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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE LAVRAS/MG Processo Crime nº Acusados: Alegações Finais MM. Juiz, RODRIGO AVELINO FIGUEIREDO , já devidamente qualificado nos autos da ação penal em epigrafe, representado neste ato por seu advogado, vêm respeitosamente a digna presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS sob a forma de memoriais, com fulcro no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal, pelos termos a seguir descritos: I - RELATÓRIO Segundo consta da peça de acusação , o Réu Rodrigo Avelino Figueiredo juntamente a Sttefany Cassio Mateus, Fabrício Henrique Ferreira, Jefferson Francelino da Silva, Eduardo Cardoso de Carvalho, Mateus Francisco Vilas Boas da Silva, Renato Henrique Teodoro e Dara Cristina da Silva Afonso foram denunciados como incursos nas sanções do artigo 33 e 35 da Lei 11.343/06. Consta na denúncia que Sttefany Cassio Mateus, Fabrício Henrique Ferreira, Jefferson Francelino da Silva, Eduardo Cardoso de Carvalho, Mateus Francisco Vilas Boas da Silva, Renato Henrique Teodoro e Dara Cristina da Silva Afonso formavam uma organização criminosa chefiada por Emerson Paulo dos Santos, os quais supostamente adquiriram entorpecentes regularmente, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal , para fins de comércio . Aludida denúncia considerou o presente réu, Sr. Rodrigo Avelino Figueiredo, como sendo o responsável por negociar e vender para aludida organização criminosa os entorpecentes por eles adquiridos. Tal denúncia foi embasada nas informações obtidas através do Inquérito Policial realizado, o qual fo i instruído por procedimento sigiloso de interceptação telefônica dos réus, discriminando a suposta função que cada indivíduo exercia dentro da possível organização criminosa. Neste Juízo de suposições, através das investigações realizadas, concluiu-se que possivelmente Rodrigo Avelino Figueiredo era o responsável por fornecer os entorpecentes que abasteciam a referida associação criminosa , pelo simples fato de Rodrigo ter cobrado de Emerson (suposto chefe da organização criminosa de Lavras) uma quantia em dinheiro um dia antes da apreensão das substâncias entorpecentes na posse de Emerson. A denúncia foi oferecida em 24 de agosto de 2017. O feito foi desmembrado em relação ao réu Rodrigo Avelino Figueiredo, formando os presentes autos com cópia dos principais atos processuais do processo de origem. A citação do réu foi realizada pela modalidade presumida, tendo em vista a constituição deste patrono que ora vos subscreve e consequente apresentação da Defesa Preliminar às ff. 319/322. A denúncia foi recebida no dia 11 de maio de 2018 (f. 325). Na audiência de Instrução e Julgamento, foi decretada a revelia do Réu, tendo em vista seu não comparecimento, e, em seguida, colhido o depoimento de uma testemunha (ff. 334/335). As testemunhas da defesa serão ouvidas por carta precatória expedidas às ff. 337/338. Juntadas alegações finais pelo Parquet às ff. 339/347, o qual ratificou todos os termos constantes na peça exordial, requerente, portanto, a condenação do réu nas sanções dos artigos 33, caput, e 35 da Lei nº 11.343/06. Autos vieram à defesa para alegações finais. II – PRELIMINARMENTE II.I – DA NULIDADE DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS Depreende-se da análise dos autos que a principal prova indiciária e, supostamente material em desfavor do acusado Rodrigo Avelino Figueiredo corresponde a uma interceptação telefônica realizada em sede de Inquérito Policial. Desta forma, consta nos autos cópia do relatório de circunstanciado de investigação realizado pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil/Lavras-MG, sob a justificativa de que aludida interceptação fora previamente autorizada judicialmente. No entanto, não há sequer cópia da autorização e/ou ordem judicial concedendo a permissão da violação do sigilo constitucional das comunicações telefônicas garantido ao indivíduo, o que, a prima facie, torna nula a prova apresentada, conforme dispositivo legal a seguir transcrito: “Art. 1º a interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação princ ipal, sob segredo de justiça. (Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996).” Portanto, uma vez inexistente cópia da decisão judicial autorizando tal diligência investigatória, forçoso concluir pela nulidade da prova em comento. Noutro giro, há que se falar ainda da ausência de acautelamento da mídia das gravações das interceptaçõ es telefônicas realizadas. Nesses casos, o entendimento jurisprudencial dos Tribunais é no sentido de se declarar a nulidade da prova, conforme julgado a seguir colacionado: APELAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRELIMINAR DE NULIDADE. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. GRAVAÇÕES. PROVA. A juntada aos autos do CD com o áudio das conversas interceptadas é imprescindível para a realização plena da garantia da ampla defesa. Precedentes do STF. Possível a juntada no CD aos autos, pois entregue à autoridade policial, mas não remetida a mídia ao processo, configurado está o cerceamento de defesa a justificar a desconstituição da decisão condenatória. Imprescindibilidade do acesso à gravação para verificação do conteúdo degravado. Nulidade reconhecida. Preliminar. (TJ -RS - ACR: 70045568979 RS, RELATOR: NEREU JOSÉ GIACOMOLLI, Data de Julgamento: 19/04/2012, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 16/05/2012). (grifo nosso). No tocante à ausência de cópia do CD contendo a mídia integral das interceptações telefônicas de supostas comunicações telefônicas do acusado Rodrigo Avelino Figueiredo, insta salientar que foi requerida a juntada de tal meio de prova em sede de defesa preliminar, conforme se extrai da análise do item 1 constante à f. 321. Tal pedido se justifica em homenagem ao princípio da paridade de armas, o qual tem como premissa a necessidade de se garantir à defesa o acesso às mídias (CDS e DVDS) que contém as gravações. Ou seja, se a acusação e a autoridade policial tiveram pleno ace sso às gravações, podendo pinçar os diálogos que interessavam à denúncia, o mesmo deve ser garantido à defesa, para que possa conhecer o contexto em que se inseriam os diálogos tidos como comprometedores e embasaram as deduções constantes na peça exordial. No entanto, verifica-se que, embora tenha deferido o acesso às mídias digitais contendo o áudio completo das interceptações, o nobre magistrado atribuiu a esta defesa o ônus do fornecimento de material compatível (cd/dvd) para que a autoridade competen te pudesse fornecer a cópia integral das mídias contendo o inteiro teor da interceptação telefônica realizada, no prazo de 2 (dois) dias. Ora, s.m.j. , tal determinação encontra -se descabida, haja vista que compete a autoridade que produziu a prova em que stão juntar aos autos todas as conclusões e materiais comprobatórios que dela decorreram, de tal forma que, cabia a autoridade policial instruir o inquérito policial com a cópia da mídia donde se extraiu a principal prova acusatória desta ação, qual seja, a interceptação telefônica, conforme outrora requerido. Ademais, cumpre salientar que lei 9.296/96 dispõe ainda acerca dos procedimentos legais a serem observados durante a realização da interceptação telefônica, através da qual atribui -se a autoridade policial o ônus de juntar nos autos do processo as provas obtidas através da realização da operação investigatória, senão vejamos: “Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao ministério público, que poderá acompanhara sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.( lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996). De tal forma que, não pode esta defesa ser responsabilizada pela inércia da acusação/investigação em fornecer o meio de prova conforme disposto legalmente. Destarte, deve ser declarada a nulidade das interceptações telefônicas, por inexistir cópia da autorização e/ou ordem judicial que torne legítima a prova apresentada nos autos e por não ter tido a defesa acesso às gravações, ocasionando cerceamento de defesa e violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório. III- DO MÉRITO III.I - Da Absolvição – Ausência de Provas Nobre Magistrado, enquanto que para a acusação e processamento do réu, basta inicialmente a existência singular de indícios de autoria e prova de materialidade delitiva, com fundamento no princípio do in dubio pro societa, para a condenação torna-se indispensável a existência de prova circunstancial irrefutável de autoria e materialidade delitiva, esta produzida no devido processo penal, sob o crivo da ampla defesa e contraditório processual, com fundamento nos princípio s de não culpabiliadade e/ou presunção de inocência, de maneira a consagrar na fase final do processo o princípio do “in dubio pro reo”. O s i n d í c i o s p ro d u z i d o s n a f a s e i n v e st i g a t iv a e r e p ro d u z i d o s n a p e ç a d e a c u s a ç ã o , d e v e m n e c e s s a r ia m e n t e e r i g ir e m p r o v a s c i r c u n s t a n c i a i s n a f a se p r o c e s s u a l , d e m a n e i r a a p o s s ib i l i ta r a o j u l g a d o r a p r o l a ç ã o d e se n t e n ç a p e n a l c o n d e n a t ó r i a . N e s t e s e n t i d o , n ã o po d e s o b q u a l q u e r p r i s m a l e g a l a s e n te n ç a c o n d e n a t ó r i a e s t a r u n i c a m e n t e a l i c e r ç a da n o s i n d í c i o s a p r e s e n t a d o s n a p e ç a d e i n v e s t i g a ç ã o o u a i n d a , e m p r o v a s q u e n ã o a p r e s e n t a m u m a f o r ç a p ro b a n t e c a b a l p a ra o c a s o c o n c re t o , s e n d o a p r o v a i n e q u í v o c a c o n d i ç ã o “ s i n e q u a n o n ” p a r a a s e n t e n ç a p e n a l c o n d e n a t ó r i a . C u m p r e r e s sa l ta r q u e a c e rt e z a e x i g i d a p a ra a c o n d e na ç ã o d e v e s e r a b so l u ta , i n t o c á v e l e i n a r r e d á v e l , se n d o i n c o nc e b í v e l a l u z do d i r e i to a se n t e n ç a c o nd e n a t ó r i a d i a n t e d e d u v i d a s r a z o á v e is e i n c e r te z a s e x i s t e n t e s n a s p r o v a s p ro d u z i d a s n o s a u t o s do p r o c e s so p e n a l . P o i s b e m . A m a te r i a l i d a d e d o c r i m e p r e v i s to n o a r t i go 3 3 , c a p u t e 3 5 d a L e i 1 1 . 34 3 / 0 6 , n ã o f o r a m s u f i c i e n t e m e n t e c o m p r o v a da s , v e z q u e a s p r o v a s q u e s u s te n t a m e b a s e ia m t o d a a a c u s a ç ã o se r e su m e m a j u í z o s d e s u p o s i ç õ e s d e c o rr e n t e s d e u m a i n t e r c e p t a ç ã o t e l e f ô n i c a r e a l i z a d a e m se d e d e i n q u é r i to p o l ic i a l , a q u a l , c u m p r e r e s sa l ta r , é n u l a d e p l e n o d i r e i t o , c o n f o r m e e x p o s t o n a p r e l i m i n a r s u p r a a r g u i d a . De tal forma que, analisando os autos, constata-se a inexistência de qualquer prova cabal a fim de corroborar com os delitos imputados na peça acusatória, não havendo, portanto, provas contundentes de que o acusado tenha efetivamente praticado as condutas delitivas a ele imputadas. A superficialidade das provas produzidas no curso da presente ação fica evidentemente expostas através da simples análise do inteiro teor das alegações finais apresentadas pelo Ilustre Representante do Ministério Público, haja vista que o mesmo considerou como provas de autoria apenas os relatórios circunstanciados de investigação e ato de interceptação telefônica, provas estas colhidas em sede de inquérito policial, possuindo o caráter de individualidade por não serem produzidas sob o crivo do contraditório e ampla defesa, princípios inerentes ao devido processo legal. Desta forma, cumpre colacionar o disposto no artigo 155 do Código de Processo Penal, o qual regulamenta os requisitos essenciais a ensejarem de forma satisfatória uma sentença penal condenatória: Art. 155. O Juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Desta forma, impossível que a condenação do réu seja ensejada por provas colhidas apenas em sede de inquérito policial, sob pena de ferir os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa. Ademais, cumpre salientar que a única prova produzida em juízo constitui no depoimento testemunhal de um Policial Militar, o qual, apesar de possuir apreço pela justiça e por sua profissão, não possui o condão de desvencilhar o nobre magistrado de observar a ausência de provas cabais de autoria e materialidade dos fatos no caso concreto, absolvendo, por conseguinte, o réu. A certeza é aqui, a conscientia dubitanti secura e não admite graus. Tem de fundar-se em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que evidenciam o delito e a autoria, sob a pena de conduzir tão somente à íntima convicção, insuficiente. Isso porque a testemunha inquirida (policial militar) apenas confirma a tese defensiva de que, através da interceptação telefônica realizada em sede de Inquérito Policial, a equipe investigatória ligou o presente réu Rodrigo Avelino Figueiredo à organização criminosa de Lavras por meio de suposições e conclusões incertas, motivo pelo qual colaciona-se tal depoimento a seguir para fins de elucidação: “que, nas conversas interceptadas, envolvendo o acusado Rodrigo Avelino como de costume, ele não falava expressamente sobre a venda ou entrega de drogas para os demais acusados, mas os investigadores puderam constatar , por meio das conversas que ele tratou do assunto com o acusado Emerson em uma oportunidade, quando, possivelmente, ele teria remetido drogas até esta cidade e a pessoa encarregada de trazer o entorpecente estaria na rodoviária aguardando por Emerson; que tal conversa foi interceptada por meio de ligação telefônica e SMS; que, no primeiro momento, através da ligação feita para o acusado Emerson, os investigadores deduziram que se tratava do acusado Rodrigo Avelino, vez que o telefone possuía prefixo de São Paulo e havia informações de que a droga seria fornecida por ele; Ora, diante das palavras utilizadas pela única testemunha ouvida em juízo, a qual mencionou conclusões no contexto de “deduziram” e “possivelmente”, não se mostra justo que sobrevenha uma condenação pautada em provas tão subjetivas e presunções desarrazoadas. Dessa forma, conclui-se que a presente ação carece de provas fáticas produzidas em seu curso direcionadas aos delitos tipificados na denúncia. Neste momento, resta oportuno relembrar conceitos basilares do Direito Penal, como a individualidade da conduta praticada pelo agente, bem como o princípio da presunção da inocência. Isso porque, analisando o trecho das alegações finais realizadas pelo ilustrerepresentante do Ministério Público, forçoso admitir que o nobre promotor imputa, equivocadamente, ao Acusado a participação da organização criminosa formada por Emerson e apurada em autos apartados sem a devida comprovação de ligação direta e expressa com o réu. Tal imputação contraria o princípio da responsabilização criminal subjetiva, uma vez que decorre de simples imputação arbitrária e infundada, a qual é repudiada pelo ordenamento juríd ico brasileiro por contrariar as bases do moderno sistema penal baseado na culpa. Dessa forma, não se pode admitir que qualquer pessoa responda por um fato delituoso sem que ao menos lhe tenha dado causa de forma dolosa ou culposa, sendo imprescindível, para isso, que se demonstre a sua responsabilidade subjetiva, sem a qual não é legítima a imposição de pena. Isso porque torna-se incontestável a necessidade de aplicação do princípio do “in dúbio pro réu”, uma vez que certa é a dúvida acerca da culpa atribuída ao réu com relação às acusações de Tráfico de Drogas e Organização Criminosa, pois o Réu não foi encontrado em atividade de traficância e muito menos com qualquer outro elemento que levasse a crer ser o acusado traficante ou compor aludida organizaç ão, pautando a acusação tão somente nas transcrições das interceptações telefônicas realizadas em sede de Inquérito Policial, valendo -se de raciocínios pautados em presunções, devendo, portanto, a pretensão punitiva ser julgada improcedente. Neste norte, veicula-se imperiosa a compilação de jurisprudência autorizada: "O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabil idades. Sem certeza total e plena da autoria e da culpabilidade, não pode o Juiz criminal proferir condenação" (Ap. 162.055. TACrimSP, Rel . GOULART SOBRINHO). Portanto, indubitável a absolvição do réu, nos termos do art. 386, V e VII do CPP haja vista a ausência de provas que comprovem satisfatoriamente que o acusado efetivamente tenha traficado drogas de São Paulo ou fazia parte da organiz ação criminosa comandada por Emerson, prestigiando , portanto, o princípio constitucional do “in dubio pro réu”. III.II- DA POSSIBILIDADE DE APELAR EM LIBERDADE: P o r f i m , n a h i p ó t e s e i n e s pe r a d a d e c o n d e n a ç ã o , r e q u e r s e j a d e f e r i do a o d e n u n c i a do o d i re i t o d e a p e l a r e m l i b e r d a d e , p o s t o q u e j á d e m o n s t r a d o n o s a u t o s re u n i r c o n d i ç õ e s p a ra t a l e p o r N Ã O e x i s t i r m a i s q u a l q u e r r a z ã o p a r a q u e s u b s i s ta o s e u s e g re g a m e n t o c a u t e l a r , n ã o h á q u e se f a l a r m a is e m te m o r d a t u rb a ç ã o do p r o c e s so . N e s s e s e n t i d o e s t á o j u l g a do d o S T J , a b a i x o e x p e n d i d o : " R H C . D I R E I T O D E A P E L A R E M L I B E R D A D E . N E G A T I V A J U S T I F I C A D A E M F A C E D E O R É U S E R M A N T I D O P R E S O D U R A N T E T O D A A I N S T R U Ç Ã O . I N E X I S T Ê N C I A D E M O T I V O S H Á B E I S . C O N S T R A N G I M E N T O . A v e d a ç ã o de o R é u r e c o r re r e m l i b e r d a d e s e s u b m e t e a o s m e s m o s p a r â m e t r o s d e j u s t i f i c a ç ã o d o a r t . 3 1 2 d o C P P , d e v e n d o o J u i z e l e n c a r s i t u a ç õ e s c o n c r e t a s q u e i m p e ç a m a s u a l ib e r d a de , a d v i n d o s d a p e r m a n ê n c ia d o q u a d ro q u e s u s t e n t o u a p r i s ã o i n i c i a l m e n t e d e c r e t a d a o u m e s m o e m d a d o s p r e s e n t e s e s u f ic i e n t e s à d e m o n s t r a ç ã o d o j u íz o d e c a u t e l a r i da d e . A s i m p l e s i n d i c a ç ã o de q u e o R é u e s t e v e p re s o d u r a n t e t o d a a i n s t r u ç ã o , b e m a s s i m d e q u e o s r e q u i s i t o s d o a r t . 5 9 4 e s t a r ia m p r e s e n t e s , n ã o é m o t i v a ç ã o h á b i l a m a n t e r o R é u e m c á r c e re , a i n d a m a i s q u a n d o o c a d e r n o p r o c e s s u a l c o n s a g r a - l h e s i t u a ç ã o b a s ta n t e f a v o rá v e l a p o n t o d e g a r a n t i r - l h e u m a a p e n a ç ã o e u m r e g i m e m e n o s g r a v o so s . R e c u r s o p ro v i d o p a r a p e r m i t i r q u e o R é u r e s p o nd a o p r o c e s so e m l i b e r d a d e a t é o t r â n s i to e m ju l g a d o d a d e c i s ã o c o n d e n a t ó r i a . ( R H C 2 2 . 6 9 6 D R J , R e l . M i n . M A R I A T H E R E Z A , D J d e 1 6 . 6 . 0 8 ) N a b u s c a d o c a r á t e r re s s o c ia l iz a d o r d a pe n a , a j u s t i ç a d e v e t r a b a l h a r p a ra a p l i c a r a q u i l o q u e s e c o a d u n a c o m a r e a l i d a d e s o c i a l . H o j e , i n f e l iz m e n t e , n o s s o S i s t e m a P r i s i o n a l é c e r c a d o d e i n c e r t e z a s so b r e a v e r da d e i r a f u n ç ã o d e re s so c i a l iz a ç ã o d o s i n d i v í d u o s q u e l á s ã o m a n t id o s , o n d e e m m u i t o s c a s o s t r a t a - s e d e v e r d a d e ir a “ e s c o l a d o c r i m e ” . C o m b a s e n o p r i n c í p i o d a p r e s u n ç ã o d e i n o c ê n c ia , p r e v i s to n a n o s s a C o n s t i t u iç ã o F e d e r a l e m s e u a r t . 5º , i n c i so L V I I , r e q u e r o d e n u n c i a d o q u e r e s p o n d a a o p r o c e s so e m l i b e r da d e , a t é o t r â n s i t o e m j u l g a d o , p o i s a s c i rc u n s tâ n c i a s d o f a to e c o n d i ç õ e s p e s s o a is d o a c u s a do ( a rt . 2 8 2 , i n c i s o I I , C P P ) l h e s ã o f a v o r á v e i s p e l o f a to d e n ã o h a v e r re i n c i d ê n c ia e s u a c o n d u t a s o c i a l n ã o s e r e m n e n h u m m o m e n t o q u e s t io n a d a . IV- DOS PEDIDOS: Por todo exposto, requer a defesa que seja: 1) Declarada a NULIDADE das interceptações telefônicas, por inexistir cópia da autorização e/ou ordem judicial que torne le gítima a prova apresentada nos autos e por não ter tido a defesa acesso às gravações, ocasionando cerceamento de defesa e violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório; 2) Seja o Acusado Absolvido da Prática do s delitos tipificados nos artigos 33, caput e 35 da Lei 11.343/06, ante a inexistência de provas, em conformidade com o princípio constitucional do “in dubio pro réu”; 3) Requer que o denunciado possa apelar em liberdade nos termos do artigo 283 do CPP, por preencherem os requisitos obj etivos para tal benefício, ato este que se revestirá na mais lúcida decisão, porque é bem aí que se fará JUSTIÇA! 4) Seja dada vista do presente pedido ao notá vel Doutor Promotor de Justiça; T e r m o s e m q u e , r e s p e i t o sa m e n t e , A g u a r d a j u l g a m e n t o . L a v r a s , 1 5 d e Ju n h o d e 2 0 1 8 . D r . G u s t a v o E s t e v e s – A d v .O A B / S P 2 2 5 . 7 0 3 O A B / M G 1 8 7 . 7 4 3 - A Laura Alvarenga – Estagiária OAB/MG 49.402E
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