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Custos de Materiais na Produção

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53
Materiais como 
componentes de custos
Introdução
Os custos devem refletir a empresa e, dessa maneira, quanto mais estru-
turada ela for, melhores serão os resultados obtidos.
Hoje, o administrador apura custos para atingir dois objetivos:
 atender às normas e exigências legais, tanto societárias como tribu-
tárias;
 conhecer os custos para a tomada correta de decisões e exercer o 
controle. 
Um dos aspectos mais complexos para o administrador prende-se à apu-
ração e determinação dos custos dos materiais que permanecem nos esto-
ques, não só por ser um ativo significativo, mas também pelo fato de que 
sua determinação por um ou outro valor tem reflexo direto na apuração do 
resultado do exercício.
Para o correto entendimento dos custos relativos a materiais, o capítulo 
descreve, inicialmente, o processo de fabricação com a finalidade de 
demonstrar os elementos que compõem o custo dos materiais.
Materiais são classificados no ativo de uma empresa. Decorre, em conse-
quência, a necessidade de estabelecer critérios de avaliação dos materiais.
Esses materiais podem estar em seu estado natural, ou compondo os pro-
dutos que estão em elaboração ou, ainda, agregados aos produtos acaba-
dos. Por isso, o capítulo apresenta os critérios de avaliação dos estoques.
Processo de fabricação
Processo de fabricação compreende as atividades, tarefas, etapas ou 
fases necessárias para a obtenção dos produtos, incluindo todas as ativida-
des operacionais através dos equipamentos e dos utensílios necessários à 
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54
Materiais como componentes de custos
execução das atividades e tarefas. Por exemplo, ao fazer um bolo, a estrutura 
do produto estará representada pelos ingredientes e o processo de fabrica-
ção é o modo de preparar.
O processo de fabricação é também denominado roteiro de fabricação, 
ou seja, o conjunto de roteiros de fabricação representa o processo de fabri-
cação de um produto ou parte do produto. 
A avaliação dos roteiros de fabricação, para uma grande maioria de 
empresas e produtos, tem como base o tempo despendido em cada um 
dos processos ou fases de produção. Podemos ter também em alguns casos, 
como medida de avaliação dos roteiros, o volume processado de matéria- 
-prima ou do produto. 
A engenharia da fábrica fornece os dados físicos e quantidades possíveis 
que são obtidos no sistema de processo de fabricação; o sistema de fabri-
cação é totalmente integrado com o sistema de estrutura do produto. Em 
linhas gerais, cada produto, conjunto, subconjunto, parte ou peça constante 
da estrutura do pro duto tem associado a ele um roteiro de produção, apre-
sentando todos os passos necessários, assim como, tempo para todas as ati-
vidades produtivas, sejam de mão de obra direta e dos equipamentos utili-
zados nos processos.
Dentro de uma cadeia produtiva, um produto fabricado por uma empresa 
poderá ser matéria-prima para outra empresa. O parafuso, por exemplo, é um 
produto da siderurgia, porém, matéria-prima para o setor moveleiro. A figura 
fornece um exemplo completo da cadeia produtiva de um setor têxtil.
Do algodão se produz 
o fio.
W
ik
ip
éd
ia
.
W
ik
ip
éd
ia
.
O agricultor utilizando 
tecnologia (gastos de 
capital) e trabalho 
produz algodão.
W
ik
ip
éd
ia
.
A economia clássica elege 
três principais recursos, 
ou meios de produção: a 
terra, o capital e o traba-
lho. Da terra é extraída a 
matéria-prima para iniciar 
o ciclo de produção.
D
ig
ita
l J
ui
ce
.
Figura 1 – Cadeia produtiva.
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55
Materiais como componentes de custos
Para o agricultor, o algodão é um produto, porém, para um fabricante 
do produto “tecidos” o algodão é uma matéria-prima. Já o tecido é matéria- 
-prima para o fabricante do produto “jeans”, com se vê na figura 2.
Os fios de algodão se transformam em tecido e o tecido em roupa.
Is
to
ck
ph
ot
o.
Co
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l I
m
ag
e 
Ba
nk
.
Figura 2 – Confecção de tecido e roupas.
Elementos do custo dos materiais
O material é um dos fatores básicos na formação do custo de produção, 
constituindo-se no único elemento concreto que pode ser fisicamente reco-
nhecido no produto acabado, uma vez que os demais (mão de obra e indire-
tos) nele se incorporam como elementos financeiros.
São elementos constitutivos do custo dos materiais aqueles normalmente 
identificados pela documentação de compra: embalagem, transporte, 
seguro e impostos não recuperáveis. Pode-se, em decorrência, afirmar que a 
regra básica é “[...] que todos os gastos incorridos para a colocação do ativo 
em condições de uso ou em condições de venda incorporam o valor desse 
mesmo ativo” (MARTINS, 2003, p. 126).
Se os impostos forem recuperáveis eles serão deduzidos da aquisição 
dos materiais para serem lançados em contas específicas relativas a direi-
tos a recuperar. 
A palavra materiais, portanto, envolve qualquer produto diretamente 
identificável com o novo produto que será elaborado e que se torne parte 
integrante deste. Algumas definições, se fazem necessárias.
 Insumos são todos os materiais necessários no processo de produção 
de bens e serviços.
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56
Materiais como componentes de custos
 Suprimentos são todos os materiais necessários ao preenchimento 
das condições de funcionamento das instalações e equipamentos.
 Produtos são o resultado da transformação de bens e serviços em 
outros bens e serviços.
 Mercadorias são bens adquiridos pela empresa, para revenda, sem 
transformação.
Métodos de controle dos inventários
Existem dois métodos de controle de inventários: 
 Sistema de custo simplificado – Inventário Periódico.
 Sistema de custo unitário – Inventário Permanente.
Sistema de custo simplificado – 
Inventário Periódico
A fórmula técnica para se obter o custo simplificado é
Custo das Mercadorias Vendidas = 
Mercadorias Disponíveis para a Venda – Estoque Final
CMV = MDV – EF
Mercadorias Disponíveis para a Venda são:
Estoque Inicial + compras + fretes e carretos + seguros + 
impostos não recuperáveis + transferências de filiais
Nesse sistema, a determinação do resultado das operações dependerá 
sempre do levantamento do valor do estoque existente ao final de determi-
nado período.
O inventário de mercadorias existentes em estoque no final do exercício, 
para as empresas que se utilizam do sistema de custo simplificado, será a 
única informação que se terá para definir o Estoque Final.
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Materiais como componentes de custos
Será indispensável, portanto, que ele seja um retrato fidelíssimo do saldo 
real do estoque e deverá, evidentemente, preceder ao levantamento do 
Balanço Patrimonial.
Esse inventário é efetuado através da contagem física dos elementos que 
compõem o estoque de mercadorias no final de cada período administrativo 
ou período contábil.
Sistema de custo unitário – 
Inventário Permanente
É o sistema que se realiza através do inventário permanente de merca-
dorias, ou seja, registrando as mercadorias toda vez que houver entrada e 
dando baixa da mercadoria toda vez que ela é vendida.
Dessa forma, após cada operação de venda e sua contabilização, tem-se 
tanto a Receita de Vendas como o Custo das Mercadorias Vendidas com seus 
valores atualizados e acumulados, refletindo o valor exato do estoque.
É evidente que, controlando fisicamente os componentes do estoque a 
cada nova entrada, em decorrência das mutações de preços, haverá também 
uma alteração no valor daqueles estoques que estiverem registrados.
As entradas e as saídas constituem em si mesmas operações distintas que 
requerem registro e controle eficazes.
Os efeitos opostos desse duplo movimento incidem por sua vez sobre 
os estoques de materiais,imprimindo-lhes uma variação constante. Essa 
dinâmica impõe à administração a necessidade de manter um registro 
confiável dos materiais disponíveis, seja para efeito de inventário, seja para 
a evidência pronta das disponibilidades de atendimentos dos consumos 
da empresa.
Estoques
Os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital 
circulante, ou capital de giro, e da posição financeira da maioria das 
empresas. Somente com a correta determinação no início e no fim do 
período contábil é que se consegue apurar adequadamente o lucro do 
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Materiais como componentes de custos
período. Os estoques estão ligados às principais áreas de operação das 
empresas e envolvem problemas de administração, controle, contabilização 
e principalmente de avaliação. 
Em uma indústria existem inúmeros itens de estoques. Os usualmente 
utilizados são os seguintes:
 Produtos acabados – representam aqueles produtos já terminados e 
oriundos da própria produção da empresa e disponíveis para venda. 
Estão estocados na fábrica, em depósitos, em filiais ou ainda com 
terceiros em consignação. 
 Produtos em elaboração – representam o valor das matérias-primas 
já requisitadas e que estão em processo de transformação mais os 
outros custos diretos e indiretos relativos à produção não concluída 
na data do balanço. 
 Matérias-primas – são constituídas dos materiais mais importantes 
e essenciais que sofrem transformação no processo produtivo. Nor-
malmente representam um valor significativo em relação ao total dos 
custos de produção. 
 Materiais de acondicionamento e embalagem – referem-se a todos 
os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou ao 
seu acondicionamento.
 Materiais auxiliares – são os materiais que têm como características 
não terem uma representação significativa no valor global do custo de 
produção e a dificuldade de ser identificados fisicamente no produto.
 Materiais de manutenção e suprimentos gerais – são os materiais 
para manutenção de máquinas, equipamentos, edifícios etc. 
 Importação em andamento – engloba os custos já incorridos, relati-
vos a importações em andamento e às próprias mercadorias em trân-
sito, quando a condição de compra é FOB (Free On Board), no ponto de 
embarque, pelo exportador. 
 Adiantamentos a fornecedores – são os adiantamentos financeiros 
efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados a compras especí-
ficas de materiais que serão incorporados aos estoques quando ocor-
rer seu efetivo recebimento. 
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Materiais como componentes de custos
 Almoxarifado – engloba todos os itens de estoque de consumo geral, 
podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de 
escritório, ou seja, itens que são comprados em grande quantidade e 
que serão consumidos no decorrer de determinado período. 
 Provisão para redução ao valor de mercado – destina-se a registrar, 
diminuído os estoques, o valor dos itens de estoques que estiverem a 
um custo superior ao valor de mercado. 
 Provisão para perdas em estoques – destina-se, também reduzindo 
seu valor, a registrar as perdas conhecidas e calculadas por estimativa, 
relativas a estoques morosos ou obsoletos e as diferenças entre a 
quantidade contabilizada e a existente fisicamente. 
Podemos também ter materiais indiretos comprados e requisitados para 
utilização no processo fabril, sem, contudo, fazerem parte do produto, ou 
seja, não constam da estrutura do produto. São materiais necessários para 
auxiliar o processo produtivo, tanto para utilização pelo pessoal envolvido nos 
processos e atividades industriais como para os equipa mentos utilizados 
nos processos diretos e nas atividades indiretas. Por exemplo, materiais 
consumidos para conservação e manutenção dos equipamentos, mate- 
riais consumidos para conservação e manutenção dos imóveis, materiais 
indiretos consumidos utilizados pelo pessoal envolvido nas operações e 
atividades industriais.
Critérios de avaliação dos estoques
Segundo a Lei das S/A (Lei 6.404/76)1, 
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os 
seguintes critérios:
[...]
II. os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, 
assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo 
de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-la ao valor de mercado, 
quando este for inferior.
[...]
O custo dos estoques de produtos em processo e acabados na data do 
balanço deve ser feito pelo “custeio real por absorção”, ou seja, deve incluir: 
 os custos dos materiais utilizados na produção e determinados pela 
aquisição ou pelo custo médio das aquisições;
1 A Lei das Sociedades por 
Ações instituiu, dentre outras 
coisas, a classificação de 
contas e os critérios de ava-
liação de ativos e passivos.
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60
Materiais como componentes de custos
2 A legislação tributária 
brasileira admite que os es-
toques sejam avaliados so-
mente pelo preço específico, 
do custo médio ponderado 
móvel ou a dos bens adquiri-
dos mais recentemente (FIFO 
ou PEPS). 
 os custos da mão de obra direta incluindo salários do pessoal que tra-
balha diretamente na fabricação do produto, adicionados dos respec-
tivos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários;
 os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos de fabricação, in-
cluindo todos os demais custos incorridos na produção (inspeção, ma-
nutenção, almoxarifado, supervisão, administração da fábrica, depre-
ciação, energia, seguros etc.).
Na nota fiscal que documenta a aquisição de materiais são identificados 
diversos itens de custo. É possível, porém, que custos de embalagem, 
transporte e seguro não constem na nota fiscal. Todos esses custos devem 
integrar o valor de aquisição. No caso de importações de materiais, devem 
ser adicionados ao custo da aquisição o imposto de importação, os custos 
alfandegários e outras taxas.
Relativamente aos tributos, são necessárias as seguintes considerações:
 ICMS, PIS e COFINS – se esses tributos não forem recuperáveis, deve- 
rão integrar o custo de aquisição. Contudo, se forem fiscalmente 
recuperáveis não deverão fazer parte dos estoques e sim de uma conta 
que represente um direito a recuperar.
 IPI – se esse imposto não for fiscalmente recuperável, deverá integrar 
o custo do produto; se recuperável fiscalmente, não integrará o custo 
e será lançado em conta que represente um direito a recuperar.
 II – o Imposto de Importação, por não ser recuperável, faz parte do 
custo do material.
Todo o material transferido do almoxarifado para a fabricação deve 
ser baixado pelo respectivo custo, isto é, pelo valor que prevaleceu na 
sua entrada.
Na prática, porém, observa-se que os preços não são constantes, mas 
sujeitos a contínuas variações através de altas e baixas resultantes do jogo 
de mercado, em que atuam os mais variados fatores da oferta e procura, da 
inflação etc.
É oportuno lembrar que, pelas suas características, a administração de 
custos está inserida na Contabilidade Gerencial, permitindo-se, em decor-
rência, desviar-se dos princípios que regem a Contabilidade Financeira2. 
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Materiais como componentes de custos
Dois métodos existem, geralmente, para resolver as dificuldades decor-
rentes da variação de preços do material (CAMPIGLIA, 1994, p. 71-74):
 método do esgotamento progressivo dos lotes individuais;
 método do preço médio.
Método de esgotamento progressivo
O método do esgotamento consiste em manter separados os lotes de 
materiais de preços diferentes, imputando a saída a cada um, segundo a su-
cessão cronológica das entradas ea identidade dos preços corresponden-
tes. A sucessão cronológica pode ser progressiva ou regressiva, isto é, impu-
tar as saídas aos primeiros lotes entrados ou aos últimos da série, como se 
vê na figura 3.
Saída progressiva Entradas Saída regressiva
3 ago. 30kg a R$300,00
20 ago. 150kg a R$320,00
12 set. 150kg a R$350,00
Figura 3 – Representação de saídas progressivas e regressivas.
Se 30 quilos de material são transferidos para a fabricação, o preço unitá-
rio de esgotamento poderá ser de R$300,00 ou R$350,00, conforme o método 
escolhido. Pelo regressivo, até o esgotamento de cada lote individual, os preços 
unitários para as saídas serão de R$350,00, R$320,00 e R$300,00, sucessiva- 
mente. Progressivamente, a sequência dos diferentes preços será invertida.
Tais métodos são conhecidos por seus nomes de origem americana:
 FIFO - first in first out ou PEPS – primeiro que entra, primeiro que sai;
 LIFO - last in first out ou UEPS – último que entra, primeiro que sai.
Sobre a oportunidade ou conveniência de se optar por um ou por outro 
método, a decisão há que ser ponderada sobre os respectivos efeitos diante 
da conjuntura dos preços e, paralelamente, em face da incidência do método 
na formação e na apuração do lucro do exercício. O LIFO é realístico no sen-
tido de que permite apurar custos de produção em conformidade com os 
preços correntes, pois o valor da matéria-prima integrada no produto está 
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Materiais como componentes de custos
sempre mais próximo dos preços atuais e mais concordante com o problema 
da permanente reposição dos estoques.
Em regime inflacionário, esse método é mais recomendável. Obviamente, 
invertendo-se a conjuntura e se os preços forem descendentes, o FIFO pro-
duzirá melhores resultados, visto que os lotes ascendentes são os de preço 
unitário mais elevado.
Custo médio móvel e custo médio 
ponderado de final do período
O método do preço médio móvel de custeamento das requisições con-
siste em se apurar a média ponderada dos preços de custo das quantidades 
de cada lote individual que entram na formação do saldo único do material, 
determinando um novo custo médio depois de cada compra.
Pelo método de custo médio ponderado de final de período, os materiais 
entregues à produção durante um mês são custeados ao custo unitário 
médio ponderado (valor total dividido pelo total de unidades) no fim 
do mês anterior. Como os custos unitários médios ponderados no fim do 
mês precedente estão disponíveis, durante o mês corrente, para o custeio 
das requisições, esse método pode ser utilizado tanto com o sistema de 
inventário permanente como o de inventário periódico.
O método do custo médio é o mais utilizado no Brasil, evitando o con-
trole de custos por lotes de compras, como nos métodos anteriores. Esse 
método foge dos extremos, dando como custo de aquisição um valor médio 
das compras, como se observa na tabela 1.
Tabela 1 – Apropriação do valor médio dos estoques
Descrição Quantidade Unit. (R$) Total (R$) Custo médio (R$)
Aquisição 30 300,00 9.000,00
Aquisição 150 320,00 48.000,00
Aquisição 150 350,00 52.500,00
Totais 330 109.500,00 331,82
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63
Materiais como componentes de custos
Cada unidade saída do estoque será baixada pelo valor de R$331,82, 
desprezando-se os preços de R$300,00, R$320,00 e R$350,00 de cada lote 
componente.
Tanto o custo das saídas como o Estoque Final terão os valores médios 
ponderados das compras.
Comparação dos três métodos
A sucessão cronológica, progressiva ou regressiva, ou o método de custo 
médio ponderado de final de período, conduzem a um resultado distinto.
Considerando os mesmos dados de entradas de produto antes apresen-
tado, imagine-se que no dia 13 de setembro sejam vendidas 80 unidades do 
produto em questão.
Se for utilizado o critério de saída progressiva (PEPS), os custos a serem 
atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 2.
Tabela 2 – Atribuição de custos pelo critério de saída progressiva
Data
Entradas Saídas Saldos
Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$)
Total 
(R$) Quant. Un. (R$)
Total 
(R$)
3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00
20 ago. 150 320,00 48.000,00
30 300,00
57.000,00
150 320,00
12 set. 150 350,00 52.500,00
30 300,00
109.500,00150 320,00
150 350,00
13 set.
30 300,00
25.000,00
100 320,00
84.500,00
50 320,00 150 350,00
Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que primeiro 
entraram. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a 
saída primeiramente do primeiro lote (30 unidades a R$300,00) e a seguir 
para complementar as 80 vendidas, dá-se a saída de parte do segundo lote 
(50 unidades a R$320,00). Assim, os materiais que ficam em estoque são 
avaliados pelos custos das últimas aquisições.
Se for utilizado o critério de saída regressiva (UEPS), os custos a serem 
atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 3.
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64
Materiais como componentes de custos
Tabela 3 – Atribuição de custos pelo critério de saída regressiva
Data
Entradas Saídas Saldos
Quant. Un. (R$)
Total 
(R$)
Quant. Un. (R$)
Total 
(R$)
Quant. Un. (R$) Total (R$)
3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00
20 ago. 150 320,00 48.000,00
30 300,00
57.000,00
150 320,00
12 set. 150 350,00 52.500,00
30 300,00
109.500,00150 320,00
150 350,00
13 set. 80 350,00 28.000,00
30 300,00
81.500,00150 320,00
70 350,00
Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que entraram por 
último. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a saída pri-
meiramente do último lote (80 unidades a R$350,00). Assim, os materiais que 
ficam em estoque são avaliados pelos custos das primeiras aquisições.
Se for utilizado custo médio ponderado (CMP), os custos a serem atribuí-
dos aos produtos são os que constam da tabela 4.
Tabela 4 – Atribuição de custos pelo critério do custo médio ponderado
Data
Entradas Saídas Saldos
Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$)
Total 
(R$) Quant. Un. (R$) Total (R$)
3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00
20 ago. 150 320,00 48.000,00 180 317,00 57.000,00
12 set. 150 350,00 52.500,00 330 332,00 109.500,00
13 set. 80 332,00 26.545,00 250 332,00 82.955,00
À medida que as unidades forem adquiridas vão sendo somadas às que 
existem e é apropriado o custo médio ponderado. As unidades que saem 
receberão esse custo médio. De outro lado, os materiais que ficam em 
estoque são avaliados pelos custos médios ponderados.
Outros métodos de avaliação dos estoques
Os três métodos apresentados são os mais analisados pela literatura 
contábil-financeira, sendo que o PEPS e o CMP são os mais utilizados pelas 
empresas brasileiras.
Existem, porém, outros métodos para a avaliação de materiais.
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Materiais como componentes de custos
Preço de venda a varejo
É uma avaliação pelos valores de entrada, na mesma linha de custo pela 
média ponderada móvel, apesar de os controles serem a preços de venda.
O método, de acordo com Martins (2003, p. 179), também chamado de “valor 
de mercado”, consiste na apuração do total do estoque a preços de venda, quer 
através de contagem física ou de controle permanente, valorizando os preços 
unitários de venda, que são convertidos a valores de entrada mediante a sua 
multiplicação por quociente médio do custo com relação aos preços de venda 
a varejo para o período corrente. Essa forma de avaliação representa avaliar os 
estoques finais aos preços aproximados de custo, pois dos estoques valorizados 
a preços de venda elimina-se, por totais, a margem de lucro, como se observa na 
tabela 5.
Tabela 5 – Atribuição de custos pelo critério do preço de venda a varejo
Data HistóricoQuantidade Preço custo Preço venda
12 jan. Estoque inicial 20 R$400,00 R$700,00
3 jan. Aquisições 20 R$600,00 R$900,00
Totais R$1.000,00 R$1.600,00
O custo representa 62,5% 
do preço de venda:
R$1.000,00
= 0,625
R$1.600,00
Dessa maneira, supondo-se uma venda de 10 unidades ao preço de venda 
de R$400,00, o valor dos estoques será o constante da tabela 6.
Tabela 6 – Estoques a preços de custo e a preços de venda
Mercadorias Disponíveis para a Venda (MDV) R$1.600,00
(–) Saída por vendas, a preço de venda R$400,00
(=) Estoque Final a preço de venda R$1.200,00
Estoque Final a preço de custo (R$1.200,00 . 0,625) R$750,00
As empresas que possuem controle permanente de estoques têm a sis-
temática facilitada por possuírem saldos disponíveis a qualquer momento, 
sendo as compras registradas a preço de venda, devendo-se, todavia, con-
trolar, permanentemente, as remarcações ocorridas nos preços de venda.
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Materiais como componentes de custos
O método é inadequado àquelas empresas que possuírem percentuais 
de lucros significativamente diferenciados.
Valor de mercado – NIFO
Como se viu, o método UEPS (LIFO) é o que mais se aproxima do preço 
de mercado, pois toma como base o preço da última compra. Embora não 
admitido pela legislação do Imposto de Renda, em épocas inflacionárias é 
aquele que mais se aproxima da realidade.
O método ideal, porém, sobretudo em economia inflacionária, é o custo 
a valores de reposição ou NIFO (next in, first out), ou seja, o valor do próximo 
produto a ser adquirido é aquele que servirá de base para a avaliação dos 
estoques.
Esse método já está sendo amplamente utilizado pelas empresas pecuá-
rias, de produção agrícola e de extração mineral. Como a prática já era cor-
rente, a Lei das Sociedades Anônimas (art. 183 §4.º), previu essa possibilida-
de ao dispor que “os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda 
poderão ser avaliados pelo valor de mercado quando esse for o costume 
mercantil aceito pela técnica contábil3”.
O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), artigo 2974 (Decreto 3000/99), 
também se reporta ao assunto ao indicar que “os estoques dos produtos 
agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados aos preços correntes 
de mercado.” 
Custo específico
Significa valorizar cada unidade do estoque ao preço efetivamente pago 
para cada item especificamente determinado. É usado quando for possível 
identificar o preço específico de cada unidade, mediante identificação física.
Esse critério só é aplicável em alguns casos, em que a quantidade, o valor 
ou a própria característica da mercadoria ou material o permitam, como no 
caso de revenda de automóveis.
3 Fungível é uma expressão 
utilizada para identificar pro-
dutos agrícolas, animais e 
extrativos.
4 Regulamento do Imposto 
de Renda - RIR, é um conjun-
to de leis, decretos, portarias 
e outros atos normativos que 
são compilados e sistemati-
zados em coletâneas.
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Materiais como componentes de custos
Custo arbitrado
De acordo com a legislação fiscal (RIR), somente as empresas que pos-
suírem sistema integrado de escrituração poderão avaliar os estoques de 
produtos em elaboração e produtos elaborados pelo custo de produção por 
elas apurados.
As empresas que não atenderem aos requisitos mínimos para que sua 
contabilidade seja considerada integrada (plano de contas que segregue 
os custos de produção, manutenção de inventário permanente, apuração 
mensal do custeio, dentre outros), terão de avaliar seus estoques com base 
em critério arbitrado:
 produtos acabados, por 70% do maior preço de venda do ano.
 produtos em processo, por 80% do valor dos produtos acabados, apu-
rados na forma descrita anteriormente (0,80 . 0,70), ou por 150% do 
custo das matérias-primas, pelos seus maiores valores pagos.
Esse critério é arbitrário e sua imposição, pelo Fisco, objetiva penalizar as 
empresas que não possuem Contabilidade de Custos adequada, levando- 
-as a supervalorizar os estoques, gerando maior lucro e maior incidência de 
Imposto de Renda.
Curva ABC
O controle dos estoques pode ser feito por meio da classificação dos itens 
armazenados, destacando os de elevado valor em relação aos demais, apli-
cando-se, em decorrência, a classificação ABC.
A classificação, ou gráfico de Paretto5, é uma teoria amplamente utilizada 
na administração e em outras áreas que prega que 20% dos itens são 
importantes e vitais e os outros 80% são indispensáveis, mas não precisam 
de tanta atenção.
Não existe rigor matemático na definição das classes A, B e C, sendo con-
veniente ressaltar que as empresas podem adotar outras formas de classifi-
cação, mais adequadas às suas necessidades.
5 Vilfredo Paretto nasceu na 
Itália em 1848. Dedicou-se ao 
estudo do comportamento 
social e da economia polí-
tica, atuou como professor 
na Suíça e produziu vários 
livros. Foi mentor da chama-
da Sociologia Mecanicista, ao 
definir o sistema social como 
“um mecanismo produto de 
forças integradoras e desin-
tegradoras em equilíbrio”. 
Em um estudo, publicado em 
1897, Paretto mostra que a 
distribuição da riqueza não 
se dava de maneira uniforme, 
havendo grande concentra-
ção de riqueza nas mãos de 
uma pequena parcela da po-
pulação. Ele chegou inclusive 
a quantificar essa concentra-
ção, afirmando que 80% da 
riqueza estaria concentrada 
em 20% da população. Esse 
fenômeno veio posterior-
mente a ser chamado de 
“Regra 80/20”.
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Materiais como componentes de custos
A curva ABC, no caso de administração de estoques, apresenta resultados 
da demanda de cada item nas seguintes áreas:
 Giro no estoque.
 Proporção sobre o faturamento no período.
 Margem de lucro obtida. 
Os itens são classificados como:
 Classe A – são aqueles produtos cujos estoques apresentam elevado 
valor relativo de maior importância, valor ou quantidade, correspon-
dendo a 20% do total e, portanto, merecem um controle mais rigoroso 
que os demais. Os inventários podem ser mais frequentes, mensais, 
semanais ou diários.
 Classe B – em valores não são tão representativos como os estoques dos 
itens A, porém, possuem importância, quantidade ou valor intermediá-
rio, correspondendo a 30% do total. Podem ser inventariados em uma 
fre quência menor: mensalmente, trimestralmente ou semestralmente.
 Classe C – representam estoques que são bastante numerosos em 
ter mos de itens, porém, pouco representativos em termos de valor. 
Costuma-se somente inventariá-los no momento do levantamento 
do balanço.
Os parâmetros acima não são uma regra matematicamente fixa, pois 
podem variar de organização para organização nos percentuais descritos.
Conclusão
Com o início da era industrial, a administração dos negócios começou a 
reclamar uma Contabilidade de Custos.
A indústria, à medida que se expandia, diversificava a sua produção 
e experimentava competição crescente, reclamava informações que a 
Contabilidade Geral, apesar de sua ininterrupta evolução, não podia gerar.
Não demorou para que fórmulas fossem estabelecidas para determinar 
valores dos bens e, como base dessas fórmulas, surgiram métodos cada vez 
mais criteriosos para a avaliação de inventários. Segundo a maioria dos his-
toriadores, foi na necessidade de se atribuir valores aos estoques que teve 
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Materiais como componentes de custos
início a Contabilidade de Custos propriamente dita, sendo comum ouvir-se 
dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à ava-
liação dos estoques.
Nas empresas industriais não se pode assumir que existem apenas esto-
ques daquilo que é comprado pronto, como a matéria-prima, sendo forçoso 
admitir que,para a adequada apuração dos resultados de cada período, exis-
tem ao menos outros dois estoques: o estoque de produtos em elaboração e 
o estoque de produtos acabados.
As informações geradas pelo controle e avaliação dos estoques devem 
propiciar aos usuários base segura para as suas decisões, pela compreensão 
do estado em que se encontra a empresa, seu desempenho, sua evolução, 
riscos e oportunidades que oferece.
Ampliando seus conhecimentos
1 O texto está redigido em 
português de Portugal
Just-in-Time1
(CEV, 2007)
O método
O Just-in-Time surgiu no Japão, no princípio dos anos 1950, sendo o seu 
desenvolvimento creditado à Toyota Motor Company, a qual procurava um sis-
tema de gestão que pudesse coordenar a produção com a procura específica 
de diferentes modelos de veículos com o mínimo atraso.
Quando a Toyota decidiu entrar em pleno fabrico de carros, depois da 
Segunda Guerra Mundial, com pouca variedade de modelos de veículos, era 
necessário bastante flexibilidade para fabricar pequenos lotes com níveis de 
qualidade comparáveis aos conseguidos pelos fabricantes norte-americanos. 
Essa filosofia de produzir apenas o que o mercado solicitava passou a ser 
adoptada pelos restantes fabricantes japoneses e, a partir dos anos 1970, os 
veículos por eles produzidos assumiram uma posição bastante competitiva.
Dessa forma, o Just-in-Time tornou-se muito mais que uma técnica de gestão 
da produção, sendo considerado como uma completa filosofia a qual inclui 
aspectos de gestão de materiais, gestão da qualidade, organização física dos 
meios produtivos, engenharia de produto, organização do trabalho e gestão 
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Materiais como componentes de custos
de recursos humanos. O sistema característico do Just-in-Time de “puxar” a 
produção a partir da procura, produzindo em cada momento somente os 
produtos necessários, nas quantidades necessárias e no momento necessário, 
ficou conhecido como o método Kanban. Esse nome é dado aos “cartões” 
utilizados para autorizar a produção e a movimentação de materiais, ao longo 
do processo produtivo.
Embora se pense que o sucesso do sistema de gestão Just-in-Time seja 
intrínseco às características culturais do povo japonês, cada vez mais empresas 
americanas e europeias se têm convencido que essa filosofia é composta de 
práticas que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo.
Filosofia Just-in-Time
Para a filosofia Just-in-Time, em cada etapa do processo produzem-se 
somente os produtos necessários para a fase posterior, na quantidade e no 
momento exacto. Isso não significa transferir os stocks do consumidor para 
o fornecedor ou do posto de trabalho a jusante para o posto de trabalho a 
montante. A sua meta final é a eliminação total dos stocks, ao mesmo tempo 
que se atinge um nível de qualidade superior.
Tradicionalmente os stocks são considerados úteis por protegerem o 
sistema produtivo de perturbações que podem ocasionar a interrupção 
dos fluxos de produção (roturas de produtos). Se o conceito Just-in-Time for 
aplicado em todas as etapas do processo produtivo, não deverão existir stocks 
nem espaços de armazenagem, eliminando-se os custos de armazenamento 
e inventário. Serão de esperar também ganhos de produtividade, aumento da 
qualidade e maior capacidade de adaptação a novas condições.
Podemos, dessa forma, dizer que o sistema Just-in-Time tem como prin-
cipal objectivo a melhoria contínua do processo produtivo, através de um 
mecanismo de redução de stocks, os quais tendem, muitas vezes, a camu-
flar problemas.
Dessa forma, as metas colocadas pelo Just-in-Time em relação aos vários 
problemas da produção são:
 zero stock;
 zero roturas de stock;
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Materiais como componentes de custos
 zero defeitos;
 zero tempo de preparação (setup) e movimentação;
 zero papéis.
Características do Just-in-Time
Um sistema de produção que adopta a filosofia Just-in-Time deve ter deter-
minadas características, as quais formam aspectos coerentes com os princí-
pios do Just-in-Time. Entre várias características realçamos as seguintes:
 o sistema Just-in-Time não se adapta perfeitamente à produção de mui-
tos produtos diferentes, pois, em geral, isso requer extrema flexibilidade 
do sistema produtivo, em dimensões que não são possíveis de obter 
com a filosofia Just-in-Time;
 o layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se os com-
ponentes produzidos em famílias com determinada gama de operações 
de produção, montando-se, dessa forma, pequenas linhas de produção 
(células) de modo a tornar o processo mais eficiente, reduzindo-se a 
movimentação e o tempo consumido com a preparação das máquinas 
e equipamentos;
 a gestão da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos encar-
regados e no balanceamento da linha, na não aceitação de erros, para-
lisando-se a linha, se for necessário, até que os erros sejam eliminados;
 a produção deve basear-se em grupos de trabalho, em que trabalha-
dores multifuncionais iniciam e terminam um ou mais tipos de pro-
dutos, que serão utilizados pelo grupo seguinte; para que o sistema 
funcione é indispensável que todos os produtos que fluem de um 
grupo para o outro sejam perfeitos e os erros sejam imediatamente 
segregados (os erros são facilmente detectados quando se trabalha 
com pequenas quantidades).
 a responsabilidade pela qualidade é transferida para a produção e é 
dada ênfase ao controle da qualidade na fonte, adoptando os princípios 
de controle da qualidade total (a redução de stock e a resolução de pro-
blemas de qualidade formam um ciclo positivo de melhoria contínua); 
assim, a responsabilidade pela qualidade está na fonte de produção.
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Materiais como componentes de custos
 é dada muito ênfase na redução dos tempos do processo, como forma de 
conseguir flexibilidade, visto que os tempos consumidos com actividades 
que não acrescentam valor ao produto devem ser eliminados, enquanto os 
tempos consumidos com actividades que geram valor ao produto devem 
ser utilizados de forma a maximizar a qualidade dos produtos produzidos.
 o fornecimento de materiais no sistema Just-in-Time deve ser uma ex-
tensão dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo por objectivos 
o fornecimento de lotes de pequenas dimensões, recebimentos fre-
quentes e confiáveis, lead times curtos e altos níveis de qualidade. 
O planeamento da produção do sistema Just-in-Time deve garantir uma 
carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimento de um 
fluxo contínuo dos materiais. O sistema de programação e controle de pro-
dução está baseado no uso de “cartões” (denominado método Kanban) para a 
transmissão de informações entre os diversos centros produtivos.
O Just-in-Time possui também algumas características de carácter social 
relacionadas com a valorização do factor humano. Os grandes responsáveis 
pelo êxito ou pelo fracasso da implementação de um sistema Just-in-Time são, 
em última análise, os responsáveis departamentais e sectoriais. A eles cabe 
a missão de reduzir distâncias hierárquicas e criar um clima de participação 
efectiva de todos, assegurando o cumprimento dos objectivos em causa. Sem 
o interesse das pessoas, nenhum sistema, seja ele qual for, funciona.
Vantagens do Just-in-Time
As vantagens do sistema de gestão Just-in-Time podem ser mostradas atra-
vés da análise da sua contribuição nos principais critérios competitivos.
 Custos – dados os custos dos equipamentos, materiais e mão de obra, 
o Just-in-Time procura que eles sejam reduzidos ao essencialmente ne-
cessário. As características do sistema Just-in-Time, o planeamento e a 
responsabilidade dos encarregados da produção pela melhoria do pro-
cesso produtivo favorecem a redução dos desperdícios.Existe também 
uma redução significativa dos tempos de preparação (setup), além da 
redução dos tempos de movimentação.
 Qualidade – o Just-in-Time evita que os defeitos fluam ao longo do pro-
cesso produtivo. O único nível aceitável de defeitos é zero, motivando 
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Materiais como componentes de custos
a procura das causas dos problemas e das soluções que eliminem es-
sas mesmas causas. Os colaboradores são treinados em todas as tarefas 
que executem, incluindo a verificação da qualidade (sabem, portanto, o 
que é um produto com qualidade e como produzi-lo). Também, se um 
lote inteiro for produzido com peças defeituosas, o tamanho reduzido 
dos lotes minimizará os produtos afectados.
 Flexibilidade – o sistema Just-in-Time aumenta a flexibilidade de resposta 
do sistema pela redução dos tempos envolvidos no processo e a flexibili-
dade dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais 
flexível em relação às variações dos produtos. Através da manutenção de 
níveis de stocks muito baixos (ou nulos), um modelo de produto pode ser 
mudado sem que se origine muitos componentes obsoletos.
 Fiabilidade – a fiabilidade das entregas é aumentada através da ênfase 
na manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que 
torna o processo produtivo mais robusto. As regras do Kanban e o prin-
cípio da visibilidade permitem identificar rapidamente os problemas 
que poderiam comprometer a fiabilidade, permitindo a sua imediata 
resolução. Também o baixo nível de stocks e a redução dos tempos per-
mitem que o ciclo de produção seja curto e o fluxo veloz. 
Limitações do Just-in-Time
As principais limitações do Just-in-Time estão ligadas à flexibilidade do 
sistema produtivo, no que se refere à variedade dos produtos oferecidos ao 
mercado e à variação da procura a curto prazo. O sistema Just-in-Time requer 
que a procura seja estável a curto prazo para que se consiga um balancea-
mento adequado dos recursos, possibilitando um fluxo de materiais contínuo 
e suave. Caso a procura seja muito instável, há a necessidade de manutenção 
de stocks de produtos acabados a um nível tal que permita que a procura efec-
tivamente sentida pelo sistema produtivo tenha certa estabilidade.
Como o método Kanban prevê a manutenção de certo stock de com-
ponentes entre os centros de produção, se houver uma variedade muito 
grande de produtos e componentes o fluxo de cada um não será contínuo, 
mas sim intermitente, gerando stocks elevados no processo produtivo para 
cada item. Isso contraria uma série de princípios do Just-in-Time, comprome-
tendo a sua aplicação.
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Materiais como componentes de custos
Outro problema resultante da grande variedade de produtos seria a con-
sequente complexidade das gamas de produção. O princípio geral de trans-
formação do processo produtivo numa linha contínua de fabricação e monta-
gem de produtos fica prejudicado se um conjunto de gamas de produção não 
poder ser estabelecido.
Também a redução do stock pode aumentar o risco de interrupção da 
produção em função de problemas de gestão de mão de obra, por exemplo, 
greves tanto na fábrica como nos fornecedores.
Just-in-Time em Portugal
Portugal é um dos países europeus que possui uma percentagem eleva-
díssima de PME (Pequenas e Médias Empresas) a caracterizar o seu poten-
cial empresarial. Por princípio uma pequena ou média empresa, possui uma 
estrutura organizacional relativamente simples, podendo pensar-se que seria 
mais fácil simplificar e flexibilizar os sistemas de produção.
Na realidade, ainda, não é o que acontece. Falar em Just-in-Time, em Kanban 
e Qualidade Total ainda tem algo de místico e de pouco definido. Conhecem-
-se alguns impedimentos para levar a cabo programas de melhoria dos siste-
mas de produção, como:
 muitas pequenas empresas do tipo familiar que possuem um sistema 
produtivo e uma orgânica de funcionamento perfeitamente enraizada 
em formas convencionais de redução de custos;
 falta de informação em relação ao baixo investimento inerente a pro-
gramas de simplificação do tipo Just-in-Time; 
 associa-se esse tipo de sistemas de produção unicamente a linhas de 
montagem, quando os objectivos de melhoria contínua, simplifica-
ção, sincronização, deveriam estar latentes em qualquer negócio ou 
sistema produtivo;
 muitas empresas acham que o Just-in-Time e programas de simplifica-
ção apenas se adaptam às empresas japonesas devido à mentalidade 
do seu povo se envolverem nos problemas da empresa de forma di-
ferente relativamente ao empenho demonstrado pelos trabalhadores 
portugueses em geral. 
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