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53 Materiais como componentes de custos Introdução Os custos devem refletir a empresa e, dessa maneira, quanto mais estru- turada ela for, melhores serão os resultados obtidos. Hoje, o administrador apura custos para atingir dois objetivos: atender às normas e exigências legais, tanto societárias como tribu- tárias; conhecer os custos para a tomada correta de decisões e exercer o controle. Um dos aspectos mais complexos para o administrador prende-se à apu- ração e determinação dos custos dos materiais que permanecem nos esto- ques, não só por ser um ativo significativo, mas também pelo fato de que sua determinação por um ou outro valor tem reflexo direto na apuração do resultado do exercício. Para o correto entendimento dos custos relativos a materiais, o capítulo descreve, inicialmente, o processo de fabricação com a finalidade de demonstrar os elementos que compõem o custo dos materiais. Materiais são classificados no ativo de uma empresa. Decorre, em conse- quência, a necessidade de estabelecer critérios de avaliação dos materiais. Esses materiais podem estar em seu estado natural, ou compondo os pro- dutos que estão em elaboração ou, ainda, agregados aos produtos acaba- dos. Por isso, o capítulo apresenta os critérios de avaliação dos estoques. Processo de fabricação Processo de fabricação compreende as atividades, tarefas, etapas ou fases necessárias para a obtenção dos produtos, incluindo todas as ativida- des operacionais através dos equipamentos e dos utensílios necessários à Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 54 Materiais como componentes de custos execução das atividades e tarefas. Por exemplo, ao fazer um bolo, a estrutura do produto estará representada pelos ingredientes e o processo de fabrica- ção é o modo de preparar. O processo de fabricação é também denominado roteiro de fabricação, ou seja, o conjunto de roteiros de fabricação representa o processo de fabri- cação de um produto ou parte do produto. A avaliação dos roteiros de fabricação, para uma grande maioria de empresas e produtos, tem como base o tempo despendido em cada um dos processos ou fases de produção. Podemos ter também em alguns casos, como medida de avaliação dos roteiros, o volume processado de matéria- -prima ou do produto. A engenharia da fábrica fornece os dados físicos e quantidades possíveis que são obtidos no sistema de processo de fabricação; o sistema de fabri- cação é totalmente integrado com o sistema de estrutura do produto. Em linhas gerais, cada produto, conjunto, subconjunto, parte ou peça constante da estrutura do pro duto tem associado a ele um roteiro de produção, apre- sentando todos os passos necessários, assim como, tempo para todas as ati- vidades produtivas, sejam de mão de obra direta e dos equipamentos utili- zados nos processos. Dentro de uma cadeia produtiva, um produto fabricado por uma empresa poderá ser matéria-prima para outra empresa. O parafuso, por exemplo, é um produto da siderurgia, porém, matéria-prima para o setor moveleiro. A figura fornece um exemplo completo da cadeia produtiva de um setor têxtil. Do algodão se produz o fio. W ik ip éd ia . W ik ip éd ia . O agricultor utilizando tecnologia (gastos de capital) e trabalho produz algodão. W ik ip éd ia . A economia clássica elege três principais recursos, ou meios de produção: a terra, o capital e o traba- lho. Da terra é extraída a matéria-prima para iniciar o ciclo de produção. D ig ita l J ui ce . Figura 1 – Cadeia produtiva. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 55 Materiais como componentes de custos Para o agricultor, o algodão é um produto, porém, para um fabricante do produto “tecidos” o algodão é uma matéria-prima. Já o tecido é matéria- -prima para o fabricante do produto “jeans”, com se vê na figura 2. Os fios de algodão se transformam em tecido e o tecido em roupa. Is to ck ph ot o. Co re l I m ag e Ba nk . Figura 2 – Confecção de tecido e roupas. Elementos do custo dos materiais O material é um dos fatores básicos na formação do custo de produção, constituindo-se no único elemento concreto que pode ser fisicamente reco- nhecido no produto acabado, uma vez que os demais (mão de obra e indire- tos) nele se incorporam como elementos financeiros. São elementos constitutivos do custo dos materiais aqueles normalmente identificados pela documentação de compra: embalagem, transporte, seguro e impostos não recuperáveis. Pode-se, em decorrência, afirmar que a regra básica é “[...] que todos os gastos incorridos para a colocação do ativo em condições de uso ou em condições de venda incorporam o valor desse mesmo ativo” (MARTINS, 2003, p. 126). Se os impostos forem recuperáveis eles serão deduzidos da aquisição dos materiais para serem lançados em contas específicas relativas a direi- tos a recuperar. A palavra materiais, portanto, envolve qualquer produto diretamente identificável com o novo produto que será elaborado e que se torne parte integrante deste. Algumas definições, se fazem necessárias. Insumos são todos os materiais necessários no processo de produção de bens e serviços. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 56 Materiais como componentes de custos Suprimentos são todos os materiais necessários ao preenchimento das condições de funcionamento das instalações e equipamentos. Produtos são o resultado da transformação de bens e serviços em outros bens e serviços. Mercadorias são bens adquiridos pela empresa, para revenda, sem transformação. Métodos de controle dos inventários Existem dois métodos de controle de inventários: Sistema de custo simplificado – Inventário Periódico. Sistema de custo unitário – Inventário Permanente. Sistema de custo simplificado – Inventário Periódico A fórmula técnica para se obter o custo simplificado é Custo das Mercadorias Vendidas = Mercadorias Disponíveis para a Venda – Estoque Final CMV = MDV – EF Mercadorias Disponíveis para a Venda são: Estoque Inicial + compras + fretes e carretos + seguros + impostos não recuperáveis + transferências de filiais Nesse sistema, a determinação do resultado das operações dependerá sempre do levantamento do valor do estoque existente ao final de determi- nado período. O inventário de mercadorias existentes em estoque no final do exercício, para as empresas que se utilizam do sistema de custo simplificado, será a única informação que se terá para definir o Estoque Final. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 57 Materiais como componentes de custos Será indispensável, portanto, que ele seja um retrato fidelíssimo do saldo real do estoque e deverá, evidentemente, preceder ao levantamento do Balanço Patrimonial. Esse inventário é efetuado através da contagem física dos elementos que compõem o estoque de mercadorias no final de cada período administrativo ou período contábil. Sistema de custo unitário – Inventário Permanente É o sistema que se realiza através do inventário permanente de merca- dorias, ou seja, registrando as mercadorias toda vez que houver entrada e dando baixa da mercadoria toda vez que ela é vendida. Dessa forma, após cada operação de venda e sua contabilização, tem-se tanto a Receita de Vendas como o Custo das Mercadorias Vendidas com seus valores atualizados e acumulados, refletindo o valor exato do estoque. É evidente que, controlando fisicamente os componentes do estoque a cada nova entrada, em decorrência das mutações de preços, haverá também uma alteração no valor daqueles estoques que estiverem registrados. As entradas e as saídas constituem em si mesmas operações distintas que requerem registro e controle eficazes. Os efeitos opostos desse duplo movimento incidem por sua vez sobre os estoques de materiais,imprimindo-lhes uma variação constante. Essa dinâmica impõe à administração a necessidade de manter um registro confiável dos materiais disponíveis, seja para efeito de inventário, seja para a evidência pronta das disponibilidades de atendimentos dos consumos da empresa. Estoques Os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante, ou capital de giro, e da posição financeira da maioria das empresas. Somente com a correta determinação no início e no fim do período contábil é que se consegue apurar adequadamente o lucro do Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 58 Materiais como componentes de custos período. Os estoques estão ligados às principais áreas de operação das empresas e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e principalmente de avaliação. Em uma indústria existem inúmeros itens de estoques. Os usualmente utilizados são os seguintes: Produtos acabados – representam aqueles produtos já terminados e oriundos da própria produção da empresa e disponíveis para venda. Estão estocados na fábrica, em depósitos, em filiais ou ainda com terceiros em consignação. Produtos em elaboração – representam o valor das matérias-primas já requisitadas e que estão em processo de transformação mais os outros custos diretos e indiretos relativos à produção não concluída na data do balanço. Matérias-primas – são constituídas dos materiais mais importantes e essenciais que sofrem transformação no processo produtivo. Nor- malmente representam um valor significativo em relação ao total dos custos de produção. Materiais de acondicionamento e embalagem – referem-se a todos os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou ao seu acondicionamento. Materiais auxiliares – são os materiais que têm como características não terem uma representação significativa no valor global do custo de produção e a dificuldade de ser identificados fisicamente no produto. Materiais de manutenção e suprimentos gerais – são os materiais para manutenção de máquinas, equipamentos, edifícios etc. Importação em andamento – engloba os custos já incorridos, relati- vos a importações em andamento e às próprias mercadorias em trân- sito, quando a condição de compra é FOB (Free On Board), no ponto de embarque, pelo exportador. Adiantamentos a fornecedores – são os adiantamentos financeiros efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados a compras especí- ficas de materiais que serão incorporados aos estoques quando ocor- rer seu efetivo recebimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 59 Materiais como componentes de custos Almoxarifado – engloba todos os itens de estoque de consumo geral, podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de escritório, ou seja, itens que são comprados em grande quantidade e que serão consumidos no decorrer de determinado período. Provisão para redução ao valor de mercado – destina-se a registrar, diminuído os estoques, o valor dos itens de estoques que estiverem a um custo superior ao valor de mercado. Provisão para perdas em estoques – destina-se, também reduzindo seu valor, a registrar as perdas conhecidas e calculadas por estimativa, relativas a estoques morosos ou obsoletos e as diferenças entre a quantidade contabilizada e a existente fisicamente. Podemos também ter materiais indiretos comprados e requisitados para utilização no processo fabril, sem, contudo, fazerem parte do produto, ou seja, não constam da estrutura do produto. São materiais necessários para auxiliar o processo produtivo, tanto para utilização pelo pessoal envolvido nos processos e atividades industriais como para os equipa mentos utilizados nos processos diretos e nas atividades indiretas. Por exemplo, materiais consumidos para conservação e manutenção dos equipamentos, mate- riais consumidos para conservação e manutenção dos imóveis, materiais indiretos consumidos utilizados pelo pessoal envolvido nas operações e atividades industriais. Critérios de avaliação dos estoques Segundo a Lei das S/A (Lei 6.404/76)1, Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] II. os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-la ao valor de mercado, quando este for inferior. [...] O custo dos estoques de produtos em processo e acabados na data do balanço deve ser feito pelo “custeio real por absorção”, ou seja, deve incluir: os custos dos materiais utilizados na produção e determinados pela aquisição ou pelo custo médio das aquisições; 1 A Lei das Sociedades por Ações instituiu, dentre outras coisas, a classificação de contas e os critérios de ava- liação de ativos e passivos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 Materiais como componentes de custos 2 A legislação tributária brasileira admite que os es- toques sejam avaliados so- mente pelo preço específico, do custo médio ponderado móvel ou a dos bens adquiri- dos mais recentemente (FIFO ou PEPS). os custos da mão de obra direta incluindo salários do pessoal que tra- balha diretamente na fabricação do produto, adicionados dos respec- tivos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários; os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos de fabricação, in- cluindo todos os demais custos incorridos na produção (inspeção, ma- nutenção, almoxarifado, supervisão, administração da fábrica, depre- ciação, energia, seguros etc.). Na nota fiscal que documenta a aquisição de materiais são identificados diversos itens de custo. É possível, porém, que custos de embalagem, transporte e seguro não constem na nota fiscal. Todos esses custos devem integrar o valor de aquisição. No caso de importações de materiais, devem ser adicionados ao custo da aquisição o imposto de importação, os custos alfandegários e outras taxas. Relativamente aos tributos, são necessárias as seguintes considerações: ICMS, PIS e COFINS – se esses tributos não forem recuperáveis, deve- rão integrar o custo de aquisição. Contudo, se forem fiscalmente recuperáveis não deverão fazer parte dos estoques e sim de uma conta que represente um direito a recuperar. IPI – se esse imposto não for fiscalmente recuperável, deverá integrar o custo do produto; se recuperável fiscalmente, não integrará o custo e será lançado em conta que represente um direito a recuperar. II – o Imposto de Importação, por não ser recuperável, faz parte do custo do material. Todo o material transferido do almoxarifado para a fabricação deve ser baixado pelo respectivo custo, isto é, pelo valor que prevaleceu na sua entrada. Na prática, porém, observa-se que os preços não são constantes, mas sujeitos a contínuas variações através de altas e baixas resultantes do jogo de mercado, em que atuam os mais variados fatores da oferta e procura, da inflação etc. É oportuno lembrar que, pelas suas características, a administração de custos está inserida na Contabilidade Gerencial, permitindo-se, em decor- rência, desviar-se dos princípios que regem a Contabilidade Financeira2. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 61 Materiais como componentes de custos Dois métodos existem, geralmente, para resolver as dificuldades decor- rentes da variação de preços do material (CAMPIGLIA, 1994, p. 71-74): método do esgotamento progressivo dos lotes individuais; método do preço médio. Método de esgotamento progressivo O método do esgotamento consiste em manter separados os lotes de materiais de preços diferentes, imputando a saída a cada um, segundo a su- cessão cronológica das entradas ea identidade dos preços corresponden- tes. A sucessão cronológica pode ser progressiva ou regressiva, isto é, impu- tar as saídas aos primeiros lotes entrados ou aos últimos da série, como se vê na figura 3. Saída progressiva Entradas Saída regressiva 3 ago. 30kg a R$300,00 20 ago. 150kg a R$320,00 12 set. 150kg a R$350,00 Figura 3 – Representação de saídas progressivas e regressivas. Se 30 quilos de material são transferidos para a fabricação, o preço unitá- rio de esgotamento poderá ser de R$300,00 ou R$350,00, conforme o método escolhido. Pelo regressivo, até o esgotamento de cada lote individual, os preços unitários para as saídas serão de R$350,00, R$320,00 e R$300,00, sucessiva- mente. Progressivamente, a sequência dos diferentes preços será invertida. Tais métodos são conhecidos por seus nomes de origem americana: FIFO - first in first out ou PEPS – primeiro que entra, primeiro que sai; LIFO - last in first out ou UEPS – último que entra, primeiro que sai. Sobre a oportunidade ou conveniência de se optar por um ou por outro método, a decisão há que ser ponderada sobre os respectivos efeitos diante da conjuntura dos preços e, paralelamente, em face da incidência do método na formação e na apuração do lucro do exercício. O LIFO é realístico no sen- tido de que permite apurar custos de produção em conformidade com os preços correntes, pois o valor da matéria-prima integrada no produto está Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 62 Materiais como componentes de custos sempre mais próximo dos preços atuais e mais concordante com o problema da permanente reposição dos estoques. Em regime inflacionário, esse método é mais recomendável. Obviamente, invertendo-se a conjuntura e se os preços forem descendentes, o FIFO pro- duzirá melhores resultados, visto que os lotes ascendentes são os de preço unitário mais elevado. Custo médio móvel e custo médio ponderado de final do período O método do preço médio móvel de custeamento das requisições con- siste em se apurar a média ponderada dos preços de custo das quantidades de cada lote individual que entram na formação do saldo único do material, determinando um novo custo médio depois de cada compra. Pelo método de custo médio ponderado de final de período, os materiais entregues à produção durante um mês são custeados ao custo unitário médio ponderado (valor total dividido pelo total de unidades) no fim do mês anterior. Como os custos unitários médios ponderados no fim do mês precedente estão disponíveis, durante o mês corrente, para o custeio das requisições, esse método pode ser utilizado tanto com o sistema de inventário permanente como o de inventário periódico. O método do custo médio é o mais utilizado no Brasil, evitando o con- trole de custos por lotes de compras, como nos métodos anteriores. Esse método foge dos extremos, dando como custo de aquisição um valor médio das compras, como se observa na tabela 1. Tabela 1 – Apropriação do valor médio dos estoques Descrição Quantidade Unit. (R$) Total (R$) Custo médio (R$) Aquisição 30 300,00 9.000,00 Aquisição 150 320,00 48.000,00 Aquisição 150 350,00 52.500,00 Totais 330 109.500,00 331,82 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 63 Materiais como componentes de custos Cada unidade saída do estoque será baixada pelo valor de R$331,82, desprezando-se os preços de R$300,00, R$320,00 e R$350,00 de cada lote componente. Tanto o custo das saídas como o Estoque Final terão os valores médios ponderados das compras. Comparação dos três métodos A sucessão cronológica, progressiva ou regressiva, ou o método de custo médio ponderado de final de período, conduzem a um resultado distinto. Considerando os mesmos dados de entradas de produto antes apresen- tado, imagine-se que no dia 13 de setembro sejam vendidas 80 unidades do produto em questão. Se for utilizado o critério de saída progressiva (PEPS), os custos a serem atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 2. Tabela 2 – Atribuição de custos pelo critério de saída progressiva Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 30 300,00 57.000,00 150 320,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 30 300,00 109.500,00150 320,00 150 350,00 13 set. 30 300,00 25.000,00 100 320,00 84.500,00 50 320,00 150 350,00 Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que primeiro entraram. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a saída primeiramente do primeiro lote (30 unidades a R$300,00) e a seguir para complementar as 80 vendidas, dá-se a saída de parte do segundo lote (50 unidades a R$320,00). Assim, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos das últimas aquisições. Se for utilizado o critério de saída regressiva (UEPS), os custos a serem atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 3. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 64 Materiais como componentes de custos Tabela 3 – Atribuição de custos pelo critério de saída regressiva Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 30 300,00 57.000,00 150 320,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 30 300,00 109.500,00150 320,00 150 350,00 13 set. 80 350,00 28.000,00 30 300,00 81.500,00150 320,00 70 350,00 Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que entraram por último. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a saída pri- meiramente do último lote (80 unidades a R$350,00). Assim, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos das primeiras aquisições. Se for utilizado custo médio ponderado (CMP), os custos a serem atribuí- dos aos produtos são os que constam da tabela 4. Tabela 4 – Atribuição de custos pelo critério do custo médio ponderado Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 180 317,00 57.000,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 330 332,00 109.500,00 13 set. 80 332,00 26.545,00 250 332,00 82.955,00 À medida que as unidades forem adquiridas vão sendo somadas às que existem e é apropriado o custo médio ponderado. As unidades que saem receberão esse custo médio. De outro lado, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos médios ponderados. Outros métodos de avaliação dos estoques Os três métodos apresentados são os mais analisados pela literatura contábil-financeira, sendo que o PEPS e o CMP são os mais utilizados pelas empresas brasileiras. Existem, porém, outros métodos para a avaliação de materiais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 65 Materiais como componentes de custos Preço de venda a varejo É uma avaliação pelos valores de entrada, na mesma linha de custo pela média ponderada móvel, apesar de os controles serem a preços de venda. O método, de acordo com Martins (2003, p. 179), também chamado de “valor de mercado”, consiste na apuração do total do estoque a preços de venda, quer através de contagem física ou de controle permanente, valorizando os preços unitários de venda, que são convertidos a valores de entrada mediante a sua multiplicação por quociente médio do custo com relação aos preços de venda a varejo para o período corrente. Essa forma de avaliação representa avaliar os estoques finais aos preços aproximados de custo, pois dos estoques valorizados a preços de venda elimina-se, por totais, a margem de lucro, como se observa na tabela 5. Tabela 5 – Atribuição de custos pelo critério do preço de venda a varejo Data HistóricoQuantidade Preço custo Preço venda 12 jan. Estoque inicial 20 R$400,00 R$700,00 3 jan. Aquisições 20 R$600,00 R$900,00 Totais R$1.000,00 R$1.600,00 O custo representa 62,5% do preço de venda: R$1.000,00 = 0,625 R$1.600,00 Dessa maneira, supondo-se uma venda de 10 unidades ao preço de venda de R$400,00, o valor dos estoques será o constante da tabela 6. Tabela 6 – Estoques a preços de custo e a preços de venda Mercadorias Disponíveis para a Venda (MDV) R$1.600,00 (–) Saída por vendas, a preço de venda R$400,00 (=) Estoque Final a preço de venda R$1.200,00 Estoque Final a preço de custo (R$1.200,00 . 0,625) R$750,00 As empresas que possuem controle permanente de estoques têm a sis- temática facilitada por possuírem saldos disponíveis a qualquer momento, sendo as compras registradas a preço de venda, devendo-se, todavia, con- trolar, permanentemente, as remarcações ocorridas nos preços de venda. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 66 Materiais como componentes de custos O método é inadequado àquelas empresas que possuírem percentuais de lucros significativamente diferenciados. Valor de mercado – NIFO Como se viu, o método UEPS (LIFO) é o que mais se aproxima do preço de mercado, pois toma como base o preço da última compra. Embora não admitido pela legislação do Imposto de Renda, em épocas inflacionárias é aquele que mais se aproxima da realidade. O método ideal, porém, sobretudo em economia inflacionária, é o custo a valores de reposição ou NIFO (next in, first out), ou seja, o valor do próximo produto a ser adquirido é aquele que servirá de base para a avaliação dos estoques. Esse método já está sendo amplamente utilizado pelas empresas pecuá- rias, de produção agrícola e de extração mineral. Como a prática já era cor- rente, a Lei das Sociedades Anônimas (art. 183 §4.º), previu essa possibilida- de ao dispor que “os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil3”. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), artigo 2974 (Decreto 3000/99), também se reporta ao assunto ao indicar que “os estoques dos produtos agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados aos preços correntes de mercado.” Custo específico Significa valorizar cada unidade do estoque ao preço efetivamente pago para cada item especificamente determinado. É usado quando for possível identificar o preço específico de cada unidade, mediante identificação física. Esse critério só é aplicável em alguns casos, em que a quantidade, o valor ou a própria característica da mercadoria ou material o permitam, como no caso de revenda de automóveis. 3 Fungível é uma expressão utilizada para identificar pro- dutos agrícolas, animais e extrativos. 4 Regulamento do Imposto de Renda - RIR, é um conjun- to de leis, decretos, portarias e outros atos normativos que são compilados e sistemati- zados em coletâneas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 67 Materiais como componentes de custos Custo arbitrado De acordo com a legislação fiscal (RIR), somente as empresas que pos- suírem sistema integrado de escrituração poderão avaliar os estoques de produtos em elaboração e produtos elaborados pelo custo de produção por elas apurados. As empresas que não atenderem aos requisitos mínimos para que sua contabilidade seja considerada integrada (plano de contas que segregue os custos de produção, manutenção de inventário permanente, apuração mensal do custeio, dentre outros), terão de avaliar seus estoques com base em critério arbitrado: produtos acabados, por 70% do maior preço de venda do ano. produtos em processo, por 80% do valor dos produtos acabados, apu- rados na forma descrita anteriormente (0,80 . 0,70), ou por 150% do custo das matérias-primas, pelos seus maiores valores pagos. Esse critério é arbitrário e sua imposição, pelo Fisco, objetiva penalizar as empresas que não possuem Contabilidade de Custos adequada, levando- -as a supervalorizar os estoques, gerando maior lucro e maior incidência de Imposto de Renda. Curva ABC O controle dos estoques pode ser feito por meio da classificação dos itens armazenados, destacando os de elevado valor em relação aos demais, apli- cando-se, em decorrência, a classificação ABC. A classificação, ou gráfico de Paretto5, é uma teoria amplamente utilizada na administração e em outras áreas que prega que 20% dos itens são importantes e vitais e os outros 80% são indispensáveis, mas não precisam de tanta atenção. Não existe rigor matemático na definição das classes A, B e C, sendo con- veniente ressaltar que as empresas podem adotar outras formas de classifi- cação, mais adequadas às suas necessidades. 5 Vilfredo Paretto nasceu na Itália em 1848. Dedicou-se ao estudo do comportamento social e da economia polí- tica, atuou como professor na Suíça e produziu vários livros. Foi mentor da chama- da Sociologia Mecanicista, ao definir o sistema social como “um mecanismo produto de forças integradoras e desin- tegradoras em equilíbrio”. Em um estudo, publicado em 1897, Paretto mostra que a distribuição da riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentra- ção de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da po- pulação. Ele chegou inclusive a quantificar essa concentra- ção, afirmando que 80% da riqueza estaria concentrada em 20% da população. Esse fenômeno veio posterior- mente a ser chamado de “Regra 80/20”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 68 Materiais como componentes de custos A curva ABC, no caso de administração de estoques, apresenta resultados da demanda de cada item nas seguintes áreas: Giro no estoque. Proporção sobre o faturamento no período. Margem de lucro obtida. Os itens são classificados como: Classe A – são aqueles produtos cujos estoques apresentam elevado valor relativo de maior importância, valor ou quantidade, correspon- dendo a 20% do total e, portanto, merecem um controle mais rigoroso que os demais. Os inventários podem ser mais frequentes, mensais, semanais ou diários. Classe B – em valores não são tão representativos como os estoques dos itens A, porém, possuem importância, quantidade ou valor intermediá- rio, correspondendo a 30% do total. Podem ser inventariados em uma fre quência menor: mensalmente, trimestralmente ou semestralmente. Classe C – representam estoques que são bastante numerosos em ter mos de itens, porém, pouco representativos em termos de valor. Costuma-se somente inventariá-los no momento do levantamento do balanço. Os parâmetros acima não são uma regra matematicamente fixa, pois podem variar de organização para organização nos percentuais descritos. Conclusão Com o início da era industrial, a administração dos negócios começou a reclamar uma Contabilidade de Custos. A indústria, à medida que se expandia, diversificava a sua produção e experimentava competição crescente, reclamava informações que a Contabilidade Geral, apesar de sua ininterrupta evolução, não podia gerar. Não demorou para que fórmulas fossem estabelecidas para determinar valores dos bens e, como base dessas fórmulas, surgiram métodos cada vez mais criteriosos para a avaliação de inventários. Segundo a maioria dos his- toriadores, foi na necessidade de se atribuir valores aos estoques que teve Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 69 Materiais como componentes de custos início a Contabilidade de Custos propriamente dita, sendo comum ouvir-se dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à ava- liação dos estoques. Nas empresas industriais não se pode assumir que existem apenas esto- ques daquilo que é comprado pronto, como a matéria-prima, sendo forçoso admitir que,para a adequada apuração dos resultados de cada período, exis- tem ao menos outros dois estoques: o estoque de produtos em elaboração e o estoque de produtos acabados. As informações geradas pelo controle e avaliação dos estoques devem propiciar aos usuários base segura para as suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a empresa, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece. Ampliando seus conhecimentos 1 O texto está redigido em português de Portugal Just-in-Time1 (CEV, 2007) O método O Just-in-Time surgiu no Japão, no princípio dos anos 1950, sendo o seu desenvolvimento creditado à Toyota Motor Company, a qual procurava um sis- tema de gestão que pudesse coordenar a produção com a procura específica de diferentes modelos de veículos com o mínimo atraso. Quando a Toyota decidiu entrar em pleno fabrico de carros, depois da Segunda Guerra Mundial, com pouca variedade de modelos de veículos, era necessário bastante flexibilidade para fabricar pequenos lotes com níveis de qualidade comparáveis aos conseguidos pelos fabricantes norte-americanos. Essa filosofia de produzir apenas o que o mercado solicitava passou a ser adoptada pelos restantes fabricantes japoneses e, a partir dos anos 1970, os veículos por eles produzidos assumiram uma posição bastante competitiva. Dessa forma, o Just-in-Time tornou-se muito mais que uma técnica de gestão da produção, sendo considerado como uma completa filosofia a qual inclui aspectos de gestão de materiais, gestão da qualidade, organização física dos meios produtivos, engenharia de produto, organização do trabalho e gestão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 70 Materiais como componentes de custos de recursos humanos. O sistema característico do Just-in-Time de “puxar” a produção a partir da procura, produzindo em cada momento somente os produtos necessários, nas quantidades necessárias e no momento necessário, ficou conhecido como o método Kanban. Esse nome é dado aos “cartões” utilizados para autorizar a produção e a movimentação de materiais, ao longo do processo produtivo. Embora se pense que o sucesso do sistema de gestão Just-in-Time seja intrínseco às características culturais do povo japonês, cada vez mais empresas americanas e europeias se têm convencido que essa filosofia é composta de práticas que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo. Filosofia Just-in-Time Para a filosofia Just-in-Time, em cada etapa do processo produzem-se somente os produtos necessários para a fase posterior, na quantidade e no momento exacto. Isso não significa transferir os stocks do consumidor para o fornecedor ou do posto de trabalho a jusante para o posto de trabalho a montante. A sua meta final é a eliminação total dos stocks, ao mesmo tempo que se atinge um nível de qualidade superior. Tradicionalmente os stocks são considerados úteis por protegerem o sistema produtivo de perturbações que podem ocasionar a interrupção dos fluxos de produção (roturas de produtos). Se o conceito Just-in-Time for aplicado em todas as etapas do processo produtivo, não deverão existir stocks nem espaços de armazenagem, eliminando-se os custos de armazenamento e inventário. Serão de esperar também ganhos de produtividade, aumento da qualidade e maior capacidade de adaptação a novas condições. Podemos, dessa forma, dizer que o sistema Just-in-Time tem como prin- cipal objectivo a melhoria contínua do processo produtivo, através de um mecanismo de redução de stocks, os quais tendem, muitas vezes, a camu- flar problemas. Dessa forma, as metas colocadas pelo Just-in-Time em relação aos vários problemas da produção são: zero stock; zero roturas de stock; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 71 Materiais como componentes de custos zero defeitos; zero tempo de preparação (setup) e movimentação; zero papéis. Características do Just-in-Time Um sistema de produção que adopta a filosofia Just-in-Time deve ter deter- minadas características, as quais formam aspectos coerentes com os princí- pios do Just-in-Time. Entre várias características realçamos as seguintes: o sistema Just-in-Time não se adapta perfeitamente à produção de mui- tos produtos diferentes, pois, em geral, isso requer extrema flexibilidade do sistema produtivo, em dimensões que não são possíveis de obter com a filosofia Just-in-Time; o layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se os com- ponentes produzidos em famílias com determinada gama de operações de produção, montando-se, dessa forma, pequenas linhas de produção (células) de modo a tornar o processo mais eficiente, reduzindo-se a movimentação e o tempo consumido com a preparação das máquinas e equipamentos; a gestão da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos encar- regados e no balanceamento da linha, na não aceitação de erros, para- lisando-se a linha, se for necessário, até que os erros sejam eliminados; a produção deve basear-se em grupos de trabalho, em que trabalha- dores multifuncionais iniciam e terminam um ou mais tipos de pro- dutos, que serão utilizados pelo grupo seguinte; para que o sistema funcione é indispensável que todos os produtos que fluem de um grupo para o outro sejam perfeitos e os erros sejam imediatamente segregados (os erros são facilmente detectados quando se trabalha com pequenas quantidades). a responsabilidade pela qualidade é transferida para a produção e é dada ênfase ao controle da qualidade na fonte, adoptando os princípios de controle da qualidade total (a redução de stock e a resolução de pro- blemas de qualidade formam um ciclo positivo de melhoria contínua); assim, a responsabilidade pela qualidade está na fonte de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 72 Materiais como componentes de custos é dada muito ênfase na redução dos tempos do processo, como forma de conseguir flexibilidade, visto que os tempos consumidos com actividades que não acrescentam valor ao produto devem ser eliminados, enquanto os tempos consumidos com actividades que geram valor ao produto devem ser utilizados de forma a maximizar a qualidade dos produtos produzidos. o fornecimento de materiais no sistema Just-in-Time deve ser uma ex- tensão dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo por objectivos o fornecimento de lotes de pequenas dimensões, recebimentos fre- quentes e confiáveis, lead times curtos e altos níveis de qualidade. O planeamento da produção do sistema Just-in-Time deve garantir uma carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimento de um fluxo contínuo dos materiais. O sistema de programação e controle de pro- dução está baseado no uso de “cartões” (denominado método Kanban) para a transmissão de informações entre os diversos centros produtivos. O Just-in-Time possui também algumas características de carácter social relacionadas com a valorização do factor humano. Os grandes responsáveis pelo êxito ou pelo fracasso da implementação de um sistema Just-in-Time são, em última análise, os responsáveis departamentais e sectoriais. A eles cabe a missão de reduzir distâncias hierárquicas e criar um clima de participação efectiva de todos, assegurando o cumprimento dos objectivos em causa. Sem o interesse das pessoas, nenhum sistema, seja ele qual for, funciona. Vantagens do Just-in-Time As vantagens do sistema de gestão Just-in-Time podem ser mostradas atra- vés da análise da sua contribuição nos principais critérios competitivos. Custos – dados os custos dos equipamentos, materiais e mão de obra, o Just-in-Time procura que eles sejam reduzidos ao essencialmente ne- cessário. As características do sistema Just-in-Time, o planeamento e a responsabilidade dos encarregados da produção pela melhoria do pro- cesso produtivo favorecem a redução dos desperdícios.Existe também uma redução significativa dos tempos de preparação (setup), além da redução dos tempos de movimentação. Qualidade – o Just-in-Time evita que os defeitos fluam ao longo do pro- cesso produtivo. O único nível aceitável de defeitos é zero, motivando Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 73 Materiais como componentes de custos a procura das causas dos problemas e das soluções que eliminem es- sas mesmas causas. Os colaboradores são treinados em todas as tarefas que executem, incluindo a verificação da qualidade (sabem, portanto, o que é um produto com qualidade e como produzi-lo). Também, se um lote inteiro for produzido com peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará os produtos afectados. Flexibilidade – o sistema Just-in-Time aumenta a flexibilidade de resposta do sistema pela redução dos tempos envolvidos no processo e a flexibili- dade dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais flexível em relação às variações dos produtos. Através da manutenção de níveis de stocks muito baixos (ou nulos), um modelo de produto pode ser mudado sem que se origine muitos componentes obsoletos. Fiabilidade – a fiabilidade das entregas é aumentada através da ênfase na manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o processo produtivo mais robusto. As regras do Kanban e o prin- cípio da visibilidade permitem identificar rapidamente os problemas que poderiam comprometer a fiabilidade, permitindo a sua imediata resolução. Também o baixo nível de stocks e a redução dos tempos per- mitem que o ciclo de produção seja curto e o fluxo veloz. Limitações do Just-in-Time As principais limitações do Just-in-Time estão ligadas à flexibilidade do sistema produtivo, no que se refere à variedade dos produtos oferecidos ao mercado e à variação da procura a curto prazo. O sistema Just-in-Time requer que a procura seja estável a curto prazo para que se consiga um balancea- mento adequado dos recursos, possibilitando um fluxo de materiais contínuo e suave. Caso a procura seja muito instável, há a necessidade de manutenção de stocks de produtos acabados a um nível tal que permita que a procura efec- tivamente sentida pelo sistema produtivo tenha certa estabilidade. Como o método Kanban prevê a manutenção de certo stock de com- ponentes entre os centros de produção, se houver uma variedade muito grande de produtos e componentes o fluxo de cada um não será contínuo, mas sim intermitente, gerando stocks elevados no processo produtivo para cada item. Isso contraria uma série de princípios do Just-in-Time, comprome- tendo a sua aplicação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 74 Materiais como componentes de custos Outro problema resultante da grande variedade de produtos seria a con- sequente complexidade das gamas de produção. O princípio geral de trans- formação do processo produtivo numa linha contínua de fabricação e monta- gem de produtos fica prejudicado se um conjunto de gamas de produção não poder ser estabelecido. Também a redução do stock pode aumentar o risco de interrupção da produção em função de problemas de gestão de mão de obra, por exemplo, greves tanto na fábrica como nos fornecedores. Just-in-Time em Portugal Portugal é um dos países europeus que possui uma percentagem eleva- díssima de PME (Pequenas e Médias Empresas) a caracterizar o seu poten- cial empresarial. Por princípio uma pequena ou média empresa, possui uma estrutura organizacional relativamente simples, podendo pensar-se que seria mais fácil simplificar e flexibilizar os sistemas de produção. Na realidade, ainda, não é o que acontece. Falar em Just-in-Time, em Kanban e Qualidade Total ainda tem algo de místico e de pouco definido. Conhecem- -se alguns impedimentos para levar a cabo programas de melhoria dos siste- mas de produção, como: muitas pequenas empresas do tipo familiar que possuem um sistema produtivo e uma orgânica de funcionamento perfeitamente enraizada em formas convencionais de redução de custos; falta de informação em relação ao baixo investimento inerente a pro- gramas de simplificação do tipo Just-in-Time; associa-se esse tipo de sistemas de produção unicamente a linhas de montagem, quando os objectivos de melhoria contínua, simplifica- ção, sincronização, deveriam estar latentes em qualquer negócio ou sistema produtivo; muitas empresas acham que o Just-in-Time e programas de simplifica- ção apenas se adaptam às empresas japonesas devido à mentalidade do seu povo se envolverem nos problemas da empresa de forma di- ferente relativamente ao empenho demonstrado pelos trabalhadores portugueses em geral. 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