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ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1 Reatividade Potencial de Diabásio, Rocha Semelhante ao Basalto – Abordagem Microestrutural Potential Reactivity Of Diabase, A Basalt Akin Rock – Microstructural Approach Eduardo B. Quitete (1); Priscila M. L. Menezes (2); Angélica O. Miranda (3) (1) Geólogo, Mestre em Engenharia Mineral – quitete@ipt.br (2) Geóloga, Mestre em Geologia – prileal@ipt.br (3) Estagiária de Geologia - aolivei@ipt.br (1,2 e 3) Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura – Laboratório de Materiais de Construção Civil Av. Prof. Almeida Prado, 532, Prédio 59, Butantã, São Paulo/SP – CEP: 05508-901 Resumo Diversos trabalhos recentes têm apontado o potencial de basaltos para a reação álcali-agregado (RAA). Devido às dificuldades de distinção, algumas jazidas importantes do Estado de São Paulo declaram e de fato consideram que extraem basalto, quando tecnicamente extraem diabásio. A diferença entre basalto e diabásio, embora pouco evidente em algumas situações, é importante em estudos de RAA, pois devido ás diferenças no processo de resfriamento e cristalização, os diabásios tendem a apresentar um menor conteúdo, ou até mesmo ausência vidro vulcânico, mesóstase ou vidro devitrificado, que são consideradas as principais fases responsáveis pela reatividade dos basaltos. Seis amostras, consideradas pelo seu contexto geológico como diabásios, foram selecionadas em cinco pedreiras em operação no Estado de São Paulo. Foi realizada análise petrográfica e ensaio acelerado de expansão em barras de argamassa (ABNT NBR 15577:2008 - Partes 3 e 4). Os resultados do ensaio de expansão acelerada, indicaram reatividade potencial para três das cinco pedreiras estudadas, enquanto que a análise petrográfica acusou apenas uma delas como potencialmente reativa. A expansão das outras duas amostras é atribuída a efeito distinto da RAA, o inchamento de argilominerais em resposta ás condições impostas no ensaio acelerado. Palavras-Chave: Reação álcali-sílica. Reação álcali-agregado, diabásio, basalto Abstract Several recent works has been pointed out the potential of basalts to the alkali-aggregate reaction (AAR). Due to the difficulties of distinction, some relevant quarries in the São Paulo State declare they are extracting basalt while they are actually extracting diabase. Although the difference between basalt and diabase is sometimes not easy to spot, it is important to AAR studies once diabases, as function of their formation process, usually show less volcanic glass, mesostasis or devitrified glass, considered as the main reactive phases in basalts. Six samples, considered as diabases by their geological context were selected from active quarries in São Paulo State. The samples were submitted to petrographic analyses and accelerated mortar bar test (Brazilian Standard NBR 15577:2008 – Parts 3 and 4). The results of the accelerated mortar bar tests indicate the potential alkali reactivity for three of the five studied quarries. The petrographic analyses, showed that just one should be potentially reactive. The expansion of the other two is considered to be due a non-AAR effect, the swelling of clay minerals in response to the conditions imposed on the accelerated test. keyword: alkali-silica reaction, alkali-aggregate reaction, diabase, basalt mailto:quitete@ipt.br mailto:prileal@ipt.br mailto:aolivei@ipt.br ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 2 1 Introdução Reação álcali agregado A RAA ocorre na presença de um agregado reativo, água e álcalis (principalmente sódio) e resulta em gel expansivo. Os efeitos deletérios da reação álcali-agregado (RAA) são conhecidos há décadas uma vez que eles podem enfraquecer grandes estruturas de concreto como barragens e pontes. Nos estudos iniciais, considerava-se que a RAA era provocada pela presença de sílica amorfa natural, como a opala e outras variedades (e.g. calcedônia, chert entre outras), vidro vulcânico rico em sílica e polimorfos menos estáveis de quartzo (cristobalita e tridimita). Logo depois, a RAA também foi detectada em diversas estruturas contendo agregados de rochas graníticas considerando-se o quartzo deformado e o quartzo microcristalino como as principais fases reativas. Com isso, este novo tipo de reação (que se desenvolve a velocidades bem mais lentas que o normal) passou a ser designada como reação álcali-silicato, e em contrapartida, a reação que se desenvolve a velocidades mais rápidas e é ocasionada pela opala e pelo quartzo criptocristalino foi designada de reação álcali-sílica. Diversos autores consideram que não existem diferenças reais entre estes dois tipos de reação e, mesmo que exista, não tem função prática. Sendo assim, independentemente da provável fase reativa presente (quartzo, calcedônia, vidro, etc) utilizaremos neste trabalho apenas o termo reação álcali- sílica (RAS), conforme adotado por STARK (2006). No Brasil, a ABNT NBR 15577 apresenta três métodos de ensaio para a verificação do potencial reativo de um agregado: a análise petrográfica (ABNT NBR 15577:2008-parte 3), o ensaio acelerado em barras de argamassa (ABNT NBR 15577:2008-Parte 4) e o ensaio em prisma de concreto (ABNT NBR 15577:2008-Parte 6). Este último é considerado como o mais represantativo das verdadeiras condições impostas ao concreto em obras, no entanto é o menos realizado devido ao seu longo prazo de execução (no minimo de 12 meses). Estes três métodos são realizados em todo o mundo, com variações regionais e nacionais (SANCHEZ, FOURNIER; KUPERMAN, 2010). Definição de basalto e diabásio Basaltos caracterizam-se como rochas vulcânicas de composição básica, com 45 a 54% de SiO2 em sua composição, e estão constituidas essencialmente por piroxênios (augita ou augita-diopsidio, pigeonita e hiperstênio) e plagioclásio (bytownita a labradorita), além de olivina, quartzo, feldspato potássico, nefelina e vidro vulcânico. Óxidos de ferro (titanita e magnetita), apatita e sulfetos estão presentes como minerais acessórios. Segundo LE MAITRE (1989) diabásio é o um termo utilizado para rochas de granulação média-fina de composição basáltica. Os britânicos aplicam o termo para rochas basálticas fortemente alteradas/intemperizadas, enquanto os franceses, alemães e norte-americanos o utilizam o termo para indicar a presença de textura ofítica. A definição original refere-se a textura ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 3 transicional entre basaltos e rochas de granulação mais grossa (tal como gabro). Atualmente é compreendida como sinônimo de dolerito e microgabro. Neste trabalho o termo diabásio será utilizado para designar a rocha subvulcânica e que é texturalmente intermediária entre basalto (granulação muito fina, afanítica) e gabro (granulação grossa, fanerítica). A dificuldade de distinção entre basalto e diabásio reside na generalização dada ao termo basalto para toda a rocha máfica vulcânica e diabásio para toda rocha máfica subvulcânica, porém a distinção entre basaltos e diabásios é oportuna, pois enquanto os diabásio desenvolvem mais comumente texturas ofítica, subofítica e intergranular, os basaltos desenvolvem com maior frequência texturas intersertal e hialofítica ricas em vidro vulcânico e material criptocristalino. Muitos autores consideram o vidro vulcânico presente em alguns agregados como uma das fases potencialmente reativas com os álcalis provenientes principalmente do cimento, que reagem e produzem um gel expansivo que pode fissurar e enfraquecer o concreto (FOURNIER & BÉRUBÉ, 2000). Os basaltos, por serem rochas que se formam a partir do rápido resfriamento de lava podem apresentar quantidade significativas de vidro vulcânico, rico em sílica amorfa, formado pelo rápido resfriamento da lava. No entanto, se o resfriamento final da lava se der de formamais lenta é de se esperar que o vidro inicialmente gerado sofra um processo de cristalização sub-sólida a baixas temperaturas que resultará na formação de um agregado microcristalino (textura microgranofírica a micrográfica) ou esferulitos (arranjos radiais de quartzo e feldspato potássico) ambos produtos de desvitrificação. Alguns trabalhos já indicaram que produtos de alteração do vidro vulcânico, como a chamada clorofeíta, e outros minerais de alteração de basaltos como montmorillonita são potencialmente reativos (BATIC; MAIZA; SOTA, 1994). Assim, é justificada a reatividade de basaltos mesmo sem vidro vulcânico presente. Os diabásios são rochas composicionalmente análogas aos basaltos, porém tem sua gênese subvulcânica, formando estruturas originalmente subsuperficiais permitindo que a massa magmática que dá origem à rocha não se arrefeça tão bruscamente como no caso dos basaltos. Desta forma, embora não seja regra, os diabásios possuem menor conteúdo de vidro vulcânico. A reatividade de basaltos e diabásios Estado de São Paulo VALDUGA (2002) estudou várias rochas extraídas do Estado de São Paulo, entre elas alguns basaltos. Dentre as amostras basálticas uma é proveniente do Município de Campinas e duas de Limeira, municípios onde, segundo o Mapa Geológico do Estado de São Paulo (PERROTTA et al., 2005), não ocorrem basaltos, mas sim rochas subvulcânicas, como os diabásios. Estas três amostras, pelas suas características na análise petrográfica e no ensaio acelerado em barras de argamassa foram consideradas como reativas. Reapresentando alguns dados de VALDUGA (2002) e de outros trabalhos, VALDUGA, DAL MOLIN; PAULON (2006) consideram que a grande maioria dos basaltos brasileiros ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 4 ensaiados em laboratório são potencialmente reativos. Em nenhum destes trabalhos brasileiros foi realizado o ensaio de prisma de concreto, conforme a norma NBR 15577-6:2008 (ABNT, 2008). Em um estudo detalhado com foco em uma amostra de basalto reativo e uma de basalto não reativo, TIECHER; et al. (2011) chegam à conclusão que, mais do que o vidro vulcânico, a mesóstase micro e criptocristalina seria responsável pela reatividade potencial no ensaio acelerado de barras de argamassa. O termo "mesóstase" utilizado por TIECHER et al. (2011) é definido como material intersticial que constitui as rochas vulcânicas, que é composto por grãos sub-microscópicos de quartzo e feldspatos. Importante frisar que estes autores informam que “não se tenha conhecimento de registros em campo e na literatura de ocorrência da RAA em estruturas de concreto confeccionadas com basaltos”. Destacam ainda que nos ensaios de longa duração em prisma de concreto os basaltos não costumam apresentar-se reativos. Contexto geológico das rochas estudadas Os basaltos e diabásios do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil fazem parte da Província Magmática do Paraná, conforme MACHADO et al. (2007). A província é formada principalmente por derrames vulcânicos na porção sudeste da América do Sul e, com menor expressão, por intrusões encaixadas nas rochas adjacentes. O complexo vulcânico recobre cerca de 75 % da Bacia do Paraná, com um volume estimado de 780.000 km3, dispostos em 1.200.000 km2. A atividade vulcânica que originou estas rochas ocorreu entre 133 e 132 milhões de anos. Na borda leste da Bacia do Paraná, aproximadamente entre a cidade paulista de Campinas e o Rio Grande, na divisa com Minas Gerais existem vários sills1 aflorantes, em geral sob a forma de corpos grosseiramente tabulares de grande persistência lateral. Ainda segundo MACHADO et al. (2007), estas rochas são constituídas por 25-50% de feldspato plagioclásio, normalmente labradorita, 20-40% de piroxênios, representados pela augita e pigeonita, até 4% de olivina comumente na forma de pseudomorfos, de 4% a 10% de minerais opacos (magnetita e ilmenita) e fase vítrea ou microcristalina que chega a representar 40% do seu volume. As rochas da região, estudadas por MACHADO et al. (2007), em sua maioria, tanto em derrames quanto em intrusões, possuem textura intergranular, onde cristais euhédricos e subhédricos ripiformes de plagioclásio apresentam grãos intersticiais de piroxênio. Entretanto, devido aos diferentes fatores envolvidos na solidificação do magma (taxa de resfriamento, viscosidade, teor de voláteis, etc) ocorrem outros tipos de texturas, como a subofítica (cristais ripiformes de plagioclásio parcialmente engolfados por cristais de piroxênio) e ofítica (cristais ripiformes de plagioclásio envolvidos totalmente por cristais de piroxênio, comuns em resfriamentos mais lentos como interior dos derrames e sills espessos). Ocorrem também texturas granofírica (material microgranular vermiforme, conferindo aspecto gráfico), intersertal (material vítreo ocupando interstícios dos cristais ripiformes de plagioclásio), pilotaxítica (cristais de plagioclásio orientados segundo direção 1 Sill é um corpo rochoso ígneo tabular intrusivo que se coloca paralelamente às estruturas planares das rochas encaixantes (BATES & JACKSON, 1980). ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 5 de fluxo da lava) e hialofítica (cristais ripiformes de plagioclásio dispersos em fase vítrea), todas elas indicativas de resfriamento rápido, como topo de derrames, borda de sills e diques pouco espessos. 2 Objetivos Este trabalho se propõe a estabelecer hipóteses de correlação entre as texturas e fases características dos diabásios e sua potencial reatividade no ensaio dimensional acelerado (conforme a ABNT NBR 15577-4:2008, ABNT, 2008). 3 Materiais e métodos 3.2 Amostragem Foram coletadas amostras em cinco pedreiras ativas nos municípios paulistas de Leme (amostra B1 – FOTO 1), Jaguariúna (amostra B2 – FOTOS 2 e 3); Americana (Amostra B3 – FOTO 4), Limeira (amostras B4 Sup e B4 Inf - FOTO 6) e Campinas (amostra B5 – FOTO 5). As pedreiras foram selecionadas por estarem localizadas em áreas de diabásios da borda leste da Bacia do Paraná, em São Paulo, conforme de MACHADO et al. (2007) e o mapa geológico do estado de São Paulo (PERROTTA et al., 2005) (FIGURA 1) e por pertencerem à mesma empresa (Basalto, do grupo Estrutural) que permitiu amplo acesso a elas. Na pedreira de Limeira foram coletadas duas amostras, pois a avaliação de campo indicou materiais distintos nas duas bancadas em operação (“Superior” e “Inferior”). Todas as amostras foram coletadas diretamente das cavas das pedreiras, a sopé da frente de lavra em atividade. Por isso, os fragmentos coletados foram britados somente em laboratório, no caso, o Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 6 Foto 1 - Visão geral da pedreira de Leme (B1). Figura 1 - Mapa geológico da área em estudo com indicação das cinco pedreiras visitadas (B1 a B5). A litologia K1 sg (em verde) é definida como: soleiras de diabásio, diques de diabásio, diorito pórfiro, microdiorito pórfiro, lamprófiro, andesito, monzonito pórfiro e traquiandesito. Adaptado de PERROTTA et al. (2005). ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 7 Foto 2 - Visão geral da pedreira de Jaguariúna (B2). Os blocos de rocha mais clara são oriundos do gnaisse na base do diabásio (Foto 3) Foto 3 - Contato entre o diabásio e o gnaisse encaixante (em baixo, de cor mais clara) na Pedreira de Jaguariúna (B2). Foto 4 - Visão geral da pedreira de Americana (B3), destacando seu formato alongado. Foto 5 - Visão geral da pedreira de Campinas (B5). Foto 6 - Visão geral da pedreira de Limeira (B4) por montagem de três fotos. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 8 3.2Análise petrográfica A análise petrográfica foi realizada de acordo com as diretrizes gerais da norma NBR 15577-3:2008 (ABNT, 2008), utilizando um microscópio óptico modelo DM4500 P, com câmera digital DFC295, ambos marca Leica, disponível no Laboratório de Materiais de Construção Civil do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura do IPT. A classificação petrográfica de rocha seguiu os critérios propostos por LE MAITRE (1989). 3.3 Ensaio acelerado de expansão em barras de argamassa O ensaio foi realizado conforme as diretrizes da norma NBR 15577-4:2008 (ABNT, 2008). Inicialmente, os agregados foram britados, de forma a produzir um produto classificado conforme a composição granulométrica estipulada pela norma. As argamassas foram produzidas com traço constituído de uma parte de cimento (Tipo CP V ARI) para 2,25 partes em massa de agregado classificado, utilizando uma relação água/cimento igual a 0,47. Após a mistura, foram moldadas três barras de argamassa para cada amostra com dimensões de 25 mm x 25 mm x 285 mm. Na sequência, imediatamente após a moldagem, cada molde foi colocado na câmara úmida, permanecendo nos moldes por (24 ± 2) horas. Após a desmoldagem, foi realizada a leitura inicial em cada barra. As barras de argamassa foram colocadas em recipiente com água suficiente para imergi-las totalmente, sendo estes selados e colocados em banho a (80 ± 2)°C por um período de 24 horas, quando foi realizada uma nova leitura (leitura zero). Em seguida, todas as barras de argamassa foram colocadas em um recipiente contendo uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) a (1,00 ± 0,01) N, na temperatura de (80 ± 2)°C, de forma que fiquem totalmente imersos. Após a leitura zero, foram realizadas leituras nas idades de 5, 9, 12, 16, 19, 23, 26 e 30 dias. A expansão de cada barra de argamassa em uma determinada idade representa a diferença entre seu comprimento na idade considerada e seu comprimento inicial (leitura zero), expressa em porcentagem do comprimento de medida, com aproximação de 0,001%. A expansão de cada amostra em uma determinada idade é dada pela média das expansões das três barras de argamassa, calculada com aproximação de 0,01%. De acordo com a norma NBR 15577-1:2008 (ABNT, 2008), quando o resultado obtido a partir do método acelerado indicar expansão menor que 0,19% aos 30 dias, o agregado pode ser considerado potencialmente inócuo para uso em concreto, sendo o ensaio de longa duração em prismas de concreto facultativo. Por outro lado, se a expansão obtida for maior ou igual a 0,19% aos 30 dias, o agregado é considerado potencialmente reativo e, nesse caso, deve ser realizado o ensaio em prismas de concreto, conforme norma NBR 15577-6:2008 (ABNT, 2008), para confirmação ou não da potencialidade reativa do agregado, prevalecendo o resultado do ensaio em prismas sobre o resultado do ensaio acelerado em barras de argamassa, ou deve ser avaliada a mitigação da expansão conforme estabelecido na norma NBR 15577-5:2008 (ABNT, 2008). ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 9 4 Resultados 4.1 Análise petrográfica As análises petrográficas confirmaram a composição mineralógica típica de basaltos e diabásios, ou seja: Entre as fases cristalinas predomina o feldspato plagioclásio das variedades andesina a labradorita (entre 30 e 70%), seguido de clinopiroxênio da variedade augita (5 a 30%), magnetita (traços a 10%) e olivina (0-10%) total a parcialmente alterada em saponita. Ocorre quantidade variável de minerais micro e criptocristalinos resultantes das etapas finais de cristalização do magma ou da desvitrificação do vidro formado pelo rápido resfriamento do magma. Foram encontradas três fases consideradas deletérias ao concreto nas amostras de diabásio estudadas, são elas: - Fase microcristalina quartzo-feldspática – Composta predominantemente por cristais esqueléticos de plagioclásio e provável feldspato potássico, secundariamente cristais xenomorfos de quartzo e alguns cristais esqueléticos de opacos (prováveis magnetita e ilmenita). Esta fase é intersticial aos cristais de augita, olivina e ripas de andesina, pelo aspecto textural corresponde a uma fase tardia ou posterior de cristalização com imposição de um resfriamento relativamente rápido, denotada pela presença abundante de cristais esqueléticos. Na amostra B3 esta fase chega a 50% em volume. - Vidro devitrificado – presença de vidro vulcânico alterado por processos tardi-pós magmáticos em argilominerais do grupo da esmectita de coloração verde e, no caso das amostras B4 superior e inferior, estes filossilicatos desenvolveram-se em cloritas. O vidro devitrificado ocorre intersticial às ripas de plagioclásio e cristais de augita e olivina. - Saponita pseudomórfica após olivina - A saponita é um argilomineral do grupo da esmectita,. Ocorre substituindo parcial e totalmente cristais de olivina e raramente augita nos processos pós-magmáticos. Nas amostras B1 e B2 quase a totalidade das olivinas ocorrem pseudomorfisadas em saponita. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 10 Tabela 1 – Síntese de alguns aspectos da análise petrográfica das amostras estudadas. Amostra Classificação Textura Estado de alteração Fases deletérias2 Reativida de potencial RAA1 B1 Olivina diabásio Intergranular/ intersertal localmente subofítica (FOTO 7) Olivina totalmente alterada em saponita (pseudomórfica, 5% vol. – FOTO 10), e vidro devitrificado (10% vol. – FOTO 11) para argilominerais e carbonato - Potencial mente inócuo B2 Olivina diabásio Intergranular, localmente subofítica (FOTO 8) Olivina grande parte alterada (pseudomórfica, 5-10% vol.) em saponita (FOTOS 12 e 13), pouca quantidade de vidro devitrificado (<5% vol.) para argilominerais e pouca quantidade de fase microcristalina quartzo-feldspática intersticial - Potencial mente inócuo B3 Olivina diabásio Intersertal/ Intergranular (FOTO 9) Olivina grande parte alterada (pseudomórfica) em saponita (FOTOS 16 e 17), pouca quantidade de vidro devitrificado para argilominerais e metade do volume da amostra é composta de fase microcristalina quartzo-feldspática intersticial (FOTOS 14 e 15). Quartzo microgranular Potencial mente reativo B4 superi or Diabásio Intergranular Vidro devitrificado em argilominerais verdes, provavelmente esmectitas (5% vol.), fase cripto e microcristalina feldspática (FOTO 19) alterando fortemente plagioclásio - Potencial mente inócuo B4 inferior Diabásio Intergranular Vidro devitrificado em argilominerais verdes provavelmente esmectitas (5% vol. – FOTO 18), fase cripto e microcristalina feldspática alterando fortemente plagioclásio e pouca quantidade de fase microcristalina quartzo-feldspática intersticial - Potencial mente inócuo B5 Olivina diabásio Intergranular, localmente subofítica (FOTOS 20 e 21) Presença de olivina pouco alterada em saponita (5-10% vol. – FOTOS 22 e 23), poucos pseudomorfos, pouca quanti-dade de vidro devitrificado (<5% vol.) em argilominerais e pouca fase microcristalina quartzo- feldspática intersticial - Potencial mente inócuo 2 De acordo com a norma NBR 15.577-3/2008 ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 11 Foto 7 – Fotomicrografia da amostra B1. Foto 8 - Fotomicrografia da amostra B2. Foto 9 – Fotomicrografia da amostra B3. Notar material de textura granofírica e cristais esqueléticos de plagioclásio. Foto 10 – Olivina substituída por saponita, na amostra B1. Foto 11 – Vidro na amostra B1 (seta) e material microgranular ao centro. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 12 Fotos 12 e 13– Olivina totalmente substituída por saponita na amostra B2. Fotos 14 e 15–Fase microcristalina quartzo-feldspática B3. Fotos 16 e 17– Olivina substituída por saponita na amostra B3. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 13 Foto 18 – Amostra B4 inf. Notar vidro devitrificado – argilominerais verdes. Foto 19 – Amostra B4 Sup. Notar fase microcristalina abundante. Fotos20 e 21 – Aspecto geral da amostra B5. Fotos 22 e 23 – Olivina pouco alterada na amostra B5. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 14 Figura 2 – gráfico das expansões ao longo do tempo no ensaio acelerado, conforme Tabela 2. Figura 3– Valores de expansão aos 30 dias no ensaio acelerado e fotomicrografias de feições petrográficas das amostras. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 15 4 Considerações finais Dos diabásios analisados podem-se considerar potencialmente reativos para RAS, as amostras B1, B2 e B3, por apresentarem valores de expansão aos 30 dias superiores a 0,19% (FIGURAS 2 e 3). A análise petrográfica considerou como potencialmente reativa as amostras com menos de 5% de quartzo microcristalino (conforme NBR 15577:2008 – parte 3), ou seja, somente a amostra B3 satisfaz este requisito, embora a norma seja imprecisa em relação às fases reativas e as quantidades destas na rocha. A amostra B3 possui quartzo microcristalino associado a plagioclásio e demais fases esqueléticas e microcristalinas que pode chegar a 50% do volume da amostra (fase microcristalina quartzo-feldspática). Esta característica petrográfica está de acordo com o perfil de expansão (FIGURA 2) apresentada por esta amostra, que se destaca das demais amostras estudadas. Esta fase microcristalina pode ser correlacionável à fase "mesóstase" de TIECHER et al. (2011), porém sem possuir os argilominerais. Considerando apenas a análise petrográfica as amostras B1 e B2 não são consideradas potencialmente reativas para a RAS, em contrapartida o perfil de expansão destas amostras questiona as observações da microscopia. A hipótese formulada neste estudo é que o ensaio acelerado de expansão não mede somente a reatividade álcali-sílica, mas também variações dimensionais ocasionadas por inchamento dos argilominerais do grupo da esmectita, presentes nas amostras estudadas como resultado da desvitrificação de vidro vulcânico e alteração da olivina em saponita. A saponita é um argilomineral do grupo da esmectita, caracterizada por expansividade quando saturada com água. Esta hipótese converge os resultados de expansão observados para as demais amostras (B1, B2, B4 inf, B4 sup e B5) com a abundância destes argilominerais observada na análise petrográfica. Este efeito de expansão do ensaio acelerado, que por hipótese está vinculado ao inchamento de argilominerais, explicaria resultados falso-positivos. O ensaio de longa duração em prismas de concreto (NBR 15577-6: 2008) é considerado conclusivo, em comparação ao método acelerado, por simular uma condição mais próxima ao encontrado em obra. Os corpos de prova de concreto no ensaio prolongado em câmara úmida (NBR 15577-6: 2008) não são imersos em água como no ensaio acelerado, e a temperatura é de aproximadamente 38°C contra 80°C do ensaio acelerado, desta forma o ensaio em prismas de concreto não induz o processo de inchamento dos argilominerais expansivos. Face ao exposto, deve-se considerar a possibilidade de variações dimensionais no ensaio de barras de argamassa (NBR 15577-4: 2008) não atreladas à reação álcali-sílica para os diabásios estudados, porém ensaios complementares devem ser realizados a fim de se aceitar ou refutar esta hipótese. Em continuidade a este estudo serão efetuados ensaios de expansão por água e etilenoglicol nas rochas, para verificar a susceptibilidade de expansão devido ao inchamento de argilominerais, além de difratometria de raios X com quantificação de argilominerais expansivos por refinamento Rietveld, análise petrográfica nas barras de argamassa do ensaio acelerado com vistas à identificação dos produtos de RAS e ensaio de expansão em prisma de concreto. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 16 5 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15577-1: agregados: reatividade álcali-agregado – Parte 1: guia para avaliação da reatividade potencial e medidas preventivas para uso de agregados em concreto, Rio de Janeiro, 2008, 11p. _______, NBR 15577-3: agregados: reatividade álcali-agregado – Parte 3: análise petrográfica para verificação da potencialidade reativa de agregados em presença de álcalis do concreto, Rio de Janeiro, 11p. 2008. _______, NBR 15577-4: agregados: reatividade álcali-agregado – Parte 4: determinação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado, Rio de Janeiro, 12p. 2008. _______, NBR 15577-5: agregados: reatividade álcali-agregado – Parte 5: determinação da mitigação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado, Rio de Janeiro, 5p. 2008. _______, NBR 15577-6: agregados - reatividade álcali-agregado - Parte 6: determinação da expansão em prismas de concreto, Rio de Janeiro, 16p. 2008. BATES, R. L.; JACKSON, J. A. Glossary of Geology. 2. ed. EUA. 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DAL MOLIN, D. C. C.; GOMES M. E. B. Contribuição ao estudo da reatividade das rochas basálticas. Congresso Brasileiro do Concreto, 53. Florianópolis. Anais...São Paulo: IBRACON, 2011. VALDUGA, L.. Reação álcali-agregado – mapeamento de agregados reativos do Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2002. VALDUGA, L.; DAL MOLIN, D. C. C.; PAULON, V. A.. Levantamento da reatividade potencial de basaltos no Brasil. In: II Simpósio sobre reação álcali-agregado em estruturas de concreto, 2006. Rio de Janeiro. Anais...São Paulo: IBRACON, 2006. Agradecimentos Os autores são gratos ao Engenheiro MSc. Rafael F. C. dos Santos, do IPT, pelo ensaio dimensional, ao estudante de graduação Guilherme G. C. C. Nascimento, da UNICAMP, pela coleta das amostras, à Geóloga MSc. Gláucia Cuchierato, do Grupo Estrutural pela autorização de entrada e informações referente às pedreiras e a Geóloga MSc Liza Angélica Polo pela discussão a respeito da petrogênese de rochas básicas.
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