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3 CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

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20
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS
Por Fernanda Evlaine
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS	3
1.1. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES CONTRA O SFN	5
1.2. ART. 1º - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA PARA EFEITOS PENAIS	5
2.	DOS CRIMES EM ESPÉCIE	8
2.1. ART. 2º - FABRICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE PAPEL REPRESENTATIVO DE VALOR MOBILIÁRIO	8
2.2. ART. 3º - DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA OU PREJUDICIALMENTE INCOMPLETA	9
2.3. ART. 4º - GESTÃO FRAUDULENTA	10
2.4. ART. 5º - APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO	13
2.5. ART. 6º - SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA:	14
2.6. ART. 7º - EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS	15
2.8. ART. 8º - EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO	16
2.9. ART. 9º - FALSIDADE EM TÍTULO	17
2.10. ART. 10 - FALSIDADE EM DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS	18
2.11. ART. 11 – CONTABILIDADE PARALELA OU “CAIXA DOIS”	18
3.	CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS (LEI Nº 6.385/76)	31
3.1. ART. 27-C – MANIPULAÇÃO DO MERCADO	32
3.2. ART. 27-D – USO INDEVIDO DE INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA	32
4.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	35
5.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	35
ATUALIZADO EM 06/02/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
A Lei 7.492/86[footnoteRef:2][footnoteRef:3] trata dos comumente chamados “crimes de colarinho branco”. [2: Segundo o STF, a referida lei foi recepcionada pela CF/88.] [3: A Lei n. 7492/86 revogou todos os dispositivos penais da Lei n. 4.595/64.
] 
Pergunta da aprovação: O que se entender por “crimes de colarinho branco”?
“Crimes de Colarinho Branco” é uma expressão cunhada pela doutrina penalista a partir dos estudos do sociólogo norte americano Edwin Sutherland para se referir aos delitos essencialmente praticados por indivíduos que gozam de elevado status social e/ou ocupam posição de destaque na iniciativa privada ou no serviço público.
Como exemplos típicos das infrações penais etiquetadas como crimes do colarinho branco, podemos citar a macrocriminalidade econômica, desenhada no ordenamento jurídico pátrio pelas leis (i) de lavagem de capitais (9.613/98), (ii) dos crimes contra o sistema financeiro nacional (7.492/86), (iii) dos crimes contra a ordem tributária (8.137/90), entre outras.
*#APROFUNDAMENTO: A terminologia utilizada, naturalmente, se deu com o evidente fito de identificar a parcela da população que mais frequentemente comete tais delitos, amiúde usando vestes sociais, gravatas, ternos e colarinho branco.
Esse fundamento é importante para compreender-se, de outra sorte, a ideia dos crimes do colarinho AZUL. Diversamente dos crimes do colarinho branco, esses delitos aqui são praticados por pessoas economicamente desabastadas e se verifica como uma alusão aos macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos, servindo como “identificador” dos autores mais recorrentes, evidenciando a oposição à criminalidade econômica supramencionada.
Aqui se pode dar como exemplos os crimes patrimoniais (furto, estelionato, roubo), lesões corporais, crimes de dano, entre outros. Apesar de um evidente caráter preconceituoso na classificação, ela se pauta por questões estatísticas a partir dos delitos efetivamente descobertos e/ou investigados pelo sistema de justiça, que autorizam identificar a “clientela” mais frequente desse tipo de criminalidade.
Essa classificação é realmente importante? Apesar de não ser assunto muito cobrado em provas de concurso, há uma razão bastante forte para pensarmos que isso não tardará a acontecer. É que o Ministro Luiz Fux, no julgamento da Ação Penal 470 (caso do Mensalão), valeu-se, em seu voto, dessa expressão, assim indicando: “O desafio na seara dos crimes do colarinho branco é alcançar a plena efetividade da tutela penal dos bens jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de delitos cometidos sem violência, incruentos, não atraem para si a mesma repulsa social dos crimes do colarinho azul”.
Como sabemos que nomenclatura em prova de concurso público é questão de sobrevivência e que essa classificação pouco usual fora utilizada recentemente por um Ministro do Supremo Tribunal Federal em seu voto referente a um dos casos mais debatidos no Judiciário pátrio, é interessante e prudente dominar a ideia incutida nos chamados crimes do colarinho azul![footnoteRef:4] [4: Disponível em: <http://blog.ebeji.com.br/voce-sabe-o-que-e-um-crime-do-colarinho-azul/>. Acesso em 16/12/2016.] 
O SFN é o conjunto de órgãos, entidades e empresas, que atuam na regulamentação, controle e fiscalização das atividades relacionadas com a circulação de moeda e de crédito em nosso país. Trata-se de bem jurídico transindividual[footnoteRef:5]. Ter um Sistema Financeiro sólido, confiável e eficiente é muito importante para o progresso de um país, porque assim estará disponível maior volume de crédito circulando no mercado, com um custo menor. Divide-se em dois subsistemas: [5: Julgado destacado: “[...] visa à garantia da consecução das metas das políticas públicas cambiais e monetárias, bem como a preservação das instituições públicas e privadas que compõem o SFN, bem como viabilizar a transparência e a licitude das relações existentes entre tais instituições,entre elas e seus funcionários , entre elas e o Estado, e entre elas e os usuários dos seus serviços” (TRF4, AC 20010401011343-9/RS).] 
a) Normativo: formado pelos órgãos e entidades responsáveis pela regulamentação e fiscalização da circulação de moeda e de crédito. Ex.: CMN, BACEN, CVM etc.
b) Operativo: constituído pelas pessoas jurídicas que operacionalizam (executam) a circulação de moeda e de crédito. É o caso dos bancos, bolsas de valores, seguradoras, sociedades de capitalização, entidades de previdência complementar etc.
No que tange à competência, dispõe a CF:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) VI – (omissis), nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro (omissis)
Assim, a Constituição estabelece que nem todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são de competência da Justiça Federal, mas somente aqueles definidos na Lei nº 7.492/86. A referida lei, em seu art. 26, prevê:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
1.1. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES CONTRA O SFN
A Lei nº 7.492/86 congrega as condutas criminosas atentatórias ao SFN, ao passo que outros diplomas tratam das sanções administrativas. A lei não é dividida em capítulos, mas seus crimes podem ser classificados em:
	Crimes relativos ao Mercado Financeiro em Geral:
	Arts. 4º a 6º, 10 a 20 e 23
	Crimes relativos ao mercado de capitais:
	Arts. 2º, 7º e 9º
	Crimes relativos ao mercado de câmbio:
	Arts. 21 e 22
Quanto à autoria, podem-se classificar da seguinte forma:
	Crimes próprios de administrador:
	Arts. 4º a 6º, 8º a 11, 16, 17 e 18;
	Crimes próprios de ex-administrador:
	Arts. 12 e 14, p.ú.;
	Crimes comuns:
	Arts. 2º e 3º, 14, 16, 19, 20, 21 e 22;
	Crimes próprios de interventor, liquidante e síndico:
	Arts. 13, p.ú., 15;
	Crime próprio de funcionário público:
	Art. 23.
1.2. ART. 1º - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA PARA EFEITOS PENAIS
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito públicoou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. – é o caso do “doleiro”, que pratica crime contra o SFN.
*#DIZERODIREITO:
	INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EM SENTIDO PRÓPRIO (ART. 1º, CAPUT)
Instituição financeira é a pessoa jurídica que realize
	I – a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros.
	II – a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
	Comentários:
Essa é a atividade típica dos bancos comerciais.
Atenção: os recursos financeiros devem ser de terceiros. Para fins penais, se uma determinada pessoa jurídica realiza aplicação de recursos financeiros próprios, ela não realiza ato típico de instituição financeira.
	Comentários:
Valores mobiliários são títulos emitidos por sociedades empresariais e negociadas no mercado de capitais (bolsa de valores ou mercado de balcão). Para a sociedade que emite (vende), é uma forma de obter novos recursos. Para a pessoa que adquire, trata-se de um investimento. O exemplo mais conhecido de valor mobiliário são as ações. Podemos citar também as debêntures e os bônus de subscrição.
	Exemplos: bancos, cooperativas de crédito, sociedades de crédito.
	Exemplos: bolsas de valores, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários.
	INSTITUIÇÃO FINANCEIRA POR EQUIPARAÇÃO (ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO)
Equipara-se à instituição financeira
	I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros; e
	II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades próprias de instituição financeira, ainda que de forma eventual.
	Comentários:
Importante gravar as atividades equiparadas, quais sejam, seguro, câmbio, consórcio e capitalização.
	Comentários:
Repare que, para fins de crimes contra o SFN, a pessoa natural pode ser equiparada a uma instituição financeira.
	Exemplos: agência de turismo que faz operações de câmbio, fundos de pensão, empresas de consórcio.
	Exemplos: pessoa física que exercia atividade de consórcio sem autorização do BACEN.
Pergunta da aprovação: As empresas de factoring são consideradas instituições financeiras?
NÃO. A factoring não faz a captação de dinheiro de terceiros, como acontece com os bancos. A empresa de factoring utiliza recursos próprios em suas atividades. Logo, a factoring não integra o Sistema Financeiro Nacional nem necessita de autorização do Banco Central para funcionar. Nesse sentido: CC 98.062/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 25/08/2010.
E se o dono da factoring realizar empréstimos?
Em regra, pratica o crime do art. 4º da Lei nº 1.521/51. Isso porque, como regra, quando a factoring realiza, de forma ilegal, empréstimos, ela o faz utilizando recursos próprios. O art. 1º da Lei nº 7.492/86 afirma que somente pode ser considerada instituição financeira quem capta, intermedia ou aplica recursos financeiros de terceiros. Logo, a factoring, quando empresta recursos próprios para terceiros não atua como instituição financeira segundo a definição do art. 1º. 
OBS: Logo mais colacionamos julgado interessantíssimo onde o STJ decidiu que as empresas de factoring se submeteriam aos tipos penais contra o Sistema Financeiro, tendo em vista que, naquele caso, teriam atuado captando recurso de terceiros. 
Em suma, a lei se aplica se houver envolvimento de instituição financeira que opere recursos de terceiros. O conceito é amplo, envolvendo até mesmo a pessoa natural que exerça qualquer das atividades mencionadas, ainda que de forma eventual. Não abrange a instituição que opera recursos próprios.
- O essencial para se definir corretamente o que é uma instituição financeira ou equiparada (para os fins desta lei) é a captação, intermediação ou aplicação de recursos de terceiros.
- A forma societária é irrelevante para se caracterizar uma instituição como financeira. O crime deve ser aferido objetivamente, de acordo com o resultado, e não com a pessoa em si que o pratica.
*#TUDOJUNTOEMISTURADO: Vale lembrar que o agente condenado por crime contra o sistema financeiro nacional não pode ser administrador de sociedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. Dispõe o art. 1011 do Código Civil:
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.
§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
2. DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Antes de tudo, vale ressaltar que as condutas devem possuir capacidade de expor a risco o SFN considerado como um todo, caso contrário não se amoldará à Lei nº 7.492/86. Ex.: gerente da CEF desvia dinheiro pra si – comete peculato. Aquelas condutas que se restringem a afetar patrimônios individuais ficam fora do espectro da Lei nº 7.492/86 e devem ser tratados por tipos que protegem este bem jurídico.
Os crimes do SFN admitem delação premiada, conforme previsão do artigo 25, §2º da referida Lei.[footnoteRef:6] [6: § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços] 
A lei admite nova hipótese de prisão preventiva, em razão da magnitude da lesão causada. A DPU defende a inconstitucionalidade do dispositivo, pois a lesão provocada é consequência do crime, devendo ser aferida por ocasião da dosimetria da pena, e não servir de fundamento para segregação cautelar. A jurisprudência, todavia, tem reconhecido a constitucionalidade do dispositivo.
OBS.: Todos os crimes da referida Lei têm como tipo subjetivo o dolo.
Alguns dos crimes da Lei nº 7.492/86 admitem a suspensão condicional do processo, tendo em vista que a sua pena mínima não ultrapassa 01 (um) ano.
Os crimes mais comumente cobrados em prova são os dos artigos 2º ao 7º, art. 16, 17, 19 e 22. 
2.1. ART. 2º - FABRICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE PAPEL REPRESENTATIVO DE VALOR MOBILIÁRIO
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
1. Ação Penal: Pública incondicionada
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
3. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e o terceiro que sofra prejuízo com a conduta.
4. Tipo Objetivo: o núcleo são os verbos “imprimir”, “reproduzir”, “fabricar”, bem como a expressão “por em circulação” de certificado (documento que represente ações), cautela (título representativo das ações até que seja emitido o certificado), título ou valor mobiliário. As espécies de valores mobiliários são definidas no art. 2º da Lei nº 6.385/76. É preciso que a conduta seja sem autorização dasociedade emissora, pois do contrário não haverá crime. No caso do Parágrafo Único, a conduta vem representada pelos verbos “imprimir”, “fabricar”, “divulgar”, “distribuir”, ou “fazer distribuir” (locução verbal) prospecto ou material de propaganda relativo aos documentos do caput. Aqui, mesmo sem a expressão, considera-se que é necessário que a conduta seja sem a autorização.
5. Tipo subjetivo: Dolo.
6. Consumação: Em ambos os casos, a consumação dá-se com a prática de quaisquer dos verbos ou locuções presentes no tipo, independentemente de resultado (crime formal), sendo também admitida a modalidade tentada.
OBS: É válido ressaltar que Cezar Roberto Bittencourt entende que seria crime material nas modalidades de imprimir, reproduzir e fabricar (consumam-se somente com a efetiva concretização dessas ações) e formal nas demais modalidades (aperfeiçoam-se independentemente da produção de qualquer prejuízo efetivo a alguém).
Classificação Doutrinária:
- Crime comum: Qualquer pessoa pode praticar;
- Crime de forma livre: O legislador não definiu uma maneira específica de praticá-lo; 
- Comissivo: Implica a realização de conduta ativa;
- Instantâneo: A consumação ocorre em momento determinado;
- Unissubjetivo: Em regra é praticado individualmente, admitindo coautoria e participação; 
- Unissubsistente: Nas modalidades de “pôr em circulação”, “divulgar” e “distribuir” (praticadas com ato único);
-Plurissubsistente: Nas modalidades “imprimir, reproduzir e fabricar”. 
2.2. ART. 3º - DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA OU PREJUDICIALMENTE INCOMPLETA
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Crime comum.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a instituição financeira, ou ente equiparado, atingidos pela conduta.
3. Tipo Objetivo: O núcleo é o verbo “divulgar”, o qual pode representar formas de difusão ou publicação, não precisando que seja necessariamente por meio dos veículos de imprensa. É preciso que a divulgação seja de informação falsa ou prejudicialmente incompleta.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: É crime de mera conduta, consumando-se tão somente com a divulgação da informação. Ressalta-se que a consumação se dá com a prática da conduta “divulgar”, independente de resultado, sendo também admitida a modalidade tentada, salvo se a divulgação for oral.
Como os Tribunais entendem o tema?
Entendeu-se não configurado o crime em questão nas seguintes hipóteses:
 a) “simples comunicação às autoridades financeiras do Estado de que determinado banco descumpriu ordem judicial” (TRF5, RHC 900500086, Delgado, 2ª T., u., 14.12.90);
b) “expede de forma leviana e inconsequente panfletos de propaganda” contendo “afirmações até pueris desmerecedoras quanto a instituição financeira oficial” (TRF1, HC01000228334, Ítalo Mendes, 4ª T., u., DJ 10.9.99);
OBS: Diferença com o artigo 171, §1º, I, do Código Penal:
	Art. 177, §1º, I, do Código Penal
	Art. 3º, da Lei nº 7.492/86
	Protege-se o patrimônio.
	Protege-se o Sistema Financeiro Nacional
	Abrange qualquer Sociedade por Ações
	Abrange apenas instituições financeiras
	Crime próprio
	Crime comum
	Delito de execução vinculada
	Delito de livre execução
2.3. ART. 4º - GESTÃO FRAUDULENTA[footnoteRef:7] [7: Crime abordado na prova oral do V Concurso da DPU/2014.	Um dos tipos penais mais importantes da Lei em questão. ] 
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira[footnoteRef:8]: [8: (MPDFT – Promotor de Justiça Adjunto/2015) Foi considerada errada a seguinte assertiva: “No crime de gestão fraudulenta de instituição financeira (Lei 7.492/86), o prejuízo ao patrimônio da instituição financeira ou a investidores, poupadores e assemelhados, decorrente da gestão fraudulenta, é elemento do tipo.”] 
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
O tipo penal em questão prevê duas infrações penais, quais sejam:
a) Gestão fraudulenta: O agente administra a instituição financeira (ou entidade equiparada) praticando atos fraudulentos, ou seja, atos que podem gerar engano e prejuízos aos sócios, clientes, investidores e empregados da instituição, ou, então, aos órgãos de fiscalização. Ex.: omissão intencional nos registros contábeis de empréstimos efetuados pelo banco.
b) Gestão temerária: O agente administra a instituição financeira (ou entidade equiparada) praticando atos excessivamente arriscados, irresponsáveis, inconsequentes. Ex.: empréstimo de vultosos valores à empresa já inadimplente e em situação pré-falimentar.
1. Sujeito Ativo: Somente pode ser praticado por responsável pela gerência de instituição financeira, ou seja, pelas pessoas elencadas no art. 25 da Lei nº 7.492/86. Nesse caso, é crime próprio. Assim, o agente deverá ser: controlador ou administrador de instituição financeira (diretores e gerentes) e aqueles a esses equiparados (interventor, liquidante ou síndico). Ademais, podem ser responsabilizados aqueles que atuam por procuração em nome destas pessoas.
Considerando que a qualidade do sujeito ativo é elementar do delito, embora pessoal, comunica-se aos partícipes e coautores. Logo, é perfeitamente possível que indivíduo não previsto no rol legal taxativo do art. 25 figure como sujeito ativo, desde que configurado o concurso de agentes. 
OBS: Segundo posição jurisprudencial majoritária, o gerente de agência bancária também pode figurar como sujeito ativo.
OBS: STF: admite o delito no âmbito de instituição financeira clandestina. (STF RHC 117270AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2015)
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e, de forma secundária, a própria instituição financeira, seus sócios, acionistas, investidores e outras pessoas eventualmente lesadas.
3. Tipo Objetivo: o núcleo é o verbo “gerir”, ou seja, administrar ou conduzir. Quanto ao tema, formaram-se três correntes principais:
1ª Corrente: entende ser possível a gestão fraudulenta com base em ATO ISOLADO, desde que tenha levado à falência ou insolvência da instituição financeira.
2ª Corrente: o termo “gerir” pressupõe HABILTUALIDADE e, portanto, reiteração de atos (tratar-se-iam de crimes habituais próprios).
3ª Corrente: Embora já tenha sido objeto de bastante discussão[footnoteRef:9], hoje, consolidou-se, no âmbito do STF e STJ, que tanto a gestão fraudulenta como a gestão temerária são classificadas como CRIMES HABITUAIS IMPRÓPRIOS (OU ACIDENTALMENTE HABITUAIS), de forma que basta uma única ação para que se configurem, mas a reiteração de condutas não implica concurso de crimes (STJ, HC 284.546, de 01/03/2016)[footnoteRef:10]. [9: A seguinte questão do concurso de 2012 da AGU foi anulada, por conta da grande divergência existente, vejamos: “O crime de gestão fraudulenta pode ser considerado crime habitual impróprio, tendo uma só ação relevância para configurar o tipo, ainda que a reiteração da ação não configure pluralidade de crimes.” (Antes da anulação: Correto).] [10: (MPF - Procurador da República/2013) Foi considerada correta a seguinte assertiva: “Parte da doutrina classifica-os como crimes habituais impróprios ou acidentalmente habituais, nos quais uma única ação no sentido de gerir fraudulenta ou temerariamente tem relevância para consubstanciar o tipo, embora sua reiteração não configure pluralidade de crimes. Apesar da existência de jurisprudência em sentido inverso, a maior parte dos julgados, tanto do STJ quanto do STF, corroboram esta assertiva.”
] 
*#NEVERFORGET:
* Delito habitual próprio: tipicidade depende da reiteração de condutas, sendo insuficiente a prática de ato isolado para a caracterização do delito.
* Delito habitual impróprio: a tipicidade se dá com um único ato, mas a reiteração de condutas não implica concurso de crimes. Este é o caso do art. 4º da Lei nº 7.492/86.
4. Tipo subjetivo: Dolo. Não se exige elemento subjetivo especial (“dolo específico”). Vale ressaltar, no entanto,que, conforme decidido pelo STJ (HC 285.587, de 15/03/2016), no delito de gestão fraudulenta, a MÁ-FÉ do agente (intuito de dissimular o real objetivo de um ato ou negócio para ludibriar as autoridades monetárias ou investidores) é elemento essencial para a configuração da fraude. 
Atenção: O crime de gestão temerária, embora conceituado doutrinariamente, como sendo o ato de gestão praticado de forma imprudente ou irresponsável, NÃO é considerado delito culposo!
5. Consumação: sendo um crime formal e de perigo concreto, não é necessária a ocorrência do efetivo prejuízo ou qualquer resultado material para que se entenda por consumado (STJ). Ao contrário do estelionato, nesses delitos, não se exige a obtenção de vantagem ilícita, nem o prejuízo de vítimas identificadas. Em se tratando de crime habitual, conforme explicitado abaixo, não admite a tentativa (crimes habituais, próprios ou impróprios, não admitem a modalidade tentada).
6. Outras informações:
· Prevalece que NÃO se aplica o princípio da insignificância, considerando que se trata de crime de perigo, já que sequer exige dano para a sua configuração.
· Trata-se de crime de competência da Justiça Federal (art. 109, VI, CF c/c art. 26, Lei nº 7.492/86).
· Regra: crime de gestão fraudulenta + crime de falso princípio da consunção (falso é antefato impunível).
Importante: O STJ já entendeu ser possível o concurso material entre os crimes de gestão fraudulenta e de gestão temerária, sendo distintos os fatos na mesma instituição financeira, ainda que contemporâneos.
Dúvida: Qual a diferença entre o crime previsto no art. 3º, IX da lei 1.521/51[footnoteRef:11] para o de gestão fraudulenta/temerária? [11:   IX - gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização; sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou financiamento de construções e de vendas e imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou preferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de beneficência, socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; cooperativas; sociedades de economia coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;] 
	Art. 3º, IX da Lei 1.521/51
	Art. 4º da Lei nº 7.492/86
	Protege-se a Economia Popular
	Protege-se o Sistema Financeiro Nacional
	Enumera as instituições financeiras por ele abarcadas
	Abrange qualquer instituição financeira que pratique as atividades descritas no art. 1º
	Crime material
	Crime formal
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou negociação de títulos fraudulentos (art. 7º da Lei nº 7.492/86) não ilide a possibilidade de condenação por gestão fraudulenta de instituição financeira (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86). STJ. 6ª Turma. HC 285.587-SP, Rel. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/3/2016 (Info 580).
2.4. ART. 5º - APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de direito.
1. Sujeito Ativo: Crimes próprios, pois somente podem ser praticados pelos agentes nominados no art. 25 da Lei n.º 7.492/86. O administrador judicial também pode ser sujeito ativo (art. 21 da Lei n.º 11.101/2005).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a própria instituição financeira e/ou o titular do bem indevidamente apropriado ou negociado.
3. Tipo Objetivo: O núcleo são os verbos “apropriar” ou “desviar”. O objeto material pode ser dinheiro, valores, ou qualquer outro bem, o qual deve estar na posse do sujeito ativo. No caso da conduta tipificada no Parágrafo Único, o núcleo do tipo é o verbo “negociar”, devendo ser acompanhado pela condição de ser sem autorização de quem deveria dar.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação da conduta do caput dá-se com a inversão do animus da posse, ou seja, quando o sujeito ativo passa a agir como dono. No caso da conduta prevista no Parágrafo Único, a consumação dá-se com a efetiva negociação. Em ambos os casos é admitida a modalidade tentada.
OBS.: Há concurso de crime entre a apropriação indébita e a gestão fraudulenta ou temerária? Segundo o STJ, SIM, já que a gestão fraudulenta ou temerária não implica de forma alguma uma necessária obtenção de vantagem ao agente.
2.5. ART. 6º - SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA:
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena - Reclusão, de 2(dois) a 6 (seis) anos, e multa
1. Sujeito Ativo: Crime comum, pois qualquer pessoa que disponha de informação pode cometer. Entretanto, é válido ressaltar que existem duas correntes doutrinárias sobre o tema, vejamos: 
1ª Corrente: Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Defendida por Cezar Roberto Bitencourt e Juliano Breda. A 6ª Turma do STJ adotou a 1ª corrente.
*#IMPORTANTE: Podem ser sujeitos ativos do crime previsto no art. 6º da Lei nº 7.492/86 pessoas naturais que se fizeram passar por membro ou representante de pessoa jurídica que não tinha autorização do BACEN para funcionar como instituição financeira. Configura o crime do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (e não estelionato do art. 171 do CP) a falsa promessa de compra de valores mobiliários feita por falsos representantes de investidores estrangeiros para induzir investidores internacionais a transferir antecipadamente valores que diziam ser devidos para a realização das operações. STJ. 6ª Turma. REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para o acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015 (Info 569).
2ª Corrente: Consiste em crime próprio, devendo o sujeito ativo ser uma das pessoas elencadas no art. 25 da Lei nº 7.492/86. É a posição de José Paulo Baltazar Júnior. Assim, o agente deverá ser: o controlador ou administrador de instituição financeira (diretores e gerentes); Equiparam-se aos administradores de instituição financeira o interventor, o liquidante ou o síndico.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e o sócio, o investidor ou a repartição pública induzida ou mantida em erro.
3. Tipo Objetivo: O núcleo são os verbos “induzir” e/ou “manter”, sendo que a conduta pode ser omissiva (sonegar informação), ou comissiva (prestação de informação falsa).
4. Tipo subjetivo: É o dolo.
5. Consumação: A consumação dá-se com o efetivo induzimento ou manutenção em erro do sujeito passivo, através da sonegação da informação ou da prestação de informação falsa, sendo também admitida a modalidade tentada.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei nº 9.613/1998 (Lei dos Crimes de "Lavagem" de Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma espécie. STJ. 6ª Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569). 
2.6. ART. 7º - EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados;
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termosda legislação;
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Títulos ou valores mobiliários: títulos emitidos por sociedades empresariais e negociados no mercado de capitais (bolsa de valores ou mercado de balcão). Encontram-se listados no art. 2º da Lei nº 6.385/76. Ex.: ações, debêntures e bônus de subscrição.
Trata-se de tipo misto alternativo: plurinuclear, mas se o sujeito praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto material, responderá por crime único, não havendo concurso de crimes.
1. Sujeito Ativo: Em regra é crime comum. Entretanto, na modalidade “emitir”, será crime próprio, pois apenas o gestor ou administrador da pessoa jurídica poderá cometê-lo.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e qualquer terceiro que sofra prejuízo.
3. Tipo Objetivo: Os núcleos são os verbos “emitir”, “oferecer” e/ou “negociar”, sendo que a conduta deve recair sobre os títulos ou valores mobiliários que sejam falsificados, que não tenham registro ou autorização prévia junto ao órgão competente, ou que não possuam lastro ou garantia suficientes.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: Crime formal, não se exigindo a produção de resultado naturalístico para que se consume. A consumação dá-se com a efetiva emissão, oferta ou negociação dos títulos ou valores mobiliários. A modalidade tentada é admitida apenas em relação à conduta “negociar”.
*#ATENÇÃO: A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou negociação de títulos fraudulentos (art. 7º da Lei nº 7.492/86) NÃO ilide a possibilidade de condenação por gestão fraudulenta de instituição financeira (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86). STJ. 6ª Turma. HC 285.587-SP, Rel. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/3/2016 (Info 580). A realização do crime de gestão fraudulenta não possui relação de dependência com o delito de emissão, oferecimento ou negociação de títulos sem registro ou irregularmente registrados (fraudulentos), embora seja possível que este último integre (ou não) a cadeia de toda a gestão efetivada de forma fraudulenta, hipótese que poderia eventualmente atrair o princípio da consunção. Nada obstante, no caso concreto submetido ao STJ, os atos de gestão fraudulenta sequer se relacionavam com a colocação de títulos irregulares no mercado.
2.8. ART. 8º - EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: A doutrina se divide. Alguns entendem que é crime comum. Outros defendem que se trata de crime próprio, pois apenas profissionais credenciados pela lei poderiam exigir juros, comissões ou qualquer tipo de remuneração em tais operações. Essa é uma posição fortalecida pelo fato de que o STJ entende que o empréstimo pessoal de dinheiro a terceiros não configura crime contra o sistema financeiro, podendo, no máximo, caso cobrados juros extorsivos, caracterizar-se como crime contra a economia popular.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e aqueles que foram lesados.
3. Tipo Objetivo: O núcleo é o verbo “exigir”, sendo que a conduta deve se pautar em exigência que esteja em desacordo com a legislação, o que indica ser esta uma norma penal em branco. 
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação dá-se com a mera exigência, independentemente da obtenção da vantagem. Não é cabível a tentativa.
OBS.: O presente tipo penal constitui norma penal em branco homogênea, tendo em vista que se faz necessário complementar o tipo penal com a norma específica para cada elemento contido no tipo (juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários).
2.9. ART. 9º - FALSIDADE EM TÍTULO
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Crime próprio (apenas aqueles listados no art. 25 da Lei nº 7.492/86 poderiam cometer o crime).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e o investidor lesado.
3. Tipo Objetivo: O núcleo é o verbo “fraudar”, sendo que a fraude ocorre quando se insere ou se faz inserir declaração falsa ou diversa daquela que deveria constar. Lembrando que a fraude deve ser inserida sobre documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: Sobre a consumação, a doutrina divide-se. Alguns entendem que se trata de crime formal, e a consumação ocorreria com a mera prática da fraude. Outros entendem que se trata de crime material, pois a falsidade inserida no documento seria apenas o meio para perpetrar a fraude, sendo assim o crime só se consumaria com o consequente prejuízo para a fiscalização ou para o investidor. A modalidade tentada é admitida.
2.10. ART. 10 - FALSIDADE EM DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Crime comum.	
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e pessoas ou acionistas eventualmente lesados.
3. Tipo Objetivo: O núcleo é a locução verbal “fazer inserir” (elemento falso) e o verbo “omitir” (elemento exigido), sendo que a conduta deve recair sobre documentos de natureza de demonstrativos contábeis. 
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: Crime formal (dá-se com a inserção de elemento falso ou omissão de exigido). Não é cabível a tentativa.
2.11. ART. 11 – CONTABILIDADE PARALELA OU “CAIXA DOIS”
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Esse delito usualmente tem por fim a sonegação fiscal, o atendimento de despesas que não possam ser comprovadas, a fraude contra acionistas minoritários ou o aumento do ganho dos administradores ou gerentes, conquanto tais finalidades não sejam essenciais à configuração do delito. O presente tipo penal constitui norma penal em branco.
1. Sujeito Ativo: Parcela da doutrina considera que é crime comum. Outra parcela defende que é crime próprio, pois, no âmbito dos crimes contra o SFN, ele somente poderia ser praticado por algum daqueles listados no art. 25 da Lei nº 7.492/86.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN), a própria pessoa jurídica, os acionistas e terceiros lesados.
3. Tipo subjetivo: Dolo.
4. Consumação: Quanto ao núcleo do tipo “manter” a consumação está ligada à habitualidade, uma vez que é preciso que haja a reiteração de atos tendentes a manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. De outro giro, o verbo movimentar não constitui crime habitual e basta a prática de um ato isolado para a configuração do delito. É crime formal. Não admite tentativa na conduta de manter, por ser crime habitual. Admite tentativa na conduta de movimentar, por ser crime instantâneo. 
2.12. ART. 12 – OMISSÃO DE INFORMAÇÃO
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsabilidade:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Somente pode ser praticado pelo ex-administrador da instituição financeira. É crime próprio. 
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN),a própria pessoa jurídica, os acionistas, investidor e terceiros lesados.
3. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é o verbo “deixar”, o que indica omissão. Evidente que a omissão precisa se estender além dos prazos e desrespeitar as condições estabelecidas em lei. Ou seja, trata-se de norma penal em branco.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com a não apresentação das informações, declarações ou documentos nos prazos e condições estabelecidas em lei. Por ser um crime omissivo próprio, não se admite a tentativa.
2.13. ART. 13 – DESVIO DE BENS
Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
1. Sujeito Ativo: com relação ao caput, crime comum, pois qualquer um que detenha a posse do bem pode ser autor. Já ao parágrafo único, o crime é próprio, uma vez que somente pode ser sujeito ativo o interventor, o liquidante ou o administrador judicial. Constitui norma penal em branco, uma vez que deve ser complementado pelos arts. 36 da Lei nº 6.024/74 e 82 da Lei nº 11.101/2005 para a definição de indisponibilidade legal. 
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN), bem como as pessoas físicas e jurídicas eventualmente lesadas.
3. Tipo objetivo: No caput, o núcleo do tipo é representado pelo verbo “desviar”. No parágrafo único, o núcleo da conduta são os verbos “apropriar” e “desviar”. É claro que o bem desviado deve estar sujeito a indisponibilidade legal.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com o efetivo desvio ou apropriação (mudança no animus da posse) do bem indisponível. Admite-se a tentativa.
2.14. ART. 14 – FALSIDADE EM DECLARAÇÃO DE CRÉDITO OU RECLAMAÇÃO
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja.
1. Sujeito Ativo: O crime tipificado no caput é do tipo próprio (apenas os credores da instituição financeira). Em relação ao crime do parágrafo único, o crime também é próprio (somente o ex-administrador ou falida).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e qualquer terceiro eventualmente prejudicado.
3. Tipo objetivo: No caput, o núcleo do tipo é representado pelos verbos “apresentar” e “juntar”. No parágrafo único, o núcleo da conduta é o verbo “reconhecer”.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com a apresentação ou juntada do documento falso ou simulado no caso do caput, ou com o reconhecimento como verdadeiro do crédito falso, no caso do Parágrafo Único. Não se admite a tentativa.
2.15. ART. 15 – FALSA MANIFESTAÇÃO
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, (Vetado) a respeito de assunto relativo à intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Crime próprio (apenas o interventor, o liquidante e o administrador judicial).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e qualquer terceiro eventualmente prejudicado pela falsa manifestação.
3. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é representado pelo verbo “manifestar”. Essa manifestação tem que ser enganosa, em desacordo com a verdade e referir-se a qualquer assunto relativo à intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição financeira.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre no momento em há manifestação falsa, independentemente de qualquer outro resultado. Admite-se a tentativa, salvo se a manifestação for oral.
2.16. ART. 16 – OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Em que consiste o delito?
O indivíduo comete esse crime quando faz funcionar uma instituição financeira:
a) sem possuir autorização legal; ou
b) com uma autorização que ele obteve utilizando-se de documento falso.
Para que uma instituição financeira seja criada e funcione é necessária autorização?
SIM. Uma instituição financeira é uma atividade econômica que, se conduzida de forma inadequada, pode gerar gravíssimos prejuízos a terceiros e à economia do país. Como exemplo, basta recordar os inúmeros problemas que ocorreram em razão da liquidação dos Bancos Econômico, Nacional e Bamerindus, na década de 90. Além disso, se não houver uma intensa fiscalização, a atividade bancária pode servir como instrumento para a prática de delitos, como a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.
Por essas razões, a Lei n.º 4.595/64 afirma que as instituições financeiras somente poderão funcionar no País com a prévia autorização do Banco Central. Se forem estrangeiras, será necessário ainda um decreto do Poder Executivo (art. 18).
Distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: 
O art. 16 afirma que também está incluída no conceito de instituição financeira a atividade de “distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. Essa menção era desnecessária, uma vez que o inciso I do parágrafo único do art. 1º da Lei já havia feito essa equiparação. 
Consórcios: como vimos nos comentários ao parágrafo único do art. 1º da Lei, quem desempenha a atividade de “consórcio” é equiparado à instituição financeira. Justamente por isso, o STF entende que a pessoa que faz funcionar consórcio sem autorização legal pratica o delito do art. 16.
1. Sujeito Ativo: Crime comum.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e qualquer terceiro eventualmente prejudicado.
3. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é representado pela locução verbal “fazer operar”. A conduta deve ser complementada com as qualificantes de ser “sem a autorização” ou “obtida mediante declaração falsa”.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: Ocorre com a prática de ao menos uma operação própria de instituição financeira. Para que se consuma, não é necessária a ocorrência de prejuízo para terceiros. Trata-se de crime formal e de mera conduta. Admite tentativa.
O delito pode ocorrer mesmo que a instituição financeira não tenha instalações físicas condizentes com a de um banco.
Instituições financeiras por equiparação:
Em provas de concurso, cuidado com os exemplos que narram situações envolvendo atividades próprias de instituições financeiras por equiparação (art. 1º, parágrafo único). Assim, configura o crime do art. 16 quando a pessoa pratica atividades de seguro, de câmbio, de consórcio ou de capitalização, sem autorização legal.
O chamado “agiota” pratica o delito do art. 16?
Em regra, não.
(...) Na hipótese em que se cuida de empréstimos a juros, com valores próprios e não captados de terceiros, há, em tese, delito de usura e, não, contra o Sistema Financeiro. 
(CC 99305/PR, Min. Maria Thereza De Assis Moura, Terceira Seção, julgado em 11/02/2009). Resume-se:
	Art. 4º da Lei n. 1.521/51
	Art. 16 da Lei n. 7.492/86
	Recursos próprios
	Recursos de terceiros
*#IMPORTANTE. Hipótese em que factoring se submeterá aos tipos penais do Sistema Financeiro
Compete à Justiça Federal processar e julgar a conduta daquele que, por meio de pessoa jurídica instituída para a prestação de serviço de factoring, realiza, sem autorização legal, a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado. Isso porque a referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo do art. 16 da Lei nº 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Sistema FinanceiroNacional), consistente em fazer “operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. 
Ademais, nessa hipótese, apesar de o delito haver sido praticado por meio de pessoa jurídica criada para a realização de atividade de factoring, deve-se considerar ter esta operado como verdadeira instituição financeira, justificando-se, assim, a fixação da competência na Justiça Federal.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Banco Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei nº 7.492/86, o que atrai a competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção. CC 160.077-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 637).
2.17. ART. 17 – EMPRÉSTIMO OU ADIANTAMENTO VEDADOS
*Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017)
 Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
 Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
 I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;
 II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.
1. Sujeito Ativo: Crime próprio (apenas aqueles listados no art. 25 da Lei n.º 7.492/86).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a pessoa física ou jurídica eventualmente prejudicada.
3. Tipo objetivo: No caput, o núcleo do tipo é representado pelos verbos “tomar” (beneficiar com empréstimo ou adiantamento deferido a si mesmo), “receber” (receber empréstimo ou adiantamento deferido por outro controlador) e “deferir” (autorizar ou conceder). Em relação ao Parágrafo Único, o núcleo do tipo são os verbos “conceder”, “receber” e “promover”.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com a efetiva prática de uma das condutas estampadas nos dispositivos, independentemente da demonstração de dano ou prejuízo. Podendo o crime ser fracionado, admite-se a tentativa.
2.18. ART. 18 – QUEBRA DE SIGILO
Art. 18. Violar sigilo, de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
O artigo em comento foi derrogado parcialmente pelo art. 10 da LC 105/01 (“A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis”) porque a LC 105/01 é menos abrangente na conceituação de IF (não contempla empresa de consórcios e seguros, por exemplo).
1. Sujeito Ativo: Crime próprio, pois só pode ser praticado por funcionário de instituição financeira, uma vez que tem conhecimento da informação em razão do ofício.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a pessoa física ou jurídica eventualmente prejudicada.
3. Tipo objetivo: “violar” (quebrar indevidamente). Alguns autores defendem que a violação pode ser comissiva, ou ainda omissiva, quando há falta da devida cautela na proteção das informações.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com a efetiva violação das informações. Admite-se a tentativa.
2.19. ART. 19 – FRAUDE NA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.
1. Sujeito Ativo: Crime comum. Pode haver coautoria com agente da Instituição Financeira.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a pessoa física ou jurídica eventualmente prejudicada.
3. Tipo objetivo: “obter”, sendo que o financiamento deve se dar mediante fraude.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre com a efetiva obtenção do financiamento. Admite-se a tentativa.
Causa de aumento de pena: +1/3 Crime cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.
Caso prático!
Isaac foi denunciado pelo crime contido no art. 19 da Lei nº 7.492/86, por conta de supostamente ter contraído empréstimos irregulares em determinada instituição financeira.
Pergunta-se, tal imputação encontra-se correta?
NÃO! O Tipo penal é taxativo, o que se pune é o financiamento irregular. Nesse sentido:
A conduta relativa à obtenção de empréstimo pessoal perante instituição bancária não se amolda ao crime contra o Sistema Financeiro Nacional, descrito no art. 19 da Lei nº 7.492/86 ("obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira"), haja vista que em aludida operação não há destinação específica dos recursos. (STJ - CC: 107100 RJ 2009/0141470-2, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 26/05/2010, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 01/06/2010).
Resume-se: Não se aplica a empréstimo (pode ocorrer estelionato), que possui destinação livre, diferente do financiamento, que possui finalidade certa, de conhecimento da instituição financeira. Aplica-se ao leasing financeiro (arrendamento mercantil), por meio do qual se obtém um financiamento. O STJ já aplicou o presente tipo penal na hipótese de leasing para o financiamento de carro onde foram utilizados documentos falsos. (CC 114.322-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/3/2011.).
2.20. ART. 20 – DESVIO DE FINALIDADE
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Financiamento é uma modalidade de empréstimo, mas tem uma vinculação específica que é o custeio de algo determinado que deve ser declarado no momento da sua concessão. Em homenagem ao princípio da legalidade, a obtenção de empréstimo pessoal, empréstimo consignado, crédito direto ao consumidor e outras formas de linhas de crédito em instituição financeira não configuram esse tipo penal, e sim o delito de estelionato previsto no art. 171 do Código Penal.
OBS: A diferença deste artigo para o art. 19 da referida Lei é que neste a fraude é empregada após o financiamento, viciando a sua finalidade, enquanto que naquele a fraude é empregada anteriormente à obtenção do financiamento. 
1. Sujeito Ativo: Crime comum.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e a PF ou PJ eventualmente prejudicada pela aplicação irregular.
3. Tipo objetivo: “aplicar”, sendo que a aplicação deverá ocorrer em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato. Lembrando que a conduta deve recair sobre recursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial por instituição credenciada para repassá-lo.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: A consumação ocorre no momento da efetiva aplicação dos recursos em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato. Admite-se a tentativa.
2.21. ART. 21 – OPERAÇÃO DE CÂMBIO COM FALSA IDENTIDADE
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.Único crime desta lei punido com detenção.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta informação falsa.
1. Sujeito Ativo: Crime comum.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN).
3. Tipo objetivo: No caput, o núcleo do tipoé representado pelo verbo “atribuir”, sendo que a atribuição de falsa identidade deve ter como fim a realização de operação de câmbio. Em relação ao Parágrafo Único, o núcleo do tipo são os verbos “sonegar” e “prestar”. A falsa identidade está relacionada com os elementos da identificação civil do indivíduo.
5. Tipo subjetivo: Dolo. Porém o tipo exige o dolo específico de que o crime tenha a finalidade de ser para a realização de operação de câmbio.
6. Consumação: Tanto no caso do caput, quanto no caso do parágrafo único, sendo a conduta comissiva, a consumação dar-se-á com a efetiva atribuição a si mesmo ou a terceiro da falsa identidade, ou com a prestação de informação falsa. Em sendo a conduta omissiva, consuma-se com a efetiva sonegação da informação. Admite-se a tentativa apenas nas modalidades comissivas da conduta.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
*A utilização de terceiros (“laranjas”) para aquisição de moeda estrangeira para outrem, ainda que tenham anuído com as operações, se subsume à conduta tipificada no art. 21 da Lei nº 7.492/86. O bem jurídico resta violado com a dissimulação de esconder a real identidade do adquirente da moeda estrangeira valendo-se da identidade, ainda que verdadeira, de terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/5/2017 (Info 604).
*A conduta prevista no art. 21, Lei nº 7.492/86, pressupõe fraude que tenha o potencial de dificultar ou impossibilitar a fiscalização sobre a operação de câmbio, com o escopo de impedir a constatação da prática de condutas delitivas diversas ou mesmo eventuais limites legais para a aquisição de moeda estrangeira. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/5/2017 (Info 604).
2.22. ART. 22 – EVASÃO DE DIVISAS
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.
O que quer dizer divisa?
Na literatura econômica:
Letras, cheques, ordens de pagamento etc. que sejam conversíveis em moedas estrangeiras, e as próprias moedas estrangeiras de que uma nação dispõe, em poder de suas entidades públicas ou privadas (Sandroni: 181).
Divisa: A moeda de outro país, assim como outros ativos financeiros (Troster, Mochón: 381).
Para a Jurisprudência, integram o conceito de divisa:
a) Cheques sacados contra bancos;
b) Cheques sacados contra instituições financeiras nacionais;
c) O ouro, como ativo financeiro ou instrumento cambial;
d) A moeda estrangeira ou nacional.
1. Sujeito Ativo: Crime comum.
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN). O bem jurídico tutelado diz respeito à integridade do sistema cambial.
3. Tipo objetivo: “efetuar” (realizar) operação de câmbio não autorizada pelo Banco Central nos termos do art. 10, X, “d” da Lei nº 4595/64, visando à fuga de divisas do País. Em relação ao Parágrafo Único, o núcleo do tipo é representado pelos verbos “promover” (a saída de divisas) e “manter” (no exterior) divisas não declaradas à Receita Federal.
4. Tipo Subjetivo: Dolo. E mais: o caput exige o dolo específico (“com o fim de promover evasão de divisas do País”).
5. Consumação: Na modalidade do caput, a consumação dá-se com a formalização da operação de câmbio não autorizada com o fim de promover a evasão das divisas, independentemente da efetiva ocorrência do resultado. No caso do parágrafo único, a consumação acontece no momento em que se dá a saída da moeda ou divisa para o exterior, ou momento em que deveria ter declarado o depósito à autoridade competente. Admite-se a tentativa, salvo na modalidade “manter”.
OBS: Concurso de crimes com Lavagem de Dinheiro = Em geral entende-se que se trata concurso formal impróprio: quando houver a remessa do dinheiro para o exterior com o fim de ocultação, pois os desígnios são autônomos (STJ), ou quando o recebimento e ocultação dos valores se dão no território nacional, e, posteriormente, há tentativa de evasão (TRF 2). Entretanto, existem decisões nos seguintes sentidos que vale a pena mencionar, vejamos:
a) pela ocorrência de crime de evasão de divisas, tão somente, quando não há evidência de fim específico de lavagem;
b) pela ocorrência de lavagem de dinheiro, unicamente, quando a finalidade era dar aparência de licitude aos valores.
	EVASÃO DE DIVISAS
	1ª modalidade. Art. 22, caput.
	2ª modalidade. Art. 22, parágrafo único, 1ª parte.
	3ª modalidade. Art. 22, parágrafo único, 2ª parte.
	Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do país.
	Promover a saída clandestina de divisas do país.
	Manter depósitos clandestinos no exterior.
OBS: O simples fato de enviar ou manter dinheiro no exterior é considerado algo ilícito? NÃO. No entanto, para a pessoa enviar recursos para o exterior ou abrir uma conta bancária em outro país, ela deverá cumprir as condições previstas na legislação.
6. Pontos importantes:
Segundo entendimento da Jurisprudência, não configura a divisa:
a) Evasão de mercadorias;
b) Diamantes;
c) O valor negocial de passe de um jogador. 
Majoritariamente entende-se que o ingresso de divisas é conduta atípica, em homenagem ao princípio da legalidade.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
*Dinheiro mantido no exterior integrando trust revogável, cujo instituidor e beneficiário é a mesma pessoa, deverá ser declarado ao Banco Central.
Foi encontrada conta bancária em nome de um Deputado Federal no exterior na qual estavam depositados milhões de dólares. Vale ressaltar que o Parlamentar não comunicou a existência dessa conta ao Banco Central e que, na declaração que os candidatos a cargos eletivos devem prestar à Justiça Eleitoral sobre seus bens, ele também não mencionou a existência desse dinheiro no exterior.
Diante disso, ele foi denunciado pela prática de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98), evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86) e falsidade ideológica para fins eleitorais (art. 350 do Código Eleitoral).
Em sua defesa, o denunciado alegou que a conta bancária encontrada não está em nome dele. A sua titularidade pertence a um trust e, portanto, ele não teria obrigação de declará-la ao BACEN nem à Justiça Eleitoral. 
Esta tese não foi aceita pelo STF no momento do recebimento da denúncia. O Deputado Federal foi o instituidor do trust e figura como beneficiário. Além disso, o trust era revogável, de forma que a relação contratual poderia ser a qualquer momento desfeita e o patrimônio voltaria à sua titularidade. Logo, para o STF, ele detém a plena disponibilidade jurídica e econômica dos valores que integram o trust.
Assim, se ele não declarou a existência de tais valores ao Banco Central e à Justiça Eleitoral, praticou, em tese, os crimes de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98), evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86) e falsidade ideológica para fins eleitorais (art. 350 do Código Eleitoral).
O fato de as quantias não estarem formalmente em seu nome é absolutamente irrelevante para a tipicidade da conduta. 
A manutenção de valores em contas no exterior, mediante utilização de interposta pessoa ou forma de investimento (trust), além de não desobrigar o beneficiário de apresentar a correspondente declaração ao BACEN, revela veementes indícios do ilícito de lavagem de dinheiro.
STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).
*#IMPORTANTE: Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo "dólar-cabo", não é possível utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para fins de aplicação do princípio da insignificância. STJ. 6ª Turma. REsp 1.535.956-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/3/2016 (Info 578).
*#IMPORTANTE: Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único,da Lei nº 7.492/86), o fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa e bem estrutura pode ser valorado de forma negativa a título de circunstâncias do crime. STJ. 6ª Turma. REsp 1.535.956-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/3/2016 (Info 578).[footnoteRef:12] [12: Como o assunto foi cobrado em provas? (TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto/2016) Se um indivíduo é flagrado entrando com R$ 100.000,00 (cem mil reais) em dinheiro no território nacional, pode-se dizer que: Parte superior do formulário
a) A situação constitui um irrelevante penal, pois evadir dinheiro é crime, porém, internar não; b) Está-se diante do crime capitulado no artigo 22, “caput”, da Lei 7.492/86; c) A depender da origem do dinheiro, pode-se estar diante de vários crimes, inclusive lavagem de dinheiro; d) A depender da origem do dinheiro, pode-se estar diante de crime contra a ordem tributária. Gabarito: C.] 
2.23. ART. 23 – PREVARICAÇÃO
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: Crime próprio (funcionário público - art. 327 CP).
2. Sujeito Passivo: Estado (SFN) e o terceiro eventualmente prejudicado.
3. Tipo objetivo: “omitir”, “retardar” e “praticar”, sendo que as ações e omissões devem ser praticadas contra disposição expressa de lei, o que faz indicar que é uma norma penal em branco.
4. Tipo subjetivo: Dolo.
5. Consumação: Nas condutas comissivas, a consumação ocorre com a efetiva prática ou retardamento (comissivo) de ato de ofício. Já nas condutas omissivas, a consumação acontece com a efetiva omissão ou com o retardamento (omissivo) do ato de ofício.
3. CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS (LEI Nº 6.385/76)
Os artigos 27-C, 27-D e 27-E, introduzidos pela Lei nº 10.303/01 à Lei nº 6.835/76, não revogaram quaisquer dispositivos da Lei nº 7.492/86. No âmbito da Lei nº 6.385/76, criou-se uma área de tutela específica do mercado de capitais, sendo considerada legislação especial, quando confrontada com a Lei nº 7.492/86. 
Conforme entendimento doutrinário, a tutela do mercado de capitais não se restringe aos dispositivos constantes da Lei nº 6.385/76. Isso porque se entende que os artigos 2º, 7º e 9º, da Lei nº 7.492/86, estudados acima, também tutelam tal bem jurídico. São, portanto, seis os crimes contra o mercado de capitais, previstos em dois diplomas normativos.
3.1. ART. 27-C – MANIPULAÇÃO DO MERCADO
* #ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA:
	COMO ERA ANTES
	COMO FICOU
	Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime
	Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas destinadas a elevar, manter ou baixar a cotação, o preço ou o volume negociado de um valor mobiliário, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar danos a terceiros: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017).
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime
1. Sujeito ativo: Crime comum. Cumpre frisar que, ao contrário do crime de gestão fraudulenta, que é crime próprio, o tipo penal em questão não faz menção ao poder de gestão ou administração em instituição financeira ou sociedade com ações negociadas no mercado de capitais e também não exige a qualidade do investidor. 
2. Sujeito passivo: O ofendido imediato é o Estado, pois, conforme ensina Bitencourt, a credibilidade, a transparência e a regularidade do funcionamento do mercado de capitais são interesses que transcendem a mera expectativa dos agentes financeiros envolvidos. O ofendido mediato é o particular investidor que sofreu prejuízo em seu patrimônio. 
3. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas (toda e qualquer ação humana apta para alterar de modo artificial o desenvolvimento do mercado). 
4. Tipo subjetivo: Além do dolo genérico, o tipo penal instituiu outros três elementos subjetivos: a) finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado; b) fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem ou c) fim de causar dano a terceiros. Não se admite a modalidade culposa. 
5. Consumação: Trata-se de crime formal, não exigindo resultado naturalístico, sendo absolutamente irrelevante para a tipificação da conduta a efetiva alteração da cotação do valor mobiliário. A efetiva obtenção da vantagem e a concreta alteração do funcionamento dos mercados serão elementos a serem analisados na fixação da pena.
3.2. ART. 27-D – USO INDEVIDO DE INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA
* #ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA:
	COMO ERA ANTES
	COMO FICOU
	Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
	Art. 27-D. Utilizar informação relevante de que tenha conhecimento, ainda não divulgada ao mercado, que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem repassa informação sigilosa relativa à fato relevante a que tenha tido acesso em razão de cargo ou posição que ocupe em emissor de valores mobiliários ou em razão de relação comercial, profissional ou de confiança com o emissor. (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)
§ 2o A pena é aumentada em 1/3 (um terço) se o agente comete o crime previsto no caput deste artigo valendo-se de informação relevante de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)
1. Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, exigindo-se do sujeito ativo a especial qualidade de detentor do dever de sigilo sobre a informação relevante. Serão, portanto, nos termos da Instrução 358/2002, os acionistas controladores, diretores, membros do conselho de administração, do conselho fiscal e de quaisquer órgãos com funções técnicas ou consultivas, criados por disposição estatutária, pois sobre eles é imposto o dever de sigilo sobre uma série de fatos relevantes.
*O QUE MUDOU?[footnoteRef:13] [13: Informações retiradas do site: http://alfonsin.com.br/insider-trading-alteraes-na-lei/ ] 
A lei ampliou a aplicação da norma, passando a tipificar o fato das informações terem sido obtidas em razão de relação comercial
Com a publicação da Lei nº 13.506/17, destacam-se duas mudanças principais na tipificação do crime de insider trading. A primeira diz respeito à necessidade de sigilo, que deixou de ser característica da informação relevante utilizada indevidamente e integrante do tipo penal e passou a ser causa de aumento de pena. Assim, atualmente, basta que a informação relevante utilizada ainda não tenha sido divulgada ao mercadopara o agente estar sujeito à pena de reclusão, de 1 a 5 anos, e multa de até 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. Porém, caso esta informação relevante, além de não ter sido divulgada ao mercado, devesse ter sido mantida em sigilo, a pena será aumentada em 1/3.
A outra alteração refere-se à ampliação do sujeito do crime, uma vez que agora, além da pessoa que efetivamente utilizar a informação relevante mediante negociação com valores mobiliários, passou a também ser condenável aquele que repassar informação sigilosa relativa a fato relevante. Neste caso, o transmissor da informação estará sujeito à mesma pena de quem utiliza a informação (mas quem somente repassa a informação não poderá sofrer aumento de pena).
Vale notar que, no âmbito administrativo, conforme as regras da CVM, a obrigação de guardar sigilo das informações relativas a ato ou fato relevante é aplicável somente aos acionistas controladores, administradores, membros de quaisquer órgãos com funções técnicas ou consultivas e empregados da companhia.
Contudo, a Lei nº 13.506, de 2017, ampliou, no âmbito penal, a aplicabilidade da norma, passando a tipificar não apenas a transmissão de determinados tipos de informação, mas também o fato de tais informações terem sido obtidas em razão de relação comercial, profissional ou de confiança com a companhia (como acontece, por exemplo, com advogados, auditores, consultores e gestores de valores mobiliários).
2. Sujeito passivo: É o Estado, pois a credibilidade e a transparência das negociações no mercado de capitais são interesses que transcendem a mera expectativa dos agentes financeiros envolvidos. Como vítimas secundárias podem ser identificados os demais investidores, pois a comercialização com informação privilegiada viola a igual distribuição dos riscos do negócio entre todos os participantes do mercado. 
3. Tipo objetivo: É o ato de utilizar informação relevante, sendo que o núcleo típico “utilizar” deve ser compreendido genericamente como empregar, usar, aproveitar-se da informação para tomar as decisões a respeito da negociação de um valor mobiliário. A definição de “informação relevante” deve ser buscada no art. 2º da Instrução Normativa 358/2002 da CVM. A negociação com informação privilegiada deve ser capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida. 
4. Tipo subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de utilizar informação relevante, ainda não divulgada ao público, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, agregando-se, ainda, o especial fim de agir de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida decorrente da negociação com valores mobiliários. 
5. Há divergência na doutrina. Para Juliano Breda, trata-se de crime de perigo abstrato, exigindo-se apenas a prova da capacidade de lesão da informação utilizada, ou seja, a demonstração da idoneidade da conduta diante do bem jurídico protegido. Assim, o crime se consuma com a celebração da negociação de valores mobiliários, mediante utilização da informação privilegiada, independentemente da obtenção de vantagem.
Jurisprudência recente do STJ: Em sede do RHC 46315/RS, a Sexta Turma do STJ decidiu em 25.08.2015 que o dever de sigilo previsto no artigo 27-D é condição objetiva relacionada aos agentes em razão da função ou cargo exercidos, sendo possível eventual punição de terceiros na forma do artigo 29 do Código Penal, quando as circunstâncias elementares do tipo se comunicarem ao partícipe que delas tenha conhecimento (art. 30 do CP).
3.3. ART. 27-E – EXERCÍCIO IRREGULAR DE CARGO, PROFISSÃO, ATIVIDADE OU FUNÇÃO
* #ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA:
	COMO ERA ANTES
	COMO FICOU
	Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa Único delito desta lei punido com detenção.
	Art. 27-E. Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a atividade de administrador de carteira, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou qualquer outro cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado na autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
1. Sujeito Ativo: É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa que exerça irregularmente as funções e as atividades descritas no tipo do artigo 27-E. 
2. Sujeito Passivo: É o Estado, uma vez que o crime viola o sistema de controle e a fiscalização sobre o mercado de valores mobiliários, mas também os investidores e os intermediários financeiros legalmente autorizados a atuar podem ser secundariamente atingidos. 
3. Tipo objetivo: Os verbos “atuar” e “exercer” indicam uma ação ao longo do tempo, especialmente o segundo, pois “exercer” pode significar a prática reiterada de determinado ato. Assim, deve-se entender que se trata de crime permanente, motivo pelo qual um único ato não terá relevância típica. O exercício e a atuação se referem a determinadas atividades consideradas fundamentais ao desenvolvimento do mercado de capitais e para as quais se exige qualificação específica e autorização da CVM. 
4. Tipo subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de atuar ou exercer as funções descritas no tipo sem estar autorizado ou registrado perante a CVM. Não há elementos subjetivos do injusto, ou seja, o dolo é genérico. 
5. Consumação: A consumação depende de uma reiteração de atos aptos a caracterizar a intenção de agir permanentemente.
Indaga-se: O crime do art. 16 da Lei n.º 7.492/86 foi revogado pelo delito do art. 27-E da Lei n.º 6.404/76 (Incluído pela Lei 10.303/2001)?
Não. Segundo decidiu o STF, não houve revogação, uma vez que a objetividade jurídica dos tipos penais é distinta e há elementos da estrutura dos dois tipos que também não se confundem. O bem jurídico tutelado pela Lei n.º 7.492/86 é a higidez do Sistema Financeiro Nacional, considerando-se instituição financeira aquela que tenha por atividade principal a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros. A seu turno, a Lei n.º 10.303/2001 protege a integridade do mercado de valores mobiliários (HC 94955/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 21.10.2008).
Desse modo, o crime do art. 27-E da Lei n.º 6.404/76 é específico em relação ao do art. 16.
4. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVOS
	Lei n.º 7.492/86 
	Integralmente
	Lei n.º 6.385/76
	Integralmente
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2011. MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. 1. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
Informativos do site Dizer o Direito, Márcio André.

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