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Modulo_IV_-Libido_pulsoes_e_sexualidade

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FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 1 
Módulo IV - Libido, pulsões e 
sexualidade 
 
 
Índice 
Sexualidade humana 4 
Sexualidade infantil 5 
Primeiras pesquisas 5 
Metodologia corrente de estudo 6 
Comportamento normal e anormal 7 
Sintomas comportamentais 7 
Princípio da infância 8 
Masturbação e orgasmo 8 
Início da idade escolar 9 
Média infância 9 
Atividade sexual 10 
Jogos sexuais entre irmãos 10 
Aspectos jurídicos 10 
Puberdade 11 
Tipos de puberdade 12 
Puberdade precoce 12 
Puberdade atrasada 13 
Puberdade masculina 13 
Ereções indesejadas 14 
Características da puberdade masculina 14 
Puberdade feminina 14 
Menstruação 15 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 2 
Características da puberdade feminina 16 
Adolescência 16 
A sexualidade do adolescente 17 
Comportamento sexual 17 
Libido 21 
Disfunção libidinal 22 
Pulsão de vida e de morte 23 
Conceito de pulsão 23 
Pulsão de vida 25 
Pulsão de morte 25 
Princípio de Nirvana 26 
Princípio de Prazer 27 
Princípio de Realidade 28 
Complexo de Édipo 29 
A personalidade e seu desenvolvimento 31 
O Estágio Pré-Edipiano 32 
Fases da Libido 32 
Fase oral (0 até 1-2 anos) 33 
Fase anal (1 até 3 anos). 34 
Fase fálica (3 até 5 anos). 37 
O estágio edipiano 37 
A história de Édipo 38 
A formação do superego 39 
O conflito edipiano: a resolução 39 
Causas de uma solução não satisfatória do Estágio Edipiano 41 
O período de latência 42 
Puberdade e início da adolescência 43 
Adolescência final e adulto jovem 44 
Fase Genital 44 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 3 
Fixação e Regressão 45 
Mecanismos de Defesa 47 
Sublimação 48 
Negação 49 
Regressão 50 
Projeção 50 
Introjeção 51 
Repressão 51 
Defesas patológicas 52 
Formação recreativa 53 
Anulação ou reparação 54 
Isolamento 55 
Racionalização 56 
O que querem as mulheres? 56 
O amor para a psicanálise 58 
Antropologia e Psicanálise 68 
Antropologia e psicologia 70 
Contribuições da psicanálise 73 
Perspectivas antropológicas 76 
 
 
Este material é parte das aulas do Curso de Formação em Psicanálise. 
Proibida a distribuição onerosa ou gratuita por qualquer meio, para não alunos 
do Curso. Os créditos às obras usadas como referências ou citação constam 
nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 4 
Sexualidade humana 
 
A Sexualidade humana representa o conjunto de comportamentos que 
concernem à satisfação da necessidade e do desejo sexual. Igualmente a 
outros primatas, os seres humanos utilizam a excitação sexual para fins 
reprodutivos e para a manutenção de vínculos sociais, mas agregam o gozo e 
o prazer próprio e do outro. O sexo também desenvolve facetas profundas da 
afetividade e da consciência da personalidade. Em relação a isto, muitas 
culturas dão um sentido religioso ou espiritual ao ato sexual, assim como veem 
nele um método para melhorar (ou perder) a saúde. 
 
A OMS define que a "sexualidade faz parte da personalidade de cada um, 
sendo uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser 
separado de outros aspectos da vida. A sexualidade influencia pensamentos, 
sentimentos, ações e interações e, portanto a saúde física e mental". 
 
Atualmente, ocorre por parte de alguns estudiosos, a tentativa de afastamento 
do conceito de sexualidade da noção de reprodução animal associada ao sexo. 
Enquanto que esta noção se prende com o nível físico do homem enquanto 
animal, a sexualidade tende a se referir ao plano psicológico do indivíduo. Além 
dos fatores biológicos (anatômicos, fisiológicos, etc.), a sexualidade de um 
indivíduo pode ser fortemente afetada pelo ambiente sócio-cultural e religioso 
em que este se insere. Um exemplo disto é que em algumas sociedades, na 
sua maioria orientais, promove-se a poligamia ou bigamia, ou seja, a 
possibilidade ou dever de ter múltiplos parceiros. 
 
Em algumas partes do mundo a sexualidade explícita ainda é considerada 
como uma ameaça aos valores político-sociais ou religiosos. 
 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 5 
Sexualidade infantil 
 
Sexualidade infantil refere-se ao sentimento, comportamento e 
desenvolvimento sexual das crianças. 
 
Teorias sobre o desenvolvimento sexual podem ser largamente divididas em 
duas correntes: aquelas que tendem a dar ênfase à biologia inata (que pode 
ser incentivada ou inibida durante a infância) e aquelas que tendem a enfatizar 
a sexualidade como uma construção social (onde a sexualidade da criança 
será fortemente influenciada pela sociedade como um todo). 
 
Primeiras pesquisas 
 
As duas personalidades mais famosas na investigação da sexualidade infantil 
provavelmente são Sigmund Freud (1856-1939) e Alfred Kinsey (1894-1956). 
 
O trabalho de Freud, em 1905, Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade 
delineou uma teoria da desenvolvimento psicossexual com cinco fases 
distintas: o estágio oral (0 - 1,5 anos) onde sua principal região de prazer é a 
boca; o estágio anal (1,5 - 3,5 anos) quando região de prazer se desloca para o 
ânus; o estágio fálico (3,5 - 6 anos) quando dá-se então conta da diferença de 
sexos, tendendo a fixar a sua atenção libidinosa nas pessoas do sexo oposto e 
culminou com a resolução do Complexo de Édipo nos meninos, já as meninas 
o complexo de Édipo nunca se desfaz, seguida de um período de latência da 
sexualidade (6 anos a puberdade) e o estágio da genitália ou adulto. 
 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 6 
A tese básica de Freud era de que as crianças da sexualidade precoce é 
polimorfa e fortemente iniciativa a ter um desenvolvimento acentuado, e que as 
crianças precisa ajuizar ou sublimar estes para desenvolver um adulto 
saudável na sexualidade. 
 
Alfred Kinsey, cujas duas principais obras são os seus estudos (1948 e 1953), 
utilizou recursos para fazer os primeiros inquéritos em larga escala de 
comportamento sexual. O trabalho deKinsey centrava-se em adultos, mas ele 
também estudou crianças e desenvolveu os primeiros relatórios estatísticos 
sobre a masturbação na infância. Tem sido acusado que parte dos dados que 
ele coletou não se poderiam obter sem observação ou participação em abuso 
sexual de crianças ou colaborações com pedófilos. 
 
O pesquisador sueco IngBeth Larsson, assinala que «É bastante comum as 
referências continuarem a citar Alfred Kinsey», devido à escassez de estudos 
posteriores do comportamento sexual de crianças. 
 
Metodologia corrente de estudo 
 
O conhecimento empírico sobre o comportamento sexual infantil geralmente 
não é recolhido por entrevistas diretas a criança, (em parte devido a 
considerações éticas), mas sim por: 
 
observação de crianças que estejam sendo tratadas por terem problemas de 
comportamento, como o uso da força nas brincadeira de cunho sexual, muitas 
vezes utilizando bonecos tenham representação da genitália. 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 7 
 
Comportamento normal e anormal 
 
Embora haja variação entre os indivíduos, as crianças geralmente são curiosas 
sobre os seu próprio corpo e os dos outros e se engajam em jogar ondeexploram a sexualidade. No entanto, o conceito de sexualidade infantil é 
fundamentalmente diferente do objetivo-direcionador do comportamento sexual 
adulto, sendo a imitação do comportamento dos adultos, como penetração 
corporal e contato oral-genital são muito incomuns, sendo mais comum entre 
as crianças que foram abusadas sexualmente, mas crianças com outros tipos 
de desordem de comportamento também podem apresentar outros 
comportamentos de natureza sexuais das outras crianças. 
 
Sintomas comportamentais 
As crianças que foram vítimas de abuso sexual por vezes podem demonstrar 
comportamento sexual impróprio para a idade, o que pode ser definido como 
uma expressão comportamental que não é normal para a respectiva cultura. O 
comportamento sexual pode constituir a melhor indicação de que uma criança 
tenha sido abusada sexualmente, embora algumas vítimas não apresentem 
comportamento anormal. Mas também há crianças que apresentam 
comportamento sexual impróprio, porém, causados por outros fatores além de 
abuso sexual. Outros sintomas de abuso sexual podem incluir manifestações 
de stress pós-traumático em crianças mais novas; medo, agressividade, e 
pesadelos em crianças em idade escolar; e depressão em crianças mais 
velhas. 
 
As seções seguintes descrevem o típicos comportamento cultural normal que 
se desenvolve na maioria das atuais sociedades ocidentais. 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 8 
 
Princípio da infância 
O termo infância pode abranger até idades quatro, cinco, ou seis anos, 
dependendo do foco principal da pesquisada ou comentário. Durante este 
período: 
 
As crianças frequentemente são curiosas sobre onde provêm os bebês. 
 
As crianças podem explorar o corpo de outras crianças e de adultos por 
curiosidade. 
 
Por quatro anos, as crianças podem mostrar um apego significativo ao 
progenitor do sexo oposto. 
 
As crianças começam a ter um sentimento de modéstia e da diferença entre 
comportamento público e privado. 
 
Em muitas crianças, tocar genitais, especialmente quando elas estão cansadas 
ou perturbadas. 
 
Masturbação e orgasmo 
De acordo com Alfred Kinsey em seus estudos na década de 1950, as crianças 
são capazes de terem orgasmos a partir dos cinco meses de idade. Kinsey 
observou que por volta dos três anos de idade, as meninas masturbam-se com 
mais freqüência do que os meninos, mas estudos mais recentes feitos na 
Suécia indicam que a masturbação em crianças desta idade é incomum, e mais 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 9 
comum entre os meninos do que com as meninas. Kinsey também observou 
que a lubrificação da vagina na estimulação sexual de meninas é semelhante 
ao de uma mulher adulta. Até que os rapazes comecem a produzir sémen 
(inicio da puberdade), só podem experimentar orgasmos seco (anejaculação). 
A capacidade de ejacular se desenvolve gradualmente com o tempo e tem sido 
relativamente constante entre as culturas e durante o último século. 
 
Alguns pesquisadores sugerem que a masturbação infantil pode ser 
considerada não sexual, se a criança ainda não aprendeu a associá-la com o 
sexo. 
 
Início da idade escolar 
As crianças tornam-se mais conscientes das diferenças entre os sexos, e 
tendem a escolher amigos ou companheiros de jogo do mesmo sexo, ainda há 
menosprezo pelo sexo oposto. As crianças podem soltar sua estreita ligação ao 
seu progenitor do sexo oposto e tornar-se mais ligadas ao seu progenitor do 
mesmo sexo. 
 
Durante esse período, as crianças, especialmente as meninas, demonstram 
aumento da consciência dos costumes sociais quanto sexo, nudez e 
privacidade. As crianças podem usar termos de cunho sexual para testar a 
reação dos adultos. As "piadas de banheiro" (piadas e conversa a respeito das 
funções excretoras), presentes em fases anteriores, continuam. 
 
Média infância 
 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 10 
A 'média infância' abrange as idades a aproximada de seis a nove anos. 
Quando o desenvolvimento individual varia consideravelmente. 
 
Com o avanço desta fase, a escolha de amigos do mesmo sexo torna-se mais 
acentuada, e aumenta o desprezo pelo sexo oposto. 
 
Atividade sexual 
 
Num estudo de 1943 de principalmente rapazes brancos, de classe média e 
alta-média do meio-oeste urbana dos Estados Unidos descobriram que 16% 
afirmavam ter tido experiência coito por volta dos 8 anos de idade. 
 
Jogos sexuais entre irmãos 
 
Num estudo com 796 estudantes, 15% das mulheres e 10% dos homens 
relataram algum tipo de experiência sexual que tenha envolvido um irmão; a 
maioria destes não chega a ser uma real experiência sexual conforme 
considerada pelos adultos. Cerca de uma em cada quatro dessas experiências 
foram descritas como abusivas ou exploratórias. O efeito não exploratório dos 
jogos sexuais entre irmãos é incerto, alguns estudos sugerem efeitos a longo 
prazo, tanto positivos como negativos, ou não encontram efeitos significativos. 
 
Aspectos jurídicos 
 
Na maioria dos países e localidades, as relações sexuais que envolvem 
crianças, mesmo consensuais, são proibidos por leis de estupro presumido e 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 11 
leis sobre o abuso sexual infantil. Alguns, mas não todos os países, permitem a 
jovens que tenham idades próximas terem relações sexuais, mas geralmente 
há uma idade mínima abaixo da qual tais relações são legalmente 
consideradas estupro, independentemente da proximidade de idade. 
 
A idade a partir da qual um menor tem consentimento legal para manter 
relações sexuais com uma pessoa de qualquer idade é referida como a Idade 
de consentimento e varia de país para país. No Brasil é fixada em 14 anos, 
abaixo da qual qualquer ato de natureza sexual é considerado estupro, 
independentemente do consentimento ou da violência. Mesmo assim, a relação 
consensual entre maiores de idade e menores entre 14 e 18 anos, dependendo 
do caso, pode constituir crimes mais leves que o estupro. 
 
Puberdade 
 
A puberdade é um período em que ocorrem mudanças biológicas e fisiológicas. 
É neste período que o corpo desenvolve-se física e mentalmente tornando-se 
maduro e o adolescente fica capacitado para gerar filhos. Ela não deve ser 
confundida como sinônimo da adolescência, visto que a puberdade faz parte da 
adolescência. 
 
Nesta fase, são observadas mudanças tais como: crescimento de pelos, 
crescimento dos testículos e aparecimento dos seios, aumento do quadril nas 
meninas e tórax nos rapazes. 
 
O marco principal da puberdade para os homens é a primeira ejaculação, que 
ocorre em média aos 13 anos. Para as mulheres, é o início da menstruação, 
que ocorre em média entre 12 e 13 anos. No século XXI, a idade média em que 
as crianças atingem a puberdade é menor em comparação com o século XIX, 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 12 
quando tinha 15 anos para meninas e 16 para meninos. Este é, possivelmente, 
devido aos produtos químicos em alimentos ou uma melhor nutrição. 
 
Os hormônios sexuais se diferem para os homens e as mulheres, mas não são 
totalmente exclusivos de cada sexo. Nos homens, os testículos secretam entre 
outros hormônios a testosterona e nas mulheres o ovário fabrica o estrógeno. 
 
As gônadas e as suprarrenais de ambos os sexos produzem o estrógeno e 
testosterona, mas évariável a quantidade. As características biológicas são 
universais e ocorrem de forma semelhante em todos os seres humanos. 
 
A puberdade também mexe com o emocional dos adolescentes e também em 
seu comportamento, principalmente em seu desejo sexual. Tanto no menino 
quanto na menina, não proporciona apenas mudanças físicas mas, sobretudo, 
psicológicas. As alterações hormonais despertam a sensibilidade sexual e, 
consequentemente, é neste período que muitos adolescentes começam 
esporadicamente a ter relações sexuais. 
 
Tipos de puberdade 
 
Puberdade precoce 
A puberdade precoce ocorre quando as características pertencentes às 
meninas ocorrem antes dos 9 anos de idade e nos meninos antes dos 10 anos. 
Todavia, este período está chegando cada vez mais cedo para meninas. Um 
estudo dinamarquês aponta que as garotas estão entrando nesta fase antes 
dos dez anos. No século XIX a idade era de 15 anos para as meninas e 17 
anos para os meninos. 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 13 
 
Puberdade atrasada 
Em algumas meninas a partir dos 13 anos de idade e em meninos a partir dos 
14 anos de idade, ocorrem à ausência de qualquer característica de 
desenvolvimento físico ou sexual, neste caso é considerada a puberdade 
atrasada. Alguns especialistas aconselham a procura de um profissional 
adequado para acompanhar os casos de puberdade. 
 
Em algumas meninas o surgimento das mamas pode demorar a vir, o normal é 
que venha dos 10 ao 14 anos de idade. A partir dos 15 anos, é aconselhável a 
procura de um especialista. 
 
Já nos meninos, a puberdade pode demorar a vir até aos 15 anos de idade. Os 
meninos ficam relativamente menores que as meninas, mas depois de um 
tempo, é comum a ultrapassagem de altura. 
 
Puberdade masculina 
No menino, as transformações começam um pouco mais cedo, por volta dos 10 
aos 13 anos mas são muito mais demoradas que nas meninas. Os primeiros 
sinais dessa transformação são, basicamente, o aumento no tamanho dos 
órgãos genitais, o nascimento da barba e o aparecimento de pelos na região 
pubiana, nas pernas, nos braços e no peito. 
 
O pomo-de-adão ou maçã-de-adão, conhecido vulgarmente por gogó. 
Esse crescimento dos pelos depende da genética e varia muito de pessoa para 
pessoa. Além disso, essas mudanças são acompanhadas de modificação da 
voz, a qual fica mais grave. O esqueleto se alonga, os músculos se enrijecem, 
o tronco e os ombros alargam e a pele se torna muito mais gordurosa, o que 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 14 
favorece o aparecimento da acne. É nessa época que os meninos já podem ter 
sua primeira ejaculação. 
 
Ereções indesejadas 
Ejaculações durante o sono são conhecidas popularmente como polução 
noturna. O pênis pode ficar ereto regularmente durante o sono e os homens 
podem acordar com uma ereção. Uma vez que um menino atinge certa idade, 
ereções ocorrem com muito mais frequência devido à puberdade. As ereções 
podem ocorrer espontaneamente a qualquer hora do dia, e ela pode ocorrer até 
mesmo ao se vestir. Ereções são comuns para crianças e bebês, e pode 
mesmo ocorrer antes do nascimento. As espontâneas são normais, mas 
podem ser embaraçosas se acontecerem em público, como em uma sala de 
aula ou sala de estar. 
 
Características da puberdade masculina 
● surgimento de pelos nos púbis, nas axilas e no peito; 
● aumento dos testículos e do pênis; 
● crescimento da barba; 
● voz grossa; 
● ombros mais largos; 
● aumento da massa muscular; 
● início da produção de espermatozoides; 
● aumento do peso e da estatura; 
● surgimento de pelo no dedão do pé. 
● Puberdade feminina 
 
Puberdade feminina 
A puberdade feminina se inicia, em geral, entre 11 e 14 anos, variando esse 
período de pessoa para pessoa. Em geral, a puberdade tem inicio com a 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 15 
primeira menstruação (menarca), que coincide com o surgimento de uma série 
de transformações do corpo que já se vinham manifestando na fase conhecida 
como pré-puberal. 
 
Geralmente a partir dos dez anos a menina cresce vários centímetros em 
pouco tempo, sua cintura se afina, os quadris se alargam, os seios começam a 
avolumar-se e surge uma leve pilosidade no púbis e nas axilas. 
 
Paralelamente, as glândulas sudoríparas se desenvolvem, tornando o odor do 
corpo mais intenso e provocando maior sudorese nas axilas. Essas mudanças, 
causam uma certa sensação de insegurança e inquietação na menina, 
culminam com a primeira menstruação. Durante os dois anos seguintes à 
primeira menstruação os ciclos podem ser ainda irregulares, mais longos ou 
mais breves. 
 
As transformações que se verificam no período pré-púbere são resultados da 
atividade dos ovários, sobre a qual atua a hipófise. Ao nascer, a menina tem no 
ovário entre duzentos mil e quatrocentos mil óvulos, dos quais apenas cerca de 
quatrocentos serão utilizados ao longo de todo período fértil (até os 50-55 
anos). 
 
Menstruação 
 
O primeiro sangramento menstrual é conhecido como menarca. No Canadá, a 
idade média da menarca é 12,72 e no Reino Unido é 12,9. O tempo entre 
períodos menstrual não é sempre regular nos dois primeiros anos após a 
menarca. Ovulação é necessária para a fertilidade, mas pode ou não 
acompanhar as primeiras menstruações. A iniciação da ovulação após a 
menarca não é inevitável. A alta proporção de meninas com irregularidade 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 16 
continuou nos anos de ciclo menstrual de várias menarca continuarão a ter 
irregularidade prolongada e anovulação, e estão em maior risco para a 
fertilidade reduzida. Nubilidade é usado para designar realização de fertilidade. 
 
Características da puberdade feminina 
● alargamento dos ossos da bacia; 
● início do ciclo menstrual; 
● surgimento de pelos nos púbis e nas axilas; 
● depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas coxas; 
● desenvolvimento dos seios. 
● Maturação sexual 
 
A maturação sexual abrange o desenvolvimento das gônadas, órgãos de 
reprodução e caracteres sexuais secundários. Existe uma ampla variação 
normal da idade de início e da velocidade de progressão da maturação sexual 
dentro de uma população. Na maioria das vezes os estágios de maturação 
sexual ocorrem numa sequência constante. 
 
No sexo masculino os sinais de maturação sexual costumam ocorrer na 
seguinte sequência: aumento dos testículos e da bolsa escrotal (média aos 
nove e dez anos de idade), crescimento de pelos pubianos (em torno de 11, 12 
anos de idade), pelos axilares, pelos sobre o lábio superior, na face e em 
outras partes do corpo, mudanças da laringe e da voz e crescimento do pênis. 
A mudança na voz ocorre em média entre 11 a 15 anos de idade. 
 
 
Adolescência 
 
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MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 17 
A sexualidade do adolescente 
Paralelamente ao início da maturidade sexual também o comportamento sexual 
começa a se desenvolver. Esse desenvolvimento é um processo muito 
complexo e é fruto da interação de vários fatores - desenvolvimento físico, 
psicosocial, a exposição a estímulos sexuais (que é definida pela cultura), os 
grupos de contatos sociais (amigos, grupos de esporte, etc.), e as situações 
específicas que permitem o acesso à experiência erótica. 
 
O início do desenvolvimento sexual se encontra já na infância.Não apenas os 
casos de abuso sexual, mas também as experiências quotidianas de troca de 
carinho e afeto, de relacionamentos interpessoais e de comunicação sobre a 
sexualidade desempenham um papel importantíssimo para o desenvolvimento 
do comportamento sexual e afetivo do adolescente e, posteriormente, do 
adulto. Importantes aqui são sobretudo processos de aprendizado através do 
modelo dos pais: em famílias em que carinho e afeto são trocados abertamente 
e em que a sexualidade não é um tabu os adolescentes desenvolvem outras 
formas de comportamento do que em famílias em que esses temas são 
evitados e considerados inconvenientes. 
 
Comportamento sexual 
Baseados em seus estudos com adolescentes alemães Schmid-Tannwald e 
Kluge (1998) defendem três teses que resumem o resultado desse trabalho: 
 
O desenvolvimento do comportamento social está cada vez mais acelerado, 
acompanhando a aceleração secular da maturidade sexual (ver "aceleração e 
retardo no desenvolvimento"). O início da vida sexual está ligado ao início da 
maturidade sexual (menarca nas moças e primeira ejaculação nos rapazes) 
mais do que a qualquer outro fator: a maior parte dos adolescentes tendem a 
ter sua primeira relação sexual nos primeiros anos após atingirem a maturidade 
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE - www.psicanaliseclinica.com 
MÓDULO 4 - LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE - pág. 18 
sexual. Dessa forma, em um estudo de 1983 44% das moças e 33% dos 
rapazes com dezessete anos afirmavam já ter tido uma relação sexual, 
enquanto em 1994 92% das moças e 79% dos rapazes com dezessete anos 
diziam já ter tido uma experiência sexual. Apesar da pouca idade, a maioria 
dos adolescentes tende a trocar carícias e a fazer experiências de toques 
íntimos sem penetração ("petting") como preparação para o ato sexual. Já nos 
primeiros anos de atividade sexual ambos os sexos tendem a ver o sexo como 
algo belo, se bem que essa tendência seja maior entre os rapazes. 
O comportamento sexual de ambos os sexos está se aproximando cada vez 
mais: em 1983 a diferença entre a idade média da menarca e da primeira 
ejaculação era de 0,7 anos (ou seja, em média as moças tinham a primeira 
menstruação 9 meses antes dos rapazes); já em 1994 a diferença era de 
apenas 0,3 anos (3-4 meses). Em 1983 as moças tendiam a ter a primeira 
relação sexual 0,7 anos mais cedo do que os rapazes, já em 1994 a idade era 
a mesma: 14,9 anos. 
O comportamento sexual é influenciado pela cultura familiar. Mas mesmo em 
famílias que tendem a conversar menos abertamente sobre sexualidade e 
relacionamentos e a não preparar os adolescentes para a menarca e a 
maturidade sexual os adolescentes têm uma vida sexual ativa - mesmo a 
revelia dos pais. 
Um outro ponto importante é a preferência dos adolescentes por 
relacionamentos estáveis ao invés de liberalidade sexual. Sobretudo para as 
moças uma vida sexual satisfatória está fortemente relacionada a um 
relacionamento estável . 
O termo "identidade" corresponde à resposta à pergunta "quem sou eu?". A 
resposta a essa pergunta se desenvolve num longo e complexo processo que 
começa nas primeiras horas de vida e se estende até a mais alta idade. Nesse 
longo processo a adolescência representa um momento chave, de grande 
significado. No processo de desenvolvimento da identidade agem duas forças 
motrizes: o desejo do indivíduo de conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e 
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a busca de dar forma a si, de construir sua personalidade, se aprimorar e se 
desenvolver (autodesenvolvimento). 
 
Durante muito tempo a adolescência foi vista como uma fase de "tempestades 
e tormentas" (Sturm umd Drang, por exemplo por Granvillle S. Hall). Com o 
auxílio da pesquisa mais atual, no entanto, essa visão tem se tornado mais 
diferenciada. Por exemplo, quando medidas através de questionários, a 
autoimagem e a autoestima mantém-se relativamente estáveis durante toda a 
adolescência - se bem que em uma importante minoria, sobretudo entre as 
moças, há uma tendência de diminuição da autoestima. 
 
Enquanto a autoimagem e a autoestima parecem permanecer constantes, a 
complexidade da estrutura da identidade aumenta constantemente durante a 
adolescência. Esse aumento de complexidade se mostra nos seguintes pontos: 
 
A descrição de si se torna cada vez mais contexto-específica: por exemplo, a 
pessoa se vê como tímida diante de pessoas do outro sexo, mas autoconfiante 
diante de amigos e colegas; 
A autoimagem real (como eu sou) e a autoimagem ideal (como eu gostaria de 
ser) são vistas cada vez mais como diferentes; 
O "eu verdadeiro" é visto cada vez mais como diferente de um "eu falso" ou 
"fingido": enquanto adolescentes com doze ou 13 anos não fazem essa 
diferença, rapazes e moças mais velhos a consideram importante; 
Os adolescentes aprendem cada vez mais a verem-se pelos olhos dos outros; 
A dimensão do tempo desempenha um papel cada vez mais importante na 
descrição de si: enquanto crianças se descrevem sempre no presente, os 
adolescentes começam a levar em conta o passado (como eu era) e o futuro 
(como eu gostaria de ser) em consideração. 
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Higgins (1987) descreveu três tipos de "si mesmo" - o si mesmo real, o si 
mesmo ideal (como a pessoa gostaria de ser) e o si mesmo como deveria ser 
(que representa a identificação da pessoa com determinadas obrigações e 
tarefas apresentadas pelo ambiente social). O ambiente social tem, ele mesmo 
(ou melhor, a pessoas que dele fazem parte), uma imagem de como o 
indivíduo é e de como ele deveria ser (expectativas). O aumento da 
complexidade na compreensão de si mesmo expõem o adolescente assim a 
diferentes tipos de discrepância: 
 
Entre o si mesmo real e o ideal - ou seja, a imagem que o indivíduo faz de si 
não corresponde com a pessoa que ele gostaria de ser; a pessoa tende se 
sentir decepcionada e insatisfeita; 
Entre o si mesmo real e a imagem que os outros têm do indivíduo - a imagem 
que a pessoa faz de si não corresponde àquela que outras pessoas - família, 
amigos - fazem; a pessoa tende a se sentir envergonhada e humilhada; 
Entre o si mesmo real e o como deveria ser - a imagem que a pessoa faz de si 
não corresponde à ideia que ela faz a respeito das obrigações e tarefas que ele 
deveria cumprir; a pessoa tende a ter sentimentos de culpa e a fazer 
acusações, condenando-se a si mesma; 
Entre o si mesmo real e as expectativas dos outros - a imagem que a pessoa 
faz de si não corresponde às expectativas e desejos da família, amigos ou 
outroas pessoas ou grupos importantes para o indivíduo; a pessoa tende a se 
sentir ameaçada, com medo, esposta a perigos e dor. 
A tomada de consciência desses conflitos de interesses expõe o adolescente 
ao estresse e, dependendo da carga genética e do ambiente em que se 
desenvolve, ao risco de diversos tipos de problemas sociais e psicológicos - 
desde transtornos alimentares (anorexia, bulimia) até o suicídio, passando por 
problemas de desempenho escolar, abuso e dependência de substâncias 
químicas, fobias e depressão. Segundo estudos epidemiológicos europeus 
entre 15% e 22% da população infanto-juvenil apresenta alguma forma de 
distúrbio mental nessa faixa etária. 
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Libido 
 
Libido (do latim, significando "anseio ou desejo") é caracterizada como a 
energia aproveitável para os instintos de vida. De acordo com Freud, o ser 
humano apresenta umafonte de energia separada para cada um dos instintos 
gerais. 
 
"Sua produção, aumento ou diminuição, distribuição e deslocamento devem 
propiciar-nos possibilidades de explicar os fenômenos psicossexuais 
observados" (1905a, livro 2, p. 113 na ed. bras.) 
 
A libido apresenta uma característica importante que é a sua mobilidade, ou a 
facilidade de alternar entre uma área de atenção para outra. 
 
No campo do desejo sexual está vinculada a aspectos emocionais e 
psicológicos. 
 
Santo Agostinho foi o primeiro a distinguir três tipos de desejos: a libido sciendi, 
desejo de conhecimento, a libido sentiendi, desejo sensual em sentido mais 
amplo, e a libido dominendi, desejo de dominar. 
 
A obra de Sigmund Freud retoma o conceito de libido e lhe confere um papel 
central. Em seus primeiros trabalhos, a libido é o impulso vital para a auto-
preservação da espécie humana, e compreende a libido como a energia sexual 
no sentido estrito, como o fenômeno do "impulso" do desejo e do prazer. Mais 
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tarde, ele volta a enfatizar essa visão mais geralista de que o impulso de auto-
preservação tem origem libidinosa, e confronta a libido com o instinto de morte. 
Em seus escritos posteriores, especialmente em “Além do Princípio do Prazer” 
(1920), ele usa, em vez da palavra libido um sinônimo Eros, que descreve 
como sendo a energia que impulsiona a vida. Na obra “Psicologia das Massas 
e Análise do Eu” (1921), ele definiu a libido como sendo a "energia de tais 
instintos, que tem a ver com tudo o que pode ser resumido como o amor." 
 
A libido segundo Freud, não está relacionada somente com a sexualidade, mas 
também está presente em outras áreas da vida, como nas atividades culturais, 
caracterizadas pela sublimação da energia libidinosa de Freud. 
 
Segundo a teoria da libido em Freud, na infância a libido se desenvolve por 
fases e por várias etapas características do desenvolvimento: oral, anal, fálica, 
latente, e finalmente, uma fase genital. Distúrbio do desenvolvimento da libido 
pode levar a transtornos mentais, de acordo com Freud. 
 
Carl Gustav Jung quis dizer com a libido, em geral, toda a energia mental de 
um homem. Ao contrário de Freud, Jung considera que esse poder como 
semelhante ao conceito do Extremo Oriente do chi ou prana, ou seja, como um 
esforço geral para alguma coisa. 
 
Lacan disse que a libido marca a relação na qual o sujeito toma parte da 
sexualidade, com sua morte. 
 
Disfunção libidinal 
A falta de libido é referida como frigidez. 
 
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Muitas doenças, incluindo doenças mentais e doenças psicossomáticas, estão 
relacionadas com falta de libido ou a perda de libido, por exemplo: 
 
● Depressão 
● Anorexia 
● Cirrose 
● Hemocromatose 
● Hipogonadismo, eunuco e ism 
● Falta de Testosterona no homem e a Efeminização 
 
Algumas doenças resultam em um aumento excessivo da libido, por exemplo: 
● Obsessão 
● hipertireoidismo leve 
● Sífilis 
 
Alguns medicamentos, e muitas drogas provocam alterações na libido. Um 
aumento patológico da libido é também conhecido como vício do sexo ou 
ninfomania / Satiríase. 
 
Pulsão de vida e de morte 
 
Conceito de pulsão 
 
• Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, 
fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo 
Freud, uma pulsão tem sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); 
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o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte 
pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir a sua meta. 
 
 
Na língua alemã existem dois termos, Instinkt (instinto) e Trieb (pulsão). O 
termo Trieb, de uso muito antigo, conserva sempre a nuança de impulsão, ou 
seja, há menos ênfase numa finalidade definida do que numa orientação geral, 
sublinhando o caráter irreprimível da pressão mais do que a fixidez da meta e 
do objeto. 
 
Já o termo Instinkt faz referência ao biológico, ou seja, àquilo que é expresso 
quase da mesma forma em todos os indivíduos da mesma espécie. Freud 
utiliza este termo para se referir a um comportamento animal fixado por 
hereditariedade. 
 
A pulsão é uma representante do somático e do psíquico, pois ao lado das 
excitações externas a que o indivíduo pode fugir ou de que pode proteger-se, 
existem forças internas (pulsões) portadoras constantes de um afluxo de 
excitação a que o organismo não pode escapar e que é o fator propulsor do 
funcionamento do aparelho psíquico. A pulsão não tem meta e nem objeto fixo, 
ela é variável e parcial 
 
Freud propõe duas teorias das pulsões e ambas são dualistas. Na primeira 
teoria das pulsões, o dualismo se dá entre pulsões sexuais vs pulsões do ego 
ou de autoconservação. O id representa um reservatório de pulsões e a 
contraposição se dá entre pulsões de vida vs pulsões de morte. 
 
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Pulsão de vida 
 
 
• Grande categoria das pulsões que Freud contrapõe, na sua última teoria, às 
pulsões de morte. Tendem a constituir unidades cada vez maiores, e a mantê-
las. As pulsões de vida, também designadas pelo termo “Eros”, abrangem não 
apenas as pulsões sexuais propriamente ditas, mas ainda as pulsões de 
autoconservação. 
 
Na segunda teoria das pulsões proposta por Freud, as pulsões de vida se 
opõem as pulsões de morte. As primeiras tendem não apenas a conservar as 
unidades vitais existentes, como a constituir, a partir destas, unidades mais 
globalizantes. As segundas tendem para a destruição das unidades vitais, para 
a igualização radical das tensões e para o retorno ao estado anorgânico que se 
supõe ser o estado de repouso absoluto. 
 
As pulsões de vida não têm o caráter regressivo característico das pulsões, 
mas sim um caráter construtivo, uma vez que um princípio fundamental de tal 
pulsão é o princípio de ligação, que consiste em instituir unidades cada vez 
maiores e conservá-las, princípio este que está associado a nova concepção 
de Freud sobre a sexualidade. 
 
Pulsão de morte 
 
• No quadro da última teoria freudiana das pulsões, designa uma categoria 
fundamental de pulsões que se contrapõem às pulsões de vida e que tendem 
para a redução completa das tensões, isto é, tendem a reconduzir o ser vivo ao 
estado anorgânico. 
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Voltadas inicialmente para o interior e tendendo à autodestruição, as pulsões 
de morte seriam secundariamente dirigidas para o exterior, manifestando-se 
então sob a forma da pulsão de agressão ou de destruição. 
 
 
As pulsões de morte representam a tendência fundamental de todo ser vivo a 
retornar a um estado anorgânico. Freud elaborou o conceito de pulsões de 
morte ao observar os fenômenos de repetição, que o levou a idéia do caráter 
regressivo da pulsão. Em tais fenômenos de repetição, o aparelho psíquico não 
apenas descarregava a libido, mas a libido estava relacionada a situações 
desagradáveis. 
 
A exigência dualística é particularmente importante quando se trata das 
pulsões, já que estas fornecem as forças que se enfrentam no conflito psíquico. 
Freud sublinhou que a tendência a destruição de outrem ou de si mesmo pode 
denotar uma satisfaçãolibidinal. Observou também que as manifestações do 
masoquismo, a reação terapêutica negativa e o sentimento de culpa dos 
neuróticos indicam a presença na vida psíquica de um poder que chamou de 
pulsões de agressão ou destruição, derivadas da pulsão de morte originária. 
 
As pulsões de morte representam um retorno a um estado anterior, ou, em 
última análise, o retorno ao repouso absoluto do anorgânico. O princípio de 
prazer parece estar a serviço da pulsão de morte. 
 
Princípio de Nirvana 
 
• Denominação proposta por Barbara Low e retomada por Freud para designar 
a tendência do aparelho psíquico para levar a zero ou pelo menos para reduzir 
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o mais possível nele qualquer quantidade de excitação de origem externa ou 
interna. 
 
 
A idéia de Nirvana representa o aniquilamento ou extinção do desejo humano, 
levando o aparelho psíquico a um estado de quietude e felicidade perfeita. O 
Princípio de Nirvana corresponde a uma tendência do ser humano de retornar 
a um estado anterior, um estado de homeostase, no qual ocorreria a supressão 
de uma excitação interna ou externa, ou seja, os seres humanos tenderiam a 
chegar em um estado anorgânico. 
 
O Princípio de Nirvana exprime a tendência da pulsão de morte, ou seja, a 
tendência radical para levar a excitação ao nível zero. 
 
Princípio de Prazer 
 
• Um dos dois princípios que, segundo Freud, regem o funcionamento mental: a 
atividade psíquica no seu conjunto tem por objetivo evitar o desprazer e 
proporcionar o prazer. É um princípio econômico na medida em que o 
desprazer está ligado ao aumento das quantidades de excitação e o prazer à 
sua redução. 
 
O aparelho psíquico é regido pela evitação ou evacuação da tensão 
desagradável. A escala de prazer-desprazer é um regulador da economia 
libidinal. Freud considera a descarga de tensão como prazer e o aumento desta 
como desprazer. Contudo, Freud ressalva que sentimento de tensão não é o 
mesmo que desprazer, pois existem tensões agradáveis. 
 
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O princípio de prazer se opõe ao princípio de realidade. Um exemplo de tal 
oposição é realizar um desejo, pois a realização de um desejo inconsciente, 
regido pelo princípio de prazer, se depara com o princípio de realidade, que 
representa as exigências do mundo externo. 
 
Princípio de Realidade 
 
• Um dos princípios que, segundo Freud, regem o funcionamento mental. 
Forma par com o princípio de prazer, e modifica-o; na medida em que 
consegue impor-se como princípio regulador, a procura de satisfação já não se 
efetua pelos caminhos mais curtos, mas faz desvios e adia o seu resultado em 
função das condições impostas pelo mundo exterior. 
Encarado do ponto de vista econômico, o princípio de realidade corresponde a 
uma transformação da energia livre em energia ligada; do ponto de vista tópico, 
caracteriza essencialmente o sistema pré-consciente-consciente; do ponto de 
vista dinâmico, a psicanálise procura basear a intervenção do princípio de 
realidade num certo tipo de energia pulsional que estaria mais especialmente a 
serviço do ego. 
 
O princípio de realidade surge como uma necessidade do psiquismo de 
descarregar a tensão pulsional não de uma maneira alucinatória, mas a partir 
das condições que o mundo oferece. Assim, já não se representa o que é 
agradável, mas sim o que é real, mesmo que seja desagradável. O princípio de 
realidade sucede o princípio de prazer, contudo, o princípio de prazer não 
desaparece, só se torna o oposto do princípio de realidade. 
 
O princípio de prazer é o campo das atividades psíquicas, entregue as 
fantasias inconscientes. Já o princípio de realidade corresponde a obtenção de 
satisfação no plano da realidade. Cabe ao ego mediar e garantir a supremacia 
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do princípio de realidade sobre o princípio de prazer. Nas palavras de Freud: 
“[o ego] consegue discernir se a tentativa de obter satisfação deve ser efetuada 
ou adiada, ou se a reivindicação da pulsão não deverá ser pura e 
simplesmente reprimida como perigosa.” 
 
 
 
Complexo de Édipo 
 
O termo Complexo de Édipo criado por Freud e inspirado na tragédia grega 
Édipo Rei designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que o menino 
enquanto ainda criança experimenta com relação a sua mãe. O fenômeno 
psíquico também ocorre nas meninas com relação ao pai, mas a este se dá o 
nome de Complexo de Electra. 
 
Freud baseou-se na tragédia de Sófocles (496–406 a.C.), Édipo Rei, uma 
trilogia que trata, em partes, da vida de Édipo. 
 
Produções modernas da peça de Sófocles estavam sendo encenadas em Paris 
e Viena, no século 19 e tiveram um sucesso fenomenal na década de 1880 e 
1890. O psiquiatra austríaco Sigmund Freud em seu livro A Interpretação dos 
Sonhos publicado pela primeira vez em 1899, propôs que um desejo edipiano é 
um fenômeno universal psicológico inato (filogenético) dos seres humanos e a 
causa de grande culpa inconsciente.:89 Ele baseou isso em sua análise de 
seus sentimentos ao assistir à peça, suas observações casuais de crianças 
neuróticas ou normais e no fato de que a peça Édipo Rei teve sucesso em 
ambos os públicos, antigo e moderno; ele também afirmou que a peça Hamlet 
fora eficaz pelo mesmo motivo. 
 
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Freud descreveu Édipo como segue: 
 
Seu destino nos move apenas porque poderia ter sido o nosso - porque o 
oráculo lançou a mesma maldição sobre nós antes do nosso nascimento, como 
sobre ele. É o destino de todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso 
sexual para nossa mãe e nosso primeiro ódio e nosso primeiro desejo 
assassino contra nosso pai. Nossos sonhos nos convencem de que isso é 
assim. 
 
Na teoria clássica da psicanálise, o complexo de Édipo ocorre durante o 
estágio fálico do desenvolvimento psicossexual (a idade de 3 até 6 anos), 
quando ocorre também a formação da libido e do ego; no entanto, pode se 
manifestar em idade mais precoce. 
 
O infantilismo psicossexual - Apesar da mãe ser o parente que gratifica 
principalmente os desejos da criança, a criança começa a formar uma 
identidade discreta sexual - "menino", "menina" - que altera a dinâmica do 
relacionamento entre pais e filhos; os pais tornam-se objetos de energia 
libidinal infantil. O menino dirige sua libido (desejo sexual) para a sua mãe, e 
direciona o ciúme e a rivalidade emocional contra seu pai - porque é o que 
dorme com a mãe. Além disso, para facilitar a união com a mãe, o Id do 
menino quer matar o pai (como fez Édipo), mas o ego pragmático, baseado no 
princípio da realidade, sabe que o pai é o mais forte entre os dois homens que 
competem a posse da mulher. No entanto, o menino permanece ambivalente 
sobre o lugar do pai na família, o que se manifesta como o medo da castração 
pelo pai fisicamente maior; o medo é uma manifestação irracional e 
inconsciente do ID infantil. 
 
A defesa psicológica - em ambos os sexos, o mecanismo de defesa fornece 
resoluções transitórias do conflito entre as motivações do ID e as motivações 
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do ego. O primeiro mecanismo de defesa é a repressão, o bloqueio de 
memórias, os impulsos emocionais e as ideias da mente consciente; mas a sua 
ação não resolvero conflito ID-Ego. O segundo mecanismo de defesa é a 
identificação, pelo qual a criança incorpora, ao seu (super)ego, as 
características de personalidade do pai do mesmo sexo; no que se adaptar, o 
menino diminui sua ansiedade de castração, porque a sua semelhança com o 
pai o protege da ira do pai na sua rivalidade materna; ao se adaptar, a menina 
facilita a identificação com a mãe, que entende que, sendo do sexo feminino, 
nenhuma delas possui um pênis, e, portanto, não são antagonistas. 
 
A personalidade e seu desenvolvimento 
 
Para Freud, os estágios do desenvolvimento da personalidade têm a ver com 
os estágios da libido, ou da pulsão de vida, ou pelo menos com a forma com 
que a psique lida com a sexualidade. 
Falando-se de forma bem sintética, podemos dizer que a personalidade se 
desenvolve em resposta a três principais fontes de tensão: 
 
1. Processos fisiológicos do crescimento; 
2. Frustrações externas aos impulsos; e 
3. Conflitos internos entre forças dinâmicas. 
 
Tais fontes constituem as ameaças do Ego infantil, contra o qual a criança tem 
de desenvolver os meios necessários para alcançar a redução destas tensões 
que se caracterizam por serem recorrentes, o que, ao final, resultam no 
processo, de desenvolvimento da personalidade. 
 
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O desenvolvimento da personalidade dá-se em estágios, que para fins 
didáticos, dividiremos em pré-edipiano, edipiano, de latência, da puberdade e 
início da Adolescência, Adolescência final. 
 
O Estágio Pré-Edipiano 
 
É o estágio que vai do zero até quatro anos. Dentro dele se encontram as fases 
oral, anal e fálica. 
 
Fases da Libido 
 
A libido é a energia afetiva original que sofrerá progressivas organizações 
durante o desenvolvimento cada uma das quais suportada por uma 
organização biológica emergente no período. Cada nova organização da libido, 
apoiada numa zona erógena corporal, caracteriza uma fase de 
desenvolvimento. Podemos definir uma fase de desenvolvimento como “a 
organização da libido, em torno de uma zona erógena, dando uma fantasia 
básica e uma modalidade de relação de objeto”. 
 
A libido é, portanto, uma energia voltada para obtenção de prazer. Nesse 
sentido que a definimos como uma energia sexual, num sentido amplo, e que 
caracterizaremos cada fase de desenvolvimento infantil como uma etapa 
psicossexual de desenvolvimento. Estamos especificando que a sexualidade 
não é vista pela Psicanálise em seu sentido restrito usual, mas abarca a 
evolução de todas as ligações afetivas estabelecidas desde o nascimento até a 
sexualidade genital adulta. Por definição todo vínculo de prazer é erótico ou 
sexual. Ao organizar-se progressivamente em torno de zonas erógenas 
definidas, libido caracterizará três fases de desenvolvimento infantil: a fase oral, 
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a fase anal e fase fálica, um período intermediário sem novas organizações, o 
período de latência, e uma fase final de organização adulta, a fase genital. Para 
a compreensão do processo apresentaremos um relato descritivo das fases de 
desenvolvimento propostas por Freud. Isto nos ajudará a caracterizar os 
momentos evolutivos de um desenvolvimento normal. 
 
Fase oral (0 até 1-2 anos) 
 
Nesta fase, o interesse primário do infante está concentrado em sua boca e o 
que ele pode realizar, assim, o levar tudo à boca e o sugar, adquirem a maior 
importância. Um pouco mais, quando já dispõe de dentes, o morder também 
passa a ter uma grande expressão. 
 
Os sons e os movimentos da boca passam a ser altamente gratificantes, como 
cuspir, balbuciar, babar. Há também, um desejo de colocar tudo na boca. 
 
Nesta fase os objetos (as pessoas), não são, inicialmente reconhecidos e o 
seio é o objeto desejado (que dizemos ser um objeto parcial, vez que a mãe 
não é como pessoa). 
 
O infante é narcisista e os prazeres são auto-eróticos. Ele se considera o 
centro do mundo, para aprender, mais tarde, que não é tudo, que o seio é 
separado dele e que está na mãe e que pode ser removido, mesmo que ele 
não queira que isso aconteça. Mais tarde ainda, descobre a custa de muitas 
frustrações, que o mundo não está sob seu controle. 
 
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Das experiências citadas, o indivíduo aprende que as limitações do seu próprio 
corpo e que é uma entidade completamente separada, surgindo, então, com o 
conceito de entidade separada, o ego original, que é, diz-se, um ego-corpo. 
 
São da fase oral os elementos básicos de muitos impulsos parciais, que 
poderão se manifestar em uma fase qualquer, inclusive na adulta, como o 
beber, o falar, o comer em excesso; o agredir com palavras, (correspondendo 
ao morder), como xingar, humilhar com palavras, fazer gozações, ser 
sarcástico; ser passivamente protegido (o mesmo que ser alimentado como 
uma criança); engolir uma pessoa, que é o mesmo que devorar alguma coisa. 
O oposto também presume um caráter oral: a frugalidade no comer, 
correspondendo à relutância em falar. 
 
Fase anal (1 até 3 anos). 
 
Nesta fase, as energias libidinais centralizam-se na retenção a expulsão das 
fezes e muita atenção é direcionada ao controle do esfíncter anal (treinamento 
higiênico) e neste ato, estão envolvidos um grande prazer e um marcante 
sentimento de realização. 
 
Constituem, também, experiências gratificantes, controlar seu próprio corpo e 
os pais, agradando-os, aborrecendo-os ou preocupando-os, por meio do 
controle do esfíncter. Aliás, as raízes da ulterior conduta obsessiva-compulsiva, 
em que há muito de refrear, controlar, liberar, relacionam-se, diretamente, com 
as ações que caracterizam, a fase anal. Do mesmo modo a capacidade de 
sujar alguém e de, com isso, sentir um grande prazer. 
 
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Nesta fase manifesta-se, também, o fenômeno que poderá vir à caracterizar 
alguém: a ambivalência, que é a simultaneidade de sentimentos antagônicos 
(amor e ódio), correspondendo ao forte desejo de reter e expelir fezes. 
 
É uma fase de desenvolvimento, também, narcisista e auto-erótica. 
 
O VALOR SIMBÓLICO DOS ANAIS 
 
Dentre os produtos que a criança elabora, as fezes assumem um lugar central 
na fantasia infantil. São objetos que vêm de dentro do próprio corpo, que são 
de certa forma, partes da própria criança. São objeto que geram prazer ao 
serem produzidos. Durante o treino de esfíncteres, as fezes são dadas aos pais 
como prendas ou recompensas. Se o ambiente é hostil, são recusadas. A nós 
adultos, pode parecer ingênuo enfatizar tanto o valor psicológico das fezes. 
Pois bem, observaremos uma mãe ensinando a criança a utilizar o “troninho” 
ela elogia o esforço da criança, incentiva, torce para que ela consiga e, quando 
o produto finalmente vem, é recebido com honrarias; canta-se “parabéns” e 
“pique-pique” para cocô. Todo este processo é vivido por nós como 
absolutamente normal. 
 
Quando o desenvolvimento é normal, ou seja, quando a criança ama, sente 
que é amada pelos pais, cada elemento que a criança produz é sentido como 
bem valorizado. O sentimento básico que fica estabelecido a levará em todas 
as etapas posteriores da vida, sentir que ela é adequada e que seus produtos 
são bons; portanto estará sempre livre e estimulada a produzir. Temos visto 
vários livros correlacionando fase analcom capacidade artística. Isto é só uma 
parte do processo. Sentimento de que o que produzimos é bom é necessário 
para todas as relações produtivas que estabelecemos com o mundo. 
Produzimos no trabalho, e temos de sentir que nosso produto é bom, 
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produzimos filho e temos de sentir que nosso produto é bom. Só poderemos 
criar se houver um sentimento interior de que nossos produtos são bons. 
 
É um processo anormal a criança por coisas no mundo, como também é 
normal discriminar quando e para quem dá seus produtos, mas pode ocorrer 
que as relações de angústia predominem sobre as relações de amor os 
primeiros produtos infantis não são mais objetos de valor, mas se constituem 
em armas destrutivas que agridem o mundo toda vez em que são produzidos. 
Por exemplo, em uma mãe neurótica que entra em pânico toda vez que a 
criança suja fraldas ou que por não suportar barulho, obriga a criança ao 
silêncio. Isto concretiza para a criança a fantasia de que seus produtos são 
maus e destrutivos. É uma defesa usual expelir tudo que há em nós e que 
sentimos que é mau. Atiramos então nossos produtos destrutivos no mundo e, 
como depositário de agressões, o mundo se tornará mal e destruidor. A 
projeção dos maus produtos sempre cria um mundo perseguidor. 
 
A paranóia é a primeira filha do fracasso em estabelecer a colocação dos 
produtos infantis do mundo. 
 
A neurose obsessiva é a segunda conseqüência no fracasso do 
desenvolvimento da fase anal. Se os produtos foram projetados numa estrutura 
paranóica, na estrutura obsessiva são retidos e controlados. Se os produtos 
geram angústias “necessito exercer um grande controle sobre o que posso 
liberar e sobre as pessoas para quem liberarei minha produção”. O amor e o 
feto vão progressivamente cedendo terreno à temática do controle e da 
organização, até que um mundo, que deveria ser estruturado sobre o afeto, 
seja substituído por um mundo frio e formal. O obsessivo torna-se afetivamente 
desativado, roboriza-se nas ritualizações frias e formais e torna-se incapaz de 
criar. 
 
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Fase fálica (3 até 5 anos). 
 
Nesta fase o pênis ou o clitóris entram no foco das energias libidinais. Os 
meninos se divertem com a capacidade de direcionar o jato de urina, sentem 
prazer no toque no membro e se interessam pelo fato de as meninas não o 
possuírem. Ai se encontra a raiz da preocupação com a força, com a 
competição, com o poder, com o desejo de ser maior, mais poderoso, mais 
importante. 
 
A fase fálica é, inicialmente, auto-erótica, mas, gradualmente, o interesse se 
desvia para o genitor do sexo oposto. 
 
O estágio edipiano 
 
É o estágio que vai dos 03 – 04 anos até 06 – 07 anos. É, também, o mais 
importante do desenvolvimento da personalidade. É, nele que a criança 
desenvolve um grande interesse pelo genitor do sexo oposto e 
consequentemente, um forte sentimento de rivalidade em relação ao genitor do 
mesmo sexo, com o desejo de deslocar este. 
 
Durante este tempo, a criança aprende que seus desejos sexuais são 
proibidos, apresentando sentimentos de amor e ódio em relação ao genitor do 
mesmo sexo. Isso leva a sentimentos de ansiedade e culpa, bem como de 
medo de punição pelo crime. 
 
Nos meninos, essa fantasia (grandemente inconsciente), toma a forma de 
medo de castração. Nas meninas, há o medo de uma mutilação genital, o que 
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seria um agravamento, num ser que já se sente inferiorizada a vista do fato de 
não possuir pênis. 
 
Posteriormente a mulher desenvolve o que Freud chamou de inveja do pênis, 
que se manifesta como um desgosto pelos privilégios masculinos, podendo, 
parcialmente, explicar a tendência evidenciada por algumas mulheres em 
competirem com os homens, quanto ao posicionamento social e quanto as 
oportunidades de dirigir instituições, de exercer liderança. 
 
A história de Édipo 
 
Um oráculo anunciou a Laio, rei de Tebas e a rainha Jocasta, que seu próprio 
filho o mataria e se casaria com a mãe. 
 
O rei, assustado, ordenou que levassem o filho, Édipo, para longe da cidade. O 
menino foi criado por outro rei, cresceu forte e sábio, até que um dia encontrou 
um homem em uma estrada, teve com ele uma briga e o matou. Era seu pai. 
 
Édipo chega a Tebas, a cidade se encontra ameaçada por um monstro, a 
esfinge, que devora todo aquele que não consegue resolver seus enigmas. 
Qual é o animal que tem 4 (quatro) pés ao amanhecer, 2 (dois) ao meio-dia e 3 
(três) ao anoitecer?. Édipo responde – O homem, em cuja infância engatinha, 
anda ereto, sobre dois pés, na maturidade e ao envelhecer toma a ajuda de 
uma bengala. 
 
A esfinge é derrotada e se joga no mar. Édipo torna-se rei de Tebas e se casa 
com a rainha Jocasta, sem saber que se tratava de sua própria mãe. Tiveram 
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filhos e foram felizes, até que descobriram a verdade e a tragédia se 
consumou. Édipo fura seus olhos e Jocasta se enforca. 
 
A formação do superego 
 
A intensidade do medo de castração torna-se tão intensa e intolerável, que a 
criança é obrigada a render-se ante um ritual muito poderoso e a desistir dos 
seus desejos em relação ao genitor do mesmo sexo e sexual em relação ao do 
sexo oposto, a criança identifica-se com partes de cada genitor, tornando-as 
parte de si mesma, parte essa, que vai formar o Superego da criança. 
 
Como Superego, tem-se que é o que a criança internaliza, tomando de cada 
genitor, desde que seja classificado como valor moral e como ideal. Uma 
porção do Superego será a parte que estabelece o que seja certo ou errado. A 
outra parte, que é o chamado Ego-Ideal, é composto pelas características 
elevadas que todos devem portar, para se tornar digno dos elogios e da 
aprovação geral. O Superego é, principalmente, uma parte inconsciente da 
psiquê. 
 
O conflito edipiano: a resolução 
 
Tanto na resolução do conflito edipiano, quanto na formação do Superego, no 
menino, dá-se algo fomo se fora o seguinte quadro: não há como eu ter minha 
mãe só para mim, mas eu posso fazer com que uma parte dela (no caso os 
ideais, as inclinações, os critérios de julgamento) se torne parte de mim, assim 
sendo, eu a possuirei de um modo seguro. 
 
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Do meu pai, a quem amo e odeio (e por isso mesmo temo), não posso me 
livrar, mas para que ele não mais me venha a castrar, eu vou me tornar como 
ele (adotando partes dos seus princípios morais e valores) e aí então ele 
gostará de mim e não será mais perigoso para mim. 
 
Vejamos, agora, como a coisa se dá em relação às meninas. A atração da 
menina pelo pai é, também, denominada de edipiana (os Junguianos dizem 
Complexo de Electra, nós nunca). 
 
A resolução da situação é muito mais complexa para a menina do que para o 
menino, pois este, a despeito de ter de desistir de sua ligação com a mãe, 
normalmente, quando maduro, vem a contrair uma ligação com uma mãe, 
substituta, a esposa. Já a menina, que começa ligada à mãe, sente-se atraída 
pelo pai na fase edipiana, odeia a mãe, quer ter o pai só para si, mas acaba por 
desistir, compensando-se com o propósito de vir a ter um homem seu. Mas 
acontece que uma mulher sadia, não é capaz,como o homem, de encontrar 
substituição para a ligação infantil, pelo que, é levada a compensar-se 
propondo-se ela mesma a vir ter um filho, tornar-se mãe e assim realizar uma 
satisfatória relação mãe-filho. 
 
Não sendo o período edipiano satisfatoriamente resolvido, podem ocorrer 
algumas variações de alterações afetivas: 
 
1. A excessiva identificação com o genitor do sexo oposto, pode estar 
associada ao desenvolvimento de características femininas (homossexuais) 
no menino, ou mesmo nas meninas. 
 
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2. O medo do genitor do sexo oposto, pode prejudicar a capacidade 
individual em lidar com pessoas deste sexo em fase ulterior da vida. 
 
3. Um estágio edipiano parcialmente solucionado, pode resultar num 
superego mal formado ou mesmo deficiente, o qual pode vir a ser 
determinante de alterações sociopáticas do caráter e das neuroses. 
 
• Até onde se sabe, parece que mesmo as psicoses, podem provir de 
problemas edipianos precoces. 
 
Causas de uma solução não satisfatória do Estágio 
Edipiano 
 
1. Acesso ao período edipiano com conflitos na fase oral, anal ou fálica, que 
são do período pré-edipiano, trazendo para o período novo, alguém sem 
energia suficiente para enfrentar as novas circunstâncias; 
 
2. A ausência de um dos genitores (sem, também, haver um substituto à 
altura), devido a divórcio ou qualquer outro tipo de separação. 
 
3. Severa psicopatologia da parte de um dos genitores, dos tipos, por 
exemplo, ser um deles excessivamente sedutor, ou cruel, ou ameaçador, ou 
daquele que vive a rejeitar, ou inconsciente, ou inseguro, ou em constantes 
transformações, ou frio, etc. 
 
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4. Severos defeitos do Superego, como um pai efeminado, poderá vir a ser 
determinante de uma confusa identificação com tal genitor, que pode resultar 
numa formação superegoica instável, inconsciente e não-razoável. 
 
• Ao fim do Estágio Edipiano, instala-se o princípio do que Freud chamou de 
fase genital, em que o interesse primário passa a ser a experiência genital, 
isto é, a tendência em vir a unir os órgãos genitais com o sexo oposto: é a 
atração direcionada à outra pessoa, um redirecionamento objetal, que 
significa a ultrapassagem da fase auto-erótica, como até então, o era, na 
última fase, fálica. 
 
O período de latência 
 
Este é o período que vai dos 7 – 12 até aos 14 anos. A característica desta 
fase é a repressão das fantasias e das atividades sexuais. 
 
As mães costumam relatar uma às outras, que a partir dos 7, as crianças, 
especialmente os meninos ficam mais mansinhos. Na verdade o que ocorre é 
que elas, as crianças, acessam a um período de aquiescência sexual. 
 
Com a representação do Édipo, a energia da libido fica temporariamente 
deslocada dos seus objetivos sexuais. Dizemos que houve de início a 
repressão da energia sexual. Como esta energia é permanentemente gerada, 
ela não pode ser simplesmente eliminada ou reprimida. É preciso que ela seja 
canalizada para outras finalidades, estando os fins eróticos vedados, ela é 
canalizada para o desenvolvimento intelectual e social da criança. A este 
processo, canalizar uma energia inicialmente sexual em uma energia 
mobilizadora chamamos de realizações socialmente produtivas de sublimação. 
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Ao período que sucede a fase fálica, chamamos de período de latência. O 
período de latência caracteriza-se pela canalização das energias sexuais para 
o desenvolvimento social, através das sublimações. O período de latência não 
é portanto, uma fase: não há nova organização de zona erógena, não há nova 
organização de fantasias básicas e nem novas modalidades de relações 
objetais. 
 
É um período intermediário entre genitalidade infantil (fase fálica) e a adulta 
(fase genital). A sexualidade, permanece reprimida durante este período, 
aguarda a eclosão da puberdade para ressurgir. Enquanto a sexualidade 
permanece dormente, as grandes conquistas da etapa situar-se-ão nas 
realizações intelectuais e na socialização. 
 
Puberdade e início da adolescência 
 
(período que vai dos 12 – 15 até os 18 anos). 
 
Começa, de forma súdita uma atividade endocrinológica intensa no organismo, 
que vai resultar numa exacerbação da libido. É a partir daí, que o indivíduo 
retoma, de forma muito acelerada, as fases do desenvolvimento sexual, já que 
vem de sair da aquiescência que caracteriza o Período de Latência, que, na 
realidade, foi uma interrupção do desenvolvimento sexual intenso 
experimentado durante os estágios pré-edipiano e edipiano. 
 
Observa-se nesta fase uma tendência para uma reedição dos impulsos orais, 
anais e fálicos e um misto de interesse sexual e de conflitos com os pais, como 
na fase edipiana. 
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Adolescência final e adulto jovem 
 
Neste período, a partir dos 16 – 18 anos e pelo resto da vida, podem ser 
observados os chamados pontos de fixação, que são correspondentes às fases 
não solucionadas, ou pelo menos não satisfatoriamente solucionadas, que 
determinam a existência de um indivíduo adulto, que passa um quadro de 
imaturidade em algumas áreas do seu caráter, de sua identificação sexual, de 
seu equilíbrio afetivo, suas tendências a regredir ante o stress, sua 
incapacidade de formar um relacionamento estável, suas eleições sexuais (não 
somente as homossexuais em qualquer grau) e pelas evidentes indicações de 
eclosão de um comportamento neurótico. 
 
Fase Genital 
 
Ao perguntarem a Freud, em sua velhice – quando já tinha realizado 
praticamente toda sua obra pessoal – como definiria um homem adulto normal, 
ele respondeu apenas que o homem era aquele que é capaz de “amar e 
trabalhar”. 
 
Alcançar a fase genital constitui, para Psicanálise, atingir o pleno 
desenvolvimento do adulto normal. É ser o homem que começou a surgir 
quando a criança vai progressivamente introjetando e elaborando o mundo. As 
adaptações biológicas e psicológicas foram realizadas. Aprendeu a amar e a 
competir. Discriminou seu papel sexual. Desenvolveu-se intelectual e 
socialmente. Agora é a hora das realizações. É capaz de amar num sentido 
genital amplo. É capaz de definir um vínculo heterossexual significativo e 
duradouro. Sua capacidade orgástica é plena, e o prazer dela oriundo será 
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componente fundamental de sua capacidade de amar. A perturbação na 
capacidade orgástica é uma tônica dos neuróticos. O indivíduo normal não só 
se realizará na genitalidade específica, como o fará num sentido amplo. A 
perpetuação da vida é a finalidade última da pessoa. Procriará e os filhos serão 
fontes de prazer, sublimará e como frutos paralelos, serão capazes de 
trabalhar e produzir. 
 
Produzir é, num sentido amplo, sublimação do gerar. A obra social é devida da 
genitalidade, estabelecer filiações significativas com profissões, partidos 
políticos, ideologias religiosas, correntes estéticas, são sublimações da sua 
capacidade de amar, de estabelecer um vínculo maduro nas relações naturais 
homem mulher. 
 
Fixação e Regressão 
 
No tópico há referências a estes pontos, que, por serem importantes, merecem 
comentários. 
 
As dificuldades que podemconduzir ao quadro de fixação são, geralmente, 
desencadeadas por: 
 
1. Uma severa frustração ocorrida numa fase anterior: um desmame 
precoce, por exemplo; 
 
2. Uma super gratificação: o uso excessivo e prolongado de amamentação, 
de uso de mamadeiras, chupetas, de chupar dedos, de tolerância ao não 
comprimento de hábitos higiênicos, etc; 
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3. De acentuadas diferenças comportamentais entre os pais, durante o 
período de treinamento da evacuação, muito particularmente quando tudo é 
feito de forma que haja urgentes esforços para se alcançar resultados, 
seguidos de total relaxamento, ou então o do tipo agora a coisa é com você, 
em não me meto mais nisso... 
 
Quanto à regressão, define-se como um retorno à conduta característica de 
uma fase anterior (mas não, necessariamente, a imediatamente anterior), ante 
um eventual enfrentamento de uma situação estressante. Seria o caso de um 
menino, já pelos seus 6, 7 anos, treinado com sucesso nos hábitos higiênicos, 
voltar a urinar na cama, ou nas calças, o que marcaria uma regressão à fase 
anal. 
 
O interessante, porém, é que o simples fato de haver uma regressão, significa 
que há um ponto de fixação, no mínimo parcial, que levou o menino a regredir 
ao anal, especificamente e não ao oral, por exemplo. 
 
Para explicar o quadro de regressão, Freud apresentou uma analogia bastante 
didática: 
 
Suponhamos que um exército avance, dispondo de uma tropa composta por 
um bom número de soldados. À medida que avance, vai conquistando cidades 
e para dominá-las, o comandante vai deixando parcelas da tropa em cada 
ponto que capturou. 
 
O número de soldados ocupantes da posição variará em função da maior ou 
menor dificuldade encontrada na conquista da cidade. Assim, quanto maior a 
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oposição, maior será o número de soldados que deixará para trás (em termos 
psicanalíticos, estão aí os pontos de fixação). 
 
O fato porém, é que mesmo sendo um sucesso o avanço, por ser coroado de 
êxitos, ao chegar ao fim da campanha, a tropa inicial já estará bastante 
desfalcada, pelo que, ante uma eventual batalha em que tenha 
inesperadamente de se empenhar, quando já parecia que todos os seus 
problemas haviam terminado, o comandante não terá alternativa, senão recuar 
(em termos psicanalíticos, está aí a regressão) e recuar para onde deixou um 
maior número de soldados, que, por sua vez, será sempre o lugar que 
conquistou em função de grandes dificuldades com que se deparou. 
 
Em termos psicanalíticos, a tropa corresponde à energia psíquica que se 
despende no enfrentamento das situações que possam significar dificuldades. 
 
Mecanismos de Defesa 
 
Chamamos de mecanismo de defesa os diversos tipos de processos psíquicos. 
Cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da 
percepção consciente. Os mecanismos de defesa são funções do Ego e, por 
definição, inconsciente. Como sede da angústia, ele é mobilizado diante de um 
sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que 
impedirão a vivência de fatos dolorosos, os quis o organismo não está pronto 
para suportar. Por situar-se em parte no inconsciente, poderá mobilizar 
mecanismos inconscientes, que não serão percebidos pelo sujeito. Nem será 
percebido o evento doloroso, tampouco o mecanismo que o reprimiu. O 
conceito de mecanismo de defesa surge nos trabalhos de Freud e é 
desenvolvido principalmente por sua filha, Ana Freud em O Ego e os 
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Mecanismos de Defesa. Daremos agora uma relação dos principais 
mecanismos de defesa. 
 
Faremos agora uma relação dos principais mecanismos de defesa 
 
Sublimação 
 
“As defesas bem sucedidas podem colocar-se sob o título de sublimação 
expressão que não designa mecanismo específico; vários mecanismos podem 
usar-se nas defesas bem sucedidas” (Fenichel, p. 131). Uyratan de Carvalho 
considera a sublimação como meio de mecanismo de defesa, define: “é a 
transformação de energias psíquicas infantis em atividades social e 
culturalmente aprovados”. Para exemplificar, tomemos a vida celibatária do 
padre que por se privar do ato sexual goza de elevados respeito e estima. 
 
Considerado como mecanismo mais eficaz e é característico do indivíduo 
normal. Os desejos afetivos, que consideramos sexuais em sentido amplo, 
quando não podem ser literalmente realizados, são canalizados pelo ego para 
serem satisfeitos em atividades simbolicamente similares e socialmente 
produtivas. 
 
Caracteriza-se a sublimação: 
 
A) Inibição do objetivo; 
B) Desexualização; 
C) Absorção completa de um instinto nas respectivas seqüelas; 
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D) Alteração dentro do ego. 
 
Todas estas qualidades também são vistas nos resultados de umas tantas 
identificações; qual seja, no processo de formação do superego. 
 
Negação 
 
Processo pelo qual o sujeito embora formulando um dos seus desejos, 
pensamentos ou sentimentos até então recalcado, continua a defender-se dele 
negando que lhe pertença. 
 
Importante mecanismo de defesa da que tem a capacidade de negar partes da 
realidade desagradável ou indesejável; quer por meio de uma fantasia de 
satisfação de desejos, ou pelo comportamento. Anna Freud em 1836 
denominou este comportamento com “pré-estágios da defesa”. Ela empregou 
esta palavra para se referir à negação de uma parte da realidade externa 
desagradável ou indesejável, que por meio de uma fantasia de satisfação de 
desejos quer pelo comportamento. Deve-se lembrar que toda tentativa de 
negação que ocorre após o desenvolvimento tem adversárias nas funções do 
ego de percepção e memória, pois o organismo naturalmente abandona as 
reproduções das experiências dolorosas e suas respectivas recordações bem 
como, simples negação. 
 
A tendência à negação é maior quando o ego é fraco. Na fase da infância é de 
importância maior e consiste em negar eficazmente a verdade através do jogo 
e da fantasia. Na fase adulta é de menor importância e consiste em aliviar por 
algum tempo os encargos da realidade. Porém, se estiver diante de psicoses, 
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(função do juízo transtornada) este mecanismo de defesa torna-se superior e 
importante. 
 
 
Regressão 
 
É o processo psíquico em que o ego recua fugindo de situações conflitivas 
atuais, para o estágio anterior. É o caso em que o indivíduo depois de várias 
frustrações na área sexual, afim de obter satisfações, regride à fase oral, 
passando a ser um comedor compulsivo. Portanto, regressão é voltar a níveis 
anteriores de desenvolvimento, em geral se caracterizam por respostas menos 
maduras, diante de uma frustração evolutiva. Por exemplo, com o nascimento 
de um irmão menor, a criança mais velha não suporta a frustração de ser 
passada para segundo plano. Como defesa, enfatiza-se volta à chupeta, à 
linguagem infantil, urina na cama, etc. No adulto, volta a um modelo infantil 
onde se sentia mais feliz. 
 
Projeção 
 
Tipo de defesa primitiva e quando surge pela primeira vez é difícil de 
estabelecer. Provavelmente é uma das funções psíquicas mais primitivas. Em 
Psicanálise é a operação pela qual o sujeito expulsa

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