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1 2 AULA 1: NOÇÕES PRELIMINARES DO DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REGEDORES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 COMO SE DEFINE O DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL? 4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REGEDORES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 6 ATIVIDADE PROPOSTA 12 REFERÊNCIAS 13 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 14 CHAVES DE RESPOSTA 23 ATIVIDADE PROPOSTA 23 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 3 Introdução Sendo o Direito Constitucional o principal ramo do Direito, dele emergem vários temas interligados a outros ramos do Direito. A presente aula tem como propósito estabelecer o conceito de Direito Constitucional Internacional e sua evolução histórica. Por não existir um objeto próprio, alguns doutrinadores não reconhecem a existência de um “Direito Constitucional Internacional” autônomo. Desse modo, existem normas constitucionais de alcance internacional que procuram compatibilizar-se com o Direito Internacional. Exemplos dessas regras encontram-se nos princípios que regem a República Federativa no Brasil nas suas relações exteriores. Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 1. Identificar o conceito e a evolução histórica do Direito Constitucional Internacional; 2. Conhecer os princípios constitucionais que regem o Estado nas relações internacionais, abordando-se a sua especial relevância como preceitos normativos balizadores da ação do Estado. 4 Conteúdo Como se Define o Direito Constitucional Internacional? Há certo consenso doutrinário de que a expressão Direito Constitucional Internacional foi utilizada pela primeira vez por Mégalos Caloyanni que, ao estudar a Corte Permanente de Justiça Internacional e o Pacto de Paris, de 1928, equivocadamente, afirmou que a proibição à guerra está registrada em diversas Constituições. Sob essa perspectiva, o Direito Constitucional Internacional era definido como um conjunto de normas de ordem pública inserido no ambiente do Direito Internacional Público, que se imporiam às normas constitucionais do Estado. Assim, o autor equivoca-se, pois em 5 verdade o que ele pretendia se referir era ao Direito Internacional Constitucional. Em 1933, a partir da publicação da obra de autoria de Mirkine-Guetzévich, intitulada de Droit Constitutionnel International, a expressão passou a significar o conjunto de regras constitucionais de alcance internacional. Posteriormente, o mesmo autor a denomina como um conjunto de normas que possuem eficácia internacional. Entretanto, essa proposta mereceu críticas, tendo em vista que no âmbito internacional, o Direito Interno não tem significação. Neste sentido, a jurisprudência internacional considera o direito interno como despido de valor normativo no plano exterior. Atualmente, à medida que o Direito Constitucional se torna limitado e interpretado pelo Direito Internacional, procura-se elaborar uma construção conceitual do Direito Constitucional Internacional, pautada no fato deste constituir ramo do direito interno, voltado às relações exteriores. É importante ressaltar também que em face do processo de globalização, é inegável a existência da internacionalização das relações jurídicas, o que influencia inexoravelmente no Direito Constitucional de cada Estado. Desta forma, a partir da internacionalização das relações jurídicas, amplia-se a dimensão do tratamento constitucional das relações externas de um Estado. Assim, pode-se definir o Direito Constitucional Internacional como o conjunto de normas constitucionais que limita e regula as atividades externas do Estado. Portanto, é norma de direito interno, inserida na Constituição do Estado, que repercutirá na ordem jurídica internacional, uma vez que esse mesmo Estado se pautará pela observância do Direito Constitucional em suas relações exteriores. Esse conjunto de normas poderá variar de Estado para Estado, ou seja, de constituição para constituição. Verifica-se que ainda não é considerado ramo autônomo do Direito, mas uma divisão do Direito Constitucional, e por variar de constituição para constituição, podemos afirmar que existe um Direito Constitucional Internacional brasileiro, alemão, 6 argentino etc. Além disso, tais normas de direito interno têm um núcleo mínimo que deriva do Direito Internacional Público, ou seja, que dá suporte jurídico aos institutos como a celebração dos tratados, resposta armada à agressão estrangeira, declaração de paz, concessão de asilo político etc. O Constitucionalismo Clássico e o enfoque das relações exteriores limitaram- se à organização da gestão política externa a partir da delimitação de competências entre os diversos órgãos estatais. O Constitucionalismo atual caracteriza-se pela fixação de marcos normativos regedores da política externa estatal, quais sejam: o estabelecimento de seus limites de atuação e a formulação de estímulos voltados ao seu direcionamento em razão de certos objetivos. Princípios Constitucionais Regedores das Relações Internacionais Após identificarmos o conceito e a evolução histórica do Direito Constitucional Internacional, é preciso conhecer os princípios constitucionais que regem o Estado nas relações internacionais, abordando-se a sua especial relevância como preceitos normativos balizadores da ação do Estado. O artigo 4º da Constituição da República relaciona os princípios que balizam as relações exteriores do Brasil, o que constitui uma inovação no constitucionalismo pátrio. Sob a ótica da hermenêutica hodierna, cabe ressaltar que os princípios adquirem especial color, sendo considerados normas jurídicas, distintamente da concepção positivista de outrora, que os considerava meros vetores de aplicação das normas jurídicas. No que concerne aos princípios constitucionais que regem as relações exteriores, Canotilho denomina-os de “princípios políticos constitucionalmente 7 conformadores”, pois explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador constituinte na formulação da política externa brasileira. A despeito de tal construção normativa constitucional, parte da doutrina entende que a referida principiologia constitucional teria natureza programática, o que não contribuiria de forma a tornar preciso o posicionamento hierárquico das normas de direito internacional no ordenamento jurídico interno. De toda sorte, face ao caráter normativo que a atual hermenêutica atribui aos princípios, não se pode conceber o fato de terem mera função retórica, tendo em vista a sua importante função de localizar o Brasil nas relações internacionais. Estabelecidas tais considerações, passaremos ao estudo dos princípios explicitados no art. 4º da Constituição da República: 1. Princípio da independência nacional Preliminarmente, deve-se registrar que a independência associa-se à soberania, a qual constitui fundamento da República, conforme previsto no art. 1º da Constituição. O vocábulo “independência” pode ser compreendido como o direito de o Estado estar livre de qualquer influência, seja de ordem econômica, política e cultural. Como corolário deste princípio, destaca-se o artigo: 171 da Constituição, o qual assegura tratamento diferenciado às empresas nacionais; o art. 176, que restringe a exploração dos recursos nacionais pelo capital estrangeiro; o art. 178 e o art. 219 do texto magno. Podem-se destacar tambémos artigos 215, 221 e 222 que visam à preservação de valores culturais nacionais, como forma de manutenção da independência estatal. 2. Prevalência dos direitos humanos 8 Sem precedentes nas Constituições anteriores, a inserção deste princípio no texto constitucional é voltada à questão da efetividade do sistema internacional de proteção dos direitos humanos na ordem jurídica interna. A prevalência dos direitos humanos como paradigma de atuação do Estado brasileiro apresenta dupla finalidade: inserir o Brasil nos sistemas jurídicos internacionais e regionais de proteção dos direitos humanos, e garantir a incorporação destas normas em âmbito interno. A fim de garantir a eficácia do citado princípio, ressalte-se a importância do art. 5º, parágrafo 2º, e após o advento da Emenda Constitucional 45/04, o parágrafo 3º que atribuiu aos tratados internacionais de direitos humanos o status de norma constitucional, respeitados os requisitos estabelecidos no referido dispositivo, que terá o condão de conferir materialidade e coerência ao princípio constitucional da prevalência dos direitos humanos, que constituiu o grande fulcro temático da atualidade. 3. Autodeterminação dos povos A autodeterminação é um princípio em constante evolução no plano internacional e se encontra solidamente respaldada na normatização do DIP, a exemplo da Declaração de princípios de 1970, na Ata de Helsinque de 1975 e na Carta Africana de 1981. Considerada norma cogente internacional, a autodeterminação constitui um dos atributos da soberania estatal, ao lado da independência. Pode ser compreendida como o direito de o Estado não se submeter à dominação estrangeira, tendo sido o fundamento jurídico do processo de descolonização dos territórios subjugados pelos Estados europeus até a metade do século XX na África e na Ásia. Sem embargo, a conjugação da doutrina internacional e da jurisprudência de tribunais internacionais denota duas dimensões, como sustenta Antônio Augusto Cançado Trindade1. A primeira, interna, está relacionada ao direito 1TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O Direito Internacional num mundo em transformação, p.788. 9 de todo o povo estar livre de qualquer forma de dominação. No que concerne à dimensão externa, esta se referiria ao direito de todo o povo escolher seu destino e afirmar a própria vontade, o que significa que governos devem a sua existência e seus poderes ao consentimento de seu povo, devendo ser a vontade deste, a base da autoridade do governo. Tal é a mais moderna concepção. Cabe destacar o fato de que não se fazia menção, nas Constituições anteriores, ao compromisso do Brasil com o princípio à autodeterminação dos povos, conquanto este tenha sido mencionado sempre entre os paradigmas tradicionais da política externa brasileira. 4. Não intervenção Trata-se de princípio que também é considerado norma cogente internacional, constituindo reforço do princípio da soberania. Seu conteúdo diz respeito à obrigação de abstenção de interferência nos assuntos internos dos Estados. Embora o princípio da não intervenção nunca tenha sido objeto das Constituições anteriores, como o princípio da autodeterminação, sempre foi utilizado na arquitetura da política externa brasileira. O princípio em apreço foi consagrado em importantes instrumentos jurídicos internacionais, tais como a Carta da ONU, da OEA e da OUA, além de estar previsto na Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados de Montevidéu. Em 1970, foi incorporado pela Declaração de Princípios que regem as relações internacionais, que dispôs acerca da obrigação de não intervenção nos assuntos externos e internos dos Estados, seja qual for o motivo, através de qualquer forma de ingerência. Se bem que a noção de domínio reservado dos Estados encontre-se num processo contínuo de redução nos órgãos políticos das Nações Unidas na prática das organizações internacionais, tendo em vista que a tendência da Assembleia Geral é não mais aceitar a alegação de domínio reservado, por se tratar de interesse internacional. Nesse sentido, há uma releitura da clássica noção de soberania absoluta, que passa a sofrer 10 uma relativização, vez que atualmente existem mecanismos internacionais de aferição da responsabilidade internacional dos Estados por violação dos direitos humanos. Vale ressaltar que o dever de não intervenção comporta exceções, quais sejam: intervenção para a proteção de nacionais no exterior; intervenção em nome da defesa, e intervenção para proteção dos direitos humanos, levando- se em consideração para efeito desta última modalidade, o respeito ao chamado domínio reservado dos Estados, que, conforme esclarecido anteriormente, tende a sofrer minimização no tocante aos direitos humanos, por ser considerado atualmente, tema de importância universal. 5. Princípio da igualdade Contemplada na Carta das Nações Unidas de 1945, a igualdade entre os Estados trata-se de referencial no sistema internacional. Porém, cumpre destacar que a ideia de igualdade no plano internacional associa-se à igualdade formal, não substancial, tal como o princípio da isonomia previsto no art. 5º da Constituição da República. Ao caracterizar-se a sociedade internacional como paritária, almeja-se conferir maior segurança e estabilidade à organização jurídica internacional, conquanto as grandes potências acabem por exercer enorme influência na vida internacional, por desfrutarem de poderio econômico e político, o que revela uma grande desigualdade a permear o sistema de Estados. 6. Defesa da paz e solução pacífica dos litígios A obrigatoriedade de solução pacífica dos litígios apresenta-se no sistema internacional como norma jurídica sobre a qual não recai qualquer discordância acerca de seu caráter cogente, continuando a vigorar na agenda internacional como fator de preservação da paz mundial, tema de grande preocupação na época atual. 11 No Brasil, merece destaque o artigo 21, inc. XXIII Da Constituição, o qual prevê a utilização de energia nuclear somente para fins pacíficos, o que se encontra em sincronia com o referido princípio previsto no Artigo 4º da Carta Magna. 7. Repúdio ao terrorismo e ao racismo Ao erigir o terrorismo e o racismo como princípio constitucional regedor das relações exteriores brasileiras, o constituinte procurou reforçar o compromisso do Estado com a proteção da pessoa humana, que constitui um referencial ético no plano internacional. O terrorismo tem sido uma preocupação constante da sociedade internacional. Redes terroristas criadas nos anos 80, a exemplo da rede Al- Qaeda, expandiram-se rapidamente e, praticando atos de violência extrema, agruparam-se em movimentos radicais em diversas regiões asiáticas e em vários Estados africanos, além de manterem células ativas no continente europeu. Por revestir-se de formas diversas, há inúmeras definições elaboradas por doutrinadores, considerando os objetivos perseguidos, os métodos empregados e os efeitos que são procurados, que, de toda sorte, convergem para um ponto em comum, qual seja, a ameaça ou uso da violência extrema e da força, através do emprego do medo, da coerção e da intimidação, para provocar o terror, com vistas ao alcance de determinados fins, geralmente políticos. Há que se evidenciar que os fins utilizados pelo terrorista não justificam os meios, o que revela uma barbárie e uma antítese com relação à dignidade da pessoa humana, que se torna simplesmente descartável frente aosobjetivos perseguidos pelos terroristas. Em consonância com o Artigo 4º, inciso VIII, observam-se os incisos XLII e XLIII, do artigo 5º, que traduzem a correspondência efetiva entre o princípio 12 geral arrolado no artigo 4º e as normas constitucionais específicas referentes aos direitos e garantias fundamentais. 8. Cooperação entre os povos Sem precedentes nas Cartas anteriores, esse princípio constitui reivindicação dos países em desenvolvimento, frente à ausência de solidariedade dos Estados ricos, que impera nas relações internacionais. No plano internacional, o princípio encontra-se colacionado na Carta da ONU e na Declaração de Princípios de 1970, objetivando-se combater o subdesenvolvimento através de ações dos Estados. 9. Concessão de asilo político Compreende-se por asilo político a proteção assegurada pelo Estado a pessoas de nacionalidade diversa do Estado concedente, que têm a sua vida ou liberdade ameaçadas por outro Estado, em virtude do cometimento de delitos políticos. Tal instituto é peculiar da América latina, em razão da instabilidade política da região. Infere-se que o propósito do constituinte, ao ter inserido este dispositivo no rol dos princípios constitucionais das relações exteriores, foi ressaltar o dever de solidariedade internacional imposto aos Estados, através do mecanismo do asilo político. Atividade Proposta Em maio de 2012, o Senador boliviano Roger Molina, por força de sua ideologia política, entrou na embaixada brasileira, situada em La Paz, em virtude de perseguição realizada pela Bolívia. Posteriormente, o parlamentar fugiu para o Brasil contando com a ajuda da embaixada brasileira em La Paz, fato que gerou um incidente diplomático entre os dois Estados. A partir desse fato, você vislumbraria algum princípio constitucional presente no caso? 13 Referências GUERRA, Sidney; SILVA, Roberto Luiz. Soberania: antigos e novos paradigmas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. Rio de Janeiro: renovas, 2005, v.1 e 2. ________________. Direit o Constitucional Internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. ________________. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São Paulo: Max Limonad, 1996. ________________. Direitos humanos. V.1. Curitiba: Juruá, 2006 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. ________________. Processo internacional dos direitos humanos. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. TAVARES, André Ramos. A reforma do Judiciário no Brasil pós-88. São Paulo: Saraiva, 2005 TORRES, Ricardo Lobo (org). Teoria dos direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O Direito internacional num mundo em transformação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. 14 Exercícios de Fixação Questão 1 Hodiernamente, procura-se elaborar uma construção conceitual do Direito Constitucional Internacional, pautada no fato deste constituir ramo do Direito interno, voltado às relações exteriores. No tocante à definição e objeto do Direito Constitucional Internacional, assinale a afirmativa correta: a) O conteúdo de suas normas independe do grau de internacionalização de cada sociedade estatal, por conseguinte, prescinde de experiências 15 históricas, sociais, econômicas e culturais vivenciadas em cada Estado, determinantes na localização do Estado na sociedade internacional. b) Inspira-se no constitucionalismo clássico, no qual o enfoque das relações exteriores limitou-se à organização da gestão da política externa, a partir da delimitação de competências entre os diversos órgãos estatais. c) Seu conteúdo restringe-se a normas principiológicas que constituem paradigmas de atuação estatal no plano internacional, que estabelecem valores que devem permear a materialização dos atos do Poder Executivo, em sua competência de conduzir a política externa nacional. d) A perspectiva de internacionalização atual possibilita a ampliação do tratamento constitucional das relações exteriores de um Estado, causando impactos na elaboração das Constituições modernas, que passam a se adequar à nova realidade. Questão 2 A ideia de se estabelecerem normas internas voltadas ao desempenho das relações exteriores não é recente e remonta à antiguidade. Tal se deve ao fato de que os Estados relacionam-se externamente e, por conseguinte, necessitam de uma estrutura jurídica que regulamente e limite suas atividades externas. Esta é a razão pela qual se encontram em sistemas jurídicos das civilizações antigas, antecedentes do Direito Constitucional Internacional. Nesse contexto, assinale a alternativa INCORRETA: 16 a) Na civilização grega, a estrutura política da pólis possibilitou a existência de um constitucionalismo, uma vez que a autonomia das cidades-Estado visa regulamentar assuntos internos e que, em matéria de política externa, constituiu fatores a cooperar com o desenvolvimento de uma intensa vida internacional da civilização grega. b) Com relação às normas de aspecto internacional, os romanos criaram o denominado jusgentium formado pelas normas de direito romano destinadas aos estrangeiros; o jus civilisquiritum, exclusivamente destinado aos cidadãos romanos; e o jus fetiali caracterizado como um conjunto de normas internas destinadas a reger as relações entre o Império Romano e as nações estrangeiras, podendo ser associado ao conceito de Direito Internacional Público, mas direito interno voltado às relações externas de Roma. c) No período medieval, ocorreu um retrocesso com relação ao desenvolvimento das relações internacionais, tendo sido concluídos poucos tratados internacionais. d) No século XVIII, com o absolutismo fundamentado na teoria da soberania de Jean Bodin (poder absoluto de uma República), a formulação e o controle das relações externas são prerrogativas do povo, excluindo-se inteiramente a participação do monarca no processo de tomada de decisões acerca da condução dos negócios externos do Estado. Questão 3 Assinale a alternativa INCORRETA: a) No período medieval, há um desenvolvimento das relações internacionais, e a guerra passa a ser objeto de normatização, estabelecendo-se regras acerca de direitos dos prisioneiros e das imunidades dos portadores de salvo-condutos. 17 b) No período renascentista, com a formação e desenvolvimento dos Estados nacionais a partir de Westfália, a política externa passa a adquirir maior relevância. c) Podemos afirmar a existência de um constitucionalismo internacional em Roma, a exemplo da normatização acerca da conclusão de tratados e de procedimentos necessários para a declaração de guerra, nos quais o Senado desempenhava papel fundamental. d) Somente após o século XVIII, desenvolve-se a noção de controle político das relações internacionais, que passa a constituir assunto de competência exclusiva do Poder Legislativo, o que acabou por inspirar a edificação da sistemática jurídica atual no que concerne à constitucionalização das relações exteriores dos Estados. Questão 4 Sobre o Direito Constitucional Internacional,assinale a alternativa INCORRETA: a) Pode-se defini-lo como o conjunto de normas constitucionais que limitam e regulamentam as atividades externas do Estado. 18 b) O Direito Constitucional Internacional limita-se à organização da gestão da política externa, a partir da delimitação de competências entre os diversos órgãos estatais. c) O conteúdo de suas normas depende do grau de internacionalização de cada sociedade estatal, podendo, por conseguinte, variar de Estado para Estado, em decorrência de experiências históricas, sociais, econômicas e culturais vivenciadas. d) A constitucionalização dos princípios regedores das relações exteriores estabelecidos no art. 4º de nossa Constituição estabeleceu referenciais éticos a orientar todos os atos decorrentes da política externa. Questão 5 O artigo 4º da Constituição da República colaciona uma sistemática de princípios que baliza as relações exteriores do Brasil, o que constitui uma inovação no constitucionalismo pátrio. Sobre o tema, assinale a alternativa correta: 19 a) Sob a óptica da hermenêutica hodierna, cabe ressaltar que os princípios não são considerados normas jurídicas, mas vetores de aplicação destas, diferentemente da concepção de outrora. b) Como corolário do princípio da independência nacional, destaca-se o art.176, que restringe a exploração dos recursos nacionais pelo capital estrangeiro. c) Com o advento da Emenda Constitucional 45/04, o parágrafo terceiro atribuiu status de norma constitucional a todos os tratados internacionais de direitos humanos de que a República Federativa do Brasil fizer parte. d) Sob o escopo de preservação do atributo da soberania dos Estados, o dever de não intervenção não comporta exceções, sendo considerado norma cogente internacional. Questão 6 Os princípios colacionados no art. 4º da Constituição possuem a importante função de localizar o Brasil nas relações internacionais. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA: 20 a) A inserção do parágrafo terceiro ao art. 5º teve o condão de conferir materialidade e coerência ao princípio constitucional da prevalência dos direitos humanos, que constituiu o grande fulcro temático da atualidade. b) Não se fazia menção, nas Constituições anteriores, ao compromisso do Brasil com o princípio à autodeterminação dos povos, conquanto este tenha sido mencionado sempre entre os paradigmas tradicionais da política externa brasileira. c) Pode-se afirmar que o artigo 21, inc. XXIII da Constituição, encontra- se em dissonância com o princípio da defesa da paz e solução pacifica dos litígios, o que revela a tendência ao unilateralismo do país no cenário internacional. d) A obrigatoriedade de solução pacífica dos litígios apresenta-se no sistema internacional como norma jurídica sobre a qual não recai qualquer discordância acerca de seu caráter cogente, continuando a vigorar na agenda internacional como fator de preservação da paz mundial, tema de grande preocupação na época atual. Questão 7 Assinale a alternativa INCORRETA: 21 a) A noção de domínio reservado dos Estados encontra-se num processo contínuo de redução nos órgãos políticos das Nações Unidas na prática das organizações internacionais. b) Na prática internacional, é possível a intervenção para a proteção de nacionais no exterior; intervenção em nome da defesa, e intervenção para proteção dos direitos humanos. c) A prevalência dos direitos humanos como paradigma de atuação do Estado brasileiro apresenta a finalidade de inserir o Brasil nos sistemas jurídicos internacionais e regionais de proteção dos direitos humanos, e garantir a incorporação destas normas em âmbito interno, assegurando-lhes sempre status constitucional. d) O princípio da autodeterminação constituiu fundamento jurídico do processo de descolonização dos territórios subjugados pelos Estados europeus até a metade do século XX na África e na Ásia. Questão 8 22 De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, referente à incorporação dos tratados internacionais sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, analise as assertivas abaixo: I. Prevalece a tese da constitucionalização dos tratados ratificados após a promulgação da Constituição de 1988, por força da abertura do rol dos direitos e garantias fundamentais a outros direitos previstos nos tratados internacionais em que a República do Brasil seja parte. II. Os tratados de direitos humanos necessitam de aprovação congressual como os demais tratados. III. Após a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, a constitucionalização dos tratados internacionais sobre direitos humanos depende, no aspecto formal, da observância do procedimento previsto para aprovação de emenda à Constituição. Assinale a alternativa CORRETA a) apenas o item II é incorreto. b) apenas o item I é incorreto. c) apenas o item III é incorreto. d) todas são incorretas. Questão 9 Dentre os princípios abaixo, assinale aquele que não é regedor da política externa brasileira: a) Cooperação entre os povos. b) Erradicação da pobreza. c) Prevalência dos Direitos Humanos. d) Autodeterminação dos povos. 23 Atividade Proposta Resposta: A concessão de asilo político é princípio que rege o Brasil em suas relações exteriores. Trata-se de proteção assegurada pelo Estado a pessoas de nacionalidade diversa do Estado concedente, que tem a sua vida ou liberdade ameaçadas por outro Estado, em virtude do cometimento de delitos políticos. Tal instituto é peculiar da América latina. Exercícios de Fixação Questão 1 - D Resposta: Percebe-se que o Direito Constitucional Internacional acaba se influenciando pelo Direito Internacional, já que necessita buscar institutos desse ramo do Direito. Questão 2 - C Resposta: A alternativa deve ser considerada incorreta, pois no período medieval a Igreja é dotada de supremacia e desenvolve uma rede de intensas relações internacionais, tendo concluído inúmeros tratados. Questão 3 - D Resposta: A alternativa deve ser considerada incorreta, pois desde a antiguidade é possível se falar em um desenvolvimento das relações internacionais e no século XVIII, com o Absolutismo, fundado na teoria da soberania de Jean Bodin, o poder de um Estado é prerrogativa do monarca e não do Poder Legislativo, como sugere o item incorretamente. Questão 4 - B Resposta: A alternativa deve ser considerada incorreta, pois a partir das relações estabelecidas entre os Estados, em face do processo de globalização, há um forte repercussão no Direito Constitucional de cada Estado. 24 Questão 5 - C Resposta: A Emenda Constitucional 45/04 ao acrescentar o parágrafo terceiro ao artigo 5º, da Constituição Federal, possibilitou que o governo brasileiro pudesse atribuir aos tratados internacionais de direitos humanos a mesma hierarquia de uma norma constitucional derivada. Para tanto, basta que o Poder Legislativo aprove o referido tratado observando o mesmo procedimento dispensado à elaboração de uma emenda constitucional. Questão 6 - C Resposta: A Constituição Federal no artigo 21, XXIII, “a” estabelece que compete à União explorar os serviços e instalações nuclearesde qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; Assim sendo, a exploração dessa atividade não se encontra em dissonância com o princípio da defesa da paz. Questão 7 - C Resposta: Nem sempre os tratados internacionais de direitos humanos possuirão status de norma constitucional. Basta que não seja observado o rito de aprovação pelo Congresso Nacional destinado às emendas constitucionais. Por isso, a alternativa deve ser considerada incorreta. Questão 8 - B Resposta: Apenas uma das afirmativas deve ser considerada incorreta, pois nem sempre os tratados internacionais de direitos humanos possuirão status de norma constitucional. Basta que não seja observado o rito de aprovação pelo Congresso Nacional destinado às emendas constitucionais. Por isso, a alternativa deve ser considerada incorreta. 25 Questão 9 - B Resposta: A erradicação da pobreza não figura como princípio que rege a política externa brasileira. Em verdade, trata de um objetivo fundamental do Estado brasileiro. Atualizado em: 22 jun. 2014
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