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Aula 01 Livro Didático Digital Rodrigo Souza da Costa Gestão de Estoque Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Sou o professor Rodrigo Souza da Costa e me sinto honrado por poder, de alguma forma, contribuir com sua formação. A área de gestão é um dos principais problemas (se não o principal) para o crescimento socioeconômico do país. Dessa forma, a importância de especializar-se fica cada vez mais evidente para quem busca uma posição de destaque no mercado. Nossa profissão é muito dinâmica. Mudanças nas formas de gestão nos coloca em uma busca constante por aprendizado e adaptação ao ambiente de competição das empresas. Quando me foi passada a tarefa de lhe acompanhar, em parte, desse aprendizado, procurei buscar subsídios em minha formação e atuação profissional que pudessem ser relevantes para o seu aprendizado. Entre os meus passos nessa formação destaco: • Sou graduado em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizei meu Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Doutorado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). • Atuo desde 2007 no ensino na graduação e pós-graduação em diversas instituições do Sul do Brasil. • Realizo pesquisas na área de administração, sobretudo no que tange a Estratégia Empresarial e Internacionalização de Empresas, tendo publicado mais de 40 artigos em periódicos e eventos nacionais e internacionais. Ministro as seguintes disciplinas: Teoria das Organizações, Estratégias Empresariais, Diagnóstico Organizacional, Gestão de Recursos Empresariais, Gestão da Produção, Gestão da Cadeia de Suprimentos, dentre outras. Espero que possa contribuir significativamente nessa etapa de sua formação. INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução à gestão de estoques ...............................................................12 Introdução à Gestão de Estoques...............................................................12 O Gerente de Estoques ...................................................................................16 A Moderna Gestão de Estoques ..................................................................18 A Organização da Gestão de Estoques .....................................................20 Objetivos da Gestão de Estoques. ..............................................................22 Políticas de Estoque.........................................................................................26 Controle de Estoques ......................................................................................27 Métodos de Previsão de Consumo ............................................................29 Custos de Estoque ............................................................................................34 Níveis de Estoque .............................................................................................36 Métodos de Determinação do Estoque Mínimo ...................................40 Giro do Estoque ................................................................................................43 Bibliografia ..........................................................................................................44 Gestão de Estoque 9 UNIDADE 01 Gestão de Estoque10 Olá, meu caro aluno! Tudo bem com você? A nossa disciplina tratará da Gestão de Estoques, onde você verá sobre a importância desta área essencial para o aumento da competitividade de qualquer empresa, pois trata diretamente de um dos principais setores quando o tema é a eficiência de custos. Nesta unidade final, o essencial é que você compreenda os elementos primordiais e as questões relacionadas à moderna gestão de estoques, bem como as questões relacionadas às políticas de estoques, seus controles e métodos de previsão. Além disso, vale ressaltar aqui a importância de você saber como são estipuladas as políticas de controle de estoques, bem como saber definir os custos relativos em estoque e estabelecer qual é o lote econômico de compras. Por fim, você verá a importância de saber como a função compras é organizada dentro das empresas, bem como entender formas alternativas de organização e seleção de fornecedores. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Gestão de Estoque 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Entender os elementos básicos da gestão de estoques; • Analisar as políticas de controle dos estoques; • Elaborar métodos de previsão de consumo e níveis de estoque; • Entender os custos relacionados aos estoques. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Gestão de Estoque12 Introdução à Gestão de Estoques Nesta unidade, vamos abordar uma atividade primária e de maior importância para a Gestão de Estoques em qualquer organização: o gerenciamento dos estoques. Os estoques são importantes para qualquer segmento industrial, para os produtores agrícolas e pecuários, comerciantes atacadistas e varejistas, e quaisquer segmentos da indústria e mesmo da economia global. Se para alguns produtores é vantajoso esperar a época de melhor preço para comercializar sua safra, mantendo-a por alguns meses em estoque, em outros casos, como no setor pecuário, manter os animais por mais tempo antes do abate, significa aumento de despesas em alimentação sem o ganho em peso no nível desejado. O equilíbrio necessário entre essas duas situações pode ser obtido através da gestão e controle de estoques de forma eficaz e eficiente. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução à Gestão de Estoques Como abordagem prática, a Gestão de Estoques deve determinar quais os materiais, peças e componentes devem ser adquiridos pela empresa; como devem ser adquiridos – se comprados de fornecedores ou se fabricados em sua própria planta; quando devem ser adquiridos e, se comprados, de que fontes; por quais preços, em que quantidade e de que qualidade, para a manutenção do estoque desejável, estabelecido em função da demanda prevista para certo período de tempo. Gestão de Estoque 13 Fonte: Freepik Em resumo, o foco da administração de materiais deve ser concentrado, em adquirir os materiais certos, nas quantidades certas, da qualidade certa,no momento certo, das fontes certas aos preços certos, assim teremos bons resultados. EXPLICANDO MELHOR: Essas decisões buscam atingir o equilíbrio ideal entre o custo dos investimentos em estoques e o consumo, mantendo-se as quantidades disponíveis, de forma a evitar a falta de materiais e componentes para a produção ou de produtos acabados para atendimento aos clientes nos prazos estipulados pela política de vendas, mas que não onere significativamente a lucratividade com a redução dos recursos financeiros disponíveis para alavancar as vendas. Gestão de Estoque14 Fonte: Freepik A Gestão de Estoques foi a expressão cunhada para definir o processo de gestão dos recursos materiais envolvidos no sistema de produção de uma empresa. Segundo Ballou (2006), no desenvolvimento do estudo da Logística Empresarial, essa área era concentrada na distribuição física e tratada de forma antagônica à Gestão de Estoques, que era concentrada no fluxo de suprimento e cujas operações envolviam montantes financeiros inferiores ao fluxo da distribuição física, devido ao valor agregado pelo processo produtivo aos materiais. Em tal contexto, uma boa gestão de estoques significava coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de operação, mediante a aplicação do conceito de custo logístico total, em que o desempenho logístico é avaliado sem considerações sobre minimização de custos de atividades. Gestão de Estoque 15 Fonte: Freepik Então, para Chitale e Gupta (2011), Gestão de Estoques é um conceito total envolvendo uma estrutura organizacional unificando numa só responsabilidade o fluxo sistemático e o controle de material desde a identificação de sua necessidade até a entrega ao cliente. Estes conceitos abrangem todas as atividades diretamente relacionadas com o fluxo de materiais dentro da organização, como aquisição, planeja- mento e programação da produção, tráfego de entrada, controle de estoque, recebimento e estocagem de materiais, VOCÊ SABIA? O processo de Gestão de Estoques representa a logística para dentro da empresa (inbound), e envolve a movimentação e gestão de materiais e produtos a partir da aquisição, portanto, a partir dos fornecedores e através do processo de produção. Gestão de Estoque16 movimentação e distribuição de materiais, abordadas pelas disciplinas de compras, produção, controle de estoques e distribuição física. O Gerente de Estoques Fonte: Freepik A função do gerente de materiais, segundo Gurgel (2000), é basicamente econômica, mesmo em organizações não governamentais, entidades filantrópicas e cooperativas sem objetivo de lucro, sendo a sobrevivência o objetivo mais fundamental. Porém, mesmo nesses setores que não ao visam lucro, os custos não podem ser excedidos por um período prolongado. Entre as companhias privadas, os lucros são essenciais para a sobrevivência, o gerente deverá contribuir para o aumento da lucratividade mediante a obtenção do menor custo de materiais, realizado através da otimização do investimento de capital, capacidade e pessoal, consistente com o nível de serviço ao cliente adequado. Gestão de Estoque 17 Por outro lado, toda empresa também tem objetivos aparentemente não econômicos que, no longo prazo, passam a ser econômicos, visto que se não forem alcançados, a empresa deixará de prosperar e pode até mesmo não sobreviver. Entre esses objetivos não econômicos estão as relações favoráveis com a comunidade, nível de serviço máximo possível aos clientes, condições de trabalho agradáveis, oportunidades de progresso para os empregados, liderança tecnológica. A tarefa básica do gerente de materiais é concentrar os esforços dos subordinados nos objetivos da empresa, para obter o suprimento de materiais ao custo total mais baixo possível. RESUMINDO: Neste sentido, o executivo deve levar em consideração os efeitos de curto e longo prazo de suas ações e seu impacto sobre os custos de outras atividades dentro da organização. Cada função da empresa deve funcionar no sentido de conseguir aqueles objetivos, e a função materiais não é uma exceção, visto que contribui para a sobrevivência e lucros, fornecendo materiais ao custo total mais baixo. Há muitas maneiras pelas quais poderá conseguir este objetivo global, sendo a mais óbvia o pagamento de preços mínimos pelos materiais. Porém, essa função também mantém em foco este objetivo quando aumenta a rotatividade dos estoques ou adquire materiais de qualidade superior. Em ambos os casos o verdadeiro custo de material é reduzido, no primeiro caso devido à redução de investimentos em estoques, e no segundo, devido às menores rejeições por conta da falta de atendimento das especificações. Gestão de Estoque18 A Moderna Gestão de Estoques O objetivo principal de uma empresa é maximizar o retorno do capital investido. Assim, os estoques são parte do capital investido que funciona como um lubrificante, de modo a permitir um bom funcionamento da relação produção/vendas. Fonte: Freepik A otimização dos estoques permite que o capital investido seja minimizado e o grande desafio é reduzir estoques sem comprometer a produção ou as vendas. E qual a importância da gestão de estoques? Temos a área comercial e área de produção estritamente relacionadas às atividades finais da empresa e costumam ter maior importância no gerenciamento geral. Gestão de Estoque 19 Sob o ponto de vista operacional, devemos entender as consequências e benefícios de um sistema logístico integrado. Assim, devemos mudar o foco da reposição dos estoques: do “quanto” para o “quando”. Ou seja, saber estabelecer o momento da reposição se torna mais importante que a quantidade a ser comprada. Para isso, se faz necessária a ampliação da capacidade de comunicação da empresa, tanto no nível tático quanto no operacional, bem como da capacidade de ajustamento às modificações do ambiente de negócios e estabelecer a coordenação das atividades, conforme a figura a seguir: Previsão de vendas Planejamento Distribuição da produção Produção DIAS (2011) EXPLICANDO MELHOR: No entanto, o grande problema é: quem informa aos executivos e investidores o custo de uma parada na produção ou da perda de vendas por falta de produtos? A gestão de estoques trata do gerenciamento da cadeia de atendimento integrada, também chamada de Logística. Gestão de Estoque20 A Organização da Gestão de Estoques A organização do processo de gestão de estoques, tendo como foco a integração do sistema logístico, passa por (BOWERSOX; CLOSS, 2001): • Controle de estoques • Compras • Almoxarifado • Planejamento e controle da produção • Importação • Transportes e distribuição Sobre o controle dos estoques, estes permitem o bom funcionamento da relação produção/vendas. Os tipos de materiais em estoque são: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados. Aqui prezamos pelo controle dos níveis de estoque e do investimento financeiro envolvido. Já sobre as compras, esta é uma preocupação especial com o estoque de matérias-primas e demais insumos necessários à produção. Deve-se fazer as cotações de preços e especificações de todos os itens Fonte: Freepik Gestão de Estoque 21 Fonte: Freepik que vêm de fora da empresa, sendo de fundamental importância na minimização dos custos da produção. Temos o Almoxarifado, que é responsável pelo armazenamento e guarda física dos materiais e o Planejamento e Controle da Produção, que estabelece a programação e controle do processo produtivo, podendo estar subordinado à área de produção ou de materiais. NOTA: Em relação à importação, temos as compras realizadas de fornecedores internacionais, onde a legislação extensa e complexa. O setor de estoques acompanha todo o processo de importação, incluindo o desembaraço aduaneiro. Nas empresas exportadores, normalmente é responsável pelo processo legal-administrativo das exportações.Gestão de Estoque22 Por fim, temos a atividade de Transportes e Distribuição, onde são feitas as entregas das matérias-primas, bem como a colocação do produto acabado para os clientes. A principal atividade aqui é a administração frota de veículos ou a contratação de transportadoras. Objetivos da Gestão de Estoques Os objetivos típicos da Administração de Materiais devem ser enfatizados, por contribuírem, de alguma forma, para a conquista de alguns objetivos e metas estratégicas da companhia. Se a contribuição for diretamente obtida pela função materiais, é denominado objetivo primário; se for indireta, caso em que a capacidade de serviço ou a equipe de assessoria do departamento de materiais geram resultados para outro departamento realizar seus objetivos, é considerado objetivo secundário, conforme a figura a seguir: Gestão de Estoque 23 Objetivos primários e secundários da Administração de Materiais BOWERSOX; CLOSS (2001) No entanto, o principal objetivo do setor é realizar o chamado efeito lubrificante na relação produção/vendas. Aumentos repentinos no consumo são absorvidos pelos estoques, até que o ritmo de produção seja ajustado para suprir o consumo maior. Sem estoques, ou com níveis de estoques baixos, um aumento rápido do consumo pode não ser atendido plenamente. Gestão de Estoque24 No entanto, mesmo com os objetivos claros, temos que estar atentos aos conflitos departamentais sobre estoque. Isso ocorre devido ao fato de que a área financeira prefere estoques baixos, para reduzir gastos com capital e armazenagem, e para melhorar índices de retorno. Em relação, as áreas de compras, comercial e de produção preferem estoques altos, pois permitem menores preços, uma maior margem de manobra e folga na produção, e diminuem o risco de faltas. Fonte: Freepik IMPORTANTE: Outro objetivo a ser considerado é a minimização do capital investido. Isso porque o capital investido exige retorno, e os estoques, por si só, não geram retorno. Uma gestão eficiente de estoques aumenta o retorno da empresa como um todo, pela diminuição do capital investido nos mesmos. Gestão de Estoque 25 Com isso, um departamento independente assume a administração dos estoques, conciliando os conflitos descritos anteriormente. Além disso, vai promover a integração das atividades aos estoques, controlando-as através de sistemas adequados. Por fim, vai se preocupar não apenas com o fluxo das compras e vendas, mas também com as relações de cada integrante da cadeia de produção e distribuição. Fonte: Freepik Temos que saber também, quais são os sintomas de deficiência no controle de estoques. Dentre eles, temos os seguintes: • Frequentes dilatações dos prazos de entrega para os produtos acabados e dos tempos de reposição para matéria-prima; • Quantidades maiores de estoque, com produção constante; • Elevação dos cancelamentos de pedidos e devoluções de produtos acabados; • Variação excessiva da quantidade a ser produzida; • Produção parada frequentemente por falta de material; • Falta de espaço para armazenamento; • Baixa rotatividade dos estoques; • Altos níveis de obsolescência. Gestão de Estoque26 Políticas de Estoque As políticas são fundamentais na gestão dos estoques em situações econômicas adversas. Elas exigem uma correta implantação, para que não “engesse” a capacidade de resposta da empresa às circunstâncias de mercado. Além disso, possuem importância vital em períodos inflacionários, pois demanda tende a cair e custos aumentam constantemente. As principais diretrizes das políticas de estoques são: • metas quanto ao tempo de entrega dos produtos aos clientes; • definição do número de depósitos e/ou de almoxarifados e da lista de materiais a serem estocados neles; • até que nível deverão flutuar os estoques para atender a uma alta ou baixa das vendas ou a uma alteração de consumo; • limites na especulação com estoques, em compras antecipadas com preços mais baixos ou ao se comprar quantidades maiores para obtenção de desconto; • definição da rotatividade dos estoques. Devemos saber também, como estabelecer o grau de atendimento. É ele que indica a quantidade, em percentagem sobre a previsão de vendas, que deverá ser fornecida de matéria-prima ou produto acabado pelo almoxarifado. Por exemplo: se o grau de atendimento foi determinado em 95% e a previsão de vendas mensais é de 600 unidades, a quantidade para fornecimento vai ser igual à 0,95 x 600, que resultará em um atendimento de 570 unidades. Gestão de Estoque 27 Fonte: Freepik Controle de Estoques As funções principais dos controles de estoques recaem sobre: a) determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens; b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; c) determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado: quantidade de compra; d) acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque: solicitação de compras; e) receber, armazenar e guardar os materiais estocados de acordo com as necessidades; f ) controlar os estoques em termos de quantidade e valor, bem como fornecer informações sobre a posição do estoque; g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. Gestão de Estoque28 Também devemos saber quais são os tipos de materiais em estoque, que são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados e materiais auxiliares e de manutenção. Matérias-primas são todos os materiais agregados aos produtos acabados e o seu consumo proporcional ao volume de produção. O nível dos estoques dependente de: tempo de reposição, consumo, custo e características físicas. Os produtos em processo são aqueles em estágio intermediário de produção, onde o nível dos estoques será dependente da extensão do processo produtivo e da complexidade do processo produtivo. Fonte: Freepik Já os produtos acabados se tratam do resultado final do processo produtivo que “aguardam” a venda. Temos aqui duas formas de lidar com este tipo de estoque. Primeiro: se a produção for por encomenda. Nesse casso, teremos baixos níveis de estoques de produtos acabados, visto que as vendas são negociadas antes da produção. Segundo: se a produção for para estoque. Nesse casso, teremos altos níveis de estoques, pois a venda ocorre após a produção. Aqui, o Gestão de Estoque 29 DIAS (2011) volume de produção determinado pela previsão de vendas e custos de fabricação. Por fim, temos os materiais auxiliares e de manutenção que não são usados diretamente nos produtos, como ferramentas de manutenção, equipamentos de proteção, entre outros. Eles são tão importantes quanto os anteriores, visto que podem causar interrupção da produção. Matérias-primas Produtos acabados Produtos em proces Processo de produção mat. aux e de manut Métodos de Previsão de Consumo Na maior parte das organizações, a previsão da demanda é responsabilidade dos departamentos de vendas e/ ou marketing. É, entretanto, um insumo (input) principal para a decisão do planejamento e controle de capacidade, que é normalmente uma responsabilidade de gerência de produção. Sem uma estimativa da demanda futura não é possível planejar efetivamente para futuros eventos, somente reagir a eles. Por isso é importante que os gerentes de produção entendam a base e os fundamentos lógicos para essas previsões de demanda. No que diz respeito a planejamento e controle de capacidade, há três requisitos para uma previsão de consumo: 1) Ser expressa em termos úteis para o planejamento e controle de capacidade. 2) Ser tão exata quanto possível. 3) Dar uma indicação da incerteza relativa. Gestão de Estoque30 Fonte: Freepik Essas flutuações na demanda, ou no suprimento, podem ser razoavelmente previsíveis, mas algumas, normalmentetambém são afetadas por variações inesperadas no clima e por evolução das condições econômicas. Assim, para minimizar os prejuízos decorrentes da incerteza, temos os chamados Métodos de Previsão de Consumo. O mais elementar deles é o método do último período, que se trata de um método grosseiro e NOTA: Em muitas organizações, o planejamento e controle da capacidade está preocupado em lidar com flutuações sazonais da demanda. Quase todos os produtos e serviços têm alguma sazonalidade da demanda, e alguns também têm sazonalidade de suprimentos. Gestão de Estoque 31 sem base matemática, que consiste em considerar como previsão de consumo para um período, o consumo realizado no período precedente. Temos também o método da média móvel, que se trata de um aprimoramento do método anterior e consiste em considerar como previsão de consumo para um período a média dos consumos realizados em um determinado número de períodos precedentes. Nesse caso, para padrões de consumo crescentes, a previsão será sempre menor que o consumo efetivo, e vice-versa. O cálculo pode ser realizado conforme a fórmula a seguir: Onde: CM = Consumo Médio C = Consumo nos períodos anteriores n = Número de períodos As desvantagens desse método são que as médias móveis podem gerar movimentos cíclicos, ou de outra natureza não existente nos dados originais. Além disso, são afetadas pelos valores extremos, mas isso pode ser superado utilizando-se a média móvel ponderada com pesos apropriados. Outra desvantagem é que as observações mais antigas têm o mesmo peso que as atuais e exige a manutenção de um número muito grande de dados. Em contrapartida as vantagens do método é a simplicidade e facilidade de implantação e a possibilidade de processamento manual. Gestão de Estoque32 Como variação da média móvel, temos o método da média móvel Ponderada, onde os consumos nos períodos mais recentes recebem peso maior. Ela pode ser obtida da seguinte forma: Onde: PC = Previsão de Consumo C = Consumo nos períodos anteriores X = Fatores de importância Temos também o método da média com ponderação exponencial, que se trata de um método relativamente simples, que precisa de três dados: 1) Previsão do último período 2) Consumo efetivo no último período 3) Determinação do coeficiente de ajustamento Este método, busca prever o consumo seguindo sua tendência geral e eliminando variações aleatórias. No entanto, ele não deve ser utilizado com padrões de consumo de flutuações somente aleatórias, com tendência crescente/decrescente ou cíclicos. O seu cálculo pode ser obtido da seguinte forma: PC = C x α + P x (1-α ) Gestão de Estoque 33 Onde: PC = Previsão de Consumo C = Previsão de Consumo no Período Anterior P = Consumo Efetivo no Período Anterior α = Coeficiente de Ajustamento Gestão de Estoque34 Custos de Estoque Dentre os principais custos relacionados aos estoques, temos: • Custos de capital: juros e depreciação • Custos com pessoal: salários e encargos sociais • Custos com edificação: aluguéis, impostos, luz e conservação • Custos de manutenção: deterioração, obsolescência e equipamento Além disso, temos outros tipos de custos que são essenciais para a definição dos valores de estoque. O primeiro deles são os custos de armazenagem que são calculados com base no estoque médio e indicados como percentagem do valor em estoque. Esses custos são proporcionais à quantidade em estoque e ao tempo de permanência em estoque e determinados por meio de fórmulas e modelos matemáticos. A fórmula geral para cálculo dos custos de armazenagem é: CA = (Q/2) x T x P x I onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado P = Preço unitário do material I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de percentagem do custo unitário T = Tempo considerado de armazenagem Gestão de Estoque 35 Fonte: Freepik Temos também os chamados custos de pedido, onde as principais despesas associadas são: mão-de-obra; materiais utilizados na confecção dos pedidos e; custos indiretos (telefone, energia, custos do departamento). O custo total do pedido é calculado da seguinte forma: CTP = n x B onde: n = número de pedidos no período B = custo unitário do pedido Dessa forma, podemos dizer que o custo total de estoque, seria a soma dos custos de armazenagem com o custo total do pedido, podendo ser calculado da seguinte forma: CT = (C/Q) x B + (Q/2) x P x I Gestão de Estoque36 Assim, o grande objetivo da gestão de estoque é determinar o Q (quantidade do lote de compra) que vai minimizar o custo total. Este cálculo e todos os elementos relativos ao lote econômico de compras, será tratado em detalhes na Unidade 3. Níveis de Estoque Os estoques se tratam de recursos ociosos que possuem valor econômico, que representam um investimento destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes. Fonte: Freepik O gerenciamento moderno avalia e dimensiona convenientemente os estoques em bases científicas, substituindo o empirismo por soluções. Toda empresa deve definir a forma como administra seus estoques buscando saber quando e quanto comprar, obtendo dessa maneira vantagem competitiva. Gestão de Estoque 37 DIAS (2011) Para isso devemos saber como entender e estipular os níveis de estoque das empresas, sobretudo, entender os gráficos de estoques são uma representação gráfica da variação dos estoques em função do tempo. O modelo mais utilizado se trata da chamada curva dente de serra (figura a seguir), cujas premissas recaem sobre: • não existir alteração de consumo durante o tempo T; • não ocorrerem falhas administrativas que provoquem um atraso ao solicitar compra; • o fornecedor da peça nunca atrasar sua entrega; • nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de qualidade. IMPORTANTE: As premissas citadas anteriormente, na prática, são muitas vezes quebradas, o que gera um risco considerável de falta de estoque. A gestão de estoque deve minimizar esse risco utilizando métodos eficazes e que não incorram em aumentos substanciais nos níveis de estoque. Gestão de Estoque38 Também temos que saber qual é o nível de estoque mínimo, que se trata de uma das alternativas de redução do risco de falta de estoque é a adoção de um estoque mínimo. Aqui, o estoque de determinado item deve ser reabastecido ao atingir o nível mínimo. Essa quantidade será útil na ocorrência de imprevistos que atrasem a reposição, suprindo o consumo até a efetiva reposição, conforme nos mostra a figura a seguir: DIAS (2011) Com o estoque mínimo definido, devemos saber qual é o ponto de pedido, que se trata do nível de estoque que funciona como gatilho do pedido. Aqui se leva em consideração o tempo de reposição, que é o tempo gasto desde o início do processo de pedido até que o material esteja disponível para consumo. Algumas etapas devem ser observadas em relação ao tempo de reposição: 1) Emissão do pedido: emissão do pedido e recebimento pelo fornecedor; 2) Preparação do pedido: tempo para fabricação, separação, faturamento e despacho; 3) Transporte: saída do material do fornecedor até o recebimento do mesmo para consumo. Gestão de Estoque 39 DIAS (2011) O processo de reposição do estoque deve ser iniciado quando o estoque virtual atingir um nível predeterminado, que é o ponto de pedido (PP) que pode ser calculado da seguinte forma: CA = (Q/2) x T x P x I onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado P = Preço unitário do material I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de percentagem do custo unitário T = Tempo considerado de armazenagem Outros conceitos que devemos entender são: 1) Consumo médio mensal (CM): média aritmética dos consumos realizados em determinado número de meses precedentes. 2) Estoque mínimo (E.Mn): quantidade de estoque que só será utilizada em caso de exceção;determinado estrategicamente 3) Estoque máximo (E.Mx): é atingido assim que um ressuprimento entra no estoque; soma do estoque mínimo com o lote de compra (Q), onde a fórmula é E.Mx = E.Mn + Q Gestão de Estoque40 4) Estoque médio (EM): nível médio do estoque ao longo das operações, cujo cálculo pode ser realizado pela fórmula EM = E.Mn + Q/2 5) Intervalo de ressuprimento: período de tempo entre dois ressuprimentos consecutivos; pode ser fixado dentro de qualquer limite, dependendo das quantidades compradas 6) Ruptura do estoque: esvaziamento completo do estoque, de modo a não se poder atender a pedidos internos da produção ou de clientes externos Métodos de Determinação do Estoque Mínimo A fim de se evitar a ruptura no estoque e objetivando o funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, faz-se necessário a implementação de um estoque mínimo ou de segurança. VOCÊ SABIA? O estoque mínimo também é conhecido como estoque de segurança. Se trata da quantidade mínima possível capaz de suportar um tempo de ressuprimento superior ao programado. Gestão de Estoque 41 Fonte: Freepik Fonte: Freepik Definir o estoque mínimo é um fator de suma importância para o gerenciamento do estoque, pois está diretamente ligada ao grau de imobilização financeira da empresa. Estabelecer um alto percentual para estoque mínimo a fim de não acarretar falta de material em estoque, apresentará um alto custo de armazenagem. Gestão de Estoque42 Em contrapartida, definir uma margem de segurança muito baixa proporcionaria um alto custo de esgotamento, que é aquele custo por não dispor o material quando necessário. As causas mais comuns das faltas de estoque são: a. Oscilações no consumo; b. Tempo de Reposição; c. Rejeição por parte do Controle de Qualidade; d. Remessa diferente do solicitado; e. Diferenças no inventário. Temos diferentes formas de estabelecer o estoque mínimo, vamos a elas: 1) Fórmula Simples: EMn = C x K , onde C = consumo médio mensal K = fator de segurança contra risco de ruptura O fator K é proporcional ao grau de atendimento desejado para o item em questão. 2) Método da raiz quadrada: Este método considera que o tempo de reposição (TR) não varia mais do que a raiz quadrada de seu valor. Só deve ser usado se: o consumo durante o tempo de reposição for pequeno, menor que 20 unidades; o consumo do material for irregular e; a quantidade requisitada ao almoxarifado seja igual a 1. A fórmula para cálculo é EMn= √C xTR 3) Método da Percentagem do Consumo: Este método considera os consumos passados, medidos em um gráfico de distribuição acumulativa. Pode ser calculado pela fórmula EMn = (C.máx – C.médio) x TR 4) Estoque Mínimo com Alteração de Consumo e Tempo de Reposição: Com relação aos métodos anteriores, tem a vantagem de poder ser aplicado em situações de mudanças no consumo e tempo de reposição, o que é mais compatível com os casos concretos. Pode ser calculado por Gestão de Estoque 43 EMn = T1 x (C2 – C1) + C2 x T4. Se não houver atraso no tempo de reposição, a fórmula se reduz para EMn = T1 x (C2 – C1) Onde: T1 = duração do estoque com o consumo inicial C1 = consumo inicial C2 = consumo alterado T4 = atraso no tempo de reposição Giro do Estoque O giro do estoque permite comparar eficiência na administração dos estoques entre empresas de um mesmo setor. As empresas normalmente determinam a meta do giro de estoques e então avaliam o desempenho real. A apreciação do índice de rotatividade fornece elementos para a aferição do comportamento do estoque, por meio da comparação com índices de anos anteriores ou mesmo com índices de empresas congêneres, fornecendo subsídios valiosos para ações e decisões que se fizerem necessárias. Giro de estoque = Valor Consumido no Período Valor do Estoque Médio no Período Ou Giro de estoque = Consumo Médio Estoque Médio Gestão de Estoque44 BIBLIOGRAFIA BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHITALE, A.K.; GUPTA, R.C. Materials Management: Text and Cases (2. edition). Nova Delhi: PHI, 2011. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2001. VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2011. Aula 02 Livro Didático Digital Rodrigo Souza da Costa Gestão de Estoque Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Sou o professor Rodrigo Souza da Costa e me sinto honrado por poder, de alguma forma, contribuir com sua formação. A área de gestão é um dos principais problemas (se não o principal) para o crescimento socioeconômico do país. Dessa forma, a importância de especializar-se fica cada vez mais evidente para quem busca uma posição de destaque no mercado. Nossa profissão é muito dinâmica. Mudanças nas formas de gestão nos coloca em constante busca por aprendizado e adaptação ao ambiente de competição das empresas. Quando me foi passada a tarefa de lhe acompanhar em parte desse aprendizado, procurei buscar subsídios em minha formação e atuação profissional que pudessem ser relevantes para o seu aprendizado. Entre os meus passos nessa formação destaco: • Sou graduado em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizei meu Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Doutorado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). • Atuo desde 2007 no ensino na graduação e Pós-graduação em diversas instituições do Sul do Brasil. • Realizo pesquisas na área de Administração, sobretudo no que tange a Estratégia Empresarial e Internacionalização de Empresas, tendo publicado mais de 40 artigos em periódicos e eventos nacionais e internacionais. Ministro as seguintes disciplinas: Teoria das Organizações, Estratégias Empresariais, Diagnóstico Organizacional, Gestão de Recursos Empresariais, Gestão da Produção, Gestão da Cadeia de Suprimentos, dentre outras. Espero que possa contribuir significativamente nessa etapa de sua formação. INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Classificação, codificação e padronização de materiais .....................12 Classificação de Materiais ..............................................................................12Codificação de Materiais ................................................................................15 Principais Sistemas de Codificação ..................................................19 Outros Sistemas de Codificação ........................................................23 Padronização e Redução de Variedade ....................................................25 Materiais, mercadorias, bens e cargas ......................................................34 Embalagem e Materiais de Embalagem ..................................................38 Unitização de cargas .......................................................................................49 Bibliografia ..........................................................................................................57 Gestão de Estoque 9 UNIDADE 02 Gestão de Estoque10 Olá, meu caro aluno! Tudo bem com você? A nossa disciplina está tratando da Gestão de Suprimentos, Logística e Transporte, onde estamos vendo sobre a importância desta área essencial para o aumento da competitividade de qualquer empresa, pois trata diretamente de um dos principais setores quando o tema é a eficiência de custos. Nesta terceira unidade, o essencial é que você entenda como ocorrem os processos de classificação e codificação de materiais. Serão apresentados aqui alguns dos principais conceitos e métodos para sistematização da codificação dos materiais em nossos estoques. Também será apresentado para você como ocorrem os processos de padronização e redução da variedade de itens do estoque, com o objetivo de facilitar o controle dos itens que o compõe. Além disso, você verá os critérios utilizados para embalagem e unitização de cargas. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Gestão de Estoque 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Entender as formas de classificação e codificação de materiais; • Analisar o processo de codificação e padronização de itens; • Avaliar os materiais, mercadorias, bens e cargas; • Entender o processo de embalagem e unitização de cargas. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Gestão de Estoque12 Classificação, Codificação e Padronização de Materiais Toda organização armazena um grande número de itens, geralmente mantidos em seus depósitos, armazéns e centros de distribuição, requerendo um sistema adequado para a sua identificação para evitar falhas e mal-entendidos na hora de localizá-los. Qualquer erro no momento da identificação e localização dos itens atrasará a entrega dos materiais, desperdiçará tempo na operação do almoxarifado, e consequentemente, a produtividade do departamento de materiais será afetada adversamente. O gerente de materiais, que é responsável pela classificação dos materiais ao serem: recepcionados, inspecionados, registrados e enviados para estocagem nos depósitos, deverá adotar um sistema amplo de classificação de materiais de acordo com a sua natureza, usabilidade e serviço para que isto não se torne um problema crucial para a gestão logística. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Classificação de Materiais REFLITA: Mas, em que consiste a classificação dos materiais? Classificar os materiais significa agrupá-los por características semelhantes (VIANA, 2002). Para uma excelente classificação de materiais, precisamos inserir um sistema que tenha uma capacidade enorme de resolução e que tenha uma gama de características e não somente materiais a classificar; flexibilidade, permitindo correspondências entre os vários tipos de classificação; e praticidade, permitindo uma classificação direta e simples. Gestão de Estoque 13 E como podemos classificar os materiais em uma indústria? Em uma planta, almoxarifado ou armazém industrial, os materiais são classificados nas seguintes categorias (DIAS, 2010): a) Matérias-primas: itens comprados dos produtores ou fabricantes originais e usados diretamente ou sujeitos a um processo de transformação na fabricação dos produtos da empresa, como os plásticos granulados, que são convertidos em peças moldadas de plástico que, por sua vez, serão matérias-primas para a montagem de algum produto ao longo da cadeia de suprimento. b) Componentes de compra: itens acabados que a maioria das indústrias compra de fornecedores e efetua sua montagem para obter um produto acabado. Em geral, 95% dos componentes comprados não representam a competência essencial da compradora, mas os 5% dos componentes fabricados internamente e que representam a competência essencial da empresa e participam do produto final, sendo usualmente peças críticas de elevado valor. c) Materiais em processo: categoria representada por materiais em estado semiacabado como resultado de operação que está sendo realizada com as matérias-primas adquiridas externamente, e que constitui uma grande proporção do inventário mantido; d) Bens ou produtos acabados: aqueles finalmente produzidos e prontos para serem comercializados, e que servem de “estoque regulador” entre o departamento de produção e de marketing. Considerando a diversidade dos itens mantidos em estoque nos depósitos e armazéns para apoio ou uso na produção, podemos chamar a atenção das seguintes categorias (CHITALE; GUPTA, 2011): a) Peças de reposição: itens relevantes que, em geral, representam a reserva de componentes do equipamento de produção que convertem as matérias-primas em produtos acabados, sendo classificados em três categorias: as vitais, pertencentes às máquinas cruciais cuja interrupção no funcionamento leva a uma paralização de toda a produção; as essenciais, pertencentes aos equipamentos da categoria seguinte, que estão disponíveis em maior número e desempenham operações de Gestão de Estoque14 semi-acabamento; e as desejáveis, pertencentes ao equipamento de acabamento, em maior número. b) Consumíveis: materiais usados no processo de fabricação e que não podem ser reusados com o mesmo propósito, incluindo carvão, óleo mineral, lubrificantes, estopa de algodão, tintas, materiais de escritório, etc... c) Combustíveis: itens do estoque de consumíveis usados diretamente na produção como óleo para fornalhas, fornos etc...; em certos casos, esses itens são considerados matérias-primas; por exemplo, o carvão é um combustível, mas também matéria-prima para a produção de ferro e aço. d) Inflamáveis: itens que, devido à sua natureza perigosa, são estoca- dos geralmente o mais distante possível do prédio principal, com a presença de equipamento de combate a incêndio instalado bem próximo, e que incluem tintas, vernizes, solventes e filmes plásticos. e) Produtos químicos: que devem ser armazenados, preservados e despachados com segurança, visto que o seu uso poderá pôr em risco até mesmo vidas humanas; e que incluem gases tóxicos e ácidos. Outro item importante a ser analisado é de como é utilizado o material. Sobre a sua condição e usabilidade, esses materiais podem ser classificados em (DIAS, 2010): a) itens servíveis, que ficam temporariamente fora de funcionamento e, após reparo, tornam-se novamente funcionais; b) itens inservíveis, que incluem as sucatas – que já ultrapassaram a vida útil e são destinados ao descarte; e os obsoletos – itens antiquados e fora de uso devido às novas invenções no design;. c) itens acabados e semiacabados, sendo acabados aqueles prontos para venda e semiacabados os que requerem processamento posterior na produção antes de serem postos à venda; d) Itens de estoque morto, formado por máquinas e equipamentos de vida útil definida, que não podem ser baixados da conta patrimonial antes de sua data de validade; e) Itens inutilizáveis, que não podemser usados na produção por estarem defeituosos e danificados devido ao uso. Gestão de Estoque 15 Codificação de Materiais Mas, por que é necessário codificar os materiais? Mesmo mantendo estoques de grande número de itens, frequentemente ocorrem faltas de itens nas organizações. Isto se deve, segundo Chitale e Gupta (2011), em grande parte, à forma de identifica-los pela prática comum de descrevê-los por nomes individuais; e visto que vários departamentos usam o mesmo item, este poderá receber vários nomes diferentes e ficar armazenados em locais distintos. Um exemplo muito rico desta prática aconteceu no Reino Unido, onde uma empresa de eletricidade descobriu que um único item (um pino de aço de certas dimensões), havia recebido 118 denominações, dependendo do tipo de utilização. Fonte: Freepik Gestão de Estoque16 Um sistema de codificação adequado removeu os 118 locais de estoque e com eles os inventários, entradas, itens obsoletos associados etc. Existem alguns sistemas oficialmente padronizados para codificar algumas mercadorias, porém, no campo empresarial, esse sistema é desenvolvido de acordo com a solicitação da empresa, conforme as necessidades do ramo e tamanho da empresa. Como exemplo, a representação de cada item pode ser realizada por um número, cujos dígitos indicam o grupo, subgrupo, o tipo e a dimensão do item; ou por uma letra associada ao conteúdo de um mesmo metal, digamos, ferrosos, não ferrosos etc... Nas bibliotecas do mundo inteiro é adotada a classificação universal de codificação, com o uso de decimais para identificação dos itens. DEFINIÇÃO: A codificação é uma variação da classificação de materiais, que consiste na representação dos itens por meio de um conjunto de símbolos alfanuméricos, ou simplesmente numéricos, que traduzem as características dos materiais, de maneira racional, metódica e clara, para se transformar em linguagem universal de materiais na empresa (VIANA, 2011). Gestão de Estoque 17 Fonte: Freepik Os determinados sistemas de codificação, como por exemplo, o sistema de geração de códigos (SGC) e o sistema para alimentar computadores (SAC) são combinados para a utilização com gráficos de barras e outras formas de identificação por dispositivos de leitura ótica (scanners), permitindo assim, o conhecimento do número de lote, série, data de fabricação e de validade, e outros dados (DIAS, 2010). Mas, quais seriam os objetivos e as características desejáveis de um bom sistema de codificação? Então, um bom sistema de codificação se apoia em bases técnicas a partir da análise dos materiais utilizados pela empresa, visando facilitar a sua identificação e especificação na comunicação interna e em documentos comerciais, inclusive internacionais, da empresa para: a) Evitar a duplicidade de itens; b) Facilitar a gestão de estoques e aquisições, o controle contábil e a padronização dos materiais; c) Permitir a fácil localização e o funcionamento adequado do depósito ou armazém. Para que este sistema seja eficiente, deve ser simples e de fácil entendimento, deve ser também de aplicação rápida e que abranja todos os materiais e ter como base que cada código represente exclusivamente um item. Gestão de Estoque18 Essa codificação deve ser compacta, concisa, consistente e flexível o bastante para que todos os novos itens e inteligível e orientada no sentido da organização individual. Esses agrupamentos devem ser lógicos, mantendo partes similares próximas uma da outra. Tanto quanto possível, devem ser adotadas dimensões uniformes, por exemplo, segundo o sistema métrico decimal e cada dígito deve significante o suficiente para representar algumas características ou aspectos dos itens. Um sistema de codificação adequado à empresa deve ser desenvolvido de forma a obter os benefícios de descrições abreviadas e curtas dos itens; identificação lógica e precisa, com cada código indicando o tamanho, qualidade, preço, usabilidade, características especiais, especificação do item; prevenção de duplicidade, estabelecendo-se a formação de um vocabulário do estoque constituído por um: a) código principal, um subcódigo e um código descritivo; b) compatibilidade com o sistema de gestão informatizado da empresa; padronização e redução da variedade; c) facilidade na localização física dos itens; d) simplificação no trabalho de preenchimento e atendimento de pedidos de compra; e) melhoria na eficiência de desempenho do almoxarifado permitindo o controle do estoque, registro e inspeção mais rápidos, custeio e precificação mais precisos e confiáveis, minimização de fraudes e contribuindo para uma melhor implantação do planejamento e programação na produção. São solicitações que devem ser cumpridas, por outro lado, a codificação apresenta certos problemas e a maioria resulta da capacidade humana. Incluímos também alguns erros devido à falha humana na solicitação de compra podendo acontecer prejuízos ao plano de produção e difícil localização de erros de codificação, consumindo tempo e mão de obra nessa tarefa. Gestão de Estoque 19 O sistema é difícil de memorizar, podendo acontecer duplicidades e possibilidade de alguns erros e mal-entendidos de codificação. Devido ao pequeno número de letras, é difícil selecionar as letras adequadas para cada um dos itens do estoque, sendo comum a repetição das letras em um único e no mesmo código e é impossível expandi-lo para o nível desejado. Fonte: Freepik Principais Sistemas de Codificação Os principais sistemas de codificação de uso comum atualmente são: sistema alfabético, sistema numérico, sistema decimal e sistema alfanumérico. No sistema alfabético, composto por letras do alfabeto que formam os códigos para os materiais, sem relações com números. No geral, a primeira letra do nome do material ela não varia o ponto de partida da codificação e, com isso as outras letras são usadas dependendo de algumas características dos itens. Gestão de Estoque20 Porém, este sistema é simples, ele não requer treinamento para a alocação do código ou implementação, e é indicado somente àqueles almoxarifados de pequeno porte ou com pequeno número de itens. Matérias‑primas Códigos Materiais de escritório ME Lápis ME‑L Caneta ME‑C Papel ME‑P Grampos ME‑G Fita gomada ME‑F Envelopes ME‑E Tabela 3.1 – Exemplo de Sistema de Codificação Alfabético Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Já no sistema numérico, os números são adotados como códigos dos materiais, necessitando provisões para futura expansão, de acordo com as seguintes versões: a) Único número: cada item recebe um único número; b) Bloco: itens de naturezas semelhantes são agrupados e cada grupo recebe um bloco de números, que poderá posteriormente ser subdividido de acordo com a necessidade; por exemplo, bloco de 1 a 500 para matérias‑primas; bloco de 501 a 1.000 para materiais de prateleiras e de 1001 a 1.500 para consumíveis etc...; e os grupos admitindo subgrupos, como por exemplo, em matérias‑primas, de 1 a 100, 101 a 200, 201 a 300 etc. c) Números com traços ou barras: este é um melhoramento no sistema de bloco de números, onde é colocado um traço ou uma barra entre certos dígitos para descrever as características de variação do item que está sendo codificado. Um exemplo das versões da codificação alfabética é apresentado abaixo. Gestão de Estoque 21 Materiais Único número Bloco de números Número e traço Número e barra Matérias-primas 01 1-100 17 17 Minério de Ferro 05 1-10 17-1 17/1 Lingote de Ferro 06 11-20 17-2 17/2 Tubo de Ferro 07 21-30 17-3 17/3 Vergalhão de Ferro 08 31-40 17-4 17/4 Chapa de Ferro 09 41-50 17-5 17/5 Barra de Ferro 10 51-60 17-6 17/6 Minério de Ferro 11 61-70 17-7 17/7 Tabela 3.2 – Sistemas de Codificação Numérica Fonte: CHITALE; GUPTA (2011) Este tipo de sistema numérico é um sistema simples, flexível até certa extensão e pode ser ajustadode acordo coma necessidade da empresa, mas não tão flexível quanto necessário. Ele não está livre de repetições nem é simples para trabalhar nem tão pouco memorizar, sendo recomendado apenas para pequenos depósitos ou almoxarifados, pois pode complicar no lugar de ajudar o crescimento da empresa. Com relação ao sistema decimal, é amplamente baseado no sistema de codificação numérico de traço e barra, envolvendo a divisão dos códigos e item ou departamento do estoque em três categorias: a) classificação principal, como matérias-primas, materiais de embalagem, materiais acabados etc.; b) subclassificações da classificação principal de acordo com a sua natureza, uso, qualidade, características etc...; c) divisões dessas subclassificações materiais em diferentes classificações, tais como qualidade do material, componentes, aparência, preço, disponibilidade, fonte de fornecimento, comercialização, pesquisa de uso etc... Neste sistema, cada categoria de material indicada é separada de outra por um ponto decimal e os dígitos entre pontos decimais podem ser tantos quantos necessários (em geral, não mais que quatro). Gestão de Estoque22 Esse método é simples e claro, permitindo a expansão até o limite mais amplo, sem risco de duplicidade; porém, ele se torna complicado, podendo resultar em erros; é necessário ter conhecimento técnico, ele é recomendado neste caso para grandes armazéns e considerado a alternativa mais científica de todas as abordagens conhecidas. O sistema decimal mais conhecido e utilizado globalmente é o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), que engloba a nomenclatura aduaneira, codificação e classificação de mercadorias para importação e exportação. Mantido pela Organização Mundial de Alfândegas (WCO) e utilizado pelas alfândegas de mais de duzentos países, classifica as mercadorias em ordem crescente de valor agregado na produção, contando com 21 seções, que contêm 99 capítulos, três dos quais em branco, sendo o 77 para utilização futura quando necessário; e 98 e 99: destinados ao uso pelo próprio país. Fique atento, pois alguns países estendem sua estrutura para nomenclaturas de oito dígitos, como no caso dos membros do MERCOSUL, para classificação das tarifas e restrições de importação, estatísticas de comércio exterior, etc... Por fim, temos o sistema alfanumérico, onde combinamos o sistema alfabético com o numérico. Esse sistema foi desenvolvido para aproveitar as vantagens de ambos, mantendo a simplicidade e facilidade de identificação e a facilidade de expansão em estágio posterior. SAIBA MAIS: A nomenclatura é composta de seis dígitos que representam o capítulo (os dois primeiros); a posição dentro do capítulo (terceiro e quarto); subposição simples (quinto); e subposição composta (sexto). Gestão de Estoque 23 Outros Sistemas de Codificação A marcação representa outro método de identificação dos itens do almoxarifado, havendo dois tipos usualmente adotados com esta finalidade: por cores e a secreta (CHITALE; GUPTA, 2011). As marcas de cores em materiais como metais, cabos, tambores e itens similares são feitas para suplementar o código numérico e facilitar sua identificação, ou para alguns materiais que não podem fazer uso do código numérico, sendo um método simples e fácil de compreender, porém de baixo uso devido ao limitado número de cores disponíveis e de aplicação restrita a alguns materiais, visto que não cabem em peças, como rolamentos de esferas, molas, etc... IMPORTANTE: Para aplicar os códigos sob este sistema, os materiais são primeiramente agrupados juntos como usualmente é, e um título é concedido para cada um dos grupos então formados. Então, os números são adotados ou baseados no sistema de blocos ou no sistema de traço e barra. NOTA: Às vezes, combina o sistema alfabético e o decimal, portanto, com os números adotados para os diferentes materiais como códigos baseados no sistema decimal. Gestão de Estoque24 São gravadas em um local dentro do item, permanecendo invisíveis e reconhecidas somente por funcionários mais graduados do almoxarifado. IMPORTANTE: Estas marcas secretas são utilizadas com sucesso em itens mecânicos de elevado custo ou valor, sujeitos a furtos e pilhagens, de forma a detectá-los facilmente nas lojas onde são vendidos ou em locais onde são usadas, essas marcas secretas não são visíveis. Gestão de Estoque 25 Padronização e Redução de Variedade Uma norma é fruto de consenso de acordo firmado entre partes (VIANA, 2011). Por outro lado, o significado geral de padrão é de um modelo ou um acordo geral estabelecido por consenso no setor industrial, acadêmico, especialistas no assunto ou por autoridade (CHITALE; GUPTA, 2011). Hoje existem vários tipos de normas, inclusive sobre procedimento, especificação, padronização, terminologia, simbologia, método de ensaio, classificação, etc... Por outro lado, os padrões e normas, são desenvolvidos nos mais diversos contextos, incluindo os seguintes (DIAS, 2010): a) industriais, exclusivos de um setor industrial, por exemplo, tipos de paletes usados na movimentação de mercadorias em plantas, armazéns e supermercados; b) nacionais, quando há exigência de conformidade de materiais e processos com as normas brasileiras publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); c) internacionais, quando os itens deverão estar de acordo com normas da Organização para a Padronização Internacional – ISO; ou outras entidades internacionais. DEFINIÇÃO: Mas o que significa padronização? Bem, se trata de uma forma de normalização que consiste na redução do número do tipo de produtos ou componentes, dentro de uma faixa definida, ao número adequado para atendimento das necessidades vigentes em dada ocasião (VIANA, 2011). Gestão de Estoque26 Em uma análise de materiais, para obter um bom intercâmbio e redução de variedade que resulte em economia, sendo considerado um eficiente instrumento na produção de rentabilidade e competitividade em mercados internacionais, eliminando os desperdícios devido à garantia de qualidade e estímulo à produtividade e facilidade de absorção de tecnologias avançadas. A padronização de materiais oferece numerosos benefícios à indústria, tais como (VIANA, 2011): a) eliminação de descrições detalhadas e desnecessárias nas especificações; b) obtenção de uma base uniforme e clara para a comparação precisa das cotações de preços para a mesma mercadoria requerida pelo comprador e oferecida por mais de um vendedor, com melhor disponibilidade, preço ou prazo de entrega, ou contratar fornecimento contínuo com o mesmo vendedor; c) redução da variedade e padronização para tamanhos, graus, formas, cores, tipos de peças, obtendo peças intercambiáveis e mais econômicas; d) redução dos custos de inspeção e de qualidade, com eliminação desse processo para fornecedores pré-qualificados e certificados, e uso de amostragem para itens de empresas de tradição; e) melhoria da qualidade, do tamanho do lote, carregamento e programação, aumento da utilização das máquinas e redução do custo de produção; f ) concentração dos esforços na fabricação, portanto, simplificação e especialização, e dos esforços de compra, redução do trabalho burocrático e do custo de aquisição através de compras no atacado; g) redução nos custos de reparos e manutenção; de embalagem e movimentação de materiais, mediante unitização de cargas; e na quantidade e custo de estoques de materiais, semiacabados e produtos acabados; h) redução do tempo de espera, do processo contábil, de registros e documentos, dos desperdícios e das chances de obsolescência Gestão de Estoque 27 dos materiais. Esses resultados permitem a redução do preço, maior competitividade dos produtos e potencial expansão do mercado. Uma redução da variação dos produtos,com certeza, é uma consequência da boa padronização. Enquanto o pessoal de design e da pesquisa e desenvolvimento apreciam a criação de variedade de produtos para impressionar a alta administração e exibir talento, o pessoal da produção e, em especial, do Departamento de Materiais prefere menos variedade devido ao objetivo de produzir inúmeros lotes de grandes quantidades para um só ajuste do equipamento, reduzindo o custo unitário do produto. O contexto da padronização e da redução da variedade concentra- se nos produtos acabados, nos quais predomina a variedade devido ao breve ciclo de vida da maioria dos produtos, especialmente de alta tecnologia. Como alguns vendedores insistem na variedade de produtos para satisfazer o gosto dos clientes, o pessoal da criação deve arranjar combinações inteligentes com a submontagem sem alterar a padronização no plano dos componentes. O impacto da redução de variedade pode ser significante sobre a lucratividade da empresa, gerando prosperidade as empresas em particular e à economia como um todo, devido aos seguintes fatores (VIANA, 2011): EXPLICANDO MELHOR: No entanto, é desejável em todos os níveis do processo, incluindo de matérias-primas e componentes, mediante certificação de qualidade dos fornecedores e do equipamento de produção, gerando custos mais baixos de aquisição, também devido a descontos de quantidade. Gestão de Estoque28 a) aumento de produtividade em espiral, em consequência da redução nos custos e aumento na demanda pelos produtos (Figura 3.2); b) redução no custo de fabricação, aproveitando economias de escala com quantidades produzidas por jornada cada vez maiores; c) redução no nível de estoques e do número de tipos e categorias de itens; e do capital investido em estoque; d) redução no custo de aquisição, devido à compra de um número menor de itens padronizados no atacado com descontos de quantidade; e) redução no custo de mão de obra devido à maior experiência e especialização de trabalhadores, pois de acordo com a teoria da curva de aprendizagem, a cada período que o número de peças produzidas é dobrado, o tempo médio acumulado por peça é reduzido e o custo de produção é reduzido a certa taxa de aprendizagem. f ) potencialização da competitividade em novos mercados através da melhoria na utilização do equipamento de produção e na qualidade, com um menor número de ajustes e de jornadas de produção, maior especialização dos trabalhadores e maior eficácia na promoção de vendas concentrada com o mesmo custo. Gestão de Estoque 29 Figura 3.1 – Espiral da Produtividade Fonte: CHITALE; GUPTA (2011) Mas, quais são as relações entre padronização, simplificação e especialização? Bem, qualquer análise econômica realizada do design de produtos deve considerar os efeitos da padronização, simplificação e especialização, processos geralmente relacionados em um conjunto e desenvolvidos em uma sequência lógica e referidos como “Os três S’s” (CHITALE; GUPTA, 2011). De acordo com uma ampla quantidade de exigências, primeiro precisamos desenvolver a padronização mediante classificação, definição e elaboração das características essenciais, de modo a permitir a variedade mínima requerida para satisfazer tais atributos essenciais, processo típico de engenharia. Dentro de certa faixa, um processo de simplificação pode ser realizado com uma visão de reduzir a variedade dos produtos e materiais, sendo um processo econômico, como de engenharia, e tem a especialização, como um de seus resultados naturais. Gestão de Estoque30 Já em outra situação, a Simplificação é o processo de reduzir o número de tipos de produtos dentro de uma faixa definida, uma tentativa de reduzir a variedade. E, finalmente, Especialização é o processo em que as empresas privadas se concentram para a fabricação de um número limitado de produtos ou tipos de produtos, visando ao aumento na participação ou a liderança de mercado. É necessário verificar qual será o escopo da padronização, pois ela abrange um grande campo de atividades, dentre elas: a) dimensão física e tolerâncias dos componentes dentro de uma faixa definida; b) avaliação das máquinas ou equipamentos (em unidades de energia, temperatura corrente, velocidade); c) especificação das propriedades físicas e químicas dos materiais; d) métodos de testar as características de desempenho; e) métodos de instalação para obter a conformidade com as medidas de precaução mínimas e conveniência de uso. As categorias relacionadas à redução de variedade e certos aspectos de qualidade, visam a intercambialidade de componentes e conjuntos para montagem; e neste contexto, a adoção de padrões de matérias-primas torna-se um dos fundamentos do design do produto. DEFINIÇÃO: Padronização é o processo de definir e aplicar as condições necessárias para assegurar que certa faixa de exigências possa normalmente ser satisfeita com um mínimo de variedade e de maneira reproduzível e econômica com base nas melhores técnicas correntes; portanto, a redução de variedade é a essência da padronização com efeito na produção e nos tempos de ajustes das máquinas; e neste contexto, deve ser destacada a grande importância do sistema ISO 9000 de padrões internacionais, que se tornou um sinônimo de qualidade e prestígio, e uma condição almejada pela maioria das indústrias para competir globalmente. Gestão de Estoque 31 A precisão requerida pelo processo de fabricação é outro pré- requisito da intercambialidade, a fim de obter produção dentro das tolerâncias especificadas. Isto implica que o controle da produção tem que ser mais rigoroso de forma que qualquer desvio de padrões dados seja imediatamente notificado para que a ação adequada seja adotada para evitar que o processo fuja do controle. Outra questão que temos que ter atenção é sobre o contexto da simplificação que se trata de uma fonte constante de desacordos entre o Departamento de Marketing, cujos vendedores lutam para oferecer várias ofertas de produtos próximas do que os clientes desejam e satisfazê- los com uma escolha; e o pessoal do departamento de produção, que prefere uma pequena variedade, o mínimo tempo de preparação de máquina e jornadas mais longas para a produção de um mesmo item. Pela simplificação, o Departamento de Produção melhora o planejamento e consegue taxas mais elevadas de produção e de utilização da máquina e simplificação dos procedimentos de controle. Na área de materiais, pode-se entender padronização como sinônimo de simplificação (VIANA, 2011). Outra pergunta que devemos nos fazer é quais os efeitos da simplificação e da redução de variedade? Bom, de um lado a simplificação reduz os estoques de materiais e de produtos acabados, o investimento na planta e no equipamento, o pessoal técnico necessário e o preço de venda; economiza espaço de armazenagem, simplifica o planejamento NOTA: No entanto, padronização e intercambialidade impõem certas limitações ao projetista, requer muita experiência e esforços no planejamento, devendo ser ressaltado que um dos objetivos dos padrões é oferecer soluções para aliviar os projetistas da tarefa de ter que resolver novamente alguns problemas básicos, concedendo-lhes mais tempo para se concentrarem nos aspectos mais amplos do projeto. Gestão de Estoque32 e controle; e encurta ou elimina as filas de pedidos (CHITALE; GUPTA, 2011). Por sua vez, a variedade cria demanda e satisfaz uma ampla faixa da demanda existente; habilita melhor contato com os clientes para estudar gostos e exigências; e evita a perda de pedidos para produtos concorrentes. Neste contexto a variedade encoraja o consumo e, com relação aos bens de consumo, o efeito psicológico da abundância cria demanda; por outro lado, a pesquisa de mercado de algumas empresas tem sugerido que, em certos casos, produtos similares tendem a capturar aproximadamente a mesma parcelado mercado. O aumento da variedade até a extensão encontrada atualmente na indústria gera perspectivas de aumento da demanda total e na participação da empresa no mercado. Fonte: Freepik Esta situação conquista o cliente, que, em muitos casos, deixa de avaliar a fina distinção entre produtos similares e tem que fazer uma Gestão de Estoque 33 escolha casual ou de investir mais esforços, tempo, estudo e, muitas vezes, dinheiro, para se habilitar a uma escolha inteligente. Portanto, a redução da variedade, além de indesejável para o cliente, é também indesejável para a firma, pois, quando a simplificação é aplicada, uma análise do mercado, muitas vezes, mostra que a variedade excedeu de longe o ponto de saturação e que um aumento na variedade não será sequer notado pelo mercado. Além do mais, a divisão do mercado entre um número muito grande de produtos torna cada participação tão pequena que os preços têm que ser mantidos em altos níveis para evitar perdas. Quando temos uma enorme variedade, a análise das vendas pode ser realizada para estabelecer a competitividade dos produtos. Quando a receita de vendas acumulada é plotada contra o número de produtos oferecidos ao mercado, é geralmente evidenciado que um número relativamente pequeno de itens contribui para o total das vendas, conforme a figura a seguir: Figura 3.3 – Natureza do Custo Total antes e depois da Redução de Variedade Fonte: CHITALE; GUPTA (2011, p. 75) Gestão de Estoque34 Isto é muitas vezes referido na indústria como relação “25% - 75%”, porque em muitos casos, foi observado que 25% dos produtos respondem por 75% da receita, embora vários estudos tenham revelado uma relação tão pequena quanto 10% - 90%. Isto leva ao esgotamento desnecessário dos esforços da empresa, que devem ser direcionados para promover produtos mais lucrativos. Uma situação mais desejável se evidencia quando a responsabilidade pela receita é distribuída mais equitativamente entre os produtos, isto é, quando a curva é plana como a linha inferior do gráfico acima, obtida através da redução da variedade. Materiais, mercadorias, bens e cargas Primeiro, temos que saber quais os conceitos de “materiais”, “mercadorias”, “bens” e “cargas”. DEFINIÇÃO: Materiais são “todas as coisas contabilizáveis que entram como elementos constituídos ou constituintes na linha de atividade de uma empresa” (VIANA, 2011, p. 41). Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009), material é tudo aquilo “formado de matéria”, portanto, tangível. Por sua vez, mercadoria é qualquer produto – matérias-primas, gêneros, artigos manufaturados, etc..., suscetível de ser comprado ou vendido; bem é algo suscetível de uma apropriação legal; tudo aquilo que é propriedade de alguém. Já carga é aquilo que é ou pode ser transportado ou suportado por pessoa, animal, veículo, aparelho, estrutura, etc... (DIAS, 2011). Gestão de Estoque 35 Em um primeiro momento, os materiais são objetos tangíveis e mercadorias, associadas ao comércio, podem incluir serviços; bens representam propriedades e cargas abrangem materiais, mercadorias e bens preparados ou destinados ao transporte. De acordo com a origem, as mercadorias podem ser classificadas em originárias do reino animal, vegetal ou mineral. Apesar da enorme distinção dessas naturezas, o controle dos produtos tende a ser exercido com a mesma intensidade. Os produtos de origem animal e vegetal requerem inspeção sanitária e fitossanitária, respectivamente. E alguns minerais são controlados em virtude de certas propriedades danosas à saúde pública ou ao meio ambiente, incluindo radioatividade, toxicidade, combustibilidade, etc... Fonte: Freepik Gestão de Estoque36 Quanto ao estado físico em que se encontram na natureza, ou em que são comercializados, transportados, armazenados ou utilizados, os materiais podem ser sólidos, líquidos e gasosos, atributo que afeta diretamente as formas de embalagem, acondicionamento, armazenagem e transporte usado na sua distribuição. Em relação ao processo de agregação de valor pela da empresa, materiais e mercadorias são tratados como bens adquiridos na forma de matérias-primas, secundários e consumíveis, e expedidas como bens intermediários, semimanufaturados, manufaturados que, se destinados a consumo, ou são bens de consumo duráveis ou bens de consumo final. Por outro lado, as mercadorias, mas não materiais, como máquinas, equipamentos, veículos, embarcações, aeronaves, aparelhos, instrumentos são bens de capital ou de produção. Os materiais, que incluem matérias-primas, consumíveis, embalagens, materiais em processo, produtos acabados, resíduos e sucatas, podem ser considerados mercadorias, bens e cargas, quando estes termos são aplicados a itens do ciclo produtivo e comercial da empresa. Também se confundem com mercadorias, quando são considerados sob certos aspectos, como origem, estado físico, propriedades físicas e químicas, dentre outras. Devemos também verificar como os materiais e mercadorias são apresentados para o transporte. Materiais, mercadorias ou bens, quando disponibilizados para transporte, são tratados como cargas que podem ser classificados de acordo com suas características básicas, inclusive: estado físico, estado natural, potencial de danos à saúde e ao ambiente, necessidade de condições especiais para conservação (POZO, 2011). No entanto, tendo consideração às necessidades de embalagem e acondicionamento, as cargas são padronizadas, para fins de transporte, em: Granéis, que não utilizam embalagem, podendo ser: a) líquidos, como água, álcool, mentalmente petróleo e derivados; b) granéis secos que, por sua importância, são denominados de primeira ordem (minério de ferro, cereais, carvão, bauxita, alumina e fosfatos); Gestão de Estoque 37 c) neogranéis (granéis secos com certo grau de valor agregado). Cargas geral ou convencional, compostas de manufaturados, que podem se apresentar: a) soltas, fracionárias ou não unitizadas; b) unitizadas (conjunto de cargas soltas acondicionadas em um dispositivo especial para transporte e movimentação (palete ou contêiner), ou amarradas em lotes com cintas metálicas prontas para serem içadas (pré-ligadas); c) cargas especiais, aquela com exigências de controles de temperatura e pressão (carnes e outros alimentos); segurança (perigosas); higiene e alimentação (animais vivos), etc. Também devemos verificar a forma de como os materiais e mercadorias são tratados legalmente. Para conferir maior clareza na análise dos tratamentos administrativos e contábeis a que são sujeitos os materiais, mercadorias, bens e cargas, ao longo da cadeia de suprimento, foram selecionadas as seguintes categorias (DIAS, 2011): 1. Bens manufaturados: mercadorias que foram processadas de alguma maneira (beneficiadas, transformadas etc...), abrangendo os bens intermediários e os produtos finais ou acabados. 2. Bens semimanufaturados: aqueles que ainda requerem beneficiamento ou transformação, antes de destinados ao consumo ou uso. 3. Bens industriais: utilizados na produção de bens ou serviços de grande consumo não duradouros, duradouros, outros bens ou serviços industriais. 4. Bens complementares: bens econômicos que devem ser combinados para satisfazer uma necessidade, tais como café e açúcar; automóvel e gasolina; escova e creme dental, etc... 5. Bens de consumo: aqueles usados por consumidores finais; abrangem os bens de consumo duráveis, que têm utilidade durante um longo período de tempo, normalmente sobrevivendo a várias utilizações, Gestão de Estoque38 Fonte: Freepik como os eletrodomésticos e outros equipamentos para o lar; e os bens de consumo não duráveis, aqueles destinados ao consumidor final para consumo imediato ou no curto prazo, como os produtos alimentares, de higiene pessoal e de limpeza para o lar. 6. Bens intermediários: bens manufaturados
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