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1 MPT NA ESCOLA – A Educação como Instrumento Fundamental no Combate ao Trabalho Infantil INTRODUÇÃO O presente curso tem o objetivo de capacitar os educadores da rede municipal, estadual e privada de ensino para o enfrentamento do trabalho infantil em sala de aula, tanto na sensibilização e conscientização dos alunos, como no reconhecimento de práticas que se enquadrem como tal. Essa capacitação se mostra de extrema importância, dado que os educadores são atores fundamentais na proteção integral, absoluta e prioritária que a Constituição Federal estabelece como direito de todas as crianças e adolescentes no Brasil. Sendo assim, e levando em conta que o trabalho infantil é uma violação de direitos importante, frequente, e com sérias consequências, é fundamental abrir espaços de diálogo com a sociedade sobre este problema. Para melhor abordar a questão e chegar aos objetivos traçados, o curso adotou a seguinte estrutura: MÓDULO I Tópico 1 – O Ministério Público do Trabalho a) Conceito b) Metas institucionais do MPT c) Modos de atuação do MPT c.1) Modo de atuação investigativo c.2) Modo de atuação promocional Tópico 2 – Trabalho Infantil a) Conceito 2 b) Mitos e verdades c) Prejuízos advindos do trabalho infantil MÓDULO II Tópico 1 – Medidas de combate ao trabalho infantil. Projeto estratégico Resgate a Infância a) Eixo Políticas Públicas b) Eixo Profissionalização c) Eixo Educação – MPT na Escola Tópico 2 – O MPT na Escola a) Como funciona b) Atividades a serem propostas em sala de aula c) Prêmio MPT na Escola O objetivo é trabalhar todos os conceitos importantes para o combate ao trabalho infantil, sob a perspectiva do Ministério Público do Trabalho, para que, ao final, o educador esteja devidamente subsidiado para o enfrentamento do problema, e possa, querendo, habilitar sua escola a participar do Prêmio MPT na Escola, promovido anualmente. Espera-se que a participação no curso MPT na Escola – A Educação como Importante Instrumento de Combate ao Trabalho Infantil possa colaborar decisivamente no enfrentamento do grave problema social que o trabalho precoce ainda representa no estado brasileiro, e que, a partir do aprofundamento do tema, os educadores possam ser ainda mais colaborativos e efetivos na proteção das crianças e adolescentes que consigo convivem. 3 MÓDULO I TÓPICO 1 – O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO a) Conceito O Ministério Público do Trabalho encontra previsão nos artigos 127, 128 e 129 da Constituição Federal, nos termos seguintes: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. 4 Assim, a partir do Texto Constitucional, o Ministério Público do Trabalho pode ser definido como a instituição do Estado, de caráter permanente e independente, que tem como função defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis relativos às relações de trabalho, atuando, portanto, a serviço da sociedade e do interesse público. É relevante lembrar que o MPT, por meio dos Procuradores do Trabalho que são seus membros, não atua na defesa de interesses individuais particulares (atribuição esta que cabe aos advogados), mas apenas quando há interesses coletivos a defender – ou quando o interesse individual é indisponível (como, por exemplo, o direito à vida). Ainda, para bem compreender o MPT, é fundamental não o confundir com outras instituições. Assim, o Ministério Público do Trabalho não se confunde com a Justiça do Trabalho, e também não se confunde com as instituições do Poder Executivo que tratam da mesma matéria – atualmente, a Secretaria do Trabalho, alocada no Ministério da Economia e dividida em subsecretarias, é quem trata da matéria no âmbito executivo federal. Com relação à Justiça do Trabalho, a distinção é bastante singela: enquanto a JT é uma das estruturas do Poder Judiciário, o MPT é estrutura do Ministério Público da União, como dito pela Carta Constitucional. Suas funções são absolutamente distintas: enquanto à Justiça do Trabalho compete conciliar e julgar dissídios trabalhistas, individuais e coletivos, ao MPT se atribui o poder de investigar potenciais irregularidades que atinjam grupos de trabalhadores, determinados ou indeterminados, e buscar as eventuais correções. Lhe compete, também, atuar quando presente interesse individual indisponível (como a vida, por exemplo), ou de pessoas que devam ser por ele representadas (como os incapazes) – sempre no que se refere às relações de trabalho. Ainda, lhe é atribuída a função de funcionar como articulador social, para colaborar na promoção dos direitos que devem ser por ele defendidos. 5 Por sua vez, o MPT não se confunde com as instituições que tratam do tema no Poder Executivo – atualmente, Secretaria do Trabalho. Antigamente, muito se confundia o MPT com o Ministério do Trabalho – hoje extinto e encampado pelo Ministério da Economia. Embora o Ministério do Trabalho não mais exista como tal, suas funções continuam sendo desempenhadas pelos auditores-fiscais do trabalho, que fazem fiscalizações diretas ou indiretas para verificar a regularidade dos vínculos e atributos das relações de emprego. Assim, quando identificada alguma irregularidade, os auditores-fiscais farão o encaminhamento ao MPT, para que o Procurador do Trabalho, então, verifique a situação. Importa, ainda esclarecer que o MPT tem atuação em todo o território nacional, estando dividido em 24 Regionais que abrangem todos os Estados brasileiros. Na carreira, os membros se dividem em Procuradores do Trabalho (que atuam perante a Justiça em 1º grau de jurisdição, ou seja, perante as Varas do Trabalho), Procuradores Regionais do Trabalho (que atuam perante a Justiça em 2º grau de jurisdição, ou seja, perante os Tribunais) e Sub- Procuradores Gerais do Trabalho (que atuam perante os Tribunais Superiores). Para conhecer todas as Regionais e poder saber qual é relativa ao seu Estado, basta consultar o site https://mpt.mp.br/pgt/mpt-nos-estados . b) Metas institucionais Como se percebe, o MPT tem existência autônoma e independente de qualquer dos Poderes do Estado (assim como o Ministério Público, de modo geral). Não se confunde com as demais instituições acima referidas e tem funções específicas a desempenhar, no sentido de garantir a regularidade e lisura nas relações de trabalho e emprego. Para melhor desempenhar suas funções, o MPT estabeleceu metas prioritárias, e criou coordenadoria temáticas estratégicas que permitissem o tratamento isonômico, articulado e coordenado das questões mais caras à https://mpt.mp.br/pgt/mpt-nos-estados 6 instituição. Para conhecer as metas e coordenadorias correspondentes, observe-se o quadro a seguir, que faz a relação entre elas: META PRIORITÁRIA COORDENADORIA TEMÁTICA ESTRATÉGICA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO CONAETE – Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo DEFESA DA SAÚDE DO TRABALHADOR E DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO SADIO CODEMAT – Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho COMBATE ÀS FRAUDES NASRELAÇÕES DE TRABALHO CONAFRET – Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho COMBATE ÀS IRREGULARIDADES TRABALHISTAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONAP – Coordenadoria Nacional de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Administração Pública DEFESA DA LIBERDADE SINDICAL CONALIS – Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical REGULARIDADE DO TRABALHO NOS PORTOS CONATPA – Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário COMBATE À DISCRIMINAÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO COORDIGUALDADE – Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E PROTEÇÃO DO TRABALHADOR ADOLESCENTE COORDINFÂNCIA – Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente 7 A observação das metas institucionais demonstra que o MPT se presta, essencialmente, à garantia do trabalho decente, conceito cunhado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1999, e que é alcançado quando o trabalho, tanto de homens como de mulheres, além de ser produtivo e de qualidade, se dá em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. O trabalho decente é considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável, e se apoia em 4 pilares estratégicos: os direitos e princípios fundamentais do trabalho, a promoção do emprego de qualidade, a extensão da proteção social e o diálogo social1. Com tudo isso em perspectiva, é possível concluir que o MPT tem se apresentado como órgão de grande importância, atuando diretamente na garantia de direitos sociais relacionados ao mundo do trabalho, prezando, assim, para que as relações laborais se estabeleçam com respeito à dignidade do trabalhador. Para tanto, a instituição ministerial conta com alguns instrumentos de suma importância, que serão analisados a seguir. c) Modos de atuação do MPT Pode-se dizer que o MPT possui dois modos fundamentais de atuação: o modo investigativo e o modo promocional. O modo investigativo é o mais corriqueiro, se dando a partir de notícias de supostas irregularidades que estejam ocorrendo nas relações de trabalho, com interesse de ao menos um grupo de trabalhadores que possam estar tendo seus direitos violados. O modo promocional, porém, tem se mostrado cada vez mais presente, demonstrando ter grande impacto em determinadas questões. Para melhor compreender essa distinção, trataremos cada modo de atuação isoladamente. 1 In https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-decente/lang--pt/index.htm https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-decente/lang--pt/index.htm 8 c.1) Modo de atuação investigativo A atuação ordinária, corriqueira do MPT é investigar irregularidades no mundo do trabalho. Esta forma de ação tem início com o encaminhamento da informação, por qualquer pessoa ou instituição, de que tais problemas estejam acontecendo, alcançando um grupo, ainda que indeterminado, de trabalhadores – porque é o prejuízo coletivo que, em regra, determina a atuação do MPT, como já referido acima. Essa informação deve ser encaminhada prioritariamente pelo endereço da Procuradoria Regional do Trabalho correspondente (www.prtXX.mpt.mp.br)2. A partir de seu encaminhamento, é gerado um procedimento administrativo chamado “Notícia de Fato” (NF), que imediatamente recebe uma numeração e é encaminhado para distribuição a um dos Procuradores do Trabalho lotados naquela localidade e responsáveis por aquela questão. Quanto mais instruída com provas iniciais (relatos, fotos, documentos), maior a chance de êxito no trâmite inicial do procedimento. Uma vez instaurada a NF, há duas possibilidades: sua análise levar ao indeferimento da investigação (por já haver investigação em curso, por não ser hipótese de atuação do MPT, por não haver elementos mínimos para dar início ao procedimento, tais como autoria e materialidade do fato, entre outras razões) ou à instauração de um inquérito civil (IC) ou procedimento preparatório de inquérito civil (PP). Quando instaurado o IC ou PP, poderão ser praticadas diversas diligências pelo Procurador responsável pelo caso, a fim de chegar a uma conclusão a respeito do que fora reportado ao MPT. Nesse sentido, poderá o Procurador ouvir testemunhas, solicitar apoio de outros órgãos para realização de fiscalização, realizar inspeção in loco acompanhado de perícia, requisitar documentos, entre outros atos contidos em suas atribuições constitucionais. 2 Onde “XX” representa o número da PRT que atende seu Estado. Ao final do texto, após o glossário, há um anexo com a referência a todas as PRTs do Brasil, para melhor localização e eventual encaminhamento de notícias de fato. 9 Após promover a investigação, se a conclusão for pela ocorrência da irregularidade, há duas possibilidades de busca de solução para o problema: - propositura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC): forma de correção extrajudicial e administrativa, com o responsável pela irregularidade se comprometendo, mediante título executivo extrajudicial (que é o TAC), a não mais praticar tal ilegalidade. Está previsto na Lei 7.347/85; - propositura de Ação Civil Pública (ACP) na JT: quando a parte investigada não concorda com o TAC ofertado, ou quando o Procurador entende que a irregularidade é de tal gravidade que é necessário movimentar o Poder Judiciário para buscar comando judicial que a impeça de continuar com tais atos. Nesta forma de ação, o MPT depende que a JT reconheça como válidos os pedidos, e julgue procedente a ação proposta. Em ambas as formas de atuação, conforme a gravidade e abrangência da irregularidade praticada, pode o Procurador do Trabalho buscar o ressarcimento por eventual dano (moral ou material) que tenha sido causado, para ressarcir a sociedade pela lesão sofrida. Esse ressarcimento pode se dar pela reversão de valores ao Fundo de Amparo ao Trabalhador, ao Fundo de Direitos Difusos, ou a projetos específicos que, devidamente reconhecidos como válidos e apresentados por instituições idôneas, sirvam ao propósito de atender a sociedade em ações que lhe sejam válidas (tais como profissionalização de adolescentes em vulnerabilidade, fomento à aprendizagem profissional, ações de conscientização sobre a proteção à saúde do trabalhador, sobre a importância de se combater o preconceito nas relações de trabalho, entre outras). c.2) Modo de atuação promocional Além da atuação investigativa, que possui, como visto acima, importantes consequências de diferentes naturezas, há situações em que a investigação de uma irregularidade não permitirá solucionar adequadamente o problema. Por exemplo, a discriminação nas relações de trabalho muitas vezes será difícil de provar, embora saibamos que ela ocorre. Assim, além de investigar as notícias de prática discriminatória, é fundamental pensar em ações 10 estratégicas que permitam sensibilizar a sociedade para essa questão, conscientizando e abrindo canais de comunicação. Do mesmo modo, quando se fala em trabalho infantil, se está falando de problema que, para ser solucionado, precisa muito mais do que investigar eventuais notícias (que são em número muito inferior ao contingente de crianças e adolescentes em trabalho precoce no Brasil, infelizmente). É necessário definir ações estratégicas de articulação interinstitucional, promover seminários, fazer campanhas. Tudo isso é forma de atuação promocional ou proativa do MPT, e se fundamenta na necessidade de enfrentamento de determinadas questões de modo mais abrangente e coeso, não pulverizado. Nas atuações promocionais, os resultados não são medidos emnúmero de ações propostas ou TACs firmados, mas terão seus frutos sentidos ao longo do tempo. Em verdade, a associação destas duas formas de ação é que permitirá ao MPT alcançar o máximo de suas potencialidades como instituição voltada à proteção e dignidade nas relações de trabalho. Alguns interessantes exemplos relacionados ao trabalho infantil e promovidos por meio deste tipo de atuação são as campanhas de conscientização contra o trabalho infantil, como se observa nos seguintes 11 standarts: 12 13 O MPT tem feito, ao longo dos anos, diversas campanhas, inclusive com focos específicos para temas densos do trabalho infantil (trabalho infantil doméstico, exploração sexual comercial, entre outros). Um forte parceiro nesse trabalho é o Forum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), cujo site (www.fnpeti.org.br ) sugerimos seja consultado. Além de muito material sobre trabalho infantil, diversas campanhas estarão disponíveis. Tópico 2 – Trabalho Infantil Antes de iniciar este tópico, sugere-se seja visto o vídeo “Meia infância – o trabalho infantil no Brasil hoje”, feito pela organização “Escravo nem pensar!”, que traz importantes informações quanto a esta tão violenta prática. O vídeo está disponível neste link: https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo a) Conceito Antes de abordar o conceito de trabalho infantil, é importante destacar que a criança e o adolescente são sujeitos particularmente protegidos pela Constituição Federal, que dispõe, em seu artigo 227, ser “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” O teor do artigo acima destacado impõe a todos a responsabilidade pela proteção integral, absoluta e prioritária da infância e da adolescência. É nesse contexto que se enquadra a proibição contra o trabalho infantil, cuja contrapartida é justamente o direito de não trabalhar, que deve ser garantido a toda criança e adolescente no Brasil. http://www.fnpeti.org.br/ https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo 14 Para dar plena aplicabilidade a esse direito, é necessário compreender qual o conceito exato de trabalho infantil, deste trabalho que é proibido pela nossa legislação. Nesse contexto, ressalta-se que deve ser compreendido como trabalho infantil toda forma de atividade econômica e/ou de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remunerada ou não, exercida por crianças e adolescentes que estão abaixo da idade mínima para entrada no mercado de trabalho. Logo, pode-se concluir que não é necessário, para ser considerado trabalho infantil, que haja uma pessoa explorando a mão-de-obra da criança ou do adolescente. Mesmo trabalhos voltados à própria subsistência serão considerados como trabalho irregular, que deve ser combatido, devendo mobilizar, assim, a rede de proteção da infância. Esta definição se completa com a definição da idade mínima para o trabalho no artigo 7º, inciso XXXIII da Constituição Federal, que proíbe o trabalho antes dos 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Ainda, não é admitido o trabalho antes dos 18 anos para algumas atividades, tais como as perigosas, as insalubres e as noturnas. Além das definições constantes da Constituição Federal, o Brasil é signatário das Convenções nº 132 e 182 da OIT, que trazem regras importantes sobre o trabalho infantil. Uma dessas regras é a proibição do exercício, antes dos 18 anos, das chamadas piores formas de trabalho infantil, as quais foram reconhecidas pelo Estado brasileiro por meio do Decreto 6.481/2008, e inclui, entre outras, as seguintes atividades: - trabalho doméstico - trabalho rural, inclusive em agricultura familiar - exploração sexual comercial - tráfico de entorpecentes - catação de lixo - trabalho nas ruas 15 - construção civil Por fim, também estão proibidas para pessoas com menos de 18 anos as atividades que prejudiquem ou impeçam a frequência à escola, e as que prejudiquem a formação e o desenvolvimento físico, moral, psicológico ou intelectual da criança e do adolescente, nos termos do artigo 403, parágrafo único da CLT. As determinações legais vigentes demonstram que a proibição ao trabalho infantil está vinculada à proteção da garantia de desenvolvimento pleno da criança e do adolescente, buscando evitar, assim, sua exposição a riscos e danos que podem trazer (e trazem, de fato) prejuízos severos à sua integridade física e psicológica. Porém, embora os motivos para a proibição do trabalho infantil sejam diversos, ainda se observa uma forte tolerância a esta prática, em todos os segmentos da sociedade. Por esta razão, o próximo tópico se destina a analisar os chamados “mitos” do trabalho infantil, buscando apresentar as razões pelas quais nenhuma pessoa deve considerar admissível o trabalho fora das hipóteses previstas pela lei. b) Mitos e verdades do trabalho infantil Antes de dar início a este ponto, sugere-se seja visto o vídeo “Vida Maria”, quer permite uma abordagem inicial sobre os mitos e verdades presentes no trabalho infantil. Este vídeo encontra-se disponível no seguinte link: - https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 Como dito acima, o trabalho infantil é uma prática ainda muito tolerada pela sociedade, embora traga os mais diversos riscos e prejuízos para as crianças e adolescentes que são vítimas dessa exploração. Porém, é possível analisar cada um dos chamados “mitos” do trabalho infantil e demonstrar sua absoluta impropriedade, ou seja, a necessidade de que o mito seja derrubado para dar lugar à verdade. Os mitos serão separados por itens, e cada um será abordado em sua particularidade. https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 16 MITO Nº 1. “O trabalho da criança/adolescente ajuda na formação do caráter” – o caráter começa a ser formado na família e na escola, sendo certo que a criança aprende pelos exemplos e experiências que lhe são apresentados. O trabalho é um ambiente de tal modo complexo que é fundamental que, ao passar a frequentar esse espaço, a pessoa já tenha delineado o seu caráter, a sua personalidade, e a sua capacidade de discernir entre o certo e o errado. Caso estas características não estejam bem desenvolvidas, o ambiente laboral pode potencializar ainda mais dificuldades ou mesmo desvios de conduta, já que as relações aí estabelecidas, focadas na produtividade e no lucro, são muito mais complexas e menos comprometidas com a integridade do sujeito do que nos espaços familiares e educacionais. MITO Nº 2. “O trabalho da criança/adolescente ensina regras e disciplinas” – novamente, os espaços para ensinamento de limites, regras e disciplina são a família e a escola, e não o trabalho. No trabalho, são impostas regras a serem cumpridas, não havendo reflexão sobre as mesmas. E tais regras são impostas com base em critérios focados na produção, e não no desenvolvimento integral do sujeito. O foco na pessoa, na sua personalidade, ocorre no ambiente familiar, nos ambientes educacionais, e não no ambiente laboral. Neste, o foco é o trabalho, e não o trabalhador. Assim, mais uma vez, é necessário que o sujeito já esteja preparado para se deparar com esta complexa realidade, sob pena de haver deturpação de seus conceitos e valores, ou de não serem os mesmos apropriados, de fato, pela pessoa. MITO Nº 3. “O trabalho da criança/adolescente ajuda na manutenção da família” – infelizmente, muitas vezes é exatamente essa situação que leva a criança ou o adolescenteao trabalho precoce. Porém, a razão que explica o trabalho infantil (qual seja, a necessidade) não pode se transformar em algo que justifique ou autorize essa lesão profunda de direitos. Identificar o porquê do trabalho infantil deve servir como instrumento para melhor combate-lo, e não para aceita-lo como uma 17 realidade irrevogável, indiscutível, que não pode ser transformada. Em verdade, esta afirmação reconhece uma severa inversão de valores, pela qual a criança ou adolescente passam a ser responsáveis pelo provimento de sua família, enquanto é evidente que é a família quem deve prover as necessidades deste tão especial sujeito de direitos, ao lado do Estado, que precisa interceder nesta situação a fim de resolver a vulnerabilidade que oprime tantas famílias no Brasil. MITO Nº 4. “É melhor trabalhar do que ficar na rua” – essa afirmação possui algumas variantes, como “é melhor trabalhador do que ficar sem fazer nada”, “é melhor trabalhador do que usar drogas”, entre outras. Todas essas afirmações podem ser rebatidas com uma única: o que de fato é melhor para a criança e o adolescente, frente a qualquer possibilidade, é estar na escola! Qualquer outra alternativa apenas estará substituindo uma violação por outra. Todas as crianças e adolescentes devem ter seus direitos plenamente assegurados – diretos estes elencados na Carta Constitucional, e que foram acima destacados (ver primeiro parágrafo do item “a” deste tópico, acima). No momento em que admitimos que “é melhor trabalhar do que...”, estamos relativizando os direitos de algumas crianças e adolescentes, como se, para elas, os direitos não existissem ou não houvesse outra possibilidade. Isso não é admissível. Temos que colocar todas as crianças e adolescentes, sempre, em primeiro lugar. Assim, a única alternativa possível é a proteção, mediante inserção no ambiente escolar e comunitário que permita sua atenção integral, inclusive garantindo o direito constitucional de não trabalhar. MITO Nº 5. “A pessoa que trabalha se beneficia pela experiência profissional” – o trabalho infantil, em regra, ocorre a partir de experiências de trabalho informais (mesmo porque é bastante conhecida a proibição do trabalho infantil, o que faz com que ele ocorra de modo “escondido”, tentando ser “invisível”), precárias e bastante desqualificadas, especialmente por estarem vinculadas à necessidade acima abordada de 18 subsistência, muitas vezes. Assim, o trabalho infantil não traz verdadeira experiência profissional ou formação efetiva. O que traz, de fato, é a ocupação da criança e do adolescente em atividades precárias, para as quais ele (ou ela) não está preparado, gerando, assim, lesões físicas e psicológicas muito profundas. Para o adolescente, há uma possibilidade muito importante de experiência profissional, que é a aprendizagem (garantia de efetividade do direito à profissionalização, previsto no artigo 227 da Constituição Federal). Esta possibilidade é a única que pode ser destacada como de fato produtora de experiência qualificada – daí a necessidade de estímulo constante à aprendizagem profissional. MITO Nº 6. “É bom aprender a profissão dos pais” – novamente, é uma afirmação falaciosa, que remete a uma ideia que, geralmente, não é verdadeira. A primeira coisa que se pode indagar, para discutir esse mito, é: os pais possuem profissão? Ou a criança/adolescente está apenas aprendendo uma atividade? Geralmente, as crianças e os adolescentes que trabalham o fazem por necessidade, e não por vontade ou opção das famílias. E geralmente, nessas famílias, os próprios pais não possuem uma profissão específica, definida. Possuem, em verdade, uma atividade que desempenham, por vezes perigosa ou mesmo insalubre. Assim, na maioria das vezes, a criança e o adolescente não estarão, de fato, aprendendo uma profissão, mas sim repetindo atos (geralmente mecânicos) para auxiliar na atividade dos pais. Ainda que os pais tenham uma profissão específica, e mesmo que desejem que seus filhos aprendam essa profissão para dar continuidade à atividade da família (essa é uma realidade encontrada, por exemplo, na agricultura familiar, onde o trabalho infantil, embora proibido até os 18 anos, é muito frequente), não se pode esquecer que o exercício precoce de tais atividades pode levar a danos muito sérios à saúde da criança e do adolescente, e mesmo à sua morte. Assim, é necessário providenciar o aprendizado do ofício nos espaços apropriados para tanto – escola, 19 centros comunitários, aprendizagem profissional. O ambiente de trabalho não é apropriado para este fim, e deve ser evitado, a fim de garantir a integridade física e psicológica da criança e do adolescente. MITO Nº 7. “Criança tem que ter atividade” – a afirmação, em si, não é falsa. Sem dúvida é importante à criança e ao adolescente o exercício das mais diversas atividades para que possam desenvolver toda a sua potencialidade. Porém, tais atividades devem ser de caráter formativo, educacional ou recreativo, adequadas à sua idade e formação, sendo imprescindível que se garanta o espaço da brincadeira e do descanso – aspectos sem os quais o sofrimento infantil se apresenta como inegável, com danos que se estendem até a vida adulta. Assim, pode-se concluir que é fundamental apresentar à criança e ao adolescente os mais diversos tipos de atividades; a atividade laboral, porém, deve ser evitada, tanto pelos males que pode provocar, como pelo fato de que tira o espaço e o tempo necessário para que as crianças possam praticar as atividades que efetivamente colaboram para o seu pleno desenvolvimento. MITO Nº 8. “Trabalho não faz mal a ninguém, eu trabalhei e não morri” – essa afirmação, infelizmente, é muito frequente. Pessoas que passaram por situações de trabalho precoce, muitas vezes, não reconhecem em si os danos que os estudos e estatísticas remontam, e que temos aqui destacado – muitas vezes pela própria dificuldade de se reconhecerem como vítimas de uma violação de direitos. Porém, também infelizmente essa assertiva traduz uma impressão inverídica de que o trabalho precoce não traz malefícios. Claro que não podemos ter a pretensão de avaliar, para cada indivíduo, o impacto da experiência vivenciada, e que faz com que tais afirmações sejam trazidas a público. Porém, sem dúvida, é imprescindível que se trabalhe para reduzir, até a erradicação, o número de pessoas que são submetidas a práticas que lhe retiram direitos, que lhe retiram oportunidades, que lhe violam a infância e a vida. Afinal, inúmeras crianças e adolescentes que trabalharam precocemente não só sofreram danos como perderam a própria vida nesta experiência, sendo 20 necessário que todos nós sejamos suas vozes, que foram tão precocemente caladas. Assim, para cada pessoa que, pela razão que for, justifique o trabalho infantil por sua própria experiência pessoal, lembremos daquelas crianças e adolescentes que, no exercício do trabalho precoce que a elas era proibido, tiveram a vida ceifada. Só esse argumento deve ser suficiente para derrubarmos este mito ainda tão profundamente enraizado em nossa cultura. MITO Nº 9. “Se a criança estudar, pode trabalhar” – está demonstrado por dados estatísticos, e por qualquer análise empírica, que o trabalho prejudica o rendimento escolar, posto que retira da criança e do adolescente o tempo que deveria ser destinado ao estudo, às atividades extraclasse e mesmo ao descanso, que também é fundamental para a boa assimilação do conteúdo. Além disso, é irrefutável que, para além de prejudicar o rendimento escolar, o trabalho é uma das principais causas da evasão escolar. Por fim, é certo que, ainda que a criança permaneça na escola, não estará em condições de igualdade com seus colegas que não trabalham, o que também prejudica sua autoestima e seu sentimento depertencimento ao grupo, podendo trazer ainda maiores danos psicológicos. Como se observa pelos argumentos acima, nada permite admitir esses mitos como verdades, devendo a rede de proteção – e toda a sociedade – se posicionar de modo frontalmente contrário ao trabalho infantil, como garantia de proteção integral à criança e ao adolescente. Para encerrar este item, lembrando o vídeo sugerido no começo deste item (Vida Maria), há uma reflexão que não pode deixar de ser feita: o trabalho infantil é uma das principais causas da perpetuação do ciclo de miséria, não colaborando, portanto, para a emancipação das famílias e das pessoas quanto à vulnerabilidade a que estão expostas, mas sim fazendo com que essa vulnerabilidade se perpetue entre as gerações. Desse modo, combater o trabalho infantil é também combater a miséria, e buscar uma sociedade mais equilibrada entre todos que a compõem. 21 c) Prejuízos advindos do trabalho infantil Como já dito várias vezes ao longo deste texto, se não observarmos a proibição imposta para o exercício de trabalho por crianças e adolescentes, estaremos admitindo sua submissão a riscos e prejuízos de diversas naturezas. É importante lembrar, nesse contexto, que o ambiente de trabalho, qualquer que seja, é repleto de riscos mesmo para a pessoa adulta, quanto mais para a criança e para o adolescente, que se encontram em processo de desenvolvimento. Não apenas o corpo da criança e do adolescente não estão preparados para os riscos laborais (sua coluna, sua pele, sua visão, apenas para exemplificar, são muito diferentes se comparados com um adulto, o que os torna muito mais propensos a lesões e acidentes), mas também sua mente não está pronta para o enfrentamento que o trabalho impõe, não havendo maturidade suficiente para resistir às agruras do trabalho, e enfrentar sem danos as frustrações daí decorrentes. Ainda, não é demais lembrar que, geralmente, as situações de trabalho infantil ocorrem sem nenhum tipo de preparo ou treinamento, o que potencializa ainda mais os riscos já existentes. Para que possamos ter uma melhor compreensão dos riscos a que estamos nos referindo, vamos dividir em 3 grandes grupos os prejuízos possíveis (e prováveis) para as crianças e os adolescentes expostos ao trabalho precoce: - Prejuízos físicos: entre outros, é certo que as crianças e adolescentes em situação de trabalho precoce tem maiores chances de sofrerem acidentes, inclusive propensos a mutilações e morte; ainda, estão mais propensos a dores e lesões musculares, deformações ósseas, problemas no crescimento, entre outros, com maior chance de desenvolvimento de doenças decorrentes do trabalho (LER/DORT); também com frequência apresentam precocemente problemas decorrentes da fadiga (tais como dores de cabeça, coluna, insônia...); 22 - Prejuízos psicológicos: este tipo de prejuízo gira em torno do profundo sofrimento que é sentido pela criança que não está sendo protegida como deveria. Este sofrimento é acompanhado, geralmente, do sentimento de abandono, da percepção da indiferença para consigo, levando à baixa auto-estima, perda de referência de identificação, sujeição a abuso moral e sexual, desenvolvimento de transtornos de ansiedade, entre outros graves problemas de ordem psicológica; - Prejuízos sociais: dentre outros que podem ser lembrados, sem dúvida o trabalho infantil provoca atraso e evasão escolar, trazendo, com isso, futura inserção desqualificada no mercado de trabalho. Ainda, o tempo roubado pelo trabalho torna mais difícil e rara a vivência das experiências da infância (brincar, estudar, fazer esportes, desenvolver habilidades culturais...), resultando, com muita frequência, em marginalização, dificuldade de superação de barreiras sociais, e ocasionando, como já referido acima, a perpetuação do ciclo da pobreza/miséria que já assola, muito provavelmente, aquele núcleo familiar. Após todas as explicações feitas, pensamos ser importante trazer algumas das fontes que demonstram o acerto do que temos dito. Vejam, assim, algumas notícias que exemplificam esses prejuízos, e algumas matérias que apoiam o quanto destacado até aqui: https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang-- pt/index.htm https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho- infantil/consequencias/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12- motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/ http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfan til/impactos-e-consequencias/ https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--pt/index.htm https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/lang--pt/index.htm https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/consequencias/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/consequencias/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12-motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/colunas/12-motivos-para-ser-contra-o-trabalho-infantil/ http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/ http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/ 23 https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/tra balho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/ https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7- criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescen te-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos- acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/ http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias /noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/mate rias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/ http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfan til/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/ https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar- influencia-o-trabalho-infanti/ https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil- gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053 Sugere-se a leitura dos textos acima para complementar os aspectos já destacados no texto. Com as considerações tecidas até o momento, encerra-se a primeira parte da capacitação, voltada à identificação do problema. Tendo verificado o quão prejudicial o trabalho infantil é para a criança e o adolescente que dele são vítimas, pode-se, agora, na intenção de buscar incessantemente a erradicação desta profunda violação de direitos, conhecer os meios que o MPT tem apresentado para que o trabalho infantil seja combatido, em especial com a https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/trabalho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/ https://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2012/12/26/trabalho-precoce-compromete-a-saude-e-a-vida-de-criancas-e-adolescentes/ https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7-criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais https://www.destakjornal.com.br/brasil/detalhe/por-dia-7-criancas-sofrem-lesoes-por-acidente-de-trabalho-no-pais https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescente-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html https://www.acusticafm.com.br/noticias/24064/adolescente-morre-em-acidente-de-trabalho-em-dom-feliciano.html https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos-acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/ https://diviweb.com.br/adolescente-morre-apos-acidente-de-trabalho-no-municipio-de-araujos/ http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ http://www.protecaoeventos.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?pagina=9&id=JajiA5yJ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/ https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/grave-relacao-entre-trabalho-infantil-e-evasao-escolar/http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/ http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/noticia/trabalho-infantil-e-desinteresse-levam-a-evasao-escolar/ https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar-influencia-o-trabalho-infanti/ https://www.op9.com.br/al/noticias/evasao-escolar-influencia-o-trabalho-infanti/ https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil-gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053 https://oglobo.globo.com/economia/trabalho-infantil-gera-circulo-da-pobreza-diz-unicef-23787053 24 ajuda, fundamental, dos educadores. Assim, o próximo módulo será voltado ao conhecimento do Projeto Estratégico Resgate a Infância, e em particular seu método de trabalho com a rede de educação, o MPT na Escola. MÓDULO II Tópico 1 – Medidas de combate ao trabalho infantil. Projeto estratégico Resgate a Infância Como referido no Módulo I, Tópico 1, O MPT tem, no combate ao trabalho infantil, uma de suas metas prioritárias, o que se alia ao compromisso assumido pelo Estado Brasileiro na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU, no sentido de erradicar o trabalho infantil do território nacional até o ano de 20253. Para o enfrentamento deste importante problema de modo articulado, foi criada a COORDINFÂNCIA, coordenadoria estratégica voltada à promoção, supervisão e coordenação de ações contra as variadas formas de 3 A Agenda 2030, conforme seus idealizadores, é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. Ela pode ser consultada no seguinte endereço: www.agenda2030.org.br 25 exploração do trabalho de crianças e adolescentes, dando tratamento uniforme e coordenado ao referido tema no âmbito do parquet trabalhista. Embora desde 2000 a COORDINFÂNCIA esteja atuando fortemente na busca da erradicação do trabalho infantil, é no ano de 2016, após experiências prévias que permitiram analisar as melhores ações para efetividade da atuação institucional, que nasce o Projeto Estratégico institucional que efetivamente coloca em prática estas ações articuladas e integradas: o Projeto “Resgate a Infância”. Por essa iniciativa, são escolhidos municípios com alto índice de trabalho infantil para implantação, in loco, dos três eixos de atuação ministerial: profissionalização, educação e políticas públicas. Pretendem, assim, responder às seguintes perguntas: qual a alternativa que pode ser apresentada para as pessoas encontradas em situação de trabalho infantil, ou para aquelas que podem ser vítimas dessa ilegalidade? Ainda, como sensibilizar a sociedade para os profundos danos que o trabalho infantil provoca à criança e ao adolescente que são, desta prática, vítimas? Ao tempo em que busca a resposta a tais perguntas, o Resgate a Infância se apresenta como medida fundamental para a maior proteção da infância, já que o trabalho infantil, como demonstrado também no Módulo 1, se encontra na base de várias outras violações dos direitos da criança e do adolescente. Realizar o Resgate a Infância é implementar e efetivar o princípio da proteção integral, absoluta e prioritária da infância, garantido no artigo 227 da Constituição Federal. Sugere-se, para o conhecimento preliminar do projeto em análise, seja assistido o vídeo promocional do Projeto: https://www.youtube.com/watch?v=xYKCzm26Tkg a) Eixo Políticas Públicas O Eixo Políticas Públicas visa dar resposta à primeira pergunta acima colocada (qual a alternativa que pode ser apresentada para as pessoas https://www.youtube.com/watch?v=xYKCzm26Tkg 26 encontradas em situação de trabalho infantil, ou para aquelas que podem ser vítimas dessa irregularidade?). Essa pergunta tem duas respostas, e sem dúvida a primeira é: providenciar o desenvolvimento de políticas públicas que intensifiquem a presença da criança na escola ou em locais de desenvolvimento protegido de suas potencialidades, dando, assim, efetividade à proteção integral que lhe é devida. A segunda resposta, necessária também para efetivação do direito à profissionalização garantido no artigo 227, será tratada no item seguinte, que aborda a aprendizagem profissional. Para atingir seu objetivo, o eixo em análise busca articular a rede de proteção municipal, o sistema de justiça e as autoridades em torno do problema do trabalho infantil, de modo a haver uma melhor identificação dos casos presentes na realidade local, bem como o devido enfrentamento do problema conforme as particularidades a serem levadas em conta. Trata-se de ação de suma relevância, sendo nítido que, após a passagem do MPT pelo município, a articulação local da rede de proteção da infância tende a se fortalecer, especialmente no combate ao trabalho infantil – mesmo porque, se isso não ocorrer espontaneamente, poderão ser adotadas as medidas cabíveis para sanar os problemas encontrados, desde a apresentação de termo de ajuste de conduta até a propositura de ação civil pública com este viés. Assim, o conceito fundamental para aplicação do eixo Políticas Públicas é: rede de proteção. Afinal, quem a compõe? Para responder essa pergunta, deve-se fazer uso da Resolução nº 113/2006 do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que define quem compõem o Sistema de Garantia de Direitos SGD - (que será reconhecido, no município, pela rede de proteção). Segundo esta Resolução, compõem o SGD as seguintes instituições: - Poder Judiciário - Ministério Público - Defensorias públicas 27 - Advocacia Geral da União e Procuradorias Gerais dos Estados - Polícias - Ministérios do Trabalho, Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, da Educação e da Saúde - Organização Internacional do Trabalho - Foruns Nacional e Estaduais/Municipais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil - Conselho Nacional e Estaduais/Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conselhos Tutelares - Demais entidades e ouvidorias de defesa de direitos humanos, incumbidas de prestar proteção jurídico-social Como se observa, é muito extenso o SGD, em razão da garantia de proteção integral, absoluta e prioritária à infância. Em suma, é possível concluir que há uma responsabilidade compartilhada entre todas as instituições do Estado e da sociedade civil em acolher e proteger as crianças e os adolescentes de toda e qualquer violação a seus direitos – entre as quais se inclui, sem sombra de dúvida, o trabalho infantil. Nos municípios, o SGD também estará presente, pela representação local de cada uma destas instituições. Claro que haverá variações conforme a composição das instituições nos locais específicos, sendo certo que há diversas instituições que não se encontram em todos os municípios brasileiros. Porém, do SGD se extrai a rede de proteção à infância que, esta sim, está sempre presente nos municípios, e representa o SGD com a finalidade de proteção integral, absoluta e prioritária das crianças e dos adolescentes. Para um breve esclarecimento, seguem algumas considerações e informações sobre cada um dos órgãos de proteção: 28 • PODER JUDICIÁRIO: instituição estatal com poder decisório, onde são apresentadas demandas para correções de irregularidades, reparação de lesões, e outras em que haja litígio, ou seja, discussão de direitos. Tem atuado, também,na discussão e promoção de questões relativas a direitos humanos, dentre as quais, a proteção da criança e do adolescente. QUEM SÃO: Varas da Infância e da Juventude, Varas Criminais especializadas, Tribunais do Júri, Comissões Judiciais de Adoção, Tribunais de Justiça, Corregedoria, Justiça do Trabalho (www.trtXXX.jus.br); • MINISTÉRIO PÚBLICO: instituição responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos direitos sociais e individuais indisponíveis, tendo forte atuação na área da criança e do adolescente. Se divide em: - Ministério Público Estadual (por estado da Federação) - promotorias de Justiça - Ministério Público da União – este, por sua vez, se subdivide em: • Ministério Público Federal • Ministério Público Militar • Ministério Público do Distrito Federal e Territórios • Ministério Público do Trabalho – foco específico no combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente (www.prtXXX.mpt.mp.br ); • DEFENSORIA PÚBLICA (União e Estados) – serviço de assessoramento jurídico e assistência jurídica, judicial e extrajudicial, gratuita (www.defensoria.XXX.gov.br e www.dpu.gov.br ); • ADVOCACIA DA UNIÃO – representação da União na esfera judicial e extrajudicial, bem como assessoramento e consultoria ao poder executivo (www.agu.gov.br ); http://www.trt4.jus.br/ http://www.defensoria.xxx.gov.br/ http://www.dpu.gov.br/ http://www.agu.gov.br/ 29 • PROCURADORIAS DOS ESTADOS – representação judicial e consultoria jurídica dos Estados, visando a salvaguarda dos interesses da administração pública e do cidadão (www.pge.XXX.gov.br ); • POLÍCIAS – especialmente as delegacias especializadas na defesa das crianças e adolescentes – DECA ou similar (www.deca.pc.XXX.gov.br ); • MINISTÉRIOS (e Secretarias) – órgãos do Poder Executivo responsáveis pelas pastas consideradas relevantes. No âmbito da infância, devem ser considerados, pelo menos, as pastas da assistência social, saúde, educação, direitos humanos e trabalho. Os Ministérios estarão no âmbito federal, e as secretarias no âmbito estadual e municipal. Cada um possui seu site, que é acessível pesquisando pelo google.com pelo nome do ministério ou secretaria e local; • OIT – agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade (www.oit.org.br ); • FNPETI, FEPETI e fóruns ou comitês regionais ou municipais: estratégias de articulação e aglutinação de atores sociais institucionais envolvidos com políticas e programas de prevenção e erradicação do trabalho infantilVer vídeo “adultos brincam”, do CD (produzido pelo FNPETI): adultos brincam. Site: www.fnepeti.org.br ; • CONANDA – órgão colegiado de caráter deliberativo e composição paritária. Origem: art. 88 ECA (www.sdh.gov.br ); • CEDICA e CMCDAs: oriundos do ECA. Conselhos que visam normatizar, deliberar e controlar as políticas públicas voltadas à infância e juventude, em âmbito estadual e municipal (www.cedica.rs.gov.br ); http://www.pge.xxx.gov.br/ http://www.deca.pc.rs.gov.br/ http://www.oit.org.br/ https://www.youtube.com/watch?v=nWzREo4xjqw https://www.youtube.com/watch?v=nWzREo4xjqw http://www.fnepeti.org.br/ http://www.sdh.gov.br/ http://www.cedica.rs.gov.br/ 30 • CONSELHOS TUTELARES: equipes voltadas ao enfrentamento de questões relativas à infância e juventude. Previsto no art. 131 do ECA. Função: encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. É permanente, autônomo e não jurisdicional; • SOCIEDADE: família e escola! De posse desse conhecimento, é possível fazer um exercício de identificação da rede de proteção em cada município – vamos começar pelo seu, respondendo: quem está presente no território municipal? ◼ Conselho Tutelar ? ◼ CRAS ? ◼ CREAS ? ◼ COMDICA ? ◼ Secretaria de Assistência Social ? Secretaria de Saúde ? Secretaria de Educação ? Secretaria de Agricultura ? Outra importante (conforme a economia do município)? ◼ Ministério Público Estadual, do Trabalho, Federal? ◼ Justiça Estadual? do Trabalho? Federal? Tendo identificado os órgãos presentes em seu município, é muito importante conhecer os dados de contato dessas instituições (e-mail, telefone, endereço) para que, tendo conhecimento de alguma violação, possa ser procurado o órgão correspondente (ou, por vezes, o órgão que poderá fazer o devido encaminhamento da denúncia). Ainda, é fundamental compreender o fluxo de informações adotado, para que seja dado o melhor tratamento para a notícia de que alguma criança ou adolescente está em situação de trabalho. Esse fluxo, porém, não é fixo, dadas as particularidades de cada local. Porém, é possível uma proposta geral, que envolva todos os órgãos da rede de proteção local, a ser adaptada conforme a situação, nos seguintes termos: 31 No Eixo Políticas Públicas, o papel do MPT é provocar a rede de proteção, verificar sua capacidade de articulação, observar se há fluxo de informações, coletar os dados sobre eventuais carências ou problemas que a rede de proteção esteja enfrentando, enfim, analisar de modo conjuntural e sistêmico como está a proteção da criança e do adolescente, no município, contra o trabalho infantil. Uma vez feito esse diagnóstico, o Procurador responsável poderá adotar as medidas que forem consideradas cabíveis para adequar a situação, seja com propositura de TAC ou mesmo com a eventual propositura de ACP. Em suma, é assim que se desenha o eixo Políticas Públicas do Projeto Resgate a Infância. 32 b) Eixo Profissionalização Pelo Eixo Profissionalização, o projeto também busca dar resposta à primeira pergunta relacionada no início deste tópico (qual a alternativa que pode ser apresentada para as pessoas encontradas em situação de trabalho infantil, ou para aquelas que podem ser vítimas dessa irregularidade?). É a segunda parte de uma resposta composta, como se observou no início do item anterior: para os adolescentes a partir dos 14 anos que se encontram em situação de trabalho infantil, ou para aqueles que estão sob o risco de serem postos neste tipo de exploração, a resposta mais eficiente e imediata é a aprendizagem profissional. Assim, pelo Eixo Profissionalização, se busca a conscientização e sensibilização das empresas para a importância do cumprimento das cotas de aprendizagem profissional determinadas por lei, com prioridade dos adolescentes em maior vulnerabilidade social, por meio de audiência pública ou coletiva que envolva as empresas locais, o Sistema S, entidades formadoras e rede de proteção da infância. Antes de demonstrar como funciona este eixo, é importante saber que a aprendizagem profissional é uma política de qualificação profissional inscrita nos artigos 428 e 429 da CLT, nos seguintes termos: Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços 33 Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional. Como se observa nos artigos acima, o contrato de aprendizagem é um contrato especial de trabalho ajustado por escrito, com prazo determinado, voltado àspessoas com mais de 14 anos e menos de 24 (ressalvada a pessoa com deficiência, que não tem limite de idade), com obrigatória inscrição em programa de aprendizagem (que pode ser do Sistema S ou de entidades formadoras diversas, como CIEE e Fundação Projeto Pescar, por exemplo), no qual deve ser possibilitada formação técnico-profissional metódica, compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico do aprendiz, que deve, por sua vez, executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a esta formação. Sua atual regulamentação está no Decreto 9579/2018. As experiências já realizadas demonstram que, a partir da ação do MPT, as cotas em aberto no município tendem a diminuir, fazendo, assim, com que a aprendizagem profissional se torne mais efetiva. Ainda, é possível também concluir que, quanto mais se estimula o cumprimento da cota de aprendizagem com foco nos adolescentes mais vulneráveis, melhor é o resultado local, pois, para além da resolução do problema do adolescente em si, que necessita da profissionalização para futuro ingresso no mundo do trabalho, outros problemas locais tendem a ser solucionados – com destaque para o problema da violência e da ociosidade da juventude. Para aprofundar o conhecimento sobre a aprendizagem profissional, sugere-se sejam vistos o documentário Caminhos da Aprendizagem, e o vídeo que apresenta o programa de aprendizagem do CIEE em parceria com o Estado do Rio Grande do Sul pela Fundação de 34 Atendimento Socioeducativo do Estado (FASE), constante do material de apoio deste curso. c) Eixo Educação – MPT na Escola Por fim, chega-se à análise do terceiro eixo do projeto, que visa responder àquela segunda questão posta no início deste item: como sensibilizar a sociedade para os profundos danos que o trabalho infantil provoca à criança e ao adolescente que são, desta prática, vítimas? Esta pergunta é fundamental para que a luta contra o trabalho infantil possa ter melhores resultados, e cada vez mais pessoas e instituições possam se agregar neste processo, com especial destaque para os profissionais da educação. Assim, o Eixo Educação, também conhecido como MPT na Escola, é o espaço de diálogo do MPT com a sociedade civil, por meio dos educadores, que funcionam como os principais atores deste momento. Pelo Eixo Educação, é levada às escolas (prioritariamente as municipais) a reflexão aprofundada sobre o trabalho infantil, seu conceito, mitos e prejuízos, por meio da capacitação dos educadores, a fim de que enfrentem estas questões com seus alunos, bem como consigam identificar eventuais situações que estejam presentes em sala de aula. Este eixo culmina com o Prêmio MPT na Escola, pelo qual os trabalhos realizados pelos alunos a partir das discussões feitas em aula poderão ser premiados em nível municipal, estadual e nacional. Tendo em vista a importância do MPT na Escola como medida de sensibilização social, e considerando que é o foco efetivo deste estudo aprofundado, trataremos especificamente deste tema no tópico seguinte. Tópico 2 – O MPT na Escola O MPT na Escola nasceu no ano de 2008, como Projeto Peteca – Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente, no estado do Ceará, por iniciativa do Procurador do Trabalho Antonio de Oliveira Lima – reconhecido em 2018 pelo Prêmio CNMP como 35 melhor prática na categoria “Indução de Políticas Públicas”. Desde o ano de seu nascimento, este eixo tem se estendido cada vez a um número maior de municípios brasileiros, capacitando um número muito expressivo de educadores e atendendo, assim, crianças e adolescentes em todo o país. Inicialmente, para compreender porque o MPT na Escola surgiu e se estabeleceu, é necessário destacar que não é difícil concluir que os educadores são os profissionais que possuem as melhores condições de identificar os casos de trabalho infantil, pois na maioria das vezes, o trabalho precoce é a principal causa do baixo rendimento ou do abandono escolar. Ainda, é o professor quem detém um canal diário de comunicação com o aluno e, por intermédio deste, com sua família e comunidade. Assim, o professor é um ator fundamental no processo de conscientização social e de rompimento de barreiras culturais que provocam a aceitação do trabalho precoce, problema que atinge, prioritariamente, as famílias com maior vulnerabilidade. A PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios registra que o trabalho infantil está associado a índices menores de escolarização, bem como a baixo rendimento econômico familiar. Mesmo as crianças matriculadas na escola, quando trabalham, tem reduzido seu rendimento, e aumentados o absenteísmo e a evasão.4 Assim, tendo em conta estes importantes aspectos levantados – o professor como ator fundamental no processo de aproximação com a sociedade, e o fato incontestável, demonstrado estatisticamente, que o trabalho infantil é uma das causas do baixo rendimento e da evasão escolar – estava mais do que justificada a iniciativa de atuar com as escolas como parceiras no combate ao trabalho infantil. E é essa a ação que será melhor explanada de agora em diante. 4 A PNAD pode ser consultada no seguinte link: https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40 https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40 36 a) Como funciona O MPT na Escola funciona a partir de um roteiro que permite sua melhor realização. As etapas, em síntese e com breve explanação de cada uma, são as seguintes: ◼ 1ª ETAPA: Reunião com Secretários municipais ou prefeitos, para adesão ao prêmio (etapa inicial, necessária para que o projeto possa acontecer no município). Esta reunião deve ser chamada pelo MPT no local, que será responsável por administrar o projeto; ◼ 2ª ETAPA: Capacitação, ministrada pelo MPT, dos coordenadores nos municípios e/ou escolas, e definição do universo a ser atendido em cada município. Há, geralmente, o preenchimento de uma ficha de inscrição com as escolas e o nº de turmas; ◼ 3ª ETAPA: Aplicação do diagnóstico de trabalho infantil (formulário no material de apoio), do seguinte modo: • Coordenador do projeto na escola: - Aplicar, no território da escola, o formulário do diagnóstico de trabalho infantil; - Totalizar os dados, utilizando-se o formulário de dados do diagnóstico; - Encaminhar ao coordenador do projeto no município, para totalização dos dados municipais; • Coordenador do projeto no município: - Totalizar os dados municipais, utilizando o formulário próprio; - Encaminhar os dados ao MPT pelos e-mails a serem informados pela Coordenação Regional da COORDINFÂNCIA ; A partir do diagnóstico, a rede de proteção/SGD deverá ser mobilizada, pela Secretaria de Educação, para tratar das situações de trabalho infantil encontradas 37 ◼ 4ª ETAPA: Atividades de reflexão em sala de aula pelos professores capacitados pelos coordenadores, por sua vez capacitados pelo MPT sobre o tema “trabalho infantil”, conforme propostas contidas no material fornecido pelo MPT, e também de acordo com a criatividade de cada professor; ◼ 5ª ETAPA: A partir das discussões e reflexões feitas em sala de aula, realização de trabalhos artísticos (categorias conto, desenho, poesia, curta-metragem/esquete teatral, música) pelos alunos; ◼ 6ª ETAPA: Realização da etapa municipal do Prêmio MPT na Escola. Os trabalhos vencedores nesta etapa podem se inscrever na etapa estadual; ◼ 7ª ETAPA: Realização da etapa estadual do Prêmio MPT na Escola, conforme edital divulgado oportunamente. Os trabalhos vencedores nesta etapa serão inscritos na etapa nacional; ◼ 8ª ETAPA: Realização da etapa nacional do Prêmio MPT na Escola, conforme edital divulgado oportunamente;◼ 9ª ETAPA: Reunião de avaliação em âmbito municipal ou estadual, com MPT, para continuidade para o próximo ano. Com a realização das etapas acima, tem-se o pleno desenvolvimento do projeto. Para os educadores, a capacitação permitirá trabalharem com cada turma nova de alunos o mesmo tema, o que evidencia o caráter permanente e continuado desta importante ação. Não à toa, o MPT na Escola tem se aprimorado e estendido a cada ano que passa, sendo que no ano passado atingiu quase 500 municípios brasileiros, beneficiando pelo menos 873.189 (oitocentos e setenta e três mil, cento e oitenta e nove) alunos. A seguir, serão apresentadas algumas propostas de atividades a serem realizadas em sala de aula b) Atividades a serem propostas em sala de aula 38 O principal ingrediente para as atividades a serem propostas em sala de aula é, sem dúvida, a criatividade e imaginação do educador. Porém, é possível relacionar algumas que já foram aplicadas e que tem alcançado bom resultado. Também, há alguns materiais que auxiliam na compreensão do tema e na forma de abordagem a ser adotada. A seguir, referimos tanto o material como as atividades possíveis: Material: ◼ Cartilhas – material elaborado pelo MPT e disponibilizados às escolas por meio digital ou físico (se houver esta possibilidade). Esse material está anexado ao texto como apoio a este curso. ◼ Vídeos: Há uma série de vídeos que tratam do tema e que, ao mesmo tempo em que auxiliam na capacitação do professor, podem ser utilizados para trabalhar o tema com os alunos. Alguns destaques: “Vida Maria”, “Quem viu a rosinha?”, “Posso falar?”, “Meia infância”. Os seguintes links do youtube dão acesso a estes vídeos: MEIA INFÂNCIA - https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo POSSO FALAR - https://www.youtube.com/watch?v=n9T6uH-Sri0 VIDA MARIA - https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 VOCÊ VIU A ROSINHA? - https://www.youtube.com/watch?v=i5DLLzwV-ao ◼ Cartilha Ecoar – OIT: cartilha que aborda o tema sob a ótica da OIT. Disponível no seguinte site: https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_233632/lang--pt/index.htm ◼ Gibis MPT em Quadrinhos: o MPT possui uma coleção de revistinhas em quadrinhos que abordam diversos temas relacionados com o mundo do trabalho, havendo vários números que abordam o trabalho infantil em https://www.youtube.com/watch?v=_oeYCEYpaRo https://www.youtube.com/watch?v=n9T6uH-Sri0 https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4 https://www.youtube.com/watch?v=i5DLLzwV-ao https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_233632/lang--pt/index.htm 39 diferentes aspectos. Todos os gibis podem ser consultados no seguinte site: www.mptemquadrinhos.com.br ◼ MPT Games: a PRT13 (Paraíba) realizou, em parceria com a o Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA) de Campina Grande, alguns games eletrônicos, que podem auxiliar na discussão dos temas de trabalho infantil e trabalho escravo. Estes games são encontrados no seguinte site: www.mptgames.com.br Atividades possíveis, a partir do material acima relacionado: contação de histórias, teatro, teatro de fantoches, colagem, desenhos, júri simulado, mapa do trabalho infantil, árvore do trabalho infantil, criação de anúncio publicitário, entre outras. Tanto as cartilhas do MPT como a Ecoar trazem essas propostas de ações e modo de sua realização. Há, também, muitas datas que podem ser utilizadas como parâmetro para levar as discussões sobre trabalho infantil, ou mesmo sobre o mundo do trabalho, para a sala de aula. Aqui, seguem algumas sugestões: - 08.03 – Dia Internacional da Mulher - 24.04 – Dia do Aprendiz - 28.04 – Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho - 01.05 – Dia Internacional do trabalho - 13.05 – Abolição da escravatura - 17.05 – Dia Internacional da Diversidade Sexual - 18.05 – Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças - 05.06 – Dia Mundial do Meio Ambiente - 12.06 - Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (este ano também marca a Semana Nacional da Aprendizagem) http://www.mptemquadrinhos.com.br/ http://www.mptgames.com.br/ 40 - 27.07 – Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho - 12.10 – Dia da Criança - 20.11 – Dia Nacional da Consciência Negra - 03.12 – Dia Internacional da Pessoa com Deficiência Ainda, podemos fazer uso de instrumentos presentes nas produções culturais para obter ainda maiores subsídios para desenvolver o conhecimento a respeito do tema. Alguns filmes, por exemplo, podem ser vistos com esta finalidade (especialmente pelos professores, que depois poderão avaliar a pertinência de trabalharem os mesmos com os alunos): - Pixote – a lei do mais fraco (diretor: Hector Babenco) - Cidade de Deus (diretor: Fernando Meirelles) - Ausência (Diretor: Chico Teixeira) - 10 centavos (curta-metragem – disponível em portacurtas.org.br) - Carreto (curta-metragem – disponível em portacurtas.org.br) - Crianças invisíveis (vários diretores) - Daens – um grito de justiça (Diretor: Stjin Coninx) - Extra! Extra (Diretor: Kenny Ortega) - Infâncias roubadas (Diretores: Len Morris e Robin Romano) - Nascidos nos Bordéis (Diretores: Zana Briski e Ross Kauffman) - Tartarugas podem voar (Diretor: Bahman Ghobadi) - O começo da vida (documentário produzido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Disponível na web) - Cafarnaum (Diretor: Nadine Labaki) 41 Também há músicas que abordam a questão, como os seguintes exemplos: - “O menino da porteira”, Inezita Barroso - “Filho de carpinteiro”, Tonico e Tinoco - “Garoto do amendoim”, Ary Lobo - “Menino das laranjas”, Elis Regina - “Morro Velho”, Milton Nascimento - “Pivete”, Chico Buarque - “Relampiano”, Lenine - “Sou boy”, Magazine - “Criança não trabalha”, Arnaldo Antunes com Palavra Cantada - “Problema Social”, Seu Jorge Por fim, na poesia também há textos a serem trabalhados, do qual é exemplo o poema Menino São Jorge, de Elisa Lucinda. Enfim, há uma riqueza enorme de ações e atividades que podem ser realizadas, inclusive tomando por base alguns dias importantes do nosso calendário. O professor é absolutamente livre para trabalhar com o tema em sala de aula. Porém, é fundamental que seu ponto de partida seja a proibição do trabalho infantil, a análise dos profundos prejuízos que causa à infância, e o estímulo das crianças e dos adolescentes a se perceberem como sujeitos de direitos que merecem ser protegidos contra essa prática ilegal, inclusive podendo saber, a partir de seu educador, a quem recorrer em caso de violação de seus direitos. c) Prêmio MPT na Escola A grande culminância do MPT na Escola é o Prêmio MPT na Escola. Embora, por si só, a realização do projeto seja muito gratificante e seus resultados sejam tragam ganhos imensuráveis para toda a comunidade, sem 42 dúvida a premiação tem se mostrado um importante estímulo tanto para as escolas como para os alunos, especialmente em tempos em que, infelizmente, muitas vezes a educação tem sido deixada em segundo plano por decisões políticas ou conjunturais. Assim, para finalizar esta capacitação, passa-se à análise de como realizar este grande evento, que tem recebido cada vez maior adesão de municípios interessados em realiza-lo. 1ª ETAPA – PRÊMIO MPT NA ESCOLA MUNICIPAL Os municípios que participam do MPT na Escola são responsáveis por realizar a etapa municipal do prêmio, envolvendo as escolas que participaram fazendo as ações conforme explicação no item anterior. Esta premiação fica a critério do município, que deverá avaliar suas condições (financeiras, conjunturais, etc) para realizar o evento, bem como as dimensões que o mesmo poderá assumir. Compete também ao município definir a premiação a ser entregue aos primeiros colocados, se entender pertinente. De todo modo, havendo ou não eventoou premiação municipal, os trabalhos que forem considerados os vencedores nesta etapa serão inscritos pelo próprio município, a partir dos critérios constantes do edital que é publicado todos os anos, na etapa estadual ou regional da premiação. Porém, há algumas regras gerais que já podem ser antecipadas: - Os trabalhos devem abordar o tema “trabalho infantil”, no sentido de sua erradicação, podendo destacar um ou mais de seus aspectos, como causas, consequências, formas, cenários, políticas públicas, rede de proteção, projetos e ações de prevenção, tomando como parâmetro a legislação vigente - A autoria dos trabalhos deverá ser exclusiva dos alunos, sendo que a participação dos educadores deve se limitar a atividades de apoio, orientação e acompanhamento (na categoria música, pode haver acompanhamento nos instrumentos por terceiros) 43 - Os trabalhos devem ser originais e inéditos Conforme a disponibilidade da Procuradoria Regional responsável pela etapa estadual do prêmio, e também de acordo com o que deliberar o Coordenador Regional da COORDINFÂNCIA, será definido o modo de premiação (evento, prêmio propriamente dito...). A PRT que fizer a etapa estadual fará a inscrição dos trabalhos vencedores na etapa nacional, que é a culminância final do projeto. Geralmente, o Prêmio Nacional MPT na Escola ocorre em solenidade em Brasília, na qual se busca sempre viabilizar a participação dos alunos vencedores. É um evento muito interessante, em que é possível perceber a riqueza dos trabalhos realizados, e observar os talentos que estão espalhados por todos os cantos do Brasil. Por fim, é um evento significativo na formação de consciência sobre a importância do combate ao trabalho infantil, representando, sem dúvida, o clímax de um processo de conscientização que teve início meses antes, com a capacitação dos educadores, como se explicou no começo deste tópico. A seguir, são apresentados os links de alguns trabalhos produzidos, bem como notícias sobre as premiações estaduais e nacional. Outros informes, notícias e trabalhos podem ser consultados, sendo que todos os inscritos no Prêmio MPT na Escola ficam disponibilizados pelo youtube (que é o canal utilizado para que os trabalhos possam ser conhecidos pela comissão julgadora que será escolhida para avaliar cada quesito): http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/- /asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na- escola?inheritRedirect=false http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio- petecampt-na.html https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/?atuacao=coordinfancia http://mptnaescolasp.blogspot.com/ http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false http://www.tst.jus.br/web/trabalho-infantil/programa/-/asset_publisher/y23X/content/conheca-os-vencedores-do-premio-mpt-na-escola?inheritRedirect=false http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio-petecampt-na.html http://premiopeteca.blogspot.com/2019/04/regulamento-do-premio-petecampt-na.html https://mpt.mp.br/pgt/publicacoes/?atuacao=coordinfancia http://mptnaescolasp.blogspot.com/ 44 http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_n oticia=999193345 https://www.youtube.com/watch?v=u73HTfKjAXs A partir de todas as considerações expostas neste texto, das discussões promovidas nos fóruns, dos questionamentos apresentados, esperamos ter colaborado para sua melhor formação no que diz respeito ao trabalho infantil – o que é, por que merece ser combatido, quais as instituições que estão envolvidas nesse trabalho, e o que cada um de nós, pessoalmente ou por nossas instituições, pode fazer para proteger, cada vez mais, as crianças e adolescentes no Brasil. Esperamos contar com sua colaboração neste combate diuturno, para que possamos ter o Brasil como um país livre dessa chaga social tão séria, ainda tão presente, e que tem vitimado tantas de nossas crianças e adolescentes ao longo dos anos. GLOSSÁRIO ACP – AÇÃO CIVIL PÚBLICA CF – CONSTITUIÇÃO FEDERAL CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CNMP – CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO COORDINFÂNCIA – COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE À EXPLORAÇÃO DO TRABALHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE CONANDA – CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_noticia=999193345 http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_cidadao/default.php?p_noticia=999193345 https://www.youtube.com/watch?v=u73HTfKjAXs 45 CRAS – CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIAL CREAS – CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO EM ASSISTÊNCIA SOCIAL CT – CONSELHO TUTELAR FNPETI – FORUM NACIONAL DE PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL FNAP – FORUM NACIONAL DE APRENDIZAGEM IC – INQUÉRITO CIVIL JT – JUSTIÇA DO TRABALHO LISTA TIP – LISTA DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL MPT – MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO NF – NOTÍCIA DE FATO OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PNAD – PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS PP – PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO PRT – PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO SGD – SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS SISTEMA S – SENAI, SESC, SENAT, SESCOOP E SENAR TAC – TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA UNICEF – FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA 46 LISTA DAS PRTs PRT1 RIO DE JANEIRO PRT2 SÃO PAULO (E GRANDE SÃO PAULO) PRT3 MINAS GERAIS PRT4 RIO GRANDE DO SUL PRT5 BAHIA PRT6 PERNAMBUCO PRT7 CEARÁ PRT8 PARÁ E AMAPÁ PRT9 PARANÁ PRT10 DISTRITO FEDERAL E TOCANTINS PRT11 AMAZONAS 47 PRT12 SANTA CATARINA PRT13 PARAÍBA PRT14 RONDÔNIA E ACRE PRT15 CAMPINAS (E INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO) PRT16 MARANHÃO PRT17 ESPÍRITO SANTO PRT18 GOIÁS PRT19 ALAGOAS PRT20 SERGIPE PRT21 RIO GRANDE DO NORTE PRT22 PIAUÍ PRT23 MATO GROSSO PRT24 MATO GROSSO DO SUL
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