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EXERCÍCIOS TEORIAS LITERÁRIAS (1)

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UNIDADE 1 – PARTE 1:
1)
Leia o texto abaixo e indique se é um texto literário ou não literário.
Até hoje permanece certa confusão em torno da morte de Quincas Berro D’água. Dúvidas por explicar, detalhes absurdos, contradições no depoimento das testemunhas, lacunas diversas. Não há clareza sobre hora, local e frase derradeira. A família, apoiada por vizinhos e conhecidos, mantém-se intransigente na versão da tranquila morte matinal, sem testemunhas, sem aparato, sem frase, acontecida quase vinte horas antes daquela outra propalada e comentada morte na agonia da noite, quando a Lua se desfez sobre o mar e aconteceram mistérios na orla do cais da Bahia. Presenciada, no entanto, por testemunhas idôneas, largamente falada nas ladeiras e becos escusos, a frase final repetida de boca em boca representou, na opinião daquela gente, mais que uma simples despedida do mundo, um testemunho profético, mensagem de profundo conteúdo (como escreveria um jovem autor de nosso tempo).”
AMADO, J. A morte e a morte de Quincas Berro D’Água. Rio de Janeiro: Record, 2000. p.13-14.
RESPOSTA: b)
É um texto literário, pois se percebe cuidado e trabalho com a linguagem, como o uso da metáfora em "a lua se desfez sobre o mar".
RESPOSTA CORRETA
O texto literário pode diferenciar-se do não literário, porque se preocupa tanto com o que é contado como com a forma como isso ocorre (o estilo, a perspectiva de um narrador, etc.). Além disso, pode ser mais subjetivo e poético, além de fazer grande uso de figuras de linguagem.​​​​​​​
2)
Identifique quem é o narrador da narrativa abaixo, trecho do conto da escritora brasileira Conceição Evaristo, "Olhos d'água".
"Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que estava morando e não conseguia me lembrar de como havia chegado até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelando. De que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusatório. Então, eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?" (EVARISTO, 2016, p. 15).
RESPOSTA: c)
A narradora é também a protagonista da história. Percebemos isso pelo uso dos verbos conjugados na primeira pessoa, como "acordei" ou "custei".
RESPOSTA CORRETA
A narradora do conto é a personagem principal da história. A conjugação verbal indica isso. ​​​​​​​ ​​​​​​​
3)
Sobre as diferenças entre autor, narrador e eu lírico, é correto afirmar que:
RESPOSTA: a)
narrador é uma entidade intradiegética, figura que existe apenas dentro da ficção.
RESPOSTA CORRETA
Narrador, autor e eu lírico são entidades distintas. Narrador é quem narra a prosa, eu lírico é a voz do poema. O autor é aquele ser do mundo concreto e real que cria o eu lírico ou o narrador para serem as vozes ficcionais.
4)
Leia o miniconto abaixo e assinale a alternativa correta em relação à sua interpretação.
“Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados.”
Ernest Hemingway
RESPOSTA: d)
A partir dessa pequena frase, o leitor sabe que o personagem pode ser um pai ou uma mãe que perdeu seu filho muito pequeno, já que comprou sapatinhos, mas eles nunca foram usados.
RESPOSTA CORRETA
O conto pode estar falando sobre um pai ou mãe que perdeu seu filho pequeno. O conto, assim como toda a literatura, não necessariamente reflete os acontecimentos da vida do autor ou os seus sentimentos. O tempo da narrativa é de alguns segundos, pois se restringe à ação de fazer propaganda da venda de um sapato.
5)
Leia o poema abaixo e assinale a alternativa correta sobre a sua escansão.
"Canção do exílio", de Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
RESPOSTA: a)
O segundo verso é escandido da seguinte forma: On / de / can / ta o / sa/ bi / á.
RESPOSTA CORRETA
As sílabas poéticas não necessariamente correspondem às sílabas gramaticais, porque a divisão, nos poemas, é feita de acordo com a musicalidade. As vogais costumam ser aglutinadas em uma mesma sílaba, e a contagem vai até a última sílaba tônica do verso. ​​​​​​​
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
UNIDADE 1 – PARTE 2:
1)
As origens do teatro latino estão diretamente ligadas ao teatro grego, mas também à influência etrusca. Sobre as origens do teatro latino, é correto afirmar que:
RESPOSTA: b)
A comédia latina, inspirada na comédia grega, era denominada palliata, por conta das vestimentas gregas com as quais eram apresentadas, os pálios. 
RESPOSTA CORRETA
As origens do teatro latino remontam às influências etruscas e gregas. Da influência grega, o teatro latino herdou a dramaturgia e as bases de seu modelo de edifício teatral; da influência etrusca, os rituais e as esquetes cômicas improvisadas. Antes da entrada da literatura grega em Roma, desde o século VI a.C., já aconteciam os festivais em honra a Júpiter, os ludi romani, porém, a entrada das atividades teatrais só viria a ocorrer em 364 a.C., e as representações de tragédia e comédia somente a partir 240 a.C. A Comédia Nova romana, ou comoedia palliata, era um tipo de teatro baseado nas comédias gregas, e apresentado com o pálio, uma vestimenta grega. A fabulla togata, por sua vez, era aquela apresentada com veste tipicamente romana, a toga. 
2)
Segundo a teórica Margot Berthold (2001), o florescimento da literatura dramática de Roma corresponde aos séculos III e II a.C., com destaque para as comédias. Sobre as comédias romanas, assinale a alternativa verdadeira:
RESPOSTA: d)
A fabula togata surge da necessidade de o público ver representada em cena algumas situações mais locais, ou seja, ambientadas em Roma. 
RESPOSTA CORRETA
A comédia nova romana também era denominada comoedia palliata, de origem grega, mantendo algumas personagens com os nomes gregos, os costumes e os ambientes gregos. Os textos do teatro latino estavam apoiados na cultura grega, mas não necessariamente eram apenas traduções dos textos gregos. A fabula togata marcava a ambientação dessas comédias em Roma, surgida da necessidade do público em assistir temas que abrangessem as situações locais. A fabula atellana era uma forma popular de farsa, que tinha personagens-tipo como bucco, maccus, pappus e docenus, tipos grosseiros e glutões que faziam sucesso popular. É na fabula atellana que se dá a origem das intrigas em cena, ou seja, os conflitos entre as personagens com o intuito de proporcionar o riso do público.
3)
Segundo Santos (2016), o legado da cultura clássica (grega e latina) pode ser conhecido hoje por duas vias: a literatura e a arquitetura. Nesse sentido, torna-se essencial conhecer o edifício teatral romano para a compreensão do teatro latino. Sobre esse tópico, é correto afirmar que:
RESPOSTA: d)
Uma das diferenças que podem ser apontadas nos edifícios teatrais grego e romano é a função da orchestra, a qual é utilizada no teatro romano como um local reservado às autoridades, enquanto no teatro grego é utilizada para o coro.
RESPOSTA CORRETA
Apesar de o edifício teatral romano ser construído à imagem e semelhança do grego, há algumas diferenças entre eles, como na função da orchestra, por exemplo, que é utilizada no teatro romano como um localreservado às autoridades, enquanto no teatro grego é utilizada para o coro. Os princípios da arquitetura romana eram: utilitas, uenustas, firmitas (utilidade, beleza e solidez), e o principal aspecto que determinava a forma de sua construção era a acústica. É possível afirmar que o teatro romano não era somente um espaço de artes, lá ocorreu muito derramamento de sangue, transformando esses espaços em um instrumento de poder do Estado. O primeiro edifício em alvenaria de Roma foi construído somente em 55 a.C., pois antes eram construídos em madeira e eram demolidos após os espetáculos. 
4)
A comédia nova romana é também denominada fabula pallitae, pois utilizavam-se do palio, vestimenta típica grega, na caracterização das personagens. Sobre a influência grega na comédia nova romana, é possível afirmar que:
RESPOSTA: d)
A comédia nova romana retrata enredos e temas convencionais, comuns à realidade ateniense e romana.
RESPOSTA CORRETA
A comédia nova romana bebe diretamente na fonte da comédia nova grega, não só com as vestimentas, mas com temas e enredos, e até mesmo com nomes de origem grega. No entanto, são temas comuns à realidade romana, como situações vividas por pessoas “comuns”, pois, no contexto romano, não há a possibilidade de realizar críticas sociais e políticas, uma vez que a censura romana era rigorosa com essas temáticas. Os textos de Plauto e Terêncio, geralmente baseados no grego Menandro, não são apenas traduzidos do grego para o latim, mas exigem um esforço de criação e reescrita, adaptando-se para a realidade romana.
5)
É inegável a influência dos textos clássicos gregos na dramaturgia mundial. No entanto, o teatro romano também pode ser apontado como matriz de diversos textos teatrais europeus. Sobre essa influência romana no teatro europeu, assinale a alternativa correta:
RESPOSTA: e)
A peça O Avarento, de Molière, tem como base o texto de Plauto intitulado Aululária ou A comédia da Marmita, e trata do mesmo tema, caracterizando de maneira semelhante a personagem principal. 
RESPOSTA CORRETA
A fabula atellana é apontada como um possível ponto de origem da Commedia Dell`Arte, sendo seu principal legado as personagens-tipo, as quais seriam a origem dos tipos da Commedia Dell`arte. Um ponto em comum entre essas formas era a intriga, sempre presente, e a partir da qual ocorriam diversos jogos cênicos, ou seja, eram as personagens e as possíveis intrigas entre elas que davam o mote dos improvisos. A comédia nova romana sobrevive em textos europeus que a tomaram como base e ponto de partida. Exemplo disso é a peça O Avarento, de Molière, inspirada em A comédia da marmita, de Plauto, cujos tema e personagem são caracterizados de forma semelhante por Molière.
UNIDADE 2 – PARTE 1:
1)
Os principais conceitos de teatro surgem na Grécia Antiga e perduram, mesmo que em outros formatos, até a atualidade. Por que esses conceitos seguem sendo tão importantes? 
RESPOSTA: d)
Porque a tradição europeia de filosofia e pensamento foi amplamente baseada na ateniense.
RESPOSTA CORRETA
O teatro é uma arte que se desenvolveu em vários lugares do mundo, com diversas poéticas distintas. Os princípios gregos servem como uma luva à sua própria época e espaço, com as suas limitações de recepção e produção (que excluíam certas camadas da população), mas a evolução das sociedades pede que alterações sejam criadas em sua forma e conteúdo. Sabe-se, no entanto, que a Grécia Antiga é o berço da filosofia Ocidental, e também do teatro. Essa tradição foi exportada para o mundo todo com a dominação europeia. Logo, conhecer os princípios gregos é de suma importância para compreender a linha de pensamento desenvolvida na filosofia, estética e política ocidentais. Ela não é a única forma de se pensar teatro, nem a mais “fácil”, porém, guia toda uma tradição de pensamento e um cânone artístico.   
2)
A tragédia grega surge a partir de rituais chamados ditirambos, que evoluem ao ponto de criarem um gênero literário. Esse gênero, na época moderna, passa a se chamar drama. Quanto ao drama, é possível afirmar que:
RESPOSTA: b)
Ele passa por diversas configurações ao longo do tempo, adaptando-se ao seu contexto social.
RESPOSTA CORRETA
O drama deriva da palavra grega drân, que significa “ação”. A sua estrutura muda muito e o drama moderno passa a ser considerado um gênero no Renascimento inglês, com as obras de Shakespeare. O drama não é sinônimo de melodrama, que é o gênero teatral representado de forma grandiloquente. Ao contrário de ser fechado em um sistema imutável, o drama se adapta aos seus contextos, tendo tido alterações consideráveis ao longo do tempo.
3) A relação entre diretor e dramaturgo é uma das relações mais importantes que existem na produção teatral. Ela já passou por diversos formatos através do tempo. Stanislavski encenava os textos de Chékov, assim como Meyerhold encenava os de Maiakóvski. Mas também há aqueles diretores que encenam e escrevem sozinhos, acumulando ambas as funções. Nos dias de hoje, a qualidade dessa relação depende:
RESPOSTA: d)
Da sincronia estética, formal e simbólica entre as duas pessoas exercendo a função.
RESPOSTA CORRETA
Na concepção contemporânea, o teatro é uma obra coletiva e horizontal, na qual a dinâmica de poder é diluída entre todas as partes. Logo, o que importa a todo o grupo não é o quanto eles estão adequados às normas e às temáticas vigentes ou da moda, nem o quanto conseguiram arrecadar para a produção, mas sim a sincronia entre as funções do espetáculo. No caso de diretor e dramaturgo, essa sincronia se torna essencial para o projeto estético do espetáculo a ser encenado.
4)
Theatron é o nome que os gregos dão ao “lugar de onde se vê”, o local onde o público sentava nos auditórios da pólis. Quanto ao papel do espectador no teatro, é possível afirmar:
RESPOSTA: e)
Que ele faz parte da coletividade teatral tanto quanto a produção pré-espetáculo.
RESPOSTA CORRETA
O espectador teatral é parte importante do fazer coletivo do teatro. Ao longo do tempo, a posição do espectador mudou tanto quanto as formas do fazer teatral, transformando-se de uma concepção passiva de recepção para uma concepção ativa. O espetáculo é pensado para ser recebido por seus espectadores, no entanto, a falta deles, ou mesmo a sua má recepção, não constitui na inexistência da encenação nem do texto dramático.
5)
A história do teatro sempre esteve ligada à sociedade na qual ele se desenvolve, principalmente por partir de um princípio muito básico durante quase 2 mil anos: o teatro a reflete, diretamente. Quanto às mulheres no teatro, é possível afirmar:
RESPOSTA: e)
Que as mulheres sempre existiram no teatro como autoras e atrizes, mas apenas recentemente alçaram protagonismo nas áreas de dramaturgia e direção.
RESPOSTA CORRETA
As mulheres sempre existiram no teatro, mesmo com as diversas imposições colocadas a elas pelas sociedades nas quais cresceram. Mesmo com a ideia de que as atrizes eram prostitutas, ou com a baixa taxa de alfabetização que passa a melhorar com a primeira onda feminista, mulheres escreveram e atuaram como podiam. No entanto, a submissão feminina à vida doméstica impediu a profissionalização e o protagonismo das mulheres, criando um cânone teatral essencialmente masculino. Hoje, sabe-se que as mulheres sempre existiram, com qualidade e rigor artísticos, mesmo que a conexão com a arte fosse malvista em seus meios sociais. Infelizmente, é apenas no recente século XX que as mulheres alcançaram o protagonismo profissional e institucional no teatro.
UNIDADE 2 – PARTE 2:
1)
A Semana de Arte Moderna ocorreu de 13 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, tendo a participação de artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Sobre a importância da Semana de 22, assinale a alternativa correta:
RESPOSTA: c)
A importância da Semana de 22 para a arte foi a possibilidade de união entre os artistas brasileiros que sentiam necessidade de liberdade de criação e de romper com os padrões da arte tradicional.
RESPOSTA CORRETA
A importância da Semana de 22 paraa arte foi a possibilidade de união entre os artistas brasileiros que sentiam necessidade de liberdade de criação e de romper com os padrões da arte tradicional. Por conta dessa união, possibilitou um movimento que buscava a retomada de uma identidade brasileira na arte. O teatro  não foi contemplado durante a Semana de Arte Moderna, demorando um pouco mais para romper com os padrões da época e adentrar uma fase modernista.
2)
Ainda que o teatro não tenha sido contemplado na Semana de 22, Oswald de Andrade, um dos artistas mais engajados no movimento modernista, escreveu importantes peças da dramaturgia brasileira. Qual de suas peças foi um marco para o teatro nacional e por quem foi encenada?
RESPOSTA: d)
O Rei da Vela, encenada pelo teatro oficina.
RESPOSTA CORRETA
Oswald de Andrade escreveu peças que entrariam para a história do teatro brasileiro moderno. Dentre elas, O rei da vela se destaca por ter sido escrita em 1933, publicada em 1937 e montada e encenada apenas nos anos 60, pelo teatro oficina. Dele também é a peça A morta. Assim é, se lhe parece é uma peça de Pirandello, não de Oswald.
3)
Durante a década de 30, as montagens teatrais eram mais focadas na encenação de comédias de costumes, de chanchadas e textos estrangeiros. Assinale a alternativa correta, que representa a ruptura definitiva com esse tipo de teatro, ocorrida nos anos 40, e que insere o teatro do Brasil em uma fase moderna:
RESPOSTA: b)
A montagem de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, por Ziembinski.
RESPOSTA CORRETA
O Teatro do Estudante do Brasil e Os comediantes foram importantes grupos que traziam textos clássicos mundiais para os palcos, tendo grande contribuição no avanço do teatro nacional. Porém, considera-se que foi somente em 1943 que o teatro brasileiro entrou na fase moderna, com a montagem espetacular de Vestido de noiva, peça de Nelson Rodrigues encenada por Ziembinski. O teatro de arena e o teatro oficina foram grupos relevantes, mas que surgiram após os anos 50. 
4)
Sobre o teatro de arena e o teatro oficina, assinale a alternativa correta: 
RESPOSTA: d)
O teatro de arena se destaca não somente pelo formato inovador de seus espetáculos, mas pelo engajamento político e crítico de suas montagens.
RESPOSTA CORRETA
O teatro de arena se destacou por sua estrutura diferenciada e pela encenação de textos significativos, com cunho político. Além disso, contou com importantes nomes da dramaturgia nacional, como Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal. O teatro oficina se destaca pela primeira representação de O rei da vela, de Oswald de Andrade, em 1967, e até hoje pelas montagens inovadoras. 
5)
Além de Nelson Rodrigues, Oswald de Andrade e Gianfrancesco Guarnieri, outros nomes revolucionaram o teatro nacional. Sobre estes dramaturgos, assinale a alternativa correta:  
RESPOSTA: e)
Jorge de Andrade retrata a aristocracia rural decadente em sua peça A moratória, sem, no entanto, ter fins moralizantes.
RESPOSTA CORRETA
​​​​​​​Jorge de Andrade retrata a aristocracia rural e a decadência dessa sociedade, sem fins moralizantes, e inovando na concepção cênica, que mistura passado e presente. Ariano Suassuna também retrata o mundo rural, porém focalizando o folclore popular e as contradições com a religiosidade. Já nas peças de Plinio Marcos, vemos a violência da realidade urbana, retratada especialmente por meio da linguagem dos personagens.
UNIDADE 3 – PARTE 1:
1)
O gênero dramático pode ser entendido como uma forma literária bastante peculiar. Isso, porque, além dos recursos expressivos da linguagem, há aspectos extratextuais que complementam a significação e a compreensão da obra, envolvendo outras formas de apropriação que vão além da leitura propriamente. Assinale a opção que contém uma definição CORRETA de gênero dramático:
RESPOSTA: b)
É uma forma literária que se realiza plenamente na apresentação cênica.
RESPOSTA CORRETA
O gênero dramático, por ser uma forma literária narrativa, compartilha com outros textos a necessidade de uma organização em torno do tempo, do espaço, do enredo e das personagens, seja em verso ou prosa. No entanto, difere-se desses pelo fato de não haver interferência do narrador e por se destinar à encenação. São as personagens que apresentam o mundo por meio de ações, não de recordações ou narrações. As situações se realizam em cena, não são mediadas por um narrador ou pelo eu lírico. Por isso é mais difícil que o texto dramático se atenha a expressar a alma humana, sua essência. O personagem se dá a conhecer por suas ações, não por seus sentimentos ou pensamentos.
2)
Além das falas das personagens, há outros recursos próprios do texto dramático que complementam a história e ajudam a contextualizar as ações das personagens. Salvatore D´Onofrio (2001, p. 132) diz que: “A função reflexiva do coro é substituída nas obras dramáticas em língua moderna pelas diversas personagens que, volta e meia, tecem considerações sobre o que está acontecendo”.
Um dos recursos para esse tipo de manifestação das personagens é:
RESPOSTA: d)
o aparte.
RESPOSTA CORRETA
Como não há um narrador que comente ou explique as ações das personagens, são elas próprias que se revelam por meio de seus atos, mas também por meio de falas diretas ao público, que se torna cúmplice e confidente. Recursos como figurino, cenário e máscaras indicativas dos estados emocionais das personagens (como uso no teatro grego antigo) são importantes, mas não essenciais para a realização do texto dramático e a caracterização das personagens.
3)
Considere o trecho a seguir, retirado da tragédia Édipo Rei, de Sófocles (1999, p. 18). Nela, o reino de Édipo é ameaçado por pestes e doenças. O adivinho diz que há um responsável por esse castigo dos deuses. Édipo, então, busca descobrir quem é o responsável pelas desgraças que se abateram sobre Tebas. Mal sabia que era ele o causador desses males.
“ÉDIPO: Rogo aos céus que o criminoso, que tenha agido a sós, sem se trair, ou com cúmplices, tenha uma vida sem alegria [...] (Édipo desce em direção ao coro. Num tom mais familiar, mas que se anima e se amplia aos poucos). Sim, ainda que não tivésseis recebido esse aviso dos deuses, não seria decente para vós tolerar semelhante mácula.”
Acerca da marcação em itálico, é correto afirmar que:
RESPOSTA: e)
Corresponde à rubrica, uma orientação de cena destinada ao diretor, para que possa dispor os atores em cena e facilitar o processo de atuação, tornando o espetáculo o mais próximo possível daquilo que foi pensado pelo autor.
RESPOSTA CORRETA
As indicações de cena, destacando como a personagem deve agir, seu tom de voz, para quem fala e outras orientações dessa natureza, são um recurso dramático do qual o autor se vale para substituir a intervenção do narrador. É necessário para a compreensão do que se passa na história, mas não é um componente verbalizado em cena, apenas uma orientação. Serve tanto ao leitor quanto a diretores e a atores.
4)
Considerando a relação do gênero dramático com os demais gêneros literários, percebe-se que há aspectos comuns a todos, como, por exemplo, a preocupação estética com a linguagem e o caráter ficcional. Por outro lado, há características próprias a cada um. O trecho a seguir estabelece uma relação entre os gêneros em prosa, em verso e o drama, segundo Anatol Rosenfeld (2008, p. 27).
“Na ____________, pois, concebida como idealmente pura, não há a oposição sujeito-objeto. O sujeito como que abarca o mundo, a alma cantante ocupa, por assim dizer, todo o campo. Na ____________, verifica-se a oposição sujeito-objeto. Ambos não se confundem. Na ____________, desaparece de novo a oposição sujeito-objeto. [...] Agora o mundo se apresenta como se estivesse autônomo, absoluto.”
A sequência que preenche corretamente a citação é:
RESPOSTA: c)
lírica – épica – dramática
RESPOSTA CORRETA
No texto lírico, o mundo se funde com o sujeito, sendo por este subjetivado. No texto épico, o sujeito distancia-se do objeto narrado para apresentá-lo objetivamente. No texto dramático, a novidade é a ausência da interferência do sujeito. Omundo se apresenta pela própria ação dramática, como se estivesse sendo vivido no aqui e agora.
5)
Comparando-se a linguagem do texto dramático com a de um texto narrativo, como um romance ou um conto, por exemplo, percebe-se que, no primeiro caso, há uma vivacidade na construção das falas, em geral curtas, na medida em que o texto dramático é escrito com vistas à encenação. Logo, a organização das palavras deve prever isso. Os sentidos do gênero dramático não se encerram na sequência de frases e palavras, pois:​​​​​​​
RESPOSTA: a)
elementos como gesto, tom de voz, tempo de fala e outras intervenções do ator em cena contribuem para a plenitude dos sentidos.
RESPOSTA CORRETA
O texto dramático é escrito com uma finalidade própria: para ser encenado. Este propósito pauta toda a conduta do autor, que leva em consideração o modo como as frases serão ditas, o efeito pretendido, a necessidade de clareza e de não haver sobreposição de vozes. É o ator que dá vida a essas palavras e convence o público da verossimilhança dramática. Isso não significa, porém, que o texto propriamente não tenha autonomia e não possa existir para além da encenação. Ele faz uso de recursos específicos, pois não há um narrador que conta a história e descreve as cenas. São os diálogos das personagens (que ganham vida por meio dos atores) que revelam o que está acontecendo. Mesmo que os atores emprestem sua voz e gestos às personagens ficcionais, a essência é o texto, produzido pelo dramaturgo, e que será trabalhado pelo diretor (o qual faz a montagem do espetáculo) e interpretado pelos atores. É o texto produzido por seu autor que contém o estilo e a sequência de diálogos que caracterizam cada obra como única.
UNIDADE 3 – PARTE 2:
1)
Na contemporaneidade, a escrita dramática se transforma. Sobre as características dos textos dramáticos contemporâneos, assinale a única alternativa CORRETA:
RESPOSTA: d)
A produção de textos, coletivamente e por meio de improvisos, é uma constante.
RESPOSTA CORRETA
As narrativas contemporâneas não se preocupam em ser narrativas exemplares, quebrando com regras e modelos. Em geral, os textos abordam o tempo presente, mas não é possível estabelecer isso como uma característica unificadora desses textos. A produção de textos, coletivamente e por meio de improvisos, é uma constante.
2)
Na solidão dos campos de algodão é uma peça teatral do dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès que mostra o encontro entre dois personagens: o traficante e o cliente. Ela é um exemplo de texto dramático contemporâneo. Sobre essa peça, é possível afirmar que:
RESPOSTA: e)
Os diálogos construídos por Koltès revelam, de forma sutil, quem são os personagens e o espaço em que decorre a ação.
RESPOSTA CORRETA
Uma característica comum a vários textos teatrais contemporâneos é a utilização de monólogos ou diálogos, como no texto de Koltès. O texto não apresenta informações detalhadas do espaço e do tempo, mas estas podem ser percebidas por um conjunto de palavras usadas pelos personagens, ou seja, isto se dá de forma sutil nos diálogos. Os textos contemporâneos não necessariamente enfocam seu contexto social de forma explícita. Como o teatro contemporâneo é muito plural, os teóricos apontam a impossibilidade de estabelecer um modelo de características.
3)
Sábato Magaldi é um dos críticos que trata da modernidade e da contemporaneidade do teatro nacional. Sobre a entrada do teatro brasileiro na contemporaneidade, é CORRETO afirmar que:
RESPOSTA; b)
O crítico Sábato Magaldi afirma ser possível estabelecer, como marco inicial da contemporaneidade no teatro brasileiro, a montagem de Macunaíma pelo diretor Antunes Filho.
RESPOSTA CORRETA
O período em que vai surgir o que se considera o teatro contemporâneo é relativo à redemocratização do Brasil, ou seja, após a ditadura militar no país. A primeira montagem de O rei da vela ocorreu em 1967, tendo sido importante para o momento, mas ainda não inserida como marco por conta da ditadura militar, que barrou outras peças de ruptura e inovação artísticas que viriam na sequência. O marco artístico estabelecido pelo crítico Sábato Magaldi é a montagem de Macunaíma, adaptação do texto de Mario de Andrade pelo diretor Antunes Filho. Apesar desse marco, diversos autores e grupos já vinham despontando na cena teatral contemporânea, como o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que realizava um teatro experimental. 
4)
É possível afirmar que uma mudança drástica na concepção teatral conduz o teatro à contemporaneidade. Nesse sentido, aponte a alternativa que afirma corretamente que mudança foi essa:
RESPOSTA: d)
A figura do encenador passa a ser mais valorizada, levando, posteriormente, a uma valorização do espetáculo como um todo.
RESPOSTA CORRETA
Os encenadores passam a ser tão valorizados quanto os dramaturgos, sendo também considerados criadores dos espetáculos. Assim, passa a haver uma maior valorização do coletivo, com a criação de textos a partir de improvisos e oficinas dos grupos teatrais. Ainda assim, a figura do dramaturgo não deixa de existir, apenas se reconfigura.
5)
A peça de Hilda Hilst, As aves da noite, é considerada um texto de escrita performática. Nos trechos que você vai ler a seguir é possível ver as ameaças de um guarda no campo de concentração sobre os prisioneiros e, em meio a isso, a fala de um poeta. 
Após a leitura, assinale a única assertiva CORRETA sobre o caráter performático desta peça:
VOZ DO SS: [...] Mas que fique bem claro: para cada um que fugir deste campo, alguns irão apodrecer na cela da fome. O método será sempre o mesmo: sorteio. (pausa) 5.659, volte para o seu lugar.
Poeta - (fala o poema tocando-se, olhando-se. Tenso. Comovido): E deste morto me aproximo.
Carcereiro (objetivo): Você ainda não está morto.
Poeta (lento): Curvo-me sobre o que foi rosto. Oval em branco. Pálpebra remota. Boca disciplinada para o canto. O braço longo Asa de ombro... Amou. Corroeu-se de sonhos. E cúmplice de aflitos, foi construído e refeito Em sal e trigo. (muda levemente o tom. Sorri) O ventre escuro não gerou, (grave) Talvez por isso Teve mãos desmedidas E grito o exacerbado foi o verso. Amou. Amou. [...]
RESPOSTA: d)
Hilda traz à cena a inserção do personagem poeta, que permite ler um registro histórico de forma ficcionalizada e poética, apesar da experiência desumana da guerra, e traz, no presente, percepções do momento passado à performance.
RESPOSTA CORRETA
O caráter performático desse texto está justamente em não seguir um modelo, mesclando fatos históricos com poesia, trazendo à cena um poeta que cria no texto uma leitura de sensações, percepções. A escrita performática encontra-se na experimentação, e, portanto, em não seguir modelos, nem se preocupar com questões formais da narrativa. A peça As aves da noite pode ser tanto um belíssimo texto literário quanto uma montagem encenada, pois a essência da literatura contemporânea está em expressar os sentimentos e as emoções sem estabelecer padrões, assim, o caráter performático da escrita nessa peça envolve essa leitura de sensações especificamente por um poeta, ou seja, é o personagem do artista inserido na cena histórica, assim teatralizada e ficcionalizada. Além disso, a peça evoca o tempo heterogêneo, mostrando como os acontecimentos não ficaram no passado, mas podem ser percebidos no presente.
UNIDADE 4 – PARTE 1:
1)
Indique a alternativa que contém uma descrição abrangente e atual de gêneros literários.
RESPOSTA: d)
São unidades significativas formadas pela combinação de vários elementos literários (envolvendo sentidos, finalidades e meios de divulgação).
RESPOSTA CORRETA
Os gêneros são o meio de expressão e divulgação de um texto literário. Assim, não se pode pensar em literatura sem considerar a sua organização sob a forma de gêneros. Por serem um produto estético, não estão sujeitos a prescrições e a formas fixas, pois isso iria contra o princípio criativo de toda obra de arte. Apesar de Aristóteles ter descrito uma série de semelhanças estruturais e funcionais dos textos clássicos, não o fez em sentido normativo,como uma imposição. A força do texto literário está justamente em sua capacidade de recriar, reinventar, a ponto de as distinções entre prosa e poesia estarem cada vez mais difíceis de serem percebidas.
2)
Considerando a noção de épico apresentada por Aristóteles, indique qual das alternativas a seguir traz uma informação correta sobre a evolução desse gênero.
RESPOSTA: e)
O romance e o conto descendem do épico, tendo em vista a presença de um narrador que organiza o narrado. No entanto, diferenciam-se dele essencialmente no modo de apresentar o protagonista.
RESPOSTA CORRETA
Os gêneros literários em prosa (não os poéticos) têm sua origem nos textos épicos, devido ao modo como a história é apresentada, ou seja, mediada por um narrador. Diferem, no entanto, em relação ao fato de que a epopeia narra feitos grandiosos de um povo, enquanto as narrativas modernas (como conto e romance) atêm-se aos conflitos individuais de um herói problemático. Na tradição clássica, porém, havia clara distinção entre epopeia e tragédia, mesmo tendo, muitas vezes, os mesmos personagens. A primeira servia para exaltar uma nação; a segunda, para moralizá-la. A morte da epopeia se deve justamente ao fato de que a noção de coletividade cedeu espaço à subjetividade, à individualidade. O emprego da linguagem conotativa é premissa de toda obra literária. Da mesma forma, o tema, por si só, é pouco preciso como elemento definidor de um gênero literário.
3)
Assinale a alternativa que contém um exemplo da evolução dos gêneros poéticos a partir da fusão entre prosa e poesia.
RESPOSTA: c)
Quando o jacto fumigatório partiu, nada mudou em mim;
os sinos da redenção continuaram em silêncio;
nenhuma porta se abriu nem fechou.
Mas o monstruoso FICOU MAIOR. (Manuel Bandeir
RESPOSTA CORRETA
Todas as alternativas apresentam interessantes construções poéticas. Alguns poemas apresentam verso livre, outros, ausência de rimas. No entanto, a construção de maior impacto é a fusão entre prosa e poesia presente no poema Noturno da rua da Lapa, de Manuel Bandeira. Mesmo sob a forma de prosa, estamos diante de um poema (aqui reproduzido em parte). Parte-se de uma narrativa em prosa poética para tentar representar o lugar do eu. A respeito da falta do verso, outros recursos da poesia são acionados, como, por exemplo, o emprego das letras maiúsculas para reproduzir a sensação de medo.
4)
Leia o trecho a seguir, o qual contém o início e o final do conto Circuito fechado, de Ricardo Ramos (1975, p. 259–260).
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. [...] Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
Como esse trecho pode ser caracterizado?
RESPOSTA: b)
Texto em prosa.
RESPOSTA CORRETA
O conto evidencia uma construção interessante. Trata-se de um conto, uma narrativa em prosa, organizada por um narrador. Isso é evidenciado pela disposição do texto nas linhas (prosa). Nesse caso, predomina a imagem da cena, ou melhor, das várias cenas. Na sequência em que aparecem, dão a ideia de um movimento, de uma sucessão de ações ao longo do período de um dia. Há aqui sugestões de imagens, de ações, flashes. A narrativa cumpre a sua função, e percebe-se que se trata de uma rotina da personagem, e o caráter circular e até opressor dessa existência. O sujeito se anula diante das imposições dos compromissos. É importante lembrar que todos os textos só existem expressos em gêneros. O enquadre em determinado tipo (nesse caso, o conto) atende ao propósito principal. Sendo assim, da narração, não da sonoridade (gênero poético), nem da representação teatral (gênero dramático).
5)
Leia o trecho a seguir, retirado do conto O importado vermelho de Noé, de André Sant'Anna (2001, p. 602):
Deu no rádio. Eu vou ser o prefeito em Nova York com os novaiorquinos, o dinheiro que chove e as mais lindas mulheres do planeta nas reuniões de máxima urgência com fluxo global para São Paulo. Deu no rádio. Está chovendo dinheiro em Nova York e eu sou o prefeito. É hora de voar pela American Airlines. [...] Há falhas no sistema administrativo nacional. Devo partir imediatamente.
Agora, considere o seguinte comentário:
O conto recorre a uma sintaxe simples, de frases curtas, sem subordinações. As ideias são encadeadas de forma cumulativa e circular. Ao mesmo tempo, são empregados termos de uma linguagem formal, referindo, aparentemente, compromissos profissionais. O efeito de sentido leva a perceber uma narrativa em primeira pessoa que reflete um fluxo intenso de ideias, mais ou menos relacionadas entre si.
A qual nível de análise literária a explicação remete?
RESPOSTA: a)
Nível discursivo.
RESPOSTA CORRETA
O trecho em questão nos leva a várias reflexões sobre o conto. Pode-se pensar em como o personagem pode ser descrito a partir de suas divagações (nível atorial, nível reflexivo), onde se encontra, o que vai fazer (nível fabular), como a noção de tempo aparece no romance e até pensar na sonoridade e no ritmo que as repetições impõem (nível fônico). No entanto, o comentário atém-se a aspectos de composição do texto a partir do foco narrativo e de escolhas lexicais (vocabulário) e sintáticas (organização o discurso). Daí o enfoque no nível discursivo.
UNIDADE 4 – PARTE 2:
1)
A conceituação de prosa não se atém apenas à organização gráfica do texto na página. Indique a opção que propõe uma definição ampla do termo.
RESPOSTA: a)
Prosa é uma tipologia textual, presente tanto na ficção quanto na não ficção. Vincula-se à organização das ideias no texto de forma progressiva. Daí sua estreita relação com a narrativa.
RESPOSTA CORRETA
Prosa é um recurso de construção do texto. Não é exclusiva da ficção. Ainda que, na Antiguidade, fosse pouco referida, seu emprego na obra literária não desmerece o valor de sua aplicação. Mesmo reproduzindo o estilo da escrita e da fala cotidiana, apresenta, na literatura, expressões máximas de elaboração estética. Não se trata propriamente de um gênero literário, mas sim de uma categoria empregada na composição do gênero literário para construir a narrativa. Sua oposição ao verso consiste na disposição do texto na página e no ritmo empregado, não necessariamente no tipo de frase ou estilo empregado. Tanto é verdade que, em alguns textos, pode-se perceber a presença de uma prosa poética.
2)
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Trata-se de uma fala de Riobaldo.
O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo mundo... Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre. (ROSA, 2001, p. 31)
Escolha a alternativa correta acerca das categorias da ficção em prosa perceptíveis no trecho.
RESPOSTA: c)
Nota-se a complexidade da história pelo uso do foco narrativo e pela apresentação da personagem. No primeiro caso, a opção por um narrador-personagem; no segundo caso, a profundidade do pensamento, o que leva o leitor a inúmeras reflexões.
RESPOSTA CORRETA
Em se tratando da categoria personagens, é comum que a opção por um foco narrativo em que predomine a visão da personagem (como no caso de Grande sertão: veredas) leve a uma narrativa mais densa, no sentido de explorar a visão da personagem em sua complexidade.Isso não impede que haja sucessão de eventos no tempo e no espaço. Pela narração em primeira pessoa, também é possível compreender o lugar de onde a personagem fala, sua visão de mundo, sua trajetória, que pode, muitas vezes, surpreender pela diversidade de atitudes e modos de ser, sem que isso seja inverossímil. O trecho deixa evidente a força e a beleza das palavras de Riobaldo em construção em prosa.
3)
Leia o trecho a seguir, retirado da Poética, de Aristóteles.
O objeto da imitação, porém, não é apenas uma ação completa, mas casos de inspirar temor e pena, e estas emoções são tanto mais fortes quando, decorrendo uns dos outros, são, não obstante, fatos inesperados, pois assim terão mais aspecto de maravilha do que se brotassem do acaso e da sorte; com efeito, mesmo dentre os fortuitos, despertam a maior admiração os que aparentam ocorrer, por assim dizer, de propósito; por exemplo, a estátua de Mítis em Argos matou o culpado da morte de Mítis, tombando sobre ele, quando assistia um festejo. (ARISTÓTELES, 2005, p. 28)
Ao sugerir como as ações devem acontecer na história, a que categoria da prosa de ficção deve ser relacionado o texto de Aristóteles?
RESPOSTA: b)
À organização do enredo.
RESPOSTA CORRETA
Aristóteles evidencia sua preocupação com as escolhas narrativas no sentido de agradar ao destinatário da obra. Para tanto, comenta a importância da organização dos eventos ficcionais em sequência lógica, progressiva, e ao mesmo tempo inusitada.
4)
Estabelecendo-se um comparativo entre dois textos em prosa – conto e crônica –, indique a opção que apresenta uma análise adequada.
RESPOSTA: e)
Há grande dificuldade em diferenciar conto e crônica, pois ambos compartilham extensão breve e foco mais pontual. Uma opção a considerar nessa diferenciação é o meio onde são divulgados.
RESPOSTA CORRETA
A clara distinção entre conto e crônica constitui, de fato, um desafio para a crítica, justamente porque compartilham as mesmas categorias da prosa de ficção – a presença de narrador (que não é necessariamente o autor, ainda que possa relacionar-se a este), a opção por personagens dos mais variados tipos, em situações diversas. Tudo pode ser tema de crônica ou conto. Por ser gênero ficcional, mesmo com olhar particularizado sobre o mundo, autor e narrador não devem ser tratados como sendo a mesma instância. Para além da forma em si, o propósito de divulgar como impressão diária (jornais, revistas) ou como parte de livro editado é o que mais contribui para essa comparação.
5)
Acerca do conceito de “prosa poética”, é correto afirmar:
RESPOSTA: d)
Constitui fusão de formas, que leva à percepção da literatura como espaço da criação, da desconstrução e da inovação constantes.
RESPOSTA CORRETA
A prosa poética é um exercício criativo, atemporal, presente em inúmeros contos, romances ou mesmo poemas. Chama atenção para a literatura como o espaço da ruptura de convenções linguísticas e formais, o que não descaracteriza o gênero literário tal como é conhecido.
UNIDADE 5:
1)
Indique a alternativa que apresenta um exemplo de rima consoante.
RESPOSTA: b)
Asa - casa.
RESPOSTA CORRETA
A rima consoante apresenta igualdade de fonemas na última vogal tônica do verso, tanto de sons vocálicos quanto consonantais. Portanto, ela está presente em: ca/sa e a/sa.
2)
A separação das sílabas poéticas difere da separação silábica gramatical. Sendo assim, indique a alternativa que apresenta o total correto de sílabas métricas para o seguinte trecho:
​​​Tu choraste em presença da morte?
 Na presença de estranhos choraste?
(I-Juca-Pirama, Gonçalves Dias)
RESPOSTA: d)
Nove sílabas.
RESPOSTA CORRETA
O poeta pode aproximar, em uma mesma sílaba, as vogais final e inicial de duas palavras. Assim, você contabiliza apenas uma sílaba métrica. No caso deste exercício, a separação correta indica nove sílabas.
3)
Sobre a estrofação, indique a alternativa que apresenta a análise correta do esquema das estrofes (abba, abab) do trecho a seguir, de um poema de Vinícius de Moraes.
Soneto de amor total
Amo-te tanto, meu amor...não cante 
O humano coração com mais verdade... 
Amo-te como amigo e como amante 
Numa sempre diversa realidade. 
RESPOSTA: a)
ABAB.
RESPOSTA CORRETA
As rimas podem ser denominadas alternadas ou cruzadas quando a combinação alternada da rima está representada pelo esquema ABAB.
4)
Qual é o número de sílabas poéticas presente no segundo verso do poema Pequenino Morto, do poeta Vicente de Carvalho?
Tange o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão desconsolado...
No caixão dourado, como em berço de ouro,
Pequenino, levam-te dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o mesmo lado
De onde o sino tange numa voz de choro...
Pequenino, acorda!
RESPOSTA: e)
Hendecassílabos.
RESPOSTA CORRETA
Nos encontros vocálicos, as sílabas também são unificadas. Ou seja, quando a vogal final de uma palavra for igual e inicial da seguinte. Por exemplo: na combinação das palavras grande escolha (e + e), tem-se: gran/de es/colha. Dessa forma, temos um verso hendecassílabo, ou seja, aquele que apresenta onze sílabas poéticas. A redondilha menor é representada por versos que contêm cinco sílabas poéticas.
5)
Qual é o tipo de rima presente no Soneto de fidelidade, de Vinícius de Moraes?
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
RESPOSTA: d)
Rima externa.
RESPOSTA CORRETA
A rima que aparece no final do verso, ou seja, a externa, é a mais comum dos tipos que podem ser utilizados. Portanto, as palavras momento e contentamento, canto e pranto, estabelecem rima externa. 
UNIDADE 6:
1)
Memórias póstumas de Brás Cubas, do célebre Machado de Assis, é um dos romances mais importantes da literatura brasileira. A partir da leitura do excerto a seguir, marque a alternativa que indica, corretamente, o tipo de narrador que o autor instrumentalizou em sua escrita.
"Que me conste, ainda ninguém relatou o seu próprio delírio; faço-o eu, e a ciência mo agradecerá. Se o leitor não é dado à contemplação destes fenômenos mentais, pode saltar o capítulo; vá direito à narração. Mas, por menos curioso que seja, sempre lhe digo que é interessante saber o que se passou na minha cabeça durante uns vinte a trinta minutos.”
(Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis)
RESPOSTA: d)
Narrador personagem protagonista.
RESPOSTA CORRETA
Em Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis instrumentaliza o narrador protagonista para reforçar o tom de crítica na obra. Já que Brás Cubas é o personagem principal e o narrador do relato, o leitor tem acesso à mente dele e pode concluir, por si mesmo, o quão frívolo e banal seria o burguês do século XIX. Salienta-se que os estudos da narrativa preveem, em sua tipologia de narrador personagem, que pode ser o protagonista ou a testemunha e que se usa a 1ª pessoa e o narrador observador ou onisciente que usa a 3ª pessoa.
2)
“E assim ia correndo o domingo no cortiço até às três da tarde, horas em que chegou mestre Firmo, acompanhado pelo seu amigo Porfiro, trazendo aquele o violão e o outro o cavaquinho.
Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira. Teria seus trinta e tantos anos, mas não parecia ter mais de vinte e poucos. Pernas e braços finos, pescoço estreito, porém forte; não tinha músculos, tinha nervos. A respeito de barba, nada mais que um bigodinho crespo, petulante, onde reluzia cheirosa a brilhantina do barbeiro; grande cabeleira encaracolada, negra, e bem negra, dividida ao meio da cabeça, escondendo parte da testa e estufando em grande gaforina por debaixo da aba do chapéu de palha, que ele punha de banda, derreado sobre a orelha esquerda.
Vestia, como de costume, um paletó de lustrina preta já bastante usado, calças apertadas nos joelhos, mas tão largas na bainha que lhe engoliam os pezinhos secos e ligeiros. Não trazia gravata, nem colete, sim uma camisade chita nova e ao pescoço, resguardando o colarinho, um lenço alvo e perfumado; à boca um enorme charuto de dois vinténs e na mão um grosso porrete de Petrópolis, que nunca sossegava, tantas voltas lhe dava ele a um tempo por entre os dedos magros e nervosos.
Era oficial de torneiro, oficial perito e vadio; ganhava uma semana para gastar num dia; às vezes, porém, os dados ou a roleta multiplicavam-lhe o dinheiro, e então ele fazia como naqueles últimos três meses; afogava-se numa boa pândega com a Rita Baiana. A Rita ou outra. “O que não faltava por aí eram saias para ajudar um homem a cuspir o cobre na boca do diabo!” Nascera no Rio de Janeiro, na Corte; militara dos doze aos vinte anos em diversas maltas de capoeiras; chegara a decidir eleições nos tempos do voto indireto. Deixou nome em várias freguesias e mereceu abraços, presentes e palavras de gratidão de alguns importantes chefes de partido. Chamava a isso a sua época de paixão política; mas depois desgostou-se com o sistema de governo e renunciou às lutas eleitorais, pois não conseguira nunca o lugar de contínuo numa repartição pública - o seu ideal! - Setenta mil-réis mensais: trabalho das nove às três.”
(O cortiço, Aluísio de Azevedo)
O naturalismo brasileiro teve, antes de tudo, uma implacável busca por seguir os cânones originais da corrente artística surgida na Europa anos antes. A partir desse trecho, você pode afirmar que: ​​​​​​​
RESPOSTA: d)
a grande maioria dos autores do naturalismo se vale do foco narrativo em 3ª pessoa, a fim de conseguir trazer para seu fazer literário máxima objetividade, nos moldes da escrita científica.
RESPOSTA CORRETA
Aluísio de Azevedo não foge ao cânon naturalista na produção de O cortiço, tampouco ao seu contexto sócio-histórico de apreço ao cientificismo: o desejo do artista era promover um estudo minucioso sobre o ser humano em nível objetivo, isso só poderia ser alcançado por meio do foco narrativo em 3ª pessoa. A narrativa não podia ser enxuta, já que o apreço pela descrição marca o autor naturalista, também fortemente influenciado pelo positivismo, que descarta a religião como resposta às ansiedades humanas: só a ciência poderia trazer respostas. Além disso, Azevedo mimetizaria outras características estilísticas da Antiguidade Clássica, dentre elas o apreço pelo equilíbrio da linguagem para uma melhor compreensão do texto, longe da obsessão parnasiana ou do apanágio à res natura horaciana.
3)
"O Táxi
Uma mulher levanta o braço. Está no passeio. Não tem pressa, mas levanta o braço e acena com a mão. O táxi não pára. Está vazio, mas não pára.
A mulher veste calças elegantes, castanhas. Tem um lenço ao pescoço.
De novo, vemos a sua mão levantada a acenar. Outro táxi que não pára.
A mulher está a sorrir. É bonita. Levanta o braço de novo. Estamos sempre a vê-la, a ver o seu entusiasmo sorridente. Mas não, de novo o táxi não pára. Também vazio, mas não pára.
O plano agora abre-se mais. Vemos a mulher, sim, as suas calças elegantes castanhas. E, junto aos seus pés, um corpo inerte; provavelmente morto."
(TAVARES, Gonçalo M. Short movies)
A partir de sua leitura de O táxi, de Gonçalo M. Tavares, marque a alternativa que indica o tipo de narrador desse texto.
RESPOSTA: a)
Narrador observador.
RESPOSTA CORRETA
Em O táxi, Gonçalo M. Tavares instrumentaliza um narrador de tipo observador, que se comporta como um cinegrafista, direcionando o olhar do leitor para as cenas descritas. O foco narrativo está na 3ª pessoa, não admitindo os subtipos testemunha ou protagonista. O narrador não poderia ser onisciente neutro, pois é objetivo e imparcial no narrar, transmitindo a descoberta de tudo, pois ele não parece saber de tudo que ocorre no universo narrado, porque apenas se concentra em observar as ações daquela personagem.
4)
“O mundo se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração. Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, fantasmas prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolhermo-nos ao hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o mergulho decisivo. Essas idéias, repetidas, vexavam-me; tanto me embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido.”
(Memórias do cárcere, Graciliano Ramos)
Após ler o excerto, seria correto afirmar que o tipo de narrador e o foco narrativo utilizado em Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, foram:
RESPOSTA; b)
o narrador personagem, de subtipo protagonista, e o foco narrativo em 1ª pessoa, pois o escrito tem tom autobiográfico e confessional.
RESPOSTA CORRETA
No excerto de Memórias do cárcere, o tipo de narrador que o autor utiliza é personagem protagonista, pois, além de narrar, ele “vive” o relato como o personagem principal. O foco narrativo está em 1ª pessoa: nota-se pelo uso dos pronomes "eu" e "nós". A obra se trata do relato de uma experiência pessoal do autor com largo uso do tom confessional e subjetivo. Há extremo apreço pela descrição de detalhes, a fim de dar a máxima aparência de realidade ao escrito.
5)
"Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a e esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos de Baleia, que se pôs latir desesperadamente."
(Vidas secas, Graciliano Ramos)
Sobre esse fragmento de Vidas secas, seria possível afirmar que o tipo de narrador que o autor emprega é:
RESPOSTA: c)
narrador onisciente, de subtipo seletivo.
RESPOSTA CORRETA
No excerto de Vidas secas, o foco narrativo está em 3ª pessoa e o narrador é onisciente seletivo, pois transmite os pensamentos de diversos personagens: neste caso, de Fabiano, mas em outros momentos, da mulher, dos filhos e até mesmo da cadela Baleia. Assim, conduz o leitor na tomada de uma posição em relação a eles. Essa narrativa pode, por essa razão, ser ainda considerada como onisciência seletiva múltipla, já que não se foca sempre nos pensamentos de apenas uma das personagens, mas de várias.
UNIDADE 7:
1)
Assinale a opção que apresenta um exemplo de narrativa que explora o tempo psicológico:​​​​​​.
RESPOSTA: a)
“Em que ponto do trajeto me acho? Não tenho consciência dos movimentos, sinto-me leve. Ignoro quanto tempo fico assim, provavelmente um segundo, mas um segundo que parece eternidade. Está claro que todo desarranjo é interior” (Angustia, Graciliano Ramos).
RESPOSTA CORRETA
O tempo psicológico constitui uma impressão do tempo cronológico, não pode ser medido em horas do relógio, não corresponde a uma sucessão lógica de fatos, mas às impressões das personagens em relação ao tempo, muito provavelmente como resultado de memórias ou conflitos internos.
2)
Leia o comentário a seguir, de Benjamin Abdala Júnior (1995, p. 55):
Em se tratando de um texto escrito, esse tempo aparece para o leitor de uma forma linear à medida que ele vai lendo o texto, esse tempo vai passando. Num determinado momento da história, podemos ter múltiplas ações, em lugares diferentes, com múltiplas personagens; entretanto, o narrador não registrará todas essas situações, mas apenas um número limitado de personagens e ações.
A que construção temporal ele se refere?
RESPOSTA: d)
Tempo do discurso.
RESPOSTA CORRETA
O crítico, no texto em questão, faz referência ao modo de organização da narrativa, às escolhas composicionais do texto e à sequência apresentada ao leitor (produto),ou seja, ao discurso, que contém em si o tempo da narrativa, o tempo cronológico, o tempo psicológico, o tempo do autor, mas que é mais abrangente do que esses.
3)
Leia o trecho a seguir, retirado do conto O segredo do bonzo: capítulo inédito de Fernão Mendes Pinto, de Machado de Assis.
Um dia, andando a passeio com Diogo Meireles, nesta mesma cidade Fuchéu, naquele ano de 1552, sucedeu deparar-se-nos um ajuntamento de povo, à esquina de uma rua, em torno a um homem da terra, que discorria com grande abundância de gestos e vozes. O povo, segundo o esmo mais baixo, seria passante de cem pessoas, varões somente, e todos embasbacados. Diogo Meireles, que melhor conhecia a língua da terra, pois ali estivera muitos meses [...] ia-me repetindo pelo nosso idioma o que ouvia.
Sobre a noção de tempo no trecho, são feitas algumas afirmações. Qual está correta?
RESPOSTA: e)
· O autor se empenha em compor o tempo da narrativa, já que o tempo do autor e o tempo do leitor não correspondem ao tempo histórico.
RESPOSTA CORRETA
As marcas temporais do conto são bem evidentes: o ano de 1552, a referência a “um dia”, o tempo prévio passado ali por Diogo Meireles (“muitos meses”) e o emprego do tempo verbal no passado. Essas marcas apresentam uma narrativa cronológica, linear e centrada nas ações das personagens. No entanto, podemos perceber que o tempo da escrita de Machado de Assis (século XIX) não é o mesmo tempo da narrativa (século XVI), havendo, portanto, um esforço de recomposição de um tempo passado
4)
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Germinal, de Émile Zola, no qual se narra o esforço de Catherine, uma trabalhadora das minas de carvão na França do século XIX:
Não havia ventilação no fundo daquela via longínqua. Respirava-se toda espécie de vapores que saíam do carvão com uma efervescência de fonte, e às vezes com tal abundância que as lâmpadas apagavam-se. Sem falar do grisu*, do qual ninguém se ocupava mais, tal a sua quantidade, intoxicando os mineiros, do princípio ao fim da quinzena. [...] Aquela roupa, cujas menores pregas pareciam entrar na carne, estava-se transformando numa tortura. Resistiu e quis continuar empurrando, mas foi forçada a endireitar a espinha. Num repente, dizendo-se que voltaria a vestir-se no entroncamento, tirou tudo, a corda e a camisa, com tanta ânsia que teria arrancado a pele, se pudesse. E agora, nua, deplorável, rebaixada ao trote de fêmea ganhando a vida pela lama dos caminhos, esfalfava-se, com a garupa coberta de fuligem e barro até a barriga, como uma égua de carroça. De quatro patas, ela empurrava o vagonete.
*grisu = gás metano
Qual alternativa apresenta uma análise correta acerca da categoria espaço?
RESPOSTA: c)
O excesso de detalhamento do espaço apresenta uma crítica social às condições de trabalho nas minas de carvão.
RESPOSTA CORRETA
O trecho dessa obra naturalista é bastante descritivo, e a descrição do espaço tem uma função importante: a de representar a animalização do homem frente às condições de trabalho. Temos aí uma forte crítica social, por meio da submissão ao duro e insalubre trabalho a que a mulher se submete, provavelmente por necessidade financeira. Assim, o cenário de asfixia e sujeira reforça a condição ultrajante à que a personagem se submete não é uma projeção de sua mente, é um espaço concreto, que denuncia o péssimo tratamento dado aos trabalhadores.
5)
O espaço é uma das categorias essenciais à progressão narrativa. Indique a opção que apresenta uma explicação correta sobre seu emprego.​​​​​​​
RESPOSTA: b)
Sua função inclui determinar parâmetros psicológicos, morais e de conduta das personagens, conforme a época narrada.
RESPOSTA CORRETA
Na medida em que o espaço na narrativa vai muito além das características físicas de um espaço, a referência à época e aos lugares frequentados pelas personagens fornece pistas de sua construção pessoal (como valores e ideologias). Consolida-se a partir da descrição e é imprescindível em qualquer narrativa. O ponto de vista na narrativa é função do narrador. A referência cronológica é resultado da organização temporal da história.
UNIDADE 8:
1)
Leia o texto a seguir.
Dei ordem de irem buscar meu cavalo ao estábulo. O criado não me compreendeu. Fui eu mesmo ao estábulo, encilhei o cavalo e montei. Ao longe ouvi o som de uma trombeta, perguntei o que significava aquilo. Ele de nada sabia, não ouvira nada. No portão deteve-me, para perguntar-me:
— Para onde cavalga o senhor?
— Não o sei — respondi. Apenas quero ir-me daqui, somente ir-me daqui. Partir sempre, sair daqui, apenas assim posso alcançar minha meta.
— Conheces então, tua meta? — perguntou ele.
— Sim — respondi eu. Já disse. Sair daqui: esta é minha meta.
– O senhor não leva provisões – disse ele.
– Não preciso de nenhuma – disse eu.
– A viagem é tão longa que tenho de morrer de fome se não receber nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte esta viagem é realmente imensa.
[...]​​​​​​​
(A partida, Franz Kafka)
Quem é o protagonista da história?
REPOSTA: c)
O senhor.
RESPOSTA CORRETA
O protagonista é o personagem de uma obra literária, em torno do qual a ação se desenrola. No microconto de Franz Kafka, é possível perceber claramente que o personagem que se adéqua a esse papel é o senhor. Já que todas as outras figuras da trama existem em função dele.
2)
Que tipo de discurso é empregado no texto a seguir?
Era uma vez um czar naturalista que caçava homens. Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas, ficou muito espantado e achou uma barbaridade.
(Anedota búlgara, Carlos Drummond de Andrade)
RESPOSTA: a)
Discurso indireto.
RESPOSTA CORRETA
O discurso indireto é caracterizado por uma intervenção do narrador, o qual utiliza as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens, como no caso de Anedota búlgara. No texto, a perplexidade do czar é registrada por meio das palavras de um narrador onisciente, e não dele mesmo. O discurso direto seria uma reprodução da fala de uma personagem, sem a intromissão da voz narrativa; e o discurso indireto livre, uma mistura do direto com o indireto. Nesse trecho, as falas do czar não são registradas de nenhuma das duas maneiras, somente o narrador fala. O discurso autobiográfico e jornalístico não se adéquam como alternativa correta, pois o texto não tem natureza autobiográfica nem jornalística.
Leia o texto a seguir.
O filho de Pilar e Daniel Wainberg foi batizado à beira-mar. E no batizado, ensinaram a ele o que é sagrado.
Recebeu um caracol:
— Para que aprenda a amar a água.
Abriram a gaiola de um pássaro preso:
— Para que você aprenda a amar o ar.
Deram a ele uma flor de gerânio:
— Para que você aprenda a amar a terra.
E deram também uma garrafinha tampada:
— Não abra nunca, nunca. Para aprender a amar o mistério.
(Janela sobre a chegada, Eduardo Galeano)
Identifique o tipo de discurso presente no microconto Janela sobre a chegada.​​​​​​​
RESPOSTA: a)
Discurso direto, com verbo no presente do subjuntivo.
RESPOSTA CORRETA
O discurso direto com verbo no presente subjuntivo é predominante no microconto, pois há uma reprodução da fala de uma personagem, sem a intromissão da voz narrativa; nele predomina a voz da própria personagem, além de prevalecer o verbo no presente: aprender. O discurso indireto é caracterizado por uma intervenção do narrador, e os verbos podem estar, por exemplo, no imperfeito ou mais-que-perfeito do indicativo, mas em A janela sobre a chegada o que predomina é o discurso direto.
4)
Leia o fragmento do texto a seguir.
Instantezinho, porém, se converteu. Isto, que se desapeou, ligeiro, e tirou o chapéu, com cortesia mor, com gesto de braço, e manifestou:
— Senhores meus cavaleiros, podem passar, sem susto e com gosto, que aqui está é um amigo...
— Amigo de quem? — eu revidei.
— Vosso, meu senhor cavaleiro... Amigo e criado...
(Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa)
Que tipo de discurso predomina no excerto?
RESPOSTA: a)
Discurso direto.
RESPOSTA CORRETA
O discurso direto é uma reprodução da fala de uma personagem, sem a intromissãoda voz narrativa, conforme o excerto da obra de Guimarães Rosa, pois nele predomina a voz da própria personagem. O discurso indireto é o registro da fala da personagem recontada, indiretamente, pelo narrador, usando pronomes em terceira pessoa (ele/ela). Em Grande sertão: veredas, as falas da personagem são registradas diretamente. O discurso autobiográfico e jornalístico não se adéquam como alternativa correta, pois o texto não tem natureza autobiográfica nem jornalística.
5)
Leia o fragmento do texto a seguir.
Minha mãe foi achá-lo à beira do poço, e intimou-lhe que vivesse. Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação menos, e perder um emprego interino?
Não, senhor, devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha [...]​​​​​​​
(Dom casmurro, Machado de Assis)
Que tipo de discurso é utilizado pelo autor?
RESPOSTA: d)
Discurso indireto livre.
RESPOSTA CORRETA
O discurso indireto livre é uma mistura dos discursos direto com o indireto. Nesse trecho da obra de Machado de Assis, o discurso indireto livre caracteriza-se na expressão: “intimou-lhe que vivesse”, note que há uma mistura de discursos (direto e indireto) sem o uso de marcas como travessões. Em “Não senhor, devia ser pai de família ...”, ocorre o mesmo, para mostrar a intervenção do narrador. O discurso indireto é o registro da fala da personagem recontada, indiretamente, pelo narrador, usando pronomes em terceira pessoa (ele/ela). O discurso autobiográfico e jornalístico não se adéquam como alternativa correta, pois o texto não tem natureza autobiográfica nem jornalística.
UNIDADE 9 – PARTE 1:
1)
A partir da leitura do trecho, de Água Viva, assinale a alternativa correta:
Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu – eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.
(Água Viva, Clarice Lispector)
RESPOSTA: a)
Trata-se de um romance psicológico.
RESPOSTA CORRETA
Percebe-se, neste trecho de Água Viva, de Clarice Lispector, que se trata de um romance psicológico, pois, nele, o narrador expõe uma parte interna da personagem, íntima, angustiada e solitária - sufocada pelo meio social - ela se expressa, colocando em aberto seus traumas, problemas psicológicos e morais. Não pode ser um romance autobiográfico por não trazer relatos de sua vida, de viagens e/ ou reflexões de intelectuais, tampouco pode ser um romance policial, por não existir uma questão investigativa na trama. O romance didático serve para divulgar um ensinamento, enquanto o romance galante sempre evidencia a vida de um povo de baixa classe social, que tenta sobreviver por meio de trapaças. Definitivamente, não é o que a autora faz por meio do trecho.
2)
Passei no foro. As causas cíveis ficavam com o Wexler; as criminais, comigo. Mas, quando era preciso, um ajudava o outro. Quando voltei ao escritório, Wexler disse que Luizinho havia telefonado. Elisa de Almeida, conhecida como Gisela, fora assassinada no apartamento onde morava e exercia sua profissão de massagista, na avenida Beira Mar. O corpo havia sido encontrado pela manhã.
“Seria bom descobrirmos a tal Danusa.”
“Já pensei nisso.”
Wexler havia dado alguns telefonemas e descobrira uma Danusa na rua Senador Dantas. “Como é que você sabe que é a mesma?”
Ele não sabia. Peguei o telefone e disquei.
“Danusa? Eu queria fazer uma massagem. Posso ir aí?”
“Aqui não. Só faço massagem a domicílio. Ou hotel.”
“Quem me deu seu nome foi a Gisela. Sabe quem é?”
“Sei. Da avenida Beira Mar. Ela recebe clientes. Eu não. Só em casos muito especiais.”
“Eu posso ser um caso muito especial.”
“Não pode não. Eu não te conheço.”
(A grande arte, Rubem Fonseca)
De acordo com esse excerto, A grande arte, assinale em que tipo de romance ele se enquadra.
RESPOSTA: a)
Em um romance policial.
RESPOSTA CORRETA
Aqui, temos um romance policial, pois o contexto traz uma investigação de um crime, as histórias são complicadas e ocorrem em um ambiente ameaçador e enigmático, os protagonistas são detetives mais humanos e tangíveis, como o Mandrake, de A grande arte. Em romances policiais desse tipo, os protagonistas costumam cultivar vícios, beber, brigar e frequentar bairros periféricos. São, via de regra, policiais decadentes. O trecho não pode ser um romance urbano, porque, apesar de se passar em uma metrópole, este tipo precisa ter a cidade como cerne do enredo, com críticas à vida nestes locais e às desigualdades econômicas que se assomam. O trecho não é um romance psicológico, já que, neste estilo, a narrativa gravita no entorno do drama íntimo, em que uma personagem expõe traumas, problemas psicológicos e questões existenciais. O romance indianista idealiza o índio como herói, e o epistolar desenvolve o enredo por meio de cartas, o que também não é o caso aqui.
3)
Eu olho novamente para a frente e pulo do vagão quando chega a minha vez. Tobias caminha à minha frente. Eu deveria me manter focada na sua nuca, mas reconheço as ruas em que caminhamos agora, e minha atenção se desvia da fila de membros da Audácia na minha frente.
(...)
Caminho cerca de um quilômetro antes de descobrir a resposta para esta pergunta.
Começo a ouvir estouros. Não posso olhar ao redor para descobrir de onde eles estão
vindo, mas, quanto mais eu ando, mais altos e nítidos eles se tornam, até que eu os reconheço como tiros. Cerro os dentes. Preciso continuar andando; preciso olhar diretamente para frente. Muitos metros a nossa frente, vejo uma mulher da Audácia empurrar um homem com roupas cinza, deixando-o de joelhos sobre o chão. Eu reconheço o homem. Ele é um dos membros do conselho. A mulher saca sua arma do coldre e, com um olhar inexpressivo, atira contra a parte de trás do crânio do homem.
Ela tem uma mecha cinza em seus cabelos. É Tori. Quase perco o passo.
Continue andando. Meus olhos ardem. Continue andando.
Nosso grupo passa marchando por Tori e pelo corpo caído do membro do conselho. Quando piso em sua mão inerte, quase me desfaço em lágrimas.
(Divergente, Veronica Roth)
O livro Divergente, de Veronica Roth é o primeiro de uma trilogia que se tornou amplamente conhecida entre o público jovem da primeira década do século XXI. A partir do trecho lido, em que tipologia romanesca você o enquadraria?
RESPOSTA: e)
Em romance de aventura.
RESPOSTA CORRETA
Geralmente, o romance de aventura traz uma personagem “herói/heroína” que é arrebatada da vida cotidiana e se vê obrigada a confrontar situações terríveis de grande perigo, mas sai vitoriosa destas. Apresenta atributos como coragem, astúcia e inteligência, conforme podemos ver no trecho da obra Divergente. Nesse contexto, o leitor se depara com uma Chicago pós-apocalíptica em que a sociedade, para se recompor, foi dividida em cinco grupos ou facções: abnegação, amizade, audácia, franqueza e erudição. Na obra, Beatrice Prior (Tris), protagonista e heroína da trama, tem suas virtudes postas à prova por meio de diversas dificuldades e aventuras — o trecho acima descreve uma das maiores delas. Não poderia tratar-se de um romance histórico, pois, neste gênero, a narrativa se desdobra a partir de acontecimentos históricos, descrevendo costumes e personagens de época, alguns resgatados das fontes históricas; tampouco poderia tratar-se de um romance psicológico, já que, apesar de trazer forte carga emocional a um relato pessoal, o confronto da personagem com seus traumas, sentimentos e problemas existenciais não é o foco central do desdobramento do enredo. O romance policial também se descarta, porque, mesmo que apresente umainvestigação de um fato misterioso (enigma) e um crime, o mesmo também não representa um ponto central para a narrativa. O romance de tese descarta-se, pois não há nenhuma função moralizadora ou denúncia de aspectos sociais negativos no excerto em questão.
4)
A partir do século XVII, a percepção de mundo do homem altera-se, o que provoca uma guinada radical na arte literária. Que obra é tida como a principal representante desta movimentação sóciointelectual, sendo considerada por muitos estudiosos como o marco inicial do romance moderno?
RESPOSTA: d)
Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes.
RESPOSTA CORRETA
Dom Quixote de La Mancha é uma narrativa de ruptura, pois, nela, podemos entrever a subversão dos padrões narrativos clássicos e medievais: ocorre uma reconfiguração do herói, o uso de recursos estilísticos pioneiros, etc., caracteres decisivos para ilustrar uma significativa mudança na cosmovisão artística do romancista. A narrativa ficcional recebe um lugar diferente do que possuía. O homem do século XVII passa a perceber a realidade e a constituição do mundo exterior de forma fragmentada. Por isso, a obra é tida como marco inicial da estética romanesca moderna. As outras obras enunciadas nas outras alternativas, como Dom Casmurro, As pupilas do senhor reitor, Ulisses e Madame Bovary, são predecessoras de Dom Quixote.
5)
Sobre estrutura do romance, podemos afirmar:
RESPOSTA: e)
Trata-se de uma narrativa longa, que, quase sempre, se apresenta dividida em capítulos.Nelaatuam personagens, que praticam ações em um espaço e tempo determinados. Estes são os elementos básicos que estruturam um romance clássico.
RESPOSTA CORRETA
O romance é uma narrativa longa, que, quase sempre, se apresenta dividida em capítulos. Nela, atuam personagens, que praticam ações em um espaço e tempo determinados. Esses são os elementos básicos que estruturam um romance clássico. A primeira alternativa é a definição de crônica, mais curta que o romance e com o compromisso de narrar, de forma artística e pessoal, fatos colhidos no noticiário jornalístico e cotidiano. Já na segunda alternativa, o estilo não descreve o romance em especial, já que ele não utiliza, necessariamente, o auxílio de aporte visual em sua composição. A terceira opção traz uma definição de poesia, que se trata de uma composição em versos livres e/ou versos providos de rima, com associações harmoniosas de palavras, ritmos e imagens. O romance não precisa ter, obrigatoriamente, a estrutura de um poema. A quarta opção caracteriza o texto teatral, que apresenta o discurso direto, escrito para ser encenado por atores. Há fidelidade na reprodução da fala das personagens, com uma parte narrativa bem-resumida, chamadas de rubricas. A narração é mais predominante em um texto romanesco do que as reproduções de falas das personagens. O romance não é feito para ser encenado.
UNIDADE 9 – PARTE 2:
1)
O conto oral opõe-se ao conto literário escrito porque:
RESPOSTA: c)
não pode ser analisado em termos de linguagem fixa, pois sempre é recontado de formas diferentes.
RESPOSTA CORRETA
O conto oral, assim como o conto literário escrito, é uma narrativa breve. Em ambos, há opções de construção em termos de expectativa, personagens (que podem ou não ter aprofundamento psicológico no conto literário) e temáticas diversas. A distinção está na elaboração autoral, que cristaliza o texto literário na escrita. O conto oral é uma construção coletiva, e vai sendo contado com palavras distintas sempre que alguém se apropria da história.
2)
Ao definir um conto literário, qual característica é considerada específica a essa forma?
RESPOSTA: d)
Unidade de composição.
RESPOSTA CORRETA
O conto literário compartilha com os demais gêneros narrativos a necessidade de um narrador, que organiza a história no tempo (que pode ser cronológico ou psicológico), com maior ou menor tensão ou expectativa em relação ao desenvolvimento e ao desfecho. Pode apresentar uma moral, um ensinamento a partir de sua estrutura, ainda que isso seja mais comum nas narrativas de tradição oral. Mas o que realmente singulariza o conto é a concisão da ação dramática, sua composição focada em um núcleo de ação restrito, para direcionar bem a atenção do leitor.
3)
O escritor e teórico Ricardo Piglia (1986) refere que um conto costuma contar duas histórias. Tal aspecto pode ser percebido de que forma?
RESPOSTA: b)
Quando o narrador remete a uma personagem que conta uma história.
RESPOSTA CORRETA
Ricardo Piglia (1986) refere uma característica bem evidente do conto: a presença de um enquadre para algumas histórias. Assim ocorre quando uma personagem é apresentada pelo narrador e, em seguida, assume o foco narrativo, contando outra história, que, em algum momento, pode ou não se relacionar à narrativa inicial. De qualquer forma, todo conto apresenta múltiplas leituras, desdobramentos de sentido, ideias subjacentes, mas não são esses os elementos referidos pelo teórico nesse caso.
4)
Com base na leitura do trecho a seguir, como pode ser classificado o conto Consciência do mundo, de Samuel Rawet (2004, p. 65)?
​​​​​​​
"Morreria. Aterradora certeza há tanto alimentada. Transparente como o frasco suspenso graduando-lhe o soro. Pasmava-se com o espanto ante o irremediável, e ele nunca se poderia espantar já que há anos a ideia da morte bitolava-lhe os pensamentos em hora de crise. A questão é não comunicar. O instante de solidão acelera-lhe o pânico da lucidez. No quarto vizinho o cessar da cadeira de balanço indicava o cochilo da mulher, que a noite toda não largara sua cabeceira. (Só agora avalia o cansaço que representava para os outros.) O amigo descera, por certo, na busca de algum remédio. Quantos dias em modorra cansando e cansando-se? Morreria. Morreria. Um hiato na desagregação. Consciência de último instante, remanso entre vagas."
RESPOSTA: a)
Conto moderno.
RESPOSTA CORRETA
O trecho evidencia um narrador que entra na mente da personagem, que está próximo de morrer. Há uma tensão com a proximidade do momento. Note as frases curtas, as repetições. Não há ação da personagem, apenas o conflito pessoal em relação ao que se passa no seu entorno, características do conto literário moderno. O conto clássico apresenta um movimento das personagens, uma sucessão de episódios, sem focar de modo aprofundado no que se passa na mente da personagem. A mesma análise externa das ações se dá nos contos maravilhoso, fantástico e popular.
5)
Acerca de Machado de Assis contista, assinale a opção que apresenta uma afirmação CORRETA:
RESPOSTA: d)
Ainda que não tenha se dedicado aos contos de terror, pode-se notar em suas obras a influência de Edgar Allan Poe, no que se refere à tensão narrativa.
RESPOSTA CORRETA
Machado de Assis se destacou em todos os gêneros que explorou. Por isso, mesmo entre seus contemporâneos, já era considerado referência e um grande leitor, em especial de Edgar Allan Poe, cuja obra o incentivou a explorar o conto clássico (centrado em um episódio e focado nas ações das personagens) e, inclusive, reconhecer nesse gênero suas especificidades e dificuldades composicionais.
UNIDADE 10:
1)
Das opções a seguir, qual evidencia um aspecto que é comum tanto ao conto quanto à novela e ao romance?​​​​​​​
RESPOSTA: b)
A sucessão de ações no tempo e no espaço. 
RESPOSTA CORRETA
Conto, novela e romance têm distinções importantes, desde a extensão variável até níveis distintos de abordagem do enredo, se considerarmos sua evolução no Ocidente. No entanto, por se tratarem de prosa de ficção, em todos eles há o desenvolvimento de ação no tempo e no espação. O romance e a novela apresentam mais ações, enquanto o conto é mais restrito.
2)
Leia o trecho a seguir, retirado de A demanda do Santo Graal:
"Muito grande foi o lamento e o choro que fizeram os da cidade, quando viram rei Artur ferido, que bem cuidaram que estava ferido de morte. E ao pranto da rainha nunca alguém viu semelhante. Mas depois que olharam a chaga, ficaram mais confortados, porque disse o mestre que a chaga não era mortal, e que o daria muito logo

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