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2º petição EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE-CE
José Percival da Silva, vulgo Zé da farmácia, brasileiro, casado, inscrito no CPF n°..., portador da cédula de identidade Nº..., expedida pelo..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., no município de Conceição do Agreste-CE, vem por meio de seu advogado que ao final subscreve, respeitosamente, perante vossa excelência, apresentar a DEFESA PRELIMINAR, com fulcro no artigo 514 do Código de processo Penal, pelas razões expostas.
DOS FATOS
O acusado Zé da farmácia, foi denunciado como incurso que se acha comprometido nas penas dos artigos 288 e 317 do Código Penal, associação criminosa e corrupção passiva, porque diante a denuncia da testemunha Paulo Matos ao delegado Dr. João Rajão, onde fora exigido a ele o pagamento de uma determinada quantia de três vereadores membros da comissão de finanças e contratos da Câmara de vereadores do município de Conceição do Agreste-CE, Zé da farmácia na qualidade de presidente da câmara de vereadores do município de conceição do Agreste-CE, foi assistir a sessão da comissão de finanças e contratos da câmara no dia da prisão em flagrante realizada pela policia e mesmo sem ter ciência dos fatos, só por estar presente no plenário da câmara no momento da operação policial, foi preso em flagrante delito e acusado de tais crimes, a peça essencial formulada pelo ilustre representante do ministério público, narra que os denunciados na liderança do Zé da farmácia, valendo-se da qualidade de vereadores do município, se associaram em unidade de desígnios com o fim específico de cometer crimes.
DO DIREITO
DA INÉPCIA DA ACUSAÇÃO
A denúncia ou queixa serão considerados ineptas quando não preencherem os requisitos da petição inicial previstos no artigo 41 do CPP:
Artigo 41- a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimento pelos quais se possa identifica-lo, a classificação do crime e quando necessário o rol das testemunhas, a peça acusatória deverá ser apresentada contendo o máximo de informações possíveis sobre os fatos apurados e ainda havendo mais de um acusado, é obrigatório que a acusação, na petição inicial, individualize a conduta de cada um deles, afinal a não especificação da adequação típica de participação de cada um dos acusados em relação ao respectivo crime, pormenorizando e subordinando sua conduta ao tipo penal, inviabiliza por completo o correto e necessário exercício defensivo do mesmo, assim denúncias ou queixas genéricas são ineptas.
Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
STF- EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA.ESTADO DE DIREITO.DIREITOS FUNDAMENTAIS.PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.REQUISITOS DO ARTIGO 41 DO CPP NÃO PREENCHIDOS. 1- A técnica da denúncia (artigo 41 do Código de Processo Penal) tem merecido reflexão no plano da dogmática constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Precedentes. 2- Denúncias genéricas que não descrevem os fatos na sua devida conformação não se coadunam com os postulados básicos do Estado de direito. 3-violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Não é difícil perceber os danos que a mera existência de uma ação penal impõe ao indivíduo. Necessidade de rigor e prudência daqueles que podem decidir sobre o seu curso. 4- Ordem deferida por maioria para trancar a ação penal. (HC 84409, Relator(a) Min. Joaquim Barbosa, Relator(a) para acórdão: Min. Gilmar Mendes, segunda turma, julgado em 14/12/2004, DJ 19-08-2005 PP-00057 EMENT VOL-02201-2 PP-00290 RTJ VOL-00195-01 PP-00126).
Logo fica clara a inépcia da acusação pois as condutas dos acusados não restaram individualizadas ficando dificultosa propiciar o devido exercício da ampla defesa do contraditório.
Outro ponto é a justa causa que é uma dos elementos da ação penal que constitui uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar, caracteriza-se por dois fatores: - A existência de indícios suficientes de autoria e materialidade, ou seja, deve a petição inicial trazer elementos probatórios mínimos que justifiquem a admissão do processo. Na peça da acusação não há narrativa fática de qualquer indício de autoria do acusado para qualquer um dos crimes que lhe são imputados.
II- DA SUPOSTA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
A conduta prevista no artigo 288 do Código Penal dispõe:
Art. 288. Associarem-se 3 ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Pena- Reclusão de 1(um) a 3(três) anos. A lei 12.850 deu nova redação ao artigo 288 do Código Penal, inseriu-se a expressão\u201cfim específico\u201d apenas para sinalizar o caráter de estabilidade e durabilidade da referida associação, distinguindo-a do concurso de pessoas para o cometimento de um só delito, quem se associa(pelo menos três agentes) para fim específico de praticar crimes( no plural, o que demostra a ideia de durabilidade). Logo faltam indícios de materialidade, uma vez que não há a configuração do tipo penal para não ser confundido com o concurso de pessoas.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, nos termos da resposta preliminar, pugna o defendente pela rejeição da denúncia, seja por sua inépcia, seja pela falta de materialidade do crime previsto no artigo 288 no Código Penal, seja pela inexistência de crime.
Conceição do Agreste, 20 de setembro de 2020.
 Advogado
 OAB/CE

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