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LORENA OLIVEIRA RESUMO CHC SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA ANAMNESE · Queixa principal - Dor: pode estar associada a uma lesão elementar como nas úlceras. - Prurido: presente em dermatoses inflamatórias, como escabiose (prurido predominantemente noturno), eczema de contato, urticária, pele seca. - Ardor: decorrente de queimaduras solares, como a de primeiro grau. - Lesão elementar (principal queixa em geral) · Classificação do fototipo: cor x fototipo - Cor: definido pelo paciente (branco, pardo, preto, amarelo...) - Fototipo: Definido pelo profissional Classificação de Fitzpatrick: OBS: Fototipo I e II: diferença dada pela coloração dos cabelos e pelos. Fototipo I: cabelo ruivo; Fototipo II: cabelos loiros ou castanho claro. EXAME FÍSICO - Iluminação adequada, de preferência natural - Realizado no sentido cefalo-podálico - Inspecionar a queixa principal e todo tegumento ao redor (anterior, lateral e posterior). Inspecionar próximo (detalhes) e a distância (ver o conjunto). - Correlaciona os achados do tegumento com os da mucosa (usado para a determinação da cor da pele) - Realizar a limpeza previa das lesões - Manter a biossegurança do examinador Exame físico: inspeção e palpação · LESÃO ELEMENTAR Qualquer modificação do tegumento comprometendo sua integridade. Pode ter várias origens: traumáticas, neoplásicas, inflamatórias e degenerativas. · Aspectos Dermatológicos – características das lesões elementares Nem toda lesão elementar possui as 12 características! Por isso, torna-se fundamental conhecer a lesão elementar para descreve-la da melhor forma possível. 1.Tipo de erupção: quantidade de diferentes tipos de lesão elementar que uma queixa principal possui. - Monomórficas: um tipo de lesão elementar, ex: herpes simples (apenas vesículas) - Polimórficas: mais de um tipo de lesão elementar, ex: asa de borboleta (lúpus eritematoso sistêmico – doença autoimune, observa-se eritema e descamação). 2. Distribuição: região do corpo que a lesão elementar está inserida. - Localizada: restrita a uma região do corpo - Generalizada: presente em todo o corpo, EXCEÇÔES: palmo, plantares e couro cabeludo. - Universal: presente em todo o corpo - Agrupadas (coalescentes e confluentes): em conjunto e próximas umas das outras. Coalescentes: se fundem e perdem a sua individualidade, aspecto semelhante à de qualhada. Confluentes: se aproximam mas matem sua individualidade. 3.Simetria: pode-se levar em consideração os lados do corpo ou através de uma linha tracejada na lesão, comparando os lados desta. - Simétrica: ex: vitiligo - Assimétrica: ex: melanomas 4.Tamanho: descrito sempre em centímetros. Levando-se sempre em conta o maior diâmetro da lesão. 5.Limite: em relação ao examinador conseguir identificar onde começa e onde termina uma lesão elementar. Ex: eritema anular centrifugo. - Nítidos: ex: eritema anular centrífugo - Não nítidos: ex: eritema nodoso 6.Cor: depende da lesão elementar, podendo ser: violácea, nacarada, esbranquiçada ou acastanhada. 7.Organização: padrão que a lesão segue. - Linear: ex: estrias - Zosteriforme: são também lesões lineares, mas que acompanham dermátides, ex: herpes zoster - Herpetiforme: vesicular em conjunto, ex: herpes genital, ou qualquer outro tipo de herpes - Reticulada ou retiforme: em formato de rede, ex: livedo reticular 8.Arranjo lesional: morfologia da lesão. - Anular – presente nas sarcoidoses - Numular – totalmente preenchido, presente no eczema - Circinada – presente nas dermatofitoses - Em alvo/íris- eritema multiforme - Serpengitoso – larva migrans - Gutata – psoríase 9.Relevo: característica intrínseca das lesões de conteúdo sólido 10.Superfície: dada a partir da palpação, podendo ser lisa, áspera, rugosa. 11.Contorno ou borda: uma lesão nunca tem contorno e borda, ou um ou outro. - Contorno: regular ou irregular - Borda: SOMENTE PARA ULCERAÇÕES. Características: elevada, edemaciada, hiperemiada. 12.Localização: sempre descrita por último de acordo com algumas literaturas. · Tipos De Lesão Elementar 1.Lesão por modificação de cor - Manchas/máculas: mudança de cor localmente, sendo estas planas. - Melânicas: quando pigmento envolvido é melanina, podendo ser hipercrômica (ex: melasma), hipocrômica (ptiríase ou pano branco) ou acrômica (vitiligo) - Não melânicas: Por pigmento endógeno: ex: icterícia Por pigmento exógeno: ex: tatuagem 2.Lesão por alteração vascular - Transitórias: Eritema: vasodilatação local tornando a pele avermelhada. Ex: eritema pigmentar fixo. Quando o eritema acomete mucosas, por exemplo, faringotonsinite, pode ser chamado de enantema. Cianose: coloração azul-arroxeada da pele, devido ao aumento >5% de concentração plasmática de hb reduzida. Pode ser periférica (extremidades- problemas de perfusão sanguínea) ou central (lábios e mucosas, denominada cianema – características de doenças cardiovasculares) - Permanentes: Angioma: aumento da concentração de vasos em uma determinada região. Pode ser relevo ou plano. Telangiectasias/aranhas musculares: caracterizadas pela dilatação permanente de microvasculaturas, comum na face de idosos, e pacientes hepatopatas. Nervo anêmico: lesão esbranquiçada por conta de uma vasoconstrição local pelo excesso de catecolaminas, como adrenalina na região. É um diagnóstico diferencial da mancha hipocrômica, diferenciados por meio do teste de fricção, caso a lesão fique vermelha trata-se de uma mancha hipocrômica, se permanecer esbranquiçada é nervo anêmico. 3.Lesões purpúricas: ocorrem por extravasamento sanguíneo a nível de derme e raramente hipoderme. - Petéquias: caráter avermelhado puntiformes, distribuídas de maneira múltipla - Vibice: lineares, sempre relacionadas ao trauma - Equimose: formato de lenço, plana e extensa. - Hematoma: sempre relacionada com trauma, tem abaulamento. 4.Lesões de conteúdo sólido - Por acumulo de células: Pápula: proliferação celular a nível de epiderme ou derme superficial tornando esse caráter puntiforme da lesão, ex: molusco contagioso Tubérculo: >0,5 cm, ocorre por meio de infiltração celular na derme. Evolui com cicatriz, ex: hanseníase Nódulo: lesões mais palpáveis que visíveis, ocorrem devido proliferação celular a nível de derme ou hipoderme. Cisto: consistência amolecida, revestido por camada de tec. epitelial Goma: passa por 4 fases : endurecimento- infiltração celular a nível da hipoderme amolecimento- necrose central esvaziamento – eliminação do conteúdo necrótico por meio de fistula ou ulcera reparação – reposição do espaço vazio por fibrose .ex: furúnculo Nodosidade: nódulos >3cm Vegetação: ocorrem devido exteriorização das papilas dérmicas ou cones interpapilares Verrucosa: seca, espessamento da camada córnea Condilomatosa: regiões de mucosa de pele úmida, camada córnea preservada, ex: verruga genital - Por espessamento cutâneo: Ceratose/queratose: espessamento da camada córnea ex: ceratodermas palmo-plantares Esclerose: hiperproliferação de colágeno, aspecto brilhoso e de difícil pregueamento, também caracteriza a face esclerodérmica, com aspecto apergaminhado. ex: esclerose sistêmica Liquenificação: ocorre por espessamento da pele, evidenciando dos seus sulcos, ex: comum em pruridos crônicos Infiltração: hiperproliferação celular ao nível de derme ou hipoderme, pode ser por processos neoplásicos ou inflamatórios. - Placa: lesão elementar de conteúdo sólido elevada, em platô, que surge como consequência da confluência de numerosas pápulas Arranjo de várias lesões elementares reunidas. Ex: psoríase: eritema e escamas 5.Lesões de conteúdo líquido - Por acumulo circunscrito: Vesícula: conteúdo citrino ou seroso, < 1 cm, ex: herpes simples Bolha: > 1cm, mesmo conteúdo da vesícula, podem ser intra ou subepidérmicas. Pústula: diversos tamanhos, com acumulo purulento, ex: foliculite - Por acumulo não circunscrito: Urtica: devido a processo inflamatório local – desgranulação de mastócitos e liberação de substancias vasoativas como histamina. Varia de cor esbranquiçada ou anêmica, até eritematosa, e é uma lesão elevada. Ex: urticária Ponfo/seropápula:pápula encimada em uma vesícula ou bolha, ex: estrófilo (picada de inseto) Edema: distúrbio onco-hidrostático: depressível, ou seja, terá cacifo positivo, edema frio, que ocorre por conta de patologias, como insuficiência cardíaca e renal Linfedema: rígido e frio, clássico da filariose Inflamatório: depressível e quente, cursando com todos os sinais flogisticos, ex: erisipela 6.Lesões por perda de continuidade - Erosão: perda aperas da epiderme, ex: escoriações – causadas por trauma - Exulceração: perda de continuidade até a derme papilar - Ulceração: perda de continuidade de tecidos mais profundos, abaixo da derme papilar (como hipoderme, tendões, músculos, ossos, tecido gorduroso) Terebrante: profundidade > extensão, ex: leishmaniose cutânea Fagedência: extensão > profundidade. **Ulcerações tem borda e fundo - Fissuras: continuidade lineares, profundidade variáveis, ex: fissura plantar, não ocorre por objeto cortantes. - Fístula: comunicação entre duas cavidades drenando um conteúdo purulento, hemático ou necrótico, ex: fistula cutânea. 7.Lesões caducas: descamação espontânea da pele - Escamas: descamação da epiderme Laminares: em formato de lamina, ex: psoríase Furfuráceas: formato de pó, ex: caspa - Crosta: ressecamento de exsudato Melicérica: exsudato purulento, ex: impetigo infantil Hemática: exsudato for sangue Serosa: exsudato for plasma - Escara: ultimo grau de necrose tecidual, lesão de caráter negro 8. Lesões sequelares - Atrofia: diminuição da espessura da pele em qualquer uma de suas camadas, ex: estrias - Cicatriz: substituição do tecido lesionado por tecido fibrótico Atrófica: a reposição forma uma depressão entre a cicatriz e apele natural (cicatriz abaixo do nível da pele), ex: pós acneica Hipertrófica: tecido fibrotico respeita o posicionamento da lesão, mas se prolifera de maneira acentuada. Queloidiana: tecido fibrotico ultrapassa os limites das lesões SEMIOLOGIA ARMADA Facilita diagnostico de algumas doenças dermatológicas. Curetagem metódica de broca: para lesões eritemato-descamativas. Analisa sinal de Vela e Auspitz. É utilizado para o diagnóstico de psoríase. Cureta para atritar a superfície das lesões observando dois possíveis sinais - Sinal da vela: aparecimento de escamas micáceas, esbranquiçadas. - Sinal de Auspitz: levantamento de uma membrana que recobre os ápices papilares e evidencia a formação de um orvalho sanguinolento. Sinal de Zileri e sinal da unha: Realizados em manchas hipocrômicas para o diagnóstico de pitiríase versicolor. Ocorrerá uma descamação fina e furfurácea. Sinal de Zileri: estiramento peri-lesional. Lesão eritematosa: ocorre um aumento do fluxo sanguíneo local Lesão purpúrica: extravasamento do conteúdo hemático de dentro do lúmen do vaso para o interstício, independe da pressão exercida na lesão e do colabamento dos vasos sanguíneos, não haverá alteração da coloração da lesão Diascopia ou vitropressão ou digitopressão: utilizada para distinguir lesões eritematosas de lesões purpúricas, a partir de uma pressão na pele feita com uma lamina de vidro ou a própria polpa digital. Sinal de Nikilsky: utilizado para o diagnóstico de doenças bolhosas. Pressionado através de uma lesão peri-lesional, observa-se um descolamento da epiderme, ou seja, rompimento ou desprendimento das bolhas. Esse sinal as características variam de acordo com a profundidade da lesão. Teste da urticação: consiste no atrito de uma lesão maculo-papula para o diagnóstico de mastocitose cutânea, estimulando a formação de uma lesão ponfosa (sinal de Darier). Realiza-se um atrito na superfície da pele, será positivo se houver uma desgranulação de mastócitos com liberação local de histamina levando à formação da lesão ponfosa. Dermografismo: formação da urtica decorrente do atrito de um objeto. Formação ponfosa no trajeto atrito de característica linear e eritematosa. Sensibilidade superficial: é útil no diagnóstico de hanseníase. Realiza-se a pesquisa das sensibilidades térmica, dolorosa, e tátil – é nessa sequência que o paciente perde sua sensibilidade. (Hipoestesia – diminuição da sensibilidade ou anestesia – perda da sensibilidade). Realizada de maneira comparativa e bilateral. - Sensibilidade térmica: usa-se dois tubos de ensaio, um com água fria e outro com água quente, para que o paciente identifique e diferencie essas temperaturas, posicionar na pele sã e lesionada para comparativo. - Sensibilidade dolorosa: usa-se objeto de ponta fina ou agulha. Pedir para que o paciente diferencie um objeto de ponta fina de um de ponta romba - Sensibilidade tátil: chumaço de algodão ou monofilamento verde, pedir para o paciente identificar onde ele sentiu o estímulo, se ele sentiu, e se foi igual dos dois lados. Prova do laço: utilizada na investigação de pacientes com fragilidade capilar, coagulopatias, doenças exantemáticas, como a dengue. Primeiro afere-se a pressão arterial do paciente, calcular a pressão arterial médica + pressão arterial sistólica e diastólica e dividir por 2, insuflar o manguito em adultos por 5 minutos, crianças 3 minutos. Desenhar um quadrado com lado de 2,5cm e observar quantidade de petéquias que aparecerá dentro dele. Prova do lado positiva: adulto > 20 petéquias, crianças > 10 petéquias. A prova pode ser interrompida antes do tempo estimado se for observado essa alteração.
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