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Maria Beatriz @biawtiful Cosmetologia Perfume – forma farmacêutica destinada para odorização; mistura de matérias primas naturais e sintéticas; número de componentes é variável e depende da finalidade, tipo de produto que se deseja e preço. DEFINIÇÕES Fragrância – concentrado (obtido por via sintética) Essência – concentrado (obtido por via natural) Composição aromática (c.a.) – fragrância ou essência Perfume – forma cosmética (c.a. diluída) Aroma – utilizado para fins alimentícios - flavorizante ou essência → tem que ser agradável, não pode ser usada em excesso; → ordem técnica – pode alterar estabilidade (dependendo da fragrância / concentração) PERFUME - Cheiro agradável, escalável como fumo ou vapor de uma substância aromática (seg. Dicionário Virgílio Lucas); vem do latim “fumar” que, no Italiano antigo passou para “per-fumar”, significando: perfumar por meio de fumaça odorífera. Sempre que o nome perfume for mencionado, a interpretação será de fragrância que cativa e atrai a sensibilidade. PASSADO, PRESENTE E FUTURO Uma das mais antigas aplicações das essências dá origem ao nome perfume, que em latim significa “per fumum” ou “pro fumum”, cuja tradução diz, destinado ao fumo, onde os egípcios as utilizavam em homenagens aos deuses do Egito, para os quais faziam oferendas, mumificações e defumações com fumos aromáticos. Na bíblia encontramos um grande referencial relacionado aos produtos aromáticos, como por exemplo, no momento em que os reis magos levam incenso e mirra para presentear e comemorar o nascimento de Cristo. Encravada nas montanhas de Cote d’Azur, no sul da França, Grasse fez fama graças aos campos de rosas e jasmins. No século XIX a cidade era a maior fornecedora de essências naturais e ainda hoje é responsável pelo fornecimento da matéria prima para a indústria de perfumaria. O envolvimento de Grasse com as essências surgiu no século XVIII quando foi considerado o centro industrial de processamento de couro e a perfumação do couro passou a ser usada para disfarçar o cheiro forte das luvas feitas para a nobreza. Apesar dos estudos e da importância dada à perfumaria ao longo da história, somente nos últimos anos houve uma definição para este ramo da ciência. Em função da complexidade e aprofundamento dos estudos sobre as fragrâncias, em 1982 o Fundo de Pesquisa Olfatória, sediado em Nova Iorque, cunhou a palavra Aromacologia, normatizando e definindo este ramo científico. Apesar de inúmeros estudos sobre a psicodinâmica dos perfumes, os mecanismos “semi- farmacológicos”pelos quais atuam as fragrâncias e todos os conceitos científicos utilizados nos meios acadêmicos, um perfume é, antes de tudo, um sonho, uma maneira de complementar sua aparência, satisfazer a si próprio, chamar a atenção, conquistar, mais do que qualquer coisa, destacar-se e não permitir jamais passar desapercebido. Analisando o mercado de perfumes, percebe-se quão verdadeira é a relação dos perfumes com nossos anseios. Nos grande centros europeus e americanos, apesar da predominância dos produtos associados às grifes internacionais, nota-se hoje fortes tendências cuja referência recai sobre lugares exóticos e tropicais como África, Brasil e Índia. Isto mostra um profundo desejo de conhecer esses lugares, fugindo do ambiente no qual vivem. Inversamente, os maiores sucessos nos países desenvolvidos são os perfumes que se associam às grifes francesas, italianas e americanas. Comprando este perfume o usuário espera associar sua imagem ao glamour que a marca representa, e vivenciar um mundo de luxo, sofisticação e modernidade. O sonho! Cada segmento mostra sua preferência. No universo adolescente, nota-se a procura por perfumes marcantes, que mostrem sua identidade e reforcem sua Maria Beatriz @biawtiful imagem. Homens buscam aromas mais ousados e sensuais que façam com que pareçam eternamente viris, e as mulheres cada vez mais utilizam fragrâncias masculinas, mostrando sua força e independência. Nossos sentimentos diferem de pessoa para pessoa, mesmo dentro de grupos homogêneos ou famílias. Esses sentidos ou mecanismos de percepção são formados e moldados durantes nossa vida, através de nossas experiências e por meio das muitas conexões. Essas diferenças fazem com que aceitemos ou não um produto por seu cheiro, associando-o a algo bom ou ruim, que poderá fazer o efeito esperado ou ser um produto ineficaz. Mesmo após décadas de estudos, ainda é impossível estabelecer regras rígidas, ou princípios fundamentais, pelos quais possamos definir o sucesso ou fracasso de um perfume ou de uma fragrância em produtos cosméticos. A harmonia de uma composição evoca muitas situações ou estados emocionais, sensações de prazer ou repúdio, lembranças boas ou ruins, e é este conjunto de sentimentos que nos move ao encontro de um produto provocando o desejo de possuí-lo. Origem: vegetal (maioria), animal ou sintética. “Notas olfativas” → descrição das fragrâncias: - floral → flores (álcool feniletílico e hidroxicitronelal) - frutal → frutas (undelactona, nonalactona, caproato de etila) - aldeídicos → (aldeídos C – 10 e C – 11) - cítrica - madeira - condimentosa - resinosa - abaunilhada - balsâmica - verde - agreste ESTRUTURA DA COMPOSIÇÃO AROMÁTICA A combinação das notas utilizadas numa composição aromática é um fator muito importante para a qualidade de um perfume. Uma fragrância é composta de três grupos ou classes de notas: cabeça, corpo e fundo. NOTAS DE CABEÇA – constituída pelas substâncias mais voláteis e potencialmente irritantes, que proporcionam a primeira impressão – nota de saída; são as primeiras notas que sentimos ao abrir o frasco; as principais notas são folhas verdes, cítricas, florais, frutais e agrestes; NOTAS DE CORPO OU CORAÇÃO – porção intermediária, substâncias de volatilidade intermediária; fazem parte da identidade do perfume e são responsáveis pela harmonia e ligação entre as notas de cabeça e fundo; as principais categorias são frutais, florais, especiarias, amadeiradas, balsâmicas e herbais; NOTAS DE FUNDO, CAUDA OU FIXAÇÕES – porção residual – mais densas e menos voláteis, possuem grande importância na composição da fragrância, pois são responsáveis pela fixação – evaporando mais lentamente, mantém o perfume por mais tempo na pele; as principais são amadeiradas, resinosas, radiculares, animálicas, almiscaradas, ambaradas, abaunilhadas e florais densas; Esta separação não pode ser interpretada como algo mecânico, em que as peças são encaixadas e saem aos “pedaços”, no momento em que abrimos o frasco. A maior partes da fragrância que sentimos é composta por notas de cabeça. Neste momento, notas de corpo e fundo aparecem em pequena quantidade, após algum tempo, no qual predominam notas de corpo. Ainda temos as notas de cabeça e algumas de fundo, ou seja, o perfume é um todo, no qual a combinação marca sua característica e presença. E estas três porções estão interligadas: Dados indispensáveis para elaboração de uma composição aromática: - Qual é a nota desejada? - Qual a base cosmética onde ela será aplicada? Maria Beatriz @biawtiful - Qual a cor do produto? - Qual o preço desejado? - Qual a concentração a ser usada? Tom Rosa Álcool feniletílico 30 mL Citronelal 8 mL Geraniol 5 mL Gerânio natural 4 mL IMPORTANTE: Fazer teste de incorporação aromática à base. DESMISTIFICANDO Fixadores – não existem nos perfumes fixadores ou matérias primas especiais que façam com que o produto fique por mais tempo na pele. Além da fisiologia cutânea que tem este papel fundamental neste processo, a diferença entre perfumes nacionais e importados quanto à fixação não tem relação com matérias primas especiais ou pior qualidade das fragrâncias nacionais (que em nada ficam devendo ao mercado internacional). Essa diferença deve-se principalmente a concentração das fragrânciasutilizadas. Concentrações utilizadas: Produto Americano Europeu Brasileiro Perfume 18 a 30% 18 a 24% 10 a 15% Eau de toilette 12 a 20% 12 a 18% 5 a 7% Colônia --- 4 a 8% 2,5 a 5% Colônia Splash 2 a 4% 2 a 5% 1,5 a 2,5% APLICAÇÕES DAS FRAGRÂNICAS EM DIFERENTES CLASSES DE PRODUTOS COSMÉTICOS Os diversos grupos de cosméticos possuem diferentes concentrações de fragrâncias, características para cada tipo de aplicação. De maneira geral, produtos de higiene pessoal toleram uma maior concentração de fragrâncias, pois não permanecem em contato com o corpo por um longo período, diminuindo sensivelmente possíveis problemas como irritações dérmicas, m dermatoses alérgicas e fotoreações. Produtos para maquilagem, em função do maior tempo de permanência, e como forma de prevenção de possíveis reações, possuem concentrações bem abaixo daquelas utilizadas em produtos de higiene. Além das diferentes concentrações de fragrâncias empregadas, as pessoas com características específicas bem definidas com relação ao tipo de cabelo ou tipo de pele, têm uma forte tendência a associar alguns tipos de notas à eficácia do produto (apesar de não haver relação nenhuma com a qualidade ou funcionalidade dos produtos). Pessoas com pele ou cabelos oleosos creditam eficiência à produtos que possuem em sua composição notas verdes, herbais e cítricas. O grupo formado por aqueles com pele e cabelos secos ou normais, optam na maioria das vezes por produtos com aromas florais ou frutais, assim como o mercado de étnicos que emprega em sua maioria fragrâncias florais. Com relação aos produtos de tratamentos como anticelulíticos e produtos para prevenção de estrias, notas balsâmicas, florais e resinosas ou radiculares são as mais utilizadas. Forma cosmética Concentração de c.a. Perfume – extrato 15 a 30% Colônia 4 a 10% Águas aromáticas ou colônias 4 a 10% Produtos de higiene pessoal concentração Antiperspirantes 0,5 a 1,0% Desodorantes 1 a 1,5% Sabonete comum 1,0 a 1,4% Sabonete transparente 1,5 a 3,0% Sabonete líquido 1,0 a 1,5% Dentifrício 1,0% Talco 0,5 a 1,0% Espuma para banho 1,0 a 3,0% Creme de barbear 1,0% Cremes e Xampus 0,3 a 0,5% Produtos para maquilagem concentração Pó facial 0,3 a 0,5% Blush 0,3 a 0,5% Bases de maquilagem 0,3 a 0,5% Maria Beatriz @biawtiful Batom 0,5 a 1,0% Brilho para os lábios 0,5 a 1,0% Sombras 0,2 a 0,4% → DEOcolônia = “colônia desodorante” – “perfume com agente antimicrobiano (irgasan) - menor carga tributária (IPI) , pois entra no grupo de Higiene Pessoal FORMULAÇÃO Colônia (alfazema ou lavanda): Composição aromática 6,0 mL Veículo hidroalcoólico q.s.p. 100 mL Fixador ?????* * o fixador pode já estar incluído na c.a. (nota de fundo – não alterado o bouquet) - se a fragrância é boa, não precisa adicionar fixador (ex.: galaxolite) Preparo do veículo hidroalcoólico com álcool de cereais* * álcool de cereais – obtido a partir da fermentação dos polissacarídeos de cereais → possui menor grau de contaminação que outras formas de obtenção de etanol; hoje existem processos de purificação que permitem a utilização na perfumaria (mas também é chamado tradicionalmente pela mesma denominação) → álcool cereal = álcool puro 1 – preparar 50 mL da fórmula C.A.= 3 mL Etanol 94,5 oG.L. = 47 mL (FB II pg. 1192) 2 – dividir em duas porções de 25 mL (para comparação) 3 – a uma delas, adicionar água destilada até obter turvação (ppt.) Ex. : volume de água utilizado – 8 mL 4 – cálculo da quantidade de água presente na fórmula: C.A. = 1,5 mL Etanol = 22,3 mL (25 – 1,5 – 1,2 mL) Água = 1,2 mL + 8 mL = 9,2 mL 94,5 etanol --------- 100 mL solução ou 100 mL (solução etanol/água) -------- 5,5 mL (água) 23,5 mL ---------------------------------- - x x = 1,2 mL 5 – cálculo da graduação alcoólica que turva a preparação: 33 mL (25 + 8) de perfume --------- 23,3 mL de etanol 100 mL --------------------------------- x x = 67,57 o G.L. 6 – definição para o uso: álcool a 67,57 o G.L. ----- 100 mL ----- 67,57 = 32,47 (água) ½ (x 0,5) = 16,15 mL 32,47 ¾ de água (x 0,75) = 24,32 mL (clima quente, aumenta a solubilidade) Opção de ½: então o veículo hidroalcoólico para o presente exemplo deverá conter 16,15% de água. 7 – Como preparar este álcool? Fórmula de Virgílio Lucas x = V G’ onde: x+ 94 . 83,85o G.L. G 94,56o G.L. X= 83,4 mL etanol x = volume de álcool a tomar e completar com água; v = volume desejado; G’ = grau alcoólico do álcool que se deseja obter; G = grau alcoólico do álcool disponível Cuidados na aplicação da composição aromática em fórmulas cosméticas: Maria Beatriz @biawtiful Ex.: algumas matérias primas da C.A. podem sofrer oxidação – incompatibilidade com a base, aquecimento, etc. Sempre se incorpora o C.A. à temperatura abaixo de 40o C num cosmético. Algumas matérias primas da C.A. podem sofrer alteração da cor por ação da luz ou do calor → cuidado quando a embalagem for transparente. Tipo de formulação e local de uso do cosmético: produto infantil e cosmético que possa eventualmente ser ingeridos (batom). Interação com os componentes da base, podendo originar odor desagradável (ex.: pH). TÉCNICA DE ENVELHECIMENTO - Realizada depois de preparada a formulação; - Fazer a dissolução da C.A. no veículo hidroalcoólico; - Envelhecimento → quando o cheiro do álcool e da C.A. se misturam e uma coisa só → ARREDONDAMENTO DAS NOTAS - É feito na ausência de luz e em recipientes que não provoquem cedência (vidro, aço inox, porcelana); - No mínimo 8 dias e em temperatura de 10 a 16o C; - Filtração (eliminar ppt.); - Adicionar ao recipiente 0,5% de MgCO2* (adjuvante inerte de filtração); - Resfriar a temperatura de 0 a 6o C (parte inferior da geladeira) por 48 horas; - Filtrar (com papel de filtro, filtro – prensa); * O MgCO2 pode ser utilizado no preparo de talco; se infiltra nos poros maiores do filtro (quando este não é homogêneo) – no início, se ficar turvo, refiltra-se, pois ainda passa MgCO2;
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