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Análise Crítica História do Conceito de Saúde Moacyr Scliar, em seu texto, nos leva a percorrer uma retrospectiva da história do conceito de saúde. Ele nos apresenta os momentos marcantes e as características de cada ideologia sobre o conceito de saúde e doença, de acordo com o momento histórico vivido. Ele afirma que a concepção de saúde e doença, depende de alguns fatores. Ela pode ser representada de formas diferentes a cada pessoa, de acordo com o ambiente em que vive, com a sua classe social, a época e com a sua visão científica, religiosa e filosófica. Diante disso, a doença se desprende dos fatores biológicos e passa a ser resultante das crenças mágico-religiosas, aonde se acredita que ela é concebida por causa do pecado ou de maldição. Para os hebreus, a doença é a proclamação do pecado e que de Deus virá à cura. Podemos citar como exemplo a Lepra, uma doença contagiosa ao contato dos corpos, e esse contato era considerado pecaminoso. No judaísmo, as leis dietéticas podem ter contribuído para a prevenção de doenças transmissíveis, mas isso não era feita de forma consciente, as causas das enfermidades eram desconhecidas. De acordo com as leis, era proibido o abate de animais por pessoas que tinham doenças de pele e era proibido o consumo de molusco. Já na medicina grega, existem divindades ligadas à saúde. Entretanto, acreditavam que a cura era obtida por meio de métodos naturais e uso de plantas e não somente por meio ritualístico. Posteriormente a isso, Hipócrates, mais conhecido como o Pai da Medicina, estabeleceu a teoria dos quatros fluidos: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. E acreditava que a doença era a consequência de uma desorganização desses estados. Ele tinha uma visão epidemiológica sobre a relação de saúde e doença e dava uma grande importância aos estudos de casos clínicos. Durante a Idade Média na Europa, o cristianismo manteve a crença de que a doença era resultado do pecado e que a cura se dava através da fé. A administração de hospitais e casas de saúde, estavam praticamente entregues às ordens religiosas mas não como lugar de cura, mas sim com o intuito de transmitir conforto e cuidado aos doentes. Paracelsus era um suíço que acreditava que a doença era um processo químico do nosso corpo e por isso, a cura deveria vir também de um processo químico, daí surgem os remédios. Com o desenvolvimento da mecânica, René Descartes acredita que o corpo humano funcionava como uma máquina de forma dualista, mente-corpo. Nesse mesmo período, se desenvolvia a anatomia e a partir disso, começaram a associar doença com os órgãos. A ciência continuou se desenvolvendo, logo após veio a Revolução Pasteuriana. Louis Pasteur fez a descoberta através de seu microscópio, que microrganismos eram os causadores de doenças. Começou a desenvolver vacinas e soro, e pela primeira vez as doenças poderiam ser prevenidas e curadas. Foi um grande avanço para a saúde. Mais para frente, John Snow desenvolveu um contexto de “contabilidade da doença”, foram criados indicadores de saúde, os sinais vitais. Com o estudo de Louis René Villermé, foi notado que a saúde era condicionada, sobretudo pelo nível de renda. Mas ainda não havia um conceito de saúde no mundo, era necessário um consenso entre os países e a criação de uma organização internacional pois a Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial, não foi suficiente. Esse feito aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS). O conceito de saúde para a OMS era: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de enfermidade”. Foi determinado que é obrigação do Estado garantir o direito a saúde. Marc Lalonde analisou alguns conceitos sobre qual a saúde abrange: A biologia humana: fatores genéticos e processos biológicos referentes à vida, incluindo o envelhecimento. O meio ambiente: solo, água, ar, moradia e local de trabalho. O estilo de vida: resultado de decisões que afetam a saúde (fumar, beber, praticar exercícios). A organização de assistência à saúde: assistência médica, serviços ambulatoriais e hospitalares, medicamentos. O conceito da OMS acarretou algumas críticas de natureza técnica, pois a saúde se tornou algo inatingível, e de natureza política, pois dava ao Estado o poder de interferir na vida da população com a justificativa de assegurar a saúde. A conferência de Alma-Ata serviu como resposta a essas críticas, houve uma ampliação dos objetivos da OMS tendo em vista o desenvolvimento e progresso social. Foi discutida a questão de saúde nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ressaltou a importância da responsabilidade dos governos para o fornecimento de saúde, tomaram medidas como classificação internacional de doenças e normas de qualidade da água. A OMS traçou uma estratégia que incluía: A saúde deve estar ao alcance de todos, em local acessível. A comunidade deve ter participação ativa no sistema de saúde. Os custos devem ser compatíveis com a condição de cada país. Os serviços de cuidados primários devem ser a base do sistema nacional de saúde, onde se faz necessário a educação e saúde, nutrição adequada, saneamento básico, cuidados materno-infantis, planejamento familiar, imunização, prevenção e controle de doenças e disponibilização de medicamentos essenciais. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, diz que “A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante a políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Este é o princípio utilizado no nosso país para nos garantir o direito à saúde e que nos ajuda a ter qualidade de vida.
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