precisa se especializar 
deve procurar outros meios de formação. 
 
Comparando as duas profissionais entrevistadas, foi possível perceber que 
essa formação continuada ofertada pelo município já aconteceu com maior 
frequência e de outras formas, o que resultou em um maior aproveitamento. 
Percebe-se que atualmente, caso o professor necessite de um amparo específico, 
ele precisa procurar por sua própria conta. Ainda nesse ponto, questionamos se 
essa formação que acontece hoje em dia é específica para o professor que atende o 
aluno de inclusão no ensino regular, ela responde: 
 
Ocorre a oferta, mas, o professor deve investir na sua formação, a 
prefeitura divulga cursos, mas o profissional deve correr atrás, pelo 
que sei existe formação específica para equipes multidisciplinares 
que atuam junto à prefeitura. 
 
Em análise as respostas das professoras “A” e “B”, obteve-se a conclusão 
de que esta formação continuada é ofertada primeiramente apenas para 
profissionais que atuam multidisciplinarmente ou em sala de recursos, deixando os 
profissionais atuantes em sala regular em um segundo plano, observando que na 
maioria dos casos, os profissionais contratados para acompanhar esses alunos são 
estagiários. Deveriam ser os professores os mais indicados para obter preparo 
específico para essa demanda, e não os estagiários. Pensando nisso, Pimenta 
assegura que a formação continuada: 
 
Mobiliza os saberes da teoria da educação necessários à 
compreensão da prática docente, capazes de desenvolverem as 
competências e habilidades para que os professores investiguem a 
própria atividade docente, e, a partir dela, constituam os seus saberes-
20 
 
fazeres docentes, num processo contínuo de construção de novos 
saberes. (2005, p. 528) 
 
Tendo em vista essa importância, a questão levantada em seguida foi 
referente à frequência com que esses cursos de formação acontecem. A professora 
responde que: 
 
Acontece para todos os professores a cada seis meses na semana 
pedagógica ou quando ocorrem convites por partes de entidades 
parceiras e a APAE de Pato Branco, que oferece uma especialização 
algumas vezes. 
 
Pensando no aspecto da profissionalização, o docente é visto como um 
administrador ativo dentro do seu meio de desempenho, sujeito que é capaz de 
refletir em sua prática. A formação continuada também promove isso, pois além da 
especialização para a atuação docente, é um momento de auto avaliação, onde o 
profissional vai pensar sobre sua prática e ponderar outras, ainda mais partindo do 
pressuposto do atendimento educacional especializado, no qual o aluno atendido 
deve ter uma atenção maior. Levantou-se então a questão de se esses cursos 
ofertados são suficientes para garantir uma educação de qualidade em uma escola 
inclusiva. A professora diz: 
 
Não. Creio que deveria acontecer com mais frequência e que fossem 
mais especificas e norteadoras, o tempo de seis meses é muito longo 
pela quantidade de assuntos e informações que surgem a cada 
instante. 
 
Após essa resposta, questionamos se ela teria procurado alguma 
especialização ou formação por conta própria, e quais teriam sido: 
 
Sim, fiz um semestre em Francisco Beltrão um curso adicional onde 
engloba todas as deficiências. 
 
Ainda existem muitos desafios enfrentados pelos docentes, mas manter-se 
atualizado é de extrema importância, realizando cursos de formação continuada. 
Isso irá contribuir para o bom desenvolvimento das suas práticas e fará com que 
esse profissional realize, de forma diferente, seu trabalho, que é tão necessário. 
Com relação a isso, indagou-se quanto à contribuição desses cursos na sua 
formação para o trabalho com alunos inclusos. A a professora enfatizou que: 
21 
 
 
Sempre contribui, pois é a partir desses desafios que procuramos 
nos aperfeiçoar e depois vemos o resultado nas crianças. Isso é 
compensador, apesar de ter muita resistência pelas famílias. 
 
Outra questão levantada foi quanto à necessidade de outro profissional 
apoiando em sala de aula. A professora opinou que: 
 
Sempre é necessário um profissional para auxiliar o professor, um 
tutor seria ótimo! Assim, seria feito um trabalho mais intenso e de 
qualidade. Antigamente nas escolas apenas um professor tinha que 
dar conta de tudo, agora às crianças contam com o apoio de tutores 
e auxiliares, que ajudam muito no trabalho pedagógico. 
 
O acompanhamento por tutoria no contexto escolar dentro da educação 
básica deve ser entendido como, “a atitude, o comportamento do professor que se 
coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem” 
(MASETTO, 2000, p.144). E acrescentamos ser fundamental que o professor 
ampare o aluno de inclusão para que seja possível superar suas dificuldades, 
construir os conhecimentos, trabalhar novos conhecimentos e participar da vida 
escolar. O aumento cognitivo dentro da escola é estimado e entendido como fase da 
vida do aluno, período no qual acontece a constituição do conhecimento para a sua 
independência na sociedade. 
Finalizando a entrevista foi perguntado à professora se teria alguma 
sugestão para que melhorasse esse atendimento aos alunos inclusos. Ela concluiu: 
 
Formação continuada deve ocorrer com mais frequência e o docente 
deve aliar mais a teoria e a prática e quando acontece à formação 
continuada os professores devem demonstrar mais interesse e 
procurar se inteirar do que é estudado. 
 
A educação inclusiva vem quebrando paradigmas, porém, ainda são 
necessárias transformações e adaptações nos espaços, melhorar os recursos 
metodológicos e, principalmente, é necessária uma transformação nas atitudes, para 
além da estrutura física das escolas, uma transformação com acréscimo nos 
métodos de ensino e aprendizagem e nas afinidades entre as pessoas. 
Foi evidenciada a partir dos perfis das professoras entrevistadas a 
necessidade urgente no investimento e incentivo daprefeitura do Município de Pato 
22 
 
Branco em promover cursos de aperfeiçoado aos docentes, que abordem diversos 
aspectos e temas contribuindo para uma educação igualitária e de qualidade a todos 
os alunos inclusos na rede regular. 
 
 
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com esta pesquisa pretendeu-se investigar se os professores da rede 
regular de ensino do Município de Pato Branco/PR sentem-se preparados para atuar 
com os alunos com deficiência, que cada vez mais estão chegando às escolas. 
Pretendeu-se também investigar como acontece, na percepção desses educadores, 
a formação inicial e continuada para trabalhar com os alunos portadores de NEEs. 
Para tanto, essa pesquisa ouviu a Secretária de Educação do Município e duas 
professores atuantes na área de inclusão. 
A partir desses relatos, a proposição inicial foi confirmada, ou seja, nas falas 
dos profissionais, percebeu-se que eles, na maior parte das vezes, não possuem na 
sua formação inicial e continuada o conhecimento indispensável para atender os 
alunos inclusos com transtornos e deficiências que são introduzidos nas suas salas 
de aula. 
Destaca-se que na prática pedagógica dos profissionais a qualidade desse 
atendimento não é assegurada, por muitos fatores. Uma das principais dificuldades 
assinaladas pelos entrevistados é a falta de formação apropriada que permitem ao 
professor conhecimentos específicos para atuação com todos os alunos 
independentemente de suas necessidades e diferenças. 
Nesse sentido, consideram-se imprescindíveis e urgentes os investimentos a 
serem realizados, pela Secretaria de Educação do Município de Pato Branco/PR, na 
formação continuada dos professores que atendem alunos inclusos. Acredita-se que 
esses investimentos na formação continuada sejam uma ação capaz de auxiliar na 
melhoria das práticas pedagógicas dos professores, as quais, como foram 
apresentadas, atualmente se mostram insuficientes para proporcionar um ensino de 
qualidade a estes alunos. 
Essas são algumas das questões que se procurou pontuar nesse estudo. De 
modo especial espera-se que os responsáveis que estão à frente desse processo de 
formação continuada de professores sejam compassivos às vozes dos profissionais 
23 
 
que atuam inteiramente com esses alunos, no sentido de compreenderem suas 
dificuldades no atendimento dos alunos com deficiência, inclusos no ensino regular. 
Estes clamores quando ouvidos, respeitados e atendidos poderão trazer 
subsídios para uma prática educativa mais eficiente para todos os alunos inseridos 
na escola, sejam eles com ou sem deficiência. 
 
 
 
 
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