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DIREITO PÚBLICO INTERNACIONAL

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DIREITO PÚBLICO INTERNACIONAL 
HISTÓRICO 
Na primeira fase, temos o Direito Internacional Antigo, também chamado de 
“Direito das Gentes”, essencialmente composto por normas que regulavam as 
relações entre comunidades, desde a antiguidade oriental até a Idade Moderna. 
Não se pode dizer que havia um Direito Internacional propriamente dito, como hoje 
o concebemos, principalmente pela inexistência da concepção de Estado nacional 
neste período. 
Na segunda fase, encontramos o chamado Direito Internacional Clássico. É nela 
que ocorre a afirmação histórica do Direito Internacional. 
Há dois acontecimentos paradigmáticos que marcam esta fase, um de caráter 
doutrinário e outro histórico: 
1. Hugo Grócio, conhecido como o pai do Direito Internacional, escreve o 
famoso O Direito da Guerra e da Paz, publicado em 1625 e 
 
2. Em 1648, ocorre a chamada Paz de Vestfália, que consistiu na assinatura 
dos tratados de Munster e Osnabruck, que marcaram o fim da Guerra dos 
30 anos. 
É nessa fase que há o efetivo surgimento do Direito Internacional como 
ciência autônoma e sistematizada voltada a regular as relações entre os 
Estados. 
 
 
A terceira fase teve início com o fim da Primeira Guerra Mundial, após a assinatura 
do Tratado de Versalhes, em 1919. 
Esta fase inicia-se pela necessidade de cooperação para o enfrentamento de 
fenômenos fronteiriços. 
Com o fim da Primeira Grande Guerra, os Estados passaram a perceber a 
necessidade de cooperação e, com isso, começaram a surgir as primeiras 
organizações internacionais. 
A quarta e atual fase é denominada por alguns doutrinadores como Humanização 
do Direito Internacional, ou Direito Internacional da Humanidade. Essa nova fase 
tem início com a intensificação do processo de globalização, quando os Estados 
começam a ter dificuldades de, isoladamente, assegurarem o desenvolvimento das 
suas próprias sociedades, bem como de garantir a sobrevivência da própria 
humanidade. 
Começam a sentir, portanto, a necessidade de reconhecerem determinados 
valores comuns, havendo a criação de normas que não regem mais somente as 
relações entre os Estados, ou que visam apenas a cooperação entre eles, mas 
também buscam regulamentar a conduta dos indivíduos e a proteção deles. 
É nesta fase que surgem o jus cogens (direito cogente), as obrigações 
internacionais de caráter erga omnes, ou seja, aqui é que os Estados se obrigam à 
observância dessas obrigações, mesmo sem terem dado expressamente a sua 
anuência, conforme veremos mais detalhadamente adiante. 
O Direito Internacional Público pode ser definido como o conjunto de normas e 
princípios que regulam as relações entre Estados, organizações internacionais e 
outros entes no seio da comunidade internacional. 
Por sua vez, o Direito Internacional Privado também é um conjunto de princípios e 
regras, porém que visa tutelar as relações jurídico-privadas a nível internacional, 
resolvendo, por exemplo, conflitos de jurisdição e objetivando definir qual o direito 
aplicável em situações que envolvam mais de um Estado, ou mais de um 
ordenamento. 
 
→ E o que se entende por sociedade internacional? 
 
É um termo utilizado para referir-se à sociedade composta pelos sujeitos de Direito 
Internacional, os Estados soberanos, as organizações internacionais e os 
indivíduos que integram os Estados. E, como toda sociedade, precisa de normas 
jurídicas para regular a sua convivência harmônica; e é este o objeto das normas 
de Direito Internacional. 
 
 
→ Fundamento de validade das normas de Direito Internacional 
Diversas teses surgiram para tentar explicar o fundamento do Direito Internacional. 
As duas que mais se difundiram foram agrupadas e divididas em duas correntes: a 
voluntarista e a objetivista. 
 → Teoria Voluntarista 
Defende a tese que a obrigatoriedade do Direito Internacional decorre da vontade, 
do consentimento dos Estados. 
A principal crítica direcionada a ela é a insegurança jurídica que existiria, pois a 
adoção dessa ideia, pautada unicamente na vontade dos Estados, possibilita que 
estes, ao mudarem de opinião, de uma hora para a outra, resolvem deixar de 
cumprir determinada norma, gerando grande instabilidade. 
 → Teoria Objetivista 
A corrente objetivista surgiu justamente para contrapor o argumento da vontade, 
fundada na ideia de superioridade das normas internacionais frente às normas 
estatais e na sua autonomia e independência da vontade dos Estados. 
A teoria que ganhou destaque dentro da corrente objetivista e teve mais adeptos, 
permanecendo viva até os dias atuais, é a que fundamenta a obrigatoriedade das 
normas internacionais na regra do pacta sunt servanda, extraído do direito 
contratual. 
Pacta sunt servanda: princípio segundo o qual o que foi pactuado deve ser 
cumprido. É defendido dentre aqueles que acreditam que o Direito Internacional se 
baseia em princípios superiores, acima da vontade dos Estados. Dionísio Anzilotti 
afirma que a norma tem “valor jurídico absoluto, indemonstrável e que serve de 
critério formal para diferençar as normas internacionais das demais”. Ainda neste 
sentido, o artigo 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 
estabelece: Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas 
de boa-fé. 
Desta forma, funda-se em algo superior à vontade dos Estados, entretanto, sem 
deixá-la completamente de lado, eis que um Estado assina ou adere a um tratado 
por meio dela (da vontade), mas, uma vez celebrado o tratado, obriga-se ao seu 
cumprimento pelo princípio da boa-fé. 
 
A Teoria Objetivista foi consolidada como fundamento do Direito Internacional com 
a adoção da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em 1969, a qual 
positivou em seu texto a regra, aduzindo expressamente no seu artigo 26 que 
“Todo tratado em vigor obriga as partes e deve por elas ser cumprido de boa-fé”. 
O abandono da Teoria Voluntarista representa a consolidação da existência de um 
direito cogente, o qual nada mais é do que o conjunto de normas imperativas de 
Direito Internacional, ou seja, normas que se sobrepõe à vontade dos Estados. 
O seu conteúdo não é expressamente definido, são normas gerais de valores 
universais. 
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞ 
→ E como as normas de Direito Internacional se relacionam com o Direito 
Interno dos Estados? 
Existem duas principais teorias que pretendem explicar a relação do Direito 
Internacional com o Direito interno: a Teoria Monista e a Teoria Dualista. 
 
Para Flavia Piovesan → acima das constituições federais está a ONU e a 
Declaração dos Direitos dos Homens → há uma ética universal acima das leis → 
dignidade da pessoa humana. 
→Teoria Dualista 
A Teoria Dualista ganha esse nome porque defende que o Direito Interno e o 
Direito Internacional são sistemas jurídicos distintos e independentes, que não se 
confundem. 
Para os defensores desta teoria, o Direito Internacional trata das relações entre 
Estados, enquanto que o Direito Interno regula a relação entre indivíduo/indivíduo 
e indivíduo/Estado. 
Logo, de acordo com as concepções dessa teoria, o Direito Internacional é um 
mundo completamente separado do Direito Interno; seriam dois sistemas com 
fundamentos e limites distintos, não havendo nenhuma comunicação dieta e 
imediata entre eles. Assim, a norma jurídica de um sistema não pode valer, como 
tal, no seio do outro. 
 
Para os adeptos da teoria dualista, direito interno e internacional 
representariam sistemas distintos e independentes entre si. Para eles, cada 
qual ver-se-ia aplicável a relações independentes; o direito interno aplicável 
às relações públicas ou privadas ocorrentes no âmbito interno do Estado; o 
direito internacional aplicável às relações públicas externas, ou seja, às 
relações entre os sujeitos de direito internacional. Quando muito, regra 
internacional, quando aplicável na seara interna de um Estado, assim 
ocorreriaapNozesenas após a incorporação da regra internacional, ou seja, 
após tornar-se norma interna (teoria da incorporação da norma), fator que 
atribuiria à regra a força obrigatória para a exigência de seu respeito. (ED – 
Módulo 2) 
→Teoria Monista 
Para os defensores desta teoria, o Direito é um só, e em oposição ao 
entendimento dualista, não aceita a existência de dois sistemas jurídicos distintos 
e independentes. O Direito Internacional e o Direito Interno são dois elementos de 
um só conceito que se dirige ao indivíduo. 
Sendo assim, o Direito Internacional é adotado por meio de uma recepção 
automática no ordenamento interno, e aplica-se como tal caso a norma possua 
autoaplicabilidade e, caso não seja uma norma autoaplicável, a mesma deve ser 
transformada em direito doméstico. 
Portanto, o Monismo parte do pressuposto da existência de uma hierarquia entre 
as normas internacionais e as normas do ordenamento interno, e no caso de 
dúvida sobre a posição hierárquica de cada qual, os defensores dessa teoria 
divergem por dois caminhos: um entende que as normas de direito internacional 
são hierarquicamente superiores, ao que se denomina de “primado do direito 
internacional”, enquanto o outro entende que as normas de direito interno são 
superiores, denominado, logicamente, de "primado do direito interno”. 
 
Para os adeptos da teoria monista, diferentemente daqueles que sustentam a 
tese proposta pela teoria dualista, o direito internacional e o direito interno 
representariam uma mesma ordem jurídica. Tal teoria, todavia, dividir-se-ia 
em dois subgrupos, quais sejam, internacionalista e nacionalista. Para 
aqueles, diante da unidade de sistema, prevaleceria a norma internacional 
sobre a interna, já que no topo das normas se encontraria a norma hipotética 
fundamental, qual seja, o princípio da “pacta sunt servanda”, fundamento e 
princípio do direito internacional; para os últimos (monistas nacionalistas), 
diante da unidade de sistema, a prevalência seria da norma interna sobre a 
internacional, com força na soberania estatal que impediria a submissão da 
norma constitucional (norma Maior do Estado) às normas 
internacionais(teoria defendida pelos adeptos de formação no 
constitucionalismo). (ED – Módulo 2) 
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞ 
 
→Convenção de Viena 
A teoria a ser adotada no que tange a relação do Direito Interno com o Direito 
Internacional fica a cargo de cada Estado, entretanto, devemos lembrar que ambos 
estão cada vez mais interligados e possuem inúmeros pontos de convergência. 
Nesse sentido, a jurisprudência internacional tem sido invariável ao reconhecer a 
primazia do direito internacional. A propósito, a Convenção de Viena sobre o 
Direito dos Tratados adota, em seu art. 27, a seguinte regra: 
“Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o 
inadimplemento de um tratado”. 
Obs. no Brasil há uma morosidade na internacionalização dos tratados no Brasil, 
pois depende de um ato complexo, isto é, passa pelo Poder Executivo e depois por 
duas casas legislativas – CN. 
∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞ 
→ E como as normas internacionais adentram no ordenamento jurídico 
brasileiro? 
A Constituição Federal Brasileira determina, em seu art. 84, VIII, como 
competência privativa do Presidente da República a celebração de tratados, 
convenções e atos internacionais, estando todos sujeitos ao referente do 
Congresso Nacional. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo 
do Congresso Nacional; 
 
Já o art. 49 prevê que compete ao Congresso Nacional resolver definitivamente 
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou 
compromissos gravosos para o patrimônio nacional. 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; 
 
Logo, as normas jurídicas oriundas de tratados internacionais, para serem 
reconhecidas no Brasil, demandam um ato completo, no qual se integram a 
vontade do Presidente da República (Poder Executivo), que o celebra, e a do 
Congresso Nacional (Poder Legislativo), que o aprova mediante decreto legislativo. 
Feito isso, passa o tratado a produzir efeitos jurídicos no ordenamento brasileiro, e 
as suas normas, a serem parte integrante dele. 
(...) princípios de Direito Internacional Público que fundamentam as relações entre 
os sujeitos de Direito Internacional. São eles: 
• Consentimento: segundo Francisco Rezek, os Estados não se subordinam senão 
ao direito que livremente reconheceram ou construíram (...) 
→ Hierarquia das normas de Direito Internacional no Brasil 
• Agora, uma vez inseridas no ordenamento pátrio, é necessário saber a 
hierarquia que lhes será atribuída. 
• O Brasil adota um sistema misto; em sua essência, possui elementos do 
primado do direito internacional e do primado do direito interno, uma vez 
que o tratamento dado aos tratados internacionais que versam sobre 
direitos humanos difere dos dispensado aos demais tratados 
internacionais. 
→ Normas Internacionais 
As normas internacionais, em regra, por força do art. 102, III, b da CF possuem 
status de lei federal dentro do ordenamento jurídico brasileiro, não havendo 
grandes controvérsias ou dificuldades em sua aplicação, desde que obedecido o 
processo regular para a sua internalização. 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou 
última instância, quando a decisão recorrida: 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
 
→Hierarquia das normas de direito internacional no Brasil 
Agora, uma vez inseridas no ordenamento pátrio, é necessário saber a hierarquia 
que lhes será atribuída. 
O Brasil adota um sistema misto; em sua essência, possui elementos do primado 
do direito internacional e do primado do direito interno uma vez que o tratamento 
dado aos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos difere do 
dispensado aos demais tratados internacionais. 
Outros tratados tem status de lei federal. 
→Tratados de Direitos Humanos 
Em síntese, destacam-se quatro correntes a respeito do assunto: 
1. Da hierarquia supraconstitucional; 
2. Da hierarquia constitucional; 
3. Da hierarquia infraconstitucional, mas supralegal; e 
4. Da paridade hierárquica entre tratado e lei federal. 
Tratados que versam sobre direitos humanos → se passarem pelo processo 
complexo de aprovação → tem força de emenda constitucional 
O entendimento que predominava dentro do Supremo Tribunal Federal (STF) 
brasileiro era o de que os tratados internacionais de direitos humanos eram 
equivalentes à lei ordinária, sustentando a inexistência de previsão legal que 
atribuísse o mesmo status constitucional a quaisquer tratados. Ou seja, as normas 
internacionais, uma vez recepcionadas pelo ordenamento brasileiro, equiparavam-
se às demais leis. Esse entendimento jurisprudencial consolidou-se a partir do 
julgamento do Recurso Extraordinário 80.004/SE, em 1977. 
Esse entendimento foi superado pela emenda n° 45. 
Entretanto, com a edição da Emenda Constitucional n° 45/2004, foi acrescentado 
novo parágrafo (3º) ao art. 5º da Constituição Federal Brasileira, com a seguinte 
redação: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três 
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais". (Brasil” 1988). 
CF. Art. 5º - § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Com isso, passou a ser expressamente reconhecido o status constitucional dos 
tratados internacionais de direitos humanos recepcionados internamente pelo rito 
especial previsto no referido dispositivo acima. 
Contudo, permaneceu o debate em torno da hierarquia a ser atribuída aos tratados 
de direitos humanos anteriores à emenda, bem como aos que não forem 
recepcionados por meio do rito especial. 
Para resolver o impasse, o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário n. 
466.343/SP, passou a atribuir aos tratados internacionais de direitos humanos, 
anteriores ou posteriores à EC/45 não recepcionados pelo rito especial (art. 5º, § 
3º da CF), caráter supralegal, posicionando-os abaixo das normas constitucionais, 
mas acima das demais leis ordinárias. 
Desta forma, hoje temos no Brasil a denominada Teoria do Duplo Estatuto dos 
Tratados de Direitos Humanos, pois é atribuído caráter supralegal àqueles que 
forem recepcionados no ordenamento interno mediante o rito comum, e status 
constitucional àqueles recepcionados pelo rito especial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
 
→Os sujeitos de Direito Internacional Público 
Personalidade jurídico-internacional: é a capacidade para ser destinatário das 
normas e princípios de Direto Internacional, ou seja, para ser titular de direitos e 
deveres internacionais. 
Capacidade jurídico-internacional: é o resultado da análise de uma gama de 
direitos e deveres que podem se verificar no alcance jurídico-internacional da 
entidade, sendo ainda necessário proceder à diferenciação do domínio da 
titularidade e do domínio do exercício destes direitos e deveres. 
Desta forma, em resumo, pode-se dizer que para ser sujeito de Direito 
Internacional é preciso gozar de direitos e deveres no plano internacional, bem 
como ter capacidade para exercê-los. 
O Estado é tido como o sujeito originário deste ramo do Direito. 
Além dele, temos as organizações internacionais e os indivíduos. 
Ex. OMC, OMS, etc. 
 
Diversas outras coletividades poderão, eventualmente, surgir no cenário 
internacional e se enquadrar na classificação de sujeitos internacionais, mesmo 
porque estes variam através dos tempos, em virtude das necessidades que a 
comunidade impõe. 
Vale ainda ressaltar que as empresas transnacionais e multinacionais têm sido 
apontadas como entes dotados de personalidade jurídica internacional, 
considerando a área do Direito Internacional do Comércio; contudo, ainda é tema 
bastante controverso. 
→Estado: sujeito de direito internacional 
Em sua acepção clássica, a soberania era vista como um poder absoluto do 
Estado, que não podia ser relativizado. 
Desta forma, a partir do momento em que os Estados passam a se relacionar 
internacionalmente e, sobretudo a precisarem uns dos outros, surge uma 
necessidade social: conseguir um relacionamento pacífico mínimo entre os 
Estados. 
Logo, a necessidade que se tinha era de limitar o uso do poder de guerra, evitar 
grandes destruições e criar mecanismos pacíficos de relação entre os Estados 
soberanos. Este era o maior objetivo do direito Internacional, razão pela qual o seu 
desenvolvimento está intrinsicamente ligado ao desenvolvimento do Estado 
nacional. 
Desta forma, o Estado foi o primeiro sujeito de Direito Internacional, e durante 
algum tempo permaneceu sendo o único. 
→ Organizações internacionais 
As organizações internacionais, ao contrário dos Estados, são uma criação recente 
do Direito Internacional Público, não estando presentes desde o seu início, sendo, 
na realidade, uma consequência de seu desenvolvimento. 
A doutrina aponta o seu surgimento em 1919, tendo como marco inicial a criação 
da Liga das Nações ou Sociedade das Nações (SDN). 
O que é uma organização internacional? 
Nada mais é do que uma associação formal e permanente de Estados, a qual 
possui personalidade e capacidade jurídica internacional, e é assim considerada 
como um sujeito de Direito Internacional. A personalidade jurídica das 
organizações internacionais é distinta da dos Estados fundadores. Elas possuem 
seus próprios órgãos, estatuto e sede. 
Diz-se que os Estados possuem a personalidade jurídica-internacional originária, e 
as organizações possuem uma personalidade decorrente, visto que são criadas 
por eles, adquirindo, portanto, a personalidade no ato da sua criação. 
 
Podem ser criadas com uma finalidade específica, ou para fins gerais; podem ser 
duradouras ou temporárias, universais ou regionais. 
Tudo isso é especificado no estatuto da Organização Internacional, quando da sua 
criação. 
Exemplos de Organizações Internacionais: 
• Fundo Monetário Internacional (FMI): é uma organização internacional, 
criada com a finalidade específica de garantir a estabilidade econômica 
mundial. 
• Organização Internacional do Trabalho (OIT): também tem finalidade 
específica, qual seja, é responsável pela fiscalização e regulamentação 
das relações de trabalho. 
• Organização Mundial do Comércio (OMC): foi criada com o objetivo de 
promover a liberalização do comércio mundial; acompanha as transações 
econômicas travadas entre diversos países. 
→ Organizações Internacionais: ONU 
Foi criada no final da Segunda Guerra Mundial, por meio da Carta de São 
Francisco, mais precisamente no ano de 1945. 
Não foi necessariamente original, pois sucedeu à antiga Liga das Nações. 
O que motivou sua criação foi a constatação da necessidade de criação de uma 
nova Ordem Internacional, mais pacífica. Foi criada com fins gerais, ou seja, não 
persegue um objetivo específico; possui diversas atribuições, das mais variadas. 
Dentre seus principais objetivos, pode-se destacar a busca pela paz e segurança 
internacional, a proteção dos Direitos Humanos e a prossecução do 
desenvolvimento social e econômico dos Estados. Sua sede, atualmente, é nos 
Estados Unidos, na cidade de Nova York, mas também possui escritórios em 
outros países. 
→ Membros da ONU 
A ONU é composta por 193 países-membros, e o seu texto fundamental é a Carta 
das Nações Unidas. 
As suas principais atribuições são: função normativa, de prevenção e solução de 
conflitos, funções jurisdicionais e administrativas, bem como de manutenção da 
paz e controle dos territórios que estão sob a sua tutela. 
→ Órgãos da ONU 
✓ Assembleia Geral: é composta por representantes de todos os Estados-
membros e possui competência para discutir e emitir recomendações 
acerca de qualquer assunto insculpido na Carta. 
✓ Conselho de Segurança: possui apenas quinze membros, sendo cinco 
deles designados pela própria Carta, que define quem são os Estados-
membros permanentes, e os demais são escolhidos pela Assembleia 
Geral. 
o Sua principal atribuição é trabalhar pela manutenção da segurança 
e da paz internacionais, possui competência para aplicar sanções 
aos Estados e também atua diretamente em questões de 
procedimentos relativos à admissão de novos membros e revisão 
da Carta. 
✓ Corte Internacional de Justiça: 
→ Corte Internacional de Justiça 
Sua sede fica em Haia, na Holanda. 
É composta por quinze juízes, os quais são eleitos por ato conjunto da Assembleia 
Geral e do Conselho de Segurança. 
A sua competência é tanto contenciosa como consultiva, porém somente os 
Estados componentes da ONU podem ser partes nas demandas. 
A jurisdição da corte é facultativa, ou seja, os Estados decidem se a reconhecem 
ou não, só podendo atuar em litígios que envolvam Estados que a reconheceram. 
 
→ Proteção aos Direitos Humanos 
A ONU também possui um sistema de proteção desses direitos, o qual é um 
sistema universal, que visa a proteção dos Direitos Humanos no âmbito de toda a 
sociedade internacional. 
A organização possui um órgão específico para tratar do assunto, a Comissãode 
Direitos Humanos, que acompanha a produção de relatórios anuais sobre a 
violação de Diretos Humanos pelos Estados, bem como recebe petições contendo 
denúncias de cidadãos que entendam ter seus direitos violados. 
A ONU também tem firmado diversas declarações e convenções específicas para 
a proteção desses Diretos como, por exemplo, a recente Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2007; e outras mais antigas, como a 
Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 
1965 e a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher, de 1980. 
→ Indivíduo: sujeito do Direito Internacional? 
Com o crescente desenvolvimento do Direito Internacional, muito tem sido 
discutido sobre o reconhecimento do indivíduo como um sujeito de Direito 
Internacional. 
Parcela da doutrina entende que o indivíduo não possui personalidade jurídica 
internacional, logo não pode ser considerado como um sujeito, mas tão somente 
como um destinatário das normas internacionais. 
Por outro lado, há quem entenda que eles não só podem como dever ser 
reconhecidos como sujeitos de Direito Internacional, pois é indiscutível, nos dias 
atuais, a crescente preocupação com a proteção da pessoa humana, o que faz 
com o indivíduo seja portador de direitos e obrigações internacionais e, em alguns 
casos, possua até mesmo a capacidade de fazer valer tais direitos perante 
algumas entidades internacionais. 
O renomado doutrinador Jorge Miranda defende que o indivíduo se torna um 
sujeito de Direito Internacional, como pessoa singular, ao ultrapassar o “quadro do 
Direito Interno e a projetar-se ora em direitos, ora em deveres e outras adstrições 
efetiváveis perante instâncias internacionais” (2009, p. 150) 
No mesmo sentido, o ilustre internacionalista Celso D. de Albuquerque Mello aduz 
que negar a personalidade jurídica do indivíduo no plano internacional seria 
desumanizar o Direito Internacional, o que estaria na contramão do atual 
desenvolvimento deste ramo jurídico. 
→ Direitos Humanos 
Ainda que o tema não seja pacífico, não podemos ignorar o novo rumo que o 
Direito Internacional vem tomando no sentido da proteção dos Direitos Humanos, 
ou na disseminação de proteção dos Direitos Humanos, e que está cada vez mais 
solidificado com a criação dos diversos sistemas regionais de proteção dos 
Direitos Humanos, como o Sistema Interamericano e o Europeu. 
→ Sujeitos do Direito Internacional 
Além dos Estados, das organizações internacionais intergovernamentais e dos 
indivíduos, outras figuras peculiares são apontadas como sujeitos de Direito 
Internacional. 
→ Santa Sé 
A Santa Sé não é nem Estado nem Organização Internacional, mas possui 
personalidade e capacidade jurídica de Direito Internacional de igual forma, 
inclusive celebrando tratados com diversos Estados e integrando muitas 
organizações internacionais. 
Alguns autores designam-na como uma coletividade não estadual. Está sediada no 
Estado da Cidade do Vaticano, em Roma, e possui governo próprio instituído pela 
Igreja Católica. A Santa Sé, ao contrário dos Estados, não possui um povo, e a sua 
finalidade é administrar a Igreja Católica no mundo, ou seja, é a cúpula da Igreja 
Católica no mundo. 
 
→ Microestados 
Os microestados, assim como os demais sujeitos, também possuem personalidade 
jurídica de Direito Internacional; entretanto, algumas de suas competências, por 
exemplo, a emissão de moedas e a segurança do território nacional, são 
transferidas para outros Estados com os quais possuem uma relação mais próxima 
ou são seus vizinhos. 
São Estados dotados de soberania assim como os demais, porém têm 
hipossuficiência em alguns aspectos, por isso recorrem a países vizinhos para 
supri-la. Alguns importantes exemplos desse tipo de Estado são Mônaco, Andorra, 
Liechtenstein e Singapura. 
→ Entidades Internacionais 
Além dessas figuras que conhecemos até aqui, temos ainda algumas entidades 
que, apesar de não possuírem personalidade jurídica de Direito Internacional e não 
serem, desta forma, consideradas como verdadeiros sujeitos deste direito, são 
hoje importantes atores, com uma presença expressiva no cenário internacional, e 
que, inclusive, contribuem para o cumprimento das normas internacionais pelos 
diversos países do globo. 
→ Cruz Vermelha Internacional 
A Crua Vermelha Internacional foi fundada em 1863 e possui a missão de 
promover assistência humanitária a todos os feridos de guerra e vítimas de 
conflitos armados ou violentos. 
É uma organização independente, seu mandato e poder decorrem da Convenção 
de Genebra, que lhe atribui um estatuto específico, conferindo-lhe, inclusive, poder 
de intervenção no âmbito internacional. 
→ Organizações Não Governamentais - ONGs 
As ONGs são pessoas jurídicas não governamentais de âmbito internacional, ou 
seja, são criadas por particulares, não possuindo qualquer relação com o Estado 
ou Governo. 
Em regra, criadas para algum fim específico como a proteção dos direitos 
humanos, proteção e defesa do meio ambiente, entre outros. Alguns exemplos 
bastante conhecidos são Greenpeace a Anistia Internacional. 
Essas entidades não possuem personalidade jurídica internacional, logo não 
podem assinar tratados. 
São entidades totalmente desvinculadas do Estado, formadas por particulares e 
sem fins lucrativos. 
Porém, não podemos deixar de considerar que, nessa condição, tendo em vista os 
fins específicos a que se destinam, as ONGs internacionais acabam sendo 
verdadeiros representantes da sociedade e exercendo alguma pressão sobre os 
entes estatais. 
Elas se destinam a suprir as lacunas deixadas pela atuação estatal no que toca à 
resolução de conflitos sociais, ambientais, econômicos etc. 
Assim, ainda que não possam efetivamente atuar como sujeitos no cenário 
internacional, nem celebrar tratados, algumas organizações internacionais, em 
razão da sua importância mundial, exercem forte influência sobre os entes 
estatais, auxiliando na tomada de decisões e até mesmo na celebração de 
tratados. 
É o caso, por exemplo, do Greenpeace, que auxiliou diretamente, por meio da 
aliança com Estados como França e Austrália, na redação do Protocolo de Madri, 
de 1991, tratado internacional celebrado para proteção do meio ambiente da 
Antártica (SOARES, 2003). 
→ Fontes do Direito Internacional Público 
A jurisprudência e a doutrina internacionalista apontam o artigo 38 do Estatuto da 
Corte internacional de Justiça como principal documento no tocante à matéria 
 
fontes do Direito Internacional Público, eis que contém um rol NÃO taxativo sobre 
as fontes do Direito Internacional. 
→ Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional 
Artigo 38 
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as 
controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam 
regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o 
direito; 
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; 
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos 
juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a 
determinação das regras de direito. 
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma 
questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem. 
Ao contrário do que ocorre no âmbito interno dos Estados, não existe um poder 
constitucional do qual se possa extrair as fontes, logo, a validade de uma norma 
como fonte do direito dependerá da forma com que é elaborada e de como se 
torna obrigatória no plano internacional. 
"ex aequo et bono" = Segundo a equidade natural. 
 
→ Princípios Gerais do Direito 
Os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas nãosão tão 
facilmente identificáveis, mas a maioria da doutrina ensina que são aqueles 
princípios aceitos por todos os ordenamentos jurídicos sem grandes dificuldades, 
como o princípio da boa-fé, da proteção, da confiança, da coisa julgada, entre 
outros. 
Assim, se são princípios reconhecidos pela maioria dos Estados, passam também 
a fazer parte do Direito Internacional, já que este rege as relações entre os 
Estados. 
São, ainda, uma importante ferramenta que auxilia na atividade interpretativa do 
juiz, o qual não está adstrito à letra da lei, mas deve buscar o sentido da lei. A 
classificação dos princípios como uma fonte do Direito demonstra que o juiz não é 
um mero aplicador da lei. 
Alguns exemplos de Princípios Gerais de Direito Internacional são o princípio da 
autodeterminação dos povos, princípio da não intervenção e princípio da 
cooperação internacional. 
→ Costume Internacional 
É considerado uma das mais importantes fontes do Direito Internacional, tendo em 
vista que a maioria das normas internacionais são de origem consuetudinária, ou 
seja, derivam do costume internacional, já que não existe um órgão responsável 
pela produção de normas jurídicas, e são criados pela manifestação de vontade 
dos Estados. 
Por costume internacional, como o próprio nome já sugere, entende-se a prática 
reiterada de determinada conduta pelos sujeitos de Direito Internacional. 
Para ser considerado costume, há a necessidade da constatação de dois 
elementos: (1) o elemento material, que diz respeito à repetição da conduta 
reiteradas vezes e (2) o elemento subjetivo, que diz respeito à aceitação pelos 
sujeitos internacionais desta conduta como necessária e justa, logo, o 
entendimento de que é uma prática jurídica. 
 
É justamente a existência do elemento subjetivo, ou seja, do sentimento de 
obrigatoriedade, que se diferencia o costume de uma simples prática rotineira, de 
um hábito ou de uma mera cortesia. 
Para se configurar como costume, o uso deverá estar em conformidade com a 
moral e com a ordem pública, confundindo-se mesmo com a própria ideia de 
justiça. 
Nas relações internacionais, o costume é muito mais amplo, sendo capaz, 
inclusive, de vincular partes não copactuantes, desde que internacionalmente 
reconhecido. 
→ Costume e Tratado: a questão hierárquica 
Não há desnível hierárquico entre normas costumeiras e normas convencionais. O 
Estatuto da Corte de Haia não tencionou ser hierarquizante ao mencionar os 
tratados antes dos costumes. 
→ Tratados e Convenções Internacionais 
São apontados pela doutrina internacionalista como a principal fonte, porquanto 
regulam as matérias mais importantes no âmbito internacional. 
Em sua essência, nada mais são do que acordos internacionais resultantes da 
convergência de vontade de dois ou mais sujeitos internacionais, diferenciando-se 
tratados e convenções apenas pela extensão da sua abrangência. 
→ Fontes 
Não há uma hierarquia entre as fontes primárias do Direito Internacional elencadas 
no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. 
Desta forma, todas elas merecem igual atenção e respeito, podendo, por exemplo, 
um tratado internacional revogar uma norma consuetudinária, ou vice-versa. 
No entanto, tem sido mais comum que os Tribunais Internacionais deixem 
prevalecer o conteúdo das normas constantes dos Tratados, tendo em vista que 
estes são uma expressão da vontade dos Estados. 
→ Jurisprudência e Doutrina 
A jurisprudência e a doutrina, no âmbito do Direito Internacional, não são 
consideradas como verdadeiras fontes do Direito, mas apenas como meios 
auxiliares para a determinação das normas. 
Há também quem as denomine de fontes auxiliares, mas ainda assim, a 
jurisprudência não dá origem ao Direito, pelo contrário, ela advém de um ponto 
controvertido. 
Todavia, ainda que não consideradas tecnicamente fontes, pois delas não emana 
o Direito, cumprem um papel muito importante no que toca a definição do conteúdo 
das normas, por essa razão são mencionadas no Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça. 
→ Jurisprudência 
Por jurisprudência entende-se o conjunto de decisões em um mesmo sentido, 
proferidas reiteradas vezes por um determinado Tribunal. 
→ Atos Unilaterais 
Atos unilaterais dos Estados. Os Estados são sujeitos originários do Direito 
Internacional Público, logo seus atos influenciam sobremaneira na formação deste 
Direito, gerando consequências jurídicas internacionais. 
Por atos unilaterais, entende-se todo aquele que é cometido apenas por um 
Estado, sem a necessidade do consentimento dos demais. 
Exemplos: 
i. Protesto: quando um Estado manifesta expressamente a sua 
discordância com determinada prática que viole normas internacionais, 
objetivando resguardar seus direitos. 
 
ii. Renúncia: quando um Estado desiste expressamente de um direito 
que lhe assiste. 
iii. Denúncia: quando um Estado rescinde um Tratado Internacional, 
deixando de ser signatário do mesmo. 
iv. Ruptura das relações diplomáticas: quando um Estado 
declaradamente suspende as relações internacionais com outro 
Estado. 
→ Resoluções/decisões das Organizações Internacionais 
As Organizações Internacionais são os sujeitos derivados do Direito Internacional 
Público, assim, da mesma forma que os atos praticados pelos Estados, seus atos 
também impactam no Direito Internacional Público, gerando consequências 
jurídicas internacionais e, por isso, são considerados como fontes desse ramo 
jurídico. 
Em regra, as organizações internacionais possuem personalidade jurídica 
internacional derivada, eis que são uma criação dos Estados 
A sua capacidade vem estipulada no seu Estatuto, no qual são previstos todos os 
atos que a organização poderá praticar, como editar Resoluções. 
É importante observarmos que as decisões das organizações internacionais 
podem ser de caráter vinculante ou não, o que será estipulado pelo respectivo 
estatuto de cada organização. 
Uma parcela da doutrina aduz que somente quando forem atos vinculantes dos 
Estados membros as decisões das organizações internacionais serão 
consideradas como fonte do Direito Internacional Público. Quando forem atos de 
mera orientação, apesar de sua importância, não devem ser considerados como 
fonte do Direito, uma vez que não criam uma norma. 
Por exemplo, a Carta da ONU refere-se aos atos da Assembleia Geral como 
recomendações, da mesma forma que se refere às decisões do Conselho de 
Segurança; todavia, o art. 25 da Carta das nações torna as recomendações do 
Conselho de Segurança obrigatórias, enquanto que não há igual previsão para as 
emitidas pela Assembleia Geral. 
Artigo 25. 
Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do 
Conselho de Segurança, de acordo com a presente Carta. 
Diante disso, as recomendações da Assembleia Geral da ONU seriam vinculantes 
ou facultativas? Para que sejam vinculantes é preciso que esteja expresso no 
Estatuto? Ainda que não esteja expresso, podem existir exceções? 
Existe uma interessante discussão sobre o tema. 
→ Meios de Solução Pacífica das Controvérsias 
✓ Meios diplomáticos; 
a. Negociação: pode ser manifestada por via oral ou escrita. É o meio 
mais comum de resolução diplomática e, geralmente, o mais informal. 
Ocorre quando os Estados dialogam e fazer concessões mútuas 
chegando ao consenso de forma amigável. 
b. Bons ofícios: ocorre quando um terceiro, que pode ser representante 
de um Estado ou de uma organização internacional, age de forma a 
aproximar as partes, proporcionando um campo neutro para 
negociação. 
c. Mediação: também ocorre quando um terceiro atua na resolução do 
conflito, porém, ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, a atuação 
deste terceiro é ativa, propondo soluções. 
d. Conciliação: é uma espécie de mediação, porém, ao invés de ter 
apenas um mediador, há uma comissão de conciliação, composta 
tanto por pessoas neutras ao conflito como por representantesdos 
Estados envolvidos. 
✓ Meios políticos 
Ocorrem no seio das organizações internacionais e são utilizados para 
a resolução de conflitos mais graves, que geralmente representam 
 
uma ameaça à paz. A ONU tem papel de destaque, principalmente 
pela atuação do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. 
Podem atuar emitindo resoluções e recomendações, bem como 
utilizando a força militar que tem em seu favor. 
✓ Meios jurídicos: 
Diferenciam-se dos demais pelo seu caráter obrigatório entre as 
partes. 
→ Arbitragem 
A arbitragem é um meio de jurisdição provisória, pois o Tribunal arbitral é instituído 
para um fim específico, para a resolução de um questionamento de uma das 
partes. A outra parte discorda da interpretação dada à questão, e assim se 
instaura um conflito entre os Estados para saber qual a correta interpretação da 
cláusula. Isto é mais corriqueiro do que se imagina, e também é considerado como 
uma controvérsia internacional passível de aplicação dos mecanismos que 
veremos a seguir. 
A decisão emanada por este Tribunal tem a mesma força que a dos Tribunais 
Internacionais. Quando as partes optam por esse meio de resolução de conflitos, 
elas celebram um pacto de compromisso arbitral, no qual se comprometem a 
cumprir a decisão, sob pena de incorrerem em ilícito internacional e por ele serem 
responsabilizados. 
→ Solução Judicial 
Submeter-se à jurisdição das Cortes Internacionais é uma faculdade das partes. 
Porém, a partir do momento em que elas as reconhecem, sujeitam-se às decisões 
proferidas, as quais se tornam obrigatórias, como a de qualquer outro Tribunal. 
→ O Estado em face do Direito Internacional Público 
O Estado é conceituado pela doutrina como uma entidade com poder soberano 
para governar um povo em um território determinado. 
 
→ CONCEITOS GERAIS. O direito internacional e o Direito nacional. O direito 
internacional público. O direito internacional privado. 
→ Introdução 
O direito internacional é também denominado “direito das gentes”, denominação 
que advém da designação do direito francês droit des gens, ou também conhecido 
no direito anglo-saxão como Law of nations. 
→ Conceito de Direito Internacional Público 
É a especialidade do direito que estabelece regras e promove o estudo das 
normas – consuetudinárias e convencionais -, que administram vínculos de direitos 
e deveres coletivos, mediante tratados, convenções, acordos entre as nações e 
cuida das relações existentes entre Estados soberanos, Organizações 
Internacionais Intergovernamentais, pessoas e os demais entes de Direito 
Internacional. É um ramo que disciplina relações de coordenação e não de 
subordinação, pois os Estados são igualmente soberanos. 
→ Fundamento do Direito Internacional Público 
Sistema jurídico autônomo, onde se ordenam as relações entre Estados 
soberanos. O direito internacional público repousa sobre o consentimento. Os 
povos – assim compreendidas as comunidades nacionais, e acaso, ao sabor da 
história, conjunto ou frações de tais comunidades – propendem, naturalmente, à 
autodeterminação. Os Estados não se subordinam senão ao direito que livremente 
reconhecem ou construíram. 
→ Direito Internacional Privado 
É a especialidade do direito que regula e promove o estudo de um conjunto de 
regras que determinam qual o direito material aplicável às relações jurídicas 
particulares, sejam elas entre pessoas físicas (exemplo: divórcio) e/ou jurídicas 
(exemplo: comércio) de direito privado, ou ainda estabelecem qual a jurisdição 
competente, em todos os casos, para dirimir qualquer conflito que tenha conexão 
internacional. 
→ TEMAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - Independência nacional; 
II - Prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - Não-intervenção; 
V - Igualdade entre os Estados; 
VI - Defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo (vide art. 5º, XLII); 
IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 
Pelo princípio da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, o 
Brasil impõe uma restrição à sua própria soberania, pois não se pode falar em 
colaboração sem uma limitação. A tão comentada participação do Brasil no 
comando de uma força militar na missão de paz da Organização das Nações 
Unidas no Haiti, desde junho de 2004, leva em consideração a sujeição a este 
princípio. 
X - Concessão de asilo político. 
 
O direito de asilo é um direito do Estado, e não um direito subjetivo do refugiado. 
Assim, apesar da previsão constitucional, o Brasil pode não o conceder, se o 
considerar inconveniente diante do caso concreto. É uma forma de manifestação 
da soberania. 
Deve-se lembrar, no entanto, que a concessão de asilo político está em 
consonância com a proteção dos Direitos Humanos, pois cuida da defesa de uma 
pessoa em face da tirania e arbitrariedade de um Estado. 
→ Globalização e o sistema normativo internacional 
 
Definimos a globalização como um processo de progressivo aprofundamento da 
integração entre as várias partes do mundo, especialmente nos campos político, 
econômico, social e cultural, com vistas a formar um espaço internacional comum, 
dentro do qual bens, serviços e pessoas circulem da maneira mais desimpedida 
possível. 
A rigor, a globalização é um fenômeno recorrente na história da humanidade, 
experimentando momentos de maior intensidade, como nas Grandes Navegações, 
na Revolução Industrial e na década de noventa do final do século passado, após 
a Guerra Fria. 
Na acepção mais comum na contemporaneidade, refere-se ao forte incremento no 
ritmo da integração da economia mundial nos últimos anos. 
A globalização na atualidade sustenta-se em fenômenos como o vigoroso 
desenvolvimento ocorrido no campo da tecnologia da informação e comunicação 
(TIC), que inclui franca difusão de suas ferramentas, disponibilizadas para um 
número cada vez maior de pessoas. 
Fundamenta-se também na ampla propagação e adoção de valores comuns nos 
campos político e econômicos em vários Estados, como o Estado Democrático de 
Direito e a economia de mercado. 
Características: 
 Aumento nos fluxos de comércio internacional; 
 Investimento estrangeiro direito; 
 Acirramento da concorrência no mercado internacional; 
 Maior interdependência entre os países; 
 Redefinição do papel do Estado; 
 Soberania. 
No entanto, após os atentados de 11 de setembro de 2001 e a crise econômica 
vivida nas primeiras décadas do século XXI, observa-se relativo arrefecimento nas 
ações voltadas a promover a formação de um grande mercado mundial, afetando 
iniciativas ligadas ao livre comércio e à integração regional. Com redução, 
inclusive, do emprego da palavra “globalização”. 
 
→ SISTEMA CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL: 
✓ Objetivo: proteção internacional dos direitos humanos 
✓ Primeiros precedentes históricos do processo de internacionalização dos 
direitos humanos: 
o O Direito Humanitário 
o A Liga das Nações 
o Organização Internacional do Trabalho 
 
→ Direito Humanitário 
É o direito que se aplica na hipótese de guerra, com o objetivo de fixar limites à 
atuação do Estado e assegurar a observância de direitos fundamentais. 
• Objetivo: proteger, em caso de guerra, militares postos fora de combate 
(feridos, náufragos, prisioneiros) e a população civil. 
• O Direito Humanitário está associado, sobretudo, à ação da Cruz 
Vermelha 
• Convenção de Genebra de 1864. 
• Fonte: quatro Convenções de Genebra de 1949. 
→ Liga das Nações 
• Convenção da Liga das Nações de 1920 
• Criada após a Primeira Guerra Mundial 
• Necessidade de relativização da soberania dos Estados 
• Finalidade: promover a cooperação, paz e segurança internacional, 
condenando agressões externas contra a integridade territorial e 
independênciade seus membros. 
 
• Continha previsões genéricas relativas aos direitos humanos; 
• Dispositivos que estabeleciam sanções econômicas e militares a serem 
impostas pela comunidade internacional contra Estados que violassem 
suas obrigações. 
→ Organização Internacional do Trabalho 
• Criada após a Primeira Guerra Mundial; 
• Finalidade: promover padrões internacionais de condições de trabalho e 
bem estar. 
• Fundada em 1919 para promover a justiça social. 
• A OIT é a única agência das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na 
qual representantes de governos, de organizações de empregadores e de 
trabalhadores de 187 Estados-membros participam em situação de 
igualdade das diversas instâncias da Organização. 
• A missão da OIT é promover oportunidades para que homens e mulheres 
possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de 
liberdade, equidade, segurança e dignidade. 
• Para a OIT, o trabalho decente é condição fundamental para a superação 
da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da 
governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. 
• As normas internacionais do trabalho são apoiadas por um sistema de 
controle que é único no nível internacional e que ajuda a assegurar que os 
países implementem as convenções que ratificam. A OIT examina 
regularmente a aplicação de normas nos Estados membros e aponta as 
áreas onde elas poderiam ser melhor aplicadas. Se houver algum 
problema na aplicação das normas, a OIT procura ajuda os países através 
do diálogo social e da assistência técnica. 
• A OIT desenvolveu diversos meios para supervisionar a aplicação das 
convenções e recomendações na lei e na prática, a partir de sua 
aprovação pela Conferência Internacional do trabalho e ratificação pelos 
países. 
→ A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS → O PÓS GUERRA 
• A consolidação do Direito Internacional dos Direitos Humanos surge em 
meados do século XX; 
• Decorrência da Segunda Guerra Mundial; 
• É resposta às violações de direitos humanos da era Hitler 
• O processo de internacionalização dos Direitos Humanos pressupõe a 
delimitação da soberania estatal. 
• É a reconstrução de um novo paradigma, diante do repúdio internacional 
às atrocidades cometidas no Holocausto. 
• Os Direitos Humanos tornam-se uma legítima preocupação internacional 
com o fim da Segunda Guerra Mundial. 
• Tribunal de Nuremberg → 1945 a 1946. 
• O Tribunal de Nuremberg aplicou fundamentalmente o costume 
internacional para a condenação criminal de indivíduos envolvidos na 
prática de crime contra a paz, crime de guerra e crime contra a 
humanidade. 
→ Tribunal de Nuremberg 
• Ao aplicar o costume internacional, argumentou o Tribunal de Nuremberg: 
“O Direito de guerra deve ser encontrado não apenas nos Tratados, mas nos 
costumes e nas práticas dos Estados”. 
→ A Carta das Nações Unidas de 1945 
• Finalidade das Nações Unidas: manutenção da paz, cooperação 
internacional no plano econômico, social e cultural; o alcance de um 
padrão internacional de saúde, a proteção ao meio ambiente, a criação de 
uma nova ordem econômica internacional e a proteção internacional dos 
direitos humanos. 
• Órgãos das Nações Unidas: 
1. Assembleia Geral; 
2. Conselho de Segurança; 
 
3. Corte Internacional de Justiça, composta por 15 juízes; 
4. Conselho de Tutela e o Secretariado; 
5. Conselho Econômico e Social. 
Artigo 55: 
“As Nações Unidas favorecerão: 
c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.” 
 
• A Carta consolida o movimento de internacionalização dos direitos 
humanos. 
• A relação de um Estado (país) com seus nacionais passa a ser uma 
problemática internacional, objeto de instituições internacionais e do direito 
internacional. 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Em 1948, a DECLARAÇÃO UNIVERSAL vem a definir e fixar o elenco dos 
direitos e liberdades. 
→ A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada em 10 de dezembro 
de 1948, aprovada pela Resolução n. 217 A (III), pela aprovação unânime de 48 
Estados, com 8 abstenções. 
→ A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma ordem pública fundada 
no respeito à DIGNIDADE HUMANA. 
→ Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: 
• Consagra valores básicos universais, 
• Ideia da universalidade dos direitos humanos 
• Indivisibilidade destes direitos. 
→ A concepção universal dos direitos humanos sofre resistência dos adeptos do 
movimento do relativismo cultural. 
Para os relativistas, a noção de direitos está estritamente relacionada ao sistema 
político, econômico, cultural, social e moral vigente em determinada sociedade. 
→ Qual o valor jurídico da Declaração Universal de 1948? 
• A Declaração não é um tratado; 
• Foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas sob a forma de 
resolução que, por sua vez, não apresenta força de lei; 
• O propósito da Declaração é promover o reconhecimento universal dos 
direitos humanos e das liberdades fundamentais; 
→ A Corte Internacional de Justiça (CIJ) 
A Corte Internacional de Justiça, como órgão judicial da Organização das Nações 
Unidas que o é, tem obtido o reconhecimento de ser o mais importante tribunal 
judiciário perante a sociedade internacional. 
A qualidade de Estado-membro das Nações Unidas faz com que este mesmo 
Estado seja parte aderente ao Estatuto da CIJ. 
A CIJ mantém sua sede em Haia, Holanda, tendo como línguas oficiais o inglês e o 
francês 
A Carta da Organização das Nações Unidas (ONU), em seu art. 7º, classifica a CIJ 
como órgão da organização internacional, descrevendo-a em seu artigo 92 como 
principal órgão judiciário das Nações Unidas. 
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça, nos dizeres da Carta da ONU, é parte 
integrante deste Instrumento Internacional, razão pela qual os Estados-membros 
da ONU ao Estatuto da Corte encontram-se submetidos. 
A Corte Internacional de Justiça não representa o único tribunal a que podem se 
submeter os estados parte da ONU, posto que sua citação, pela Carta da 
 
organização, é feita como sendo o “principal” órgão judicial das Nações Unidas, 
não o único. 
Como decorrência da colocação da Corte Internacional de Justiça como órgão da 
ONU, não poderá ela (CIJ) vir a decidir com base em tratados não registrados 
perante o Secretariado da ONU. 
Composição da CIJ: 
• 15 juízes, não podendo 2 deles serem do mesmo país; 
o Mandatos de 9 anos, renováveis. 
o São beneficiários de imunidades idênticas às asseguradas aos 
representantes diplomáticos dos Estados 
o Cabível suas demissões por deliberação unânime da Corte. 
A Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, por deliberação de maioria 
absoluta, elegem os juízes da Corte, dentre os nomes constantes das listas 
formuladas pelos países integrantes da Corte Permanente de Arbitragem da ONU. 
Não sendo o país parte da corte permanente de arbitragem, poderá indicar nomes 
para a composição da CIJ. 
A decisão dada pela corte será prolatada não por um juiz relator, mas sim a partir 
do projeto de julgamento de cada juiz que tenha dele participado. 
Elege-se, em seguida, uma comissão, composta de 2 juízes, incumbida de 
elaborar a redação final, tendo, também, a participação do Presidente da CIJ. 
A sentença é definitiva e inapelável, passível de execução pelo Conselho de 
Segurança da ONU. 
A Corte possui competência contenciosa e consultiva em que somente os Estados 
podem ser parte em questões levadas a ela. 
O Estado autor de uma demanda submete-se à jurisdição da Corte pelo fato de 
ajuizar o pedido inicial, mas o Estado réu não está obrigado a aceitar a jurisdição 
da CIJ, a não ser que tenha aceitado a “cláusula facultativa de jurisdição 
obrigatória”. 
Alguns países estabeleceram limites ratione materiae. 
Os Estados podem celebrar um tratado bilateral, submetendo certo litígioà Corte. 
Os acórdãos da CIJ são definitivos e obrigatórios com base no princípio pacta sunt 
servanda. 
→ Processo de transformação da Declaração de 1948 em tratados (slide 47) 
Prevalece, então, o entendimento de que a Declaração deveria ser transformada 
em tratado internacional, para que fosse juridicamente obrigatória e vinculante no 
âmbito do Direito Internacional. 
→ Estrutura normativa do sistema global de proteção internacional dos 
Direitos Humanos 
Começou em 1949 e foi concluído apenas em 1966, com a elaboração de dois 
tratados internacionais distintos: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
→ CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
A partir da elaboração desses Pactos forma-se a Carta Internacional dos Direitos 
Humanos, integrada pela Declaração Universal de 1948 e pelos dois Pactos 
Internacionais de 1966. 
→ Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
• Aprovado em 1966 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos; 
• Resolução 220-A (XXI) da Assembleia geral das nações Unidas de 
16/12/1966; 
• Entrou em vigor em 1976 
 
 
→ Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos: 
• Direito à vida; 
• O direito de não ser submetido à tortura ou a tratamentos cruéis; 
• O direito à liberdade; 
• Estabelece um sistema de monitoramento e implementação desses 
direitos; 
• Direitos tem autoaplicabilidade 
 
→ Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos: 
 
• Adotado em 16 de dezembro; 
• Petições individuais a serem apreciadas pelo Comitê de Direitos Humanos; 
• Permite ao indivíduo apresentar petições denunciando violações de 
direitos enunciados no Pacto 
 
→ Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: 
• Aprovado em 1966 pela Assembleia Geral das nações Unidas; 
• Entrou em vigor em 1976; 
• Direitos sociais, econômicos e culturais; 
• Direitos condicionados a atuação do Estado; 
• Normas programáticas. 
 
→ Demais convenções de Direitos Humanos 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de 
discriminação racial; 
o Adotada pela ONU em 21 de dezembro de 1965; 
o Ratificada pelo Brasil em 27/03/1968 
o Precedentes históricos: ressurgimento de atividades nazifascistas 
na Europa. 
• Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação 
contra a mulher: 
o Objetivo: eliminar a discriminação e assegurar a igualdade; 
o Adotada pela Resolução 34/180 da Assembleia Geral das Nações 
Unidas em 18/12/1979; 
o Ratificada pelo Brasil em 01/02/1984. 
• Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, 
desumanas ou degradantes: 
o Adotada pela ONU em 28 de setembro de 1984; 
o Em novembro de 2004, contava com 139 Estados-partes; 
o Ratificada pelo Brasil em 28/09/1989. 
• Convenção sobre os direitos da criança 
o Adotada pela Resolução L 44(XLIV) da Assembleia geral das 
Nações Unidas em 20/11/1989. 
o Ratificada pelo Brasil em 24/09/1990. 
• Convenção para prevenção e repressão ao crime de genocídio 
o Adotada pela Resolução 260-A (III) da Assembleia Geral das 
Nações Unidas em 09/12/1948; 
o Ratificada pelo Brasil em 04/09/1951. 
• Tribunal Penal Internacional 
o Em 17 de julho de 1998, na Conferência de Roma, foi aprovado o 
Estatuto do Tribunal Penal Internacional, por 120 votos favoráveis 
 
e 7 contrários (China, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Israel, Sri 
Lanka e Turquia). 
o O Brasil ratificou em 20 de julho de 2002. 
o Objetivo de assegurar o fim da impunidade para os mais graves 
crimes internacionais; 
o A jurisdição do Tribunal Internacional é adicional e complementar 
à do Estado; 
o Composto de 18 juízes. 
o Em 2004 houve a instauração de duas investigações na África: 
Uganda e Congo. 
 
→Sistema regional 
 
→Convenção americana de direitos humanos ou Pacto de San José 
da Costa Rica. 
• Foi assinada em San José, Costa Rica, em 22/11/1969, entrando em vigor 
em 1978. 
• Apenas Estados-membros da Organização dos Estados Americanos têm o 
direito de aderir à Convenção americana. 
• Ratificada pelo Brasil em 25/09/1992. 
 
 
→CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
→05 DE OUTUBRO DE 1988 
 
Art. 1º: Fundamentos da República Federativa do Brasil: 
III – dignidade da pessoa humana. 
Art. 4º: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais 
pelos seguintes princípios: 
II – Prevalência dos direitos humanos. 
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos seguintes termos: 
Direitos Fundamentais e Tratados Internacionais 
Parágrafo 2º do Artigo 5º da Constituição Federal: 
Prevê que os direitos e garantias expressos no texto constitucional não excluem 
outros decorrentes dos tratados de que seja parte a República Federativa do 
Brasil. 
Emenda Constitucional 45/04 
Artigo 5º, parágrafo 3º: 
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes a emendas 
constitucionais. 
Artigo 5º, parágrafo 4º: 
O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação 
tenha manifestado adesão. 
 
Competência da Justiça Federal 
Art. 109, parágrafo 5º: 
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja 
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do 
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça 
Federal. 
→ Tratados e atos internacionais e incorporação com status ordinário ou 
constitucional 
→ Tratado de Direitos Humanos: atos normativos infraconstitucionais 
A emenda n. 45/2004 concedeu ao Congresso Nacional, somente na hipótese de 
tratados e convenções internacionais que versem sobre Direitos Humanos, a 
possibilidade de incorporação com status ordinário – Constituição Federal – art. 
49, I. 
→ Tratamento de Direitos Humanos: equivalentes a emendas constitucionais. 
Artigo 5º, parágrafo 3º. 
→ Tratados Internacionais e controle de constitucionalidade 
Na hipótese do parágrafo 3º, do artigo 5º, pelo qual a Emenda Constitucional n. 
45/2004, 
i. Tratados de Direitos Humanos serão equivalentes às emendas 
constitucionais. 
ii. Plenamente possível ao STF a análise de constitucionalidade. 
 
→ Observações: 
É salutar deixar consignado que o sistema internacional de proteção aos direitos 
humanos não visa substituir o sistema nacional de cada país, mas sim apenas 
complementá-lo, apresentando parâmetros mínimos a serem observados, de 
acordo com as normas internacionais. 
O Estado continua a ser o responsável pela proteção aos direitos humanos, porém 
se encontra vinculado a preceitos mínimos do sistema internacional de proteção 
aos direitos humanos, aos quais livremente aderiu. Fica cristalino, portanto, o 
caráter subsidiário dos pactos internacionais, que podem (e devem) ser 
complementados e efetivados pela legislação nacional. 
BIBLIOGRAFIA 
Grimone, Marcelo José. Os movimentos sociais e os Direitos Humanos. 
Dissertação apresentada na Faculdade de Direito da USP para obtenção do Título 
de Mestre. 
Moraes, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 23ª edição, 2018. 
Piovesan, Flávia. Direitos Humanos e do Direito Constitucional Internacional. São 
Paulo: Max Limonad, 2019. 
Rangel, Vicente Marotta. Direito e Relações Internacionais. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais. 
 
ELEMENTOS DO CONCEITODE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
ATORES PARA OS CLÁSSICOS → Estados e Organizações Internacionais 
ATORES (ENTENDIMENTO MODERNO) 
 Estados; 
 Organizações Internacionais; 
 
 Indivíduos; 
 Organizações não-governamentais 
 
MATÉRIA A REGULAR → Relações Interinstitucionais, envolvendo Estados e 
Organizações Internacionais 
OBJETO 
 Reduzir a anarquia na sociedade internacional e delimitar as competências 
de seus membros; 
 Regular a cooperação internacional; 
 Conferir tutela adicional a bens jurídicos aos quais a sociedade 
internacional decidiu atribuir importância; 
 Satisfazer interesses comuns dos Estados; 
 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Uma das mais evidentes vertentes do Direito Internacional na atualidade é a 
da regulamentação da cooperação Internacional 
Exemplo do funcionamento da cooperação internacional refere-se à energia 
atômica, cujo uso para fins não pacíficos pode provocar problemas em escala 
global. 
A JURISDIÇÃO INTERNACIONAL 
A Regra é a que os Estados não são automaticamente jurisdicionáveis perante 
as cortes e tribunais internacionais 
Em princípio, os mecanismos de jurisdição internacional vinculam apenas os 
Estados que celebram os tratados que os criaram ou que aceitaram se 
submeter às suas expectativas. 
Por fim, a maioria dos órgãos internacionais ainda não permite que sujeitos 
que não sejam Estados ou organizações internacionais participem de seus 
procedimentos. Entretanto, há exceções, como a Corte Europeia de Direitos 
Humanos, que abre a possibilidade de que um indivíduo processe um Estado 
europeu pela violação de seus direitos fundamentais, ou o Tribunal Penal 
Internacional, que julga pessoas naturais acusadas de crimes contra a 
humanidade. 
Nas Américas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode receber 
reclamações diretas de indivíduos (“petições individuais”) contra violações de 
seus direitos. 
A SANÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL 
O Direito Internacional também inclui a possibilidade de imposição de sanções 
contra aqueles que violem as normas internacionais. 
Parte das críticas ao Direito Internacional refere-se à relativa dificuldade de 
aplicar sanções aos Estados que descumpram as normas internacionais. 
Principalmente à ausência de órgãos internacionais centrais encarregados da 
tarefa, assim como o fato de que a aplicação dessas sanções normalmente 
depende da articulação entre os Estados. 
Instrumentos de Sanção: envio de tropas pela ONU, expulsão de diplomatas, 
reparações financeiras e retaliações comerciais. 
 
 Fundamentos do Direito Internacional 
 I Teoria voluntarista 
Fundamenta a existência do Direito Internacional na vontade dos Estados. 
 II Teoria objetivista 
O Direito Internacional tem suas próprias regras, princípios e costumes que 
são independentes da vontade dos Estados. 
 
Direito Internacional e direito interno: teorias em confronto. 
 
Para os dualistas o direito internacional e o direito nacional são sistemas 
rigorosamente independentes e distintos, de tal modo que a validade jurídica de 
uma norma interna não se condiciona à sua sintonia com a ordem internacional. 
Já os Monistas internacionalistas sustentam a unicidade da ordem jurídica sob o 
primado do direito internacional, a que se ajustariam todas as ordens internas. 
Para os Monistas de vertente nacionalista defende o primado do direito nacional de 
cada Estado soberano e a adoção dos preceitos do direito internacional aparece 
como faculdade discricionária. 
→Princípios do direito internacional público 
Introdução. 
Sistema jurídico autônomo, onde se ordenam as relações entre Estados 
soberanos, do direito internacional público – ou direito das gentes, no sentido de 
direito das nações – repousa sobre o consentimento. Os povos – assim 
compreendidas as comunidades nacionais, e acaso, ao sabor da história, conjunto 
ou frações de tais comunidades – propendem, naturalmente, à autoderminação. 
Organizam-se, tão cedo quanto podem, sob a forma de Estados, e ingressam 
numa comunidade internacional carente de estrutura centralizada. 
A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (23/05/1969) aponta a 
importância cada vez maior dos tratados como fonte do direito internacional e 
como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as nações, reconhece os 
princípios do livre consentimento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda. 
Soberania. A vontade singular de um Estado soberano somente sucumbe para 
dar lugar ao primado de outras vontades reunidas quando aquele mesmo Estado 
tenha, antes, abonado a adoção de semelhante regra, qual sucede no quando das 
organizações internacionais, a propósito de questões de importância secundária. 
Igualdade soberana dos Estados é um postulado jurídico. 
Boa-fé no cumprimento das obrigações internacionais. 
Princípio do pacta sunt servanda 
O tratado encontra seu fundamento no princípio pacta sunt servanda, ou seja, o 
que foi pactuado deve ser cumprido. 
→Fontes do direito internacional. O sentido de fontes do Direito. Os tratados 
internacionais. O costume. Os princípios gerais do direito. A doutrina. A 
jurisprudência. 
Noções Gerais e rol das Fontes de Direito Internacional Público. 
Fonte, tecnicamente, é a origem primária do direito, são elementos reais que 
determinam o surgimento das regras jurídicas. 
Há uma diferença entre fontes formais e materiais. As primeiras (formais) são 
imediatas, mais próximas, enquanto que as demais são mediatas e, portanto, mais 
distantes, condicionadas pelos chamados fatores do direito, referindo-se a 
componentes éticos, sociológicos, históricos que servem de substrato para a 
criação do conteúdo da norma do direito. 
O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO não se ocupa das fontes materiais, que 
serão objeto de estudo da filosofia do direito, mas das fontes formais, que estão 
escritas como um referencial no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de 
Justiça (também conhecida como Corte de Haia). 
São fontes primárias as convenções internacionais, o costume internacional e os 
princípios gerais do direito. 
São fonte secundárias, ou meio auxiliares, a jurisprudência, a doutrina e a 
equidade, sob certas condições. 
Esse rol não é taxativo, pois existem outras que não estão ali relacionados, como 
os atos unilaterais de natureza normativa e as decisões proferidas na esfera das 
Organizações Internacionais Intergovernamentais. 
1 – Costume Internacional. 
 
É um conjunto de regras que são criadas espontaneamente pelos sujeitos de 
direito internacional público, convalidadas pelo uso repetido e uniforme nas 
relações internacionais, que constituem obrigação entre as partes, como uma 
norma não escrita e, se internacionalmente admitidas, têm eficácia erga omnes, 
atingindo, inclusive, Estados e Organizações Internacionais não-participantes. 
O Costume advém da prática reiterada de um determinado ato com plena 
convicção de sua necessidade. 
No conceito de costume, nota-se a presença de dois elementos para sua 
consideração: um elemento objetivo, caracterizado pelo uso repetido, constante e 
uniforme de tais regras nas relações exteriores; e um elemento subjetivo, 
evidenciado pela convicção das partes de que a conduta realizada é a mais 
adequada no plano internacional. 
Para se configurar como costume, o uso deverá estar em conformidade com a 
moral e com a ordem pública, confundindo-se mesmo com a própria ideia de 
justiça. 
Nas relações internacionais, o costume é muito mais amplo, sendo capaz, 
inclusive, de vincular partes não copactuantes, desde que internacionalmente 
reconhecido. 
Prova do Costume: atos estatais. A parte que alega em seu prol certa regra 
costumeira deve provar sua existência e sua oponibilidade à parte adversa. Busca-
se ainda a prova do costume na jurisprudência internacional e, observa-se a 
metodologia própria, até mesmo no teor dos tratados e na crônica dos respectivos 
trabalhos preparatórios. 
Fundamentodo costume: a doutrina e a Corte 
2 – Princípios Gerais do Direito 
São proposições que determinam regras de utilidade genérica e indicam a direção 
a ser seguida, mediante preceitos públicos e notórios sobre o direito, que servem 
de sustentação na formação das decisões internacionais. 
São regras que se impõe a todos os Estados, qualquer que seja o seu grau de 
civilização e por eles obedecido. 
 
 
3 – Jurisprudência Internacional 
É a coletânea de decisões uniformes e reiteradas dos tribunais internacionais, 
sobre um determinado assunto, num dado sentido, resultantes do emprego de 
normas a casos que sejam semelhantes. Como exemplo podemos citar as 
deliberações da Corte Internacional de Justiça, do Tribunal Penal Internacional, 
dos Tribunais Especiais da ONU etc. 
4 – Doutrina Internacional 
É formada por um conjunto de estudos, pareceres, consignados em obras, tais 
como livros, artigos, e que estabelecem teorias ou interpretações acerca do direito 
internacional. 
5 – Equidade e Analogia 
Uma decisão proferida com justiça, com equilíbrio entre as partes. 
Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese 
de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em que a 
norma, embora bastante, traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo 
senso de justiça do intérprete. 
 
6 – Atos unilaterais de natureza normativa. 
O artigo 38 do Estatuto da Corte não menciona os atos unilaterais entre as fontes 
possíveis do direito internacional público. 
Princípios gerais do direito → indicam a direção a ser seguida 
 
Todo Estado, entretanto, pode eventualmente produzir ato unilateral de irrecusável 
natureza normativa, cuja abstração e generalidade sirvam para distingui-lo do ato 
jurídico simples e avulso. Nesta categoria, de resto, inscrevem-se as centenas de 
diplomas legais que se promulgam, a cada dia, no interior das diversas ordens 
jurídicas nacionais, e que, na sua quase-totalidade, não interessam ao direito 
internacional. No entanto, o ato normativo unilateral – assim chamado por 
promanar da vontade de uma única soberania – pode causalmente voltar-se para o 
exterior, em seu objeto, habilitando-se à qualidade de fonte do direito internacional 
na medida que possa ser invocado por outros Estados em abono de um vindicação 
qualquer, ou como esteio da licitude de certo procedimento. 
Por exemplo, no caso de definição da dimensão do mar territorial por um Estado. 
Para ser considerado fonte é essencial que o ato unilateral seja de conhecimento 
da sociedade internacional e que exista a intenção do Estado que praticou em se 
obrigar. 
Exemplo. Com o Decreto imperial n. 3749, de 07 de dezembro de 1866, o Brasil 
fraqueou as águas do Amazonas à navegação comercial de todas as bandeiras, 
instaurando um regime até hoje subsistente em suas linhas gerais. 
7 - Tratado. 
 Conceito. Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas 
de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos. 
Terminologia. A análise da experiência convencional brasileira ilustra, quase que à 
exaustão, as variantes terminológicas de tratado cabíveis em português: acordo, 
ajuste, arranjo, ata, ato, carta, código, compromisso, constituição, contrato, 
convenção, convênio. 
→ Formalidade. O tratado é um acordo formal: ele se exprime, com precisão, em 
determinado momento histórico, e seu teor tem contornos bem definidos. Essa 
formalidade implica, por outro lado, a escritura. 
→Atores: As partes, em todo tratado, são necessariamente pessoas jurídicas de 
direito internacional público: tanto significa dizer os Estados soberanos – aos quais 
se equipara, como visto, a Santa Sé – e as organizações internacionais. 
Não têm personalidade jurídica de direito das gentes, e carecem, assim, por 
inteiro, de capacidade para celebrar tratados, as empresas privadas, pouco 
importando sua dimensão econômica e sua eventual multinacionalidade. 
→Efeitos jurídicos dos tratados. A produção de efeitos de direito é essencial ao 
tratado, que não pode ser visto senão na sua dupla qualidade de ato jurídico e de 
norma. 
 O acordo formal entre Estados é o ato jurídico que produz a norma, e que, 
justamente por produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações 
e prerrogativas, caracteriza enfim, na plenitude de seus dois elementos, o 
tratado internacional. 
o É conhecida em direito das gentes a figura do gentlemen´s 
agreement, que a doutrina uniformemente distingue do tratado, 
sob o argumento de não haver ali um compromisso entre Estados, 
à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado 
sobre a honra, e condicionada, no tempo, à permanência de seus 
atores no poder. 
o O gentlemen´s agreement não é um tratado pela razão elementar 
de que os contratantes não são pessoas jurídicas de direito 
internacional. Não são Estados soberanos. 
 Regência do direito Internacional. O tratado é um compromisso celebrado 
por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional 
 Base Instrumental. O tratado internacional pode materializar-se em duas 
ou mais peças documentais distintas: 
a) Troca de notas: meio de comunicação 
b) Troca de notas: um método negocial. 
 
BIBLIOGRAFIA 
Rezek, Francisco. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva,2018 
 
 
1) Representação das partes nos Tratados. 
 
1.1 – Estados. 
Competência Negocial: Todo Estado Soberano tem capacidade para celebrar 
tratados, e igual capacidade costumam ter as organizações internacionais. 
Chefe de Estado/Governo: é o representante originário do Estado. A Convenção 
de Viena sobre Tratados (1969) não estabelece nenhuma distinção entre o Chefe 
de Estado e o Chefe de Governo na celebração do instrumento. 
No Brasil, o artigo 84 atribui ao Presidente da República competência privativa, 
tanto de natureza de Chefe de Estado (representante da República Federativa do 
Brasil nas relações internacionais), como Chefe de Governo (prática de atos 
políticos) 
Plenipotenciário: é o representante derivado do Estado. Possui qualidades 
representativas amplas e deve ser portador de “carta de plenos poderes”. No 
Brasil, tal mandato dever ser assinado pelo Presidente da República e chancelado 
pelo Ministro das Relações Exteriores. 
Delegações Nacionais: são representantes derivados do Estado. Formada por um 
grupo de negociação em missão especial, composto, geralmente, de diplomatas, 
mas não necessariamente. Há um chefe, que possui a “carta de plenos poderes” 
com exclusividade. 
Ministro das relações exteriores. É o representante intermediário do Estado. Suas 
prerrogativas são presumidas desde o momento em que foi investido na função 
pelo Chefe de Estado/Governo. 
1.2 - Organizações internacionais intergovernamentais. 
A representação originária é do Secretário Geral. E os altos funcionários 
constituem a representação derivada, com poderes que foram delegados pelo 
Secretário Geral. 
2) Negociação nos Tratados 
2.1 – Iniciativa: quem demonstra interesse, mediante a comunicação 
através de ofício ou nota. 
2.2 – Idioma: pode ser escolhido pelas partes, havendo a possibilidade até 
de existir mais de um. 
Ex. Tratado Brasil e Polônia, sobre Transportes Marítimos foi celebrado 
em Português, Inglês e Polonês, e o artigo 10 estabelece que se houver 
divergência, deverá prevalecer o inglês. 
No que tange ao idioma dos tratados, é possível analisar a existência de 
duas versões: uma autêntica, que é elaborada no decorrer das 
negociações e outra oficial. Ex. A Carta de São Francisco, que criou a 
ONU possui cinco versões autênticas (chinês, russo, inglês, francês e 
espanhol). E versões oficiais como o português, de responsabilidade do 
Brasil. 
2.3 – A regra é o local do proponente, quem avocou a iniciativa. 
3) Expressão do Consentimento nos Tratados. 
3.1 – Assinatura. Manifestação da faculdade que tem o pactuante de livremente 
atribuir um vínculo.

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