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1 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY ANTIDIABÉTICOS 8% da população adulta é diabética. Os sinais e sintomas só aparecem quando a glicemia atinge seus 140mg/dl em média. O valor de corte que caracteriza uma pessoa diabética é >125 (Diabetes mellitus). Os valores normais são de 60 a 99mg/dl. Entre 100 e 125mg/dl fica um ponto de interrogação, sendo um suposto pré-diabético. Com 125 até 130 ainda não há praticamente percepção do quadro, muitas pessoas são diabéticas e não sabem. Os sinais e sintomas vão começando a aparecer com queixa de emagrecimento, polidipsia, poliuria, fome, e a suspeita é confirmada pelo exame laboratorial. Daí a importância de relembrarmos do exame de sangue, já que a identificação de glicose na urina, geralmente, só acontece quando os valores no sangue estão em torno de 140mg/dl. O rim tem capacidade de reabsorver a glicose no túbulo renal quando a glicemia está na faixa de 120mg/dl e 130mg/dl- paciente com ausência de glicosúria-, embora o sangue já venha revelando o aumento da glicemia. A realização desses exames é essencial, visto que, o que mata em si não é a hiperglicemia, e, sim, suas consequências. O diabetes não tratado se manifesta mais tardiamente, através de alterações visuais, neuronais, renais, que comprometem a circulação, seja por intermédio de ligação proteica, ou então pela formação de poliois (como vimos na bioquímica, as lesões por histamina, com a formação do Sorbitol). Então, em face do problema de saúde pública, do número de pessoas no mundo todo, bem como a tendência de que esse número aumente, a produção de medicamentos para essa doença é impressionante. INSULINA INTRODUÇÃO A Insulina é produzida nas células Beta pancreáticas, essa, está armazenada em vesículas, em formato de pré-pró- ínsulina, à medida que a secreção vai sendo efetuada, essa se transforma em pró-insulina, e, essa se torna insulina. Antes de analisarmos a secreção da insulina, devemos ver os fenômenos que precedem essa secreção, visto que, essa célula precisa ser informada para secretar o hormônio. Fatores que influenciam a secreção de Insulina: O sensor não é apenas da glicose. Nós temos na membrana da célula Beta um receptor de glicose chamado de Glut2, e, além da glicose, temos hormônios, como Epinefrina, o próprio Glucagon, visto que, a medida que a glicemia cai, há necessidade de balanceamento fisiológico. Estimulações nervosas de modo geral, sistema vagal, como também receptores Beta que estão localizados na membrana da célula Beta. Aminoácidos, Ácidos Graxos, Potássio, os peptídeos intestinais, sendo as chamadas Incretinas, o GIP, o GLP-1, entre outros. Portanto, a quantidade de fatores que desencadeiam a secreção de Insulina é muito grande, não está restrita a glicose como poderíamos pensar. Vamos fazer uma continuação baseada principalmente na influência da glicose. Quando a molécula da glicose entra dentro da célula (valendo para qualquer célula), ela é marcada, já que o reconhecimento enzimático de moléculas de carboidratos se dá através de moléculas fosforiladas. Então, essa glicose, em qualquer célula, e, especialmente no caso da célula Beta, ela será reconhecida pela glicoquinase, formando glicose-6- fosfato, e essa da início às vias metabólicas, principalmente, a via glicolítica, na qual temos um aumento da relação entre ATP e ADP, isso permite uma regulação de canais de potássio que uma vez ativados, fecham a passagem do íon, ou diminuem o efluxo de potássio. Portanto, com a diminuição do efluxo de potássio, a membrana se torna despolarizada, e, em consequência, abrem-se canais de cálcio, com essa entrada, a vesícula se funde com a membrana da célula em um fenômeno chamado de exocitose, e, posteriormente, temos a secreção da Insulina. OBS: Chamando atenção para alguns canais de potássio e cálcio, vamos lembrar de uma das nossas ultimas aulas, especialmente a qual discutimos infecção por Anlodipina, em que uma mulher tentou suicídio ingerindo 100 comprimidos de Anlodipina, e, uma das primeiras características desse caso foi de uma hiperglicemia, onde um dos primeiros tratamentos foi com insulina. Fazendo ligação entre os fatos, o mecanismo de ação da Anlodipina é um bloqueador de canal de cálcio, o qual atua como anti-hipertensivo. Canal de cálcio está espalhado, quando se faz um bloqueio do canal de cálcio, não temos secreção de insulina. Antes da secreção a insulina está na forma de uma pró- insulina, há uma comunicação por um outro peptídeo, com o peptídeo A e o peptídeo B, daí esse peptídeo que liga as duas partes da molécula de insulina é chamado de peptídeo C. No momento da secreção, os dois se separam, o peptídeo C não tem atividade biológica, e a molécula da Insulina tem, mas o Peptídeo C tem uma importância muito grande para nós em termos de quantificação da Insulina. O hormônio ativo dura no sangue um tempo muito curto, após 5 minutos, basicamente, aquela insulina que foi secretada acaba perdendo o efeito, a meia-vida de eliminação é muito curta, tanto que é difícil avaliar a quantidade da Insulina secretada pelo pâncreas em função de sua rapidez de eliminação/perda de efeito, o que não acontece com o peptídeo C. Se você solicita em um laboratório a dosagem de Peptídeo C, você tem um valor aproximado da quantidade de hormônio que foi liberado. Isso é importante para avaliarmos o grau de disfunção de uma célula Beta. O diabético tipo 1 não produz Insulina, mas o diabético tipo 2 produz, a falha do diabetes tipo 2 não é por diminuição da quantidade de hormônio, mas uma falha na célula receptora, tanto que, no Diabetes tipo 2 a Insulina também pode ser usada, como é usada principalmente no Diabetes tipo 1. Temos então esse aspecto no laboratório clínico que permite ao médico avaliar a produção de Insulina pela célula Beta. Isso é muito interessante, visto que, ao fazer um DISCIPLINA FARMACOLOGIA II AULA 10- ANTIDIABÉTICOS PROFESSOR PAULO SIXEL 2 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY tratamento com insulina, por tratar-se um hormônio proteico, ele, evidentemente, não pode ser administrado por via oral, portanto, sua administração é subcutânea, ou então endovenosa através de bombas, mas no dia a dia do diabético, o tratamento é subcutâneo. Portanto, o paciente ao se autoaplicar, ou com alguém aplicando nele, aquela quantidade fica armazenada nesse tecido, em um depósito, e vai sendo liberada gradativamente. Portanto, quando analisamos a concentração da Insulina fisiológica com a farmacológica, nós temos aspectos diferentes. Ao comparar a via endovenosa, via enteral, a via oral teria secreção de insulina mais rápida, por via enteral, quando a glicose começa a circular pelo intestino delgado, já começa a haver liberação do peptídeo inibidor gástrico e do peptídeo GLP-1, peptídeo tipo glucagon 1. Então, antes da glicose alcançar a circulação sanguínea, o pâncreas já está sendo sinalizado, e a secreção de Insulina fisiológica na veia porta hepática, já que a glicose chegando ao intestino, ela será rapidamente absorvida pela veia porta hepática, e o fígado retêm praticamente toda aquela carga oral, já que o fígado está simultaneamente recebendo Insulina proveniente do pâncreas. Então no nosso período pós-prandial nos temos uma secreção de insulina e ela está aumentada especialmente mais na veia porta hepática em comparação a circulação sistêmica, ao contrário da administração terapêutica farmacológica, você injetou no subcutâneo a acabou formando um depósito, esse depósito vai liberando gradativamente e não há como interrompermos essa transferência, é um depósito que não obedece a controle hormonal nem neuronal, é uma “caixinha” que vai pingando o que tem ali dentro dela. O GLP-1 no diabético é produzido em menor quantidade, o GIP não, isso faz com que a própria secreção de insulina seja menor, tendo uma tendência a hiperglicemia. A insulina é um hormônio anabolizante, portanto, ele iráfavorecer a glicogênese, a lipogênese, a proteinogênese, a captação de potássio e, ao mesmo tempo inibe a glicogenólise a glicólise e a proteólise, e, inibe também a gliconeogênese. EFEITO IMPORTANTE DA INSULINA: AUMENTA A CAPTAÇÃO DE POTÁSSIO Todos esses efeitos decorrem de ações dos receptores insulínicos, que estão espalhados pelo organismo, mas, principalmente, no adipócito e no miócito. A molécula da Insulina é plenamente reconhecida por esses receptores, fazendo assim com que a glicose seja captada, e, sendo captada, a glicemia vai diminuindo, e aquelas células são simultaneamente ensinadas que é o momento de construir, o adipócito, forma triglicerídeo a partir da glicose, o miócito gasta o combustível, e, a tendência é que os valores glicêmicos caiam rapidamente. Foi mencionado o aspecto do potássio, já que, por exemplo, na clínica, em determinadas situações, iremos vivenciar casos de cetose, paciente diabéticos, que não são tratados, tem hiperglicemia, essa é a característica, então, devemos começar a lembrar, se ele não consegue usar o combustível que é a glicose, os combustíveis alternativos são triglicerídeos e proteínas, nesse caso, a prioridade é dada para os lipídeos, e, em segundo plano, as proteínas, então, começa haver uma lipólise e uma cetogênese, que leva a uma acidemia característica em uma cetose, um aumento da glicemia, aumento dos corpos cetônicos, diminuição do bicarbonato, diminuição do pH, e aí você observa que os valores de potássio estão normais, mas, ao dar Insulina para esse paciente, onde as vezes a glicemia está 400, 300 ou menos ainda, a glicemia vai diminuindo, cessa a produção de corpos cetônicos, o pH vai voltando ao pH normal, e, o potássio que estava aparentemente normal, ele entra dentro da célula, já que a Insulina promove captação de potássio, então, isso é uma coisa básica e fundamental, quando administramos Insulina, precisamos administrar potássio. INSULINA DEVE SER ADMINISTRADA JUNTO COM POTÁSSIO A calemia normal é aparente, quando você dá insulina, o potássio volta para dentro da célula, é importante repor ao extracelular, caso contrário, teríamos uma hipocalemia. O tratamento do diabético com Insulina sempre se recomenda alimentos com potássio, e caso não gostem de tais alimentos, devem fazer uso do cloreto de potássio na forma de comprimido, e isso é questão de opção, você pode gastar seu dinheiro, comprando laranja e banana, ou deixar 100 reais na farmácia por um comprimido de cloreto de potássio. Vamos usar a palavra insulina no plural, por muito tempo, a medicina humana utilizou as insulinas de pâncreas de porco e boi, porque são aquelas que tem mais analogia estrutural com a insulina humana. É uma proteína alvo que usamos diariamente, então isso leva algumas pessoas a quadros de hipersensibilidade, mas esse fenômeno foi devidamente contornado com o desenvolvimento do projeto genoma, antes dele, já havia sido isolado o gene humano responsável pela insulina, e, uma vez que esse gene foi identificado, ele foi transferido para bactérias E. coli, e hoje usamos no tratamento de Diabetes mellitus insulina humana que é obtida através de bactérias. A molécula da insulina foi modificada várias vezes, alterações sutis na molécula da insulina, podem fazer com que ela n]ao perca sua atividade, mas altere suas características farmacocinéticas. Quando mudamos um aminoácido na cadeia de uma proteína, dependendo da localização desta mudança, o efeito hormonal não é alterado, mas sim o ponto isoelétrico da proteína, com isso, temos alteração de solubilidade, fazendo com que algumas derivações possam ter permanência no organismo mais rápida e outros fatores. TABELA 3 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Regular, NPH e Protamina são as mais antigas que conhecemos. As de ação ultra rápida e ultra lenta são as mais modernas que surgiram por modificações de aminoácidos nas cadeias peptídicas, e o nome delas dá uma pista para nós do que foi modificado, por exemplo, na palavra “Lispro” estão embutidos símbolos de 2 aminoácidos, essas Insulinas foram modificas estruturalmente, preservaram sua atividade, mas mudaram seu perfil isoelétrico, consequentemente, alterando sua duração de efeito. As que são mais usadas na clínica médica são a Regular e a NPH. NPH é muito usado para paciente idoso pelo fato da dificuldade ao se auto-aplicar, as vezes precisa de terceiros que o façam, e então para facilitar a vida de todo mundo, é melhor usar o medicamento uma vez ao dia do que 3 a 4 vezes. Embora, o controle com uma única dose não seja perfeito, o ideal é quando podemos usar mais de um tipo e controla-se a glicemia nas 24horas do dia, o NPH tem uma duração de 16 a 24h mas ele não compre as 24 horas completamente. Comparando a NPH com a Regular, a Regular tem uma duração de 5 a 8 horas apenas, então, muitas vezes, você tem associações em que inicia com a regular, e, depois complementa com a NPH, na prática temos várias complicações, que não iremos entrar em detalhes, mas teremos na endocrinologia, e, certamente, isso será colocado em discussão, a necessidade de ser feito um tratamento mais amplo, e termos a disposição diversas insulinas para serem efetuadas. Temos também regras básicas para isso, pensando no início do dia, um indivíduo despertou, supondo que isso se dê as 7 da manhã, e antes de fazer qualquer tipo de refeição, ele se autoaplica ou alguém aplica nele algumas unidades de insulina, então, vejamos que insulina é proteina, produto biológico conhecido a quase um século, não se prescreve Insulina em mg, e sim em unidades. Supondo 30unidades de insulina para controlar a glicemia dele, o início de efeito 1h e 30min depois, então, 30min depois da administração da insulina, já começa a acontecer a ingestão do alimento. No caso da Regular, o início de efeito é de 30 minutos, então, você se alimenta 30 minutos antes, porque aí é uma coincidência, como a glicose está sendo liberado no intestino delgado, começa a acontecer absorção, com a liberação da insulina do depósito do subcutâneo, já que nesse, a liberação é na circulação sistêmica, ao contrário da secreção fisiológica, que é na porta hepática, só que a Regular vai durar de 5 a 8horas, então, é possível que uma pessoa com consciência, tenha condições de controlar sua glicemia através do glicosímetro, e aplica uma quantidade de unidades satisfatória da Regular. Analisando a tabela, e tomando como exemplo a insulina regular, o momento de maior risco de hipoglicemia no paciente é na hora do pico de seu efeito, portanto, é esperado que se a pessoa comeu de menos, ou se exercitou demais, essa possa ter um pico glicêmico porque coincide com a intensidade máxima na circulação. A vida do diabético deve ser muito controlada, quantidade de comida pré-determinada, e hábitos do dia a dia sem grandes alterações. Uma pessoa que usa as 7 da manhã 30unidades de Insulina, as 7:30 comeu uma quantidade balanceada de carboidratos e outras coisas mais, vai de carro/ônibus para o trabalho e faz isso por semanas e meses, um belo dia, seu carro quebrou e ela decide caminhar até seu trabalho, nessa, gasta-se combustivel fisiológico, se não for feita uma reposição de alimentos, tem-se maior risco de hipoglicemia, por isso, deve-se andar com uma banana dentro da bolsa, e tem que aprender os sinais e sintomas da hipoglicemia. Alguns profissionais inclusive, provocam hipoglicemia na pessoa para que ela aprenda por si própria. A pessoa irá ficar agitada, ansiosa, sua visão ficará embaçada, apresentará sudorese, sendo todos esses sintomas de uma descarga adrenérgica. Uma pessoa no frio com a camisa molhada de suor, é um indício de uma hipoglicemia, portanto, deve-se andar com uma banana na bolsa e caso não esteja na hora do lanche, esse deve ser antecipado, já que esse processo pode levar até ao coma, um diabético pode ir a morte por conta de depressão respiratória. (*o quadro deve ser guardadocom muito carinho) No comércio, existem ASSOCIAÇÕES entre as Insulinas da tabela, por exemplo, associação da NPH+Regular na mesma ampola/frasco tem-se os dois, portanto, temos uma que faz um início de efeito rápido, e sua duração é menor, e ela vai sendo complementada. As ultra lentas e ultra rápidas são muito caras, então, não são Insulinas que se dispõe no SUS, o paciente deve desembolsa- las ao final do mês. NPH é símbolo de uma instituição onde foi desenvolvida, essa, trata-se de uma Protamina neutra, porque nós temos uma Protamina com zinco, que é a chamada Protamina zinco, o zinco favorece que os monômeros da insulina formem dímeros, trímeros, tetrâmeros e assim por diante, é fácil entendermos. Imaginando vários triângulos representando uma subunidade da molécula de insulina, na presença do zinco, essas unidades (favor não confundir unidade da dose com unidade estrutural) ela pode formar um dímero, como pode formar um trímero, como pode formar um tetrâmero. Quanto maior o número dessas combinações, ela vai ficando mais insolúvel, dessa forma, ela se deposita por tempo maior. OBS: Na administração diária, a via é subcutânea, e nas emergências endovenosas, quando se faz administração subcutânea, é importante alternar o local porque com a continuidade das aplicações no mesmo local, há o risco de se formar o fenômeno de LIPODISTROFIA. Essa, pode ser uma lipoatrofia, ou ainda pode ser uma lipohipertrofia, em uma lipoatrofia, o tecido subcutâneo faz uma concavidade, um lipohipertrofia, o tecido subcutâneo faz um “montinho”, isso se fosse aplicado no mesmo local, por esse motivo sempre se alterna. Alterna-se na face posterior da coxa, no abdome, no braço, e, também nas nádegas. A lipoatrofia acontecia muito com as insulinas de porco ou de boi, é um fenômeno alérgico, reação de natureza anafilática localizada, e, como não se usa mais insulina de porco, muito menos a de boi, a lipoatrofia não é mais observada, mas hipertrofia, decorre de efeito anabólico, especialmente lipogênese. Se você infiltra, em um mesmo local durante um tempo muito prolongado, aquela região começa a formar depósitos de triglicerídeos. 4 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY SE VOCÊ ALTERNA OS LOCAIS PARA APLICAÇÃO DA INSULINA, VOCÊ NÃO A LIPO HIPERTROFIA Um fenômeno também muito interessante relacionado a administração da Insulina é relacionado ao momento do dia, aqui nós temos mais uma vez, um exemplo clássico de variação circadiana. Fazemos um teste para diagnóstico de Diabetes mellitus chamado Teste de Tolerância Global a Glicose, paciente as vezes está com a glicemia pelo 100 e 120, sendo o chamado pré-diabético, e, então, você quer saber se ele tem uma tendência para desenvolver o diabetes ou não, e podemos tirar a dúvida. Esse teste foi visto na bioquímica, uma pessoa em jejum ingere uma carga de glicose, onde o padrão são 75g de glicose, e de acordo com a glicemia de 2horas depois daquela carga de glicose, você tem um perfil se a pessoa tem ou não tendência ou ainda se já é diabética. Se você faz o exame pela manhã, começa com 80, e depois retorna ao seu patamar. Quando fazemos o exame de manhã, é isso, se fizemos pela tarde, será diferente. A capacidade hipoglicemiante da insulina é maior pela manhã, isso é o que contribui para acordamos de manhã, administrarmos o paciente, e ao comer de menos, andar demais, ou ainda ter esquecido de comer, coincide com a capacidade fisiológica, sendo contribuição da cronofarmacologia. CAPACIDADE HIPOGLICEMIANTE DA INSULINA É MAIOR PELA MANHÃ OUTROS FARMACOS ANTI DIABÉTICOS HIPOGLICEMIANTES 1)SULFONILURÉIAS Temos aqui um grupo de anti diabéticos que são chamados de HIPOGLICEMIANTES. É importante fazermos essa distinção porque nem todo antidiabético trata-se de um hipoglicemiante, essa palavra vem de uma derivação de hipoglicemia. Os valores de corte são abaixo de 60, quando o paciente vai chegando próximo a 40 começa a surgir os sinais e sintomas da hipoglicemia, nem todo antidiabético provoca hipoglicemia, vamos começar a discutir antiglicemiante com as SULFONILURÉIAS, essa, trata-se de uma família com vários membros. Aqui temos fármacos de várias gerações CLORPROPRAMIDA é um exemplo antigo, e hoje em dia, praticamente não está sendo usada no mercado farmacológico, essas foram substituidas por GLIBENCLAMIDA, GLIPIZIDA e GLICAZIDA, chamo atenção aqui para o seguinte detalhe, após Glibenclamida, GLIBURIDA foi colocada entre parenteses. A nomenclatura internacional, a qual o Brasil faz parte, utiliza a primeira expressão, o americano gosta de ser diferente, e usa a segunda nomeclatura. Todas as Sulfonilureias atuam fazendo fechamento de canal de potássio, a diferença entre Clorpropamida e as outras é o sítio de ação, falamos canais de potássio, sendo esse um canal proteico, e esse tem vários locais que uma substância pode interagir. TODAS AS SULFONILURÉIAS INIBEM CANAIS DE K Por inibirem canais de K, consequentemente, diminuem o efluxo de K, levando ao aumento da condutância de cálcio, logo, secreção de insulina. Raciocinando em termos de mecanismo de ação em paciente diabético, tendo Diabetes mellitus tipo I, não há indicação dessa classe, já que nessa Diabetes há ausência de produção de insulina, e a Sulfoniureia precisa que a célula Beta esteja funcionante. SULFONIURÉIAS NÃO SÃO UTILIZADAS EM DIABETES TIPO I A diferença entre os fármacos desse grupo são a respeito do canal de potássio ser mais ou menos específico da célula Beta, canal de potássio está presente em todas as células, portanto, percebemos que a utilização em doses indevidas pode afetar canal de potássio em qualquer célula, diminuindo efluxo de potássio, fazendo despolarização e alterando o potencial ionico da membrana. A Clorpropamida foi perdendo sua utilização devido sua atividade cardíaca. CLORPROPAMIDA TEM MAIS EFEITO ADVERSO CARDÍACO PERGUNTA: Você tem um paciente com Diabetes mellitus II, na faixa de 40 anos, tem obesidade, IMC elevado, maior risco de IAM, consequentemente. Nesse caso, Sulfoniuréia é ou não indicada? A Insulina é anabolizante, se a Sulfoniuréia favorece a ação da Insulina, a Insulina vai tirar a glicose do sangue, vai transforma-la em glicogênio mas vai transformá-la também 5 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY em gordura, em triglicerídeo, portanto, se ele já é obeso, só tende a aumentar sua massa corporal. Temos uma substância usada para o Diabetes a qual pode ser contra- indicada se relacionada a outras enfermidades. 2)METIGLINIDAS Fazem a mesma ação que as Sulfoniluréias, mas tem uma diferença sútil entre os dois, essa diferença notável é com referência ao tempo de duração do efeito. Ambos inibem o canal de potássio, em locais diferentes, mas tem também propriedades farmacocinéticas diferentes. As Metiglinidas são de curta duração de efeito, enquanto a Sulfoniluréia dura cerca de várias horas, devendo ser feita uma dose por dia, no máximo duas, a Metiglinida é usada conforme a alimentação, uma refeição, uma dose. Se você almoçou, você usa o medicamento naquele momento. Se você come, você tem secreção de insulina, se você não come, você não tem. METILGLINIDAS TEM TEMPO DE AÇÃO CURTO, APESAR DE TER O MESMO MECANISMO DE AÇÃO DAS SULFONILURÉIAS SENSIBILIZADORES DE INSULINA (ANTI- HIPERGLICEMIANTES) 1)BIGUANIDAS Um outro grupo, talvez o mais praticado, sejam os SENSIBILIZADORES DE INSULINA e então temos a família das BIGUANIDAS mas essa família só tem um membro, que é a METFORMINA. Essa, trata-se do anti-diabético mais usado no Brasil, e, talvez em todo mundo, ela é altamente eficiente, barata e segura. Outras Biguanidas existem, mas foram retiradas do mercado em função de acidose láctica, que é um tipo de acidose metabólica, outras Biguanidas, quando utilizadas para o paciente, apresentaram quadro de acidemia. Essa, não é hipoglicemiante, e sim, um sensibilizador de insulina, ou seja,um ANTI- HIPERGLICEMIANTE, ambos vão permitir uma regulação da glicemia, mas a Sulfoniuréia pode provocar hipoglicemia, ou seja, os valores basais podem ser inferiores a 60. Com o Sensibilizador de Insulina, o efeito é anti-hiperglicemiante, ele impede o aumento súbito da glicemia, tendo efeito sistêmico verificado mesmo que você não esteja na presença do alimento. PODEM SER UTILIZADOS SEM A PRESENÇA DO ALIMENTO Podemos resumir rapidamente o mecanismo de ação da Metformina, sendo a inibição da gliconeogênese. Muitas sugestões foram feitas sobre o mecanismo de ação, quando se estuda uma substância nova, temos métodos in vitro e in vivo, sendo uma análise in vitro, podemos ter uma propriedade caracterizada, mas isso não significa que aquela propriedade seja responsável pelo efeito terapêutico, então, com relação a Metformina, temos muitas prováveis ações, e só recentemente ficou uma comprovação aceita uniformemente, um mecanismo de ação que explica os fenômenos sem bater com os demais, é uma inibição da gliconeogênese que pode ser traduzida por uma inibição da enzima chamada Glicerol-3-fosfato-desidrogenase. MECANISMO DE AÇÃO DA METFORMINA CONSISTE EM INIBIÇÃO DA ENZIMA GLICEROL-3-FOSFATO- DESIDROGENASE, OU SEJA, INIBIÇÃO DA GLICONEOGÊNESE Essa é uma enzima chave da gliconeogênese. A gliconeogênese consiste em produção de glicose a partir de compostos não carboidratos. Então, devemos pensar o seguinte, em jejum, começo a metabolização de gorduras e proteínas. Pensando no adipócito, temos uma reserva de triglicerídeos, esses, começam a ser hidrolisados, e os ácidos graxos vão formar os corpos cetônicos. Nosso glicerol irá formar glicose. Esse Glicerol, inicialmente é transformado em Glicerol-3-fosfato, e essa enzima glicerol-3-fosfato- desidrogenase que irá transformar em di-hidroxicetona fosfato, e essa entra então na formação da glicose. Portanto, se nossa Metformina diminui atividade dessa enzima, não se forma di-hidroxicetona, e, consequentemente, não se forma glicose. É uma atividade específica da Metformina na enzima da mitocôndria, ela não afeta sua isoforma no citosol. Isso, gradativamente, faz o indivíduo ter uma perda de peso, por isso é importante que o paciente seja informado da importância do exercício físico. Inicialmente, a pessoa tem uma indisposição gástrica, sente um gosto metálico, e tem redução de ativação da Vitamina B12. Vitamina B12 é um fator extrínseco, então, se você usa medicamentos no tratamento da gastrite, úlcera péptica, você diminui a secreção de HCl, e, consequentemente, reduz a absorção de B12, mas você tem um estoque guardado de B12 e mantém. Se você está tomando uma substância inibidora da secreção do ácido, há contrassenso em fazer uso de B12 por via oral. Pacientes diabéticos precisarão de reforço, mas não significa que precisa de B12 injetada no músculo, e sim de uma alimentação que a tenha, juntamente ao potássio. 2)TIAZOLIDINEDIONAS (“GLITAZONAS”) Vamos analisar, juntamente aos sensibilizadores de insulina as TIAZOLIDINEDIONAS, vulgarmente chamadas de GLITAZONAS. Esses medicamentos surgiram mais ou menos ao final do século passado, foram vistos como verdadeiras obras primas no tratamento do Diabetes mellitus. O mecanismo de ação das Glitazonas irá nos remeter ao mecanismo de ação dos Fibratos, os quais são usados no controle das hipertrigliceridemias, o mecanismo de ação desses é aumento da expressão gênica, atuando como agonistas de receptores de peroxissoma, portanto, são substâncias que ao interagirem com genes irão resultar no aumento da expressão de várias lipoproteínas, e no caso das Glitazonas, é aumento da expressão de enzimas do metabolismo lipídico, favorecendo a glicogênese, a lipogênese, são fármacos que interferem no nosso DNA. Teoricamente, quando esses foram lançados tinham como característica uma grande eficácia no tratamento do diabetes, mas sua eficácia não pode ser confundida com 6 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY segurança. Tem um exemplo chamado de ROSEGLITAZONA a qual foi uma das primeiras -glitazonas a serem utilizadas, e quando essa estava sendo estudada clinicamente, foi observado que o grupo placebo tinha uma menor incidência de iam do que o grupo teste, fazendo com que esse ensaio fosse interrompido. Com a PIOGLITAZONA, isso não foi provado, entretanto, elas fazem parte do mesmo grupo. INIBIÇÃO DA GLICOSIDASE 1)ACARBOSE Entre os anti-diabéticos, talvez os mais seguros de todos, sejam aqueles que fazem inibição da glicosidase. Temos um exemplo, a ACARBOSE. A glicosidase é uma enzima que tem como substrato glicídios com ligação do tipo alfa, sendo uma esterase que quebra ligações glicosídicas. Então, se comemos amido, esse é um polímero da glicose que tem ligações glicosídicas do tipo alfa. Sacarose é outro tipo de glicídio, em que a molécula da glicose está ligada a molécula da frutose. Então, essas ligações são de natureza alfa. No nosso tubo digestório, nós temos nas bordas de escova das nossas células dos enterócitos, as glicosidases, então, se eu diminuo a atividade das glicosidases, amido e sacarose fica acumulado na luz intestinal, tendo efeito anti- hiperglicemiante, sendo eficaz exatamente no período pós- prandial, portanto, irá afetar principalmente a circulação porta hepática, diminuindo o aporte de glicose do intestino para o fígado. O efeito colateral mais comum desse fármaco será diarreia, flatulência e desconforto abdominal, se os glicídios não são hidrolisados, eles se acumulam, passam para o intestino grosso, as bactérias irão fazer uso dele, então, por osmose temos diarreia, e a fermentação bacteriana gerando gases. Acarbose pode ser associada com os outros fármacos explicados anteriormente. A diabete trata-se de uma doença que o tratamento é difícil, e, por mais que o paciente siga as orientações, reduzindo a quantidade de alimentos, fazendo uso no horário e na quantidade certa da medicação, nós sempre temos variações da glicemia. SULFONIURÉIA + ACARBOSE: Pensando na possibilidade de um paciente estar fazendo uso de uma Sulfoniuréia e Acarbose, levando em consideração que a sulfoniuréia tenha provocado uma hipoglicemia no paciente, ele chupa uma bala e seus sintomas não melhoram. Uma bala não tem glicose pura, ela tem sacarose, e pelo efeito da Acarbose, essa não será hidrolisada adequadamente para sair do estado de hipoglicemia. INCRETINOMIMÉTICOS De uns anos para cá, o que foi a grande novidade do mercado foram os INCRETINOMIMÉTICOS. O mimetismo é uma imitação, portanto, essa é uma substância que provoca efeitos semelhantes às Incretinas, essas, são os Peptídeos tipo Glucagon gástrico, e, Peptídeos tipo glucagon 1. Essas Incretinas estão sendo secretadas no intestino, portanto, quando fazemos a ingesta alimentar, antes mesmo da glicose ser encontrada na circulação sanguínea, o intestino já está sinalizando para o pâncreas secretar Insulina, esse é o papel das Incretinas. Então, temos 2 tipos de Incretinomiméticos (assim como temos 2 tipos de parassimpáticomiméticos). 1)AGONISTAS DO GLP-1 Os agonistas do GLP-1 atuam no mesmo receptor do GLP-1. Esses, são administrados por via parenteral, uma medicação que pode ser efetuada a cada 15 dias, e têm sido usadas hoje para fenômenos que não constavam no protocolo real. Foi observado que quando o paciente usa um agonista do GLP- 1, ele passa por uma perda de peso de aproximadamente 1kg por mês, em poucos meses a pessoa pode perder 6 a 7kg, por isso, algumas pessoas começaram a usar esses fármacos para tratamento da obesidade, sem que fosse feito ensaio clínico. 2)INIBIDORES DO DPP-4 Essas Incretinas são metabolizadas rapidamente por meio de uma enzima chama dipeptidilpeptidase- 4 (DPP-4), quando a Incretina é secretada ela tem duração de 1 ou 2 minutos, não mais do que isso, então, ela pode ter seu efeito aumentado se nós administrarmos no organismo o inibidor da enzima, então, se eu tenho uma substânciaque atua como inibidora da DPP-4, no sangue irão aumentar as Incretinas. Esses, são chamados de GLIPTINA (*tem que decorar esses nomes todos os dias). Esses, são usados por via oral, e já caíram em domínio público, já encontramos no comércio Gliptinas com nome genérico, e os comerciantes, com intuito de venderem medicamentos, já que não podem colocar nomes comerciais em uma substância de domínio público, criaram associações, quando criamos associações, criamos produtos novos de fármacos velhos. SITAGLIPTINAS + METFORMINAS: Agora virou moda uma associação entre essas duas substâncias, ao levar um Diabético no consultório, irá sair com uma receita de Sitagliptina+Metformina. Eles já fazem de propósito, colocam uma dose de Sitagliptina que não é encontrada em fármacos genéricos (diferenças sutis para “enganar” os consumidores). OBS: Devemos perceber a relação entre os Incretinomiméticos e o tratamento do Diabetes. Os agonistas favorecem a secreção de Insulina, e a Gliptina aumenta a duração de ação dos agonistas do GLP-1. GLICOSÚRICOS Podemos finalizar com os GLICOSÚRICOS. Relembrando a fisiologia renal, o sangue é filtrado no glomérulo renal, a glicose passa, mas essa é reabsorvida no túbulo proximal, isso faz com que quando temos uma glicemia, até cerca de 130 e 140 o rim reabsorve completamente, mas, não reabsorve quando a glicemia ultrapassa 140 em média. Todos nós temos um limiar diferente um para o outro. Para uns é 140, para outros é 150, mas nessa faixa, o rim tem capacidade de reabsorver e acima dela não. Isso é plenamente esperado já que a glicose é uma molécula hidrofílica, ela não atravessa membranas celulares por difusão simples, ela usa um transporte especializado, por 7 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY proteínas, e essa é saturada, portanto, se eu tenho uma carga no túbulo renal que excede a capacidade de reabsorção, o excedente fica retido no túbulo e vai sair na urina. Portanto, os Glicosúricos são moléculas que vão favorecer a excreção maior da glicose, sendo o caso da DAPGLIFOZINA e CANGLIFOZINA. Então, se tivermos uma glicemia elevada, o medicamento interfere diretamente nos mecanismos tubulares renais, fazendo com que essa absorção seja diminuída, com isso, a glicose passa a ser agora excretada, fenômeno chamado de glicosúria. Quando estivermos na clínica, estudando particularmente o Diabetes mellitus, tomaremos conhecimento sobre a utilização de todos esses fármacos. IMAGEM DO QUADRO FINAL
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