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/ Direito Eleitoral Aula 08: Judicialização do processo eleitoral Apresentação Nesta aula, vamos analisar as fases do processo judicial eleitoral, os tipos de ações judiciais, incluindo os recursos. Por �m, vamos abordar as sanções eleitorais e a ação rescisória eleitoral. Objetivos Identi�car as fases do processo judicial eleitoral, as respectivas ações e os recursos cabíveis, previstos na Lei Complementar nº 60/90 e na Lei Eleitoral nº 9.504/97; Identi�car as condutas eleitorais ilegais que necessitam de sanções para a manutenção da ordem social. Palavras Iniciais O processo contencioso eleitoral refere-se ao processo jurisdicional instaurado entre as partes, que tem o Estado como condutor do processo civil com foco na resolução da lide eleitoral. Não existe um código de processo eleitoral, as regras do processo civil servem de parâmetro para o processo eleitoral. Assim, no processo eleitoral brasileiro, são diversos os tipos de procedimentos. No art. 22 da Lei Complementar nº 64/90, foi estabelecido rito eleitoral para os ilícitos eleitorais. Princípios processuais / Inicialmente iremos abordar os princípios processuais que se aplicam ao processo civil eleitoral. Assim, vamos conhecer alguns dos princípios que regem o processo civil eleitoral: 1 Princípio de celeridade: Esse princípio foi inserido no nosso ordenamento jurídico como garantia fundamental, pela Emenda Constitucional nº 45/2004, está previsto no art. 5º, LXXVIII da CF/88 e tem como objetivo impor a prestação jurisdicional de forma rápida. 2 Princípio do impulso o�cial: O processo deve se desenvolver a partir do momento em que a parte invoca a jurisdição, sem que seja necessária a intervenção das partes para que o processo avance, observe o art. 5º, § 2º, e art. 22, VI, ambos da LC nº 64/90. 3 Princípio da demanda: Este princípio proíbe o juiz de iniciar o processo ex officio. Assim, o art. 2º do CPC prevê que o processo só será instaurado pela iniciativa das partes. 4 Princípio devido processo legal: Previsto no art. 5º, LIV da CF/88, assegura a todos os litigantes tratamento igualitário. Esse princípio embasa todo o sistema jurídico. 5 Princípio da congruência: Pelos artigos 141 e 492 do CPC, o juiz deve conhecer o mérito dentro dos limites propostos pelas partes, fazendo a correlação entre a imputação e a sentença. No Direito Eleitoral, pelo caráter público desse ramo, não há a necessidade de manter a correlação entre o pedido inicial e a sentença. O juiz eleitoral deve se ater na congruência entre os fatos narrados na petição inicial e na decisão judicial. Existem decisões pací�cas fundamentadas, mas, havendo abuso, cabe ao juiz aplicar a sanção mais adequada à circunstância. Veja as decisões: TSE – Respe nº 52.183/RJ – DJe, 24/04/2015; TSE – Ag. Nº 3.066/MS – DJ, 17/05/2002; TSE – AgR-Respe nº 955.973.845/CE – DJe, 25/03/2011; TSE – AgR-Respe nº 257.271/BA – DJe, 10/05/2011. 6 Princípio da imparcialidade dos agentes da Justiça Eleitoral: A imparcialidade é um dos pressupostos do processo. O juiz, no exercício das suas atividades, deve analisar os pleitos judiciais sem que seu interesse próprio interfira na decisão a ser proferida. Caso entenda que seus interesses podem interferir no processo, o juiz deve se declarar impedido, com base nos arts. 134 a 138 do CPC. Seguindo esse entendimento, os juízes, os membros do Ministério Público e os servidores da Justiça Eleitoral são proibidos de se dedicarem à atividade político-partidária. / Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Leitura Para saber mais sobre tal proibição, veja respectivamente os art. 95, Parágrafo Único, III da CF/88; art. 128, § 5º, II, e da CF/88 e o art. 366 do Código Eleitoral. O Código Eleitoral prevê algumas proibições, em prol da preservação do princípio da imparcialidade: art.16, § 1º e art. 25, § 6º, art.36, § 3º vedam as nomeações de parentes para o TSE, o TRE e a Junta Eleitoral, respectivamente. 7 Princípio da persuasão racional do juiz: Significa que o juiz é livre para formar sua convicção, de forma que seja preservado o interesse público de lisura eleitoral; veja o art. 7º, parágrafo único, e art. 23 da LC nº 64/90. Repare nesse princípio que a grande diferença entre o processo civil comum e o processo judicial eleitoral é que, na esfera eleitoral, o magistrado deve estar sintonizado com o contexto político ao seu redor; no processo civil, o juiz deve se ater aos autos do processo. 8 Princípio de publicidade: Esse princípio visa ao controle dos atos estatais e está previsto nos arts. 37 e 93, IX da CF/88. Por esse princípio, entende-se que os atos advindos dos órgãos jurisdicionais devem ser exercidos publicamente, como modo de afastar possíveis manipulações e soluções arbitrárias. 9 Princípio da lealdade: Pelo princípio da lealdade, entende-se que todos os envolvidos no processo têm o dever e a obrigação de agir com boa-fé e lealdade; veja o art. 77, I e II CPC. No âmbito do Direito Eleitoral, aquele que ajuizar ação de impugnação de mandato eletivo imbuído de má-fé ou de forma temerária deverá ser punido, confira no art. 14, § 11 CF/88. Veja também a arguição de inelegibilidade, no art. 25 da Lei de Inelegibilidade (LC nº 64/90). 10 Princípio da motivação das decisões judiciais: A Constituição Federal de 1988, em seu art. 93, IX, prevê que as decisões emanadas do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, devendo-se conhecer os motivos que levou o juiz a tomar a decisão, sob pena de nulidade. 11 Princípio da gratuidade: O acesso à Justiça Eleitoral será sempre gratuito, pois esse âmbito do Direito refere-se ao exercício da cidadania e encontra-se previsto no art. 5º, LXXVII da CF/88, no art. 373 do Código Eleitoral e no art. 1º da nº 9265/96. Não é possível também a cobrança de honorários nem custas judiciais, esse entendimento é pací�co e pode ser consultado nas decisões: TRE-PR – Ac. Nº 25.538/2002 – DJ,18/03/2002; TER-TO – Ac. Nº 4.690/2005 – DJ, 24/10/2005; RTRE-MG – Ac. 194/2006 – DJMG 13/02/2006. Princípio da prioridade na tramitação dos processos: / 12 Por esse princípio, a pessoa idosa ou portadora de doença grave que figurar como parte do processo terá prioridade na tramitação da ação; veja o art. 71 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), o art. 230, CF/88 e o art. 1048 do CPC. A ideia é promover uma sociedade justa, solidária e cooperativa. Além disso, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) dispõe que é idoso a pessoa que tem mais de 60 anos, restando garantido o atendimento preferencial tanto em órgãos públicos, como em órgãos privados. Observe também que a Lei nº 7.713/1988, no seu art. 6º, XIV prevê a isenção do imposto de renda aos portadores de doença grave. Ações judiciais eleitorais As ações judiciais eleitorais têm o cunho de investigação, por isso são denominadas de ações de investigação judicial eleitoral (AIJE). Por curiosidade, há quem utilize essa denominação para as demandas de abuso de poder e está prevista na Lei de Inelegibilidades. Já o termo representação é utilizado para as demais ações previstas na Lei Eleitoral. Tecnicamente o termo representação signi�ca ação; logo, entende-se que se trata do ato escrito dirigido ao órgão da Justiça Eleitoral, invocando a tutela jurisdicional. Repare que representação é diferente de reclamação. A reclamação é ato meramente administrativo dirigido à Justiça Eleitoral, em que se pede a adoção de alguma providência referente a ato praticado por alguma entidade, por algum agente ou por algum órgão da Justiça Eleitoral. Compete, então, ao TSE e aos TREs conhecerem as reclamações sobre as obrigações impostas por lei aos partidos políticos. Veja o art. 22, I, f e o art. 29, I, f do Código Eleitoral. O TSE proferiu a Resolução TSE nº 22.624/2007, prevendo no § 1º, do art. 4º, que caberá reclamação quando o objeto for ato do servidor da Justiça Eleitoral: As representações, subscritas por advogados, serão apresentadas em duas vias e relatarão fatos, indicando provas, indícios e circunstâncias. Atenção!Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Leitura Lei nº 9.504/97, art. 96, § 1º. Também cabe reclamação ao TRE contra ato do Juiz Eleitoral; veja o art. 188 da Resolução TSE nº 23.456/2015. Ao STF e ao STJ, caberá processar e julgar a reclamação sobre preservação da sua competência (art. 102, I, l e art. 105, I, l da CF/88), como por exemplo o cumprimento de Súmula Vinculante, Reclamação nº 32.735 - 26/06/2019 do STF, que está em andamento. Veja também o art. 988 do CPC que fala sobre as reclamações direcionadas ao Ministério Público. As AIJEs seguem o rito do art. 22 da LC nº 64/90 e são as seguintes: ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder; ação por captação ou gasto ilícito de recurso para �ns eleitorais; / ação por captação ilícita de sufrágio; ação por conduta vedada. Abaixo estão listadas as ações cuja causa de pedir é sempre o abuso de poder, para melhor elucidar o aprendizado: Nome da ação Fundamento legal Objeto Bem tutelado AIJE por abuso de poder AIJE por abuso de poder LC nº 64/90, arts. 19 e 22 Cassação de registro ou diploma de inelegibilidade por 8 anos Legitimidade, normalidade e sinceridade das eleições Ação por captação ou uso ilícito de recursos para fins eleitorais LE, art. 30-A Negação do diploma ou sua cassação (indireto – inelegibilidade por 8 anos, LC nº 64/90, art. 1º, I, j) Higidez da campanha e igualdade na disputa Ação por captação ilícita de sufrágio LE, art. 41-A Cassação de registro ou diploma ou multa; (indireto – inelegibilidade por 8 anos, LC nº 64/90, art. 1º, I, j) Liberdade do eleitor Ação por conduta vedada LE, arts. 73, 74, 75, 77 Cassação de registro ou diploma e multa; (indireto - inelegibilidade por 8 anos, LC nº 64/90, art. 1º, I, j) Igualdade de chances na disputa e moralidade administrativa Vejamos breves ponderações sobre as ações: Ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder O legislador se preocupou em criar uma regra com a �nalidade de proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, para evitar ou coibir a in�uência do poder econômico ou o abuso do exercício da função. O abuso de poder é uno e indivisível e pode ser extraído de diversas situações: uso nocivo e distorcido de meios de comunicação social; propaganda eleitoral irregular; fornecimento de alimentos, medicamentos, materiais ou equipamentos agrícolas, utensílios de uso pessoal ou doméstico, material de construção; oferta de tratamento de saúde; contratação de pessoal em período vedado; percepção de recursos de fonte proibida; coação moral; compra de apoio político de adversário. Note que o bem jurídico tutelado é a higidez das eleições. Ação por captação ou gasto ilícito de recurso para �ns eleitorais / A captação ilícita se caracteriza tanto pela forma, quanto pela fonte usada para conseguir os recursos e está prevista no art. 30-A da Lei 9.504/97. Foi introduzida no ordenamento jurídico em virtude de um triste momento vivido na sociedade brasileira, quando os deputados federais foram denunciados por ‘vender’ seus votos em troca de apoio do governo no Congresso. O lastimável episódio foi apelidado de Mensalão. Saiba mais Leia mais sobre o Mensalão, relembrando o surgimento e a evolução e o que aconteceu após 10 anos se passarem desde sua inauguração. A ideia a ser protegida com essa ação é promover uma disputa eleitoral saudável e justa, fomentar o desenvolvimento das campanhas políticas com �nanciamento transparente e dentro dos trâmites legais, coibindo o uso do dinheiro de ‘caixa dois’ ou de qualquer outra fonte proibida de captação de dinheiro. Saiba mais Entenda o Caixa Dois Ação por captação ilícita de sufrágio Prevista no art. 41-A da Lei das Eleições (9.504/97), essa ação proíbe práticas fraudulentas que viciem a manifestação da vontade das partes. Dessa forma, para se captar sufrágio, devem-se utilizar os meios legais, como a propaganda eleitoral, os debates políticos, o histórico do partido e o dos candidatos. O entendimento do TSE é pací�co sobre a constitucionalidade do art. 41-A da Lei das Eleições (TSE – Respe nº 25.215/RN – DJ 09/09/2005). A caracterização da captação ilícita de votos se dá por: Doação, promessa, oferecimento de qualquer vantagem pessoal ao eleitor (ex: compra de voto); Praticar qualquer ato de violência ou de grande ameaça ao eleitor, no sentido de coagi-lo a ‘vender’ seu voto (ex: coação eleitoral); Fim especial de agir, consistente na obtenção do voto do eleitor (compra de apoio político de candidato concorrente); Ocorrência de fato ilícito durante o período eleitoral. O Código Eleitoral, em seu art. 222, prevê a anulação da votação caso esteja viciada pela captação ilícita de votos. Leitura Caso queira se aprofundar nos estudos, veja a jurisprudência separada por assunto: Compra de voto: REspe nº 25.146/RJ, 20/04/2006 RO nº 773/RR, TSE 2006 RO nº 777/AP, TSE 2006 javascript:void(0); javascript:void(0); / Distribuição de Combustível para participar de comício: AgR-AI º 11.434RJ, TSE 11/02/2014 Compra de apoio político de candidato concorrente: AgR-REspe nº 25.952/RS, TSE 14/08/2015 Ressalte-se que, sobre esse tipo de ação, o bem jurídico tutelado é a liberdade de voto, a livre vontade de votar. Ação por conduta vedada As condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais estão arroladas de forma taxativa nos arts. 73 a 78 da Lei das Eleições, o que signi�ca que não podem ser interpretadas de forma extensiva ou ampliada e têm caráter sancionatório. CONDUTAS PROIBIDAS Clique no botão acima. CONDUTAS PROIBIDAS I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária; II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram; III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado; IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público; V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios di�cultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex o�cio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados: a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de con�ança; b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República; / c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele prazo; d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo; e) a transferência ou remoção ex o�cio de militares, policiais civis e de agentes penitenciários; VI - nos três meses que antecedem o pleito: a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma pre�xado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública; b) com exceção da propaganda de produtos e serviçosque tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral; c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo; VII - realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito; VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos. Essas condutas são caracterizadas pelo mau uso do poder, quando há a utilização da máquina administrativa em prol da candidatura, mesmo que de forma bené�ca para a população e gera responsabilização, tanto para os agentes públicos quanto para aqueles que se bene�ciam da situação. Por agentes públicos, entende-se serem os agentes políticos, os servidores públicos, os militares e particulares que forem colaboradores, ainda que de forma temporária, com o Estado, como por exemplo, os jurados no Tribunal do Júri e os mesários convocados a colaborar com as eleições. A atuação dos agentes públicos deve estar pautada no atendimento ao interesse público. A responsabilidade eleitoral envolve deveres, regras, sanções e restrições relativas ao Direito Eleitoral. Para os atos considerados ilícitos, para os atos de irresponsabilidade eleitoral, é possível imputar sanções. Sanções eleitorais Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online / Agir responsavelmente é dever de todos, sejam juízes, cidadãos, políticos, candidatos, servidores ou partidos políticos. A todos os cidadãos, cabem os deveres de participar de forma honrosa da política, de ser transparente nas ações de gestão e prestação de contas, de ser responsável pelos atos praticados e de zelar pelo regime democrático. O controle social desses atos se dá por meio da imposição de sanções. Nesse contexto, deve ser realizado o juízo de proporcionalidade quando se pretender impor determinada sanção. Isso quer dizer que nem sempre se deve optar pela cassação do diploma legal, devendo-se ponderar a lesão ocorrida frente ao bem jurídico tutelado e, assim, de�nir-se uma sanção para a conduta vedada, cujas espécies são variadas. 1 Ressalte-se aqui que a maioria dessas sanções é executada diretamente nos autos do processo. Nas decisões de natureza mandatória, a execução se dá com a comunicação da determinação diretamente ao agente; como exemplo citamos a suspensão de determinada propaganda. O descumprimento gera multa prevista na Lei das Eleições (art. 37, § 1º, art. 58, § 8º). Para se executar as decisões de caráter constitutivo ou desconstitutivo (ex.: inelegibilidade, perda de registro, perda de diploma ou mandato), basta que sejam feitas as comunicações devidas aos envolvidos. Para �nalizar, a execução das condenações que resultam no pagamento de multa deve ser realizada em nova etapa processual. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0190/aula8.html / Atividade 1 - A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil da chamada “Primeira República”. Tal prática revelava a: Storni, Careta, 19/02/1927. Apud: Renato Lemos (org.) Uma história do Brasil atrav´´es da caricatura. 1840-2006. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2006, p.35. Adaptado. a) Ignorância, por parte dos eleitores, dos rumos políticos do país, tornando esses eleitores adeptos de ideologias políticas nazifascistas. b) Ausência de autonomia dos eleitores e sua fidelidade forçada a alguns políticos, as quais limitavam o direito de escolha e demonstravam a fragilidade das instituições republicanas. c) Restrição provocada pelo voto censitário, que limitava o direito de participação política àqueles que possuíam um certo número de animais. d) Facilidade de acesso à informação e à propaganda política, permitindo, aos eleitores, a rápida identificação dos candidatos que defendiam a soberania nacional frente às ameaças estrangeiras. e) Ampliação do direito de voto trazida pela República, que passou a incluir os analfabetos e facilitou sua manipulação por políticos inescrupulosos. 2 - Tendo em conta o entendimento sumulado do Tribunal Superior Eleitoral, assinale a alternativa incorreta: (MPE/PR - Ministério Público do Paraná - 2019 - Ministério Público Estadual - PR (MPE/PR) - Promotor de Justiça Substituto) a) A perda do mandato em razão da desfiliação partidária não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema proporcional. b) Contra acórdão que discute, simultaneamente, condições de elegibilidade e de inelegibilidade, é cabível o recurso ordinário. c) Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça comum. d) A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura. e) Em registro de candidatura, não cabe examinar o acerto ou desacerto da decisão que examinou, em processo específico, a filiação partidária do eleitor. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); / 3 - Considerando as recentes decisões nas ADINs n. 5.525 e 5.619 proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em matéria eleitoral, referentes aos efeitos do indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário, analise as assertivas a seguir. (MPE/MS - Ministério Público de Mato Grosso do Sul - 2018 - Ministério Público Estadual - MS (MPE/MS) (2ª edição) - Promotor de Justiça Substituto) I. Foi reconhecida a inconstitucionalidade parcial do § 3º do artigo 224 do Código Eleitoral, a �m de afastar a exigência do “trânsito em julgado” para que sejam realizadas novas eleições, bastando, para a sua execução imediata, que o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário ocorra em decisão de última ou única instância da Justiça Eleitoral, independentemente do julgamento dos embargos de declaração. II. Foi conferida interpretação conforme a Constituição ao § 4º do mesmo artigo 224 do Código Eleitoral, afastando, no entanto, do seu âmbito de incidência as situações de vacância nos cargos de presidente e vice-presidente da República, bem como no de senador da República. III. É constitucional legislação federal que estabeleça novas eleições para os cargos majoritários simples, isto é, prefeitos de municípios com menos de duzentos mil eleitores e senadores da República, em casos de vacância por causas eleitorais. Assinale a alternativa correta: a) Todas as alternativas estão corretas. b) Todas as alternativas estão incorretas c) As afirmativas II e III estão incorretas. d) Apenas a afirmativa II está correta. e) Apenas a afirmativa I está incorreta. 4 - A representação movida em face de Augustus foi julgada procedente, tendo este sido condenado por abuso de poder econômico na eleição e declarado inelegível pelo prazo de oito anos. Esse prazo será contado do dia do(a): (Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2018 - Câmara Legislativa do DF - DF (CLDF/DF) - Procurador Legislativo) a) Julgamento do recurso interposto da sentença que julgou procedente a representação. b) Instauração da representação pela prática de abuso do poder econômico. c) Sentença que julgou procedente a representação. d) Eleição em que ocorreu o abuso do poder econômico. e) Trânsito em julgado da decisãoque declarou a inelegibilidade. 5 - A respeito do rito processual da ação penal eleitoral, é correto a�rmar: (Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2018 - Ministério Público Estadual - PB (MPE/PB) - Promotor de Justiça Substituto) a) A rejeição da queixa-crime por ilegitimidade de parte do querelante obstará a instauração da ação penal por denúncia do Ministério Público. b) Das sentenças de condenação ou absolvição, cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de 10 dias. c) Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para interrogatório do acusado, seguindo-se à apresentação de defesa prévia no prazo de 3 dias. d) É sempre obrigatória, sob pena de nulidade, por ocasião do oferecimento da denúncia, a apresentação do rol de testemunhas. e) Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal, o juiz solicitará ao procurador regional a designação de outro promotor para oferecê-la. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); / 6 - A candidatura de Tício a prefeito municipal foi impugnada, e essa impugnação foi acolhida pelo juiz eleitoral. Tício interpôs recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Nesse caso, Tício: (Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2018 - Ministério Público Estadual - PB (MPE/PB) - Promotor de Justiça Substituto) a) Poderá participar da eleição e, se eleito, ser diplomado e empossado. b) Não poderá participar da eleição, pois os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo. c) Poderá fazer campanha, mas não poderá figurar como candidato na urna eletrônica. d) Poderá participar da eleição, mas, se eleito, não poderá ser diplomado. e) Poderá participar da eleição e, se eleito, ser diplomado, mas não poderá tomar posse. 7 - É INCORRETO a�rmar que, no caso de haver homonímia entre candidatos, cumprirá à Justiça Eleitoral: (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (VUNESP) - 2018 - Tribunal de Justiça - SP (TJSP/SP) (3ª edição) - Juiz Substituto) a) Deferir o uso do nome ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja identificado por um dado nome que tenha indicado. b) Ainda que não haja dúvida, exigir do candidato prova de que é conhecido por dada opção de nome, indicada no pedido de registro. c) Deferir o uso do nome ao candidato que, até o limite para o registro, esteja no exercício de mandato eletivo, que o tenha exercido nos últimos 4 (quatro) anos ou que, no mesmo prazo, tenha se candidatado com o nome em questão. d) Não sendo possível resolver a questão pelas soluções indicadas nas alternativas B e C, notificar os candidatos para que cheguem a um acordo sobre os respectivos nomes a serem usados. 8 - Em relação à imposição de sanções aos partidos, é correto a�rmar que: (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (VUNESP) - 2018 - Tribunal de Justiça - SP (TJSP/SP) (3ª edição) - Juiz Substituto) a) Se o partido receber recursos de origem vedada, a agremiação deixará de ter participação no fundo partidário até que os valores sejam restituídos e satisfeita a multa que tiver sido imposta. b) No caso de o partido receber recursos de origem não mencionada ou esclarecida, será imposta multa equivalente ao dobro dos valores recebidos. c) No caso de recebimento de doações acima do limite legal, fica suspensa por 1 (um) ano a participação no fundo partidário e será aplicada ao partido multa correspondente ao dobro do valor que exceder os limites fixados. d) A desaprovação das contas do partido implicará exclusivamente a sanção de devolução da importância apontada como irregular, acrescida de multa de até 20% (vinte por cento). javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); / 9 - Relativamente ao direito de resposta no curso do processo eleitoral, assinale a alternativa correta. (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (VUNESP) - 2018 - Tribunal de Justiça - SP (TJSP/SP) (3ª edição) - Juiz Substituto) a) Tratando-se de ofensa veiculada no horário eleitoral gratuito, se o candidato ofendido usar o tempo concedido sem que se dê resposta aos fatos veiculados na ofensa, a sanção consiste na imposição de multa. b) Se a ofensa for veiculada no horário eleitoral gratuito, o ofendido usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, nunca superior a 1 (um) minuto. c) Se a ofensa ocorrer em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro do prazo legal, a resposta será divulgada ainda que nas 48 (quarenta e oito) horas anteriores ao pleito, de modo a não ensejar tréplica. d) Tratando-se de propaganda eleitoral na internet, a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários por tempo igual àquele em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva. Notas Espécies são variadas 1 inelegibilidade; negativa de registro de candidatura; perda de registro de candidatura; negativa de expedição de diploma; cassação de diploma; cassação de mandato; multa; restauração de bem; retirada de propaganda; perda do direito à veiculação de propaganda; impedimento de reapresentação de propaganda; perda de tempo no horário eleitoral gratuito; suspensão da programação normal de emissora de rádio ou televisão; suspensão de acesso a sites na internet; cessação da conduta; adequação da propaganda. Título modal 1 javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); / Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos.Referências BRASIL. Constituição da República Federativa de 1988. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 05. set. 2019. BRASIL. Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869impressao.htm. Acesso em: 05. set. 2019. BRASIL. Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996//www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9265.htm. Acesso em: 05. set. 2019. BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm. Acesso em: 05. 09. 2019. BRASIL. Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Altera a legislação do imposto de renda e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7713.htm. Acesso em: 05. set. 2019. GOMES, J. J. Direito Eleitoral. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2019. LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. 19. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2015. Próxima aula Aspectos criminais do ilícito eleitoral; Atos de abuso, captação ilícita de sufrágio e seus efeitos. Explore mais Lei Complementar 64/90; Estatuto do Idoso; >Diferença entre suspeição e impedimento. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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