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COMBATE AO TRABALHO INFANTIL 1 MPT NA ESCOLA - curso EAD CODEP - texto completo

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Prévia do material em texto

1 
 
MPT NA ESCOLA – A Educação como Instrumento 
Fundamental no Combate ao Trabalho Infantil 
 
INTRODUÇÃO 
O presente curso tem o objetivo de capacitar os educadores 
da rede municipal, estadual e privada de ensino para o enfrentamento do 
trabalho infantil em sala de aula, tanto na sensibilização e conscientização dos 
alunos, como no reconhecimento de práticas que se enquadrem como tal. Essa 
capacitação se mostra de extrema importância, dado que os educadores são 
atores fundamentais na proteção integral, absoluta e prioritária que a 
Constituição Federal estabelece como direito de todas as crianças e 
adolescentes no Brasil. Sendo assim, e levando em conta que o trabalho infantil 
é uma violação de direitos importante, frequente, e com sérias consequências, é 
fundamental abrir espaços de diálogo com a sociedade sobre este problema. 
Para melhor abordar a questão e chegar aos objetivos 
traçados, o curso adotou a seguinte estrutura: 
 
MÓDULO I 
Tópico 1 – O Ministério Público do Trabalho 
 a) Conceito 
 b) Metas institucionais do MPT 
 c) Modos de atuação do MPT 
 c.1) Modo de atuação investigativo 
 c.2) Modo de atuação promocional 
Tópico 2 – Trabalho Infantil 
 a) Conceito 
 
2 
 
 b) Mitos e verdades 
 c) Prejuízos advindos do 
trabalho infantil 
 
MÓDULO II 
Tópico 1 – Medidas de combate ao trabalho infantil. 
Projeto estratégico Resgate a Infância 
 a) Eixo Políticas Públicas 
 b) Eixo Profissionalização 
 c) Eixo Educação – MPT na Escola 
Tópico 2 – O MPT na Escola 
 a) Como funciona 
 b) Atividades a serem propostas em sala de aula 
 c) Prêmio MPT na Escola 
 
O objetivo é trabalhar todos os conceitos importantes para o 
combate ao trabalho infantil, sob a perspectiva do Ministério Público do Trabalho, 
para que, ao final, o educador esteja devidamente subsidiado para o 
enfrentamento do problema, e possa, querendo, habilitar sua escola a participar 
do Prêmio MPT na Escola, promovido anualmente. 
Espera-se que a participação no curso MPT na Escola – A 
Educação como Importante Instrumento de Combate ao Trabalho Infantil possa 
colaborar decisivamente no enfrentamento do grave problema social que o 
trabalho precoce ainda representa no estado brasileiro, e que, a partir do 
aprofundamento do tema, os educadores possam ser ainda mais colaborativos 
e efetivos na proteção das crianças e adolescentes que consigo convivem. 
 
3 
 
 
MÓDULO I 
 
TÓPICO 1 – O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 
 
a) Conceito 
O Ministério Público do Trabalho encontra previsão nos 
artigos 127, 128 e 129 da Constituição Federal, nos termos seguintes: 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe 
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a 
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
Art. 128. O Ministério Público abrange: 
 I - o Ministério Público da União, que compreende: 
 a) o Ministério Público Federal; 
 b) o Ministério Público do Trabalho; 
 c) o Ministério Público Militar; 
 d) o Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios; 
 II - os Ministérios Públicos dos Estados. 
 
 
4 
 
Assim, a partir do Texto 
Constitucional, o Ministério Público do Trabalho pode 
ser definido como a instituição do Estado, de caráter 
permanente e independente, que tem como função defender a ordem jurídica, o 
regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis relativos 
às relações de trabalho, atuando, portanto, a serviço da sociedade e do interesse 
público. 
É relevante lembrar que o MPT, por meio dos Procuradores 
do Trabalho que são seus membros, não atua na defesa de interesses 
individuais particulares (atribuição esta que cabe aos advogados), mas apenas 
quando há interesses coletivos a defender – ou quando o interesse individual é 
indisponível (como, por exemplo, o direito à vida). 
Ainda, para bem compreender o MPT, é fundamental não o 
confundir com outras instituições. Assim, o Ministério Público do Trabalho não 
se confunde com a Justiça do Trabalho, e também não se confunde com as 
instituições do Poder Executivo que tratam da mesma matéria – atualmente, a 
Secretaria do Trabalho, alocada no Ministério da Economia e dividida em 
subsecretarias, é quem trata da matéria no âmbito executivo federal. 
Com relação à Justiça do Trabalho, a distinção é bastante 
singela: enquanto a JT é uma das estruturas do Poder Judiciário, o MPT é 
estrutura do Ministério Público da União, como dito pela Carta Constitucional. 
Suas funções são absolutamente distintas: enquanto à Justiça do Trabalho 
compete conciliar e julgar dissídios trabalhistas, individuais e coletivos, ao MPT 
se atribui o poder de investigar potenciais irregularidades que atinjam grupos de 
trabalhadores, determinados ou indeterminados, e buscar as eventuais 
correções. Lhe compete, também, atuar quando presente interesse individual 
indisponível (como a vida, por exemplo), ou de pessoas que devam ser por ele 
representadas (como os incapazes) – sempre no que se refere às relações de 
trabalho. Ainda, lhe é atribuída a função de funcionar como articulador social, 
para colaborar na promoção dos direitos que devem ser por ele defendidos. 
 
5 
 
Por sua vez, o MPT não se confunde 
com as instituições que tratam do tema no Poder 
Executivo – atualmente, Secretaria do Trabalho. 
Antigamente, muito se confundia o MPT com o Ministério do Trabalho – hoje 
extinto e encampado pelo Ministério da Economia. Embora o Ministério do 
Trabalho não mais exista como tal, suas funções continuam sendo 
desempenhadas pelos auditores-fiscais do trabalho, que fazem fiscalizações 
diretas ou indiretas para verificar a regularidade dos vínculos e atributos das 
relações de emprego. Assim, quando identificada alguma irregularidade, os 
auditores-fiscais farão o encaminhamento ao MPT, para que o Procurador do 
Trabalho, então, verifique a situação. 
Importa, ainda esclarecer que o MPT tem atuação em todo o 
território nacional, estando dividido em 24 Regionais que abrangem todos os 
Estados brasileiros. Na carreira, os membros se dividem em Procuradores do 
Trabalho (que atuam perante a Justiça em 1º grau de jurisdição, ou seja, perante 
as Varas do Trabalho), Procuradores Regionais do Trabalho (que atuam perante 
a Justiça em 2º grau de jurisdição, ou seja, perante os Tribunais) e Sub-
Procuradores Gerais do Trabalho (que atuam perante os Tribunais Superiores). 
Para conhecer todas as Regionais e poder saber qual é relativa ao seu Estado, 
basta consultar o site https://mpt.mp.br/pgt/mpt-nos-estados . 
 
b) Metas institucionais 
Como se percebe, o MPT tem existência autônoma e 
independente de qualquer dos Poderes do Estado (assim como o Ministério 
Público, de modo geral). Não se confunde com as demais instituições acima 
referidas e tem funções específicas a desempenhar, no sentido de garantir a 
regularidade e lisura nas relações de trabalho e emprego. 
Para melhor desempenhar suas funções, o MPT estabeleceu 
metas prioritárias, e criou coordenadoria temáticas estratégicas que permitissem 
o tratamento isonômico, articulado e coordenado das questões mais caras à 
https://mpt.mp.br/pgt/mpt-nos-estados
 
6 
 
instituição. Para conhecer as metas e coordenadorias 
correspondentes, observe-se o quadro a seguir, que faz 
a relação entre elas: 
 
META PRIORITÁRIA COORDENADORIA TEMÁTICA 
ESTRATÉGICA 
ERRADICAÇÃO DO TRABALHO 
ESCRAVO 
CONAETE – Coordenadoria Nacional 
de Erradicação do Trabalho Escravo 
DEFESA DA SAÚDE DO 
TRABALHADOR E DO MEIO 
AMBIENTE DO TRABALHO SADIO 
CODEMAT – Coordenadoria 
Nacional de Defesa do Meio 
Ambiente do Trabalho 
COMBATE ÀS FRAUDES NASRELAÇÕES DE TRABALHO 
CONAFRET – Coordenadoria 
Nacional de Combate às Fraudes nas 
Relações de Trabalho 
COMBATE ÀS IRREGULARIDADES 
TRABALHISTAS NA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CONAP – Coordenadoria Nacional 
de Combate às Irregularidades 
Trabalhistas na Administração 
Pública 
DEFESA DA LIBERDADE SINDICAL CONALIS – Coordenadoria Nacional 
de Promoção da Liberdade Sindical 
REGULARIDADE DO TRABALHO 
NOS PORTOS 
CONATPA – Coordenadoria Nacional 
do Trabalho Portuário e Aquaviário 
COMBATE À DISCRIMINAÇÃO NAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 
COORDIGUALDADE – 
Coordenadoria Nacional de 
Promoção de Igualdade de 
Oportunidades 
ERRADICAÇÃO DO TRABALHO 
INFANTIL E PROTEÇÃO DO 
TRABALHADOR ADOLESCENTE 
COORDINFÂNCIA – Coordenadoria 
Nacional de Combate à Exploração 
do Trabalho da Criança e do 
Adolescente 
 
 
7 
 
A observação das metas 
institucionais demonstra que o MPT se presta, 
essencialmente, à garantia do trabalho decente, 
conceito cunhado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1999, e 
que é alcançado quando o trabalho, tanto de homens como de mulheres, além 
de ser produtivo e de qualidade, se dá em condições de liberdade, equidade, 
segurança e dignidade. O trabalho decente é considerado condição fundamental 
para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia 
da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável, e se apoia em 
4 pilares estratégicos: os direitos e princípios fundamentais do trabalho, a 
promoção do emprego de qualidade, a extensão da proteção social e o diálogo 
social1. 
Com tudo isso em perspectiva, é possível concluir que o MPT 
tem se apresentado como órgão de grande importância, atuando diretamente na 
garantia de direitos sociais relacionados ao mundo do trabalho, prezando, assim, 
para que as relações laborais se estabeleçam com respeito à dignidade do 
trabalhador. Para tanto, a instituição ministerial conta com alguns instrumentos 
de suma importância, que serão analisados a seguir. 
 
c) Modos de atuação do MPT 
Pode-se dizer que o MPT possui dois modos fundamentais de 
atuação: o modo investigativo e o modo promocional. O modo investigativo é o 
mais corriqueiro, se dando a partir de notícias de supostas irregularidades que 
estejam ocorrendo nas relações de trabalho, com interesse de ao menos um 
grupo de trabalhadores que possam estar tendo seus direitos violados. O modo 
promocional, porém, tem se mostrado cada vez mais presente, demonstrando 
ter grande impacto em determinadas questões. Para melhor compreender essa 
distinção, trataremos cada modo de atuação isoladamente. 
 
1 In https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-decente/lang--pt/index.htm 
https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-decente/lang--pt/index.htm
 
8 
 
c.1) Modo de atuação investigativo 
A atuação ordinária, corriqueira do 
MPT é investigar irregularidades no mundo do trabalho. Esta forma de ação tem 
início com o encaminhamento da informação, por qualquer pessoa ou instituição, 
de que tais problemas estejam acontecendo, alcançando um grupo, ainda que 
indeterminado, de trabalhadores – porque é o prejuízo coletivo que, em regra, 
determina a atuação do MPT, como já referido acima. 
Essa informação deve ser encaminhada prioritariamente pelo 
endereço da Procuradoria Regional do Trabalho correspondente 
(www.prtXX.mpt.mp.br)2. A partir de seu encaminhamento, é gerado um 
procedimento administrativo chamado “Notícia de Fato” (NF), que imediatamente 
recebe uma numeração e é encaminhado para distribuição a um dos 
Procuradores do Trabalho lotados naquela localidade e responsáveis por aquela 
questão. Quanto mais instruída com provas iniciais (relatos, fotos, documentos), 
maior a chance de êxito no trâmite inicial do procedimento. 
Uma vez instaurada a NF, há duas possibilidades: sua análise 
levar ao indeferimento da investigação (por já haver investigação em curso, por 
não ser hipótese de atuação do MPT, por não haver elementos mínimos para 
dar início ao procedimento, tais como autoria e materialidade do fato, entre 
outras razões) ou à instauração de um inquérito civil (IC) ou procedimento 
preparatório de inquérito civil (PP). 
Quando instaurado o IC ou PP, poderão ser praticadas 
diversas diligências pelo Procurador responsável pelo caso, a fim de chegar a 
uma conclusão a respeito do que fora reportado ao MPT. Nesse sentido, poderá 
o Procurador ouvir testemunhas, solicitar apoio de outros órgãos para realização 
de fiscalização, realizar inspeção in loco acompanhado de perícia, requisitar 
documentos, entre outros atos contidos em suas atribuições constitucionais. 
 
2 Onde “XX” representa o número da PRT que atende seu Estado. Ao final do texto, após o glossário, há 
um anexo com a referência a todas as PRTs do Brasil, para melhor localização e eventual encaminhamento 
de notícias de fato. 
 
9 
 
Após promover a investigação, se a conclusão for pela 
ocorrência da irregularidade, há duas possibilidades de 
busca de solução para o problema: 
- propositura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC): forma de 
correção extrajudicial e administrativa, com o responsável pela irregularidade se 
comprometendo, mediante título executivo extrajudicial (que é o TAC), a não 
mais praticar tal ilegalidade. Está previsto na Lei 7.347/85; 
- propositura de Ação Civil Pública (ACP) na JT: quando a 
parte investigada não concorda com o TAC ofertado, ou quando o Procurador 
entende que a irregularidade é de tal gravidade que é necessário movimentar o 
Poder Judiciário para buscar comando judicial que a impeça de continuar com 
tais atos. Nesta forma de ação, o MPT depende que a JT reconheça como 
válidos os pedidos, e julgue procedente a ação proposta. Em ambas as formas 
de atuação, conforme a gravidade e abrangência da irregularidade praticada, 
pode o Procurador do Trabalho buscar o ressarcimento por eventual dano (moral 
ou material) que tenha sido causado, para ressarcir a sociedade pela lesão 
sofrida. Esse ressarcimento pode se dar pela reversão de valores ao Fundo de 
Amparo ao Trabalhador, ao Fundo de Direitos Difusos, ou a projetos específicos 
que, devidamente reconhecidos como válidos e apresentados por instituições 
idôneas, sirvam ao propósito de atender a sociedade em ações que lhe sejam 
válidas (tais como profissionalização de adolescentes em vulnerabilidade, 
fomento à aprendizagem profissional, ações de conscientização sobre a 
proteção à saúde do trabalhador, sobre a importância de se combater o 
preconceito nas relações de trabalho, entre outras). 
c.2) Modo de atuação promocional 
Além da atuação investigativa, que possui, como visto acima, 
importantes consequências de diferentes naturezas, há situações em que a 
investigação de uma irregularidade não permitirá solucionar adequadamente o 
problema. Por exemplo, a discriminação nas relações de trabalho muitas vezes 
será difícil de provar, embora saibamos que ela ocorre. Assim, além de investigar 
as notícias de prática discriminatória, é fundamental pensar em ações 
 
10 
 
estratégicas que permitam sensibilizar a sociedade para 
essa questão, conscientizando e abrindo canais de 
comunicação. Do mesmo modo, quando se fala em 
trabalho infantil, se está falando de problema que, para ser solucionado, precisa 
muito mais do que investigar eventuais notícias (que são em número muito 
inferior ao contingente de crianças e adolescentes em trabalho precoce no Brasil, 
infelizmente). É necessário definir ações estratégicas de articulação 
interinstitucional, promover seminários, fazer campanhas. Tudo isso é forma de 
atuação promocional ou proativa do MPT, e se fundamenta na necessidade de 
enfrentamento de determinadas questões de modo mais abrangente e coeso, 
não pulverizado. Nas atuações promocionais, os resultados não são medidos emnúmero de ações propostas ou TACs firmados, mas terão seus frutos sentidos 
ao longo do tempo. Em verdade, a associação destas duas formas de ação é 
que permitirá ao MPT alcançar o máximo de suas potencialidades como 
instituição voltada à proteção e dignidade nas relações de trabalho. 
Alguns interessantes exemplos relacionados ao trabalho 
infantil e promovidos por meio deste tipo de atuação são as campanhas de 
conscientização contra o trabalho infantil, como se observa nos seguintes 
 
11 
 
standarts: 
 
 
 
12 
 
 
 
13 
 
O MPT tem feito, ao longo dos anos, 
diversas campanhas, inclusive com focos específicos 
para temas densos do trabalho infantil (trabalho infantil 
doméstico, exploração sexual comercial, entre outros). Um forte parceiro nesse 
trabalho é o Forum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil 
(FNPETI), cujo site (www.fnpeti.org.br ) sugerimos seja consultado. Além de 
muito material sobre trabalho infantil, diversas campanhas estarão disponíveis. 
 
Tópico 2 – Trabalho Infantil 
Antes de iniciar este tópico, sugere-se seja visto o vídeo 
“Meia infância – o trabalho infantil no Brasil hoje”, feito pela organização 
“Escravo nem pensar!”, que traz importantes informações quanto a esta 
tão violenta prática. O vídeo está disponível neste link: 
https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo 
 
 a) Conceito 
Antes de abordar o conceito de trabalho infantil, é importante 
destacar que a criança e o adolescente são sujeitos particularmente protegidos 
pela Constituição Federal, que dispõe, em seu artigo 227, ser “dever da família, 
da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, 
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão.” 
O teor do artigo acima destacado impõe a todos a 
responsabilidade pela proteção integral, absoluta e prioritária da infância e da 
adolescência. É nesse contexto que se enquadra a proibição contra o trabalho 
infantil, cuja contrapartida é justamente o direito de não trabalhar, que deve ser 
garantido a toda criança e adolescente no Brasil. 
http://www.fnpeti.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo
 
14 
 
Para dar plena aplicabilidade a esse 
direito, é necessário compreender qual o conceito exato 
de trabalho infantil, deste trabalho que é proibido pela 
nossa legislação. Nesse contexto, ressalta-se que deve ser compreendido como 
trabalho infantil toda forma de atividade econômica e/ou de sobrevivência, com 
ou sem finalidade de lucro, remunerada ou não, exercida por crianças e 
adolescentes que estão abaixo da idade mínima para entrada no mercado de 
trabalho. Logo, pode-se concluir que não é necessário, para ser considerado 
trabalho infantil, que haja uma pessoa explorando a mão-de-obra da criança ou 
do adolescente. Mesmo trabalhos voltados à própria subsistência serão 
considerados como trabalho irregular, que deve ser combatido, devendo 
mobilizar, assim, a rede de proteção da infância. 
Esta definição se completa com a definição da idade mínima 
para o trabalho no artigo 7º, inciso XXXIII da Constituição Federal, que proíbe o 
trabalho antes dos 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 
14 anos. Ainda, não é admitido o trabalho antes dos 18 anos para algumas 
atividades, tais como as perigosas, as insalubres e as noturnas. Além das 
definições constantes da Constituição Federal, o Brasil é signatário das 
Convenções nº 132 e 182 da OIT, que trazem regras importantes sobre o 
trabalho infantil. Uma dessas regras é a proibição do exercício, antes dos 18 
anos, das chamadas piores formas de trabalho infantil, as quais foram 
reconhecidas pelo Estado brasileiro por meio do Decreto 6.481/2008, e inclui, 
entre outras, as seguintes atividades: 
- trabalho doméstico 
- trabalho rural, inclusive em agricultura familiar 
- exploração sexual comercial 
- tráfico de entorpecentes 
- catação de lixo 
- trabalho nas ruas 
 
15 
 
- construção civil 
Por fim, também estão proibidas 
para pessoas com menos de 18 anos as atividades que prejudiquem ou impeçam 
a frequência à escola, e as que prejudiquem a formação e o desenvolvimento 
físico, moral, psicológico ou intelectual da criança e do adolescente, nos termos 
do artigo 403, parágrafo único da CLT. 
As determinações legais vigentes demonstram que a 
proibição ao trabalho infantil está vinculada à proteção da garantia de 
desenvolvimento pleno da criança e do adolescente, buscando evitar, assim, sua 
exposição a riscos e danos que podem trazer (e trazem, de fato) prejuízos 
severos à sua integridade física e psicológica. Porém, embora os motivos para 
a proibição do trabalho infantil sejam diversos, ainda se observa uma forte 
tolerância a esta prática, em todos os segmentos da sociedade. Por esta razão, 
o próximo tópico se destina a analisar os chamados “mitos” do trabalho infantil, 
buscando apresentar as razões pelas quais nenhuma pessoa deve considerar 
admissível o trabalho fora das hipóteses previstas pela lei. 
 
 b) Mitos e verdades do trabalho infantil 
Antes de dar início a este ponto, sugere-se seja visto o 
vídeo “Vida Maria”, quer permite uma abordagem inicial sobre os mitos e 
verdades presentes no trabalho infantil. Este vídeo encontra-se disponível 
no seguinte link: - https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 
Como dito acima, o trabalho infantil é uma prática ainda muito 
tolerada pela sociedade, embora traga os mais diversos riscos e prejuízos para 
as crianças e adolescentes que são vítimas dessa exploração. Porém, é possível 
analisar cada um dos chamados “mitos” do trabalho infantil e demonstrar sua 
absoluta impropriedade, ou seja, a necessidade de que o mito seja derrubado 
para dar lugar à verdade. Os mitos serão separados por itens, e cada um será 
abordado em sua particularidade. 
https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4
 
16 
 
MITO Nº 1. “O trabalho da criança/adolescente 
ajuda na formação do caráter” – o caráter 
começa a ser formado na família e na escola, 
sendo certo que a criança aprende pelos exemplos e experiências que lhe 
são apresentados. O trabalho é um ambiente de tal modo complexo que 
é fundamental que, ao passar a frequentar esse espaço, a pessoa já tenha 
delineado o seu caráter, a sua personalidade, e a sua capacidade de 
discernir entre o certo e o errado. Caso estas características não estejam 
bem desenvolvidas, o ambiente laboral pode potencializar ainda mais 
dificuldades ou mesmo desvios de conduta, já que as relações aí 
estabelecidas, focadas na produtividade e no lucro, são muito mais 
complexas e menos comprometidas com a integridade do sujeito do que 
nos espaços familiares e educacionais. 
MITO Nº 2. “O trabalho da criança/adolescente ensina regras e 
disciplinas” – novamente, os espaços para ensinamento de limites, regras 
e disciplina são a família e a escola, e não o trabalho. No trabalho, são 
impostas regras a serem cumpridas, não havendo reflexão sobre as 
mesmas. E tais regras são impostas com base em critérios focados na 
produção, e não no desenvolvimento integral do sujeito. O foco na pessoa, 
na sua personalidade, ocorre no ambiente familiar, nos ambientes 
educacionais, e não no ambiente laboral. Neste, o foco é o trabalho, e não 
o trabalhador. Assim, mais uma vez, é necessário que o sujeito já esteja 
preparado para se deparar com esta complexa realidade, sob pena de 
haver deturpação de seus conceitos e valores, ou de não serem os 
mesmos apropriados, de fato, pela pessoa. 
MITO Nº 3. “O trabalho da criança/adolescente ajuda na manutenção da 
família” – infelizmente, muitas vezes é exatamente essa situação que leva 
a criança ou o adolescenteao trabalho precoce. Porém, a razão que 
explica o trabalho infantil (qual seja, a necessidade) não pode se 
transformar em algo que justifique ou autorize essa lesão profunda de 
direitos. Identificar o porquê do trabalho infantil deve servir como 
instrumento para melhor combate-lo, e não para aceita-lo como uma 
 
17 
 
realidade irrevogável, indiscutível, que não pode 
ser transformada. Em verdade, esta afirmação 
reconhece uma severa inversão de valores, pela 
qual a criança ou adolescente passam a ser responsáveis pelo 
provimento de sua família, enquanto é evidente que é a família quem deve 
prover as necessidades deste tão especial sujeito de direitos, ao lado do 
Estado, que precisa interceder nesta situação a fim de resolver a 
vulnerabilidade que oprime tantas famílias no Brasil. 
MITO Nº 4. “É melhor trabalhar do que ficar na rua” – essa afirmação 
possui algumas variantes, como “é melhor trabalhador do que ficar sem 
fazer nada”, “é melhor trabalhador do que usar drogas”, entre outras. 
Todas essas afirmações podem ser rebatidas com uma única: o que de 
fato é melhor para a criança e o adolescente, frente a qualquer 
possibilidade, é estar na escola! Qualquer outra alternativa apenas 
estará substituindo uma violação por outra. Todas as crianças e 
adolescentes devem ter seus direitos plenamente assegurados – diretos 
estes elencados na Carta Constitucional, e que foram acima destacados 
(ver primeiro parágrafo do item “a” deste tópico, acima). No momento em 
que admitimos que “é melhor trabalhar do que...”, estamos relativizando 
os direitos de algumas crianças e adolescentes, como se, para elas, os 
direitos não existissem ou não houvesse outra possibilidade. Isso não é 
admissível. Temos que colocar todas as crianças e adolescentes, sempre, 
em primeiro lugar. Assim, a única alternativa possível é a proteção, 
mediante inserção no ambiente escolar e comunitário que permita sua 
atenção integral, inclusive garantindo o direito constitucional de não 
trabalhar. 
MITO Nº 5. “A pessoa que trabalha se beneficia pela experiência 
profissional” – o trabalho infantil, em regra, ocorre a partir de experiências 
de trabalho informais (mesmo porque é bastante conhecida a proibição 
do trabalho infantil, o que faz com que ele ocorra de modo “escondido”, 
tentando ser “invisível”), precárias e bastante desqualificadas, 
especialmente por estarem vinculadas à necessidade acima abordada de 
 
18 
 
subsistência, muitas vezes. Assim, o trabalho 
infantil não traz verdadeira experiência 
profissional ou formação efetiva. O que traz, de 
fato, é a ocupação da criança e do adolescente em atividades precárias, 
para as quais ele (ou ela) não está preparado, gerando, assim, lesões 
físicas e psicológicas muito profundas. Para o adolescente, há uma 
possibilidade muito importante de experiência profissional, que é a 
aprendizagem (garantia de efetividade do direito à profissionalização, 
previsto no artigo 227 da Constituição Federal). Esta possibilidade é a 
única que pode ser destacada como de fato produtora de experiência 
qualificada – daí a necessidade de estímulo constante à aprendizagem 
profissional. 
MITO Nº 6. “É bom aprender a profissão dos pais” – novamente, é uma 
afirmação falaciosa, que remete a uma ideia que, geralmente, não é 
verdadeira. A primeira coisa que se pode indagar, para discutir esse mito, 
é: os pais possuem profissão? Ou a criança/adolescente está apenas 
aprendendo uma atividade? Geralmente, as crianças e os adolescentes 
que trabalham o fazem por necessidade, e não por vontade ou opção das 
famílias. E geralmente, nessas famílias, os próprios pais não possuem 
uma profissão específica, definida. Possuem, em verdade, uma atividade 
que desempenham, por vezes perigosa ou mesmo insalubre. Assim, na 
maioria das vezes, a criança e o adolescente não estarão, de fato, 
aprendendo uma profissão, mas sim repetindo atos (geralmente 
mecânicos) para auxiliar na atividade dos pais. Ainda que os pais tenham 
uma profissão específica, e mesmo que desejem que seus filhos 
aprendam essa profissão para dar continuidade à atividade da família 
(essa é uma realidade encontrada, por exemplo, na agricultura familiar, 
onde o trabalho infantil, embora proibido até os 18 anos, é muito 
frequente), não se pode esquecer que o exercício precoce de tais 
atividades pode levar a danos muito sérios à saúde da criança e do 
adolescente, e mesmo à sua morte. Assim, é necessário providenciar o 
aprendizado do ofício nos espaços apropriados para tanto – escola, 
 
19 
 
centros comunitários, aprendizagem profissional. 
O ambiente de trabalho não é apropriado para 
este fim, e deve ser evitado, a fim de garantir a 
integridade física e psicológica da criança e do adolescente. 
MITO Nº 7. “Criança tem que ter atividade” – a afirmação, em si, não é 
falsa. Sem dúvida é importante à criança e ao adolescente o exercício das 
mais diversas atividades para que possam desenvolver toda a sua 
potencialidade. Porém, tais atividades devem ser de caráter formativo, 
educacional ou recreativo, adequadas à sua idade e formação, sendo 
imprescindível que se garanta o espaço da brincadeira e do descanso – 
aspectos sem os quais o sofrimento infantil se apresenta como inegável, 
com danos que se estendem até a vida adulta. Assim, pode-se concluir 
que é fundamental apresentar à criança e ao adolescente os mais 
diversos tipos de atividades; a atividade laboral, porém, deve ser evitada, 
tanto pelos males que pode provocar, como pelo fato de que tira o espaço 
e o tempo necessário para que as crianças possam praticar as atividades 
que efetivamente colaboram para o seu pleno desenvolvimento. 
MITO Nº 8. “Trabalho não faz mal a ninguém, eu trabalhei e não morri” – 
essa afirmação, infelizmente, é muito frequente. Pessoas que passaram 
por situações de trabalho precoce, muitas vezes, não reconhecem em si 
os danos que os estudos e estatísticas remontam, e que temos aqui 
destacado – muitas vezes pela própria dificuldade de se reconhecerem 
como vítimas de uma violação de direitos. Porém, também infelizmente 
essa assertiva traduz uma impressão inverídica de que o trabalho precoce 
não traz malefícios. Claro que não podemos ter a pretensão de avaliar, 
para cada indivíduo, o impacto da experiência vivenciada, e que faz com 
que tais afirmações sejam trazidas a público. Porém, sem dúvida, é 
imprescindível que se trabalhe para reduzir, até a erradicação, o número 
de pessoas que são submetidas a práticas que lhe retiram direitos, que 
lhe retiram oportunidades, que lhe violam a infância e a vida. Afinal, 
inúmeras crianças e adolescentes que trabalharam precocemente não só 
sofreram danos como perderam a própria vida nesta experiência, sendo 
 
20 
 
necessário que todos nós sejamos suas vozes, 
que foram tão precocemente caladas. Assim, 
para cada pessoa que, pela razão que for, 
justifique o trabalho infantil por sua própria experiência pessoal, 
lembremos daquelas crianças e adolescentes que, no exercício do 
trabalho precoce que a elas era proibido, tiveram a vida ceifada. Só esse 
argumento deve ser suficiente para derrubarmos este mito ainda tão 
profundamente enraizado em nossa cultura. 
MITO Nº 9. “Se a criança estudar, pode trabalhar” – está demonstrado por 
dados estatísticos, e por qualquer análise empírica, que o trabalho 
prejudica o rendimento escolar, posto que retira da criança e do 
adolescente o tempo que deveria ser destinado ao estudo, às atividades 
extraclasse e mesmo ao descanso, que também é fundamental para a 
boa assimilação do conteúdo. Além disso, é irrefutável que, para além de 
prejudicar o rendimento escolar, o trabalho é uma das principais causas 
da evasão escolar. Por fim, é certo que, ainda que a criança permaneça 
na escola, não estará em condições de igualdade com seus colegas que 
não trabalham, o que também prejudica sua autoestima e seu sentimento 
depertencimento ao grupo, podendo trazer ainda maiores danos 
psicológicos. 
Como se observa pelos argumentos acima, nada permite 
admitir esses mitos como verdades, devendo a rede de proteção – e toda a 
sociedade – se posicionar de modo frontalmente contrário ao trabalho infantil, 
como garantia de proteção integral à criança e ao adolescente. Para encerrar 
este item, lembrando o vídeo sugerido no começo deste item (Vida Maria), há 
uma reflexão que não pode deixar de ser feita: o trabalho infantil é uma das 
principais causas da perpetuação do ciclo de miséria, não colaborando, portanto, 
para a emancipação das famílias e das pessoas quanto à vulnerabilidade a que 
estão expostas, mas sim fazendo com que essa vulnerabilidade se perpetue 
entre as gerações. Desse modo, combater o trabalho infantil é também combater 
a miséria, e buscar uma sociedade mais equilibrada entre todos que a compõem. 
 
21 
 
 
 c) Prejuízos advindos do 
trabalho infantil 
Como já dito várias vezes ao longo deste texto, se não 
observarmos a proibição imposta para o exercício de trabalho por crianças e 
adolescentes, estaremos admitindo sua submissão a riscos e prejuízos de 
diversas naturezas. É importante lembrar, nesse contexto, que o ambiente de 
trabalho, qualquer que seja, é repleto de riscos mesmo para a pessoa adulta, 
quanto mais para a criança e para o adolescente, que se encontram em processo 
de desenvolvimento. Não apenas o corpo da criança e do adolescente não estão 
preparados para os riscos laborais (sua coluna, sua pele, sua visão, apenas para 
exemplificar, são muito diferentes se comparados com um adulto, o que os torna 
muito mais propensos a lesões e acidentes), mas também sua mente não está 
pronta para o enfrentamento que o trabalho impõe, não havendo maturidade 
suficiente para resistir às agruras do trabalho, e enfrentar sem danos as 
frustrações daí decorrentes. Ainda, não é demais lembrar que, geralmente, as 
situações de trabalho infantil ocorrem sem nenhum tipo de preparo ou 
treinamento, o que potencializa ainda mais os riscos já existentes. 
Para que possamos ter uma melhor compreensão dos riscos 
a que estamos nos referindo, vamos dividir em 3 grandes grupos os prejuízos 
possíveis (e prováveis) para as crianças e os adolescentes expostos ao trabalho 
precoce: 
- Prejuízos físicos: entre outros, é certo que as crianças e adolescentes em 
situação de trabalho precoce tem maiores chances de sofrerem 
acidentes, inclusive propensos a mutilações e morte; ainda, estão mais 
propensos a dores e lesões musculares, deformações ósseas, problemas 
no crescimento, entre outros, com maior chance de desenvolvimento de 
doenças decorrentes do trabalho (LER/DORT); também com frequência 
apresentam precocemente problemas decorrentes da fadiga (tais como 
dores de cabeça, coluna, insônia...); 
 
22 
 
- Prejuízos psicológicos: este tipo de prejuízo gira 
em torno do profundo sofrimento que é sentido 
pela criança que não está sendo protegida como 
deveria. Este sofrimento é acompanhado, geralmente, do sentimento de 
abandono, da percepção da indiferença para consigo, levando à baixa 
auto-estima, perda de referência de identificação, sujeição a abuso moral 
e sexual, desenvolvimento de transtornos de ansiedade, entre outros 
graves problemas de ordem psicológica; 
- Prejuízos sociais: dentre outros que podem ser lembrados, sem dúvida o 
trabalho infantil provoca atraso e evasão escolar, trazendo, com isso, 
futura inserção desqualificada no mercado de trabalho. Ainda, o tempo 
roubado pelo trabalho torna mais difícil e rara a vivência das experiências 
da infância (brincar, estudar, fazer esportes, desenvolver habilidades 
culturais...), resultando, com muita frequência, em marginalização, 
dificuldade de superação de barreiras sociais, e ocasionando, como já 
referido acima, a perpetuação do ciclo da pobreza/miséria que já assola, 
muito provavelmente, aquele núcleo familiar. 
Após todas as explicações feitas, pensamos ser importante 
trazer algumas das fontes que demonstram o acerto do que temos dito. Vejam, 
assim, algumas notícias que exemplificam esses prejuízos, e algumas matérias 
que apoiam o quanto destacado até aqui: 
https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--
pt/index.htm 
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-
infantil/consequencias/ 
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12-
motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/ 
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfan
til/impactos-e-consequencias/ 
https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--pt/index.htm
https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--pt/index.htm
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/consequencias/
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/consequencias/
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12-motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12-motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/
 
23 
 
https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/tra
balho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/ 
https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7-
criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais 
https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescen
te-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html 
https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos-
acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/ 
http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias
/noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ 
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/mate
rias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/ 
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfan
til/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/ 
https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar-
influencia-o-trabalho-infanti/ 
https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil-
gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053 
Sugere-se a leitura dos textos acima para complementar os 
aspectos já destacados no texto. 
Com as considerações tecidas até o momento, encerra-se a 
primeira parte da capacitação, voltada à identificação do problema. Tendo 
verificado o quão prejudicial o trabalho infantil é para a criança e o adolescente 
que dele são vítimas, pode-se, agora, na intenção de buscar incessantemente a 
erradicação desta profunda violação de direitos, conhecer os meios que o MPT 
tem apresentado para que o trabalho infantil seja combatido, em especial com a 
https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/trabalho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/
https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/trabalho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/
https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7-criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais
https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7-criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais
https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescente-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html
https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescente-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html
https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos-acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/
https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos-acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/
http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ
http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/
http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/
https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar-influencia-o-trabalho-infanti/
https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar-influencia-o-trabalho-infanti/
https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil-gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053
https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil-gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053
 
24 
 
ajuda, fundamental, dos educadores. Assim, o próximo 
módulo será voltado ao conhecimento do Projeto 
Estratégico Resgate a Infância, e em particular seu 
método de trabalho com a rede de educação, o MPT na Escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
Tópico 1 – Medidas de combate ao trabalho infantil. 
Projeto estratégico Resgate a Infância 
Como referido no Módulo I, Tópico 1, O MPT tem, no combate 
ao trabalho infantil, uma de suas metas prioritárias, o que se alia ao compromisso 
assumido pelo Estado Brasileiro na Agenda 2030 da Organização das Nações 
Unidas – ONU, no sentido de erradicar o trabalho infantil do território nacional 
até o ano de 20253. Para o enfrentamento deste importante problema de modo 
articulado, foi criada a COORDINFÂNCIA, coordenadoria estratégica voltada à 
promoção, supervisão e coordenação de ações contra as variadas formas de 
 
3 A Agenda 2030, conforme seus idealizadores, é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a 
prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos 
limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem de acordo com suas 
próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para 
melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. Ela pode ser consultada no seguinte endereço: 
www.agenda2030.org.br 
 
25 
 
exploração do trabalho de crianças e adolescentes, 
dando tratamento uniforme e coordenado ao referido 
tema no âmbito do parquet trabalhista. 
Embora desde 2000 a COORDINFÂNCIA esteja atuando 
fortemente na busca da erradicação do trabalho infantil, é no ano de 2016, após 
experiências prévias que permitiram analisar as melhores ações para efetividade 
da atuação institucional, que nasce o Projeto Estratégico institucional que 
efetivamente coloca em prática estas ações articuladas e integradas: o Projeto 
“Resgate a Infância”. Por essa iniciativa, são escolhidos municípios com alto 
índice de trabalho infantil para implantação, in loco, dos três eixos de atuação 
ministerial: profissionalização, educação e políticas públicas. 
Pretendem, assim, responder às seguintes perguntas: qual a 
alternativa que pode ser apresentada para as pessoas encontradas em situação 
de trabalho infantil, ou para aquelas que podem ser vítimas dessa ilegalidade? 
Ainda, como sensibilizar a sociedade para os profundos danos que o trabalho 
infantil provoca à criança e ao adolescente que são, desta prática, vítimas? 
Ao tempo em que busca a resposta a tais perguntas, o Resgate 
a Infância se apresenta como medida fundamental para a maior proteção da 
infância, já que o trabalho infantil, como demonstrado também no Módulo 1, se 
encontra na base de várias outras violações dos direitos da criança e do 
adolescente. Realizar o Resgate a Infância é implementar e efetivar o princípio 
da proteção integral, absoluta e prioritária da infância, garantido no artigo 227 da 
Constituição Federal. 
Sugere-se, para o conhecimento preliminar do projeto em 
análise, seja assistido o vídeo promocional do Projeto: 
https://www.youtube.com/watch?v=xYKCzm26Tkg 
 
 a) Eixo Políticas Públicas 
O Eixo Políticas Públicas visa dar resposta à primeira pergunta 
acima colocada (qual a alternativa que pode ser apresentada para as pessoas 
https://www.youtube.com/watch?v=xYKCzm26Tkg
 
26 
 
encontradas em situação de trabalho infantil, ou para 
aquelas que podem ser vítimas dessa irregularidade?). 
Essa pergunta tem duas respostas, e sem dúvida a 
primeira é: providenciar o desenvolvimento de políticas públicas que 
intensifiquem a presença da criança na escola ou em locais de desenvolvimento 
protegido de suas potencialidades, dando, assim, efetividade à proteção integral 
que lhe é devida. A segunda resposta, necessária também para efetivação do 
direito à profissionalização garantido no artigo 227, será tratada no item seguinte, 
que aborda a aprendizagem profissional. 
Para atingir seu objetivo, o eixo em análise busca articular a rede 
de proteção municipal, o sistema de justiça e as autoridades em torno do 
problema do trabalho infantil, de modo a haver uma melhor identificação dos 
casos presentes na realidade local, bem como o devido enfrentamento do 
problema conforme as particularidades a serem levadas em conta. Trata-se de 
ação de suma relevância, sendo nítido que, após a passagem do MPT pelo 
município, a articulação local da rede de proteção da infância tende a se 
fortalecer, especialmente no combate ao trabalho infantil – mesmo porque, se 
isso não ocorrer espontaneamente, poderão ser adotadas as medidas cabíveis 
para sanar os problemas encontrados, desde a apresentação de termo de ajuste 
de conduta até a propositura de ação civil pública com este viés. 
Assim, o conceito fundamental para aplicação do eixo Políticas 
Públicas é: rede de proteção. Afinal, quem a compõe? 
Para responder essa pergunta, deve-se fazer uso da Resolução 
nº 113/2006 do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente), que define quem compõem o Sistema de Garantia de Direitos 
SGD - (que será reconhecido, no município, pela rede de proteção). Segundo 
esta Resolução, compõem o SGD as seguintes instituições: 
- Poder Judiciário 
- Ministério Público 
- Defensorias públicas 
 
27 
 
- Advocacia Geral da União e Procuradorias 
Gerais dos Estados 
- Polícias 
- Ministérios do Trabalho, Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, 
da Educação e da Saúde 
- Organização Internacional do Trabalho 
- Foruns Nacional e Estaduais/Municipais de Prevenção e Erradicação do 
Trabalho Infantil 
- Conselho Nacional e Estaduais/Municipais dos Direitos da Criança e do 
Adolescente 
- Conselhos Tutelares 
- Demais entidades e ouvidorias de defesa de direitos humanos, 
incumbidas de prestar proteção jurídico-social 
Como se observa, é muito extenso o SGD, em razão da garantia 
de proteção integral, absoluta e prioritária à infância. Em suma, é possível 
concluir que há uma responsabilidade compartilhada entre todas as instituições 
do Estado e da sociedade civil em acolher e proteger as crianças e os 
adolescentes de toda e qualquer violação a seus direitos – entre as quais se 
inclui, sem sombra de dúvida, o trabalho infantil. 
Nos municípios, o SGD também estará presente, pela 
representação local de cada uma destas instituições. Claro que haverá variações 
conforme a composição das instituições nos locais específicos, sendo certo que 
há diversas instituições que não se encontram em todos os municípios 
brasileiros. Porém, do SGD se extrai a rede de proteção à infância que, esta sim, 
está sempre presente nos municípios, e representa o SGD com a finalidade de 
proteção integral, absoluta e prioritária das crianças e dos adolescentes. 
Para um breve esclarecimento, seguem algumas considerações 
e informações sobre cada um dos órgãos de proteção: 
 
28 
 
• PODER JUDICIÁRIO: instituição estatal com 
poder decisório, onde são apresentadas 
demandas para correções de irregularidades, 
reparação de lesões, e outras em que haja litígio, ou seja, discussão 
de direitos. Tem atuado, também,na discussão e promoção de 
questões relativas a direitos humanos, dentre as quais, a proteção da 
criança e do adolescente. QUEM SÃO: Varas da Infância e da 
Juventude, Varas Criminais especializadas, Tribunais do Júri, 
Comissões Judiciais de Adoção, Tribunais de Justiça, Corregedoria, 
Justiça do Trabalho (www.trtXXX.jus.br); 
• MINISTÉRIO PÚBLICO: instituição responsável pela defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos direitos sociais e individuais 
indisponíveis, tendo forte atuação na área da criança e do 
adolescente. Se divide em: 
- Ministério Público Estadual (por estado da Federação) - promotorias de 
Justiça 
- Ministério Público da União – este, por sua vez, se subdivide em: 
• Ministério Público Federal 
• Ministério Público Militar 
• Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
• Ministério Público do Trabalho – foco específico no combate à exploração 
do trabalho da criança e do adolescente (www.prtXXX.mpt.mp.br ); 
• DEFENSORIA PÚBLICA (União e Estados) – serviço de 
assessoramento jurídico e assistência jurídica, judicial e extrajudicial, 
gratuita (www.defensoria.XXX.gov.br e www.dpu.gov.br ); 
• ADVOCACIA DA UNIÃO – representação da União na esfera judicial 
e extrajudicial, bem como assessoramento e consultoria ao poder 
executivo (www.agu.gov.br ); 
http://www.trt4.jus.br/
http://www.defensoria.xxx.gov.br/
http://www.dpu.gov.br/
http://www.agu.gov.br/
 
29 
 
• PROCURADORIAS DOS ESTADOS – 
representação judicial e consultoria jurídica 
dos Estados, visando a salvaguarda dos 
interesses da administração pública e do cidadão 
(www.pge.XXX.gov.br ); 
• POLÍCIAS – especialmente as delegacias especializadas na defesa 
das crianças e adolescentes – DECA ou similar 
(www.deca.pc.XXX.gov.br ); 
• MINISTÉRIOS (e Secretarias) – órgãos do Poder Executivo 
responsáveis pelas pastas consideradas relevantes. No âmbito da 
infância, devem ser considerados, pelo menos, as pastas da 
assistência social, saúde, educação, direitos humanos e trabalho. Os 
Ministérios estarão no âmbito federal, e as secretarias no âmbito 
estadual e municipal. Cada um possui seu site, que é acessível 
pesquisando pelo google.com pelo nome do ministério ou secretaria e 
local; 
• OIT – agência das Nações Unidas que tem por missão promover 
oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um 
trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, 
segurança e dignidade (www.oit.org.br ); 
• FNPETI, FEPETI e fóruns ou comitês regionais ou municipais: estratégias 
de articulação e aglutinação de atores sociais institucionais envolvidos 
com políticas e programas de prevenção e erradicação do trabalho 
infantilVer vídeo “adultos brincam”, do CD (produzido pelo FNPETI): 
adultos brincam. Site: www.fnepeti.org.br ; 
• CONANDA – órgão colegiado de caráter deliberativo e composição 
paritária. Origem: art. 88 ECA (www.sdh.gov.br ); 
• CEDICA e CMCDAs: oriundos do ECA. Conselhos que visam normatizar, 
deliberar e controlar as políticas públicas voltadas à infância e juventude, 
em âmbito estadual e municipal (www.cedica.rs.gov.br ); 
http://www.pge.xxx.gov.br/
http://www.deca.pc.rs.gov.br/
http://www.oit.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=nWzREo4xjqw
https://www.youtube.com/watch?v=nWzREo4xjqw
http://www.fnepeti.org.br/
http://www.sdh.gov.br/
http://www.cedica.rs.gov.br/
 
30 
 
• CONSELHOS TUTELARES: equipes voltadas 
ao enfrentamento de questões relativas à 
infância e juventude. Previsto no art. 131 do 
ECA. Função: encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da 
criança e do adolescente. É permanente, autônomo e não jurisdicional; 
• SOCIEDADE: família e escola! 
De posse desse conhecimento, é possível fazer um exercício de 
identificação da rede de proteção em cada município – vamos começar pelo seu, 
respondendo: quem está presente no território municipal? 
◼ Conselho Tutelar ? 
◼ CRAS ? 
◼ CREAS ? 
◼ COMDICA ? 
◼ Secretaria de Assistência Social ? Secretaria de Saúde ? Secretaria de 
Educação ? Secretaria de Agricultura ? Outra importante (conforme a 
economia do município)? 
◼ Ministério Público Estadual, do Trabalho, Federal? 
◼ Justiça Estadual? do Trabalho? Federal? 
Tendo identificado os órgãos presentes em seu município, é 
muito importante conhecer os dados de contato dessas instituições (e-mail, 
telefone, endereço) para que, tendo conhecimento de alguma violação, possa 
ser procurado o órgão correspondente (ou, por vezes, o órgão que poderá fazer 
o devido encaminhamento da denúncia). Ainda, é fundamental compreender o 
fluxo de informações adotado, para que seja dado o melhor tratamento para a 
notícia de que alguma criança ou adolescente está em situação de trabalho. 
Esse fluxo, porém, não é fixo, dadas as particularidades de cada local. Porém, é 
possível uma proposta geral, que envolva todos os órgãos da rede de proteção 
local, a ser adaptada conforme a situação, nos seguintes termos: 
 
31 
 
 
 
No Eixo Políticas Públicas, o papel do MPT é provocar a rede de 
proteção, verificar sua capacidade de articulação, observar se há fluxo de 
informações, coletar os dados sobre eventuais carências ou problemas que a 
rede de proteção esteja enfrentando, enfim, analisar de modo conjuntural e 
sistêmico como está a proteção da criança e do adolescente, no município, 
contra o trabalho infantil. Uma vez feito esse diagnóstico, o Procurador 
responsável poderá adotar as medidas que forem consideradas cabíveis para 
adequar a situação, seja com propositura de TAC ou mesmo com a eventual 
propositura de ACP. Em suma, é assim que se desenha o eixo Políticas Públicas 
do Projeto Resgate a Infância. 
 
32 
 
 
 b) Eixo Profissionalização 
Pelo Eixo Profissionalização, o projeto também busca dar 
resposta à primeira pergunta relacionada no início deste tópico (qual a alternativa 
que pode ser apresentada para as pessoas encontradas em situação de trabalho 
infantil, ou para aquelas que podem ser vítimas dessa irregularidade?). É a 
segunda parte de uma resposta composta, como se observou no início do item 
anterior: para os adolescentes a partir dos 14 anos que se encontram em 
situação de trabalho infantil, ou para aqueles que estão sob o risco de serem 
postos neste tipo de exploração, a resposta mais eficiente e imediata é a 
aprendizagem profissional. Assim, pelo Eixo Profissionalização, se busca a 
conscientização e sensibilização das empresas para a importância do 
cumprimento das cotas de aprendizagem profissional determinadas por lei, com 
prioridade dos adolescentes em maior vulnerabilidade social, por meio de 
audiência pública ou coletiva que envolva as empresas locais, o Sistema S, 
entidades formadoras e rede de proteção da infância. 
Antes de demonstrar como funciona este eixo, é importante 
saber que a aprendizagem profissional é uma política de qualificação profissional 
inscrita nos artigos 428 e 429 da CLT, nos seguintes termos: 
 
Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho 
especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que 
o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 
(quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em 
programa de aprendizagem formação técnico-profissional 
metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e 
psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as 
tarefas necessárias a essa formação. 
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são 
obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços 
 
33 
 
Nacionais de Aprendizagem número de 
aprendizes equivalente a cinco por 
cento, no mínimo, e quinze por cento, 
no máximo, dos trabalhadores existentes em cada 
estabelecimento, cujas funções demandem formação 
profissional. 
 
Como se observa nos artigos acima, o contrato de aprendizagem 
é um contrato especial de trabalho ajustado por escrito, com prazo determinado, 
voltado àspessoas com mais de 14 anos e menos de 24 (ressalvada a pessoa 
com deficiência, que não tem limite de idade), com obrigatória inscrição em 
programa de aprendizagem (que pode ser do Sistema S ou de entidades 
formadoras diversas, como CIEE e Fundação Projeto Pescar, por exemplo), no 
qual deve ser possibilitada formação técnico-profissional metódica, compatível 
com o desenvolvimento físico, moral e psicológico do aprendiz, que deve, por 
sua vez, executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a esta formação. 
Sua atual regulamentação está no Decreto 9579/2018. 
As experiências já realizadas demonstram que, a partir da ação 
do MPT, as cotas em aberto no município tendem a diminuir, fazendo, assim, 
com que a aprendizagem profissional se torne mais efetiva. Ainda, é possível 
também concluir que, quanto mais se estimula o cumprimento da cota de 
aprendizagem com foco nos adolescentes mais vulneráveis, melhor é o 
resultado local, pois, para além da resolução do problema do adolescente em si, 
que necessita da profissionalização para futuro ingresso no mundo do trabalho, 
outros problemas locais tendem a ser solucionados – com destaque para o 
problema da violência e da ociosidade da juventude. 
Para aprofundar o conhecimento sobre a aprendizagem 
profissional, sugere-se sejam vistos o documentário Caminhos da 
Aprendizagem, e o vídeo que apresenta o programa de aprendizagem do 
CIEE em parceria com o Estado do Rio Grande do Sul pela Fundação de 
 
34 
 
Atendimento Socioeducativo do Estado (FASE), 
constante do material de apoio deste curso. 
 
 c) Eixo Educação – MPT na Escola 
Por fim, chega-se à análise do terceiro eixo do projeto, que 
visa responder àquela segunda questão posta no início deste item: como 
sensibilizar a sociedade para os profundos danos que o trabalho infantil provoca 
à criança e ao adolescente que são, desta prática, vítimas? Esta pergunta é 
fundamental para que a luta contra o trabalho infantil possa ter melhores 
resultados, e cada vez mais pessoas e instituições possam se agregar neste 
processo, com especial destaque para os profissionais da educação. Assim, o 
Eixo Educação, também conhecido como MPT na Escola, é o espaço de diálogo 
do MPT com a sociedade civil, por meio dos educadores, que funcionam como 
os principais atores deste momento. 
Pelo Eixo Educação, é levada às escolas (prioritariamente as 
municipais) a reflexão aprofundada sobre o trabalho infantil, seu conceito, mitos 
e prejuízos, por meio da capacitação dos educadores, a fim de que enfrentem 
estas questões com seus alunos, bem como consigam identificar eventuais 
situações que estejam presentes em sala de aula. Este eixo culmina com o 
Prêmio MPT na Escola, pelo qual os trabalhos realizados pelos alunos a partir 
das discussões feitas em aula poderão ser premiados em nível municipal, 
estadual e nacional. Tendo em vista a importância do MPT na Escola como 
medida de sensibilização social, e considerando que é o foco efetivo deste 
estudo aprofundado, trataremos especificamente deste tema no tópico seguinte. 
 
Tópico 2 – O MPT na Escola 
O MPT na Escola nasceu no ano de 2008, como Projeto 
Peteca – Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e 
do Adolescente, no estado do Ceará, por iniciativa do Procurador do Trabalho 
Antonio de Oliveira Lima – reconhecido em 2018 pelo Prêmio CNMP como 
 
35 
 
melhor prática na categoria “Indução de Políticas 
Públicas”. Desde o ano de seu nascimento, este eixo 
tem se estendido cada vez a um número maior de 
municípios brasileiros, capacitando um número muito expressivo de educadores 
e atendendo, assim, crianças e adolescentes em todo o país. 
Inicialmente, para compreender porque o MPT na Escola 
surgiu e se estabeleceu, é necessário destacar que não é difícil concluir que os 
educadores são os profissionais que possuem as melhores condições de 
identificar os casos de trabalho infantil, pois na maioria das vezes, o trabalho 
precoce é a principal causa do baixo rendimento ou do abandono escolar. Ainda, 
é o professor quem detém um canal diário de comunicação com o aluno e, por 
intermédio deste, com sua família e comunidade. Assim, o professor é um ator 
fundamental no processo de conscientização social e de rompimento de 
barreiras culturais que provocam a aceitação do trabalho precoce, problema que 
atinge, prioritariamente, as famílias com maior vulnerabilidade. 
A PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
registra que o trabalho infantil está associado a índices menores de 
escolarização, bem como a baixo rendimento econômico familiar. Mesmo as 
crianças matriculadas na escola, quando trabalham, tem reduzido seu 
rendimento, e aumentados o absenteísmo e a evasão.4 
Assim, tendo em conta estes importantes aspectos 
levantados – o professor como ator fundamental no processo de aproximação 
com a sociedade, e o fato incontestável, demonstrado estatisticamente, que o 
trabalho infantil é uma das causas do baixo rendimento e da evasão escolar – 
estava mais do que justificada a iniciativa de atuar com as escolas como 
parceiras no combate ao trabalho infantil. E é essa a ação que será melhor 
explanada de agora em diante. 
 
 
4 A PNAD pode ser consultada no seguinte link: 
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40 
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40
 
36 
 
 a) Como funciona 
O MPT na Escola funciona a partir de 
um roteiro que permite sua melhor realização. As etapas, em síntese e com 
breve explanação de cada uma, são as seguintes: 
◼ 1ª ETAPA: Reunião com Secretários municipais ou prefeitos, para adesão 
ao prêmio (etapa inicial, necessária para que o projeto possa acontecer 
no município). Esta reunião deve ser chamada pelo MPT no local, que 
será responsável por administrar o projeto; 
◼ 2ª ETAPA: Capacitação, ministrada pelo MPT, dos coordenadores nos 
municípios e/ou escolas, e definição do universo a ser atendido em cada 
município. Há, geralmente, o preenchimento de uma ficha de inscrição 
com as escolas e o nº de turmas; 
◼ 3ª ETAPA: Aplicação do diagnóstico de trabalho infantil (formulário no 
material de apoio), do seguinte modo: 
• Coordenador do projeto na escola: 
- Aplicar, no território da escola, o formulário do diagnóstico de trabalho 
infantil; 
- Totalizar os dados, utilizando-se o formulário de dados do diagnóstico; 
- Encaminhar ao coordenador do projeto no município, para totalização dos 
dados municipais; 
• Coordenador do projeto no município: 
- Totalizar os dados municipais, utilizando o formulário próprio; 
- Encaminhar os dados ao MPT pelos e-mails a serem informados pela 
Coordenação Regional da COORDINFÂNCIA ; 
A partir do diagnóstico, a rede de proteção/SGD deverá ser 
mobilizada, pela Secretaria de Educação, para tratar das situações de trabalho 
infantil encontradas 
 
37 
 
◼ 4ª ETAPA: Atividades de reflexão em sala de 
aula pelos professores capacitados pelos 
coordenadores, por sua vez capacitados pelo 
MPT sobre o tema “trabalho infantil”, conforme propostas contidas no 
material fornecido pelo MPT, e também de acordo com a criatividade de 
cada professor; 
◼ 5ª ETAPA: A partir das discussões e reflexões feitas em sala de aula, 
realização de trabalhos artísticos (categorias conto, desenho, poesia, 
curta-metragem/esquete teatral, música) pelos alunos; 
◼ 6ª ETAPA: Realização da etapa municipal do Prêmio MPT na Escola. Os 
trabalhos vencedores nesta etapa podem se inscrever na etapa estadual; 
◼ 7ª ETAPA: Realização da etapa estadual do Prêmio MPT na Escola, 
conforme edital divulgado oportunamente. Os trabalhos vencedores nesta 
etapa serão inscritos na etapa nacional; 
◼ 8ª ETAPA: Realização da etapa nacional do Prêmio MPT na Escola, 
conforme edital divulgado oportunamente;◼ 9ª ETAPA: Reunião de avaliação em âmbito municipal ou estadual, com 
MPT, para continuidade para o próximo ano. 
Com a realização das etapas acima, tem-se o pleno 
desenvolvimento do projeto. Para os educadores, a capacitação permitirá 
trabalharem com cada turma nova de alunos o mesmo tema, o que evidencia o 
caráter permanente e continuado desta importante ação. Não à toa, o MPT na 
Escola tem se aprimorado e estendido a cada ano que passa, sendo que no ano 
passado atingiu quase 500 municípios brasileiros, beneficiando pelo menos 
873.189 (oitocentos e setenta e três mil, cento e oitenta e nove) alunos. 
A seguir, serão apresentadas algumas propostas de 
atividades a serem realizadas em sala de aula 
 
 b) Atividades a serem propostas em sala de aula 
 
38 
 
O principal ingrediente para as 
atividades a serem propostas em sala de aula é, sem 
dúvida, a criatividade e imaginação do educador. 
Porém, é possível relacionar algumas que já foram aplicadas e que tem 
alcançado bom resultado. Também, há alguns materiais que auxiliam na 
compreensão do tema e na forma de abordagem a ser adotada. A seguir, 
referimos tanto o material como as atividades possíveis: 
Material: 
◼ Cartilhas – material elaborado pelo MPT e disponibilizados às escolas por 
meio digital ou físico (se houver esta possibilidade). Esse material está 
anexado ao texto como apoio a este curso. 
◼ Vídeos: Há uma série de vídeos que tratam do tema e que, ao mesmo 
tempo em que auxiliam na capacitação do professor, podem ser utilizados 
para trabalhar o tema com os alunos. Alguns destaques: “Vida Maria”, 
“Quem viu a rosinha?”, “Posso falar?”, “Meia infância”. Os seguintes links 
do youtube dão acesso a estes vídeos: 
MEIA INFÂNCIA - https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo 
POSSO FALAR - https://www.youtube.com/watch?v=n9T6uH-Sri0 
VIDA MARIA - https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 
VOCÊ VIU A ROSINHA? - https://www.youtube.com/watch?v=i5DLLzwV-ao 
 
◼ Cartilha Ecoar – OIT: cartilha que aborda o tema sob a ótica da OIT. 
Disponível no seguinte site: 
https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_233632/lang--pt/index.htm 
◼ Gibis MPT em Quadrinhos: o MPT possui uma coleção de revistinhas em 
quadrinhos que abordam diversos temas relacionados com o mundo do 
trabalho, havendo vários números que abordam o trabalho infantil em 
https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo
https://www.youtube.com/watch?v=n9T6uH-Sri0
https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4
https://www.youtube.com/watch?v=i5DLLzwV-ao
https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_233632/lang--pt/index.htm
 
39 
 
diferentes aspectos. Todos os gibis podem ser 
consultados no seguinte site: 
www.mptemquadrinhos.com.br 
◼ MPT Games: a PRT13 (Paraíba) realizou, em parceria com a o Curso 
Superior de Tecnologia em Jogos Digitais da Faculdade de Ciências 
Sociais Aplicadas (FACISA) de Campina Grande, alguns games 
eletrônicos, que podem auxiliar na discussão dos temas de trabalho 
infantil e trabalho escravo. Estes games são encontrados no seguinte site: 
www.mptgames.com.br 
Atividades possíveis, a partir do material acima relacionado: 
contação de histórias, teatro, teatro de fantoches, colagem, desenhos, júri 
simulado, mapa do trabalho infantil, árvore do trabalho infantil, criação de 
anúncio publicitário, entre outras. Tanto as cartilhas do MPT como a Ecoar 
trazem essas propostas de ações e modo de sua realização. 
Há, também, muitas datas que podem ser utilizadas como 
parâmetro para levar as discussões sobre trabalho infantil, ou mesmo sobre o 
mundo do trabalho, para a sala de aula. Aqui, seguem algumas sugestões: 
- 08.03 – Dia Internacional da Mulher 
- 24.04 – Dia do Aprendiz 
- 28.04 – Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho 
- 01.05 – Dia Internacional do trabalho 
- 13.05 – Abolição da escravatura 
- 17.05 – Dia Internacional da Diversidade Sexual 
- 18.05 – Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças 
- 05.06 – Dia Mundial do Meio Ambiente 
- 12.06 - Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (este ano também marca a 
Semana Nacional da Aprendizagem) 
http://www.mptemquadrinhos.com.br/
http://www.mptgames.com.br/
 
40 
 
- 27.07 – Dia Nacional de Prevenção de Acidentes 
do Trabalho 
- 12.10 – Dia da Criança 
- 20.11 – Dia Nacional da Consciência Negra 
- 03.12 – Dia Internacional da Pessoa com Deficiência 
Ainda, podemos fazer uso de instrumentos presentes nas 
produções culturais para obter ainda maiores subsídios para desenvolver o 
conhecimento a respeito do tema. Alguns filmes, por exemplo, podem ser vistos 
com esta finalidade (especialmente pelos professores, que depois poderão 
avaliar a pertinência de trabalharem os mesmos com os alunos): 
- Pixote – a lei do mais fraco (diretor: Hector Babenco) 
- Cidade de Deus (diretor: Fernando Meirelles) 
- Ausência (Diretor: Chico Teixeira) 
- 10 centavos (curta-metragem – disponível em portacurtas.org.br) 
- Carreto (curta-metragem – disponível em portacurtas.org.br) 
- Crianças invisíveis (vários diretores) 
- Daens – um grito de justiça (Diretor: Stjin Coninx) 
- Extra! Extra (Diretor: Kenny Ortega) 
- Infâncias roubadas (Diretores: Len Morris e Robin Romano) 
- Nascidos nos Bordéis (Diretores: Zana Briski e Ross Kauffman) 
- Tartarugas podem voar (Diretor: Bahman Ghobadi) 
- O começo da vida (documentário produzido pela Fundação Maria Cecilia 
Souto Vidigal. Disponível na web) 
- Cafarnaum (Diretor: Nadine Labaki) 
 
41 
 
Também há músicas que abordam a 
questão, como os seguintes exemplos: 
- “O menino da porteira”, Inezita Barroso 
- “Filho de carpinteiro”, Tonico e Tinoco 
- “Garoto do amendoim”, Ary Lobo 
- “Menino das laranjas”, Elis Regina 
- “Morro Velho”, Milton Nascimento 
- “Pivete”, Chico Buarque 
- “Relampiano”, Lenine 
- “Sou boy”, Magazine 
- “Criança não trabalha”, Arnaldo Antunes com Palavra Cantada 
- “Problema Social”, Seu Jorge 
Por fim, na poesia também há textos a serem trabalhados, do 
qual é exemplo o poema Menino São Jorge, de Elisa Lucinda. 
Enfim, há uma riqueza enorme de ações e atividades que podem 
ser realizadas, inclusive tomando por base alguns dias importantes do nosso 
calendário. O professor é absolutamente livre para trabalhar com o tema em sala 
de aula. Porém, é fundamental que seu ponto de partida seja a proibição do 
trabalho infantil, a análise dos profundos prejuízos que causa à infância, e o 
estímulo das crianças e dos adolescentes a se perceberem como sujeitos de 
direitos que merecem ser protegidos contra essa prática ilegal, inclusive 
podendo saber, a partir de seu educador, a quem recorrer em caso de violação 
de seus direitos. 
c) Prêmio MPT na Escola 
A grande culminância do MPT na Escola é o Prêmio MPT na 
Escola. Embora, por si só, a realização do projeto seja muito gratificante e seus 
resultados sejam tragam ganhos imensuráveis para toda a comunidade, sem 
 
42 
 
dúvida a premiação tem se mostrado um importante 
estímulo tanto para as escolas como para os alunos, 
especialmente em tempos em que, infelizmente, muitas 
vezes a educação tem sido deixada em segundo plano por decisões políticas ou 
conjunturais. Assim, para finalizar esta capacitação, passa-se à análise de como 
realizar este grande evento, que tem recebido cada vez maior adesão de 
municípios interessados em realiza-lo. 
1ª ETAPA – PRÊMIO MPT NA ESCOLA MUNICIPAL 
Os municípios que participam do MPT na Escola são 
responsáveis por realizar a etapa municipal do prêmio, envolvendo as escolas 
que participaram fazendo as ações conforme explicação no item anterior. Esta 
premiação fica a critério do município, que deverá avaliar suas condições 
(financeiras, conjunturais, etc) para realizar o evento, bem como as dimensões 
que o mesmo poderá assumir. Compete também ao município definir a 
premiação a ser entregue aos primeiros colocados, se entender pertinente. De 
todo modo, havendo ou não eventoou premiação municipal, os trabalhos que 
forem considerados os vencedores nesta etapa serão inscritos pelo próprio 
município, a partir dos critérios constantes do edital que é publicado todos os 
anos, na etapa estadual ou regional da premiação. 
Porém, há algumas regras gerais que já podem ser 
antecipadas: 
- Os trabalhos devem abordar o tema “trabalho infantil”, no sentido de sua 
erradicação, podendo destacar um ou mais de seus aspectos, como 
causas, consequências, formas, cenários, políticas públicas, rede de 
proteção, projetos e ações de prevenção, tomando como parâmetro a 
legislação vigente 
- A autoria dos trabalhos deverá ser exclusiva dos alunos, sendo que a 
participação dos educadores deve se limitar a atividades de apoio, 
orientação e acompanhamento (na categoria música, pode haver 
acompanhamento nos instrumentos por terceiros) 
 
43 
 
- Os trabalhos devem ser originais e inéditos 
Conforme a disponibilidade da 
Procuradoria Regional responsável pela etapa estadual do prêmio, e também de 
acordo com o que deliberar o Coordenador Regional da COORDINFÂNCIA, será 
definido o modo de premiação (evento, prêmio propriamente dito...). A PRT que 
fizer a etapa estadual fará a inscrição dos trabalhos vencedores na etapa 
nacional, que é a culminância final do projeto. 
Geralmente, o Prêmio Nacional MPT na Escola ocorre em 
solenidade em Brasília, na qual se busca sempre viabilizar a participação dos 
alunos vencedores. É um evento muito interessante, em que é possível perceber 
a riqueza dos trabalhos realizados, e observar os talentos que estão espalhados 
por todos os cantos do Brasil. Por fim, é um evento significativo na formação de 
consciência sobre a importância do combate ao trabalho infantil, representando, 
sem dúvida, o clímax de um processo de conscientização que teve início meses 
antes, com a capacitação dos educadores, como se explicou no começo deste 
tópico. 
A seguir, são apresentados os links de alguns trabalhos 
produzidos, bem como notícias sobre as premiações estaduais e nacional. 
Outros informes, notícias e trabalhos podem ser consultados, sendo que todos 
os inscritos no Prêmio MPT na Escola ficam disponibilizados pelo youtube (que 
é o canal utilizado para que os trabalhos possam ser conhecidos pela comissão 
julgadora que será escolhida para avaliar cada quesito): 
http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-
/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-
escola?inheritRedirect=false 
http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio-
petecampt-na.html 
https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/?atuacao=coordinfancia 
http://mptnaescolasp.blogspot.com/ 
http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false
http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false
http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false
http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio-petecampt-na.html
http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio-petecampt-na.html
https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/?atuacao=coordinfancia
http://mptnaescolasp.blogspot.com/
 
44 
 
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_n
oticia=999193345 
https://www.youtube.com/watch?v=u73HTfKjAXs 
A partir de todas as considerações expostas neste texto, das 
discussões promovidas nos fóruns, dos questionamentos apresentados, 
esperamos ter colaborado para sua melhor formação no que diz respeito ao 
trabalho infantil – o que é, por que merece ser combatido, quais as instituições 
que estão envolvidas nesse trabalho, e o que cada um de nós, pessoalmente ou 
por nossas instituições, pode fazer para proteger, cada vez mais, as crianças e 
adolescentes no Brasil. Esperamos contar com sua colaboração neste combate 
diuturno, para que possamos ter o Brasil como um país livre dessa chaga social 
tão séria, ainda tão presente, e que tem vitimado tantas de nossas crianças e 
adolescentes ao longo dos anos. 
 
GLOSSÁRIO 
 
ACP – AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
CF – CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO 
CNMP – CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
COORDINFÂNCIA – COORDENADORIA NACIONAL DE 
COMBATE À EXPLORAÇÃO DO TRABALHO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
CONANDA – CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_noticia=999193345
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_noticia=999193345
https://www.youtube.com/watch?v=u73HTfKjAXs
 
45 
 
CRAS – CENTRO DE REFERÊNCIA 
EM ASSISTÊNCIA SOCIAL 
CREAS – CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO EM 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
CT – CONSELHO TUTELAR 
FNPETI – FORUM NACIONAL DE PREVENÇÃO E 
ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL 
FNAP – FORUM NACIONAL DE APRENDIZAGEM 
IC – INQUÉRITO CIVIL 
JT – JUSTIÇA DO TRABALHO 
LISTA TIP – LISTA DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO 
INFANTIL 
MPT – MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 
NF – NOTÍCIA DE FATO 
OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO 
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
PNAD – PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE 
DOMICÍLIOS 
PP – PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO 
PRT – PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO 
SGD – SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS 
SISTEMA S – SENAI, SESC, SENAT, SESCOOP E SENAR 
TAC – TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA 
UNICEF – FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A 
INFÂNCIA 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DAS PRTs 
PRT1 RIO DE JANEIRO 
PRT2 SÃO PAULO (E GRANDE SÃO 
PAULO) 
PRT3 MINAS GERAIS 
PRT4 RIO GRANDE DO SUL 
PRT5 BAHIA 
PRT6 PERNAMBUCO 
PRT7 CEARÁ 
PRT8 PARÁ E AMAPÁ 
PRT9 PARANÁ 
PRT10 DISTRITO FEDERAL E TOCANTINS 
PRT11 AMAZONAS 
 
47 
 
PRT12 SANTA CATARINA 
PRT13 PARAÍBA 
PRT14 RONDÔNIA E ACRE 
PRT15 CAMPINAS (E INTERIOR DO 
ESTADO DE SÃO PAULO) 
PRT16 MARANHÃO 
PRT17 ESPÍRITO SANTO 
PRT18 GOIÁS 
PRT19 ALAGOAS 
PRT20 SERGIPE 
PRT21 RIO GRANDE DO NORTE 
PRT22 PIAUÍ 
PRT23 MATO GROSSO 
PRT24 MATO GROSSO DO SUL

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