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O trabalho da crítica do pensamento

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O TRABALHO DA CRÍTICA DO PENSAMENTO[footnoteRef:1] [1: CHAUÍ, Marilena. O trabalho da crítica do pensamento. In: HÜHNE, Leda Miranda. Metodologia científica. Caderno de textos e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2001, p. 18-20.] 
Marilena Chauí
1. Imagina-se normalmente que a crítica opõe um pensamento verdadeiro a um falso. Na verdade, a crítica não é isso,[footnoteRef:2] ela é um trabalho intelectual que tem a finalidade de explicitar o conteúdo de um pensamento qualquer, de um discurso qualquer, para encontrar o que está sendo silenciado por esse pensamento ou por esse discurso. [18/19] [2: ] 
2. O que interessa à crítica não é o pensamento explícito, mas exatamente aquilo que não está sendo dito e que, muitas vezes, nem sequer está sendo pensado de maneira consciente. [A AD DIZ ALGO MUITO SEMELHANTE: O QUE NÃO ESTÁ DITO É, PARA ESSA DISCIPLINA, O “NÃO-DITO” E ELE É UMA DAS DIMENSÕES DE UMA ANÁLISE DE DISCURSO ESPECÍFICA]
3. A tarefa da crítica, portanto, é fazer falar o silêncio, colocar em movimento um pensamento que possa desvendar todo o silêncio contido em outros pensamentos, em outros discursos.
4. A finalidade de fazer falar o silêncio ou tornar explícito o implícito é dupla: 
a) Quando um pensamento ou um discurso tem os seus implícitos explicitados e, se nessa desconstrução, revelar-se insustentável, se desmanchando, se dissolvendo, se destruindo, então a crítica encontrou algo muito preciso, encontrou a ideologia. 
A ideologia é exatamente aquele tipo de discurso, aquele tipo de pensamento que contém um silêncio que, se for dito, destrói a coerência, a lógica da ideologia.
b) Mas é possível que, neste trabalho de desvendamento do silêncio, do implícito, encontremos um pensamento ainda mais rico do que imaginávamos, ainda mais coerente do que podíamos conceber, ainda mais importante do que tínhamos suposto, capaz de nos oferecer pistas para pensar caminhos novos, justamente porque pudemos perceber muito mais do que o que parecia à primeira vista estar contido nele.
Neste caso, a crítica, mais do que um pensamento verdadeiro, encontrou uma obra de pensamento.
Ou seja, o que diferencia uma obra de pensamento de uma ideologia é o fato de que, na obra de pensamento, a descoberta de tudo o que estava silenciosamente contido nela, de tudo aquilo que nela pedia interpretação, de tudo aquilo que nela pedia revelação, explicitação, desdobramento, é aquilo que faz, no caso de uma ideologia, a destruição do próprio pensamento. [19]
A crítica não é, portanto, um conjunto de conteúdos verdadeiros, mas uma forma de trabalhar. A forma de um trabalho intelectual, que é o trabalho filosófico por excelência. Nesse sentido, excluir a Filosofia de uma Universidade é, provavelmente, abolir o lugar

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