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EXERCÍCIOS EBRADI - MÓDULO 04

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ATIVIDADES POS GRADUAÇÃO EBRADI
· POS GRADUAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO
· MÓDULO 04
· PROVAS E PARTES NO PROCESSO PENAL
· TEMA 01
· TEORIA GERAL DA PROVA
· Conceito e finalidade da prova
1 - Joaquim, indiciado em inquérito policial, em seu interrogatório na esfera policial, foi constrangido ilegalmente a indicar uma testemunha presencial do crime de que era acusado. A testemunha foi regularmente ouvida e em seu depoimento apontou Joaquim como autor do delito. Joaquim foi condenado com base exclusivamente no depoimento da testemunha. Na apelação, a defesa alegou que a prova foi produzida fora dos parâmetros legais.
Procede a alegação da defesa?
RESPOSTA - Agiu corretamente a defesa ao alegar que a prova foi produzida de forma contrária à legalidade.
Na situação, o depoimento da testemunha, apesar de lícito em si mesmo, é considerado ilícito por derivação, uma vez que foi produzido a partir de uma prova ilícita, conforme previsto no Código de Processo Penal.
Art. 157, § 1º, CPP - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
As provas ilegais são um gênero do qual derivam três espécies: provas ilícitas, provas ilícitas por derivação e provas ilegítimas. Provas ilícitas por derivação são aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua essência, derivam de uma prova ilícita. Trata-se da aplicação da Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual, o fato de a árvore estar envenenada, contamina os seus frutos. Trazendo para o mundo jurídico, significa que a ilegalidade de um ato contamina todos os outros atos que a ele estão vinculados.
Portanto, o depoimento da testemunha foi realizado de maneira válida, sendo uma prova lícita. No entanto, como deriva do depoimento de Joaquim, colhido mediante coação, a prova testemunhal torna-se ilícita por derivação, já que se originou de prova ilícita.
·  Meios de prova
2 - Tício, funcionário público, foi denunciado por prevaricação. Durante o curso da instrução processual, recebe uma carta confidencial de Mévio, suposta vítima do crime, que atesta sua inocência. Tício deseja juntar aos autos a referida carta e busca sua advogada para saber se a mensagem poderá ser considerada como meio prova.
Qual deverá ser a resposta dada pela advogada?
RESPOSTA - A advogada deve ponderar que meio de prova é tudo que pode ser utilizado para a demonstração dos fatos. Nesse sentido, o art. 233 do CPP dispõe que as cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
No caso, a carta enviada por Mévio é considerada como meio de prova lícita e pode ser juntada aos autos, tendo em vista que não viola normas constitucionais ou legais, uma vez que a carta era dirigida à Tício, não tendo havido, por exemplo, violação ao sigilo das correspondências.
·  Ônus da prova
3 - Em um determinado processo, após o depoimento da testemunha de acusação, a defesa requereu prova documental, cujo objetivo consistia em contrapor tal depoimento. Todavia, tal pedido foi negado pelo juiz, por considerar irrelevante a prova documental requerida pela defesa, sem qualquer fundamentação.
Você, advogado de defesa, não se conformando com a decisão, decide recorrer. Quais argumentos podem ser utilizados?
RESPOSTA - No caso em questão, agiu corretamente a defesa ao recorrer da decisão, uma vez que pode se considerar que houve cerceamento de defesa, ferindo o princípio do contraditório e ampla defesa. Sabendo que a finalidade do Processo Penal é a busca da verdade material, ao negar a produção de uma prova, é necessário que o juiz fundamente sua decisão, comprovando que a prova era inútil ao processo. Por isso, o advogado poderá alegar cerceamento de defesa da parte, ferindo os princípios do contraditório e ampla defesa e o direito à prova. Além disso, poderá fundamentar a alegação na falta de fundamentação do juiz, que fere o dever constitucional do magistrado de fundamentar suas decisões, bem como o princípio do livre convencimento motivado.
Importante ressaltar que a prova pode ser conceituada enquanto atividade probatória. As provas são, portanto, os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio juiz visando a estabelecer, dentro do Processo Penal, determinados fatos, ou a verdade sobre os fatos. Nesse sentido, o Ministério Público e o querelante, quando promovem uma ação e, consequentemente, exigem do Estado uma prestação jurisdicional, se obrigam a comprovar os fatos narrados na denúncia ou na queixa. Além disso, a defesa também se utiliza do direito de prova para comprovar sua versão dos fatos ou demonstrar a existência de excludentes de ilicitude e de culpabilidade.
A atividade probatória é, portanto, uma atividade essencial para a busca da verdade material, que é o objetivo do Processo Penal. A ação busca um resultado e, seja qual for o ponto de vista da finalidade do processo, na acusação ou da defesa, a prova é essencial.
·  Prova ilícita
4 - Em uma briga de bar, Joaquim, causando-lhe sérias lesões no ombro direito. O promotor de justiça ofereceu denúncia contra Joaquim, imputando-lhe a prática do crime de lesão corporal grave contra Pedro, e arrolou duas testemunhas que presenciaram o fato. A defesa, por sua vez, arrolou outras duas testemunhas que também presenciaram o fato. Na audiência de instrução, as testemunhas de defesa afirmaram que Pedro tinha apontado uma arma de fogo para Joaquim, que, por sua vez, agrediu Pedro com a faca apenas para desarmá-lo. Já as testemunhas de acusação disseram que não viram nenhuma arma de fogo em poder de Pedro. Nas alegações orais, o Ministério Público pediu a condenação do réu, sustentando que a legítima defesa não havia ficado provada. A defesa pediu a absolvição do réu, alegando que o mesmo agira em legítima defesa. No momento de prolatar a sentença, o juiz constatou que remanescia fundada dúvida sobre se Joaquim agrediu Pedro em situação de legítima defesa, mas condenou o réu.
O advogado de defesa, inconformado com a sentença, apelou. Qual deve ter sido o fundamento da apelação do defensor?
RESPOSTA - EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA Xª VARA CRIMINAL DA COMARCA X
PROCESSO n.º: xxxxxxxxxxxxxxxxx
JOAQUIM, já qualificado à fls. x, nos autos do processo criminal que o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO X lhe move, por seu/sua advogado(a), vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. sentença de fls. x, interpor o presente recurso de APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I, do Código de Processo Penal.
Requer que, após o recebimento desta, com as inclusas razões, e ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado X, para que sejam processados e dado o devido provimento ao presente recurso.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, Data.
Advogado(a)
OAB/UF
RAZÕES DE APELAÇÃO
Xª Vara Criminal da Comarca X.
Processo n.º xxxxxxxxxxxxxxxxx
Pelos apelante: JOAQUIM
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria de Justiça,
Nobres Julgadores,
1. BREVE RELATO DO FEITO
JOAQUIM foi denunciado como incurso no art. 129, §1º do Código Penal por, no dia X, no Bar localizado na cidade X, ter ferido a suposta vítima PEDRO com uma faca.
Tanto a acusação quanto esta defesa técnica arrolaram duas testemunhas que presenciaram os fatos. Na audiência de instrução, as testemunhas de defesa afirmaram que PEDRO tinha apontado uma arma de fogo para Joaquim, que, por sua vez, agrediu PEDRO com a faca apenas para desarmá-lo, em claro estado, portanto, de legítima defesa. Já as testemunhas de acusação limitaram-se a dizer que não viram nenhuma arma de fogo em poder de PEDRO.
Embora instaladafundada dúvida no magistrado sobre a (i)licitude da conduta do apelante, o d. julgador pela procedência da ação penal.
2. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO
Não há provas suficientes para a condenação do apelante, devendo prevalecer o princípio constitucional da presunção de inocência, conforme prescreve o artigo 386, VII do Código de Processo Penal, segundo o qual o juiz absolverá o réu quando não existir prova suficiente para a condenação.
É certo que que no caso presente há a incidência do princípio do in dubio pro reo, uma vez que a defesa conseguiu, a partir da atividade probatória, suscitar uma dúvida razoável no magistrado. Lembrando que, de acordo com o referido princípio, havendo dúvida o juiz deverá absolver o réu.
Isso porque, como regra, em processo penal, o princípio da prevalência do interesse do réu (in dubio pro reo), equivalendo a dever ser a decisão condenatória lastreada em provas firmes tanto em relação à existência do crime quanto acerca da autoria deve vigorar. Não se pode levar em consideração indícios frágeis para apoiar a condenação, sob pena de se contribuir para a formação de lamentável erro judiciário, o que a Constituição Federal expressamente comprometeu-se a indenizar.
Embora, no caso, seja ônus do réu provar a legítima defesa, há que se fazer uma ressalva: ao acusado no Processo Penal, basta que suscite uma dúvida razoável na cabeça do juiz, o que efetivamente ocorreu no caso em tela.
3. DO PEDIDO
Ante o exposto, requer, respeitosamente, seja recebido, autuado e processado o presente recurso de Apelação para que, apreciadas as razões anexas, seja conhecido e ao final provido, reformando a r. sentença prolatada pelo juízo a quo para absolve-lo da imputação do crime de lesão corporal grave, sob pena de violação do artigo 386, VII do Código de Processo Penal e dos princípio constitucional da presunção de inocência.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, Data.
Advogado(a)
OAB/UF
· TEMA 02
· CORPO DE DELITO
·  Conceito
1 - Leia o seguinte texto e responda:
Um homem é acusado de ter cometido crime de estupro de vulnerável, contra sua sobrinha de três anos. Segundo a denúncia o réu estaria fazendo a criança manusear seu pênis ereto, quando foi surpreendido pela mãe da menina. Preso em flagrante, no depoimento policial, ele admitiu a prática do ato e afirmou ter praticado o ato várias outras vezes. Em juízo, a defesa, na resposta à acusação, requereu, nos termos do art. 158, CPP, a realização de exame de corpo de delito, sob a alegação de que não pode uma pessoa ser condenada por crime de estupro, sem que haja o exame de corpo de delito, afirmou, ainda, que a confissão extrajudicial não tem valor probatório e que, ainda que fosse em juízo, a confissão não pode suprir a falta de exame de corpo de delito.
Em tal caso, o juiz deverá determinar o exame de corpo de delito, para a constatação de vestígios?
RESPOSTA - O crime de estupro, tanto na figura do art. 213, CP, como na do art. 317-A, CP, são crimes que, ordinariamente deixam vestígios. Contudo, isso não significa que sempre deixam vestígios.
Deve, portanto, ser feita uma análise concreta do caso, para verificar se é um delicta facti permantentis ou transeuntis. No caso concreto, a imputação é a de que o autor teria feito uma menina de três anos manusear seu pênis, conduta que, evidentemente, não deixa qualquer tipo de vestígio. Por essa razão, no caso, há um delicta facti transeuntis, ou seja, um crime que não deixa vestígios. Inaplicável, portanto, a aplicação do art. 158, pois não há vestígios a serem constatados por tal perícia. Eventual exame de corpo de delito seria uma prova absolutamente inócua, razão pela qual deverá o juiz indeferir tal requerimento.
· Espécies
 
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Uma pessoa sofreu uma violenta surra e foi levado ao hospital, onde permaneceu internado. Apesar de conhecer o agressor, ele preferiu, omitir seu nome. Na ocasião, não foi informada a polícia da ocorrência de tal fato. Cerca de 6 meses depois, tendo mudado de bairro, a vítima sentiu-se encorajada para denunciar o agressor. Instaurado inquérito policial, foram ouvidas, além da própria vítima, várias testemunhas que depuseram sobre a gravidade da lesão, informando que ele permaneceu com o braço imobilizado por 45 dias. A vítima informou à polícia que tem guardado todos os documentos relativos ao tratamento, como raio-x, comprovantes da data de internação e desinternação, receitas e prontuários médicos, recibos de farmácias etc.
Pergunta-se, nesse caso, ainda é possível a condenação do acusado, apesar de não ter sido realizado o exame de corpo de delito na época?
RESPOSTA - Há uma situação clara em que houve o desaparecimento dos vestígios, que impedem a realização de um exame de corpo de delito direto. Contudo, como visto, o exame de corpo de delito indireto é uma perícia que recai nos vestígios secundários do crime, como os documentos relativos à lesão, mencionados no problema. Assim, é de rigor que tais documentos sejam submetidos à perícia, para a elaboração do exame de corpo de delito indireto. Ademais, há prova testemunhal que confirma tanto a lesão, como sua extensão, caracterizadora da lesão corporal grave (art. 129, § 1º, I, CP). O art. 158 diz que é indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, razão pela qual no caso concreto feito a perícia sobre os documentos, já que impossível o direto, terá sido cumprida a regra no mencionado artigo. Em suma, é possível a condenação do réu em tais circunstâncias.
·  Pontos relevantes I
3 - Leia o seguinte texto e responda:
Em um processo no qual Fulano de Tal é acusado de estelionato, que segundo a inicial teria sido praticado com o uso de um documento falso, a defesa requereu que fosse feita perícia no documento usado, para verificação de sua falsidade. O juiz, contudo, indeferiu tal perícia, alegando ser desnecessária, em razão da prova testemunhal, mencionando na decisão o art. 184, CPP.
Foi correta a decisão do juiz?
RESPOSTA - A decisão não foi correta, pois o art. 184, CPP, permite o indeferimento da perícia desnecessária, mas faz a ressalva do exame de corpo de delito, que não poderá ser indeferido. Como se trata de uma perícia em um documento usado no estelionato, que corresponde no tipo ao artifício usado como meio para o induzimento a erro, trata-se de vestígio do crime, o que torna, nos termos do art. 158, CPP, obrigatória a realização do exame de corpo de delito.
·  Pontos relevantes II
4 - Leia o seguinte texto e responda:
Jerônimo desapareceu em uma sexta-feira, em Ubatuba, onde morava com seu companheiro. Sua família, após uma semana sem contato foi até a delegacia e noticiou o fato. Após investigação, suspeitou-se de seu companheiro, Herodes Cabreúva. No inquérito policial ele negou ter matado seu companheiro. Ele foi preso temporariamente e, depois, preventivamente. O vizinho do casal declarou que ambos brigavam muito e Jerônimo, muito mais franzino, havia se queixado de ter sofrido agressões. Disse ainda que ambos saíram na referida sexta-feira e que viu Herodes voltando sozinho. Uma outra testemunha, Petherson, que trabalha no cais disse que viu os dois saindo de barco na sexta, por volta das 10 horas. Cledinílson viu o barco retornando, mas apenas Herodes estava nele. Na operadora de celular ficou registrado o último sinal na região do cais, na sexta-feira. Jerônimo nunca mais foi visto.
À luz do Código de Processo Penal, se o cadáver não for encontrado, ele pode ser condenado com base nesse conjunto probatório?
RESPOSTA - Trata-se de uma clássica situação de homicídio sem cadáver. Vale, para tais casos, a regra geral do desaparecimento dos vestígios, que torna impossível a realização do exame de corpo de delito. A falta do exame de corpo de delito não poderá ser suprida pela confissão (art. 158, CPP), mas poderá ser suprida pela prova testemunhal (art. 167, CP). Em tal caso, verifica-se que há testemunhas sobre o fato, razão pela qual poderá ser condenado o acusado pelo crime de homicídio, ainda queo cadáver não tenha sido encontrado.
· TEMA 03
· INTERROGATÓRIO
·  Conceito, natureza jurídica e características
1 - A autoridade policial pode obstar o advogado de acompanhar o interrogatório de seu cliente na delegacia, sob o argumento de que não há contraditório no inquérito policial? Justifique.
RESPOSTA - Não pode. A postura do delegado, no caso, violaria expressa disposição legal. Assim prevê a Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), com redação dada pela Lei 13.245/2016: Art. 7º. “São direitos do advogado: (...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: apresentar razões e quesitos”.
·  Procedimento
2 - Marcos está sendo processado por roubo. Durante a instrução, foi ouvida uma testemunha arrolada pela acusação (um policial militar) e, apesar de ainda não ter retornado uma carta precatória para oitiva da vítima, o juiz procedeu ao interrogatório do acusado. De acordo com a jurisprudência majoritária, está correta a conduta do juiz?
RESPOSTA - A jurisprudência tem admitido o interrogatório antes do retorno da deprecata, pois o art. 222 estabelece que a expedição de precatória não suspende a instrução. Nesse sentido: “O fato de o acusado haver sido inquirido antes do retorno da deprecata referente ao depoimento de um dos ofendidos não implica ofensa à ordem prevista no artigo 400 da Lei Processual Penal, uma vez que os §§ 1º e 2º do artigo 222 do referido diploma legal disciplinam que, na hipótese de oitiva de testemunha que se encontra fora da jurisdição processante, a expedição da carta precatória não suspende a instrução criminal, razão pela qual o feito prosseguirá, em respeito ao princípio da celeridade processual, procedendo-se à oitiva das demais testemunhas, ao interrogatório do acusado e, inclusive, ao julgamento da causa, ainda que pendente a devolução da carta pelo juízo deprecado. Precedente” (STJ, HC 388688 / SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, j. 04/04/2017, v.u.); “Não configura ilegal constrangimento a realização de interrogatório do acusado antes da restituição de deprecatas expedidas para a inquirição de testemunhas, porquanto, não obstante o artigo 400 do Código de Processo Penal estabeleça o interrogatório como último ato da instrução criminal, o próprio dispositivo excepciona a regra geral, admitindo a inversão do rito quando a prova testemunhal há de ser colhida por meio de carta precatória, nos termos do artigo 222 do aludido Codex” (STJ, RHC 58485 / MG, Rel. Min. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 6ª T., j. 10/11/2015, v.u.).
· Interrogatório por videoconferência
3 - Marcos responde preso à processo por tráfico de drogas. Cinco dias antes da audiência, a defesa é intimada do despacho do juiz determinando que o ato processual seja realizado por videoconferência, sob o fundamento de que o deslocamento do preso gera custo excessivo para o Estado. Insurgindo-se quanto a tal decisão, o que poderia alegar a defesa?
RESPOSTA - O fundamento trazido pelo magistrado não encontra amparo legal. Como observa Nucci, “o processo penal e o aparato punitivo estatal são dispendiosos por natureza. Um presídio não é uma empresa e não há de dar lucro ao Estado, assim como a apresentação do réu preso para acompanhar seu julgamento é um dever assumido pelo Estado Democrático de Direito. Não importam os custos, embora se possa otimizar a máquina judiciária e obter o maior aproveitamento possível” (NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado, 15ª edição. Forense, 02/2016).
As finalidades autorizadoras do interrogatório por videoconferência estão previstas no art. 185 CPP, § 2o., a saber: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
Além disso, o § 3o do referido dispositivo estabelece que “da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência”.
· Realização do interrogatório, direitos do acusado e questões relacionadas
4 - Ricardo responde em liberdade a processo por receptação (art. 168 do Código Penal), estando devidamente qualificado nos autos. Não obstante, o juiz decreta a sua condução coercitiva para interrogatório judicial, com o objetivo de ouvi-lo sobre os fatos. É aplicável a condução coercitiva nesse caso? Justifique.
RESPOSTA - O interrogatório judicial é um direito do acusado, não um dever. De outra banda, o réu não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, podendo, inclusive, permanecer em silêncio, sem que isso seja considerado em desfavor da defesa. Desse modo, não há sentido na condução coercitiva no caso.
· TEMA 04
· CONFISÃO
·  Conceito e natureza jurídica
1 - Túlio foi condenado pela prática dos delitos previstos nos arts. 15 e 16 da Lei nº 10.826/2003, em razão de acusação por porte ilegal de arma de fogo com numeração raspada e realização de disparos de arma de fogo em via pública. Por ocasião de seu interrogatório, o réu confessou todos os fatos narrados na denúncia e, em razão disso, o Magistrado considerou desnecessária a realização do exame de corpo de delito e de balística e condenou o réu como incurso nos delitos previstos nos arts. 15 e 16 da Lei 10.826/2003. Como advogado de defesa de Túlio, indique o argumento para fundamentação de recurso.
RESPOSTA - O advogado de defesa deverá apresentar Apelação (ar. 593, I, do CPP) e requerer a nulidade da sentença com base no art. 594, III, b, CPP vez que nos crimes que deixam vestígio é indispensável o exame de corpo de corpo de delito.
· Fundamentos
2 - Analise o seguinte caso: Reginaldo de Tal, réu confesso, foi condenado pela prática de homicídio durante uma rebelião em estabelecimento prisional. A confissão foi efetuada judicialmente, por ocasião de seu interrogatório, em razão de coação exercida pela organização criminosa que lidera o presídio. Durante a instrução criminal, nenhuma prova colhida confirmou a autoria do crime. Como advogado do condenado, indique o argumento recursal cabível.
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Apelação (art. 593, I do CPP) e requerer a nulidade da sentença pleiteando a nulidade da sentença vez que o depoimento foi obtido mediante coação.
·  Delação Premiada
3 - Mercedes foi denunciada pela prática de tráfico ilícito de entorpecentes. No curso da ação penal, negociou acordo de colaboração premiada com membro do Ministério Público competente e delatou Joana como chefe da organização criminosa. Em juízo, durante o interrogatório da delatora, não foi concedida oportunidade ao defensor da delatada para realização de reperguntas. Como advogado de defesa de Joana, indique o argumento para fundamentação de recurso.
RESPOSTA - O advogado de defesa deverá apresentar Apelação (art. 593, I, CPP) e requere a absolvição do réu tendo em vista a nulidade da sentença com fulcro no artigo 564, III, b, CPP, vez que a parte do interrogatório em que ocorreu a delação deverá ser produzida sob o crivo do contraditório, dando oportunidade, para que as partes e, principalmente, o defensor do acusado delatado formulem perguntas ao delator, com se fosse uma testemunha arrolada pela acusação (art. 212, do CPP).
Conforme a redação do art. 188, do CPP, deverá ser assegurado ao defensor do corréu acusado o direito de reperguntas no interrogatóriode outro acusado. Embora o dispositivo não tenha previsão expressa de reperguntas “do defensor do delatado” mas apenas “das partes”, deve-se incluir os outros acusados
·  Divisibilidade e Retratabilidade
4 - Lucélia foi condenada pela prática de estelionato. Na sentença, o Magistrado competente considerou como meio de prova válido a confissão extrajudicial realizada pela acusada, apesar da retratação apresentada posteriormente em juízo e condenou Lucélia apenas com base na confissão extrajudicial sem fundamentar em qualquer outra prova colida nos autos. Como advogado de defesa indique o argumento para fundamentação de recurso.
RESPOSTA - O advogado de defesa deverá interpor Apelação (art. 593, I, do CPP) e requerer a absolvição do réu, pois a condenação baseada em confissão extrajudicial somente será válida se encontrar amparo nas demais provas produzidas nos autos (HC 100.693 – Rel. Luiz Fux).
· TEMA 05
· VÍTIMA
· Conceito e obrigatoriedade de inquirição
1 -  Paulo está sendo acusado por crime de roubo, tendo sido reconhecido fotograficamente pela vítima na fase policial. Em juízo, a vítima não comparece à audiência de instrução e o magistrado, com base no depoimento dos policiais e no reconhecimento anterior, condena Paulo. O que pode ser alegado em sede de apelação?
RESPOSTA - Há nulidade (relativa) em razão da dispensa de oitiva da vítima. Nos termos do art. 201 do CPP, “sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações” (grifei). No caso, deixar de tomar as declarações do ofendido trouxe prejuízo concreto ao acusado, que foi condenado sem a realização de reconhecimento pessoal, feito sob o crivo do contraditório.
· A palavra da vítima e a condenação
2 - Qual valor probatório deve ser atribuído às declarações do ofendido? Havendo contradição entre a versão da vítima e a do acusado, ou entre a versão da vítima e a das testemunhas de defesa, qual deve prevalecer?
RESPOSTA - Conforme assentado em aula, as declarações do ofendido constituem meio de prova com valor relativo. Não existe uma fórmula matemática para a sua valoração, não há um peso pré-definido (prova tarifada). Cabe ao julgador, diante do caso concreto e à luz do conjunto probatório amealhado, examinado como um todo, sopesar as provas produzidas e externar o seu convencimento de modo fundamentado.
·  Direitos da vítima I
3 - Em determinado processo envolvendo crime contra a dignidade sexual, percebe-se que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à ofendida, comprometendo a verdade do depoimento. Pela letra do Código de Processo Penal, qual providência deve ser adotada?
RESPOSTA - Nos termos do art. 217 do CPP, “se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor” (grifei).
· Direitos da vítima II
4 - Fernanda imputa a José, seu ex-companheiro, a prática de estupro de vulnerável contra a filha. Durante a instrução, fica demonstrado que Fernanda falseou a verdade, atribuindo falsamente o delito ao acusado, com o objetivo de obter a guarda da criança. Fernanda praticou algum crime? Qual?
RESPOSTA - Fernanda praticou o crime de denunciação caluniosa (CP, art. 339. “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa”). Fernanda, por não ser testemunha e não estando sujeita ao compromisso de falar a verdade, não se configura o crime de falso testemunho.
· TEMA 06
· TESTEMUNHA
·  Conceito e características
1 - Como advogado, você arrola testemunhas de defesa para demonstrar a boa conduta social do seu cliente. O juiz indefere a oitiva, determinando que a apresentação das declarações seja feita por escrito. Está correta a decisão? Justifique.
RESPOSTA - Não. Uma das características da prova testemunhal é a oralidade. O art. 204 do CPP estabelece que “o depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito”. Apenas algumas autoridades têm a prerrogativa de prestarem depoimento por escrito (art. 221, § 1º, do CPP). Na jurisprudência: “Mandado de segurança. Processo penal. Indeferimento da oitiva de testemunhas de defesa. Arguição de nulidade. Ocorrência. Cerceamento de defesa caracterizado. Juiz presidente que indefere a oitiva de testemunhas de antecedentes. Relevância das informações sobre a conduta social do acusado. Art. 59 do Código Penal. Demonstração de direito líquido e certo à oitiva das testemunhas não presenciais. Segurança concedida” (TJSP, MS 2186848-76.2014.8.26.0000, Rel. Otávio de Almeida Toledo, 16ª Câmara de Direito Criminal, j. 16/12/2014, v.u.).
· Capacidade para ser testemunha
2 - O policial que participou da prisão do acusado pode ser ouvido como testemunha? Qual o valor probatório de suas palavras?
RESPOSTA - Em princípio, o policial que participou da prisão do acusado pode ser ouvido como testemunha. Suas declarações, como quaisquer outras, constituem meio de prova com valor relativo, inexistindo fórmula matemática para a sua valoração, nem peso pré-definido (prova tarifada). Cabe ao julgador, diante do caso concreto e à luz do conjunto probatório amealhado, examinado como um todo, sopesar as provas produzidas e externar o seu convencimento de modo fundamentado. Na jurisprudência: “Policial é testemunha como qualquer pessoa e oposição a sua fala deve ser específica, não genérica pela origem” (TJSP, Ap 0015282-16.2009.8.26.0050 – São Paulo, 3.ª Câmara de Direito Criminal, rel. Ruy Alberto Leme Cavalheiro, 26.05.2015, v.u.).
· Oitiva das testemunhas I
3 - Em que momento da audiência de instrução deve ser arguida a contradita? Quais hipóteses legais permitem a contradita?
RESPOSTA - Nos termos do art. 214 do CPP, as partes poderão contraditar a testemunha antes de iniciado o depoimento. Nesse sentido: “O art. 214 do CPP estabelece que a contradita da testemunha deve ser realizada no momento de prestar compromisso, antes do início do depoimento” (TJSP, ACR 7592252 PR 0759225-2, rel. Macedo Pacheco, DJ 21.07.2011).
A contradita poderá ser aduzida quando presentes as hipóteses dos arts. 207 e 208 do CPP e, se acolhida, provocará, respectivamente, a exclusão da testemunha ou não tomada de seu compromisso.
Outrossim, as partes poderão arguir circunstâncias ou defeitos que tornem a testemunha suspeita de parcialidade (ex.: amizade íntima com o acusado) ou indigna de fé (ex.: já condenada por falso testemunho), situações que, reconhecidas, poderão influenciar na convicção do julgador. (ver art. 214 do CPP)
· Oitiva das testemunhas II
4 - Existe nulidade se houver inversão na ordem de inquirição da testemunha? Se, por exemplo, durante a instrução, o magistrado iniciar a inquirição, abrindo a oportunidade de reperguntas às partes, há nulidade?
RESPOSTA - "A nulidade é relativa, dependendo de demonstração do prejuízo. Nesse sentido, já decidiu o STF: “(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que ‘a inobservância da ordem de inquirição de testemunhas não constitui vício capaz de inquinar de nulidade o ato processual ou a ação penal, razão por que a demonstração do efetivo prejuízo se faz necessária para a invalidação do ato’ (HC 114.787, Rel. Min. Luiz Fux). 2. Hipótese em que a nulidade foi arguida apenas em sede de apelação e não houve a devida demonstração de eventual prejuízo suportado pela acusada. Incidência da Súmula 523/STF (‘No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiênciasó o anulará se houver prova de prejuízo para o réu’). 3. Habeas Corpus extinto sem resolução de mérito por inadequação da via processual” (STF, HC 114789/SP, Rel. Min. Luis Roberto Barroso, 1ª T., j. 19/08/2014, v.u.). No mesmo sentido, confira-se a posição do STJ: "Este Sodalício Superior possui entendimento de que, não obstante a nova redação do art. 212 do Código de Processo Penal tenha estabelecido uma ordem de inquirição das testemunhas, a não observância dessa regra acarreta, no máximo, nulidade relativa. É necessária, ainda, a demonstração de efetivo prejuízo, por se tratar de mera inversão, visto que não foi suprimida do juiz a possibilidade de efetuar perguntas, ainda que subsidiariamente, para a busca da verdade" (...) (STJ, AgRg no REsp 1653371/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6a. T., j. 04/05/2017, v.u.)."
· TEMA 07
· Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
· Definição e Formalidades
1 - Tício foi preso em flagrante delito e, buscando a sua identificação pela vítima, o preso foi colocado frente a frente com o ofendido mediante a seguinte pergunta - foi esse sujeito que praticou o crime contra o senhor? A vítima prontamente confirmou a autoria do crime.
Como advogado de Tício, diga qual a peça adequada para o caso, e o fundamento conforme a legislação processual penal específica sobre o tema do reconhecimento de pessoas.
RESPOSTA - Deverá ser interposto Habeas Corpus, sendo que o advogado deverá pleitear a nulidade do ato de reconhecimento por desrespeito às formalidades essenciais do ato, nos termos do artigo 226 do CPP.
·  Reconhecimento Informal
2 - O juiz indefere, alegando tratar-se de pedido puramente protelatório, a produção de provas no sentido de exibir para as testemunhas fotografia do irmão do réu, parecido com ele, buscando a sua absolvição.
Como advogado do réu, diga qual a medida cabível para sanar tal arbitrariedade judicial.
RESPOSTA - Impetração de habeas corpus pedindo a nulidade da oitiva das testemunhas já realizada para que seja exibida a fotografia (reconhecimento indireto) a fim de que as testemunhas indiquem o real culpado pela infração penal.
· Conceito de Acareação
3 - Mesmo com seus dois pressupostos presentes: (1) as pessoas a serem acareadas já devem ter prestado suas declarações perante o mesmo juízo e sobre os mesmos fatos e circunstâncias; e (2) as declarações já prestadas devem ser divergentes sobre algum ponto relevante para a solução da causa; o juiz indeferiu pedido de acareação.
Como advogado, diga qual a medida cabível para que essa importante prova seja produzida, mesmo após o término da instrução.
RESPOSTA - Deverá ser interposto o recurso de apelação após a sentença ou habeas corpus antes dela para anular a audiência desde o momento do indeferimento do pedido de acareação.
· Relevo da Acareação
4 - Embora o acusado no processo penal tenha o direito à produção da prova necessária a dar embasamento à tese defensiva, é certo que, ao magistrado é facultado o indeferimento, de forma fundamentada, das providências que julgar protelatórias, irrelevantes ou impertinentes, devendo sua imprescindibilidade ser devidamente justificada pela parte. Mostrando-se desnecessária para o deslinde do feito a acareação, não há ilegalidade a ser reconhecida.
RESPOSTA - Sim. Ao magistrado é facultado o indeferimento, de forma fundamentada, das providências que julgar protelatórias, irrelevantes ou impertinentes, devendo sua imprescindibilidade ser devidamente justificada pela parte. Mostrando-se desnecessária para o deslinde do feito a acareação, não há ilegalidade a ser reconhecida (STJ AgRg no Resp 120.538-5 - 2015 - Rel. Min. Nefi Cordeiro). 
· TEMA 08
·  Documentos e indícios
· Conceito de documentos
1 - Leia o seguinte texto e responda:
A defesa de uma pessoa acusada de incêndio (art. 250, CP) alega a existência de álibi, pois o réu teria viajado para uma cidade distante um dia antes da data do crime e teria voltado uma semana depois. Após a instrução criminal, o juiz abriu prazo para a apresentação de memoriais. Dois dias após a audiência, antes da apresentação das alegações escritas da acusação, a defesa juntou documentos da empresa de ônibus, o que comprovaria o alegado álibi.
Em tal caso, é possível a juntada do documento após a instrução?
RESPOSTA - O art. 231, CPP, dispõe que “as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo”. Assim, a juntada, mesmo após a audiência de instrução é possível. Ademais no caso ainda não houve a manifestação do Ministério Público, o que significa que o órgão acusatório terá ciência do documento, antes de manifestar-se em fase de alegações finais. Deve ser observado que a doutrina sustenta ser aplicável a essa hipótese, o disposto no art. 437, § 1º, CPC, que dispõe que após a juntada de documento, deverá ser aberta vista a outra parte. Como no caso, ainda não houve a manifestação do MP nas alegações finais, o contraditório será cumprido.
· Questões polêmicas
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Em uma ação penal em que uma pessoa foi acusada do crime do art. 36, da lei 11.343/06, porque teria financiado a prática de tráfico de drogas, foi juntado aos autos uma anotação em uma folha de caderno, sem assinatura, em letra desconhecida, em que havia um cálculo sobre o lucro que poderia ser obtido com a compra na Bolívia de 100 kg de cocaína, para ser revendida em São Paulo. A defesa do acusado requereu o desentranhamento de tal documento dos autos, sob a alegação de que se tratava de documento anônimo e nenhum valor teria.
Deverá ser feito o desentranhamento?
RESPOSTA - O desentranhamento de prova só é cabível se a prova for ilícita (art. 157, CPP). A hipótese de documento anônimo não se enquadra em situação de prova ilícita, razão pela qual não há previsão para o seu desentranhamento. Por outro lado, a doutrina entende que o documento anônimo tem pouco ou nenhum valor probatório. Há quem, como Badaró, que afirme que “não pode ter qualquer valor probatório”; para Nucci, o documento compõe o conjunto probatório. Obviamente, no caso concreto, não há como negar o pequeno valor do documento anônimo apreendido.
· Conceito de indício
3 - Leia o seguinte texto e responda:
Acusado de crime de incêndio, Jerônimo, havia ameaçado a vítima uma semana antes, após uma discussão, quando disse em um bar: “você não perde por esperar!” Quando houve o incêndio na chácara da vítima, logo suspeitou-se de Jerônimo. Processado, ele nega o fato e não há qualquer testemunha ou outra prova que incrimine o réu. Contudo, o Ministério Público requereu a condenação, sob a alegação de que, nos termos do art. 239, CPP, havia uma prova indiciária, que permitiria a condenação.
Está correto o MP? seria o caso de aplicação do art. 239, CPP?
RESPOSTA - Há na alegação, uma confusão entre indícios, no sentido de suspeita, elementos superficiais, com a prova indiciária de que fala o art. 239, CPP. Há um fato provado: que o réu ameaçou, uma semana antes, a vítima, mas isso não permite a elaboração de um raciocínio indutivo-dedutivo, que leve à conclusão de que conclusão de que a pessoa que ameaçou foi o autor do crime. Para que haja a prova indiciária é preciso que exista uma conexão lógica entre os dois fatos, de modo a permitir a conclusão de autoria. Não é o que ocorre no presente caso.
·  Validade dos indícios para condenação
4 - Leia o seguinte texto e responda:
O homem foi encontrado morto em seu apartamento no 9º andar, com três tiros no peito, dados com sua própria arma. Pela quantidade de tiros e pelo fato de não ter sido próximo do corpo foi descartado o suicídio. Verificou-se pela câmera do edifício, que a namorada da vítima esteve no dia anterior ao momento em que foi encontrado o cadáver no apartamento da vítima, onde ficou por exatos 43 minutos. A namorada alega que lá esteve, mas que a vítima estava viva quando saiu. O porteiro afirma que a mulher saiu aparentando muito nervosismo. A roupa usada pela mulher no dia, não foi encontrado, para que fosse feito uma perícia para verificação de vestígiosde pólvora. Ao que parece a roupa foi jogada fora. Pelas câmeras não se constata a entrada de mais ninguém do apartamento, que estava trancado. A suspeita tinha a chave do imóvel.
Com base nesses elementos, a ré poderá ser condenada por homicídio?
RESPOSTA - Há vários fatos comprovados, como o presença da suspeita no apartamento do namorado, a prova testemunhal do porteiro que afirma o nervosismo da suspeita, ao sair, e o fato de que a roupa usada no dia foi descartada, bem como o fato de que não há mais qualquer pessoa que tenha ingressado no apartamento. É possível, principalmente, pelo fato de que só ela esteve no apartamento, cuja chave possuía, e que a vítima foi encontrada morta, concluir que ela foi a autora do homicídio. Ora, se ninguém mais entrou no imóvel, conforme a prova das câmeras, quem poderia ter matado, senão a namorada. Há uma situação clara em que os fatos provados (presença no apartamento e impossibilidade de presença de outra pessoa) permitem a conclusão segura de que ela foi a autora do homicídio, aplicando-se o art. 239, CPP.
· TEMA 09
·  BUSCA E APREENÇÃO
· Busca
1 - Astolfo caminhava próximo à rua de sua casa quando foi abordado por dois policiais militares que desconfiaram da forma como o abordado estava andando. Em razão disso, solicitaram o documento de identidade de Astolfo para checar seus antecedentes criminais, restando, todavia, constatado que ele não tinha antecedentes.
Não satisfeitos, os policiais solicitaram que Astolfo encostasse na parede para que fosse revistado. Sentindo-se indignado com a abordagem, Astolfo negou-se a permitir a revista, alegando que não haveria motivo e tampouco mandado para tanto.
Poderiam os policiais militares proceder à busca pessoal sem motivação específica e sem o competente mandado? Se a pessoa abordada fosse mulher, haveria a necessidade de alguma alteração procedimental?
RESPOSTA - Sim, pois para que se proceda à busca pessoal bastará a fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos ilícitos, sendo desnecessária a expedição de mandado.
Caso a pessoa abordada seja mulher, a busca pessoal será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
· Apreensão
2 - Lara é acusada de ter cometido o delito de roubo. Na fase de investigação, os policiais responsáveis, adentram na casa da suspeita, sem mandado de busca e apreensão e encontram o objeto do delito que Lara fora acusada, decretando, assim, a prisão da ré. Diante o exposto, na figura do advogado da ré, responda qual seria a medida cabível contra tal ato?
RESPOSTA - O advogado da ré deverá impetrar habeas corpus com pedido liminar pedindo a nulidade do ato de apreensão da prova colhida, a partir da entrada indevida da polícia na residência da acusada, sem ordem judicial ou autorização de quem quer que seja. Sendo assim, tal apreensão não poderá servir para embasar o processo criminal, visto que se trata de prova ilícita. No caso, a prisão deverá ser relaxada.
· : Hipóteses Legais
3 - Albertino, investigado pela polícia federal pela possível prática habitual do crime de tráfico de drogas transnacional, teve decretada a interceptação de suas comunicações telefônicas exatamente dentro dos termos da lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996. Todavia, expirado o prazo, a polícia federal não obteve qualquer informação hábil a provar o envolvimento de Albertino na atividade ilícita.
Porém, ao analisar o teor das conversas, a polícia federal percebeu que diversas vezes fora mencionada a palavra “cartas”, evitando-se, entretanto, falar de seus conteúdos.
De tal modo, poderia a autoridade policial tomar alguma medida para ter acesso ao conteúdo das referidas cartas?
RESPOSTA - Sim, poderia a autoridade policial requerer a expedição de mandado de busca domiciliar a fim de apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato, nos termos do artigo Art. 240, §1º, f do Código de Processo Penal.
Vale ressaltar que o mandado de busca, nos termos do art. 243 do Código de Processo Penal, deverá indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; o motivo e os fins da diligência e ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
·  Mandados Genéricos
4 - A autoridade policial, ao investigar uma quadrilha especializada em roubos de bancos e suspeitando que um dos integrantes da quadrilha seja advogado - uma vez que os suspeitos rotineiramente se reuniam em um escritório de advocacia situado na rua X -, solicitou à autoridade judicial que expedisse mandado de busca e apreensão, pois queriam “tirar a limpo” o que vem ocorrendo no referido escritório.
De tal modo, o magistrado determinou a expedição de mandado de busca e apreensão genérico para todos os escritórios de advocacia situados na rua X para que a investigação pudesse ocorrer de forma plena.
É possível vislumbrar alguma ilicitude no supramencionado procedimento?
RESPOSTA - Sim, pois muito embora a expedição de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia tenha previsão no artigo 7º, §6º do Estatuto da OAB, permitindo-se que presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade do escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia, tal mandado de busca e apreensão deve ser específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes.
De tal modo, resta demonstrada a ilegalidade relativa à expedição do mandado de busca e apreensão genérico para todos os escritórios de advocacia situados na rua X.
· TEMA 10
· Partes no Processo Penal
· Juiz
1 - Em uma cidade do interior do Brasil, um juiz publicou repetidamente, em uma rede social, ácidas críticas ao Prefeito Municipal, chegando a dizer que ele “deveria prestar contas à Justiça, pela malversação do dinheiro público.” Terminado o mandato de prefeito, referido político foi denunciado por crime de corrupção passiva (art. 316, CP), porque teria recebido vantagem de uma empresa fornecedora de material escolar, contratada pela prefeitura. A defesa do ex-prefeito foi informada pelo réu sobre as manifestações do juiz em sua rede social. Há algo que pode ser feito, nesse caso? Tais manifestações retiram do juiz a possibilidade de julgar aquela causa?
RESPOSTA - A questão se refere ao caráter taxativo ou exemplificativo das causas de impedimento e de suspeição. Como visto, as causas de impedimento são taxativas, segundo entendimento predominante, e não há qualquer previsão em lei, que abrangeria tal hipótese.
Contudo, diverso são as causas de suspeição. Há controvérsia na doutrina, sobre seu caráter taxativo ou exemplificativo. Muitos autores sustentam que se trata de rol exemplificativo, de modo que poderá ser considerado suspeito o juiz, ainda que em hipótese não prevista em lei, se lhe faltar a imparcialidade, atributo imprescindível ao desempenho da jurisdição.
Em tal caso, portanto, é possível entender que o juiz é suspeito, por ter se manifestado, publicamente, de forma bastante agressiva, seu desapreço pelo ex-prefeito, agora réu em ação penal. Por esse entendimento, deveria o juiz apontar suspeição e, não o fazendo, poderá a defesa opor exceção de suspeição.
· Ministério Público
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Em certa capital brasileira ocorreu um latrocínio que, em razão da notoriedade da vítima, teve grande repercussão midiática e social. Ocorre que foi apresentado um suspeito pela políciacivil, mas o promotor entendeu que não havia indícios suficientes de autoria, para o oferecimento da denúncia. O Governador do Estado, preocupado com a segurança e, sobretudo, com a reverberação daquele crime, ligou para o Procurador Geral de Justiça, falando sobre sua preocupação com o não oferecimento da denúncia, pois isso significaria desprestígios à polícia civil. Solicitou que o Procurador Geral entrasse em contato com o Promotor, para que este reconsiderasse seu entendimento. O Procurador Geral de Justiça poderia ligar para o Promotor, transmitindo esse “recado” do Governador?
RESPOSTA - A situação descrita no problema é uma clara violação à independência funcional, princípio institucional do Ministério Público, previsto no art. 127, § 1º, CF. Tal princípio tem duas dimensões, a primeira é a independência externa, que protege a instituição de ingerências de autoridades de fora do Ministério Público, o que torna indevida a ligação do Governador e desobriga o Procurador Geral a atender seu pedido. A segunda dimensão é a independência interna, que garante a autonomia a cada um dos membros do MP. Desse modo, ainda que tenha desagradado ao Governador e mesmo que também tivesse desagradado ao Procurador Geral, ainda assim, o promotor de justiça continuaria com autonomia para manifestar-se de acordo com seu entendimento sobre o caso.
· Defensor
3 - Leia o seguinte texto e responda:
No dia da audiência de instrução e julgamento, o defensor do réu não compareceu. O réu tentou contato diversas vezes, mas não conseguiu falar com ele. O juiz, afirmando que o advogado não justificou a ausência, nomeou para um advogado que estava aguardando para a audiência posterior, para atuar como defensor naquele ato. Com esse advogado, houve a oitiva do ofendido, de cinco testemunhas, interrogatório, alegações orais e a sentença condenatória foi dada em audiência. Em uma situação como essa, agiu corretamente o juiz?
RESPOSTA - Dispõe o art. 265, § 2º, que na ausência injustificada do defensor, poderá o juiz nomear um defensor ad hoc, ou seja, apenas para aquele ato. Contudo, a doutrina sustenta que a nomeação de defensor ad hoc não poderá ocorrer em atos de relevância probatória, como uma audiência de instrução e julgamento. Em tal caso, no máximo, poderia o juiz nomear o defensor para a instrução probatória, mas deveria ter deixado a fase das alegações para momento posterior. O advogado ad hoc não conhece suficientemente os autos, para atuar nos debates. Por essa razão, houve claro prejuízo à defesa do réu.
·  Perito e funcionários
4 - Leia o seguinte texto e responda:
Em um caso de repercussão, sobre falsificação de obra de arte, um especialista em determinado pintor brasileiro deu uma entrevista, na qual disse que o quadro “aparentava ser falso, em razão de certos detalhes essenciais” na obra do pintor. A declaração foi publicada em jornal de circulação nacional. Posteriormente, ele foi nomeado perito, para emitir laudo sobre a autenticidade do quadro. Ele pode atuar como perito nomeado?
RESPOSTA - Por ter emitido opinião sobre o objeto da perícia, ele é impedido de atuar como perito, nos termos do art. 279, II, CPP, que veda a atuação “dos que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia”. A primeira hipótese é de depoimento nos autos, mas a segunda é de dar opinião, que não precisa ser nos autos, abrangendo, certamente, a situação de opinião publicada em jornal. Por tal razão, deverá ele dizer que está impedido.

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