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ALEGAÇÕES FINAIS - postar

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE LAVRAS/MG 
 
Processo Crime nº 
Acusados: 
 
 
Alegações Finais 
 
 
 MM. Juiz, 
 RODRIGO AVELINO FIGUEIREDO , já devidamente qualificado nos 
autos da ação penal em epigrafe, representado neste ato por seu advogado, 
vêm respeitosamente a digna presença de Vossa Excelência apresentar 
ALEGAÇÕES FINAIS sob a forma de memoriais, com fulcro no artigo 403, 
§3º do Código de Processo Penal, pelos termos a seguir descritos: 
I - RELATÓRIO 
 Segundo consta da peça de acusação , o Réu Rodrigo Avelino 
Figueiredo juntamente a Sttefany Cassio Mateus, Fabrício Henrique 
Ferreira, Jefferson Francelino da Silva, Eduardo Cardoso de Carvalho, 
Mateus Francisco Vilas Boas da Silva, Renato Henrique Teodoro e Dara 
Cristina da Silva Afonso foram denunciados como incursos nas sanções do 
artigo 33 e 35 da Lei 11.343/06. 
 Consta na denúncia que Sttefany Cassio Mateus, Fabrício Henrique 
Ferreira, Jefferson Francelino da Silva, Eduardo Cardoso de Carvalho, 
Mateus Francisco Vilas Boas da Silva, Renato Henrique Teodoro e Dara 
Cristina da Silva Afonso formavam uma organização criminosa chefiada 
por Emerson Paulo dos Santos, os quais supostamente adquiriram 
entorpecentes regularmente, sem autorização ou em desacordo com a 
determinação legal , para fins de comércio . 
 
 Aludida denúncia considerou o presente réu, Sr. Rodrigo Avelino 
Figueiredo, como sendo o responsável por negociar e vender para aludida 
organização criminosa os entorpecentes por eles adquiridos. 
 Tal denúncia foi embasada nas informações obtidas através do 
Inquérito Policial realizado, o qual fo i instruído por procedimento sigiloso 
de interceptação telefônica dos réus, discriminando a suposta função que 
cada indivíduo exercia dentro da possível organização criminosa. 
 Neste Juízo de suposições, através das investigações realizadas, 
concluiu-se que possivelmente Rodrigo Avelino Figueiredo era o 
responsável por fornecer os entorpecentes que abasteciam a referida 
associação criminosa , pelo simples fato de Rodrigo ter cobrado de 
Emerson (suposto chefe da organização criminosa de Lavras) uma quantia 
em dinheiro um dia antes da apreensão das substâncias entorpecentes na 
posse de Emerson. 
 A denúncia foi oferecida em 24 de agosto de 2017. 
 O feito foi desmembrado em relação ao réu Rodrigo Avelino 
Figueiredo, formando os presentes autos com cópia dos principais atos 
processuais do processo de origem. 
 A citação do réu foi realizada pela modalidade presumida, tendo em 
vista a constituição deste patrono que ora vos subscreve e consequente 
apresentação da Defesa Preliminar às ff. 319/322. 
 A denúncia foi recebida no dia 11 de maio de 2018 (f. 325). 
 Na audiência de Instrução e Julgamento, foi decretada a revelia do 
Réu, tendo em vista seu não comparecimento, e, em seguida, colhido o 
depoimento de uma testemunha (ff. 334/335). 
 As testemunhas da defesa serão ouvidas por carta precatória 
expedidas às ff. 337/338. 
 Juntadas alegações finais pelo Parquet às ff. 339/347, o qual ratificou 
todos os termos constantes na peça exordial, requerente, portanto, a 
condenação do réu nas sanções dos artigos 33, caput, e 35 da Lei nº 
11.343/06. 
 
 Autos vieram à defesa para alegações finais. 
II – PRELIMINARMENTE 
II.I – DA NULIDADE DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS 
 Depreende-se da análise dos autos que a principal prova indiciária 
e, supostamente material em desfavor do acusado Rodrigo Avelino 
Figueiredo corresponde a uma interceptação telefônica realizada em sede 
de Inquérito Policial. 
 Desta forma, consta nos autos cópia do relatório de circunstanciado 
de investigação realizado pela 1ª Delegacia Regional de Polícia 
Civil/Lavras-MG, sob a justificativa de que aludida interceptação fora 
previamente autorizada judicialmente. 
 No entanto, não há sequer cópia da autorização e/ou ordem judicial 
concedendo a permissão da violação do sigilo constitucional das 
comunicações telefônicas garantido ao indivíduo, o que, a prima facie, 
torna nula a prova apresentada, conforme dispositivo legal a seguir 
transcrito: 
“Art. 1º a interceptação de comunicações 
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em 
investigação criminal e em instrução processual 
penal, observará o disposto nesta lei e dependerá 
de ordem do juiz competente da ação princ ipal, sob 
segredo de justiça. (Lei nº 9.296, de 24 de julho de 
1996).” 
 Portanto, uma vez inexistente cópia da decisão judicial autorizando 
tal diligência investigatória, forçoso concluir pela nulidade da prova em 
comento. 
 Noutro giro, há que se falar ainda da ausência de acautelamento da 
mídia das gravações das interceptaçõ es telefônicas realizadas. 
 Nesses casos, o entendimento jurisprudencial dos Tribunais é no 
sentido de se declarar a nulidade da prova, conforme julgado a seguir 
colacionado: 
 
APELAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. 
PRELIMINAR DE NULIDADE. INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA. GRAVAÇÕES. PROVA. A juntada aos 
autos do CD com o áudio das conversas 
interceptadas é imprescindível para a realização 
plena da garantia da ampla defesa. Precedentes do 
STF. Possível a juntada no CD aos autos, pois 
entregue à autoridade policial, mas não remetida a 
mídia ao processo, configurado está o cerceamento 
de defesa a justificar a desconstituição da decisão 
condenatória. Imprescindibilidade do acesso à 
gravação para verificação do conteúdo degravado. 
Nulidade reconhecida. Preliminar. (TJ -RS - ACR: 
70045568979 RS, RELATOR: NEREU JOSÉ 
GIACOMOLLI, Data de Julgamento: 19/04/2012, 
Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: 
Diário da Justiça do dia 16/05/2012). (grifo nosso). 
 No tocante à ausência de cópia do CD contendo a mídia integral das 
interceptações telefônicas de supostas comunicações telefônicas do 
acusado Rodrigo Avelino Figueiredo, insta salientar que foi requerida a 
juntada de tal meio de prova em sede de defesa preliminar, conforme se 
extrai da análise do item 1 constante à f. 321. 
 Tal pedido se justifica em homenagem ao princípio da paridade de 
armas, o qual tem como premissa a necessidade de se garantir à defesa o 
acesso às mídias (CDS e DVDS) que contém as gravações. Ou seja, se a 
acusação e a autoridade policial tiveram pleno ace sso às gravações, 
podendo pinçar os diálogos que interessavam à denúncia, o mesmo deve 
ser garantido à defesa, para que possa conhecer o contexto em que se 
inseriam os diálogos tidos como comprometedores e embasaram as 
deduções constantes na peça exordial. 
 No entanto, verifica-se que, embora tenha deferido o acesso às 
mídias digitais contendo o áudio completo das interceptações, o nobre 
magistrado atribuiu a esta defesa o ônus do fornecimento de material 
compatível (cd/dvd) para que a autoridade competen te pudesse fornecer 
 
a cópia integral das mídias contendo o inteiro teor da interceptação 
telefônica realizada, no prazo de 2 (dois) dias. 
 Ora, s.m.j. , tal determinação encontra -se descabida, haja vista que 
compete a autoridade que produziu a prova em que stão juntar aos autos 
todas as conclusões e materiais comprobatórios que dela decorreram, de 
tal forma que, cabia a autoridade policial instruir o inquérito policial com 
a cópia da mídia donde se extraiu a principal prova acusatória desta ação, 
qual seja, a interceptação telefônica, conforme outrora requerido. 
 Ademais, cumpre salientar que lei 9.296/96 dispõe ainda acerca dos 
procedimentos legais a serem observados durante a realização da 
interceptação telefônica, através da qual atribui -se a autoridade policial o 
ônus de juntar nos autos do processo as provas obtidas através da 
realização da operação investigatória, senão vejamos: 
“Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial 
conduzirá os procedimentos de interceptação, 
dando ciência ao ministério público, que poderá 
acompanhara sua realização. 
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação 
da comunicação interceptada, será determinada a 
sua transcrição. 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial 
encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, 
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá 
conter o resumo das operações realizadas.( lei nº 
9.296, de 24 de julho de 1996). 
 De tal forma que, não pode esta defesa ser responsabilizada pela 
inércia da acusação/investigação em fornecer o meio de prova conforme 
disposto legalmente. 
 Destarte, deve ser declarada a nulidade das interceptações 
telefônicas, por inexistir cópia da autorização e/ou ordem judicial que 
torne legítima a prova apresentada nos autos e por não ter tido a defesa 
acesso às gravações, ocasionando cerceamento de defesa e violação aos 
princípios da ampla defesa e do contraditório. 
 
III- DO MÉRITO 
III.I - Da Absolvição – Ausência de Provas 
 Nobre Magistrado, enquanto que para a acusação e processamento 
do réu, basta inicialmente a existência singular de indícios de autoria e 
prova de materialidade delitiva, com fundamento no princípio do in dubio 
pro societa, para a condenação torna-se indispensável a existência de 
prova circunstancial irrefutável de autoria e materialidade delitiva, esta 
produzida no devido processo penal, sob o crivo da ampla defesa e 
contraditório processual, com fundamento nos princípio s de não 
culpabiliadade e/ou presunção de inocência, de maneira a consagrar na 
fase final do processo o princípio do “in dubio pro reo”. 
 O s i n d í c i o s p ro d u z i d o s n a f a s e i n v e st i g a t iv a e r e p ro d u z i d o s 
n a p e ç a d e a c u s a ç ã o , d e v e m n e c e s s a r ia m e n t e e r i g ir e m p r o v a s 
c i r c u n s t a n c i a i s n a f a se p r o c e s s u a l , d e m a n e i r a a p o s s ib i l i ta r a o 
j u l g a d o r a p r o l a ç ã o d e se n t e n ç a p e n a l c o n d e n a t ó r i a . 
 N e s t e s e n t i d o , n ã o po d e s o b q u a l q u e r p r i s m a l e g a l a s e n te n ç a 
c o n d e n a t ó r i a e s t a r u n i c a m e n t e a l i c e r ç a da n o s i n d í c i o s 
a p r e s e n t a d o s n a p e ç a d e i n v e s t i g a ç ã o o u a i n d a , e m p r o v a s q u e n ã o 
a p r e s e n t a m u m a f o r ç a p ro b a n t e c a b a l p a ra o c a s o c o n c re t o , s e n d o 
a p r o v a i n e q u í v o c a c o n d i ç ã o “ s i n e q u a n o n ” p a r a a s e n t e n ç a p e n a l 
c o n d e n a t ó r i a . 
 C u m p r e r e s sa l ta r q u e a c e rt e z a e x i g i d a p a ra a c o n d e na ç ã o 
d e v e s e r a b so l u ta , i n t o c á v e l e i n a r r e d á v e l , se n d o i n c o nc e b í v e l a 
l u z do d i r e i to a se n t e n ç a c o nd e n a t ó r i a d i a n t e d e d u v i d a s r a z o á v e is 
e i n c e r te z a s e x i s t e n t e s n a s p r o v a s p ro d u z i d a s n o s a u t o s do 
p r o c e s so p e n a l . 
 P o i s b e m . A m a te r i a l i d a d e d o c r i m e p r e v i s to n o a r t i go 3 3 , 
c a p u t e 3 5 d a L e i 1 1 . 34 3 / 0 6 , n ã o f o r a m s u f i c i e n t e m e n t e 
c o m p r o v a da s , v e z q u e a s p r o v a s q u e s u s te n t a m e b a s e ia m t o d a a 
a c u s a ç ã o se r e su m e m a j u í z o s d e s u p o s i ç õ e s d e c o rr e n t e s d e u m a 
i n t e r c e p t a ç ã o t e l e f ô n i c a r e a l i z a d a e m se d e d e i n q u é r i to p o l ic i a l , a 
 
q u a l , c u m p r e r e s sa l ta r , é n u l a d e p l e n o d i r e i t o , c o n f o r m e e x p o s t o 
n a p r e l i m i n a r s u p r a a r g u i d a . 
 De tal forma que, analisando os autos, constata-se a inexistência de 
qualquer prova cabal a fim de corroborar com os delitos imputados na 
peça acusatória, não havendo, portanto, provas contundentes de que o 
acusado tenha efetivamente praticado as condutas delitivas a ele 
imputadas. 
 A superficialidade das provas produzidas no curso da presente ação 
fica evidentemente expostas através da simples análise do inteiro teor das 
alegações finais apresentadas pelo Ilustre Representante do Ministério 
Público, haja vista que o mesmo considerou como provas de autoria apenas 
os relatórios circunstanciados de investigação e ato de interceptação 
telefônica, provas estas colhidas em sede de inquérito policial, possuindo 
o caráter de individualidade por não serem produzidas sob o crivo do 
contraditório e ampla defesa, princípios inerentes ao devido processo 
legal. 
 Desta forma, cumpre colacionar o disposto no artigo 155 do Código 
de Processo Penal, o qual regulamenta os requisitos essenciais a 
ensejarem de forma satisfatória uma sentença penal condenatória: 
 Art. 155. O Juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 Desta forma, impossível que a condenação do réu seja ensejada por 
provas colhidas apenas em sede de inquérito policial, sob pena de ferir os 
princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa. 
 Ademais, cumpre salientar que a única prova produzida em juízo 
constitui no depoimento testemunhal de um Policial Militar, o qual, apesar 
de possuir apreço pela justiça e por sua profissão, não possui o condão de 
desvencilhar o nobre magistrado de observar a ausência de provas cabais 
 
de autoria e materialidade dos fatos no caso concreto, absolvendo, por 
conseguinte, o réu. 
 A certeza é aqui, a conscientia dubitanti secura e não admite graus. 
Tem de fundar-se em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que 
evidenciam o delito e a autoria, sob a pena de conduzir tão somente à 
íntima convicção, insuficiente. 
 Isso porque a testemunha inquirida (policial militar) apenas 
confirma a tese defensiva de que, através da interceptação telefônica 
realizada em sede de Inquérito Policial, a equipe investigatória ligou o 
presente réu Rodrigo Avelino Figueiredo à organização criminosa de 
Lavras por meio de suposições e conclusões incertas, motivo pelo qual 
colaciona-se tal depoimento a seguir para fins de elucidação: 
“que, nas conversas interceptadas, envolvendo o 
acusado Rodrigo Avelino como de costume, ele não 
falava expressamente sobre a venda ou entrega de 
drogas para os demais acusados, mas os 
investigadores puderam constatar , por meio das 
conversas que ele tratou do assunto com o acusado 
Emerson em uma oportunidade, quando, 
possivelmente, ele teria remetido drogas até esta 
cidade e a pessoa encarregada de trazer o 
entorpecente estaria na rodoviária aguardando por 
Emerson; que tal conversa foi interceptada por 
meio de ligação telefônica e SMS; que, no primeiro 
momento, através da ligação feita para o acusado 
Emerson, os investigadores deduziram que se 
tratava do acusado Rodrigo Avelino, vez que o 
telefone possuía prefixo de São Paulo e havia 
informações de que a droga seria fornecida por ele; 
 Ora, diante das palavras utilizadas pela única testemunha ouvida em 
juízo, a qual mencionou conclusões no contexto de “deduziram” e 
“possivelmente”, não se mostra justo que sobrevenha uma condenação 
pautada em provas tão subjetivas e presunções desarrazoadas. Dessa 
 
forma, conclui-se que a presente ação carece de provas fáticas produzidas 
em seu curso direcionadas aos delitos tipificados na denúncia. 
 Neste momento, resta oportuno relembrar conceitos basilares do 
Direito Penal, como a individualidade da conduta praticada pelo agente, 
bem como o princípio da presunção da inocência. 
 Isso porque, analisando o trecho das alegações finais realizadas pelo 
ilustrerepresentante do Ministério Público, forçoso admitir que o nobre 
promotor imputa, equivocadamente, ao Acusado a participação da 
organização criminosa formada por Emerson e apurada em autos 
apartados sem a devida comprovação de ligação direta e expressa com o 
réu. 
 Tal imputação contraria o princípio da responsabilização criminal 
subjetiva, uma vez que decorre de simples imputação arbitrária e 
infundada, a qual é repudiada pelo ordenamento juríd ico brasileiro por 
contrariar as bases do moderno sistema penal baseado na culpa. 
 Dessa forma, não se pode admitir que qualquer pessoa responda por 
um fato delituoso sem que ao menos lhe tenha dado causa de forma dolosa 
ou culposa, sendo imprescindível, para isso, que se demonstre a sua 
responsabilidade subjetiva, sem a qual não é legítima a imposição de pena. 
 Isso porque torna-se incontestável a necessidade de aplicação do 
princípio do “in dúbio pro réu”, uma vez que certa é a dúvida acerca da 
culpa atribuída ao réu com relação às acusações de Tráfico de Drogas e 
Organização Criminosa, pois o Réu não foi encontrado em atividade de 
traficância e muito menos com qualquer outro elemento que levasse a crer 
ser o acusado traficante ou compor aludida organizaç ão, pautando a 
acusação tão somente nas transcrições das interceptações telefônicas 
realizadas em sede de Inquérito Policial, valendo -se de raciocínios 
pautados em presunções, devendo, portanto, a pretensão punitiva ser 
julgada improcedente. 
 Neste norte, veicula-se imperiosa a compilação de jurisprudência 
autorizada: 
"O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabil idades. 
Sem certeza total e plena da autoria e da culpabilidade, não 
 
pode o Juiz criminal proferir condenação" (Ap. 162.055. 
TACrimSP, Rel . GOULART SOBRINHO). 
 Portanto, indubitável a absolvição do réu, nos termos do art. 386, V 
e VII do CPP haja vista a ausência de provas que comprovem 
satisfatoriamente que o acusado efetivamente tenha traficado drogas de 
São Paulo ou fazia parte da organiz ação criminosa comandada por 
Emerson, prestigiando , portanto, o princípio constitucional do “in dubio 
pro réu”. 
III.II- DA POSSIBILIDADE DE APELAR EM LIBERDADE: 
 P o r f i m , n a h i p ó t e s e i n e s pe r a d a d e c o n d e n a ç ã o , r e q u e r s e j a 
d e f e r i do a o d e n u n c i a do o d i re i t o d e a p e l a r e m l i b e r d a d e , p o s t o q u e 
j á d e m o n s t r a d o n o s a u t o s re u n i r c o n d i ç õ e s p a ra t a l e p o r N Ã O 
e x i s t i r m a i s q u a l q u e r r a z ã o p a r a q u e s u b s i s ta o s e u s e g re g a m e n t o 
c a u t e l a r , n ã o h á q u e se f a l a r m a is e m te m o r d a t u rb a ç ã o do 
p r o c e s so . 
 N e s s e s e n t i d o e s t á o j u l g a do d o S T J , a b a i x o e x p e n d i d o : 
" R H C . D I R E I T O D E A P E L A R E M L I B E R D A D E . 
N E G A T I V A J U S T I F I C A D A E M F A C E D E O R É U 
S E R M A N T I D O P R E S O D U R A N T E T O D A A 
I N S T R U Ç Ã O . I N E X I S T Ê N C I A D E M O T I V O S 
H Á B E I S . C O N S T R A N G I M E N T O . A v e d a ç ã o de o 
R é u r e c o r re r e m l i b e r d a d e s e s u b m e t e a o s 
m e s m o s p a r â m e t r o s d e j u s t i f i c a ç ã o d o a r t . 3 1 2 
d o C P P , d e v e n d o o J u i z e l e n c a r s i t u a ç õ e s 
c o n c r e t a s q u e i m p e ç a m a s u a l ib e r d a de , 
a d v i n d o s d a p e r m a n ê n c ia d o q u a d ro q u e 
s u s t e n t o u a p r i s ã o i n i c i a l m e n t e d e c r e t a d a o u 
m e s m o e m d a d o s p r e s e n t e s e s u f ic i e n t e s à 
d e m o n s t r a ç ã o d o j u íz o d e c a u t e l a r i da d e . A 
s i m p l e s i n d i c a ç ã o de q u e o R é u e s t e v e p re s o 
d u r a n t e t o d a a i n s t r u ç ã o , b e m a s s i m d e q u e o s 
r e q u i s i t o s d o a r t . 5 9 4 e s t a r ia m p r e s e n t e s , n ã o 
é m o t i v a ç ã o h á b i l a m a n t e r o R é u e m c á r c e re , 
 
a i n d a m a i s q u a n d o o c a d e r n o p r o c e s s u a l 
c o n s a g r a - l h e s i t u a ç ã o b a s ta n t e f a v o rá v e l a 
p o n t o d e g a r a n t i r - l h e u m a a p e n a ç ã o e u m 
r e g i m e m e n o s g r a v o so s . R e c u r s o p ro v i d o p a r a 
p e r m i t i r q u e o R é u r e s p o nd a o p r o c e s so e m 
l i b e r d a d e a t é o t r â n s i to e m ju l g a d o d a d e c i s ã o 
c o n d e n a t ó r i a . ( R H C 2 2 . 6 9 6 D R J , R e l . M i n . 
M A R I A T H E R E Z A , D J d e 1 6 . 6 . 0 8 ) 
 N a b u s c a d o c a r á t e r re s s o c ia l iz a d o r d a pe n a , a j u s t i ç a d e v e 
t r a b a l h a r p a ra a p l i c a r a q u i l o q u e s e c o a d u n a c o m a r e a l i d a d e 
s o c i a l . 
 H o j e , i n f e l iz m e n t e , n o s s o S i s t e m a P r i s i o n a l é c e r c a d o d e 
i n c e r t e z a s so b r e a v e r da d e i r a f u n ç ã o d e re s so c i a l iz a ç ã o d o s 
i n d i v í d u o s q u e l á s ã o m a n t id o s , o n d e e m m u i t o s c a s o s t r a t a - s e d e 
v e r d a d e ir a “ e s c o l a d o c r i m e ” . 
 C o m b a s e n o p r i n c í p i o d a p r e s u n ç ã o d e i n o c ê n c ia , p r e v i s to n a 
n o s s a C o n s t i t u iç ã o F e d e r a l e m s e u a r t . 5º , i n c i so L V I I , r e q u e r o 
d e n u n c i a d o q u e r e s p o n d a a o p r o c e s so e m l i b e r da d e , a t é o t r â n s i t o 
e m j u l g a d o , p o i s a s c i rc u n s tâ n c i a s d o f a to e c o n d i ç õ e s p e s s o a is d o 
a c u s a do ( a rt . 2 8 2 , i n c i s o I I , C P P ) l h e s ã o f a v o r á v e i s p e l o f a to d e 
n ã o h a v e r re i n c i d ê n c ia e s u a c o n d u t a s o c i a l n ã o s e r e m n e n h u m 
m o m e n t o q u e s t io n a d a . 
 IV- DOS PEDIDOS: 
Por todo exposto, requer a defesa que seja: 
 1) Declarada a NULIDADE das interceptações telefônicas, por 
inexistir cópia da autorização e/ou ordem judicial que torne le gítima a 
prova apresentada nos autos e por não ter tido a defesa acesso às 
gravações, ocasionando cerceamento de defesa e violação aos princípios 
da ampla defesa e do contraditório; 
 2) Seja o Acusado Absolvido da Prática do s delitos tipificados nos 
artigos 33, caput e 35 da Lei 11.343/06, ante a inexistência de provas, em 
conformidade com o princípio constitucional do “in dubio pro réu”; 
 
 3) Requer que o denunciado possa apelar em liberdade nos termos 
do artigo 283 do CPP, por preencherem os requisitos obj etivos para tal 
benefício, ato este que se revestirá na mais lúcida decisão, porque é bem 
aí que se fará JUSTIÇA! 
 4) Seja dada vista do presente pedido ao notá vel Doutor Promotor 
de Justiça; 
 
T e r m o s e m q u e , r e s p e i t o sa m e n t e , 
A g u a r d a j u l g a m e n t o . 
L a v r a s , 1 5 d e Ju n h o d e 2 0 1 8 . 
 
 
D r . G u s t a v o E s t e v e s – A d v .O A B / S P 2 2 5 . 7 0 3 
 O A B / M G 1 8 7 . 7 4 3 - A 
 
Laura Alvarenga – Estagiária OAB/MG 49.402E

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