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4 Regulação autonômica e endócrina do meio interno

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Disciplina: Fisiologia Humana
Aula 4: Regulação autonômica e endócrina do meio
interno
Apresentação
A manutenção do meio interno, como visto na aula 1, apresenta uma resposta complexa dos sistemas orgânicos, uma vez
que as necessidades do meio interno não são estáveis e sofrem oscilações ao longo do tempo. Isso se aplica desde as
variações ao longo das horas de um dia (circadianas) até aquelas que podem atravessar dias, semanas, meses ou anos.
Quando observarmos um determinado ajuste vegetativo (inconsciente ou involuntário), como, por exemplo, o �uxo
sanguíneo em um órgão ou tecido, podemos considerar que o �uxo de sangue a perfundir o tecido está sendo ajustado para
suprir as necessidades metabólicas desse tecido ou está sendo alterado para garantir a estabilidade do meio interno como
um todo.
Sistemas neurovegetativos promovem ajustes cardiovasculares, respiratórios, endócrinos e gastrintestinais para regular a
homeostase orgânica. Mas, em situações de estresse, os ajustes vegetativos são capazes de atuar fortemente em nosso
comportamento, podendo ser subdivididos em ajuste de suporte metabólico e ajustes especí�cos.
Nos ajustes de suporte metabólico, imagine a seguinte situação: correr, lutar ou fugir. Nelas, nossos sistemas orgânicos
involuntariamente promovem aumento da ventilação pulmonar, aumento da pressão arterial e aumento do �uxo sanguíneo
muscular. Além dos ajustes de suporte metabólico, inúmeros comportamentos demandam ajustes especí�cos, como, por
exemplo, a ejeção de leite durante o comportamento de amamentação, o aumento do peristaltismo e a secreção gástrica
que acompanham o comportamento de ingestão alimentar.
 
Objetivos
Descrever a organização morfofuncional do SNA;
Analisar os mecanismos especí�cos das respostas �siológicas autonômicas simpáticas e parassimpáticas para
controle da homeostase;
Ilustrar a atuação do SNA na modulação dos hormônios de ação rápida (pâncreas endócrino) e seu papel na regulação
da homeostase.
Sistema nervoso autônomo
O SNA é subdividido em duas porções:
Sistema nervoso
simpático (SNS)
Sistema nervoso
parassimpático (SNP)
Ambos apresentam características comuns descritas na �gura 3.1.
 Figura 3.1. Características gerais do sistema nervoso autonômico (SNA) e suas subdivisões: sistema nervoso simpático (SNS) e parassimpático (SNP).
Fonte: (AIRES, 2012, p. 348)
Nos dois sistemas (SNS e SNP), a inervação é realizada por duas classes de neurônios:
simpáticos e parassimpáticos. Neurônios efetores que se situam na cadeia simpática são
chamados de ganglionares.
Eles originam as �bras pós-ganglionares responsáveis por estabelecer as sinapses com os órgão-s alvo e são ativados
previamente por conexões diretas de neurônios situados no SNC.
Esses neurônios são conhecidos como pré-ganglionares. Seus
axônios, portanto, são denominados �bras pré-ganglionares.
Durante a ativação das �bras pós-ganglionares, os neurotransmissores são liberados no interstício até encontrar seus receptores
especí�cos. Essas �bras possuem terminais axônicos das �bras pós-ganglionares:
Simpáticas
O neurotransmissor principal é a
noradrenalina (NA ou NE),
também chamada de
norepinefrina.
Parassimpáticas
O neurotransmissor principal é a
acetilcolina (Ach). (AIRES, 2012,
p. 347)
Nos órgãos-alvo do SNA, as �bras musculares lisas viscerais, as �bras cardíacas e as células glandulares apresentam atividade
espontânea e independente da atuação do SNA, que apresenta dois efeitos moduladores sobre essa atividade espontânea:
Excitatório
Quando a inervação autonômica
aumenta.
Inibitório
Quando essa inervação é
reduzida.
Efeitos excitatórios ou inibitórios são mantidos continuamente caracterizando a resposta tônica. Essa organização confere
grande plasticidade à regulação do SNA. A atividade de um órgão- alvo pode ser incrementada por:
Aumento do tônus excitatório. Redução do tônus inibitório. Combinação de ambas as ações.
(SILVERTHORN, 2010, p. 360)
 (Fonte: sciencepics / Shutterstock).
Simpático (SNS)
Os neurônios simpáticos pré ganglionares encontram-se distribuídos na substância
cinzenta da medula espinal entre os segmentos C8 T1 e os primeiros segmentos
lombares (L1 L2).
Por isso, algumas vezes, o sistema simpático é referido como sistema toracolombar.
Os neurônios pré-ganglionares simpáticos podem ser distribuídos em três grupos:
Núcleo intermediolateral (a maior parte dos neurônios);
Núcleo comissural dorsal;
Núcleo intercalado.
Os axônios dos neurônios simpáticos pré ganglionares e dos motoneurônios espinhais saem da medula espinhal pela raiz ventral.
Em seguida, esses motoneurônios se separam dos axônios motores e formam um pequeno feixe em direção aos gânglios
simpáticos. (SILVERTHORN, 2010, p. 361)
Os axônios dos neurônios ganglionares deixam os gânglios e se agrupam nos nervos mistos, onde podemos encontrar �bras
aferentes associadas a receptores sensoriais e motoneurônios (inervando musculatura esquelética), além das �bras eferentes
simpáticas (inervando músculo liso vascular etc.). Fibras pós-ganglionares dirigidas a um órgão alvo podem constituir um nervo
individualizado, como é o do coração, que recebe a inervação simpática através do nervo cardíaco. (AIRES, 2012, p. 348)
A excitação dos neurônios ganglionares é obtida por meio da liberação de ACh pelas �bras pré ganglionares simpáticas. A ACh
provoca potencias pós sinápticos excitatórios (PEPS) modulados por receptores colinérgicos do subtipo nicotínico. Esses PEPS
podem ter amplitude su�ciente para causar potenciais de ação nos neurônios ganglionares. Por essa razão, a transmissão
colinérgica rápida é considerada a principal via de excitação ganglionar. A partir daí, os PEPS irão efetuar a transmissão periférica
por meio da liberação de norepinefrina. A partir da sua liberação pelos botões terminais, a norepinefrina se liga a diferentes tipos
de receptores pós sinápticos que resultarão em excitação ou inibição das células alvo. (AIRES, 2012, p. 348)
Parassimpático (SNP)
Os neurônios parassimpáticos pré ganglionares podem ser encontrados em duas localizações distintas no SNC:
Tronco encefálico (associados a núcleos de nervos cranianos);
Segmentos sacrais (S2 e S3) da medula espinhal.
Por essa razão, o SNP é frequentemente referido como sistema craniossacral. Seus gânglios não se encontram reunidos em uma
cadeia, mas estão isolados, situados próximos aos órgãos- alvo.
Os neurônios do tronco encefálico encontram-se nos núcleos dos seguintes nervos cranianos:
 (Fonte: Alila Medical Media / Shutterstock).
Oculomotor, (3º par craniano);
Facial, (7º par);
Glossofaríngeo (9º par);
Vago (10º par).
As �bras se projetam do tronco encefálico associadas às outras �bras dos seguintes nervos:
Oculomotor
Fibras emergem do núcleo de
Edinger-Westphal e terminam no
gânglio ciliar, que é responsável
pela inervação do esfíncter
pupilar.
Facial (7º) e
glossofaríngeo (9º)
Fibras pré ganglionares se
projetam dos núcleos salivatórios
superior e inferior, enquanto as
pós-ganglionares inervam as
glândulas salivares e lacrimais.
Vago (10º)
Eferentes parassimpáticos
projetam-se do núcleo dorsal do
vago e do núcleo ambíguo.
Dica
A inervação vagal constitui o principal ramo eferente do parassimpático, inervando a maioria das vísceras torácicas e abdominais.
De modo semelhante ao SNS, os neurônios parassimpáticos pré ganglionares podem ser ativados a partir de numerosas
aferências centrais ou periféricas, sendo responsáveis pela excitação dos neurônios ganglionares por meio de sinapses
colinérgicas. Por esse motivo, os axônios dos neurônios ganglionares parassimpáticos atuam sobre seus órgãos alvo,
exclusivamente, por meio da secreção de acetilcolina e ligação com receptores colinérgicos do subtipo muscarínico especí�cos
nos tecidos. (AIRES, 2012, p. 349)
Atuação do SNA nos órgãos-alvo
A tabela 3.1 resume a atuação das subdivisões do SNA nos órgãos-alvo especí�cos. Mais adiante, veremos alguns exemplos de
como o SNS e SNP atuam para manter o equilíbrio do meio interno nos diferentessistemas orgânicos.
Tabela 3.1. Atuação do SNS e SNP nos órgãos-alvo.
Órgão efetor Resposta simpática Resposta parassimpática
Pupila Dilatação Constrição
Glândulas salivares Muco e enzimas Secreção aquosa
Coração Aumenta a frequência e a forca de contração Reduza frequência e a forca de contração
Arteríolas e veias Constrição Dilatação Dilatação
Pulmões Dilatação dos brônquios Constrição dos brônquios
Trato digestório Diminui a motilidade e a secreção Aumenta a motilidade e a secreção
Pâncreas exócrino Diminui a secreção de enzimas Aumenta a secreção de enzimas
Pâncreas endócrino
Inibe a secreção de insulina e aumenta a secreção de
glucagon
Aumenta a secreção de insulina e inibe a secreção de
glucagon
Glândula
suprarrenal
Secreta adrenalina (epinefrina) ------------------
Rins Aumenta a secreção de renina
Bexiga Retenção urinária Liberação de urina
Tecido adiposo Mobilização de lipídeos
Órgão sexual
masculino
Ejaculação Ereção
Tecido linfoide Normalmente inibidora
Fonte: (SILVERTHORN, 2010, p. 363)
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A regulação autonômica na função cardíaca e dos vasos é de fundamental importância para a manutenção da função
circulatória. Exemplo: regulação da pressão arterial, da resistência periférica e da função cardíaca.
Durante a estimulação simpática, ocorre o aumento da frequência cardíaca (FC) e da força de contração (contratilidade). Os
efeitos do simpático sobre a musculatura cardíaca são mediados por receptores adrenérgicos do subtipo β1. A inervação
parassimpática atua diminuindo a FC, assim como reduz também a contratilidade através da interação da ACh com os
receptores muscarínicos.
No coração, os dois sistemas (SNS e SNP) têm atividade tônica: suas �bras pós-ganglionares apresentam potenciais de
ação contínuos, com liberação mantida de seus respectivos neurotransmissores. Assim, podemos dizer que a FC de um
indivíduo a cada instante é o resultado dos efeitos excitatório simpático e inibitório parassimpático. (AIRES, 2012, p. 350)
Sistema circulatório 
Os efeitos da modulação autonômica sobre o sistema respiratório são complexos, pois eles podem atuar diretamente sobre
o músculo liso bronquiolar e as glândulas mucosas ou indiretamente pelas modi�cações do �uxo sanguíneo. A estimulação
parassimpática excita a produção de muco em todo o sistema respiratório e provoca a constrição dos bronquíolos
(broncoconstrição). Por outro lado, a estimulação simpática provoca broncodilatação, induzindo o relaxamento do músculo
liso bronquiolar por meio de receptores adrenérgicos do subtipo β2. A estimulação simpática produz vasoconstrição das
mucosas. Essa é a causa do efeito descongestionante desencadeado pelas drogas simpaticomiméticas utilizadas para
aliviar sintomas como os da rinite alérgica. (AIRES, 2012, p. 350)
Sistema respiratório 
A inervação autonômica nos órgãos sexuais (genitálias feminina e masculina) também desempenha uma função integrada
dos SNSN e SNP. Em homens, o SNP estimula a contração do músculo liso visceral ao longo das vias seminíferas,
produzindo a contração de:
Epidídimo;
Canal deferente;
Vesículas seminais;
Próstata.
Essas contrações ajudam no transporte dos gametas até a uretra. No entanto, a ejaculação é obtida por ativação muscular
das �bras esqueléticas. Enquanto o SNP provoca a vasodilatação das artérias cavernosas, aumentando o in�uxo arterial, as
�bras simpáticas estimulam a venoconstrição, reduzindo o e�uxo venoso.
Sistema urogenital 
Dica
A ereção peniana é a combinação do aumento do in�uxo arterial e da redução do e�uxo venoso, resultando em aumento do
volume de sangue contido nos corpos cavernosos. Em resumo, trata-se de uma combinação das atividades simpática e
parassimpática e do próprio músculo esquelético que é essencial para desencadear essa ereção, o transporte dos gametas e a
ejaculação. Nas mulheres, o parassimpático provoca vasodilatação no clitóris e nos lábios vaginais, ocasionando o aumento da
secreção mucosa. (AIRES, 2012, p. 351)
A modulação autonômica no trato gastrintestinal é realizada através da inervação do sistema miontérico presente nos
plexos mucoso e submucoso do epitélio intestinal. Esses plexos possuem circuitos neuronais complexos (neurônios
sensoriais, interneurônios e neurônios motores) onde o SNA atua através da estimulação simpática e parassimpática.
Geralmente, os vasos do trato gastrintestinal são inervados pelo simpático, que é predominantemente vasoconstritor. A
redução do �uxo sanguíneo desencadeada pela vasoconstrição simpática pode diminuir a secreção de glândulas digestivas.
Por outro lado, o SNP ativa a secreção de:
Glândulas salivares;
Estômago;
Pâncreas exócrino;
Intestino;
Fígado.
A estimulação parassimpática promove também o aumento da motilidade intestinal e a contração da vesícula biliar.
(SILVERTHORN, 2010, p. 363)
Sistema gastrointestinal 
Sistema nervoso autonômo
Durante reações de alerta
Em situações de luta ou fuga, várias estruturas do córtex relacionadas com nossos comportamentos e emoções estimulam a
atividade dos núcleos localizados na medula ventrolateral rostral (RVLM) responsáveis pela gênese do SNS.
 (Fonte: Sebastian Kaulitzki / Shutterstock).
As respostas relacionadas às reações
de alerta / defesa são caracterizadas
em:
Midríase;
Aumento da sudorese;
Aumento da FC;
Aumento do débito cardíaco;
Vasodilatação muscular;
Vasoconstrição visceral;
Aumento da frequência
respiratória;
Redução da motilidade;
Peristaltismo intestinal;
Contração de esfíncteres.
Esse per�l é compatível com o esperado para situações que precedem ou envolvem
intensa ativação muscular, como exercício físico intenso.
Esses ajustes circulatórios atuam para aumentar o �uxo sanguíneo e, como consequência, o transporte de O2 para o território
muscular, embora ocorra uma perfusão sanguínea do trato gastrintestinal devido à vasoconstrição local. A midríase (dilatação
pupilar) ocorre para que o campo visual aumente, o que é desejável em uma situação de investigação do território. (AIRES, 2012,
p. 351)
Na regulação dos hormônios de ação rápida
Papel do SNA no controle do pâncreas endócrino e no
metabolismo energético
Como já é assumido na literatura, o SNC não utiliza ácidos graxos como fonte de energia. Por isso, o requerimento absoluto de
glicose como fonte de energia é necessário. Em situações em que haja redução dos níveis circulantes de glicose, o SNC, por
intermédio do sistema nervoso autônomo, intervém para impedir uma queda no suprimento desse substrato energético, agindo
especialmente no fígado, o principal controlador da produção e armazenamento desse substrato.
O SNC pode alterar as vias metabólicas hepáticas diretamente, graças à inervação simpática e parassimpática em suas células
(hepatócito), ou indiretamente, estimulando ou inibindo a secreção de hormônios que agem sobre essas vias. Mecanismos
intracelulares envolvidos nessa resposta catabólica (glicogenólise) por ação da adrenalina (epinefrina) são desencadeados,
principalmente, pela ativação dos adrenorreceptores α1 e β2. Com isso, o SNS estimula a produção de glucagon pelas células α
das ilhotas de Langerhans, inibindo a secreção de insulina pelas células β.
Há neurônios sensíveis às concentrações de glicose localizados em diversas regiões do SNC:
1
Hipotálamo
Núcleo ventromedial;
Núcleo arqueado;
Núcleo supraquiasmático;
Núcleo paraventricular.
Tronco cerebral
Substância negra;
Área postrema;
Núcleo do trato solitário.
Atenção
A capacidade desses neurônios de ativar as vias simpáticas eferentes para o fígado (assim como para pâncreas, medula adrenal
etc.) se torna a atividade predominante em situações de redução do suprimento de glicose. Sinapses colinérgicas centrais
também parecem estar envolvidas no controle da produção de glicose: sua estimulação aumenta a descarga simpática eferente,
ocasionando uma elevação da glicemia (hiperglicemia) como resultado da glicogenólise hepática.
Ao contrário do SNS, a estimulação parassimpática resulta no aumento da secreção da insulina.A insulina provoca:
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula4.html

Aumento do transporte de glicose para o
fígado e o músculo esquelético;

Aumento do seu armazenamento por
ativação de enzimas que promovem a
glicogênese (síntese de glicogênio).
(AIRES, 2012, p. 1171)
Sistema endócrino
Sua principal função é garantir diferentes formas de
informações entre diferentes células, possibilitando a
integração funcional de todo o organismo.
O sistema endócrino ainda possui outras funções:
Garantir a reprodução;
Promover crescimento e desenvolvimento;
Garantir a homeostase dos sistemas orgânicos.
As diferentes formas de informações, que ocorrem por ação de diversas moléculas, são conhecidas como hormônios. Eles
exercem os efeitos biológicos necessários para a manutenção do meio interno. Essas informações são transmitidas para os
órgãos (pela ação nas células) através de uma glândula secretora e da célula-alvo que responderá à ação do hormônio.
Isso ocorre em função das seguintes etapas:

A célula secretora é a responsável pela síntese e secreção do hormônio que vai enviar as
informações;

A célula-alvo é aquela que vai reconhecer o hormônio e modi�car alguma função celular em resposta
a ele.
Célula-alvo é aquela que possui um receptor especí�co para o hormônio em questão.
Portanto, o receptor hormonal é um elemento fundamental na resposta endócrina.
(AIRES, 2012, p. 61)
 (Fonte: Vladimir Zotov / Shutterstock).
Classi�cação dos hormônios
Eles podem ser classi�cados em três grandes grupos de acordo com suas propriedades químicas: (CONSTANZO, 2015, p. 275)
1
Peptídicos e proteicos
Representam o maior grupo de hormônios, sendo também chamados de hormônios hidrossolúveis, já que
suas proteínas são constituídas por cadeias de aminoácidos que se unem por ligações peptídicas,
preservando, dessa maneira, a característica polar das moléculas dos aminoácidos.
Exemplo: prolactina.
2
Esteroides
São também chamados de hormônios lipossolúveis devido à sua molécula precursora possuir estrutura
lipídica preservada na forma ativa do hormônio.
Exemplo: testosterona e estradiol.
3 Derivados de aminoácidosCatecolaminas (derivadas da tirosina) e hormônios tireoidianos (derivados de resíduos iodados da tirosina).
Mecanismos de ações
Os hormônios, de uma maneira geral, à medida que são sintetizados e secretados, podem atuar de diferentes maneiras. Eles
possuem três principais mecanismos de ação (�gura 3.1):
 Mecanismos de ações dos hormônios nas células-
alvo. Fonte: (MARGARIDA, 2012)
Sistema endócrino: O hormônio atua numa célula-alvo distante do tecido
secretor na qual ele chega por meio da circulação sanguínea;
Sistema parácrino: Ao ser secretado, o hormônio se espalha no interstício,
agindo em células vizinhas da célula secretora;
Sistema autócrino: Uma vez secretado, o hormônio volta a atuar na própria
célula secretora. (AIRES, 2012, p. 62)
Mecanismos de sinalização celular (interação entre hormônio e célula-alvo)
Conforme mencionado na seção anterior, os hormônios podem ter interações com as células por mecanismos autócrinos,
parácrinos e endócrinos. O resultado dessa interação desencadeia diferentes mecanismos de comunicação intracelular, gerando
respostas especí�cas para promover a homeostase e ajuste celular.
A maior parte dos receptores especí�cos de cada hormônio está localizada na membrana plasmática, à exceção dos receptores
androgênicos (aos quais os hormônios esteroides se ligam) situados no citoplasma. No momento em que um hormônio (ligante
extracelular) se liga ao seu respectivo receptor, esse receptor sai da sua condição inativa e passa para a ativa, resultando em uma
série de cascatas de sinalização através de segundos mensageiros para estabelecer uma resposta celular (�gura 3.2).
(CONSTANZO, 2015, p. 277)
 Figura 3.2. Exemplo de uma sinalização celular desencadeada pela ação de um
hormônio (H) em seu respectivo receptor de membrana (R). Quando o receptor se tornar
ativo (R*), muitas proteínas intracelulares (E1) serão ativadas pelo receptor (chamadas de
segundos mensageiros) para desencadear a resposta fisiológica. Fonte: (CONSTANZO,
2015)
Nas suas porções intracelulares, os receptores de membrana possuem particularidades próprias, podendo ser classi�cados
como:
Receptores de
canais iônicos.
Acoplados à
proteína G.
Receptores enzimáticos
(�gura 3.3).
Para entendermos melhor como funciona esse mecanismo de comunicação celular, mostraremos um exemplo de mecanismo de
ação hormonal mediado por um receptor acoplado à proteína G:
(A) Receptores canais iônicos
(B) Receptores acoplados a proteína G
(C) Receptores enzimáticos
ou
 Figura 3.3. Principais classes de receptores. Fonte: (AIRES, 2012)
Via de sinalização celular (receptores acoplados à proteína G)
Na �gura 3.4, podemos observar a estrutura de um receptor com sete domínios transmembrana. Nesse grupo, há um domínio
extracelular (porção N terminal) e outro intracelular (porção C terminal). Os ligantes extracelular (hormônios) se ligam em lugares
especí�cos na porção N terminal de um receptor acoplado a uma proteína G (GPCR).
Atenção
Esses hormônios promovem mudanças na estrutura (conformacional) do receptor, que recruta e ativa diferentes proteínas G.
Essas proteínas têm esse nome por estarem ligadas a nucleotídeos de guanina, GDP e GTP. No estado inativo, a proteína Gα está
acoplada a GDP no lado interno da membrana plasmática. O receptor, após o ligante associar-se a ele, sofre mudança
conformacional, resultando na ativação da proteína Gα.
Agora a subunidade Gα vai se ligar a uma enzima, podendo acarretar a estimulação ou inibição de sua atividade catalítica (�gura
3.4). Essas enzimas catalisarão - além de segundos mensageiros - a seguinte geração de mensageiros intracelulares:
Monofosfato cíclico de adenosina
(cAMP).
Fosfoinositídeos
(IP3).
Diacilglicerol
(DAG).
Em seguida, esses mensageiros irão ativar as proteínas cinases que atuarão na fosforilação de fatores citosólicos e de
transcrição nuclear. (AIRES, 2012, p. 69)
 Figura 3.4. Receptores acoplados à proteína G e às suas respectivas subunidades (α, β e γ). Fonte: (AIRES, 2012)
Exemplo
Analisemos especi�camente a sinalização celular desencadeada pela proteína Gα estimulatória (Gσs). Quando o hormônio se
ligar ao receptor acoplado a Gσs, ele irá ativar a adenilil ciclase, a qual, por sua vez, aumenta a produção de cAMP a partir de ATP.
O cAMP promove a ativação de proteínas quinases, que são dependentes de cAMP (PKA) nesse caso. Após sua ativação, a PKA
poderá estimular canais iônicos, alterar o metabolismo celular e atravessar o poro nuclear, ativando as proteínas nucleares
responsáveis pela renovação e sobrevivência celular (�gura 3.5). (SILVERTHORN, 2010, p. 730)
 Figura 3.5. Mecanismos de sinalização dos receptores acoplados à proteína Gs. Fonte:
(SILVERTHORN, 2010)
Notem na �gura acima que a subunidade alfa estimulatória (αs) ativa a adenilil ciclase, que
aumenta a produção de cAMP ligado à proteína quinase dependente de AMP cíclico (PKA).
A partir da ativação da PKA, proteínas nucleares são ativadas para atuar na síntese de novas
proteínas.
Atividade
1. Vários órgãos internos recebem inervação simpática e parassimpática, atuando algumas vezes de forma sinérgica ou
antagônica. Um exemplo de antagonismo é o efeito de redução (ativação parassimpática) e aceleração (simpática) do ritmo
cardíaco. O ato sexual, entretanto, depende da sinergia das duas divisões do sistema. Pesquise a participação do sistema nervoso
autônomo nesse processo.
2. Durante o exercício físico, a ativação dos aferentes musculares III e IV induz a secreção de substância P sobre os receptores de
neuroquininas de neurônios gabaérgicos localizados no núcleo do trato solitário (NTS), alterando a sensibilidade do barorre�exo.
Assim, em conjunto com os estímulos do comando central, a atividade simpática aumenta durante o exercício, permitindo que
frequência cardíaca e pressão arterial se elevem ao mesmo tempo nessa condição, algo improvávelde ocorrer no repouso.
Pesquise como pode ocorrer hipoatividade simpática após o exercício físico.
3. Pesquise por que atenolol, propranolol e dobutamina são fármacos que atuam sobre receptores adrenérgicos, mas, apesar
disso, produzem efeitos distintos no organismo humano.
Notas
Glucagon 1
No fígado, as catecolaminas e o glucagon promovem a glicogenólise (quebra do glicogênio hepático). Relacionados a uma maior
secreção de glucagon e à inibição da secreção de insulina pelo SNS, esses efeitos das catecolaminas resultam em maior
produção de glicose hepática e sua mobilização para a circulação sanguínea a �m de evitar danos irreversíveis aos neurônios
resultantes de uma queda abrupta da glicose no sangue. (SILVERTHORN, 2010, p. 373)
Referências
AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de �siologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao ao condicionamento físico e ao desempenho. 8. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Próxima aula
Características e organização funcional dos eixos hormonais;
Interação entre hipotálamo e hipó�se no controle da secreção de hormônios glandulares;
Papel e mecanismo de ação dos principais hormônios do sistema endócrino.
Explore mais
Veja esta série de vídeos sobre o sistema nervoso autônomo:
Fisiologia do pâncreas endócrino <https://www.youtube.com/watch?v=ia3ORYyowNE> ;
Sistema nervoso autônomo <https://www.youtube.com/watch?v=7iRK8NshdoQ> ;
Introdução ao sistema endócrino <https://www.youtube.com/watch?v=gkPD8oJwMSE> .
https://www.youtube.com/watch?v=ia3ORYyowNE
https://www.youtube.com/watch?v=7iRK8NshdoQ
https://www.youtube.com/watch?v=gkPD8oJwMSE

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