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CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues Karl Marx Contextualização . Marx vai muito além do Manifesto Comunista. . Mesmo os que discordam de Marx, discutem partindo do que ele diz. . Formado em direito, mas não segue esse caminho. . Escreve várias obras com Friedrich Engels (Friedrich vai bancar Marx, para que ele se dedicasse a ser um intelectual). . Marx é o mais antigo de todos os outros intelectuais estudados anteriormente. . Não há na escrita marxista nenhum anseio em fazer/afirmar uma ciência social. . Economia é a mola propulsora de todas as coisas que existem na sociedade, em detrimento as outras esferas. . Brilhante em descrever o capitalismo como fenômeno da modernidade. Referenciais filosóficos . Hegel: . História como processo: Todo conhecimento é processual – nós somos sujeitos de uma história e ao longo dela construímos o conhecimento. Não há um instante onde eu me torno conhecedor de algo. Sou um ser que ao longo da história vai acumulando conhecimento. . Dialética: Para Hegel, a história é um processo, porque nós, indivíduos, estamos em uma constante transformação, e por consequência, em um constante processo de experimentação e conscientização. – Troca constante entre consciência e experiência, até chegar o que ele chama de espírito. . Marx diz que a dialética não pode ser restringir ao mundo do deverser como trata Hegel, mas se materializar no mundo real. Propõe, então, trazer a dialética par a vida prática (práxis) – isto é, enquanto indivíduos transformamos o mundo a partir de nossa capacidade laborativa (trabalho), e somos por ele também transformado. HOMEM AMBIENTE . Nesse movimento de troca entre ambiente e capacidade laborativa, faz surgir para o homem novas necessidades – de que temos novas demandas. Através de nossa CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues capacidade de produção, suprimos essa demanda, e colocamos outras demandas/necessidades para nosso plano de vida. . Marx usa isso justamente para mostrar como o capitalismo existe – se apropria desse ciclo para explorar sua capacidade lucro. “Se o jeito porque quer ganhar mais, topa trabalhar mais, irei explorar mais sua capacidade de trabalho”. – Vendo minha capacidade de trabalho para uma empresa e ela lucra em cima de mim x vezes mais do que recebo (antecipação ao conceito de mais-valia). – Somo todos substituíveis, a menos que o sujeito domine exclusivamente uma determinada técnica. . Quanto mais eu trabalho, mais necessidades eu tenho. – Capitalismo simula a existência de novas necessidades. OBSERVAÇÃO: . Materialismo histórico em Marx: é um método de transformação da sociedade. – A compreensão histórica da humanidade se constitui baseada nas relações materiais. . Marx não é um indivíduo teórico, mas sim um ser que se volta para a realidade, desvinculando-se das tradições que pensam o homem a partir de sua razão e consciência. . Feuerbach: . Todos em um período de Filosofia contestando a igreja. – Descrença no que a igreja tinha a propagar. . “Essência do Cristianismo” (obra de Feuerbach): Deus não existe, é uma criação nossa para servir como mecanismo de fuga do homem. – Ideia de que a religião aliena o homem, retira do homem a capacidade enxergar as coisas do mundo como elas realmente são. – Uso da religião como forma de alienar, retirá-lo da realidade. Ele propõe então a morte deus, esquecimento deste e volta para contemplação do mundo. . Marx escreve uma obra “11 teses sobre Feurbach”: concorda com a ideia de alienação dele, mas diz que ele comete um erro: pois, ele diz que a saída para essa alienação é a contemplação (matem deus, e voltem para contemplar o mundo dentro do que ele é). – E para Marx, essa não é uma saída, pois o certo é a AÇÃO. Precisamos agir para desvencilhar dessa alienação. . Na obra “O capital”, ele escreve sobre o FEITICHISMO DA MERCADORIA: capitalismo nos tira a capacidade de perceber essa ordem do capital, de fazer parte desta lógica, somos ALIENADOS. O papel do trabalhador é reconhecer essa alienação e transformá-la pela luta de classes. CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues . O fetichismo da mercadoria surge como um fenômeno social e psicológico onde as mercadorias aparentam ter vontade independente de seus produtores. - Caracteriza- se pelo fato das mercadorias, dentro do sistema capitalista, ocultarem as relações sociais de exploração do trabalho. . Ele não discorda sobre a ideia de religião de Feuerbach, afirmando inclusive que: “a religião é o ópio do povo”. – Entorpece a humanidade. Marx e o Direito . Inexistência de uma Teoria do Direito em Marx -ele não escreve nenhuma obra sobre o direito nem uma visão linear sobre o que ele pensa do direito. . O que encontramos nele são várias passagens em diferentes obras sobre críticas que ele faz ao Direito. . A primeira crítica é ao Direito como expressão da classe dominante - feita por ela e pra ela – não há uma efetiva participação popular na produção do Direito. . Classe dominante para ele no sentido de classe mais abastarda. . O que não é diferente hoje, não é um equívoco. Mas, agora com a ideia de classe social não mais ligada a poderio econômico, mas sim a status social. . Não haveria, para Marx, captação dos desejos das classes populares, nem uma possibilidade de mudança. . Há de fato em Marx uma indicação de rechaço à propriedade privada. . Mas, não com a ideia da propriedade privada acabar ou virar propriedade estatal. . Crítica que a propriedade privada se tornou uma forma de acumulação de riqueza, deixando de ser um mecanismo de se extrai o que serve para nossa sobrevivência. . Essa visão não é inaugurada por Marx, ela é citada lá trás por Rousseau quando diz que a miséria do mundo começou quando o homem pela primeira vez cercou um pedaço de terra e disse que era sua. . NÃO HÁ INDICAÇÃO NA ESCRITA MARXISTA QUE O ESTADO DEVERIA FICAR COM A PROPRIEDADE. Muito pelo contrário, ele era contrário a esse modelo de estado burguês, que não servia ao seu propósito. . Tudo isso não se realizou nem na prática nem na própria teoria de Marx, pois ele morre antes mesmo de desenhar como seria o seu modelo de Estado. . Marx criticou a Declaração Francesa dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos. . Declaração Francesa dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos foi um documento originado do processo da Revolução Francesa, fruto da necessidade de https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadoria CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues formular esse documento que enunciasse os direitos ligados aos ideais dessa revolução. – Primeiro documento de caráter político-jurídico que efetivamente repercute quase que no mundo de uma forma geral. – Documento altamente representativo desse contexto de mudança, de chegada da modernidade, da chegada/efetivação dos direitos. – E, era um documento quase que incontestáveis: poucos filósofos fizeram uma leitura negativa deste documento. . Marx praticamente desmonta a Revolução Francesa. . Marx dizendo que aquilo mais uma vez era uma cobertura jurídica que escondia por trás uma visão bem desigual dos direitos. . A primeira crítica é quanto ao título: Marx já vê nesse título a expressão de uma sociedade dividida, porque questiona falar em homem e cidadão? Se um não se separa do outro? Se cada um de nós é homem e cidadão... . Parte da declaração que trata dos direitos dos homens é muito mais extensa e protetiva do que a parte que cuida dos direitos dos cidadãos. – Direitos dos homens = de caráter individualizado, que normalmente alcançam as classes mais altas; enquanto os direitos dos cidadãosque independe da classe social, estão em menor extensão. . Crítica ao lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. . Marx diz que o modo como a liberdade está garantida na Revolução Francesa, é o conceito de liberdade absoluta, ideia de poder fazer desde que não alcance o outro. E, isso para Marx não é fator que garanta uma sociedade mais igual. – É necessário, segundo Marx, uma intervenção nas liberdades desses indivíduos (ainda que não estejam alcançando o outro) para se alcançar um reequilíbrio social. . Marx diz que a igualdade seria só formal (coerente a lei) e não material. Ou seja, não havia na Revolução Francesa nada que garantisse de fato a igualdade entre os indivíduos. . Marx diz que a fraternidade tal qual defendida pela Revolução Francesa, estava relacionada a existência do corpo policial para garantir a existência social. – Só que era uma previsão para Paris e não para o restante de França, e uma polícia para proteção das propriedades das classes dominantes. . Saída pra Marx não será através de um documento vindo da classe alta para a baixa, mas sim pela luta pela emancipação humana. . Emancipação humana: emancipação na sua forma mais completa, que é garantia do homem de alcançar as garantias para se autodeterminar. CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues Marxismo analítico . É uma linha que nasce já a partir dos anos 70 do século XX, muito devido a experiência da União Soviética. . União Soviética que se tornou no pós guerra uma grande potência a rivalizar com os EUA. . URSS nasce de uma tentativa de projeto de Estado Socialista, supostamente inspiradas nas ideias de Marx, mas que se torna na verdade um regime altamente autoritário. . Marxismo analítico se torna conhecido devido a essa experiência. . URSS para se tornar a potência que se tornou, foi a estatização de todas as suas propriedades (território enorme + população que vivia da terra e teve suas terras formadas pelo Estado). . Guerra fria avança: mundo mergulhado nesse dualismo de URSS e EUA. . URSS com povo totalmente dependente desse Estado. – Isso começa a dar errado, porque era um regime fechado e para isso se usava muito autoritarismo + propriedade estatizada em um país rural. = crise política, econômica, existencial no século XX. . Onde entra então o marxismo analítico: formado por um grupo de pensadores que são alinhados ao pensamento Marxista e que entendem que para salvar a União Soviética era preciso haver uma reinterpretação dos textos de Marx. . Tentativa de reinterpretar textos e conceitos Marxista, entendendo que um dos erros da União Soviética foi transportar coisas que Marx havia dito no século XIX para o século XX sem nenhuma atualização. . Esse marxismo analítico buscava soluções práticas – não era voltado a filosofar- de que maneiras as ações iriam salvar a União Soviética (esperança de uma nova forma de estado e afirmação desta trajetória). . Ficou conhecido como GRUPO DE SETEMBRO: porque era composto por pessoas de diversos lugares, e por esse motivo, sempre no mês de setembro, esses filósofos marcavam um encontro pra discutir. . Grupo que fez questão de ressignificar a questão de que em Marx não há o sentido de justiça. – “Olha ai, vocês são um estado que se pretende ser igualitário, mas a ideia de justiça não existe do pensamento de Marx, e por isso está acontecendo tudo isso na URSS). CADERNO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI Natália Oliveira Rodrigues . Mostrar que existia a um sentido de Justiça em Marx, ligado a ideia de autorrealização dos indivíduos - indivíduo fazer suas escolhas sem ser condicionado/obrigado. . Estado deveria garantir condições para que o indivíduo pudesse se autorrealizar. . Alternativas pensadas pelo Marxismo Analítico e que foram efetivamente implantadas na URSS: . Renda mínima universal: havia uma camada gigante da população que não tinha condições de sobrevivência, porque não tinham o mínimo para sobreviver. – Como isso se resolveria? O estado da URSS deveria então dar a esses indivíduos uma renda mínima universal (algo muito semelhante a proposta do bolsa-família no Brasil). . Socialismo de mercado que desdobrou em duas tentativas, pois uma primeira não funcionou (URSS continuou em crise) e a segunda que deu um “respiro” para a URSS. . 1ª tentativa: o Estado preservaria a produção da matéria prima e deixaria o mercado ocidental entrar para produzir os bens de consumo. – Não funcionou porque o Estado não conseguiu dar contar, faltando matéria prima. . 2ª tentativa: Mercado ocidental produz matéria prima e bens de consumo e o Estado controla através do modelo cooperativo de contratação de trabalhadores (toda e qualquer classe trabalhadora precisava estar ligada a uma cooperativa que era fiscalizada pelo Estado). . Importante para conhecermos essas tentativas de atualização das ideias de Marx.
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