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Anais do I CoBICET – Resumo expandido Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia Evento online – 31 de agosto a 04 de setembro de 2020 ESTUDO INVESTIGATIVO DA INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOECONÔMICOS E COMPORTAMENTAIS NAS DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS CRÔNICAS (DPOC) EM REGIÕES DO BRASIL Ana Cibelle T. Leal 1, Ana Olímpia C. Alves 1, Miguel S. da Costa 1, Claydson Araújo dos Santos 1, Luana Ferreira Valente 1, Raquel Soares Casaes 1 1 Universidade. Federal Rural da Amazônia(UFRA), Belém, Pará, Brasil (arq.eng.actleal12@gmail.com) Resumo: O presente estudo investiga as influências de fatores socioeconômicos e comportamentais nos altos índices de internações por DPOC nas macrorregiões do país. Assim, por meio de estudos bibliográficos de artigos científicos e comparando os dados estatísticos do ano de 2017, obtidos dos bancos de dados oficiais, o artigo fomenta discussões sobre importância da compreensão maior dos complexos cenários que a DPOC está inserida e de um tratamento considerando as especificidades de cada região. Palavras-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); cenários emergenciais, socioeconômicos; macrorregiões. INTRODUÇÃO A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é considerada desde 2004, pelo consenso da Sociedade Brasileira de pneumologia e Tisiologia -SBPT, como uma doença respiratória, prevenível e tratável, que embora acometa primeiramente os pulmões, os efeitos da permanência prolongada dessa doença na população não são totalmente conhecidos, levando diversos prejuízos progressivos e incapacitantes aos pacientes. Segundo Barbosa et al., (2017), na América Latina, alguns estudos apontam que a prevalência da doença está ligada a diversos fatores socioeconômicos e comportamentais, que não são considerados de forma associada no tratamento da doença, contribuindo para o aumento dos subdiagnósticos e para a adoção de estratégias pouco eficientes no manejo da DPOC. Neste contexto, o presente estudo investigou os fatores socioeconômicos e comportamentais verificando a influência deles para a elevação dos casos registrados de internações por DPOC sob ótica das macrorregiões do Brasil, no ano de 2017. MATERIAL E MÉTODOS O estudo é uma abordagem investigativa, com informações obtidas de artigos publicados nas revistas acadêmicas científicas disponíveis on-line, com levantamento de dados sobre o número de internações nas macrorregiões e nos estados, no ano de 2017, coletados do site do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) e comparados aos diferentes dados socioeconômicos do caderno de síntese de indicadores sociais do ano de 2017, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), onde foram considerados os fatores ”rendimento real efetivo domiciliar per capita médio” e a “proporção de pessoas residentes em domicílios particulares permanentes com restrições ao acesso à educação, saneamento básico e condições de moradia”, visando a elaboração de comparações que indiquem os cenários socioeconômicos e comportamentais tiveram significativa influência para o aumento do quadro de internações de pacientes por DPOC. Além disso, foram feitas considerações com dados obtidos pelo caderno Vigitel Brasil 2017, publicado pelo ministério da saúde, com as estimativas percentuais de adultos (≥ 18 anos) fumantes, segundo as capitais dos estados Brasileiros. RESULTADOS E DISCUSSÃO A DPOC é uma doença que pode variar consideravelmente de uma região para outra, nessa perspectiva o estudo investigou o rendimento real efetivo domiciliar per capita médio, visando a avaliação da interferência dos ganhos da população na ótica econômica e traçando um comparativo com os números de internações por DPOC registrados nas macrorregiões do Brasil em 2017. Assim, a tabela 1 demonstrou que as regiões Sudeste e Sul apresentaram no ano de 2017, índices rendimentos reais efetivos domiciliares per capita médios considerados altos, com valores respectivos de R$1.773,00e R$1.788,00. Entretanto, estas regiões foram as que apresentaram maiores números de internações registradas por DPOC no mesmo ano, com respectivos, 40.319 e 37.122 casos registrados. Dessa maneira, o rendimento o foi considerado fator com pouca significância na influência do aumento dos números de internações por DPOC, devido aos mailto:arq.eng.actleal12@gmail.com altos percentuais de internações em regiões que teoricamente teriam melhores condições para oferecer acesso e manutenção dos tratamentos profiláticos da DPOC. Tabela 1-Fatores econômicos de renda e o número de internações por DPOC por região em 2017. Regiões Rendimento Real Efetivo Domiciliar per capita médio (R$) Número de Internações por DPOC Norte 1.011 7.216 Nordeste 984 24.257 Sudeste 1.773 40.319 Sul 1.788 37.122 Centro-oeste 1.776 9.778 Fonte-Elaborada pelos autores com base em Brasil (2017a) e IBGE (2018). Além disso, os fatores sociais foram investigados na ótica das restrições críticas para as condições de vida, pois captam os acessos que não dependem exclusivamente da renda, assim, o detalhamento foi feito em três dimensões, restrição de acesso a moradia digna, restrição de acesso a educação e restrição de acesso ao saneamento básico, e comparados em percentuais com as internações por DPOC nas regiões. Tabela 2-Fatores de restrições de acesso e o número de internações por DPOC em 2017. Regiões Saneam ento Básico (%) Educ ação (%) Condição de moradia (%) Núm. Internações por DPOC (%) Norte 82,3 28,4 24,4 6,1 Nordeste 58,8 34,7 15,0 20,4 Sudeste 13,0 24,1 11,7 34,0 Sul 35,9 28,5 8,0 31,3 Centro Oeste 49,3 26,9 10,1 8,2 Fonte-Elaborada pelos autores com base em Brasil (2017a) e IBGE (2018). Os resultados demonstraram que a região Sudeste obteve os menores índices de restrições nas três dimensões, porém apresentou os maiores percentuais de internações, com 34% de internações registradas, logo, estes fatores também não foram considerados significantes para o agravamento no quadro emergencial da DPOC. Dentre os diversos fatores associados ao desenvolvimento de DPOC, estão fatores comportamentais como o tabagismo que segundo Melo, Batista e Júnior (2017) é considerado um fator de risco relevante, sendo mais de 90% das pessoas que desenvolvem a doença são fumantes. Neste contexto, BRASIL (2018b) demonstra que ocorreram no ano de 2017, crescimento de consumo nas capitais do sul e sudeste, o que levanta a hipótese deste fator apresentar relevância estatística significativa para o aumento dos casos de internações. Porém, o estudo considera apenas os espaços das capitais e não as regiões, logo, as amostras não tiveram comparações mais abrangentes. CONCLUSÃO O estudo demonstrou por meio dos dados obtidos, que as investigações comparativas entre fatores socioeconômicos com número de internações por DPOC registrados, apresentaram menos influências no desenvolvimento e agravamento da doença do que os fatores comportamentais, como tabagismo. Contudo, Melo, Batista e Júnior (2017) pontuam que não devem ser esquecidas as realidades dos subdiagnósticos e das subnotificações, predominantes no Norte e Nordeste, pois não são postas garantias de que todos os dados foram notificados ao sistema de informação em saúde, devido ao grande território nacional. Vale ressaltar que as macrorregiões apresentaram diversos cenários socioeconômicos e comportamentais e que a investigação deles relacionados com a progressão da DPOC foi uma contribuição importante para o entendimento da doença, fomentando. auxiliando discussões futuras, estudos e elaboração de estratégias mais abranges de tratamento e nas decisões referentes a políticas públicas relacionadasa DPOC. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Universidade Rural da Amazônia (UFRA) pelos incentivos e oportunidades intelectuais. REFERÊNCIAS BARBOSA, Ana Teresa Fernandes; CARNEIRO, Jair Almeida; RAMOS, Gizele Carmen Fagundes; LEITE, Maísa Tavares; CALDEIRA, Antônio Prates. Fatores associados à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica em idosos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, vol.22, 2017. BRASIL, Ministério da Saúde. DATASUS-TABNET –Departamento de Informática do SUS. Disponível em:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi, 2017a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel Brasil 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico em 2017. Brasília: Ministério da Saúde, Brasília: Ministério da Saúde, 130p. 2018b. IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais. (Roberto Cavararo). Estudos e Pesquisas, v.39,149p, 2018. MELO, Letícia Pinheiro; BATISTA, Alex de Novais; JÚNIOR, José Ferreira Lima. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica em Idosos: perfil Epidemiológico brasileiro entre 2012 E 2016. In: Congresso Internacional de Envelhecimento Humano, CIEN, V. 1, Maceió, AL, 2017.
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