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1 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DO SUS Histórico e Princípios Homeopáticos https://conscienciaufrj.wordpress.com 2 UNIDADE 1 - Histórico e Princípios Homeopáticos Tópico 1História da Homeopatia: Hipócrates e a similitude A obra de Hipócrates (468-377 a.C.) é um marco da ciência e arte médicas, sendo este iluminado médico grego considerado o pai da medicina. Nas Escolas Médicas da Grécia Antiga se estabeleceu uma teoria racional para o processo saúde/doença. Hipócrates foi o maior representante do pensamento médico grego, apoiou a atividade médica no conhecimento experimental, desvinculando a prática médica de rituais religiosos, de magia ou superstições. Na escola médico grega, onde se estabeleceu todos os princípios da medicina ocidental, foram também determinadas as concepções sobre doença, sinais e sintomas. Doença – Resultante da perturbação do equilíbrio que mantinha o ser humano em harmonia consigo mesmo e com a natureza. Nesse sentido, não havia distinção entre o corpo, a mente e o cosmos numa visão sintética do ser humano em suas relações com o meio ambiente. Sintomas – Reações do organismo frente à enfermidade. A base da terapêutica de Hipócrates se apoiava na Natura Medicatrix, em que a natureza se encarrega de restabelecer a saúde do doente. Cabe ao médico tratar o paciente imitando a natureza, a fim de reconduzi-lo a um perfeito estado de equilíbrio. Além disso, criou padrões éticos da medicina e estabeleceu providências do diagnóstico, prognóstico e terapêutica que até a atualidade são determinantes na prática clínica ocidental. A Homeopatia se alicerça na seguinte afirmativa de Hipócrates: “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde”. Esta afirmativa é denominada como “Princípio Curativo dos Semelhantes”. Em obras de Hipócrates e de seus antecessores encontram-se em vários trechos a assertiva: “Similia similibus curentur”. Ao se administrar uma substância capaz de causar a tosse em um indivíduo sadio e sensível à mesma, descobrimos que a própria substância é capaz de curar a tosse em um paciente que apresente esses sintomas de maneira espontânea, desde que usada em doses adequadas. Além do “Princípio Terapêutico”, Hipócrates também definiu o “Princípio Curativo dos Contrários”, que estabelecia que os sintomas fossem tratados diretamente com medidas contrárias a eles. Ao paciente que apresente o sintoma tosse, será administrada uma substância contrária a esse sintoma, ou seja, um antitussígeno. Estes princípios curativos estabeleceram as correntes terapêuticas da Medicina Ocidental: Corrente fundamentada no Princípio dos Contrários (Lei dos Contrários) - ALOPATIA. Corrente fundamentada no Princípio da Similitude (Lei dos Semelhantes) – HOMEOPATIA. 3 Em seu tempo, Hipócrates introduziu a avaliação metódica dos sinais e sintomas como base fundamental para o diagnóstico. Em termos de tratamento, advogava que dois métodos terapêuticos poderiam ser utilizados com sucesso. A “cura pelos contrários” (Contraria contrariis curentur), consolidada por Galeno (129-199 d.C.), que é a base da medicina alopática. Assim como a “cura pelos semelhantes” (Similia similibus curentur), reavivada no século XVI por Paracelso (1493-1591) e consolidada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, quando este criou a Homeopatia. Hipócrates afirmava que essas duas formas de tratamento eram eficazes no restabelecimento da saúde, portanto a lei dos contrários e a lei dos semelhantes não se opunham em seu pensamento. Ele tratava o paciente de forma abrangente e raramente se referia à enfermidade de forma isolada. Porém, não aprofundou seus estudos sobre o princípio da similitude, coube a Hahnemann (médico e cientista alemão, 1755-1843) demonstrá-lo clinicamente e firmá-lo como método terapêutico, bem como dotá-lo de farmacotécnica própria. Tópico 2: Hahnemann e o nascimento da Homeopatia Contexto médico prevalecente entre os séculos XVI e XVIII Galeno, no século II, foi o precursor de uma doutrina médica que prevaleceu por aproximadamente 1.500 anos. Era baseada no tratamento pelos contrários e na classificação da doença e dos agentes medicinais em quatro itens: fria, quente, úmida e seca. Com o objetivo de facilitar a prescrição, no caso de uma doença dita quente, era utilizado um tratamento frio. Esse antagonismo de forças, quente e frio, ou úmido e seco, era muito encontrado na filosofia grega présocrática, sendo marcante no pensamento do filósofo Heráclito. No século XVI, a medicina galênica era ensinada na grande maioria das faculdades de medicina. Essa vertente médica era fundamentada principalmente na “cura pelos contrários”, ou seja, o tratamento das enfermidades era feito por meio do medicamento que possuía efeito contrário a ela. A dor, por exemplo, seria aliviada com o uso de sedativos, sem maior preocupação com sua origem. A visão do corpo humano era, portanto, completamente mecanicista e, de certa forma, simplista. Encontramos, desta forma, várias semelhanças com a prática de Hahnemann, apesar de este nunca ter se referido a Paracelso. É pouco provável que Hahnemann não tenha conhecido a obra de Paracelso, pois além de traduzir inúmeros livros, era um grande estudioso da evolução da medicina. O que ele provavelmente quis foi não associar a homeopatia a Paracelso, com medo de sofrer ainda mais críticas. Paracelso era considerado o “médico maldito”, por ter combatido 4 os grandes mestres seguidos pelos médicos de sua época, como Machaon, Apolino, Galeno, Avicena, Averróis e outros, com uma doutrina constantemente veiculada ao ocultismo. O criador da homeopatia, Christian Frederich Samuel Hahnemann, nasceu no dia 10 de abril de 1755, na pequena cidade de Meissen, no eleitorado da Saxônia (Alemanha). Seu pai era pintor de porcelana e sua obra partilhava a admiração dos grandes senhores da época; apesar disso, não possuía uma boa situação financeira. Em 1775, Hahnemann inicia o curso de medicina e vai para Leipzig, onde lhe foi permitido assistir aulas na universidade. Para custear os estudos, traduzia livros médicos do inglês para o alemão e lecionava outros idiomas. Apesar de a Universidade de Leipzig ser excelente, não possuía instalações para o treinamento clínico que tanto lhe encantava e por isso, após dois anos de estudos, partiu para Viena com a intenção de praticar a medicina. Lá adquiriu experiência com o famoso Dr. Von Quarin, o médico real. Seus recursos possibilitaram que ele permanecesse menos de um ano, quando então foi convidado pelo governador da Transilvânia para catalogar sua biblioteca e classificar sua coleção de moedas. Hahnemann passou a ser, também, uma espécie de conselheiro médico e a dar consultas, apesar de ainda não estar formado. Ficou na Transilvânia por dois anos, até ingressar na Universidade de Erlangen, na Alemanha, em 1779, obtendo no mesmo ano o diploma de médico, ainda com 24 anos. Hahnemann clinicou durante algum tempo, mas tornou-se insatisfeito, a exemplo de Paracelso, com os resultados obtidos com a medicina tradicional, optando por ganhar a vida traduzindo livros médicos. Ainda assim, sua vida foi repleta de momentos bastante significantes, como você pode ver na linha do tempo abaixo. A História de Hahnemann 1790 Aos 35 anos, durante a tradução da Matéria Médica, de William Cullen (1710-1790), ficou intrigado com as explicações dadas por este para os efeitos terapêuticos da quina. Experimentou-a em si mesmo, observando manifestações bastante semelhantes às apresentadas por pacientes com malária. Concluiu, então, que a quina era utilizada no tratamento da malária porqueproduzia sintomas semelhantes em pessoas saudáveis. Animado por esses resultados, utilizou também beladona, digital, mercúrio e outros compostos, obtendo resultados similares. Apoiado em suas evidências experimentais e na filosofia hipocrática (Similia similibus curentur), idealizou uma nova forma de tratamento, embasada na cura pelos semelhantes 5 1796 Publicou o Ensaio sobre um novo princípio para averiguar os poderes curativos das substâncias medicinais, no qual fazia um apanhado sobre seus experimentos e relatava alguns fatos observados anteriormente por outros autores. Retornou à profissão médica, tratando seus pacientes pela aplicação de suas novas ideias. Criou os fundamentos da medicina homeopática, que divergem, em essência, dos conceitos terapêuticos alopáticos da medicina tradicional. Vale ressaltar que as concepções hahnemannianas reviveram muito da tradição hipocrática: atenção ao regime alimentar, importância dos fatores climáticos, ecológicos, psicológicos e a existência da energia vital. Decidiu diluir os medicamentos ao máximo, de maneira que sua toxicidade fosse diminuída. Com os resultados promissores da nova terapêutica, decidiu voltar a clinicar, em definitivo. 1810 Publicou a primeira edição do Organon da Arte de Curar, livro que teve outras cinco edições, com a sexta edição publicada em 1921, muitos anos após sua morte. O Organon passou a ser considerado a Bíblia da Homeopatia. Nessa obra, citou 440 médicos que utilizaram o princípio dos semelhantes, desde Hipócrates até os seus dias. 1811 Publicou o primeiro volume da Matéria Médica Pura, que concluiu no ano seguinte, sendo constituída por seis volumes. 1812 Começou a lecionar na Universidade de Leipzig para estudantes, admiradores e antigos médicos. Para tanto, teve que defender uma tese na faculdade de medicina, fazendo uma magistral apresentação sobre a utilização do Veratrum album para uma plateia lotada, demonstrando profundo conhecimento da história do pensamento médico. Após a tese, a banca, constituída por inúmeros adversários de sua doutrina, teve que admitir sua grande erudição e aprová- lo sem ressalvas. Conseguiu um grande número de seguidores. 1828 Publicou outra grande obra, intitulada Doenças Crônicas. Nessa época, a homeopatia já havia alcançado várias outras regiões do mundo, seu criador, porém, ainda não havia sido reconhecido. 1843 Morre, aos 88 anos, no dia 2 de julho. Com isso foi reconhecido por inúmeros médicos que antes se opunham a seus ensinamentos. Em Leipzig, local onde sofreu severas críticas e perseguições, médicos e farmacêuticos ergueram, em 1851, um monumento de bronze em sua homenagem. Tópico 3: Homeopatia no Brasil 6 Em 1840, foi introduzida a Homeopatia no Brasil, através do médico francês Benoit Mure, que fundou a Escola Homeopática do Rio de Janeiro. As tinturas e as substâncias utilizadas em homeopatia vinham da Europa e os médicos as manipulavam devido a inexistência de farmácias especializadas. O número de médicos homeopatas foi crescendo e, consequentemente, o número de farmacêuticos. A Escola Homeopática Brasileira aprova a separação da prática médica da prática farmacêutica em 1851, já o Decreto Lei 9.554 (1866) dava o direito da manipulação apenas aos farmacêuticos. Já no século XX, em 1965, surgem leis específicas para farmácias homeopáticas, e em 1976 o Decreto Lei 78.841 aprova a parte geral da 1ª edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira. A Resolução nº. 1000/80 do Conselho Federal de Medicina (CFM) determina Homeopatia como especialidade médica pelo CFM e no ano de 1988, no Congresso Brasileiro de Homeopatia, é aprovada a publicação do Manual de Normas Técnicas, depois editado pela Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), em 1992. Em relação às edições da “Farmacopeia Homeopática Brasileira”, vários marcos foram relevantes: 1997 A Portaria n. 1180 do MS aprova a Parte I da 2ª edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira. 2003 RDC. nº.151 ANVISA, aprova o Fascículo I da Parte II da 2ª edição da Farmacopeia. 2008 RDC. nº. 67 ANVISA, fixa os requisitos para as Boas Práticas de Manipulação Farmacêutica – anexo V – exclusivo às atividades da farmácia homeopática. 2011 Aprovação da 3ª edição da FHB pela ANVISA 2013 Em relação às atividades clínicas e a prescrição farmacêutica, inclusive em Homeopatia, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) institui as Resoluções n. 585 e Resolução n. 586. 7 2014 Resolução n. 601 do CFF passa a determinar as atribuições profissionais do farmacêutico em Homeopatia. Fonte: Ânima Digital. E quando falamos de Homeopatia na atualidade, podemos levar em conta os seguintes fatos: Princípios gerais da homeopatia 8 Lei dos Semelhantes Qualquer substância capaz de provocar determinados sintomas em seres humanos sadios e sensíveis, em doses adequadas especialmente preparadas. É capaz de curar um enfermo que apresente quadro mórbido semelhante, com exceção das lesões irreversíveis. Experimentação no Homem Sadio – Para a homeopatia a única forma de conhecer de maneira confiável os efeitos farmacológicos de uma substância medicinal é experimentando-a no organismo humano sadio. Não são utilizados testes em animais, pois cada espécie apresenta uma reação própria, muito diferente da reação dos seres humanos por serem distintos as suas constituições. Os testes em doentes também não são tolerados, pois a mistura dos sintomas provocados pela doença natural com os sintomas provocados pela droga teste impede uma avaliação correta do experimento. A experimentação no homem sadio é um método natural de investigar os efeitos que as drogas e os medicamentos produzem, para saber que enfermidades eles estão aptos a curar. O modelo de tratamento homeopático aplica o princípio de cura pela similitude, administrando doses mínimas de substâncias que, ao serem experimentadas em indivíduos sadios, apresentaram sintomas semelhantes aos dos indivíduos doentes. Entretanto, para se tornar um medicamento homeopático, a substância deve ser experimentada em indivíduos saudáveis, segundo um protocolo de experimentação patogenética, e ter seus efeitos primários, psíquicos, gerais e físicos descritos na Matéria Médica Homeopática. Portanto, nas matérias médicas homeopáticas estão relacionadas as patogenesias dos medicamentos. As patogenesias referem-se ao conjunto de sinais e sintomas, objetivos (físicos) e subjetivos (emocionais e mentais), que um organismo sadio apresenta ao experimentar determinada substância medicinal. No exemplo citado anteriormente, o Arsenicum album, prescrito na dose correta será para este doente, o Simillimum. É chamado de Simillimum o medicamento que abrange a totalidade dos sintomas de um homem doente, ou seja, aquele cuja patogenesia melhor coincidir com os sintomas apresentados pelo doente. Doses Mínimas – Antes que o organismo doente começasse a reagir, ocorria uma agravação inicial dos sintomas, pela somatória dos sintomas naturais provocados pelo medicamento. Isso era muito desagradável para o paciente, levando muitos deles a abandonar a terapêutica homeopática. Com a finalidade de diminuir os efeitos negativos da agravação dos sintomas, Hahnemann realizou uma série de experiências, chegando a resultados extremamente interessantes. A princípio, empregou doses pequenas, diluindo os medicamentos em água ou álcool, de acordo com determinadas proporções. A partir desse experimento, o criador da homeopatia passou a utilizar diluições infinitésimas e potencializadas pelas 9fortes agitações que imprimia na manipulação dos medicamentos homeopáticos. Esse processo farmacotécnico, conhecido como dinamização, promove curas mais rápidas e suáveis. Remédio Único – Durante a experimentação patogenética testa-se apenas uma droga por vez, obtendo por meio desse procedimento as características farmacodinâmicas da substância testada. Não se experimentam várias drogas ao mesmo tempo; por isso, Hahnemann administrava os medicamentos isoladamente, um por vez, para impedir as interações entre os diferentes medicamentos. Só mudava a prescrição se o quadro de sintomático sofresse alguma alteração. O clínico homeopata procura sempre que possível individualizar o quadro sintomático do paciente para encontrar o seu Simillimun. Pelo princípio da similitude, apenas deve cobrir a totalidade dos sintomas apresentados pelo doente. O uso simultâneo de dois ou mais medicamentos torna impossível determinar cientificamente qual foi o responsável pela cura. O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da homeopatia, do ponto de vista médico- científico, e o mais difícil de ser realizado, pois exige do clínico conhecimentos bastante profundos da matéria homeopática. Tópico 4: Atuação das técnicas homeopáticas no SUS Em 1998, constatou-se que havia médicos homeopatas atendendo no SUS em apenas vinte municípios brasileiros; em algumas dessas cidades, as consultas homeopáticas na rede pública eram iniciativas pessoais de médicos homeopatas, que contavam com o apoio do gestor local, permitindo-lhes o exercício da Homeopatia nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos serviços mais complexos e nas equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Ouça o podcast abaixo para saber como avançou o processo de implantação da Homeopatia nos serviços públicos de saúde. Tópico 5: Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) 10 No Brasil, em maio de 2006, foi publicada a Portaria Nº. 971, a qual traça as diretrizes para a incorporação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares à Saúde (PNPIC), nos três níveis de atenção à saúde. Segundo o Ministério da Saúde (2010), a PNPIC traz como objetivos: 1- “Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde”. 2- “Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema e ampliação do acesso às PICs, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso”. 3- “Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades” 4- “Estimular as ações referentes ao controle/participação social, promovendo o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e trabalhadores, nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde”. As PICs no SUS, quando da publicação da PNPIC em 2006, eram apenas cinco procedimentos: Esses procedimentos representam um grupo de terapias que abordam a saúde com outra lógica, a de que o próprio organismo pode reagir atuando no fortalecimento das defesas naturais. Após 10 anos, em 2017, foram incorporadas mais 14 atividades, chegando as 19 práticas disponíveis atualmente à população: 11 Como preconizado pela PNPIC, ao se implantar ações e/ou programas estaduais/municipais com as práticas, deve-se levar em consideração: As normas, programas e diretrizes do SUS e das Políticas Nacionais, regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), demanda da população, interesse e envolvimento dos gestores e profissionais de saúde, capacidade de produção e fornecimento de matéria-prima, estrutura física existente, recursos financeiros, possibilidade de parcerias com instituições e existência de regulamentações e/ou políticas (BRASIL, 2010). A PNPIC no SUS trouxe avanços para a saúde no país pela normatização e institucionalização das experiências com essas práticas na rede pública e como indutora de políticas, programas e legislação nas três instâncias de governo, fato comprovado pelo aumento significativo de ações, programas e políticas nos estados e municípios brasileiros após a aprovação desta Política (BRASIL, 2010). A PNPIC busca, portanto, concretizar a oferta das PICs no SUS, garantindo a necessária segurança, eficácia e qualidade na perspectiva da integralidade da atenção à saúde. Além disso, vem cumprir os objetivos primordiais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e das Conferências Mundiais para MT/MCA, de promover a integração destas práticas aos sistemas oficiais de saúde, desenvolver legislação/normatização para oferta de serviços e produtos de qualidade, propiciar o desenvolvimento dos conhecimentos na área, bem como a qualificação dos profissionais envolvidos com práticas complementares (BRASIL, 2010). Entretanto, ainda há desafios para implementação da Política Nacional, segundo o relatório do Ministério da Saúde (2010): 12 Apesar de desafios impostos, cabe destacar que a inclusão das PICs no SUS desde sua concepção está relacionada à qualificação da atenção, e amplia o acesso aos cidadãos brasileiros às práticas/recursos antes restritas à área privada e/ou conveniada. Os debates sobre as PICs têm alcançado um desenvolvimento excepcional nas últimas décadas e já existem diversas evidências da sua popularidade entre usuários e profissionais por meio de várias publicações realizadas que visam relatar tais evidências. Tópico 6: Farmacologia homeopática: ação primária e reação secundária, farmacologia dos contrários e posologia Farmacologia homeopática: ação primária e reação secundária, farmacologia dos contrários e posologia O modelo de tratamento homeopático emprega o princípio de cura pela similitude, administrando doses infinitesimais de substâncias que, ao serem experimentadas previamente em indivíduos sadios, apresentaram sintomas semelhantes aos indivíduos enfermos. Para se tornar um medicamento homeopático, a substância deve ser experimentada em indivíduos humanos segundo um protocolo de experimentação patogenética e ter seus efeitos primários (psíquicos, gerais e físicos) descritos na Matéria Médica Homeopática (MMH). Considerando o ser humano uma entidade complexa, a concepção antropológica homeopática atribui ao corpo biológico uma natureza dinâmica físico-vital, na qual os pensamentos e os sentimentos interagem com os sistemas 13 orgânicos e suas funções fisiológicas, tornando a individualidade mais ou menos suscetível aos agentes etiológicos. Resultante desta concepção holística do processo de adoecimento, a semiologia homeopática valoriza os múltiplos aspectos do indivíduo enfermo, compondo um quadro sintomático que englobe as características peculiares das diversas esferas humanas (biológica, psíquica, social e espiritual) para realizar o diagnóstico medicamentoso individualizado. Visando restabelecer este equilíbrio orgânico vital, a arte homeopática de curar deve ser capaz de identificar as suscetibilidades mórbidas individuais, reconhecidas através da totalidade dos sintomas característicos manifestos no enfermo, a fim de escolher um medicamento que despertou um conjunto de sintomas semelhantes no ser humano sadio. O modelo homeopático valoriza os sintomas emocionais e psíquicos como aspectos de alta hierarquia no conjunto das características humanas, seja na experimentaçãopatogenética homeopática ou na compreensão da etiopatogenia dos distúrbios orgânicos de qualquer natureza, estas classes de manifestações fazem parte do ideal de cura do médico homeopata. Medicamentos que suprimam as manifestações clínicas indesejáveis sem propiciarem melhoras emocionais e psíquicas proporcionais devem ser antidotados segundo a concepção homeopática do processo saúde- doença. Assim sendo, todo tratamento homeopático individualizado e bem conduzido deve atuar de forma integrada, tanto nos distúrbios emocionais e psíquicos quanto nos distúrbios gerais e orgânicos, propiciando “um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não apenas a ausência de doenças”. Samuel Hahnemann, fundador da homeopatia, embasado no estudo das propriedades farmacológicas de dezenas de substâncias medicamentosas de sua época, nas quais observou uma reação secundária (efeito indireto) do organismo após a ação primária (efeito direto) de drogas das mais diversas classes, enunciou um aforismo para a ação dos medicamentos na constituição humana: Toda força que atua sobre a vida, todo medicamento afeta, em maior ou menor escala, a força vital, causando certa alteração no estado de saúde do Homem por um período de tempo maior ou menor. A isso se chama ação primária. [...] A essa ação, nossa força vital se esforça para opor sua própria energia. Tal ação oposta faz parte de nossa força de conservação, constituindo uma atividade automática da mesma, chamada ação secundária ou reação”. (Hahnemann, 2001) Ilustrando esta lei natural, descreve a ação primária dos medicamentos, promotora de alterações nos diversos sistemas orgânicos e a consequente ação secundária do organismo (reação vital ou força de conservação) que se manifesta no sentido de neutralizar os distúrbios primários promovidos pelos fármacos, na tentativa de retornar ao equilíbrio do meio interno anterior à intervenção medicamentosa: ...] À ingestão de café forte, segue-se uma superexcitação (ação primária); porém, um grande relaxamento e sonolência (reação, ação secundária) permanecem por algum tempo se não continuar a ser suprimido através de mais café (paliativo, de curta duração). Após o sono profundo e entorpecedor produzido pelo ópio (ação primária), a noite seguinte será tanto mais insone (reação, ação secundária). Depois da constipação produzida pelo ópio (ação primária), segue-se a diarréia (ação secundária) e, após purgativos que irritam os intestinos (ação primária), sobrevêm obstrução e constipação por vários dias (ação secundária). Assim, por toda parte, após a ação primária de uma potência capaz de, em grandes doses, transformar profundamente o estado de saúde do organismo sadio, é justamente o oposto que sempre ocorre na ação secundária, através de nossa força vital (Hahnemann, 2001). 14 Em resumo: FIGURA 6 - Ação primária e secundária EFEITO PRIMÁRIO OU AÇÃO PRIMÁRIA Modificação de maior ou menor duração provocada por toda a substância na saúde do indivíduo. EFEITO SECUNDÁRIO OU AÇÃO SECUNDÁRIA Reação do próprio organismo ao estímulo que o altera. Farmacologia dos contrários 15 A medicina alopática emprega a Lei dos Contrários. ALLO – diferente PATHOS – sofrimento Tratamento pela Lei dos Contrários de um paciente que apresenta indisposição, sonolência, fadiga e bradicardia como sintomas. FIGURA 8 - Tratamento pela Lei dos Contrários Corticosteroides – via nasal Indicação terapêutica: estados alérgicos e inflamatórios nasais (p.ex. rinite). Efeito rebote: congestão nasal contínua, aumento habitual dos espirros, ardor, secura ou outras irritações internas no nariz (USP DI, 1996). Após o emprego de fármacos de segunda geração (ação enantiopática mais potente) de mesmas classes de drogas, ocorre reação secundária diretamente proporcional à intensidade do efeito primário paliativo: ✓ Anti-inflamatórios seletivos e não seletivos da COX-2 levam a tromboses fatais (IAM, AVE), em decorrência do seu efeito primário anticoagulante; ✓ Broncodilatadores de longa duração causam broncoespasmos irreversíveis; ✓ Antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina despertam comportamentos suicidas. De forma análoga aos medicamentos homeopáticos, o efeito rebote dos fármacos modernos poderia ser utilizado de forma curativa, estimulando reações orgânicas favoráveis, como no caso dos imunossupressores, que podem despertar imunoestimulação paradoxal em indivíduos imunossuprimidos. Farmacologia dos semelhantes 16 Hahnemann considerou que o verdadeiro método de cura está no emprego da Lei dos Semelhantes. Tratamento pela Lei dos Semelhantes de um paciente que apresenta indisposição, sonolência, fadiga e bradicardia como sintomas. FIGURA 9 - Tratamento pela Lei dos Semelhantes Conclusões Com a administração de uma droga capaz de promover no homem sadio sintomas semelhantes aos que se deseja curar no doente, o organismo, por meio de uma reação secundária, reagirá contra a doença artificial provocada pela droga, semelhante à doença natural, eliminando-a e provocando a cura. Medicamento dinamizado, semelhante à enfermidade potencializada faz o efeito primário passar despercebido, a não ser nos indivíduos muito suscetíveis. Entretanto, desperta o efeito secundário do organismo. Essa é a razão do seu uso. Noções de clínica: anamnese e escolas homeopáticas Anamnese homeopática: Anamnese é a história dos antecedentes de uma doença, obtida pelo que se recorda o paciente. Uma boa anamnese representa grande parte do diagnóstico e não se deve poupar tempo e esforço para obtê-la de forma detalhada e completa, mas ao mesmo tempo objetiva. 17 Os objetivos da anamnese são: Definir toda a sintomatologia do quadro atual e da história pregressa; Constituir a totalidade individualizante do paciente; Qualificar e quantificar o processo de adoecimento do indivíduo; Alcançar o diagnóstico (identificação de uma doença fundamentando-se nos seus sintomas). No caso da consulta clínica em Homeopatia, a anamnese apresenta algumas particularidades: 1- Consulta longa e minuciosa, pela qual se chega a um diagnóstico preciso e a um bom tratamento. 2- Estudo completo e minucioso do enfermo, sem preconceitos, com objetividade e imparcialidade, revelando um paralelismo com as patogenesias homeopáticas. 3- Investigação da história biopatográfica do paciente, buscando tratar o indivíduo e não a doença. 4- Na anamnese homeopática deve-se modalizar os sintomas apresentados pelo paciente, ou seja, observar os detalhes que tornam os sintomas característicos de cada indivíduo. Veja alguns exemplos de modalização de sintomas a seguir: Sintoma 1: Insônia Determinar em que parte da noite (antes da meia-noite, no meio da noite ou já no final da madrugada). Determinar a sua causa: por alcoolismo, por ansiedade, por barulho, por calamidade doméstica, por calor, por cefaleia etc Sintoma 2: Dor Qualificar quanto a sua natureza (pulsátil, ardente, lancinante). Quanto à sua intensidade. Quanto à época e à hora de seu surgimento etc. Para uma modalização eficiente, o interrogatório (semiologia) não deve ser uma coleta fria de sintomas. No interrogatório homeopático evita-se perguntas que induzam respostas por opção, sugestionantes ou do tipo sim ou não. Confira abaixo exemplos de interrogatórios bem e mal conduzidos: Exemplo 1: CERTO Você tem cãibras à noite? (pergunta que sugere a resposta sim ou não). ERRADO Como é o seu sono? Exemplo2: CERTO Apresenta dor de cabeça durante a menstruação? (pergunta que sugere sintoma). ERRADO Como você se sente antes, durante e depois da menstruação? 18 Exemplo 3: CERTO Você prefere lugares claros ou escuros? (pergunta que sugere opção) ERRADO Qual a sua relação com a luminosidade do ambiente? A Ficha Clínica representa o meio mais interessante para anotar as informações disponibilizadas pelos pacientes e seus acompanhantes. Deve conter dados pessoais do paciente, data e um questionário que desperte espontaneamente as informações que individualizam o paciente e os dados do exame clínico. As fichas clínicas devem ser arquivadas para serem acessadas em uma nova consulta. Vale destacar que boa relação médico-paciente é necessária em qualquer ramo da medicina. Na homeopatia ela adquire um peso maior, pois só uma boa relação permitirá conhecer o indivíduo como um todo (totalidade sintomática). Entretanto, existem algumas situações que representam dificuldades da Anamnese Homeopática, tais como: crianças no primeiro ano de vida, pacientes crônicos muito medicalizados, ligados a diagnósticos e a exames, pacientes idosos e animais. Diante de algumas situações desafiadoras da prática clínica atual, tais como: complexidade da doença, imprecisão dos sintomas, processo de industrialização dos medicamentos homeopáticos, inexistência de patogenesias capazes de cobrir a totalidade sintomática do paciente, experiência clínica particular de alguns homeopatas, foram estabelecidas algumas formas de se prescrever ao paciente para além do princípio do remédio único, originado as escolas médicas homeopáticas. As principais escolas homeopáticas são: UNICISMO – Prescrição de um medicamento único com base na totalidade dos sintomas do paciente. PLURALISMO –Prescrição de dois ou mais medicamentos para serem administrados em horas distintas, alternadamente, com a finalidade de complementar a ação do outro, atingindo assim a totalidade dos sintomas do paciente. COMPLEXISMO –Prescrição de dois ou mais medicamentos para serem administrados simultaneamente ao paciente. ORGANICISMO –Prescrição do medicamento visando os órgãos doentes, considerando as queixas mais imediatas do nível dinâmico físico do paciente. 19 A seguir alguns exemplos de receituários fictícios que representam as escolas médicas homeopáticas: Conclusão O Farmacêutico Homeopata deve se isentar das polêmicas de cunho doutrinário que afetam a prática médica. O medicamento deve ser preparado do ponto de vista do profissional sem partidarismos, tais como o unicismo, o pluralismo, o complexismo e o organicismo. 20 Tópico 7: Saúde e doença segundo a homeopatia força vital processo de cura. Classificação das doenças. Concepção homeopática do processo saúde-doença: Diante da complexidade da vida precisamos de modelos conceituais para explicá-la. Os modelos não são necessariamente reais. Todavia, servem de instrumentos teóricos para descrever a realidade, ou seja, fornecem descrições simbólicas ou presumidas que nos ajudam a esclarecer os fenômenos da natureza. A existência do princípio vital nunca foi provada, mas o modelo vitalista da homeopatia apresenta-se coerente, por meio dele os clínicos homeopatas obtêm excelentes resultados. Vitalismo É uma doutrina filosófica, segundo a qual os seres vivos possuem uma força particular que os mantêm atuantes, o princípio ou força vital, distinta das propriedades físico-químicas do corpo. Força Vital, Princípio Vital ou Energia Vital recebem diferentes denominações, tais como: 1-Força Psíquica: segundo Willian Crooks, pesquisador, físico e químico inglês. 2 Bioenergia: expressão utilizada pela escola contemporânea de Parapsicologia. 3 Energia bio-orgânica: definida pela física moderna. Afinal, o que é Energia Vital? Diferentes têm sido as maneiras de explicar o que é a Energia Vital e, quando possível, situá-la na intimidade do ser. Conhecida desde épocas distantes e por expoentes da Ciência e da Filosofia, a energia vital responde pelos equilíbrios da saúde ao mesmo tempo que serve de base terapêutica para o Sistema Médico Homeopático. Como localizá-la? Muito próximo ao corpo físico, orgânico, existe um vasto campo de manifestações energéticas, como: 1-Energia calórica ou térmica, 2-Energia eletromagnética, 3-Energia eletrostática 4-Bioeletricidade 5-Energia vital. 21 São várias as funções especiais da Energia Vital: Captar vibrações desarmônicas advindas da mente e de sentimentos de frequências baixas, ou seja, vibrações patológicas. Captar também as informações advindas do campo fisiológico quando essas estruturas são agredidas por múltiplos hábitos nocivos e anômalos. ✓ A Energia Vital comporta-se como uma “rede de radares” que acusa anomalias permitindo que sejam transformadas em sinais e sensações desagradáveis subjetivas. ✓ Se diante desses primeiros sinais não houver a correção de erros e um tratamento adequado, passará então a planos somáticos com distúrbios da fisiologia e da estrutura orgânica pela somatização das enfermidades. A Energia Vital comporta-se como elemento capaz de manter o que Hahnemann denominou de “equilíbrio vital”. A Energia Vital é o primeiro campo que sinaliza anomalias e se torna uma energia em desequilíbrio, momento em que este campo energético se torna poluído de múltiplas vibrações desarmônicas. A própria Energia Vital se capacita em promover espontaneamente a anulação das vibrações patológicas. Se o indivíduo mantém seus hábitos antinaturais em diversos níveis, há um grau de saturação, manifestando-se claramente as enfermidades. Se a saturação prosseguir ou aumentar, a capacidade vital se aniquila e se torna impotente na manutenção das funções vitais no organismo. 22 Equilíbrio e Desequilíbrio Vital: Para compreender melhor o que vem a ser a Energia Vital equilibrada ou em desequilíbrio temos como exemplo a poluição atmosférica. ✓ Ar atmosférico puro: gases apresentam proporções naturais e em equilíbrio favorecendo a vida. ✓ Elemento estranho: ar poluído. ✓ Ar puro e poluição se somam. ✓ Quanto maior o grau de poluição, maior será o impedimento dos seres utilizarem-se do ar, sofrendo o impacto dos agentes poluidores. ✓ A situação se resolve se afastando estes agentes, levando o ar atmosférico para composição inicial, permitindo permanecer com suas funções na natureza. Quando se adoece ou se desequilibra, os fenômenos que se processam lembram o ar quando poluído; entre as ondas e partículas harmônicas aparecem outras ondas com características desarmônicas, cabendo à Energia Vital a função de transformá-las em sensações incômodas às pessoas, ou seja, os sintomas. As formas de pensamento, embora as vezes aprazíveis momentaneamente, ao se degradarem para as malhas da Energia Vital, se transformam de sensações desagradáveis em sintomas, momento em que se estabelece o sofrimento, a doença. Então qual é a função da Homeopatia? Força Vital 23 Força Vital é a força que mantém o organismo em harmonia. Sem ela o organismo não age, não sente e desintegra- se, sendo a força vital responsável pela integração dos diversos níveis dinâmicos da realidade humana (físico, emocional e mental). O organismo humano no estado de saúde encontra-se em estado de equilíbrio nos seus aspectos físico, emocional e mental. Na perturbação da força vital, os mecanismos de defesa do organismo sãoacionados (sistemas imunológicos e endócrinos). A força vital pode ser influenciada negativamente por fatores exógenos, como ritmos de vida insalubres, alimentação de má qualidade, drogas etc., e por Seção 2 de 3 Força Vital fatores endógenos como tristezas, irritabilidade, ódio, entre outros. Leis de Cura Constantine Hering, legitimamente considerado o pai da homeopatia americana, nasceu no dia 1 de janeiro do ano de 1800, na Saxônia, hoje Alemanha. A partir de 1817, e durante três anos, frequentou a Academia de Cirurgia de Dresden, e a partir de 1820 estudou medicina na Faculdade de Medicina de Leipzig, onde se diplomou em 1826. Transformou-se num dos homeopatas mais importantes de todos os tempos. Na sua tese de doutoramento “Sobre a Medicina do Futuro”, assumiu-se como homeopata. São famosas e de conhecimento obrigatório as três leis, comumente denominadas Leis de Cura de Hering: Leis de Cura de Hering 1-O processo de cura progride de dentro – psiquismo, órgãos vitais – para fora – partes externas Tal como a pele, ou seja, das partes internas para as externas: uma úlcera do estômago que desaparece, surgindo um eczema numa perna. 2-Os sintomas desaparecem na ordem inversa do seu aparecimento cronológico Desaparece uma úlcera surgida em 1998, depois uma arritmia com início em 1997, e finalmente dores erráticas que se manifestaram em 1992. 3-A cura progride do alto para o baixo, das partes superiores para as inferiores Eczema facial que desaparece, surgindo numa perna. Classificação das doenças Na Alopatia, as doenças são classificadas como agudas ou crônicas na dependência do tempo de duração. Na Homeopatia, existem quadros agudos que são na maioria das vezes são consequência de quadros crônicos ocultos. Portanto, as doenças agudas para a Homeopatia são manifestações repentinas, aberrações da força vital, cujo equilíbrio foi removido. Em geral tem início súbito, rápido, são intensas, com duração variável e podem evoluir para a cura ou para a morte. Podem ser provocadas por fatores excitantes externos (físicos, alimentares emocionais). As doenças agudas podem ser classificadas como individuais ou coletivas. As doenças agudas individuais atacam o homem individualmente e as coletivas A cura progride do alto para o baixo, das partes superiores para as inferiores Eczema facial que desaparece, surgindo numa perna. Lei 3 atacam a diversas pessoas ao mesmo tempo. As doenças agudas coletivas podem ser esporádicas, atacando diversas pessoas susceptíveis à uma influência externa ao mesmo tempo ou epidêmicas, em que diversas pessoas são atacadas por sofrimentos muito semelhantes, provenientes da mesma causa. 24 EXEMPLO Doença aguda coletiva esporádica: vários indivíduos resfriados em função de uma queda na temperatura. Doença aguda coletiva epidêmica: dengue. Já as doenças crônicas têm início lento e caráter progressivo ou recidivante (que se repete), desviando o organismo mais e mais do estado de saúde, até sua destruição. Apresentam diversas causas como mostra o diagrama a seguir: FIGURA 11 - Doenças crônicas Hahnemann diante de tratamentos insatisfatórios no caso de doentes crônicos supôs a existência de algum obstáculo à ação do medicamento sobre a força vital. Supôs que este obstáculo teria um poder superior ao medicamento. Denominou este impedimento de miasmas. Hahnemann desenvolveu a Teoria dos Miasmas para explicar a existência das Doenças Crônicas (1828). Diátese ou miasma é um modo de reagir. Seria como um modo de ser pré-patológico, refletindo uma predisposição reacional. Miasma era um termo usual da época para designar os agentes desconhecidos das doenças contagiosas. Atualmente, o termo é usado em Homeopatia e tem um conceito mais amplo e profundo, já que os miasmas de Hahnemann significam as diferentes reações do organismo frente às agressões. Miasma ou diátese crônica Miasma, ou diátese crônica, representa a predisposição congênita ou adquirida, que os tecidos têm de reagir de modo especial a certos estímulos, como expressão da suscetibilidade individual. Ou seja, miasma é o estado crônico patológico que evolui dentro de certos padrões reativos, caracterizado por elevada predisposição a determinada enfermidade. 25 Miasmas não são propriamente doenças, mas estados que condicionam o organismo a apresentar certas enfermidades. Miasmas constituem etapas fisiopatológicas de um mesmo problema inicial que progride em decorrência da persistência de estresses internos e externo. Os miasmas são classificados como: Além das doenças agudas e crônicas, existem indisposições oriundas de distúrbios alimentares ou higiênicos, e as doenças traumáticas ou de natureza cirúrgica. 26 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília, 2006. Disponível em: BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório de Gestão 2006/2010. Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília, 2010. FONTES, O. L. Farmácia homeopática: teoria e prática. 4. ed. Barueri: Manole, 2009. Disponível em: . HAHNEMANN, S. Organon da arte de curar. São Paulo: Robe Editorial, 2001. USP DI – UNITED STATES PHARMACOPEIAL. Advice for the Patient Drug Information in Lay Language. 16 ed. [s.l]: 1996, v. 2 ZULLIAN, M. T. Farmacologia homeopática. In: FONTES, O. L. Farmácia homeopática: teoria e prática. 4. ed. Barueri: Manole, 2009, cap. 3, p.35-52. Disponível em: . Fotos: Grupo Ânima Educação e Banco de Imagens DP Content.
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